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LEGISLAÇÃO APLICADA AO MPU IMP ONLINE PROF. JOÃO TRINDADE LEGISLAÇÃO APLICADA AO MPU Prof. JOÃO TRINDADE * Consultor Legislativo do Senado Federal (área de Direito Constitucional, Administrativo, Eleitoral e Processo Legislativo) * Mestre em Direito Constitucional pelo Instituto Brasiliense de Direito Público * Doutorando em Direito do Estado pela Universidade de São Paulo (USP) * Ex-Analista Processual (2010/2012) e Técnico Administrativo (2005/2010) do MPU, tendo exercido as funções de assessor jurídico da Corregedoria-Geral do MPF (2006/2007) e assessor jurídico de Subprocurador-Geral da República (2009/2012) * Autor de “Direito Constitucional Objetivo” (Alumuns, 6ª edição) e de “Legislação Aplicada ao MPU” (Alumuns, 3ª edição) * Advogado, sócio do Trindade, Camara, Retes, Barbosa, Magalhães, Pinheiro – Advogados Associados 1. FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA São atividades (funções) que atuam junto ao Poder Judiciário, embora não estejam vinculadas a esse poder (são funções essenciais à Justiça, e não da Justiça). Sob esse título a Constituição tratou de instituições diversas: uma instituição pública autônoma, não vinculada a qualquer dos três poderes (Ministério Público); instituições públicas vinculadas ao Executivo (Defensoria Pública e instituições da Advocacia Pública); e uma função privada de relevância pública (Advocacia). Na verdade, a linha mestra que une todas as funções essenciais à Justiça é o fato de que todas essas atividades estão intrinsecamente ligadas à função jurisdicional do Estado. Atuam em conjunto com o Poder Judiciário. Por exemplo: a advocacia pública promove a defesa judicial dos interesses das entidades públicas; a defensoria pública defende judicialmente os interesses dos necessitados; o advogado (particular) defende judicialmente os interesses dos particulares; e o Ministério Público defende judicialmente os interesses sociais e individuais indisponíveis. Claro que a atuação dessas funções não se restringe ao âmbito judicial, mas é isso que as une. O Ministério Público está tratado nos arts. 127 a 130-A, e abrange os Ministérios Públicos Estaduais (MPEs) e o Ministério Público da União (MPU), o qual, por sua vez, abarca: a) Ministério Público Federal (MPF); b) Ministério Público do Trabalho (MPT); c) Ministério Público Militar (MPM); d) Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). São também funções essenciais à Justiça a Advocacia Pública (art. 131 e 132), a Advocacia Particular (art. 133) e a Defensoria Pública (art. 134). 1 LEGISLAÇÃO APLICADA AO MPU IMP ONLINE PROF. JOÃO TRINDADE Segundo a Constituição de 1988, o MP é uma instituição permanente, cabendolhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e dos individuais indisponíveis (CF: art. 127, caput; LC nº 75/1993: art. 1º). Até 1988, o Ministério Público era vinculado ao Poder Executivo, e possuía uma certa (e indesejável) dualidade: defendia a lei E também as entidades públicas. Isso causava uma verdadeira “crise de identidade” no MP: e quando a entidade pública possuísse um interesse que fosse contrário à Lei? Esse problema foi resolvido definitivamente com a promulgação da Carta de Outubro, que criou uma instituição apenas para defender os interesses das entidades públicas: é a advocacia pública (Advocacia-Geral da União, na esfera federal; Procuradorias dos Estados e do Distrito Federal; e as Procuradorias dos Municípios). Com isso, o Ministério Público ficou responsável apenas for fiscalizar o cumprimento da lei, independentemente dos interesses secundários das entidades públicas. Aliás, é justamente por isso que o art. 129, IX, parte final, proíbe ao Ministério Público defender judicialmente entidades públicas ou prestar-lhes consultoria jurídica. Atualmente, os objetivos traçados para o Ministério Público da União (CF, art. 127, caput; LC nº 75/1993, art. 1º) são: 1) Defender o ordenamento jurídico. “Ordenamento jurídico”, na lição de Kelsen, é o conjunto das normas jurídicas, o sistema jurídico-normativo, o Direito Objetivo. Assim, cabe ao MPU zelar pelo respeito às leis e, principalmente, à Constituição. É por isso, por exemplo, que cabe ao MPU, por meio de seu chefe – o Procurador-Geral da República – mover ações de inconstitucionalidade (ADI, ADC e ADPF) perante o Supremo Tribunal Federal, defendendo a Constituição do ataque de leis que a contrariem (CF, art. 129, IV, c/c arts. 102, I, a, e 103, VI). 2) Defender o regime democrático. O Estado Democrático é previsto constitucionalmente (art. 1º, caput e parágrafo único) como aquele em que todo o poder emana do povo. Cabe ao MP zelar pelo respeito a esse regime, atuando na esfera da Justiça Eleitoral, fiscalizando as eleições e o exercício do mandato pelos eleitos, propondo ações de impugnação de mandato eletivo (CF, art. 14, § 11) etc. 3) Defender os interesses sociais e os individuais indisponíveis. Os direitos fundamentais costumam ser classificados em três gerações (ou dimensões). São individuais os direitos de primeira geração, de titularidade individual, e que impõem ao Estado uma obrigação de não-fazer, de se abster (direitos negativos, tais como vida, propriedade, liberdade). São direitos sociais os de segunda geração, assim entendidos os direitos de grupos sociais menos favorecidos, e que impõem ao Estado uma obrigação de fazer, de prestar (direitos positivos, como saúde, educação, moradia, segurança pública e, agora, com a EC nº 64/2010, também a alimentação). 2 LEGISLAÇÃO APLICADA AO MPU IMP ONLINE PROF. JOÃO TRINDADE Por fim, os direitos de terceira geração são os difusos e coletivos, que são de várias pessoas, mas não pertencem a ninguém isoladamente (meio ambiente, ordem urbanística, ordem econômica, patrimônio público, etc.). Quando a CF e a Lei usam a expressão interesses sociais, o fazem em sentido amplo, isto é: cabe ao MP defender os interesses sociais, difusos e coletivos7. Também cabe à Instituição defender os interesses individuais, desde que sejam indisponíveis. Com efeito, há direitos individuais disponíveis (= renunciáveis), tais como propriedade e intimidade, que não são protegidos pelo MPU (mas, sim, individualmente por cada titular). O Parquet da União só defende interesses individuais se forem indisponíveis (= irrenunciáveis), como vida, liberdade de locomoção, incolumidade física, por exemplo. MINISTÉRIO PÚBLICO DEFENSORIA PÚBLICA ADVOCACIA PÚBLICA ADVOCACIA (PRIVADA) OBJETIVOS Defender: 1) Ordem jurídica; 2) regime democrático; 3) interesses sociais e individuais indisponíveis Defender os necessitados (=prestar assistência jurídica integral e gratuita a quem dela necessitar) Defender judicialmente o Poder Público (3 poderes) e prestar consultoria jurídica ao Poder Executivo1 Defender os particulares (prestar assistência jurídica aos particulares) NATUREZA Instituição pública Instituição pública Instituição pública Serviço privado de relevância pública VINCULAÇÃ O Instituição autônoma (não vinculada a nenhum dos três poderes)2 Instituição autônoma (não vinculada a nenhum dos três poderes)3 Executivo Não integra a Administração Pública (STF, Pleno, ADI 3026/DF) PREVISÃO CF, arts. 127 a 130- A CF, art. 134 CF, arts. 131 e 132 CF, art. 133 ESTRUTURA MPE’s MPU (MPF, MPM, MPT e MPDFT) DPU DPDF DPE’s AGU (Advogados da União, Procuradores Federais e Procuradores da OAB 1 A consultoria jurídica dos demais Poderes é feita por órgãos próprios (Consultoria Legislativa do Senado Federal, Consultoria Legislativa da Câmara dos Deputadose órgãos internos do Judiciário). 2 Posição da doutrina majoritária e adotada pelas grandes bancas elaboradoras. 3 EC nº 80/14; ADI-MC nº 5.296/DF. 3 LEGISLAÇÃO APLICADA AO MPU IMP ONLINE PROF. JOÃO TRINDADE Fazenda Nacional4) Procuradorias dos Estados Procuradoria do DF Procuradorias dos Municípios CHEFIA PGR (Chefe do MPU) PGJ (Chefe do MPE) Defensor Público Geral Federal (DPU) Defensor Público-Geral do DF Defensor Público-Geral do Estado Advogado-Geral da União (AGU) Procurador-Geral do Estado Procurador-Geral do DF Procurador-Geral do Município Presidente do Conselho Federal 2. PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS (CF, art. 127, § 1º; LC nº 75/93, art. 4º) 2.1. UNIDADE: O Ministério Público é uma instituição una, unitária. O MPU divide-se internamente em quatro ramos, mas é uma instituição só, com objetivos comuns, e chefiada pelo Procurador-Geral da República. É por isso, por exemplo, que o concurso para servidor do MPU é um só: não há concurso para servidor do MPT somente, nem do MPDFT apenas. Faz-se o concurso para o MPU, e é possível ser lotado em qualquer um dos quatro ramos. A carreira de servidor do MPU é una (Lei nº 11.415/2006, art. 1º, caput). Mas atenção: essa unidade de carreira se refere apenas aos servidores. As carreiras de membro são separadas entre si, com concursos distintos e provimento autônomo. Assim, existe uma só carreira de servidor do MPU, mas carreiras distintas para membro do MPF, do MPT, do MPM e do MPDFT. Nesse sentido, o art. 32 da Lei Complementar nº 75/1993 assim dispõe: “As carreiras [dos membros] dos diferentes ramos do Ministério Público da União são independentes entre si, tendo cada uma delas organização própria, na forma desta lei complementar” 2.2. INDIVISIBILIDADE: O MPU não se divide em seus membros; cada membro atua representando a instituição por inteiro. Consequência: os membros podem substituir-se uns aos outros, no curso do processo, sem que isso cause nulidade. 4 A AGU (advocacia pública na esfera federal) é a única que se divide, internamente, em três carreiras. 4 LEGISLAÇÃO APLICADA AO MPU IMP ONLINE PROF. JOÃO TRINDADE De acordo com o princípio da indivisibilidade, quando um membro do MPU atua no processo, faz isso em nome de toda a instituição: o Ministério Público atuou naquele processo. Justamente por isso, não pode um membro que eventualmente suceda outro no procedimento tentar desfazer o que o antecessor fez. Além de provavelmente já ter havido preclusão (fenômeno processual que impede voltar atrás nas fases do processo), seria um contrassenso o mesmo MP tomar atitudes distintas quanto ao mesmo ato, no mesmo momento processual. Um exemplo: se um membro do MP oferecer denúncia contra alguém e entrar em licença para tratar da própria saúde, deverá ser substituído por outro representante do Parquet. Este, porém, não poderá pedir o “desfazimento” da denúncia, mesmo que discorde da acusação, pois o ato já foi praticado (precluiu) e o foi em nome do Ministério Público. Obviamente, em virtude do princípio institucional da independência funcional (que estudaremos adiante), o novo membro não estará vinculado à acusação feita pelo antecessor, podendo, inclusive, pedir a absolvição do réu, nas alegações finais; não poderá, contudo, tentar desfazer um ato já praticado em nome da instituição. Na verdade, o princípio da indivisibilidade significa que cada membro do Ministério Público atua em nome da instituição, representando-a por inteiro. A principal consequência prática do princípio da indivisibilidade é a possibilidade de os membros do MPU poderem se substituir uns aos outros no curso do processo, sem que isso cause nulidade processual (obviamente, desde que respeitados requisitos legais de substituição, como identidade de carreiras e grau de atribuição, por exemplo). Dessa forma, por exemplo: um processo cujo parecer foi exarado por um membro do MP pode ter sustentação oral, no julgamento, feita por outro membro (é, aliás, o que geralmente acontece). Perceba-se que tal substituição seria impossível em relação aos membros do Judiciário: se um juiz realizou a audiência de instrução, deverá ser o mesmo a julgar o processo (princípio da identidade física do juiz), a não ser que estivesse absolutamente impedido. No MP, pode um membro realizar sustentação oral em processo com parecer exarado por outro membro, em virtude de mera alteração de escala; tal proceder está calcado no princípio da indivisibilidade. 2.3. INDEPENDÊNCIA FUNCIONAL: Cada membro atua de acordo com a lei e com a sua consciência. No exercício da atividade-fim, não há hierarquia. No Ministério Público, porém, o desenho institucional é amplamente diferenciado, com relação aos membros, se comparado com a hierarquia existente na Administração Pública. O membro do MP age vinculado apenas a seu 5 LEGISLAÇÃO APLICADA AO MPU IMP ONLINE PROF. JOÃO TRINDADE entendimento e à lei; não há hierarquia entre membros do MP (no exercício da atividade-fim), e ninguém pode ser obrigado a tomar esta ou aquela atitude. Enquanto, na Administração Pública, existe e vigora o princípio da obediência hierárquica, no Ministério Público, a regra que impera entre os membros é a independência funcional: estão vinculados apenas à lei e à consciência. Os membros e órgãos do Ministério Público não precisam obedecer uns aos outros. Isso não significa que não exista hierarquia, mas essa é restrita à função administrativa, atípica. 2.4. PROMOTOR NATURAL (princípio implícito): 2.4.1. Vertente “radical”: o membro do MPU que atua em um processo não pode ser substituído por outro, salvo situações excepcionais (posição minoritária, contraria o princípio da indivisibilidade) 2.4.2. Vertente “moderada”: o membro do MPU não pode ser arbitrariamente retirado do processo, e a designação do membro para atuar em um processo não pode ser feita com base em critérios casuísticos. O STF adotou a vertente moderada: ver HC 103.038/PA, Relator Ministro Joaquim Barbosa. 3. FUNÇÕES INSTITUCIONAIS CONSTITUIÇÃO FEDERAL Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei; II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados nesta Constituição, promovendo as medidas necessárias a sua garantia; III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos ; IV - promover a ação de inconstitucionalidade ou representação para fins de intervenção da União e dos Estados, nos casos previstos nesta Constituição; V - defender judicialmente os direitos e interesses das populações indígenas; VI - expedir notificações nos procedimentos administrativos de sua competência, requisitando informações e documentos para instruí-los, na forma da lei complementar respectiva; 6 LEGISLAÇÃO APLICADA AO MPU IMP ONLINE PROF. JOÃO TRINDADE VII - exercer o controle externo da atividade policial, na forma da lei complementar mencionada no artigo anterior; VIII - requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas manifestações processuais; IX - exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde que compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe vedada a representação judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas. 3.1. Promover PRIVATIVAMENTE a ação penal Pública, na forma da lei Os crimes podem ser de ação penal pública ou privada (CP, art. 10027). No primeirocaso (que é a regra), o processo penal inicia-se por meio de um ato formal de acusação, movido pelo Ministério Público, chamado de denúncia. Já nos crimes de ação penal privada, o processo só é desencadeado se houver interesse da vítima ou da sua família, interesse demonstrado por meio da propositura de um ato formal de acusação chamado de queixa (ou queixa-crime). Cuidado: “privativamente”, porque pode haver a ação penal privada subsidiária da pública! Na verdade, quando há inquérito policial antes do oferecimento da denúncia (o que não é obrigatório, embora seja o comum), o inquérito é encaminhado ao membro do Ministério Público, que poderá adotar uma das seguintes providências: a) se estiver convencido de ocorreu o delito, oferecerá denúncia; b) se estiver convencido de que não houve crime, requisitará o arquivamento do inquérito pelo juiz; c) se desejar sejam feitas novas investigações, devolverá o inquérito à polícia para novas diligências. Se o membro do MP tomar qualquer uma dessas atitudes, a vítima nada poderá fazer. Se, porém, quedar-se inerte dentro do prazo legal (geralmente 15 dias), a vítima ou os familiares poderão oferecer queixa substitutiva da denúncia, exercendo o direito fundamental de mover a ação penal privada subsidiária da pública (CF, art. 5º, LIX). Por isso, a palavra privativamente. 3.2. Promover EXCLUSIVAMENTE o INQUÉRITO CIVIL e CONCORRENTEMENTE a AÇÃO CIVIL PÚBLICA, para a proteção de interesses DIFUSOS, COLETIVOS OU INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS5 5 Para a prova de Analista da área de Direito, é preciso diferenciar os direitos coletivos lato sensu (coletivos em sentido estrito e difusos), dos individuais homogêneos. direitos individuais homogêneos: são direitos de titularidade individual, mas que podem ser defendidos em conjunto, por meio de uma só ação judicial que tutele coletivamente todos os direitos individuais das pessoas envolvidas. Ex: várias pessoas foram lesadas por um produto defeituoso comercializado por uma loja: cada uma tem direito a 7 LEGISLAÇÃO APLICADA AO MPU IMP ONLINE PROF. JOÃO TRINDADE AÇÃO CIVIL PÚBLICA AÇÃO POPULAR OBJETO Proteção de quaisquer interesses difusos, coletivos ou individuais homogêneos Proteção de alguns interesses difusos (meio ambiente, moralidade administrativa, patrimônio público e patrimônio histórico e cultural) LEGITIMIDADE MP Defensoria Pública Entidades da Administração Pública Associações Qualquer cidadão PREVISÃO CF, art. 129, III Lei nº 7.347/85 CF, art. 5º, LXXIII Lei nº 4.717/65 Ação civil pública (Lei nº 7.374/1985): É uma ação coletiva movida para defender direitos difusos, coletivos ou individuais homogêneos. A ACP pode ser manejada para proteger quaisquer interesses difusos ou coletivos (CF, art. 129, III)28. Observe-se, por outro lado, que a atribuição do MPU para ingressar com ACP não é exclusiva, mas concorrente, pois outras instituição também são legitimadas a tal fim, como dispõe o art. 5º da Lei. Segundo o STF e o STJ, o Ministério Público pode ajuizar ação civil pública em defesa dos interesses dos consumidores (Lei nº 7.347/1985, art. 1º, II, e art. 5º, I), mas não pode ajuizar ACP em defesa dos contribuintes, para buscar o não pagamento de tributo, porque não há relação de consumo. Por fim, é preciso diferenciar a ação civil pública da ação popular. São, basicamente, duas diferenças: o objeto e a legitimidade. Quanto ao objeto, a ação popular defende apenas quatro interesse difusos: patrimônio público, patrimônio histórico e cultural, meio ambiente e moralidade administrativa (CF, art. 5º, LXXIII), ao passo que a ACP tem campo de ação mais amplo, podendo defender quaisquer interesses difusos e coletivos. De outra parte, a legitimidade também é distinta: quem pode ingressar com ação popular é apenas o cidadão (brasileiro no pleno gozo dos direitos políticos), ao passo que a ACP pode ser ajuizada pelo MP, Defensoria Pública, entidades da Administração direta ou indireta ou associações. receber uma indenização (direito individual), mas tal pedido pode ser tutelado, em juízo, por meio de uma só ação civil coletiva, que proteja, de uma só vez, todos os consumidores incluídos na mesma situação fática. Esse é um direito individual homogêneo (= direito individual que pode ser protegido coletivamente). Sobre o tema, Teori Zavascki ensina: “(...) os direitos individuais homogêneos são (...) um conjunto de direitos subjetivos individuais ligados entre si por uma relação de afinidade, de semelhança, de homogeneidade, o que permite a defesa coletiva de todos eles” (ZAVASCKI, Teori Albino. Processo Coletivo, p. 42. São Paulo: RT, 2007). Cf. art. 81 do CDC: “(...) interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato; II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica base; III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de origem comum”. 8 LEGISLAÇÃO APLICADA AO MPU IMP ONLINE PROF. JOÃO TRINDADE O inquérito civil (público) é investigação prévia para instaurar ação civil pública (ACP). Só quem pode instaurá-lo é o MP (art. 8º, § 1º, da Lei nº 7.347/198533). Mas cuidado: a atribuição do MPU para promover ACP é concorrente, mas para o inquérito civil é exclusiva. João Batista de Almeida assim define o inquérito civil: “procedimento administrativo, instaurado sob a presidência do Ministério Público, com o objetivo de colher elementos de convicção que possibilitem o ajuizamento de ação civil pública ou a assinatura de termos de ajustamento de conduta”34. Ademais, ressalte-se que o inquérito civil é prescindível (= dispensável) pois a ACP pode ser proposta diretamente pelo MP, se já houver provas suficientes. CUIDADO!!! PROCEDIMENTO LEGITIMIDADE DO MP AÇÃO PENAL PÚBLICA PRIVATIVA AÇÃO CIVIL PÚBLICA CONCORRENTE INQUÉRITO CIVIL EXCLUSIVA 3.3. Zelar pelo efetivo respeito dos poderes públicos e serviços de relevância pública aos direitos constitucionalmente garantidos 3.4. Requisitar documentos e informações de órgãos públicos Lei Complementar nº 75/93: Art. 8º Para o exercício de suas atribuições, o Ministério Público da União poderá, nos procedimentos de sua competência: I - notificar testemunhas e requisitar sua condução coercitiva, no caso de ausência injustificada; II - requisitar informações, exames, perícias e documentos de autoridades da Administração Pública direta ou indireta; III - requisitar da Administração Pública serviços temporários de seus servidores e meios materiais necessários para a realização de atividades específicas; IV - requisitar informações e documentos a entidades privadas; V - realizar inspeções e diligências investigatórias; VI - ter livre acesso a qualquer local público ou privado, respeitadas as normas constitucionais pertinentes à inviolabilidade do domicílio; VII - expedir notificações e intimações necessárias aos procedimentos e inquéritos que instaurar; 9 LEGISLAÇÃO APLICADA AO MPU IMP ONLINE PROF. JOÃO TRINDADE VIII - ter acesso incondicional a qualquer banco de dados de caráter público ou relativo a serviço de relevância pública; IX - requisitar o auxílio de força policial. § 1º O membro do Ministério Público será civil e criminalmente responsável pelo uso indevido das informações e documentos que requisitar; a ação penal, nahipótese, poderá ser proposta também pelo ofendido, subsidiariamente, na forma da lei processual penal. § 2º Nenhuma autoridade poderá opor ao Ministério Público, sob qualquer pretexto, a exceção de sigilo, sem prejuízo da subsistência do caráter sigiloso da informação, do registro, do dado ou do documento que lhe seja fornecido. § 3º A falta injustificada e o retardamento indevido do cumprimento das requisições do Ministério Público implicarão a responsabilidade de quem lhe der causa. § 4º As correspondências, notificações, requisições e intimações do Ministério Público quando tiverem como destinatário o Presidente da República, o Vice-Presidente da República, membro do Congresso Nacional, Ministro do Supremo Tribunal Federal, Ministro de Estado, Ministro de Tribunal Superior, Ministro do Tribunal de Contas da União ou chefe de missão diplomática de caráter permanente serão encaminhadas e levadas a efeito pelo Procurador-Geral da República ou outro órgão do Ministério Público a quem essa atribuição seja delegada, cabendo às autoridades mencionadas fixar data, hora e local em que puderem ser ouvidas, se for o caso. § 5º As requisições do Ministério Público serão feitas fixando-se prazo razoável de até dez dias úteis para atendimento, prorrogável mediante solicitação justificada. CUIDADO!!! Segundo a jurisprudência do STF, o MPU não pode: a) quebrar sigilo das comunicações telefônicas (reserva de jurisdição); b) quebrar a inviolabilidade domiciliar (reserva de jurisdição); c) quebrar sigilo bancário e fiscal diretamente (HÁ DIVERGÊNCIA) 3.5. Exercer o controle EXTERNO da atividade policial Além do controle interno exercido pelas corregedorias, a polícia também é objeto do controle externo – esse a cargo do Ministério Público. No âmbito da Polícia Federal, existe o controle interno, feito pela Corregedoria; cabe ao MPF exercer o controle externo da atividade policial. Por isso mesmo é que o inquérito policial tramita nas três esferas: na polícia, na justiça e no MP. O controle externo tem a 10 LEGISLAÇÃO APLICADA AO MPU IMP ONLINE PROF. JOÃO TRINDADE função de verificar e prevenir eventuais atos de prevaricação e garantir o acusado contra violação dos direitos fundamentais. Trata-se de controle técnico. Não é um controle de mérito, mas sim um controle de legalidade. Controle interno da Polícia – Corregedoria Controle externo da Polícia – MP POLÍCIA CONTROLE EXTERNO Polícia Civil e Polícia Militar dos Estados MPE Polícia Civil e Polícia Militar do DF MPDFT (art. 150, IV, da LC 75/93) Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e Polícia Ferroviária Federal MPF (art. 38, IV, da LC 75/93) Polícia judiciária militar (Forças Armadas, na função de investigação) MPM (art. 117, II, da LC 75/93) Lei Complementar nº 75/93: Art. 3º O Ministério Público da União exercerá o controle externo da atividade policial tendo em vista: a) o respeito aos fundamentos do Estado Democrático de Direito, aos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil, aos princípios informadores das relações internacionais, bem como aos direitos assegurados na Constituição Federal e na lei; b) a preservação da ordem pública, da incolumidade das pessoas e do patrimônio público; c) a prevenção e a correção de ilegalidade ou de abuso de poder; d) a indisponibilidade da persecução penal; e) a competência dos órgãos incumbidos da segurança pública. (...) Art. 9º O Ministério Público da União exercerá o controle externo da atividade policial por meio de medidas judiciais e extrajudiciais podendo: I - ter livre ingresso em estabelecimentos policiais ou prisionais; II - ter acesso a quaisquer documentos relativos à atividade-fim policial; III - representar à autoridade competente pela adoção de providências para sanar a omissão indevida, ou para prevenir ou corrigir ilegalidade ou abuso de poder; 11 LEGISLAÇÃO APLICADA AO MPU IMP ONLINE PROF. JOÃO TRINDADE IV - requisitar à autoridade competente para instauração de inquérito policial sobre a omissão ou fato ilícito ocorrido no exercício da atividade policial; V - promover a ação penal por abuso de poder. Art. 10. A prisão de qualquer pessoa, por parte de autoridade federal ou do Distrito Federal e Territórios, deverá ser comunicada imediatamente ao Ministério Público competente, com indicação do lugar onde se encontra o preso e cópia dos documentos comprobatórios da legalidade da prisão. 3.6. Requisitar a instauração de inquérito policial, indicados os fundamentos jurídicos das suas manifestações 3.7. Defender judicialmente os direitos e interesses das populações indígenas (atribuição especificamente do MPF, nos termos do art. 37, II da LC 75/93) 3.8. Ajuizar ações de controle de constitucionalidade (ADI, ADC e ADPF, na esfera federal – STF) e representações para fins de intervenção federal – ambas são atribuições do PGR (art. 46, parágrafo único, I e II) 3.9. Exercer outras atribuições previstas em lei CUIDADO!!! Isso significa que o rol constitucional de atribuições do MP não é taxativo, é meramente exemplificativo. Pode ser ampliado, desde que cumpridas duas condições: a) a ampliação seja feita por lei (art. 5º, § 2º, da LC 75/936); b) seja compatível com os objetivos da Instituição, VEDADA A REPRESENTAÇÃO JUDICIAL OU A CONSULTORIA JURÍDICA DE ENTIDADES PÚBLICA (CF, art. 129, IX, parte final), pois essa atribuição é da advocacia pública. 6 “Somente a lei poderá especificar as funções atribuídas pela Constituição Federal e por esta Lei Complementar ao Ministério Público da União, observados os princípios e normas nelas estabelecidos”. 12 LEGISLAÇÃO APLICADA AO MPU IMP ONLINE PROF. JOÃO TRINDADE AULA 2: ESTRUTURA DO MPU ESTRUTURA DO MPU 4. CNMP 4.1. CRIAÇÃO: EC 45/04 (junto com o CNJ), por meio da inclusão do art. 130-A na CF 4.2. NATUREZA JURÍDICA: órgão de controle INTERNO do Ministério Público CUIDADO!!! Em relação ao Ministério Público Brasileiro (MP como um todo), o CNMP é um órgão de controle interno. Porém, em relação especificamente ao MPU, o CNMP é um órgão de controle externo, pois não faz parte da instituição 4.3. COMPOSIÇÃO 14 Conselheiros, nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal, sendo escolhidos da seguinte forma: I – PGR, que é também presidente do CNMP II – 4 membros do MPU (um de cada ramo) III – 3 membro de MPE’s IV – 2 juízes (1 indicado pelo STF e 1 indicado pelo STJ) V – 2 advogados, indicados pela OAB VI – 2 cidadãos (de notável saber jurídico e de reputação ilibada), indicados 1 pela Câmara dos Deputados e 1 pelo Senado Federal CUIDADO!!! O próprio Conselho tem a atribuição de eleger (em votação secreta), dentre os membros de MP que o integram (exceto, por implicitude, o PGR), um membro para exercer a função de CORREGEDOR-NACIONAL DO MP, por mandato de 2 anos, VEDADA A RECONDUÇÃO. QUEM PODE SER CORREGEDOR-NACIONAL DO MP? Membros do CNMP oriundos do próprio Ministério Público QUEM VOTA PARA ESCOLHER O CORREGEDOR-NACIONAL? Todos os 14 membros QUAL O MANDATO DE CORREGEDOR-NACIONAL DO MP? 2 anos, vedada qualquer recondução MEMBRO QUE ESTÁ NO PRIMEIRO MANDATO NO CNMP E QUE FOI ESCOLHIDO CORREGEDOR-NACIONAL PODE SER RECONDUZIDO PARA MAIS 2 ANOS? Pode ser reconduzido na função de Conselheiro do CNMP, mas não poderá ser reconduzido na função de Corregedor-Nacional do MP 13 LEGISLAÇÃO APLICADA AO MPU IMP ONLINE PROF. JOÃO TRINDADE 4.4. MANDATO: é de 2 anos, admitida uma7 recondução (precedida de nova aprovação por maioria absoluta do Senado Federal) 4.5. ATRIBUIÇÕES I – fiscalização contábil, financeira, orçamentária, administrativa e disciplinar do MPU oudos MPE’s e também dos serviços auxiliares (servidores) CUIDADO!!! Isso não afasta o poder correicional dos MP’s!!! II – não exerce função institucional do MP (e sim atividade-meio) III – pode rever atos administrativos IV – pode rever processos disciplinares contra membros do MPU ou dos MPE’s, desde que tenham sido julgados há menos de 1 ano CUIDADO!!! O CNMP não pode rever processos disciplinares contra servidores (serviços auxiliares) V – aplicar penalidades, exceto demissão de membro vitalício (nesse caso, é necessária a sentença judicial transitada em julgado) VI – editar atos regulamentares, no âmbito de sua competência 4.6. FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO CRIMES COMUNS – Não há (cada membro tem o foro que já possui normalmente) CRIMES DE RESPONSABILIDADE – Senado Federal (CF, art. 52, II) 5. PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA 5.1. REQUISITOS - Cidadão brasileiro (não precisa ser nato) - Maiores de 35 anos - Membro da carreira Divergência: é preciso ser membro da carreira do MPF ou de qualquer carreira do MPU? Pela CF, não há exigência expressa de que precisa ser membro do MPF Mas, pela LC 75/93, como o PGR é chefe do MPF (art. 45), e as carreiras são independentes entre si (art. 32), só podendo ser exercidas por membros que as compõem (art. 33), pode-se dizer que, hoje, o PGR precisa ser necessariamente oriundo do MPF. 5.2. ESCOLHA PR indica – SF (se concordar) aprova por maioria absoluta – PR nomeia 7 Exceto para o PGR, para o qual se admitem várias reconduções, desde que esteja no exercício da chefia do MPU. 14 LEGISLAÇÃO APLICADA AO MPU IMP ONLINE PROF. JOÃO TRINDADE No Senado, a sabatina é feita primeiramente na CCJ (Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania), que emite parecer favorável ou contrário. Depois, é feita a sabatina no Plenário do Senado, quando então será votada a indicação (que só pode ser aprovada por maioria absoluta, isto é, 41 votos “sim”) CUIDADO!!! A aprovação é feita pelo Senado Federal, apenas, e não pelo Congresso Nacional ATENÇÃO!!! Existe a praxe, o hábito de se fazer uma “lista tríplice” para a “indicação” do PGR ao PR, eleição essa realizada pelos membros da carreira do MPF associados à ANPR (Associação Nacional dos Procuradores da República). Essa lista, porém, não existe na Constituição e não possui nenhum valor jurídico, constituindo mera sugestão ao PR. 5.3. MANDATO 2 anos, permitida a recondução (inúmeras vezes), desde que sempre precedida de nova indicação presidencial e de nova aprovação no Senado Federal, por maioria absoluta (art. 128, § 1º, da CF, e art. 25, caput, da LC 75/93) 5.4 DESTITUIÇÃO A exoneração, de ofício, do PGR, deve ser feita por iniciativa do PR, com autorização da maioria absoluta do Senado Federal (CF, art. 128, § 2º; LC 75/93, art. 25, parágrafo único). Na sequência: PR solicita a autorização – SF autoriza (se concordar) – PR destitui 5.5. IMPEDIMENTOS Em caso de impedimento (temporário), o PGR será substituído pelo Vice-PGR ATENÇÃO!!! O Vice-PGR é escolhido pelo próprio PGR (trata-se de função de livre nomeação e exoneração do PGR) – art. 27 da LC 75/93 – dentre membros maiores de 35 anos e que estejam no mais alto nível da carreira, isto é, trata-se de função privativa de Subprocurador-Geral da República (art. 67, I). 5.6. VACÂNCIA 15 LEGISLAÇÃO APLICADA AO MPU IMP ONLINE PROF. JOÃO TRINDADE Em caso de vacância (definitiva), não há sucessão do PGR (isto é, ninguém assume para terminar o mandato). Deve ser escolhido novo PGR, para novo mandato de 2 anos. Enquanto isso, o cargo será temporariamente exercido pelo Vice-Presidente do CSMPF (não é pelo Vice-PGR!!!!!!!!) – art. 27, segunda parte, da LC 75/93. 5.7. ATRIBUIÇÕES 5.7.1. Como chefe do MPU (art. 26) 1) Representar a instituição 2) Nomear os membros e servidores do MPU 3) Encaminhar ao Executivo a proposta orçamentária 4) Nomear os demais procuradores-gerais e dar posse ao PGJ-DFT 5) Resolver conflitos de atribuições entre membros de ramos diferentes 6) Propor projetos de lei (ordinária ou complementar, dependendo do caso) ao Congresso Nacional CUIDADO!!! Quem resolve conflitos de atribuições entre membros do mesmo ramo são as Câmaras de Coordenação e Revisão, ou Conselho Institucional (caso se trate de conflito entre Câmaras)! Quem resolve conflitos de atribuições entre membros de ramos diferentes é o PGR. 5.7.2. Como chefe do MPF (art. 49) 1) Atuar perante o STF (art. 46) e o STJ (art. 48) 2) Atribuições relativas a processos disciplinares 3) Atribuições de chefia administrativa 4) Designação de membros em órgãos 5) Resolver, em grau de recurso, conflitos de atribuições entre órgãos do MPF 6. OS VÁRIOS MINISTÉRIOS PÚBLICOS MPF MPT MPM MPDFT Chefe PGR PGT PGJM PGJ-DFT Onde atua STF, STJ e justiça federal comum Justiça do Trabalho Justiça Militar da União Justiça do Distrito Federal e Territórios 16 LEGISLAÇÃO APLICADA AO MPU IMP ONLINE PROF. JOÃO TRINDADE Órgão que reúne todos os membros Colégio de Procuradores da República Colégio de Procuradores do Trabalho Colégio de Procuradores da Justiça Militar Colégios de Procuradore s e Promotores de Justiça Órgão colegiado Conselho Superior do MPF Conselho Superior do MPT Conselho Superior do MPM Conselho Superior do MPDFT Corregedoria CGMPF CGMPT CGMPM CGMPDFT Coordenaçã o e Revisão CâmaraS de Coordenação e Revisão do MPF (7) Câmara de Coordenação e Revisão do MPT Câmara de Coordenação e Revisão do MPM CâmaraS de Coordenação e Revisão do MPDFT (2) Carreira Subprocuradore s-Gerais da República Procuradores Regionais da República Procuradores da República Subprocuradore s-Gerais do Trabalho Procuradores Regionais do Trabalho Procuradores do Trabalho Subprocuradore s-Gerais da Justiça Militar Procuradores da Justiça Militar Promotores da Justiça Militar Procuradore s de Justiça Promotores de Justiça Promotores de Justiça Adjuntos Outros órgãos PFDC/PRDC PDDC 17 LEGISLAÇÃO APLICADA AO MPU IMP ONLINE PROF. JOÃO TRINDADE Observações sobre os órgãos internos (modelo: MPF) I) Conselho Superior do MPF Composição 10 Membros - 2 membros natos (PGR e Vice-PGR) - 8 membros eleitos (Subprocuradores-Gerais da República), sendo * 4 eleitos pelos pares (pelos próprios Subprocuradores- Gerais da República) * 4 eleitos por toda a carreira (pelo Colégio de Procuradores da República) Atribuições Poder normativo Opinar em matérias administrativas Designar Subprocurador-Geral da República para ajuizar ação penal contra o PGR (art. 51) Competência em matéria disciplinar Elaborar listas para promoção Mandato (dos membros eleitos) 2 anos, permitida UMA reeleição II) Corregedoria-Geral do MPF Escolha PGR escolhe um dos Subprocuradores-Gerais da República indicados em lista tríplice elaborada pelo CSMPF Atribuições Fiscalização funcional e da conduta dos membros do MPF Avaliação do estágio probatório dos membros do MPF Realização de correições Mandato 2 anos, renovável uma vez Destituição Por decisão do CSMPF, por 2/3 dos membros, mediante iniciativa do PGR III) Câmaras de Coordenação e Revisão do MPF Composiçã o 3 membros, sendo - 1 indicado pelo PGR - 2 indicados pelo CSMPF PGR indica qual deles será o Coordenador 18 LEGISLAÇÃO APLICADA AO MPU IMP ONLINE PROF. JOÃO TRINDADE OBS: para ser membro de CCR, não é preciso ser Subprocurador- Geral da República, mas para ser Coordenador, sim Atribuições Coordenar Revisar Rever Mandato 2 anos, permitidas VÁRIAS reconduções IV) Colégio de Procuradores da República Composição Todos os membros do MPFAtribuições ESCOLHER listas sêxtuplas para STJ e para TRF ELEGER 4 conselheiros do CSMPF OPINAR sobre assuntos da instituição V) PFDC Escolha PGR (dentre Subprocuradores-Gerais da República), com aprovação do CSMPF Atribuições Defender os direitos constitucionais dos cidadãos (mas não defende direito individual) Mandato 2 anos, permitida uma recondução Destituição Por iniciativa do PGR, aprovada pela maioria absoluta do CSMPF 7) CHEFES DOS RAMOS DO MPU MPF MPT MPM MPDFT Chefe PGR PGT PGJM PGJ Escolha Presidente da República, com aprovação da maioria absoluta do Senado Federal PGR, dentre lista tríplice elaborada pelo próprio MPT PGR, dentre lista tríplice elaborada pelo próprio MPM Presidente da República, dentre lista tríplice elaborada pelo próprio MPDFT Mandato 2 anos 2 anos 2 anos 2 anos Reconduçã o Várias Uma Uma Uma Destituição Presidente da República, com aprovação da PGR, com aprovação de 2/3 do PGR, com aprovação de 2/3 do Presidente da República, com aprovação do 19 LEGISLAÇÃO APLICADA AO MPU IMP ONLINE PROF. JOÃO TRINDADE maioria absoluta do Senado Federal CSMPT CSMPM Congresso (CF, art. 128, § 4º) ou, segundo a LC, da maioria absoluta do Senado Federal (art. 156, § 4º) Atuação STF, STJ e TSE TST STM TJDFT 8) MP JUNTO AO TCU (CF, ART. 130) 8.1) Não é o MP comum. Não integra o MPU, nem os MPE’s 8.2) Trata-se de uma carreira interna do próprio TCU 8.3) Não possui fisionomia institucional própria 8.4) Porém, seus membros gozam dos mesmos direitos, garantias e prerrogativas que os membros do MPU 20 LEGISLAÇÃO APLICADA AO MPU IMP ONLINE PROF. JOÃO TRINDADE AULA 3: CARREIRAS DOS MEMBROS DO MPU PROF. JOÃO TRINDADE 1. CHEFES DOS RAMOS DO MPU O Chefe do MPU (e, ao mesmo tempo, do MPF), é o Procurador-Geral da República, escolhido pelo Presidente da República, dentre membros da carreira com mais de 35 anos de idade, após aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal (art. 128, § 1º). O mandato é de dois anos, permitida a recondução por períodos ilimitados (art. 128, §1º), sempre com nova aprovação pelo Senado. Para ser destituído o PGR antes do término do mandato, tem que haver iniciativa do Presidente da República e autorização da maioria do Senado (§ 2º). De outra parte, a Chefia do Ministério Público Estadual é exercida pelo Procurador-Geral de Justiça, escolhido pelo Governador de Estado (para o MPE) ou Presidente da República (no caso do MPDFT), dentre os integrantes de lista tríplice elaborada pela própria instituição. Perceba-se que não há participação legislativa na escolha do PGJ, ao contrário do que ocorre no caso do PGR. Outra diferença é o fato de que, na escolha do PGR, o Presidente escolhe livremente qualquer membro da carreira, enquanto para a escolha do PGJ o Chefe do Executivo está limitado à lista tríplice elaborada pela instituição. Jurisprudência: STF: “A escolha do Procurador-Geral da República deve ser aprovada pelo Senado (CF, artigo 128, § 1º). A nomeação do Procurador-Geral de Justiça dos Estados não está sujeita à aprovação da Assembleia Legislativa. Compete ao Governador nomeá-lo dentre lista tríplice composta de integrantes da carreira (CF, art. 128, § 3º). Não-aplicação do princípio da simetria.” (ADI 452, Rel. Min. Maurício Corrêa, DJ 31/10/2002). O mandato do PGJ é de dois anos, permitida apenas uma recondução (ao contrário do que ocorre com o PGR, para quem a recondução é ilimitada). Para ser destituído, tem que haver decisão da maioria absoluta do Poder Legislativo (Assembleia Legislativa para o PGJ estadual e Congresso Nacional para o PGJ do MPDFT). Quanto ao PGJ do MPDFT, temos um incongruência: a Constituição prevê a destituição pelo Poder Legislativo (que é o Congresso Nacional), ao passo que a Lei Orgânica do MPU (LC nº 75/1993, art. 156, § 2º) prevê a destituição feita pelo Senado Federal apenas. E na prova, o que marcar? Pedro Lenza recomenda marcar de acordo com o que prevê a LC nº 75/1993. Entendemos que tudo depende do enunciado. Na prova de Constitucional, recomendamos que se marque a competência do Congresso Nacional (como entende José Afonso da Silva). Se a prova for de Legislação Aplicada ao MPU e deixar claro no enunciado que a questão refere- 21 LEGISLAÇÃO APLICADA AO MPU IMP ONLINE PROF. JOÃO TRINDADE se à LC nº 75, deve-se seguir o que diz a Lei e assinalar a competência do Senado Federal. MPF MPT MPM MPDFT Chefe PGR PGT PGJM PGJ Escolha Presidente da República, com aprovação da maioria absoluta do Senado Federal PGR, dentre lista tríplice elaborada pelo próprio MPT PGR, dentre lista tríplice elaborada pelo próprio MPM Presidente da República, dentre lista tríplice elaborada pelo próprio MPDFT Mandato 2 anos 2 anos 2 anos 2 anos Reconduçã o Várias Uma Uma Uma Destituição Presidente da República, com aprovação da maioria absoluta do Senado Federal PGR, com aprovação de 2/3 do CSMPT PGR, com aprovação de 2/3 do CSMPM Presidente da República, com aprovação do Congresso (CF, art. 128, § 4º) ou, segundo a LC, da maioria absoluta do Senado Federal (art. 156, § 4º) Atuação STF, STJ e TSE TST STM TJDFT 2. AS QUATRO CARREIRAS MPF MPT Justiça do Trabalho MPM Justiça Militar da União MPDFT Justiça Distrital Subprocurad or-Geral da República STJ Subprocurad or-Geral do Trabalho TST Subprocurad or-Geral da Justiça Militar STM Procurado r de Justiça TJDFT Procurador Regional da República TRF Procurador Regional do Trabalho TRT Procurador da Justiça Militar Auditori a Militar Promotor de Justiça Juiz de Direito Procurador da República Juiz Federal Procurador do Trabalho TRT e, eventual Promotor da Justiça Auditori a Militar Promotor de Justiça Juiz de Direito 22 LEGISLAÇÃO APLICADA AO MPU IMP ONLINE PROF. JOÃO TRINDADE mente, Juiz do Trabalho Militar Adjunto 3. GARANTIAS 3.1. Vitaliciedade (CF, art. 128, §5º, I, a, e LC 75/93, art. 17, I): Direito do membro do MPU de, após dois anos de efetivo exercício, só perder o cargo em uma hipótese: sentença judicial transitada em julgado. 3.2. Inamovibilidade: O membro do MPU não pode ser removido ex officio, salvo duas hipóteses: 1) Por motivo de interesse público, por decisão da maioria absoluta do Conselho Superior do ramo ao qual pertence (CSMPF, CSMPT, CSMPM, CSMPDFT) – CF, art. 128, §5º, I, b, que revogou tacitamente o art. 17, II, da LC 75/93. 2) Por motivo disciplinar, por decisão da maioria absoluta do CNMP (CF, art. 130-A, §2º, III). 3.3. Irredutibilidade de subsídios: Não está prevista na LC 75/93 (art. 17, III), mas é garantida constitucionalmente (CF, art. 128, §5º, I, c). 4. VEDAÇÕES (CF, art. 128, §5º, II, na redação da EC 45/04; LC 75/93, art. 237, parcialmente revogado pela EC 45/04): O membro do MPU não pode: 1) receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto, honorários, percentagens ou custas processuais; 2) exercer a advocacia; O membro do MPU não pode advogar, nem mesmo em causa própria (STF, Informativo 114). Existe apenas uma exceção: os membros que ingressaram na carreira antes de 1988, e que optaram pelo regime jurídico anterior, podem advogar (art. 29, § 3º, do ADCT8), desde que não contrariem os interesses do Ministério Público. 3) participar de sociedade comercial, na forma da lei; 4) exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra função pública, salvo uma de magistério9; 8 Há que se ter cuidado que há uma regra de transição: alguns membros do MP podem advogar (os que ingressaram na carreiraantes de 1988 e optaram pelo regime anterior: “Poderá optar pelo regime anterior, no que respeita às garantias e vantagens, o membro do Ministério Público admitido antes da promulgação da Constituição, observando-se, quanto às vedações, a situação jurídica na data desta” (ADCT, art. 29, §3º). 23 LEGISLAÇÃO APLICADA AO MPU IMP ONLINE PROF. JOÃO TRINDADE 5) exercer atividade político-partidária: Essa vedação, que após a EC nº 45/04 se tornou absoluta, traz grandes discussões. Temos, aqui, que separar os membros em três “categorias”: 1) os que entraram antes de 1988 e optaram pelo regime jurídico anterior (ADCT, art. 29, § 3º) podem exercer tal atividade, desde que tirem licença39; 2) os que entraram após a EC nº 45/2004 não podem exercer qualquer atividade político-partidária: precisam se aposentar ou pedir exoneração40; 3) a dúvida é: e os que entraram depois de 1988 e antes da EC 45/2004? O TSE vem entendendo que tais membros não podem exercer qualquer tipo de atividade política41, a não ser que já estivessem no mandato quando da promulgação da EC nº 45/2004 e sejam candidatos à reeleição, mas a questão ainda não está pacificada (o CNMP editou a Resolução nº 5/2006, em que proíbe a atividade política apenas aos membros que ingressaram depois da EC 45 – posição que consideramos mais razoável)10; 6) receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei; 7) mesmo depois de aposentado/exonerado, exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos três anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração (CF, art. 95, parágrafo único, V, c/c art. 128, §6º). 5. PRERROGATIVAS Lei Complementar nº 75/93: Art. 18. São prerrogativas dos membros do Ministério Público da União: I - institucionais: a) sentar-se no mesmo plano e imediatamente à direita dos juízes singulares ou presidentes dos órgãos judiciários perante os quais oficiem; b) usar vestes talares; c) ter ingresso e trânsito livres, em razão de serviço, em qualquer recinto público ou privado, respeitada a garantia constitucional da inviolabilidade do domicílio; d) a prioridade em qualquer serviço de transporte ou comunicação, público ou privado, no território nacional, quando em 9 O STF já julgou que o membro do Judiciário (e também os do MP) podem ter mais de uma função de magistério, desde que haja compatibilidade de horários. 10 Essa vedação, que após a EC 45/04 se tornou absoluta, traz grandes discussões. Temos, aqui, que separar os membros em três “categorias”: 1) os que entraram antes de 1988 e optaram pelo regime jurídico anterior (ADCT, art. 29, §3º) podem exercer tal atividade, desde que tirem licença; 2) os que entraram após a EC 45/04 não podem exercer qualquer atividade político-partidária: precisam se aposentar ou pedir exoneração; 3) a dúvida é: e os que entraram depois de 1988 e antes da EC 45/04? O TSE entendia que não podiam exercer qualquer atividade, mas há julgados recentes em contrário, de modo que não há uma resposta formada. 24 LEGISLAÇÃO APLICADA AO MPU IMP ONLINE PROF. JOÃO TRINDADE serviço de caráter urgente; e) o porte de arma, independentemente de autorização; f) carteira de identidade especial, de acordo com modelo aprovado pelo Procurador-Geral da República e por ele expedida, nela se consignando as prerrogativas constantes do inciso I, alíneas c, d e e do inciso II, alíneas d, e e f, deste artigo; II - processuais: a) do Procurador-Geral da República, ser processado e julgado, nos crimes comuns, pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Senado Federal, nos crimes de responsabilidade; b) do membro do Ministério Público da União que oficie perante tribunais, ser processado e julgado, nos crimes comuns e de responsabilidade, pelo Superior Tribunal de Justiça; c) do membro do Ministério Público da União que oficie perante juízos de primeira instância, ser processado e julgado, nos crimes comuns e de responsabilidade, pelos Tribunais Regionais Federais, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral; d) ser preso ou detido somente por ordem escrita do tribunal competente ou em razão de flagrante de crime inafiançável, caso em que a autoridade fará imediata comunicação àquele tribunal e ao Procurador-Geral da República, sob pena de responsabilidade; e) ser recolhido à prisão especial ou à sala especial de Estado- Maior, com direito a privacidade e à disposição do tribunal competente para o julgamento, quando sujeito a prisão antes da decisão final; e a dependência separada no estabelecimento em que tiver de ser cumprida a pena; f) não ser indiciado em inquérito policial, observado o disposto no parágrafo único deste artigo; g) ser ouvido, como testemunhas, em dia, hora e local previamente ajustados com o magistrado ou a autoridade competente; h) receber intimação pessoalmente nos autos em qualquer processo e grau de jurisdição nos feitos em que tiver que oficiar. Parágrafo único. Quando, no curso de investigação, houver indício da prática de infração penal por membro do Ministério Público da União, a autoridade policial, civil ou militar, remeterá imediatamente os autos ao Procurador-Geral da República, que designará membro do Ministério Público para prosseguimento da apuração do fato. Podemos destacar: 1) Intimação pessoal: a intimação do MP não se dá por publicação no Diário Oficial, mas sim por carga dos autos ou por oficial de Justiça. 25 LEGISLAÇÃO APLICADA AO MPU IMP ONLINE PROF. JOÃO TRINDADE 2) Depoimento com horário e local previamente ajustados: o membro do MPU tem direito de combinar previamente com o juiz hora e local do depoimento. 3) Impossibilidade de ser investigado em inquérito policial: o membro do MPU não pode ser investigado pela polícia. Só quem pode investigar um membro do MP é outro integrante da carreira (especificamente, o PGR, ou quem receber delegação dele). Se, no curso da investigação, houver indícios de que membro do MP cometeu crime, a autoridade policial deverá encaminhar cópia do inquérito para que o PGR prossiga na investigação. 4) Direito de ser detido somente em caso de flagrante de crime inafiançável. ATENÇÃO: O membro do MPU pode ser preso também em virtude de sentença judicial transitada em julgado, com comunicação ao PGR. Foro por prerrogativa de função dos membros do MPU PGR Crimes comuns STF (art. 102, I, b) Crimes de responsabilidade SF (art. 52, II) Membros do MPU que atuam em tribunais Crimes comuns ou de responsabilidade STJ (art. 105, I, a) Membros do MPU que não atuam em tribunais Crimes comuns ou de responsabilidade TRF (art. 108, I, a) 6. INGRESSO: mediante Concurso público - Provas E títulos - Participação da OAB em todas as fases do procedimento - Prazo de validade: 2 anos prorrogáveis por mais 2 - Exigem-se do bacharel em Direito três anos de atividade jurídica, na data da inscrição definitiva do concurso Lei Complementar nº 75/93: Art. 193. O prazo de eficácia do concurso, para efeito de nomeação, será de dois anos contados da publicação do ato homologatório, prorrogável uma vez pelo mesmo período. Art. 187. Poderão inscrever-se no concurso bacharéis em Direito há pelo menos dois anos, de comprovada idoneidade moral. Constituição Federal 26 LEGISLAÇÃO APLICADA AO MPU IMP ONLINE PROF. JOÃO TRINDADE Art. 129, § 2º: O ingresso na carreira do Ministério Público far-se-á mediante concurso público de provas e títulos, assegurada a participação da Ordemdos Advogados do Brasil em sua realização, exigindo-se do bacharel em direito, no mínimo, três anos de atividade jurídica e observando-se, nas nomeações, a ordem de classificação. 7. PROMOÇÃO Lei Complementar nº 75/93: Art. 199. § 1º A promoção deverá ser realizada até trinta dias da ocorrência da vaga; não decretada no prazo legal, a promoção produzirá efeitos a partir do termo final dele. § 3º É facultada a recusa de promoção, sem prejuízo do critério de preenchimento da vaga recusada. § 4º É facultada a renúncia à promoção, em qualquer tempo, desde que haja vaga na categoria imediatamente anterior. Art. 200. § 1º À promoção por merecimento só poderão concorrer os membros do Ministério Público da União com pelo menos dois anos de exercício na categoria e integrantes da primeira quinta parte da lista de antigüidade, salvo se não houver com tais requisitos quem aceite o lugar vago; em caso de recusa, completar-se-á a fração incluindo-se outros integrantes da categoria, na seqüência da ordem de antigüidade. § 2º Não poderá concorrer à promoção por merecimento quem tenha sofrido penalidade de censura ou suspensão, no período de um ano imediatamente anterior à ocorrência da vaga, em caso de censura; ou de dois anos, em caso de suspensão. Art. 201. Não poderá concorrer à promoção por merecimento, até um dia após o regresso, o membro do Ministério Público da União afastado da carreira para: I - exercer cargo eletivo ou a ele concorrer; II - exercer outro cargo público permitido por lei. § 3º O desempate na classificação por antigüidade será determinado, sucessivamente, pelo tempo de serviço na respectiva carreira do Ministério Público da União, pelo tempo de serviço público federal, pelo tempo de serviço público em geral e pela idade dos candidatos, em favor do mais idoso; na classificação inicial, o primeiro desempate será determinado pela classificação no concurso. 27 LEGISLAÇÃO APLICADA AO MPU IMP ONLINE PROF. JOÃO TRINDADE Promoção é a forma de desenvolvimento na carreira de membro do MPU. OBS1: A promoção se dá pelos critérios alternados de antiguidade e merecimento. OBS2: Na promoção por antiguidade, só não será promovido o membro mais antigo se seu nome for recusado por 2/3 do Conselho Superior. OBS3: Na promoção por merecimento, o fator antiguidade é também relevante: só podem concorrer, em regra, membros que estejam entre os 20% mais antigos da carreira. OBS4: Na promoção por antiguidade, a decisão será tomada diretamente pelo Conselho Superior. Na promoção por merecimento, o Conselho elaborará lista tríplice, e a decisão caberá ao Procurador-Geral da cada ramo. OBS5: É obrigatória (para o Conselho) a promoção do membro que tenha figurado por três vezes consecutivas ou cinco vezes alternadas na lista tríplice de promoção por merecimento. OBS6: Critérios de desempate na antiguidade: 1) tempo na carreira do MPU; 2) tempo de serviço público federal; 3) tempo de serviço público em geral; 4) idade. 8. APOSENTADORIA Atualmente, a aposentadoria dos membros do MPU segue as mesmas regras aplicáveis aos servidores públicos efetivos: art. 93, VI, c/c art. 40, aplicável ao MP por força do art. 129, § 4º, todos da CF 28 LEGISLAÇÃO APLICADA AO MPU IMP ONLINE PROF. JOÃO TRINDADE Aula 4: Temas especiais 1. PODER INVESTIGATÓRIO DO MPU Segundo a própria Constituição, o Ministério Público pode requisitar informações e documentos para instruir procedimentos administrativos. Por outro lado, controverte-se sobre a possibilidade (ou não) de o MP efetuar investigações criminais diretas, independentemente da autoridade policial. O MPU não pode determinar a busca e apreensão, nem a quebra do sigilo de dados, nem mesma das comunicações (telefônicas), pois tais matérias estão sob reserva de jurisdição. Existe divergência, porém, sobre a possibilidade de quebra de sigilo bancário pelo MP, sem ordem judicial, quando não se tratar de recursos públicos. Por outro lado, o MPU pode requisitar documentos de pessoas físicas ou jurídicas, públicas ou privadas, as quais não poderão – exceto nos casos já listados de reserva de jurisdição – opor sigilo. Se há sigilo, a informação, dado ou documento deverá ser entregue ao membro do MPU, que se responsabilizará por manter o segredo. Quanto ao poder investigatório em matéria criminal, tanto o STF quanto o STJ já decidiram que o Ministério Público tem poder investigatório, o que deriva de uma interpretação sistemática da Constituição. Não se pode “feudalizar” a investigação, como já afirmou o STJ. Com efeito, se o MP é o titular da ação penal pública, detém o poder de realizar investigações preliminares. Com isso, não quero excluir o fundamental trabalho exercido pela Polícia Judiciária, mas é preciso que se reconheça a necessidade e conveniência dessa investigação direta pelo Parquet, principalmente quando haja autoridades policiais envolvidas, por exemplo. Por outro lado, o MPU pode requisitar documentos de pessoas físicas ou jurídicas, públicas ou privadas, as quais não poderão – exceto nos casos já listados de reserva de jurisdição – opor sigilo. Se há sigilo, a informação, dado ou documento deverá ser entregue ao membro do MPU, que se responsabilizará por manter o segredo. As notificações e requisições serão requeridas com prazo razoável de até 10 dias, prazo esse que pode ser dilatado, mediante solicitação justificada. O descumprimento da notificação ou requisição pode configurar o crime previsto na Lei de Ação Civil Pública, art. 10 [Lei nº 7.347/1985]35. Quando a notificação, intimação ou requisição se dirigir às altas autoridades, será realizada por intermédio do Procurador-Geral da República. Realmente, o MP deve respeitar a hierarquia dos demais poderes. Tem haver com a harmonia e respeito à hierarquia interna dos Poderes. Existem determinadas entidade que só podem ser notificadas, intimadas ou requisitadas por ato do PGR, que são as autoridades máxima do Executivo, 29 LEGISLAÇÃO APLICADA AO MPU IMP ONLINE PROF. JOÃO TRINDADE Legislativa e Judiciário: a) Presidente e Vice-Presidente da República; b) Chefe de Missão diplomática permanente – embaixador em outro país ou embaixador aqui no Brasil, até por respeito aos tratados internacionais de respeito à imunidade de requisição; c) Ministro de Estado – Ministro de Estado é julgado a) por crime comum no STF, b) crime de responsabilidade sozinho no STF, (c) crime de responsabilidade conexo com o Presidente no Senado Federal. Quem oficia perante o STF é o PGR; d) Membro do Congresso – membro do Congresso tem prerrogativa de foro no STF e quem oficia perante o STF é o PGR; e) Ministro do TCU; f) Membro do STF; g) Ministro de Tribunal Superior. Matéria cível: o MPU pode realizar investigações, por meio do inquérito civil Matéria criminal: existe divergência sobre o poder do MPU de investigar 1. Primeira corrente: O MP não pode realizar investigações criminais diretamente, pois essa tarefa é exclusividade da polícia. Autores: Guilherme de Souza Nucci e José Afonso da Silva 2. Segunda corrente: O MP pode realizar investigações criminais diretamente, por conta da teoria dos poderes implícitos. Autores: Alexandre de Moraes, Eugênio Pacelli 3. Jurisprudência do STJ: Admite o poder investigatório 4. Jurisprudência do STF: Admite o poder investigatório 5. Limites: MP não pode presidir inquérito policial e deve respeitar a reserva de jurisdição 6. MPU pode quebrar sigilo bancário diretamente? a. Doutrina majoritária: Não. Autores: José Afonso da Silva, André Ramos Tavares, Gilmar Mendes b. Doutrina minoritária: pode, caso esteja investigandodesvios de recursos públicos. Autores: Alexandre de Moraes e Vicente Paulo/Marcelo Alexandrino c. Jurisprudência: MP não pode quebrar sigilo bancário diretamente, devendo requerer tal providência ao Judiciário. STF, Pleno, Inq. 2245/MG, Relator Ministro Joaquim Barbosa; STJ, 5ª Turma, HC 160.646/SP, Relator Ministro Jorge Mussi. Exceção: quando se tratar de recursos públicos, conforme recentemente decidido pela segunda turma do STF. 2. AUTONOMIA DO MPU 2.1. ELABORAÇÃO DA PROPOSTA ORÇAMENTÁRIA 30 LEGISLAÇÃO APLICADA AO MPU IMP ONLINE PROF. JOÃO TRINDADE A iniciativa legislativa da matéria orçamentária é atribuição exclusiva do Presidente da República (CF, art. 165 – leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão o Plano Plurianual, a Lei de Diretrizes Orçamentárias e os orçamentos anuais). O projeto de lei orçamentária será proposto pelo Presidente da República e será apreciado pelo Congresso Nacional na forma do regimento comum (art. 165 e 166 da CF). Porém, o Executivo não elabora sozinho os projetos de lei: cada Poder elabora sua própria proposta orçamentária, de acordo com o que está previsto na LDO. As propostas são enviadas ao Executivo, que consolida todas as propostas, elaborando a LOA. Não existem várias leis orçamentárias anuais; no âmbito federal existe apenas uma lei anual, que vale para todos os poderes. Assim, o MP elabora sua própria proposta orçamentária, obedecendo o limite imposto pela LDO e envia para o MPOG (Executivo) para consolidação. É o próprio MPU que elabora sua proposta orçamentária e é o próprio MPU quem gerencia seus recursos orçamentários. A elaboração da proposta orçamentária deve ser feita dentro dos limites da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). * OBS: Dotação orçamentária própria do MPU (art. 168): os recursos correspondentes às dotações orçamentárias, compreendidos os créditos suplementares e especiais, destinados aos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário, do MP e da Defensoria Pública, ser-lhes-ão entregues até o dia 20 de cada mês, em duodécimos. * OBS2: ATENÇÃO! Omissão do MP: se o MP (na figura do PGR) não encaminhar a proposta orçamentária dentro do prazo estabelecido na LDO, o Poder Executivo considerará, para fins de consolidação da proposta orçamentária anual, os valores aprovados na LOA vigente, ajustados os valores de acordo com os valores estipulados na forma do §3º – CF, Art. 127, §4º. Mesmo que o MP se omita, o Poder Executivo não é livre para elaborar a proposta do MPU; deve, neste caso, repetir a lei orçamentária em vigor, apenas atualizando os valores para que estejam de acordo com os limites estabelecidos na LDO. * OBS3: ATENÇÃO! Proposta orçamentária em desacordo: Se o MPU enviar proposta orçamentária em desacordo com o que prevê a LDO vigente, o Poder Executivo irá realizar os devidos cortes (ajustes), para adequar a proposta a LDO. Para não violar a separação dos Poderes, esses ajustes serão realizados de pleno acordo com o MP. CF, Art. 127, §5º. 2.2. Iniciativa Legislativa: 31 LEGISLAÇÃO APLICADA AO MPU IMP ONLINE PROF. JOÃO TRINDADE Projeto de lei complementar sobre organização (estruturação) e funcionamento (atribuições) do MPU pode ser proposta ao Legislativo pelo Presidente da República (sozinho), ou pelo Proxurador-Geral da República (sozinho) ou por ambos em conjunto. Trata-se de um caso de iniciativa legislativa concorrente (art. 61, §1º, II, d, e art. 128, §5º) ATENÇÃO!!! Quanto à criação de cargos dessa instituição, o STF já afirmou que se trata de iniciativa privativa do PGR (STF, MS 21.239). 3. FUNÇÃO ELEITORAL Não existe um Ministério Público Eleitoral, como ramo do MPU. Há, isso sim, apenas o exercício da função eleitoral pelo MPU, por intermédio do MPF. O Procurador-Geral Eleitoral é o próprio PGR (LC 75/93, art. 73). Procurador-Geral Eleitoral: é o próprio PGR (art. 73), que designará, dentre os Subprocuradores-Gerais da República, o Vice-Procurador-Geral Eleitoral, que o substituirá em seus impedimentos e exercerá o cargo em caso de vacância, até o provimento definitivo. PRE: atua perante o TRE. Juntamente com o seu substituto, será designado pelo Procurador-Geral Eleitoral, dentre os Procuradores Regionais da República no Estado e no Distrito Federal, ou, onde não houver, dentre os Procuradores da República vitalícios, para um mandato de dois anos. Promotor Eleitoral: atua perante Juízes e Juntas Eleitorais. Será o membro do Ministério Público local que oficie junto ao Juízo incumbido do serviço eleitoral de cada Zona Eleitoral. Lei Complementar nº 75/93: Art. 72. Compete ao Ministério Público Federal exercer, no que couber, junto à Justiça Eleitoral, as funções do Ministério Público, atuando em todas as fases e instâncias do processo eleitoral. Parágrafo único. O Ministério Público Federal tem legitimação para propor, perante o juízo competente, as ações para declarar ou decretar a nulidade de negócios jurídicos ou atos da administração pública, infringentes de vedações legais destinadas a proteger a normalidade e a legitimidade das eleições, contra a influência do poder econômico ou o abuso do poder político ou administrativo. 32 LEGISLAÇÃO APLICADA AO MPU IMP ONLINE PROF. JOÃO TRINDADE Art. 73. O Procurador-Geral Eleitoral é o Procurador-Geral da República. Parágrafo único. O Procurador-Geral Eleitoral designará, dentre os Subprocuradores-Gerais da República, o Vice-Procurador-Geral Eleitoral, que o substituirá em seus impedimentos e exercerá o cargo em caso de vacância, até o provimento definitivo. Art. 74. Compete ao Procurador-Geral Eleitoral exercer as funções do Ministério Público nas causas de competência do Tribunal Superior Eleitoral. Parágrafo único. Além do Vice-Procurador-Geral Eleitoral, o Procurador-Geral poderá designar, por necessidade de serviço, membros do Ministério Público Federal para oficiarem, com sua aprovação, perante o Tribunal Superior Eleitoral. Art. 75. Incumbe ao Procurador-Geral Eleitoral: I - designar o Procurador Regional Eleitoral em cada Estado e no Distrito Federal; II - acompanhar os procedimentos do Corregedor-Geral Eleitoral; III - dirimir conflitos de atribuições; IV - requisitar servidores da União e de suas autarquias, quando o exigir a necessidade do serviço, sem prejuízo dos direitos e vantagens inerentes ao exercício de seus cargos ou empregos. Art. 76. O Procurador Regional Eleitoral, juntamente com o seu substituto, será designado pelo Procurador-Geral Eleitoral, dentre os Procuradores Regionais da República no Estado e no Distrito Federal, ou, onde não houver, dentre os Procuradores da República vitalícios, para um mandato de dois anos. § 1º O Procurador Regional Eleitoral poderá ser reconduzido uma vez. § 2º O Procurador Regional Eleitoral poderá ser destituído, antes do término do mandato, por iniciativa do Procurador-Geral Eleitoral, anuindo a maioria absoluta do Conselho Superior do Ministério Público Federal. Art. 77. Compete ao Procurador Regional Eleitoral exercer as funções do Ministério Público nas causas de competência do Tribunal 33 LEGISLAÇÃO APLICADA AO MPU IMP ONLINE PROF. JOÃO TRINDADE Regional Eleitoral respectivo, além de dirigir, no Estado, as atividades do setor. Parágrafo único. O Procurador-Geral Eleitoral poderá designar, por necessidade de serviço, outros membros do Ministério Público Federal para oficiar, sob a coordenação do Procurador Regional, perante os Tribunais Regionais Eleitorais. Art. 78. As funções eleitorais do Ministério Público Federal peranteos Juízes e Juntas Eleitorais serão exercidas pelo Promotor Eleitoral. Art. 79. O Promotor Eleitoral será o membro do Ministério Público local que oficie junto ao Juízo incumbido do serviço eleitoral de cada Zona. 34
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