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3. Inquérito policial- resumo

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Direito Processual Penal I – Prof. Renato Fanin
INQUÉRITO POLICIAL (art. 4º ao 23 do CPP)
1. Inquérito policial. Conceito e disposições gerais
Persecução penal (persecutio criminis) é a atividade de perseguir o crime, com o fim de punir seu autor, constituída da atividade de investigação realizada pela polícia judiciária e a ação penal promovida pelo Ministério Público ou ofendido. 
Inquérito policial é o procedimento de natureza administrativa, composto por um conjunto de diligências investigatórias realizadas pela polícia judiciária visando a apuração do crime e sua autoria, fornecendo elementos para a propositura da ação penal. Trata-se de uma fase preparatória e informativa da ação penal.
A propositura da ação penal exige um lastro probatório mínimo que indique a ocorrência de uma infração penal e ao menos indícios de quem seja seu autor (fumus commissi delicti), ou seja, deverá haver justa causa para persecução penal em juízo. A falta de justa causa para o exercício da ação penal conduz à rejeição da denúncia ou da queixa (art. 395, II, CPP).
1.1 Valor relativo das provas
O inquérito policial é um procedimento inquisitorial, portanto, não vigoram as garantias da ampla defesa e do contraditório. Por essa razão, as provas produzidas no procedimento investigatório tem valor probante relativo e, em regra, devem ser reproduzidas em juízo para fundamentar a condenação criminal.
Dispõe o art. 155, caput, do CPP que:
O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressaltavas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas.
As provas cautelares, não repetíveis e antecipadas, embora tenham sido produzidas no inquérito policial, servem de base para as decisões judiciais, conforme ressalva do art. 155, caput, do CPP.
Provas cautelares são as produzidas em razão da urgência e necessidade. Exemplo: interceptações telefônicas e da busca e apreensão. 
As provas técnicas também não são repetíveis como os exames de corpo de delito (necroscópico, lesões corporais etc).
As provas cautelares e as provas técnicas poderão ser contrariadas na fase processual, o que se denomina de contraditório diferido ou postergado.
As partes também poderão produzir a prova antecipadamente, pelo perigo de perecimento em decorrência do tempo (e.g., enfermidade ou velhice da testemunha - art. 225 CPP). Nesse caso serão observados o contraditório e a ampla defesa na produção da prova realizada pelo juiz.
1.2 Vícios do inquérito policial
Os vícios que ocorrerem no inquérito policial não geram nulidades processuais na ação penal. O inquérito policial é mero procedimento informativo e dispensável para a propositura da ação penal.
A irregularidade do auto de prisão em flagrante delito pode gerar o relaxamento da prisão em flagrante.
2. Polícia judiciária
A atividade de polícia judiciária será exercida pela polícia federal e pela polícia civil.
Incumbe à polícia federal exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União (art. 144, § 1º, IV, CF) e às polícias civis dos Estados, dirigidas por delegados de polícia de carreira, as funções de polícia judiciária estadual, e a apuração de infrações penais, exceto as militares e ressaltava a competência da União (art. 144, § 4º, CF).
Incumbe-lhe, ainda, fornecer às autoridades judiciárias as informações necessárias à instrução e julgamento dos processos, realizar as diligências requisitas pelo juiz ou pelo Ministério Público, cumprir mandados de prisão expedidos pelas autoridades judiciárias e, se o caso, representar acerca da prisão preventiva (at. 13 do CPP).
A polícia federal poderá proceder à investigação e apuração de crime que, pela natureza, seja de atribuição da polícia civil, quando houver repercussão interestadual ou internacional que exija repressão uniforme, conforme rol de crime do art. 1º, I a IV, da Lei 10.446/02. Não se trata de rol taxativo de delito, vez que nos demais crimes o Departamento da Polícia Federal poderá atuar com a autorização ou determinação do Ministro de Estado da Justiça.
2.1 Investigação criminal
A investigação criminal não se restringe ao inquérito policial realizado pela polícia judiciária.
Art. 4º, parágrafo único, do CPP: “a competência definida neste artigo não excluirá a de autoridade administrativa, a quem por lei seja cometida a mesma função”. 
Essas investigações criminais são denominadas de inquéritos não policiais ou extrapoliciais.
Exemplos: inquéritos parlamentares conduzidos pelas Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI’s) e que, ao final, remetem o relatório para o Ministério Público Federal ou Estadual; inquéritos militares (IPM), de incumbência da polícia judiciária militar (art. 8º do Código de Processo Penal Militar), para apurar infrações de competência da Justiça Militar; o inquérito civil, previsto no art. 8º, § 1º, da Lei 7.347/85, presidido pelo Ministério Público, com o fim primordial de colher elementos para a propositura da ação civil pública, mas que também podem fundamentar a ação penal.
2.2 Investigação do Ministério Público
A legitimidade do Ministério Público, por meio dos Promotores de Justiça ou Procuradores da República, para conduzir investigações de natureza criminal é controvertida na doutrina e jurisprudência.
Para uma corrente, o Ministério Público não tem legitimidade para investigar crimes, pois o art. 129 da Constituição Federal não inclui entre as atribuições desse órgão a atividade de investigação. Ademais, o art. 144, §§ 1º e 4º, da Constituição Federal dispõe que incumbe à polícia federal e às polícias civis a apuração das infrações penais, omitindo-se quanto ao Ministério Público, que no exercício da atividade de investigação criminal, estaria invadindo a competência estabelecida na Carta Magna atribuída às polícias federal e civil.
Porém, há posicionamento majoritário de que o Ministério Público tem legitimidade para proceder investigação criminal. Isto porque, o art. 129, VI, da Constituição Federal confere como função institucional do Ministério Público “expedir notificações nos procedimentos administrativos de sua competência, requisitando informações e documentos para instruí-los, na forma da lei complementar respectiva”, portanto, há a previsão de condução de procedimento administrativo, que poderá ser de natureza civil ou criminal, pois a Carta Magna não restringe a matéria a ser investigada. 
Por fim, o art. 144 da Constituição Federal, nos §§ 1º e 4º, não estabelece exclusividade das polícias federal e civis para apurar infrações penais.
O membro do Ministério Público que participar da investigação criminal não estará impedido ou suspeito para o oferecimento da denúncia (Súmula 234 do STJ).
3. Características do inquérito policial
O inquérito policial é caracterizado pelos seguintes elementos:
a) Procedimento escrito.
Todos os atos, diligências e peças do inquérito policial serão reduzidos na forma escrita e rubricados pela autoridade policial. Assim, os elementos colhidos oralmente serão reduzidos a termo (art. 9º do CPP).
b) Procedimento sigiloso.
O art. 20 do CPP dispõe que “a autoridade policial assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interessa da sociedade”, assim, não vigora o princípio da publicidade, inerente à fase processual.
O sigilo não alcança o juiz, o Ministério Público e o advogado. O investigado poderá ter acesso aos autos. As pessoas em geral não tem acesso ao procedimento investigatório.
O acesso do advogado pode sofrer restrição em virtude de sigilo a ser mantido sob certas informações, imprescindíveis para as investigações (ex.: procedimento de interceptação telefônica). 
c) Oficialidade
A investigação realizada no inquérito policial deve ser feita somente por órgãos oficiais, aindaque o crime se proceda mediante ação penal privada. O inquérito policial deve ser presido pelo delegado de polícia de carreira (art. 144, § 4º, CPP).
d) Oficiosidade
A autoridade policial é obrigada a proceder a investigação criminal de ofício quando receber a noticia da prática de uma infração penal (art. 5º, I, CPP), salvo nos crimes de ação penal pública condicionada e da ação penal privada (art. 5º, §§ 4º e 5º, CPP).
e) Discricionariedade
O delegado tem a discricionariedade para conduzir as investigações na maneira que melhor entender para o êxito da apuração da infração penal, decidindo livremente sobre as diligências que deve realizar e a ordem de sua realização.
Pode deferir ou indeferir diligência requerida pelo ofendido, seu representante legal ou indiciado (art. 14 do CPP). Somente não poderá ser indeferida a realização de exame de corpo de delito nos crimes que deixam vestígios (art. 184 CPP). Também não poderá negar diligência requerida pelo juiz ou pelo Ministério Público (art. 13, II, CPP).
f) Inquisitorial
O inquérito policial tem natureza inquisitiva. Não há o contraditório e a ampla defesa.
A exceção a essa regra é o inquérito policial instaurado pela polícia federal para a expulsão de estrangeiro, no qual é obrigatório o contraditório e ampla defesa (art. 128 da Lei 6.815/80).
g) Indisponibilidade
Instaurado o inquérito policial, a autoridade policial não poderá promover o arquivamento (art. 17 CPP), mesmo que constatada a atipicidade do fato ou não apurada a autoria. Deve encaminhar o procedimento para o Juízo competente.
h) Dispensabilidade
O inquérito policial não é obrigatório para a propositura da ação penal (art. 39, § 5º, CPP), portanto, é dispensável.
 A denúncia ou a queixa podem estar lastreadas em outros elementos que demonstrem a prática do crime e indícios de autoria, como os inquéritos extrapolicias. Se a ação penal for sustentada no inquérito policial, este deverá acompanhar a denúncia ou queixa (art. 12 CPP).
4. Incomunicabilidade
Dispõe o art. 21 do CPP que o indiciado poderá ficar incomunicável por até 3 dias, quando o interesse da sociedade ou a conveniência da investigação o exigir, mediante despacho fundamentado do juiz, a requerimento da autoridade policial ou do órgão do Ministério Público.
Existem dois posicionamentos sobre a incomunicabilidade do preso.
A primeira corrente, que é majoritária, entende que o art. 21 do CPP não foi recepcionado pela Constituição Federal de 1998, que, com base do art. 136, § 3º, IV, veda a incomunicabilidade no Estado de Defesa. Destarte, se é vedada a incomunicabilidade nas situações de instabilidade institucional, mais ainda deveria ser proibida no estado de normalidade.
Para a outra corrente, o art. 21 do CPP não foi revogado pelo art. 136, § 3º. IV, da CF, pois a vedação de incomunicabilidade prevista na Carta Magna refere-se ao período de decretação do Estado de Defesa e somente aplicável nos crimes contra o Estado (art. 136, § 3º, I, CF), infração de natureza política. Ainda, se o legislador quisesse elevar a proibição na categoria de princípio geral, certamente a teria inserido no art. 5º do texto constitucional, ao lado de outros mandamentos que procuram resguardar os direitos do preso. �
Independente do posicionamento a ser adotado, é assegurado ao advogado comunicar-se com o preso (art. 7º, III, do EOAB).
5. Notícia crime (notitia criminis)
Notícia crime é o conhecimento espontâneo ou provocado que tem a autoridade policial de um fato que constitui infração penal.
A notitia criminis poderá ser endereçada ao delegado de polícia, ao Ministério Público ou ao juiz.
A notícia crime é classificada pela doutrina em três espécies: espontânea, provocada ou coercitiva.
Espontânea, de cognição imediata ou direta ocorre quando a autoridade policial toma conhecimento do fato criminoso de forma direta ou por comunicação informal, como, e.g., por meio de matéria jornalística, investigação de seus agentes, ou, ainda por denúncia anônima.
A denúncia anônima ou apócrifa recebe o nome de notitia criminis inqualificada.
 
Provocada, de cognição mediata ou indireta é o conhecimento da infração penal pela autoridade policial quando provocada por terceiros. Poderá ocorrer por meio de requisição do juiz ou do Ministério Público, requerimento da vítima, delação, representação da vítima ou requisição do Ministro da Justiça.
a) Requisição do juiz ou do Ministério Público: ao tomarem conhecimento da prática de um crime de ação penal pública incondicionada, os juizes, tribunais ou Ministério Público podem determinar a instauração de inquérito policial, requisitando-o à autoridade policial (art. 5º, II, primeira parte, e art. 40, CPP). Embora não exista subordinação hierárquica, a requisição tem natureza de ordem e deve ser executada pela autoridade policial (art. 13, II, CPP).
b) Requerimento do ofendido: o ofendido ou seu representante legal podem noticiar o fato criminoso à autoridade policial por meio de requerimento, que conterá a narração do fato, com todas as circunstâncias; a individualização do indiciado ou seus sinais característicos e as razões de convicção ou de presunção de ser ele o autor da infração, ou os motivos de impossibilidade de o fazer; a nomeação das testemunhas, com indicação de sua profissão e residência (art. 5º, II, segunda parte, e § 1º, CPP).
No entanto, a autoridade policial poderá indeferir o requerimento, se, e.g., o fato não constituir infração penal. Do indeferimento caberá recurso administrativo ao chefe de polícia (art. 5º, § 2º, CPP).
c) Delação: qualquer do povo que tiver conhecimento da existência de infração penal em que caiba ação pública incondicionada poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade policial, e esta, verificada a procedência das informações, mandará instaurar o inquérito (art. 5º, § 3º, CPP).
A delação por qualquer do povo não é cabível nos crimes de ação penal pública condicionada e nos de ação penal privada, pois, a instauração do inquérito policial, no primeiro caso, depende da representação do ofendido, seu representante legal ou requisição do Ministro da Justiça, e, no segundo caso, de requerimento da parte legítima para intentá-la (art. 5º, §§ 4º e 5º, CPP).
d) Representação da vítima: também denominada de delatio criminis postulatória, é a manifestação da vítima ou seu representante legal para que o autor da infração penal seja submetido à persecução penal nos crimes de ação penal pública condicionada à representação.
A representação, como forma de autorização para a persecução penal, é condição de procedibilidade para a instauração do inquérito e para a propositura da ação penal (art. 5º, § 4º, 24, CPP e art. 100, § 1º, CP). Não se exige rigor formal na representação, bastando a manifestação de vontade do ofendido ou seu representante legal para que se promova a responsabilização do autor do delito.
A representação deverá ser oferecida no prazo decadencial que, em regra, será de seis meses a contar da data do conhecimento da autoria delitiva (art. 38, CPP e art. 103, CP). Decorrendo o prazo decadencial em o oferecimento de representação a punibilidade do autor da infração penal estará extinta (art. 107, IV, CP).
e) Requisição do Ministro da Justiça: em determinados delitos a persecução penal depende de autorização do Ministro da Justiça, que requisitará a instauração do inquérito policial. São as hipóteses, e.g., dos crimes cometidos por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil (art. 7º, § 3º, b, CP) e nos crimes contra a honra do Presidente da República ou chefe de governo estrangeiro (art. 145, parágrafo único, primeira parte, CP). Diferentemente da requisição do juiz ou Ministério Público, não há natureza de ordem na requisição do Ministro da Justiça.
Por fim, de cognição coercitiva é a forma que se reveste a notícia crime que chega à autoridade policial por meio da prisão em flagrante do autor do delito (art. 302, CPP).Se a prisão em flagrante é realizada pela própria autoridade policial, a notitia criminis é espontânea, se realizada por particular, a notícia é provocada.
6. Início do inquérito policial
Nos crimes de ação pública incondicionada, ao ter ciência de um fato criminoso, a autoridade policial deverá instaurar o inquérito policial de ofício (art. 5º, I, CPP). Essa ciência poderá ser espontânea ou provocada pela requisição, requerimento, delação ou auto de prisão em flagrante delito.
Nos crimes de ação penal pública condicionada o início do inquérito depende da representação do ofendido ou seu representante legal, ou da requisição do Ministro da Justiça (art. 5º, § 4º, CPP). Também pode ser iniciado por requisição do juiz ou do Ministério Público, bem como da prisão em flagrante do autor do crime, porém, nesses casos deverá haver a representação do ofendido ou seu representante legal.
Nos crimes de ação penal privada somente poderá ser instaurado o procedimento por requerimento do ofendido ou seu representante legal (art. 5º, § 5º, CPP). O delegado poderá iniciar o inquérito por requisição do juiz ou do Ministério Público, bem como pela prisão em flagrante do autor do crime, contudo, ambos deverão conter o requerimento do ofendido ou seu representante legal.
7. Peças inaugurais do inquérito policial
As requisições, requerimentos e o auto de prisão em flagrante servirão como peça inaugural do inquérito policial. Nos demais casos, quando a autoridade baixará Portaria para iniciar o procedimento de investigação, que conterá a exposição sucinta do fato a ser apurado e diligências preliminares de investigação.
8. Diligências de investigação
Os arts. 6º e 7º do CPP prevêem algumas providências que devem ser realizadas pela autoridade policial para apuração do crime e sua autoria. Não é um rol taxativo. Outras diligências podem ser feitas de acordo com a discricionariedade da autoridade policial.
Dispõe o art. 6o que, logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá:
I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais: tem a finalidade de preservar a cena do crime para a devida colheita de provas pelos peritos criminais (art. 169 CPP). 
II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos criminais: todos os objetos que tiveram utilidade para a investigação devem ser apreendidos. A busca e apreensão de objetos relacionados com o crime vem regulada pelo art. 240 a 250 do CPP.
III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias: é providência genérica que permite à autoridade policial a colheita de qualquer prova para a elucidação do crime.
IV - ouvir o ofendido: o ofendido notificado, que não comparecer para ser ouvido, não justificando a ausência, poderá ser conduzido coercitivamente perante a autoridade (art. 201, § 1º, CPP).
V - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto no Capítulo III do Título Vll, deste Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por duas testemunhas que Ihe tenham ouvido a leitura: a oitiva do indiciado ou investigado deverá ser feita com observância, no que couber, do disposto nos art. 185 a 196 do CPP, que trata do interrogatório judicial. Será assegurado o investigado o direito ao silêncio (art. 5º, LXIII, CF). A presença de advogado é facultativa e não obrigatória. O interrogatório na fase policial será assinado por duas pessoas (testemunhas de leitura) para garantir a coincidência do que foi dito pelo investigado e o que constar do termo. O investigado poderá ser conduzido coercitivamente ao interrogatório caso notificado não comparecer e não justificar a ausência (art. 260, CPP).
VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações: o reconhecimento com o fim de identificar pessoas deve atender às formalidades do art. 226 do CPP. Esse mesmo dispositivo se aplica ao reconhecimento de coisas (instrumentos, armas etc), no que couber. Também poderá se proceder a acareação, diante de divergências apresentadas nas declarações, nos termos do art. 229 e 230 do CPP.
VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outras perícias: o exame de corpo de delito, direto ou indireto, é imprescindível quando o crime deixar vestígios, não podendo ser substituído pela confissão do acusado (art. 158, CPP). Cuida-se de providência obrigatória que não poderá ser indeferida pela autoridade policial ou pelo juiz (art. 14 e art. 184, CPP).
VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes: é a identificação por meio de impressões digitais. Art. 5º, LVIII, da CF: “o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas na lei”, o que torna a colheita de impressões digitais a exceção.
IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e social, sua condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele, e quaisquer outros elementos que contribuírem para a apreciação do seu temperamento e caráter: essa providência visa obter informes sobre o investigado que possam influir na valoração da conduta criminosa e na dosimetria da pena no caso de condenação. Não se confunde com a vida pregressa criminal do investigado.
O art. 7o do CPP permite à autoridade policial proceder a reprodução simulada dos fatos, desde que esta não contrarie a moralidade ou a ordem pública, permitindo-se verificar que ocorreu de determinado modo.
O investigado ou réu não é obrigado a participar da reconstituição, pois não pode ser compelido a se auto-incriminar, decorrência lógica do direito ao silêncio (art. 5º, LXIII, CF).
9. Prazos para a conclusão do inquérito policial
O art. 10 do CPP estabelece, como regra geral, que o inquérito policial deverá terminar no prazo de 10 dias, se o investigado estiver preso, e, em 30 dias, se estiver em liberdade.
O prazo de 10 dias de conclusão do procedimento do investigado preso é improrrogável e o excesso de tempo na conclusão constitui constrangimento ilegal, passível de impetração de habeas corpus.
No caso do investigado em liberdade, poderá haver prorrogação pelo prazo determinado pelo juiz, quando houver necessidade de outras diligências para a elucidação do fato (art. 10, § 3º, CPP). A prorrogação poderá ocorrer por mais de uma vez.
O prazo de 10 dias é contado a partir do dia em que se executar a ordem de prisão em flagrante ou prisão preventiva. O prazo de 30 dias será contato da data em que a autoridade policial recebeu a notitia criminis.
Na legislação extravagante há previsão de prazos distintos da regra geral do Código de Processo Penal.
a) Polícia Federal: nos inquéritos de incumbência da Polícia Federal, se o indiciado estiver preso, o prazo de conclusão será de 15 dias, prorrogáveis por mais 15 dias, a pedido fundamentado da autoridade policial e deferido pelo juiz (art. 66 da Lei 5.010/66). Estando o indiciado solto, por não haver previsão para o âmbito da Polícia Federal, por analogia ao art. 10, caput, do CPP, o prazo será de 30 dias, prorrogáveis, por decisão do juiz.
b) Lei de Drogas: o art. 51 da Lei 11.343/06 prevê que, nos crimes de drogas, o inquérito policial será concluído no prazo de 30 dias, se o indiciado estiver preso, e de 90 dias, quando solto. Os prazos poderão se duplicados pelo juiz, ouvido o Ministério Público, mediante pedido justificado da autoridade de polícia judiciária (art. 51, parágrafo único, da Lei 11.343/06).
c) Inquérito policial militar: o inquérito policial militar (IPM) deverá ser encerrado em 20 dias, caso o indiciado estiver preso. Se solto, o prazo será de 40 dias, prorrogáveis por mais 20 dias, pela autoridade militar superior diante da necessidade de diligências(art. 20, caput, § 1º, CPPM). 
9.1 Contagem do prazo
Há divergência se a contagem do prazo é processual ou material, que influirá diretamente na forma de contagem.
Prazo processual: na contagem do prazo processual não se computa o dia do começo (termo a quo), incluindo-se, porém, o do vencimento (termo ad quem), nos termos do art. 798, § 1º, do CPP. Também não se inicia ou finaliza em finais de semana e feriados.
Prazo material: na contagem do prazo material inclui-se o dia do começo e exclui-se o dia do vencimento (art. 10, CP), independente de cair em finais de semana ou feriados. Portanto, não há suspensão ou interrupção do prazo.
10. Encerramento do inquérito policial
Concluídas as diligências para a elucidação do fato criminoso ou terminado prazo legal para a conclusão do procedimento, sem que tenha havido prorrogação, a autoridade policial deverá elaborar minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará os autos ao juízo competente (art. 10, § 1º, CPP).
No relatório a autoridade policial deverá descrever as diligências realizadas e os elementos probatórios colhidos, com o depoimento de testemunhas, e classificar juridicamente o crime.
Não deve o delegado manifestar-se sobre o mérito da prova. A opinio delicti é de incumbência do Ministério Público nas ações públicas ou do titular da ação privada.
A autoridade policial poderá indicar no relatório testemunhas que não tiveram sido inquiridas durante o prazo de investigações e o lugar onde possam ser encontradas (art. 10, § 2º, CPP).
Os instrumentos do crime, bem como os objetos que interessarem à prova, acompanharão os autos do inquérito (art. 11, CPP).
Com a elaboração do relatório os autos devem ser remetidos ao juiz competente e a autoridade oficiará ao Instituto de Identificação e Estatística, ou repartição congênere, mencionando o juízo a que tiveram sido distribuídos, e os dados relativos à infração penal e à pessoa do indiciado (art. 23, CPP).
11. Indiciamento
Embora o Código de Processo Penal não preveja expressamente o ato de indiciamento do autor, dele faz referência em diversos dispositivos (e.g., art. 6º, V, VIII e IX, 10, 14, 15 etc).
O indiciamento é a atribuição a uma pessoa da prática da infração penal apurada no inquérito policial diante dos indícios de autoria colhidos durante as investigações. Presume-se que seja o autor da infração penal.
O indiciamento somente é cabível na fase inquisitiva e é ato privativo da autoridade policial, não devendo ser requisitado pelo juiz ou Ministério Público no curso da ação penal.
12. O inquérito policial em juízo
Quando se tratar de inquérito policial que investiga crime de ação penal pública, o juiz deverá dar vista ao Ministério Público para que ofereça a denúncia, promova o arquivamento ou requeiro diligências necessárias às investigações.
Tratando-se de crime de ação penal privada o inquérito policial aguardará no juízo competente o oferecimento da queixa-crime pelo ofendido ou seu representante legal ou os autos poderão ser entregues ao requerente, mediante traslado (art. 19, CPP).
Portanto, recebidos os autos pelo Ministério Público, o promotor de justiça poderá:
a) Oferecer denúncia nas ações públicas (art. 24, CPP) que conterá os requisitos do art. 41 do CPP. Os mesmos requisitos devem ser observados para o oferecimento da queixa-crime na ação privada.
b) Requerer diligências que entender necessárias para a elucidação da infração penal e a formação da opinio delicti (art. 16, CPP). As diligências poderão ser requeridas ao juiz ou diretamente a quaisquer autoridades ou funcionários que devam ou passam fornecê-las (art. 47, CPP e art. 129, VIII, CF).
c) Promover o arquivamento quando ausentes elementos para embasar a ação penal. O pedido de arquivamento deverá se fundamentado e submetido à homologação do juiz competente.
Se o Juiz discordar do pedido de arquivamento, nos termos do art. 28 do CPP, deve remeter os autos ao Procurador-Geral de Justiça.
Por sua vez, o Procurador-Geral de Justiça, se concordar com a manifestação do promotor de justiça, insistirá no arquivamento e o juiz está obrigado a acolher o pedido. Caso discorde do arquivamento promovido pelo promotor de justiça, o Procurador-Geral de Justiça oferecerá denúncia ou designará outro promotor de justiça para oferecê-la.
Na Justiça Federal, o juiz que discordar do pedido de arquivamento do Procurador da República deverá encaminhar os autos à Câmara de Coordenação e Revisão, que é o órgão colegiado para a revisão do exercício funcional da Instituição (art. 58 da Lei Complementar 75/93).
Da decisão de arquivamento, em regra, não cabe recurso.
As mesmas regras do art. 28 do CPP também são aplicáveis às peças de informação recebidas pelo Ministério Público e que são submetidas ao pedido de arquivamento perante o juiz.
A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito policial (art. 17, CPP).
Desarquivamento: dispõe o art. 18 do CPP que: “Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade judiciária, por falta de base para a denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas pesquisas, se de outras provas tiver notícia”. 
Assim, o inquérito arquivado pelo juiz, a pedido de promotor de justiça, não pode embasar a ação penal sobre os mesmos fatos ou mesmas pessoas investigadas se não surgirem novas provas.
Súmula 524 do Supremo Tribunal Federal: “arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a requerimento do Promotor de Justiça, não pode a ação penal ser iniciada, sem novas provas”.
13. Termo circunstanciado
Nas infrações penais consideradas de menor potencial ofensivo, ou seja, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a dois anos (art. 61 da Lei 9.099/95), a autoridade policial que tomar conhecimento do fato, ao invés do inquérito policial, lavrará termo circunstanciado e o encaminhará imediatamente ao Juizado Especial Criminal (art. 69).
O termo circunstanciado corresponde a um boletim de ocorrência, porém mais elaborado, no qual deve constar, ainda que resumidamente, as versões da vítima, testemunhas e autor do fato. São dispensadas algumas formalidades do inquérito policial, como o indiciamento e a elaboração de relatório final pela autoridade policial, diante dos princípios da celeridade e economia processual que regem os Juizados Especiais Criminais.
� JESUS, Damásio de. Código de processo penal anotado. 23 ª ed., rev., atual, e ampl. São Paulo: Editora Saraiva, 2009, p. 25.
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