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SISTEMAS, FONTES E APLICAÇÃO DO DIREITO PROCESSUAL PENAL Sistemas processuais Inquisitivo: tem raízes no Direito Romano e foi revigorado na Idade Média. Alastrou-se pelo continente europeu no século XV, influenciado pelo Direito Penal da Igreja, entretanto, sofreu declínio com a Revolução Francesa. Características: Concentração das funções de acusar, defender e julgar na mesma pessoa, que inicia o processo de ofício, produz as provas e profere a decisão. Procedimento é escrito e secreto. Não são assegurados ao acusado a ampla defesa e o contraditório. A confissão do réu é prova preponderante e suficiente para a condenação. O réu não é considerado um sujeito do processo, mas mero objeto, inexistindo a isonomia processual. Acusatório: Tem como características a separação das funções de acusar, defender e julgar, com isonomia processual entre a acusação e a defesa, colocando-se o julgador na posição de imparcialidade na relação jurídica processual (actum trium personarum). O processo deve ser iniciado pelo titular do direito de ação (órgão oficial, ofendido ou seu representante legal) e não pelo juiz (ne procedat judex ex officio). São assegurados o contraditório e a ampla defesa. A publicidade dos atos processuais é a regra. O procedimento poderá ser o oral ou escrito, dando prevalência à oralidade. Vigora o sistema da livre produção de provas e do livre convencimento motivado do juiz. Misto: É um sistema híbrido, com as características do sistema inquisitivo, vigente na fase de investigação preliminar e de instrução preparatória, e do sistema acusatório, que vigora na fase de julgamento. 2. Fontes do processo penal (origem dos preceitos jurídicos) 2.1 Fontes materiais ou de produção: são aquelas que criam a norma processual. A União é a fonte única de produção da norma processual (art. 22, I, CF) Exceção: o Estado pode legislar sobre questões específicas se autorizado pela União por Lei Complementar (art. 22, parágrafo único, CF). Súmulas vinculantes (EC 45/04). Guilherme de Souza Nucci entende que é fonte material. 2.2 Fontes formais: é a forma de exteriorização da norma processual (como se expressam) Fonte imediata ou direta: Lei (lei ordinária é a regra, mas também se expressa pela Constituição Federal, Leis Complementares, tratados internacionais, etc.) e a súmula vinculante, por possuir caráter cogente e obrigar sua observância (art. 103-A, CF). Fontes mediatas ou indiretas: Costumes: são regras de conduta reiteradas que geram a consciência de obrigatoriedade (art. 4º LICC), conhecidos como “praxe forense”. É vedado o costume contra legem. Serve para interpretação ou integração da norma. Ex.: traje no julgamento do Tribunal do Júri. Princípios gerais do direito: são premissas éticas (valores) que norteiam a aplicação da norma processual penal. São exemplos os brocardos jurídicos: Dormientibus non succurrit jus (o direito não socorre os que dormem ou negligenciam em seu uso da defesa). Analogia: é o meio de integração da lei para suprir lacuna involuntária, aplicando-se dispositivos semelhantes de casos previstos para os não previstos, que tenham em comum os mesmos valores jurídicos (igualdade de situação). Exemplo: na identidade física do juiz, usa a previsão do CPC. 3. Aplicação da lei processual penal no espaço (art. 1º CPP) A aplicação da lei processual penal no espaço é regida pelo princípio da territorialidade. Território: o conceito é extraído do art. 5º Código Penal. Considera-se território nacional o solo, subsolo, águas interiores, mar territorial (12 milhas, aprox. 22 Km), espaço aéreo, aeronaves e embarcações brasileiras públicas ou a serviço em qualquer lugar; aeronaves e embarcações brasileiras em alto mar ou espaço aéreo internacional. Exceções à territorialidade: Tratado, convenção ou regra de direito internacional: ex.: TPI. Imunidade diplomática: diplomatas e cônsules (Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas e Relações Consulares). Jurisdição política: exercida pelo Poder Legislativo. Exceção à jurisdição do Judiciário. Senado Federal: julga nos crimes de responsabilidade o Presidente e Vice, bem como Ministros e Comandantes nos crimes conexos. Ministros do STF, CNJ, CNMP, PGR, AGU. Justiça Militar: Código de Processo Penal Militar – crimes militares Leis especiais: É exemplo a Lei 11.343/06. Possui procedimento próprio e o CPP é subsidiário. 4. Aplicação da lei processual penal no tempo (conflito de lei no tempo) Vigora o princípio tempus regit actum, que também é denominado de princípio do efeito imediato ou da aplicação imediata da lei processual penal (art. 2º, CPP). Permanecem válidos os atos praticados sob a égide da lei anterior A proibição de retroação de lei mais gravosa somente se refere à lei material e não processual (procedimento e forma dos atos processuais). A norma processual é regida pelo princípio tempus regit actum. A norma penal é regida pela extratividade (retroatividade ou ultratividade em benefício do réu) – art. 5º, XL, da CF. Normas híbridas ou mistas (processual e penal): somente haverá extratividade se o conteúdo material for mais benéfico. A norma não pode ser cindida. 5. Interpretação da lei processual penal É a atividade de extração do real significado da norma jurídica. Essa ciência ou método é denominada de Hermenêutica. Autêntica ou legislativa: realizada pelo legislador na própria lei (art. 302 do CPP define o que é prisão em flagrante) Quanto ao sujeito Doutrinária ou científica: estudiosos do direito Jurisprudencial: decisão reiterada dos tribunais Quanto ao meio Gramatical, literal ou sintática: significado das palavras Teleológica ou lógica: buscar a vontade da lei – finalidade Quanto ao resultado Declarativa: extrai significado sem ampliar ou restringir Restritiva: reduz o alcance da norma. Extensiva (art. 3º CPP): amplia o significado. A lei processual penal admite a interpretação extensiva (art. 3º, CPP). Na lei penal há divergência sobre a admissão. A doutrina majoritária admite. Mas o STF já decidiu que em sentido contrário. O art. 3º do CPP também admite a analogia (aplicação de dispositivos semelhantes) e a interpretação analógica ou “intra legem” (fórmula casuística seguida de fórmula genérica) 6. Integração da lei processual penal: é o preenchimento de lacuna involuntária deixada pelo legislador em determinada hipótese. A lei pode conter lacunas, mas o ordenamento jurídico, com um sistema, não pode conter omissões. Denomina-se de autointegração quando a norma semelhante a ser aplicada encontra-se no próprio ordenamento jurídico e de heterointegração quando se utiliza de elementos externos, como ordenamentos jurídicos alienígenas e fontes diversas da lei positiva, como os costumes. Analogia: meio de integração da lei para suprir lacuna involuntária, aplicando-se dispositivos semelhantes de casos previstos para os não previstos, que tenham em comum os mesmos valores jurídicos. Ex.: a carta de ordem e precatória pode ser transmitida por telefone, por analogia ao art. 207 CPC, pois não há dispositivo semelhante no CPP. É comum nas transmissões por telefone das ordens de habeas corpus. Norma processual: permite a analogia in bonam partem ou in malam partem. Norma penal: permite somente a analogia in bonam partem. Princípio gerais do direito: são premissas éticas (valores), não previstos em lei, mas que norteiam a aplicação das normas processuais penais. ex.: ninguém é dado alegar a própria torpeza em proveito próprio; ou, o direito não socorre quem dorme (brocardos jurídicos). �PAGE � �PAGE �3�
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