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Aline Sayuri Kazari USJT - Direito Direito Civil II Aula II – 20/02/2015 Professor: Fábio Figueiredo Direito das obrigações: Elementos constitutivos das obrigações Toda obrigação quer seja civil, consumerista, empresarial, trabalhista, tributária ou de qualquer outra ordem, atende a três elementos constitutivos: (i) objetivo, (ii) subjetivo e, (iii) vínculo jurídico. São esses elementos denominados elementos nucleares. I. Do elemento objetivo O elemento objetivo de toda e qualquer obrigação se subdivide em obrigacional e prestacional. O objeto obrigacional das obrigações está restrito aos modais legais obrigacionais. São eles: dar, fazer e não fazer. Não há outro modelo na lei que possa ser encontrado. O modelo objetivo prestacional é o preenchimento do objetivo: o que se dá, o que se faz e o que não se faz. As obrigações de dar e fazer importa em uma conduta comissiva e por tal motivo são chamadas de obrigações positivas. As obrigações positivas sempre implicam, por tanto, em uma atuação por parte do devedor. Por outro lado, a obrigação de não fazer é obrigação negativa que importa em conduta omissiva. Ex.: Se João assumiu uma obrigação de dar o relógio para José, verifica-se como elemento objetivo obrigacional o “dar” e como elemento objetivo prestacional, o próprio relógio. Dar Fazer Não fazer ECO Objetivo - Obrigacional - Prestacional O que se dá O que se faz O que não se faz Aline Sayuri Kazari USJT - Direito II. Do elemento subjetivo O elemento subjetivo é composto pelos sujeitos da obrigação. São eles: credor e devedor. O credor, também chamado de sujeito ativo ou accipiens, é o indivíduo que tem o direito subjetivo de exigir um comportamento do devedor. O devedor, também chamado de sujeito passivo ou solvens, é o indivíduo que está sujeito à potestati do credor. III. Do vínculo jurídico O vínculo jurídico, conforme a teoria dualista de Brinz, é composto por débito (também denominado schuld) e a responsabilidade (haftung). O débito consiste na ligação entre o devedor e o credor; é o que fundamenta a existência da obrigação. Enquanto que a responsabilidade é o direito subjetivo do credor de exigir um comportamento do devedor. Exercícios 1. Apresente em cada uma das situações abaixo, os elementos constitutivos das obrigações: a) José, por conta de um contrato de empréstimo, deve R$ 400.000,00 (quatrocentos mil reais) a João. Resposta: ECO Subjetivo - Credor / ativo / accipiens - Devedor / passivo / solvens ECO Vínculo jurídico - Débito / schuld (causa da obrigação) - Responsabilidade / haftung Aline Sayuri Kazari USJT - Direito I. Dos elementos objetivos: Obrigacionais: obrigação de dar Prestacionais: o valor de R$ 400.000,00 (quatrocentos mil reais) II. Dos elementos subjetivos: Credor: João Devedor: José III. Do vínculo jurídico: Débito: o contrato de empréstimo Responsabilidade: o direito que João tem de exigir o pagamento b) Cláudio em uma mesa de pôquer apostou a sua casa e perdeu. Resposta: I. Dos elementos objetivos: Obrigacionais: obrigação de dar Prestacionais: a casa “Art. 814 CC. As dívidas de jogo ou aposta não obrigam a pagamento; mas não se pode recobrar a quantia, que voluntariamente se pagou, salvo se foi ganho por dolo, ou se o perdente é menor ou interdito.” “Art. 112 CC. nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciadas do que ao sentido literal da linguagem.” II. Dos elementos subjetivos: Credor: aquele que ganhou a aposta Devedor: Cláudio III. Do vínculo jurídico: Débito: o pôquer Responsabilidade: inexistente, já que as dívidas de jogo não podem ser cobradas, mas uma vez pagas por vontade própria (art. 112), não podem ser recobradas (art. 814). c) Clóvis com onze anos de idade matou um cavalo de seu vizinho com uma arma feita por ele e seus amigos. Resposta: Aline Sayuri Kazari USJT - Direito I. Dos elementos objetivos: Obrigacionais: obrigação de dar Prestacionais: indenização II. Dos elementos subjetivos: Credor: o vizinho Devedor: o responsável legal por Clóvis “Art. 927 CC. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 1870, causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.” “Art. 933 CC. As pessoas indicadas no inciso I a V do artigo antecedente, ainda que não haja culpa de sua parte, responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos.” “Art. 932 CC. São também responsáveis pela reparação civil: I – os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia.” III. Do vínculo jurídico: Débito: inexistente, uma vez que não há uma ligação direta entre o credor e o devedor. A obrigação de dar do devedor resulta de uma responsabilidade objetiva, ou seja, responde independentemente de culpa; Responsabilidade: direito do vizinho de exigir indenização d) Uma aeronave da companhia Gol voava regularmente quando foi surpreendida por um jato que se chocou com a sua asa, derrubando a aeronave e causando a morte de aproximadamente 150 (cento e cinquenta) pessoas. Resposta: I. Dos elementos objetivos: Obrigacionais: obrigação de dar Prestacionais: indenização II. Dos elementos subjetivos: Credor: família das vítimas Devedor: companhia Gol “Art. 927 CC. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 1870, causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.” Aline Sayuri Kazari USJT - Direito III. Do vínculo jurídico: Débito: o choque entre as aeronaves Responsabilidade: direito da família das vítimas de exigir indenização. e) Cláudio ingressou com uma ação para cobrar R$ 180.000,00 (cento e oitenta mil reais) que Antônio lhe deve. A decisão judicial determinou a aplicação do instituto da prescrição. Resposta: I. Dos elementos objetivos: Obrigacionais: obrigação de dar Prestacionais: o valor de R$ 180.000,00 (cento e oitenta mil reais) II. Dos elementos subjetivos: Credor: Cláudio Devedor: Antônio III. Do vínculo jurídico: Débito: aquisição da dívida Responsabilidade: Inexistente, uma vez que o credor, juridicamente, não tem o direito de cobrar uma dívida prescrita.
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