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08 DIREITO DAS OBRIGAÇÕES

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1 
@PDFzãoDoAmor 
pdfzaodoamor@gmail.com 
 
DIREITO CIVIL 
[Cite sua fonte aqui.] 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIREITO DAS OBRIGAÇÕES 
PDFzão do Amor 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
@PDFzãoDoAmor 
pdfzaodoamor@gmail.com 
Sumário 
1. INTRODUÇÃO.............................................................................................................. 6 
1.1. Conceito.................................................................................................................. 6 
1.2. Direito das Obrigações versus Direitos Reais......................................................... 6 
1.3. Significado de “Obrigação” e Teorias Justificadoras ............................................... 8 
1.3.1. Significado de “Obrigação” ............................................................................... 8 
1.3.2. Diferenças conceituais (obrigação, dever, ônus e direito potesativo) .............. 9 
1.3.3. Teorias Justificadoras da Obrigação .............................................................. 10 
1.4. Fontes das Obrigações ......................................................................................... 12 
1.5. Estrutura da Relação Jurídica Obrigacional.......................................................... 13 
1.5.1. Elemento Ideal (imaterial ou espiritual) .......................................................... 13 
1.5.2. Elemento Subjetivo ........................................................................................ 13 
1.5.3. Elemento Objetivo .......................................................................................... 14 
2. CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES ...................................................................... 15 
2.1. Quanto à Prestação .............................................................................................. 15 
2.1.1. Obrigação de Dar Coisa Certa (art. 233 e ss. do CC) .................................... 16 
2.1.2. Obrigação de Dar Coisa Incerta (art. 243 e ss. do CC) .................................. 19 
2.1.3. Obrigações de Fazer (art. 247 a 249 do CC) ................................................. 21 
2.1.4. Obrigação de Não Fazer (art. 250 e 251 do CC) ........................................... 23 
2.2. Quanto à Complexidade da Prestação ................................................................. 24 
2.2.1. Obrigação Simples ......................................................................................... 24 
2.2.2. Obrigação Composta Objetiva ....................................................................... 24 
2.3. Quanto ao número de pessoas envolvidas: Estudo das obrigações solidárias (Art. 
264 a 285) ...................................................................................................................... 27 
2.3.1. Conceito ......................................................................................................... 27 
2.3.2. Solidariedade Não se Presume ...................................................................... 28 
2.3.3. Obrigação in solidum X obrigação solidária ................................................... 29 
2.3.4. Solidariedade Passiva .................................................................................... 29 
2.3.5. Solidariedade Ativa ........................................................................................ 37 
2.3.6. Solidariedade Mista ou Recíproca ................................................................. 41 
2.3.7. Solidariedade Condicional e a Termo ............................................................ 41 
2.4. Quanto à Divisibilidade (ou Indivisibilidade) do Objeto Obrigacional: Obrigações 
Divisíveis e Indivisíveis (Art. 257 a 263, CC) .................................................................. 42 
2.4.1. Conceito ......................................................................................................... 43 
2.4.2. Formas de Indivisibilidade .............................................................................. 43 
2.4.3. Indivisibilidade x Solidariedade ...................................................................... 44 
2.4.4. Regras Quanto às Obrigações Indivisíveis .................................................... 44 
3 
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pdfzaodoamor@gmail.com 
2.5. Quanto ao Tempo do Pagamento ......................................................................... 47 
2.6. Obrigação de meio e de resultado ........................................................................ 47 
3. TRANSMISSÃO DAS OBRIGAÇÕES ........................................................................ 48 
3.1. Cessão de Crédito ................................................................................................ 48 
3.1.1. Conceito ......................................................................................................... 48 
3.1.2. Cessão de Crédito x Novação Subjetiva Ativa ............................................... 48 
3.1.3. Cessão de Crédito Onerosa e Pagamento com Sub-Rogação Convencional49 
3.1.4. Situações em Que não Poderá Haver Cessão de Crédito ............................. 49 
3.1.5. Cessão de Crédito e Acessórios .................................................................... 50 
3.1.6. Cessão de Direitos Hereditários ..................................................................... 50 
3.1.7. Autorização Prévia do Devedor? .................................................................... 51 
3.1.8. Responsabilidade pela Cessão do Crédito: cessão pro soluto e cessão pro 
solvendo ..................................................................................................................... 52 
3.2. Cessão de Débito (assunção de dívida) ............................................................... 52 
3.3. Cessão de Posição Contratual (“cessão de contrato”) ......................................... 53 
3.3.1. Conceito ......................................................................................................... 53 
3.3.2. Teoria Unitária Sobre a Cessão de Posição Contratual ................................. 54 
3.3.3. Contrato de Gaveta ........................................................................................ 54 
3.3.4. Cessão de Contrato Imprópria ou Cessão Legal ........................................... 56 
4. TEORIA DO PAGAMENTO: ADIMPLEMENTO OBRIGACIONAL (ARTS. 304 A 388, 
CC) 56 
4.1. Conceito................................................................................................................ 56 
4.2. Elementos ............................................................................................................. 56 
4.3. Natureza Jurídica .................................................................................................. 57 
4.4. Requisitos ou Condições para o Pagamento ........................................................ 57 
4.4.1. Condições Subjetivas do Pagamento ............................................................ 57 
4.4.2. Condições Objetivas do Pagamento .............................................................. 59 
5. FORMAS ESPECIAIS DE PAGAMENTO ................................................................... 67 
5.1. Pagamento em consignação (art. 334 a 345 do CC) ............................................ 67 
5.1.1. Conceito ......................................................................................................... 67 
5.1.2. Hipóteses de Cabimento ................................................................................ 68 
5.1.3. Questões Jurisprudenciais ............................................................................. 69 
5.1.4. Eficácia da Consignação ................................................................................ 69 
5.2. Imputação do Pagamento (Art. 352 a 355, CC) ....................................................69 
5.2.1. Conceito ......................................................................................................... 69 
5.2.2. Ordem de Imputação ..................................................................................... 70 
5.3. Pagamento com Sub-Rogação ............................................................................. 70 
4 
@PDFzãoDoAmor 
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5.3.1. Noções Gerais ............................................................................................... 71 
5.3.2. Hipóteses de Sub-rogação Legal (art. 346).................................................... 71 
5.3.3. Hipóteses de Sub-Rogação Convencional (Art. 347) ..................................... 72 
5.3.4. Efeitos da Sub-rogação (art. 349) .................................................................. 73 
5.3.5. Limitação da Cobrança na Sub-Rogação Legal ............................................. 73 
5.4. Dação em Pagamento .......................................................................................... 74 
5.4.1. Conceito ......................................................................................................... 74 
5.4.2. datio in sulutum vs. dação pro solvendo ........................................................ 74 
5.4.3. Anuência do Credor ....................................................................................... 75 
5.4.4. Evicção da coisa Dada em Pagamento.......................................................... 75 
5.5. Novação (Art. 360 a 367, CC)............................................................................... 76 
5.5.1. Noções Gerais ............................................................................................... 76 
5.5.2. Requisitos da Novação .................................................................................. 77 
5.5.3. Espécies de Novação .................................................................................... 79 
5.6. Compensação (art. 368 a 380, CC) ...................................................................... 81 
5.6.1. Noções Gerais ............................................................................................... 81 
5.6.2. Classificação da Compensação ..................................................................... 82 
5.6.3. Requisitos da Compensação Legal ................................................................ 83 
5.6.4. Causa dos débitos recíprocos ........................................................................ 85 
5.6.5. Exclusão ou Renúncia à Compensação......................................................... 86 
5.7. Confusão Obrigacional (Art. 381 a 384, CC) ........................................................ 87 
5.7.1. Conceito ......................................................................................................... 87 
5.7.2. Classificação da Confusão Quanto à Amplitude ou Extensão ....................... 87 
5.8. Remissão de Dívida (Art. 385 a 388, CC) ............................................................. 88 
5.8.1. Conceito ......................................................................................................... 89 
5.8.2. Classificações da Remissão .......................................................................... 89 
6. TEORIA DO INADIMPLEMENTO (Art. 389 a 420, CC) .............................................. 90 
6.1. Inadimplemento Absoluto (Art. 389 a 393, CC) .................................................... 91 
6.2. Inadimplemento Relativo (Art. 394 a 401, CC) ..................................................... 92 
6.2.1. Mora do Credor .............................................................................................. 93 
6.2.2. Mora do Devedor ........................................................................................... 94 
6.2.3. Moras Simultâneas do Credor e do Devedor ................................................. 98 
6.3. Cláusula penal (Art. 408 a 416, CC) ..................................................................... 98 
6.3.1. Conceito e Espécies ...................................................................................... 98 
6.3.2. Modalidades da Cláusula Penal ..................................................................... 99 
6.3.3. Natureza Jurídica ........................................................................................... 99 
6.3.4. Efeitos da cláusula penal ............................................................................... 99 
5 
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6.3.5. Cláusula Penal e o Prejuízo do Credor ........................................................ 100 
6.3.6. Cláusula Penal, Retenção de Prestações Pagas e o CDC .......................... 102 
6.4. Arras ou Sinal (Art. 417 a 420, CC) .................................................................... 102 
6.4.1. Conceito ....................................................................................................... 102 
6.4.2. Espécies....................................................................................................... 103 
6.4.3. Arras x Cláusula Penal ................................................................................. 105 
6.5. Juros no CC/02 ................................................................................................... 106 
6.5.1. Conceito ....................................................................................................... 106 
6.5.2. Classificações dos Juros no Âmbito do Direito Privado ............................... 106 
6.5.3. Limite dos Juros Convencionais ................................................................... 108 
6.5.4. Contagem dos Juros de Mora ...................................................................... 108 
7. BIBLIOGRAFIA ......................................................................................................... 110 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
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1. INTRODUÇÃO 
 
1.1. Conceito 
 
Direito das Obrigações é o conjunto de normas jurídicas que disciplinam a relação 
jurídica pessoal vinculativa do credor ao devedor, em virtude da qual este último se obriga 
a cumprir uma prestação de dar, fazer ou não fazer, segundo a autonomia privada e nos 
limites da função social e da boa-fé objetiva. 
 
Nas palavras de FLÁVIO TARTUCE “A obrigação é uma relação jurídica transitória 
existente entre um sujeito ativo (credor) e um sujeito passivo (devedor); e cujo conteúdo é 
uma prestação economicamente apreciável”. Nos casos de inadimplemento, poderá o 
credor satisfazer-se no patrimônio do devedor (BEVILAQUA, WASHINGTON DE BARROS 
MONTEIRO, MARIA HELENA DINIZ e VILLAÇA). 
 
O Direito Das Obrigações tem por objeto a relação jurídica pessoal que une o credor 
(sujeito ativo da relação obrigacional) ao devedor (sujeito passivo da relação obrigacional). 
Disciplina um tipo específico de relação jurídica: aquela (horizontal) que vincula de um lado 
o credor e do outro o devedor. Ou seja, na relação obrigacional há o crédito, de um lado, e 
o débito, de outro. Perceba que o direito das obrigações poderia receber o nome de “direito 
dos créditos”. 
 
1.2. Direito das Obrigações versus Direitos Reais 
 
Direitos Reais (ou Direito das Coisas) é o ramo do Direito Civil que disciplina outro tipo 
de relação jurídica: a relação vertical entre o titular do direito e uma coisa. A relação jurídica 
obrigacional vincula sujeitos (credor e devedor). É, portanto, uma relação pessoal, 
horizontal, que ocorre entre pessoas. 
 
Houve autores (PLANIOL) que disseram que mesmo na relação jurídica real (vertical), 
há na ponta um sujeito passivo indeterminado. TEIXEIRA DE FREITAS e ORLANDO 
GOMES, por sua vez, dizem que a relação real (ex.: de propriedade) é uma relação para a 
qual aatividade de ninguém importa. A relação jurídica real, em verdade, é exercida entre 
uma pessoa e uma coisa. Evidentemente que num contexto social (até porque o direito é 
um fenômeno social). 
 
Em direito das coisas, a relação jurídica real e os direitos dela decorrentes são 
devidamente caracterizados, salientando-se, especialmente, a tipicidade intrínseca à 
relação real. 
 
7 
@PDFzãoDoAmor 
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Uma relação jurídica real deve sempre ser prevista em lei (tipicidade legal). Ou seja, 
as partes não podem “inventar” um direito real. O contrato somente pode prever uma 
relação real que a lei já conceba e aceite. 
 
O direito e a relação obrigacionais, por sua vez, podem ser criados pelo contrato, não 
havendo a necessidade de previsão expressa. Exemplo é a relação jurídica obrigacional 
derivada do contrato de hospedagem. Não há lei que regule o contrato de hospedagem. 
Assim, desde que respeitados os parâmetros constitucionais que exigem o respeito a 
determinadas normas de ordem pública, o direito e a relação obrigacionais são livremente 
criáveis. 
 
Existe um tipo de relação jurídica híbrida, entretanto, que fica entre a obrigacional pura 
e a real pura. Trata-se da obrigação propter rem (ob rem ou in rem). Alguns autores, 
exatamente por se tratar de obrigação que se situa em zona limítrofe, a chamam de 
obrigação real. Esse tipo de obrigação propter rem vincula credor e devedor, ao mesmo 
tempo em que está em face de uma coisa. 
 
Trata-se de uma figura híbrida, de natureza mista (real e pessoal), que traduz um tipo 
de relação obrigacional, vinculada a uma coisa e que a acompanha. Nela, há um sujeito 
passivo (um devedor), mas ela está ligada a uma coisa, de maneira que, pouco importando 
nas mãos de quem a coisa esteja, a obrigação a acompanha, como um carrapato. 
 
E nas palavras de FLÁVIO TARTUCE é a obrigação que uma pessoa tem sobre uma 
coisa e que a acompanha com quem quer que ela esteja. 
 
Exemplo típico de obrigação propter rem é a obrigação de pagar taxa de condomínio, 
como inclusive já reconheceu o próprio STJ (REsp 846.187/SP). Quem tem a obrigação de 
pagar a taxa de condomínio é o proprietário da coisa, pouco importando se porventura há 
contrato de locação obrigando o locatário a pagar o condomínio. 
 
EMENTA 
Ação de cobrança. Cotas de condomínio. Legitimidade passiva. Proprietário do imóvel, 
promissário comprador ou possuidor. Peculiaridades do caso concreto. Obrigação 
propter rem. Dissídio jurisprudencial. Ausência de similitude fática. Recurso não 
conhecido. 
1. As cotas condominiais, porque decorrentes da conservação da coisa, situam-se 
como obrigações propter rem, ou seja, obrigações reais, que passam a pesar sobre 
quem é o titular da coisa; se o direito real que a origina é transmitido, as obrigações o 
seguem, de modo que nada obsta que se volte a ação de cobrança dos encargos 
condominiais contra os proprietários. 
2. Em virtude das despesas condominiais incidentes sobre o imóvel, pode vir ele a ser 
penhorado, ainda que gravado como bem de família. 
3. O dissídio jurisprudencial não restou demonstrado, ante a ausência de similitude 
fática entre os acórdãos confrontados. 
4. Recurso especial não conhecido. 
8 
@PDFzãoDoAmor 
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Recurso Especial nº 846.187 - SP (2006/0096197-4) - Relator: Ministro Hélio Quaglia 
Barbosa 
 
Em teoria, PABLO não vê óbice em se classificar as obrigações de pagar IPTU ou 
IPVA como propter rem. Todavia, trata-se de obrigações propter rem com natureza 
tributária. O enquadramento é dado pelo Direito Tributário, mas a disciplina é dada pelo 
Direito Civil. 
 
A obrigação propter rem tem uma irmã, muito parecida com ela, mas que com ela não 
se confunde (cuidado com a armadilha!): a obrigação com eficácia real. Trata-se 
simplesmente de uma obrigação comum que passa a ter oponibilidade erga omnes, em 
virtude do seu registro público (ex.: art. 8º da Lei do Inquilinato): 
 
Art. 8º Se o imóvel for alienado durante a locação, o adquirente poderá denunciar o 
contrato, com o prazo de noventa dias para a desocupação, salvo se a locação for 
por tempo determinado e o contrato contiver cláusula de vigência em caso de 
alienação e estiver averbado junto à matrícula do imóvel. 
 
§ 1º Idêntico direito terá o promissário comprador e o promissário cessionário, em 
caráter irrevogável, com imissão na posse do imóvel e título registrado junto à 
matrícula do mesmo. 
 
§ 2º A denúncia deverá ser exercitada no prazo de noventa dias contados do registro 
da venda ou do compromisso, presumindo-se, após esse prazo, a concordância na 
manutenção da locação. 
 
Uma relação obrigacional, na sua essência, deve gerar efeitos entre as partes. 
Diferentemente, a relação jurídica real tem efeitos erga omnes. A obrigação com eficácia 
real é ousada: é uma obrigação comum, que passa a ter eficácia contra todos, em virtude 
do registro público. 
 
No curso da locação, o locador pode vender o imóvel. Essa obrigação travada entre 
vendedor e locatário não precisa ser respeitada pelo comprador, a menos que haja o 
registro da locação no Cartório de Registro de Imóveis, nos termos do art. 8º da Lei do 
Inquilinato. 
 
1.3. Significado de “Obrigação” e Teorias Justificadoras 
 
1.3.1. Significado de “Obrigação” 
 
A palavra obrigação pode ter dois sentidos fundamentais. Em um primeiro sentido, 
mais amplo e analítico, significa a própria relação jurídica obrigacional que vincula o credor 
ao devedor. Em sentido mais restrito, obrigação é o próprio dever jurídico imposto ao 
devedor, de dar, fazer ou não fazer. 
 
9 
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Obs.: Obrigação como Processo (CLÓVIS COUTO e SILVA): a obrigação é um 
contínuo processo de colaboração entre as partes, que conduz ao adimplemento 
(cumprimento). Como tal, a obrigação tem: a) Deveres principais: dar, fazer e não fazer. b) 
Deveres anexos: inerentes à boa-fé objetiva. 
 
1.3.2. Diferenças conceituais (obrigação, dever, ônus e direito potesativo) 
 
a) Obrigação 
 
Como já mencionado, obrigação é o vínculo jurídico em virtude do qual uma pessoa 
pode exigir de outra prestação economicamente apreciável. 
 
b) Dever Jurídico 
 
Segundo FRANCISCO AMARAL, “ao direito subjetivo contrapõe-se o dever jurídico, 
situação passiva que se caracteriza pela necessidade de o devedor observar certo 
comportamento (positivo ou negativo) compatível com o interesse do titular subjetivo. Nos 
direitos absolutos esse dever é geral, todas as pessoas devem observá-lo, como ocorre 
nos direitos reais e nos direitos de personalidade. Na propriedade, por exemplo, toda a 
coletividade está em situação de dever em relação ao titular desse direito. Todos os 
cidadãos devem não prejudicar o direito do proprietário de usar, gozar e dispor de seus 
bens, assim como todos têm de respeitar a vida e a integridade moral das demais pessoas. 
Nos direitos relativos, como nas obrigações, o dever é especial, competindo apenas à 
pessoa vinculada pela relação jurídica, como, por exemplo, o comprador e o locatário, em 
relação ao vendedor e ao locador. O dever jurídico é, portanto, a necessidade de se 
observar certo comportamento, positivo ou negativo, a que tem direito o titular do direito 
subjetivo”. 
 
O dever jurídico é, portanto, a necessidade que tem toda pessoa de observar as 
ordens ou comandos do ordenamento jurídico, sob pena de incorrer numa sanção. Não se 
limita às relações obrigacionais, mas, sim, abrange as de natureza real, atinentes ao direito 
das coisas, bem como as dos demais ramos do direito, como o direito de família, o direito 
das sucessões e o direito de empresa. 
 
c) Ônus Jurídico 
 
Incorreta, do ponto de vista técnico-jurídico, a afirmação de que o réu tem a obrigação 
de contestar ou de impugnar ou que o adquirente de imóvel tem a obrigação de registrar o 
título de aquisição. Há, na realidade, o ônus de contestar oude impugnar (CPC, arts. 344 
e 341), como existe o ônus de registrar. Consiste o ônus jurídico na necessidade de se 
observar determinada conduta para satisfação de um interesse. A necessidade de provar 
para vencer tem o nome de ônus da prova. Não se trata de um direito ou de uma obrigação, 
10 
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e, sim, de um ônus, uma vez que a parte, a quem incumbe fazer a prova do fato, suportará 
as consequências e prejuízos da sua falta e omissão. 
 
Como percucientemente esclarece FRANCISCO AMARAL, “a diferença entre o dever 
e o ônus reside no fato de que no primeiro, o comportamento do agente é necessário para 
satisfazer interesse do titular do direito subjetivo, enquanto no caso do ônus o interesse é 
do próprio agente”. 
 
d) Direito Potestativo e Estado de Sujeição 
 
Direito potestativo é o poder que a pessoa tem de influir na esfera jurídica de outrem, 
sem que este possa fazer algo que não se sujeitar. Consiste em um poder de produzir 
efeitos jurídicos mediante a declaração unilateral de vontade do titular, gerando em outra 
pessoa um estado de sujeição, como o do vizinho de prédio encravado, sujeito a permitir 
passagem sobre seu terreno quando lhe exigir o confinante. 
 
1.3.3. Teorias Justificadoras da Obrigação 
 
A teoria monista vigorou até o século XIX, apresentando um conceito de prestação. 
 
Já a teoria dualista (brinz) vigora desde o século XX, e estabelece que a obrigação 
está fundada em dois conceitos, quais sejam, débito e responsabilidade. 
 
Nesse sentido, leciona FLÁVIO TARTUCE que a superação da teoria monista pode 
ser percebida a partir do estudo dos dois elementos básicos da obrigação: o débito (Schuld) 
e a responsabilidade (Haftung), sobre os quais a obrigação se encontra estruturada. 
 
O Schuld caracteriza o dever imposto ao devedor, ou seja, o débito. Haftung é 
responsabilidade. GUILHERME CALMON NOGUEIRA exemplifica a distinção: o devedor 
de R$ 10.000,00 tem o schuld (o débito). O fiador da dívida tem o haftung (a 
responsabilidade pelo pagamento). 
 
Pela teoria dualista são possíveis duas situações: 
 
i) debitum sem obligatio ou shuld sem (ohne) haftung 
 
Nesta hipótese, a dívida existe, mas não pode ser exigida (obrigação incompleta ou 
natural). Ex.: dívida prescrita não pode ser exigida, mas pode ser paga. Em sendo paga, 
não cabe repetição de indébito (art. 882 do CC). É o que ocorre com a gorjeta: 
 
Art. 882. Não se pode repetir o que se pagou para solver dívida prescrita, ou cumprir 
obrigação judicialmente inexigível. 
 
ii) obligatio sem debitum ou haftung sem (ohne) shuld 
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Nesta hipótese, a pessoa é responsável sem ter contraído a dívida. Ex.: contrato de 
fiança (art. 820) ou de aval. 
 
Art. 820. Pode-se estipular a fiança, ainda que sem consentimento do devedor ou 
contra a sua vontade. 
 
O contrato de fiança é celebrado entre fiador e credor, a fiança pode ser celebrada, 
ainda que sem o consentimento do devedor e até mesmo contra a sua vontade. 
 
Questão de concurso: a obrigação como processo. CLÓVIS DO COUTO E SILVA 
possui livro sobre a temática. A ideia é que a obrigação é um processo de colaboração 
entre as partes, tendo deveres principais e anexos ou laterais. Os principais são aqueles 
relacionados ao dar, fazer ou não fazer; os anexos são os que decorrem da boa-fé objetiva 
(plano da conduta de lealdade das partes, ou seja, não basta a boa intenção, é preciso que 
se tenha boa conduta). São exemplos de deveres anexos: cuidado, respeito, informar, 
cooperação, transparência, confiança etc. Quando há violação de um dever anexo, não há 
violação da obrigação. Esses deveres anexos devem estar presentes em todas as fases 
obrigacionais (pré, contratual e pós). Ex.: se o credor insere nome do devedor em cadastro 
de inadimplentes e sobrevém o pagamento, ele tem o dever de fazer a retirada (dever de 
cooperação). 
 
De acordo com a divisão clássica, os direitos pessoais (obrigação e contrato) geram 
efeitos inter partes, em regra. Já os direitos reais (propriedade) geram efeitos erga omnes, 
em regra. 
 
Como visto, existe uma modalidade de obrigação que é mista ou híbrida, porque tem 
parte de direito pessoal e parte de direito real: a obrigação propter rem (obrigação própria 
da coisa). Significa que acompanha a coisa, onde quer que ela esteja (e com quem quer 
que esteja). É também chamada de “obrigação ambulatória” ou “repeisercutória”. 
 
Ex.: dívida de condomínio (art. 1.345 do CC), dívida relativa a tributos do imóvel 
(IPTU). A jurisprudência do STJ entende que o proprietário do imóvel tem a obrigação de 
fazer a sua recuperação ambiental, mesmo não tendo sido o causador do dano (REsp 
110.9778/SC; REsp 1090968/SP). 
 
Art. 1.345. O adquirente de unidade responde pelos débitos do alienante, em relação 
ao condomínio, inclusive multas e juros moratórios. 
 
Na visão clássica, a obrigação tem sempre um conteúdo patrimonial, o que também 
ocorre com o contrato, que é a principal fonte obrigacional. O Código Civil não conceitua o 
contrato. De acordo com essa visão, se não tiver conteúdo obrigacional, não é contrato. 
 
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Todavia, na visão contemporânea, há um conteúdo existencial do contrato, relativo à 
dignidade da pessoa humana (personalização do direito civil ou direito civil constitucional). 
 
Ex.: contrato que envolve valores fundamentais protegidos na CR, como o contrato de 
plano de saúde, contrato de aquisição de imóveis etc. O STJ entende que a pessoa que 
tem plano de saúde, e é obrigada a ir a juízo para conseguir uma internação, tem direito a 
indenização por danos morais presumida. Assim, o descumprimento de um contrato pode 
gerar dano moral quando envolver valor fundamental constitucionalmente protegido (V 
Jornada de Direito Civil). 
 
1.4. Fontes das Obrigações 
 
As relações jurídicas nascem de algo. A relação jurídica obrigacional nasce de um fato 
jurídico. Ou seja, ela tem uma causa de que se origina. Analisando a questão sob o aspecto 
científico, a norma é a fonte primária da relação jurídica obrigacional. 
 
Todavia, entre a lei e a relação jurídica existe um fato, que concretiza a norma e dá 
nascimento à relação jurídica obrigacional. 
 
A fonte das obrigações é o fato jurídico que dá origem à relação jurídica obrigacional. 
A classificação clássica de GAIO (jurisconsulto romano) reconhecia quatro fontes das 
obrigações: 
 
• o contrato (o ajuste ou acordo entre duas partes); 
• o quase-contrato (atos negociais outros, próximos do contrato, como a 
promessa de recompensa de hoje); 
• o delito (ilícito doloso); 
• o quase-delito (o ilícito culposo). 
 
Modernamente, essa classificação romana das fontes das obrigações não é mais 
abraçada. A doutrina traz sugestões de classificações modernas, muito embora o Código 
Civil não preveja uma, expressamente. 
 
Interpretando-se o Código Civil, que não traz capítulo ou seção específica sobre o 
tema, é possível sintetizar as fontes das obrigações em três categorias: 
 
• atos negociais: Atos negociais são as principais fontes das obrigações, como 
o contrato, a promessa de recompensa e o título de crédito (muito embora 
acerca deste haja controvérsia); 
• atos não-negociais: Exemplo de ato não negocial é o fato material da 
vizinhança. Não há nenhum tipo de negócio entre os vizinhos, mas ambos têm 
de respeitar determinadas obrigações recíprocas; 
• atos ilícitos. 
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O contrato é a principal fonte da relação jurídica obrigacional. 
 
1.5. Estrutura da Relação Jurídica Obrigacional 
 
A relação jurídica obrigacional é composta fundamentalmente por três elementos: 
ideal, subjetivo e objetivo. 
 
1.5.1. Elemento Ideal (imaterial ou espiritual) 
 
Elemento ideal é o próprio vínculo abstrato que une o credor ao devedor, e na lição 
de FLÁVIO TARTUCEé o vínculo jurídico existente na relação obrigacional, ou seja, é o 
elo que sujeita o devedor à determinada prestação – positiva ou negativa –, em favor do 
credor, constituindo o liame legal que une as partes envolvidas. 
 
Em resumo, é o vínculo jurídico que une as partes ao objeto e que gera a 
responsabilidade civil contratual nos casos de inadimplemento. 
 
1.5.2. Elemento Subjetivo 
 
O elemento subjetivo é composto pelos sujeitos da relação obrigacional (credor e 
devedor), que devem ser determinados ou, ao menos, determináveis. São os sujeitos ativo 
e passivo. 
 
Entretanto, no mundo contemporâneo obrigacional, raras são as situações em que 
uma parte é só credora e a outra somente devedora. Prevalecem as hipóteses em que as 
partes são credoras e devedoras entre si, presente a proporcionalidade das prestações 
(sinalagma obrigacional). 
 
Alerta FLÁVIO TARTUCE que o sinalagma forma a base objetiva do negócio jurídico 
e sua quebra gera um desequilíbrio obrigacional (onerosidade excessiva ou “efeito 
gangorra”). O problema pode ser no: 
 
• Sinalagma genético: o negócio jurídico já nasceu desequilibrado. Exemplos: 
CC, arts. 1561 (estado de perigo) e 1572 (lesão); 
• Sinalagma funcional: o contrato ficou desequilibrado depois. Exemplos: CC, 
arts. 3173 e 4784 (revisão ou resolução pela teoria da imprevisão). 
 
Desse modo para efeitos didáticos, científicos, metodológicos, pode-se afirmar que 
uma relação jurídica pode ser bifronte: uma mesma parte pode ser, ao mesmo tempo, 
credora e devedora da outra. 
 
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Ex.: da compra e venda deriva uma relação jurídica obrigacional em que ambos serão 
credores e devedores (o comprador é credor da coisa e devedor do preço). Normalmente, 
faz-se o corte para analisar a relação sob o enfoque de determinada prestação. 
 
Os sujeitos são determinados quando estão individualizados. Ex.: o contrato de 
prestação de serviços educacionais celebrado com o Curso LFG gera uma relação jurídica 
obrigacional entre sujeitos determinados, devidamente individualizados. 
 
Admite-se a indeterminabilidade do sujeito da relação jurídica obrigacional, desde que 
seja relativa ou temporária. 
 
Exemplos de obrigação em que o credor é temporariamente indeterminado: 
 
• Título ao portador: o credor daquela cártula, que circulou de modo não 
nominal, é a pessoa que sacá-la no banco; 
• Promessa de recompensa: a promessa de recompensa gera a obrigação de 
pagar a pessoa temporariamente indeterminada (será, por exemplo, quem 
achar o cachorro). 
 
Exemplo de obrigação em que há indeterminabilidade passiva: obrigação propter rem 
de pagar a taxa de condomínio (será obrigado quem for o dono do apartamento ao tempo 
do débito). 
 
Esse tipo de obrigação que permite a mudança de titularidade (de sujeito) é chamado 
de “obrigação ambulatória”. 
 
1.5.3. Elemento Objetivo 
 
Elemento objetivo é o objeto da relação jurídica obrigacional. É a prestação. É o 
coração da relação jurídica obrigacional. 
 
FLÁVIO TARTUCE ensina que o elemento objetivo pode subdividir-se em: 
 
a) Objeto imediato da obrigação, perceptível de plano, é a prestação, que pode ser 
positiva ou negativa. Sendo a obrigação positiva, ela terá como conteúdo o dever 
de entregar coisa certa ou incerta (obrigação de dar) ou o dever de cumprir 
determinada tarefa (obrigação de fazer). Sendo a obrigação negativa, o conteúdo 
é uma abstenção (obrigação de não fazer). 
 
b) Objeto mediato da obrigação pode ser uma coisa ou uma tarefa a ser 
desempenhada, positiva ou negativamente. Ou seja, é o bem jurídico tutelado. 
 
OBS.: O elemento mediato da obrigação é o elemento imediato da prestação. 
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É de se observar que esse terceiro elemento será adotado como critério para a 
classificação básica das obrigações, que será exposta a seguir. Pouco importa a fonte da 
relação obrigacional, ela sempre terá esse objeto: a prestação. 
 
A prestação, objeto direto da relação obrigacional, é a atividade do devedor satisfativa 
do interesse do credor. Essa prestação poderá ser de dar, fazer ou não fazer. 
 
O objeto direto da relação jurídica obrigacional decorrente do contrato de compra e 
venda é uma prestação de dar. O bem da vida (a coisa, o dinheiro que se dá) é o objeto 
indireto da obrigação. 
 
À luz da cláusula geral e principiológica da boa-fé objetiva, é correto afirmar que em 
uma relação obrigacional, além da prestação básica (de dar, fazer ou não fazer), 
concorrem, ainda, prestações ou deveres acessórios, colaterais e de proteção, a exemplo 
dos deveres de informação e assistência, de grande conteúdo ético e inequívoca 
exigibilidade jurídica. 
 
Na teoria clássica, a análise da obrigação parava no exame das prestações básicas. 
Segundo as teorias mais modernas, no entanto, a relação obrigacional compreende 
prestações conexas, anexas ou colaterais, como o dever de informação, decorrentes do 
princípio da boa-fé objetiva. 
 
Como se sabe, a prestação, objeto da obrigação, deve obviamente ser lícita, possível 
e determinada ou, ao menos, determinável. Mas, uma pergunta se impõe: toda prestação 
deve ter conteúdo patrimonial? 
 
A teoria do direito das obrigações foi concebida para tratar de prestações com 
conteúdo patrimonial. De fato, em geral as prestações têm conteúdo patrimonial. No 
entanto, a doutrina, a exemplo de PONTES DE MIRANDA, excepcionalmente concebe 
prestação sem conteúdo patrimonial, a exemplo da obrigação imposta pelo testador, no 
testamento, de ser enterrado de determinada maneira. No direito de família, é fácil 
encontrar exemplos, como o dever de fidelidade. 
 
2. CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES 
 
Como ressaltado anteriormente, a classificação básica das obrigações toma por 
referência a prestação. Nessa linha de raciocínio, ela subdivide as obrigações em positivas 
(dar e fazer) e negativas (não fazer). 
 
2.1. Quanto à Prestação 
 
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2.1.1. Obrigação de Dar Coisa Certa (art. 233 e ss. do CC) 
 
A obrigação de dar coisa certa é aquela que tem por objeto um bem determinado, 
especificado, individualizado, a exemplo do que se dá na venda de um apartamento ou na 
locação de uma casa. Assim, é também denominada obrigação específica uma vez que a 
coisa se encontra individualizada, o objeto é determinado. Não havendo necessidade de 
uma escolha. 
 
A obrigação de dar pode ter mais de um sentido. O vendedor se obriga a transferir a 
propriedade da coisa (obrigação de dar o carro, por exemplo). O locador também tem a 
obrigação de dar, mas ele transfere ao locatário apenas a posse, não a propriedade. 
 
Por princípio, especialmente na obrigação de dar coisa certa, o credor não está 
obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa (“nemo 
aliud pro alio”). 
 
Art. 313. O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, 
ainda que mais valiosa. 
 
A obrigação de dar coisa certa pressupõe uma coisa determinada, individualizada. 
 
Art. 233. A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela embora não 
mencionados, salvo se o contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso. 
 
A regra aplica-se aos frutos e às benfeitorias. As pertenças não seguem o principal, 
em regra (CC, art. 94 ). 
 
Ex.: aquele que se obrigou contratualmente a vender determinada vaca reprodutora 
deverá entregar também o bezerro ao comprador, caso ela esteja prenha, pois o acessório 
segue o principal, em respeito ao princípio da gravitação jurídica. 
 
Art. 234. Se, no caso do artigo antecedente, a coisa se perder, sem culpa do devedor, 
antes da tradição, ou pendente a condição suspensiva, fica resolvida a obrigação para 
ambas as partes; se a perda resultar de culpa do devedor, responderá este pelo 
equivalente e mais perdas e danos. 
 
Utilizando-se ainda o exemplo acima,se a vaca morre sem culpa do devedor (aquele 
que se obrigara a entregar a vaca), a obrigação resolve-se. Eventual preço pago deve ser 
devolvido, sob pena de enriquecimento ilícito. Se a culpa for do devedor (ex.: deu 
culposamente ração estragada), ele devolverá o preço recebido e será compelido a pagar 
perdas e danos. 
 
Veja que a regra geral, em direito das obrigações, é que as perdas e danos 
pressupõem a culpa do devedor. Se a vaca se deteriora antes da entrega, sem culpa do 
devedor (ex.: fica doente, com sequelas), incide o disposto no art. 235: 
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Art. 235. Deteriorada a coisa, não sendo o devedor culpado, poderá o credor resolver 
a obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que perdeu. 
 
Já se a vaca se deteriorar com culpa do devedor, poderá o credor exigir o preço que 
ele já pagou ou aceitá-la no estado em que se encontrar, com direito a perdas e danos, em 
qualquer um dos casos (art. 236 do CC): 
 
Art. 236. Sendo culpado o devedor, poderá o credor exigir o equivalente, ou aceitar a 
coisa no estado em que se acha, com direito a reclamar, em um ou em outro caso, 
indenização das perdas e danos. 
 
OBS.: apenas quando há culpa surge o direito a perdas e danos. 
 
Em relação à obrigação de restituir, se houver perda da coisa sem culpa do devedor, 
aplica-se o art. 238 do CC. Nesse caso, sofrerá o credor a perda, ressalvados os seus 
direitos até o dia da perda. Não poderá pleitear nada. 
 
Art. 238. Se a obrigação for de restituir coisa certa, e esta, sem culpa do devedor, se 
perder antes da tradição, sofrerá o credor a perda, e a obrigação se resolverá, 
ressalvados os seus direitos até o dia da perda. 
 
Ex.: vigente um contrato de comodato, o veículo é roubado à mão armada. O 
comodatário nada deve pagar ao comodante (res perit domino); vigente uma locação, o 
imóvel é destruído por incêndio, o locatário deve pagar ao locador apenas eventuais 
alugueres em aberto. 
 
Já se a coisa se perdeu com culpa do devedor, aplica-se o art. 239 do CC. O devedor 
responderá pelo equivalente à coisa, mais perdas e danos. Ex.: comodato de veículo no 
qual o comodatário embriagado causa acidente e destrói o carro. 
 
Art. 239. Se a coisa se perder por culpa do devedor, responderá este pelo equivalente, 
mais perdas e danos. 
 
Ainda na temática da obrigação de restituir, se houver deterioração (e não mais perda) 
da coisa sem culpa do devedor, o credor somente poderá exigir a coisa no estado em que 
se encontra, sem direito a perdas e danos. Ex.: carro emprestado é atingido por uma chuva 
de granizo, que danifica sua pintura. 
 
Situação diversa é aquela na qual há culpa do devedor, pois a segunda parte do art. 
240 manda aplicar o disposto no art. 239, ou seja, o credor poderá exigir o valor equivalente 
à coisa, mais perdas e danos. 
 
Art. 240. Se a coisa restituível se deteriorar sem culpa do devedor, recebê-la-á o 
credor, tal qual se ache, sem direito a indenização; se por culpa do devedor, observar-
se-á o disposto no art. 239. 
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O art. 239, todavia, é a regra aplicável à situação de perda da coisa, ao passo que o 
art. 240 traz disposição em relação à deterioração da coisa. O correto seria exigir a coisa 
no estado em que se encontra ou resolver a obrigação com o recebimento do equivalente 
à coisa, nos dois casos com direito a perdas e danos. Assim, deveria ser aplicado o art. 236 
do CC e não o art. 239. A esse respeito, ver o Enunciado 15 da 1ª Jornada de Direito Civil, 
que dispõe sobre a correta aplicação do art. 236. TARTUCE pondera que o legislador 
provavelmente cometeu erro material ao inverter o art. 239 pelo art. 236. 
 
Enunciado 15 – Art. 240: As disposições do art. 236 do novo Código Civil também 
são aplicáveis à hipótese do art. 240, in fine. 
 
Cabe tutela específica para cumprimento da obrigação de dar coisa certa (ex.: 
busca e apreensão da coisa e fixação de astreinte)? Sim, é possível. O mesmo não 
ocorre na obrigação de dar coisa incerta, pois não há inadimplemento nessa modalidade. 
 
Em resumo, FLÁVIO TARTUCE apresenta oito regras de inadimplemento das 
obrigações de dar coisa certa, incluindo as obrigações de restituir. 
 
1ª regra (CC, art. 234): Obrigação de dar. Perda da coisa. Sem culpa do devedor. 
Resolve-se a obrigação sem perdas e danos. “Resolve-se”: volta ao estado primitivo. 
 
2ª regra (CC, art. 234): Obrigação de dar. Perda da coisa. Com culpa do devedor. 
Responderá o devedor pelo equivalente a coisa com perdas e danos. Há a resolução com 
perdas e danos. 
 
3ª regra (CC, art. 235): Obrigação de dar. Deterioração da coisa. Sem culpa do 
devedor. O credor pode resolver a obrigação ou aceitar a coisa no estado em se encontrar 
abatido de seu preço o valor da deterioração. 
 
4ª regra (CC, art. 236): Obrigação de dar. Deterioração da coisa. Com culpa do 
devedor. Poderá o credor resolver a obrigação (equivalente) ou aceitar a coisa no estado 
em que se encontrar, nos dois casos com perdas e danos. 
 
5ª regra (CC, art. 238): Obrigação de restituir. Perda da coisa. Sem culpa do devedor. 
Sofrerá o credor a perda, e a obrigação se resolverá, ressalvados os seus direitos até o dia 
da perda. Obs: “res perit domino”: a coisa perece para o dono. Exemplos: 
 
Vigente um comodato, o veículo é roubado à mão armada. Nesse caso, o comodatário 
(devedor) nada deve pagar ao comodante (credor) - “res perit domino”. 
 
Vigente uma locação, o imóvel é destruído por um incêndio. O locatário só deve pagar 
ao locador eventuais aluguéis em aberto. 
 
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6ª regra (CC, art. 239): Obrigação de restituir. Perda da coisa. Com culpa do devedor. 
Responderá este pelo equivalente à coisa mais perdas e danos. Há a resolução com perdas 
e danos. 
 
7ª regra (CC, art. 240): Obrigação de restituir. Deterioração da coisa. Sem culpa do 
devedor. O credor somente pode exigi-la no estado em que se encontrar, sem indenização. 
Obs.: Se a coisa perece para o dono totalmente também perece parcialmente. 
 
8ª regra (CC, art. 240): Obrigação de restituir. Deterioração da coisa. Com culpa do 
devedor. Obs.: A segunda parte do artigo 240 manda aplicar o artigo 239 (resolução com 
perdas e danos). De acordo com o Enunciado n. 15 da I Jornada de Direito Civil , aplica-se 
o art. 236 do Código Civil. 
 
OBRIGAÇÃO FATO COM BEM SEM CULPA COM CULPA 
Dar Perda 
Resolve-se a 
obrigação para ambas 
as partes. 
Pode o credor exigir o 
valor equivalente mais 
perdas e danos. 
Dar Deterioração 
Pode o credor resolver 
a obrigação ou aceitar 
a coisa com 
abatimento do preço. 
Pode o credor exigir o 
equivalente ou aceitar a 
coisa com abatimento do 
prazo mais perdas e 
danos em ambos os 
casos. 
Restituir Perda 
Resolve-se a 
obrigação para ambas 
as partes. 
Pode o credor exigir o 
valor equivalente mais 
perdas e danos. 
Restituir Deterioração 
O credor recebe a 
coisa no estado em 
que se encontra. 
O credor pode exigir o 
equivalente ou aceitar a 
coisa com abatimento no 
prazo mais perdas e 
danos em ambos os 
casos. 
 
2.1.2. Obrigação de Dar Coisa Incerta (art. 243 e ss. do CC) 
 
Na obrigação de dar coisa incerta, a prestação é determinável. Nos termos do art. 243 
do CC, a obrigação de dar coisa incerta é um tipo de obrigação genérica em que a coisa é 
indicada apenas pelo gênero e por sua quantidade, faltando a individualização ou a 
indicação da sua qualidade: 
 
Art. 243. A coisa incerta será indicada, ao menos, pelo gênero e pela quantidade. 
 
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Ex.: entrega de 5000 sacas de café. Veja que há indeterminabilidade. São 
especificados gênero (café) e quantidade (5000), mas não o tipo de café. O mesmo pode 
ocorrer, por exemplo, com o gado (nelore, holandês etc.). 
 
A indeterminabilidade da coisa é temporária e dura até o momento dasua escolha, 
nos termos dos art. 244 e 245. O ato de escolha da coisa é chamado de “concentração do 
débito” ou “concentração da prestação devida”: 
 
Art. 244. Nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade, a escolha pertence 
ao devedor, se o contrário não resultar do título da obrigação; mas não poderá dar a 
coisa pior, nem será obrigado a prestar a melhor. 
 
Art. 245. Cientificado da escolha o credor, vigorará o disposto na Seção antecedente. 
 
Para manter o equilíbrio da obrigação, não poderá dar a coisa pior, nem será obrigado 
a prestar a melhor: a escolha deve ser no gênero intermediário (princípio da equivalência 
das prestações). O gênero, assim, deve ter pelo menos três coisas. Caso contrário, como 
uma coisa é descartada, a obrigação é específica e não genérica. 
 
Quem realiza o ato de concentração do débito? Regra geral, no direito das obrigações, 
o ato de escolha tocará ao devedor (ainda que haja exceções), que é a parte mais fraca da 
relação. 
 
Veja que, no ato da entrega, o devedor não pode, por exemplo, reunir o rebanho e 
escolher as 100 piores vacas para entregar. O ato de escolha é feito pela média: o devedor 
não está obrigado a dar o melhor, nem pode dar o pior. 
 
A despeito de o art. 243 estabelecer expressamente que coisa incerta é aquela 
definida apenas pelo “gênero” e quantidade, em doutrina (ÁLVARO VILLAÇA AZEVEDO), 
sustenta-se que a palavra “gênero” deveria ser substituída pela expressão “espécie”, pois 
aquela é muito aberta, abstrata. 
 
Antes da escolha (concentração do débito) não poderá o devedor alegar perda ou 
deterioração da coisa, ainda que por caso fortuito ou força maior. Isso porque a doutrina 
clássica, ao explicar o art. 246, sustenta que, antes de efetuada a escolha, ainda que a 
coisa pereça ou se deteriore, a obrigação subsiste, porquanto o gênero não pereceria 
jamais (genus non perit). Também por isso, não cabe tutela específica (CPC, art. 498, 
parágrafo único). 
 
Art. 246. Antes da escolha, não poderá o devedor alegar perda ou deterioração da 
coisa, ainda que por força maior ou caso fortuito. 
 
Entretanto, se este gênero for limitado na natureza, obviamente a alegação de caso 
fortuito ou força maior poderá ter procedência, entretanto, o perecimento de todas as 
espécies que componham o gênero acarretará a extinção da obrigação. 
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O que é duty to mitigate (The Loss) (“dever de mitigar o prejuízo”)? EMILIO BETTI, 
em sua obra Teoria Geral das Obrigações, ensina que, no curso do século XX, a relação 
jurídica obrigacional começou a vivenciar uma chamada “crise de cooperação” entre o 
credor e o devedor. Com efeito, sobretudo nas relações jurídicas que vigoraram no século 
XX no Brasil, não havia uma preocupação ética como há hoje. Vivia-se no direito das 
obrigações um momento de impessoalidade. 
 
Princípios como o da boa-fé e da cooperação surgiram justamente para mitigar essa 
crise de cooperação. 
 
O duty to mitigate, instituto de origem anglo-saxônica pioneiramente tratado no Brasil 
por VERA FRADERA, que já encontra aceitação não só na doutrina (Enunciado 169 da III 
Jornada de Direito Civil ) como na própria jurisprudência do STJ (REsp 758.518/PR), aponta 
no sentido de que, à luz do superior princípio da boa-fé objetiva, o credor (titular do direito) 
tem o dever de mitigar o próprio prejuízo, visando a não piorar a situação do devedor. 
 
Se o juiz verificar que o credor deixou o dano se agravar, somente terá direito ao 
ressarcimento do dano anterior, e não do dano agravado. O mesmo ocorre no processo 
civil, no caso em que o credor, tendo podido atuar para minimizar a aplicação da multa 
diária, retarda a informação com o objetivo de torná-la estratosférica. Nesse caso, o juiz 
pode deixar de aplicar ou reduzir equitativamente a multa. 
 
2.1.3. Obrigações de Fazer (art. 247 a 249 do CC) 
 
Nas obrigações de fazer, interessa ao credor a própria atividade (comissiva, positiva) 
do devedor, e não uma coisa. 
 
A atividade do devedor tanto pode configurar uma prestação personalíssima 
(infungível) como não personalíssima (fungível). 
 
Ex.: Alguém contrata com um grande pintor a elaboração de um quadro, a prestação 
é de fazer infungível. Não pode o pintor colocar o aprendiz para pintar o quadro em seu 
lugar. Trata-se de prestação personalíssima. Diversa é a hipótese da contratação de uma 
empresa para a limpeza do sistema de ar condicionado: determinado funcionário que fez a 
limpeza anterior pode não ser aquele designado para a nova manutenção. Neste caso, a 
prestação é fungível. 
 
Art. 247. Incorre na obrigação de indenizar perdas e danos o devedor que recusar a 
prestação a ele só imposta, ou só por ele exequível. 
 
Nos termos do art. 248 do CC, se a prestação do fato se tornar impossível sem culpa 
do devedor, resolver-se-á a obrigação. Por outro lado, se a prestação do fato se tornar 
impossível por culpa dele, responderá por perdas e danos: 
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Art. 248. Se a prestação do fato se tornar impossível sem culpa do devedor, resolver-
se-á a obrigação; se por culpa dele, responderá por perdas e danos. 
 
Veja, o descumprimento de uma obrigação de fazer nem sempre será resolvido 
através de perdas e danos (tutela ressarcitória). Trata-se de um detalhe que a lei não deixa 
claro: o direito processual civil, à luz do princípio da efetividade, também admite, em sendo 
juridicamente possível, a tutela específica nas obrigações de fazer e de não fazer, visando 
a satisfazer o interesse do credor. Isso porque nem sempre ao credor interessam as perdas 
e danos. 
 
Portanto, nada impede que o credor possa pleitear uma tutela específica para o caso, 
sob pena, por exemplo, de multa diária. Bom exemplo de aplicação do princípio da 
efetividade é a possibilidade jurídica de o promitente comprador de imóvel ingressar com a 
execução específica da obrigação de fazer, com o propósito de compelir o promitente 
vendedor a outorgar-lhe a escritura definitiva. 
 
Havendo inadimplemento com culpa do devedor, o credor poderá exigir: i) o 
cumprimento forçado da obrigação, por meio de tutela específica, com a fixação de multa 
(astreintes); ii) o cumprimento da obrigação por terceiro, à custa do devedor originário (Art. 
817 e 817 do CPC/2015 ); e iii) a conversão em perdas e danos. 
 
As opções apontadas são judiciais, ou seja, dependem de ação. Existe, também, uma 
opção extrajudicial (art. 249, parágrafo único, do CC) que é a autotutela civil, também 
chamada de “desjudicialização” ou “fuga do judiciário”. 
 
Art. 249. Se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao credor mandá-lo 
executar à custa do devedor, havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo da 
indenização cabível. 
 
Parágrafo único. Em caso de urgência, pode o credor, independentemente de 
autorização judicial, executar ou mandar executar o fato, sendo depois ressarcido. 
 
Em caso de urgência, independente de autorização, o credor executa ou manda 
executar o serviço, sendo depois ressarcido. Exemplo: o credor contrata terceiro 
empreiteiro e depois o valor é cobrado do empreiteiro originário. 
 
Já a obrigação de fazer infungível, por sua natureza ou previsão no instrumento, não 
pode ser cumprida por terceiro. É insubstituível. Havendo inadimplemento com culpa do 
devedor, o credor poderá exigir: i) cumprimento forçado da obrigação, por meio de tutela 
específica, como a fixação de multa; ou ii) a conversão em perdas e danos. 
 
Não há possibilidade de autotutela civil, que somente é possível na obrigação de fazer 
fungível. Se a obrigação de fazer se tornar impossível, sem culpa do devedor, estará extinta 
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e resolvida, sem perdas e danos. Isso vale tanto para a obrigação de fazer fungível quanto 
para a infungível (art. 248 do CC): 
 
Art. 248. Se a prestação do fato tornar-se impossívelsem culpa do devedor, resolver-
se-á a obrigação; se por culpa dele, responderá por perdas e danos. 
 
O contrato de prestação de serviços acaba com a morte de qualquer das partes (art. 
607 do CC): 
 
Art. 607. O contrato de prestação de serviço acaba com a morte de qualquer das 
partes. Termina, ainda, pelo escoamento do prazo, pela conclusão da obra, pela 
rescisão do contrato mediante aviso prévio, por inadimplemento de qualquer das 
partes ou pela impossibilidade da continuação do contrato, motivada por força maior. 
 
O contrato de empreitada, todavia, em regra não se extingue com a morte do 
empreiteiro, salvo se houver uma obrigação de fazer infungível (qualidade pessoal do 
empreiteiro). 
 
2.1.4. Obrigação de Não Fazer (art. 250 e 251 do CC) 
 
A obrigação de não fazer ou negativa impõe ao devedor um dever de abstenção: o de 
não praticar o ato que poderia livremente fazer caso não se houvesse obrigado. 
 
Tem por objeto uma prestação negativa, um comportamento omissivo do devedor, 
uma abstenção juridicamente relevante. Ex.: obrigação de não concorrência ou de não 
construir acima de determinada altura. 
 
Se o devedor for obrigado a realizar o ato, extingue-se a obrigação de não fazer, sem 
perdas e danos para ninguém (art. 250 do CC): 
 
Art. 250. Extingue-se a obrigação de não fazer, desde que, sem culpa do devedor, se 
lhe torne impossível abster-se do ato, que se obrigou a não praticar. 
 
Ex.: as partes contratam a abstenção da construção de um muro, mas a Prefeitura 
notifica o sujeito para que ele construa o muro, por razões de segurança pública. 
 
Por óbvio, a despeito do que dispõe o art. 250, se o devedor descumpre culposamente 
a obrigação de não fazer, poderá ser civilmente responsabilizado, sem prejuízo de eventual 
tutela específica. 
 
Lembra GUILHERME NOGUEIRA DA GAMA que a obrigação de não fazer pode ser 
temporária, a exemplo de uma obrigação de não concorrência por cinco anos. 
 
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Em razão do inadimplemento com culpa do devedor, o credor poderá exigir: i) que o 
ato não seja praticado (tutela específica, com fixação de multa diária, nos termos do art. 
497 do CPC); ou ii) conversão em perdas e danos. 
 
O CC prevê uma autotutela civil (extrajudicial) para a obrigação de não fazer 
infungível, conforme art. 251 do CC. 
 
Art. 251. Praticado pelo devedor o ato, a cuja abstenção se obrigara, o credor pode 
exigir dele que o desfaça, sob pena de se desfazer à sua custa, ressarcindo o culpado 
perdas e danos. 
 
Parágrafo único. Em caso de urgência, poderá o credor desfazer ou mandar desfazer, 
independentemente de autorização judicial, sem prejuízo do ressarcimento devido. 
 
Se a obrigação de não fazer tornar-se impossível sem culpa do devedor, estará extinta 
e resolvida a obrigação (art. 250). Exemplo: sujeito é contratado com cláusula de 
confidencialidade e morre sem poder contar a outra pessoa para que ela cumpra. 
 
2.2. Quanto à Complexidade da Prestação 
 
A presente classificação leva em conta a complexidade da prestação ou o objeto 
obrigacional, ou seja, se ele é único ou não, assim temos: 
 
2.2.1. Obrigação Simples 
 
Aquela que se apresenta com somente uma prestação, não havendo complexidade 
objetiva. Como exemplo, cite-se a hipótese de um contrato de compra e venda de um bem 
determinado. 
 
2.2.2. Obrigação Composta Objetiva 
 
Nessa modalidade, há uma pluralidade de objetos ou prestações, comporta uma 
subdivisão entre: 
 
a) Obrigação Composta Objetiva Cumulativa Ou Conjuntiva 
 
Na obrigação composta objetiva cumulativa ou conjuntiva (ou tão somente obrigação 
cumulativa) o sujeito passivo deve cumprir todas as prestações previstas, sob pena de 
inadimplemento total ou parcial, p.ex. na locação imobiliária (Lei n. 8.245/91, arts. 22 e 23, 
que trazem, respectivamente, vários deveres obrigacionais, prestações de natureza 
diversa, para o locador e para o locatário). 
 
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Desse modo, a inexecução de somente uma das prestações já caracteriza o 
descumprimento obrigacional. Geralmente, essa forma de obrigação é identificada pela 
conjunção “e”, de natureza aditiva. 
 
b) Obrigação disjuntiva ou alternativa (Art. 252 a 256 CC) 
 
As obrigações alternativas são aquelas de objeto múltiplo ou composto, em que as 
prestações são conectadas pela partícula “ou”. Ex.: sujeito se obriga a entregar ao credor 
uma casa ou um carro. As prestações, portanto, se excluem, porque o devedor se exonera 
pagando uma coisa ou outra. 
 
O CC disciplina a matéria a partir do art. 252: 
 
Art. 252. Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor, se outra coisa não 
se estipulou. 
 
§ 1º Não pode o devedor obrigar o credor a receber parte em uma prestação e parte 
em outra. (...) 
 
O art. 252 expressa a regra vista anteriormente de que, em geral, a escolha caberá 
ao devedor. Assim, se nada se estipular em contrário, o devedor escolherá qual a prestação 
entregará. 
 
Observe que o § 1º impede que o devedor force o credor a receber parte de uma 
prestação e parte de outra. Assim, no exemplo, o devedor não pode entregar ao credor 
apenas o telhado da casa e as rodas do carro. Deverá entregar ou a casa ou o carro. 
 
Art. 252 (...) § 2º Quando a obrigação for de prestações periódicas, a faculdade de 
opção poderá ser exercida em cada período. 
 
Se a prestação tiver de ser adimplida, por exemplo, a cada 30 dias, a cada período se 
fará a opção. Ex.: sujeito se obrigou a, durante 5 anos, a cada 30 dias, entregar ao credor 
5 kg de milho ou de soja. Todo mês ele poderá fazer a escolha entre uma coisa ou outra. 
 
Art. 252 (...) § 3º No caso de pluralidade de optantes, não havendo acordo unânime 
entre eles, decidirá o juiz, findo o prazo por este assinado para a deliberação. 
 
Imagine que haja três devedores que têm de escolher entre uma prestação ou outra. 
Se não houver unanimidade na escolha pela prestação, quem escolhe é o juiz. Isso é 
pegadinha de prova! 
 
Art. 252 (...) § 4º Se o título deferir a opção a terceiro, e este não quiser, ou não puder 
exercê-la, caberá ao juiz a escolha se não houver acordo entre as partes. 
 
O título a que faz menção o § 4º, em geral, é o contrato. 
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Em relação ao inadimplemento das obrigações alternativas, o CC estabelece duas 
regras fundamentais: 
 
• Sem culpa do devedor: resolução sem perdas e danos (CC, arts. 253 e 256). 
o Se uma das prestações tornar-se impossível, restará a obrigação quanto 
à outra. 
o Se as duas prestações tornarem-se impossíveis, a obrigação será 
reputada extinta. 
 
Art. 253: “Se uma das duas prestações não puder ser objeto de obrigação ou se 
tornada inexeqüível, subsistirá o débito quanto à outra”. 
 
art. 256: “Se todas as prestações se tornarem impossíveis sem culpa do devedor, 
extinguir-se-á a obrigação”. 
 
• Com culpa do devedor: resolução com perdas e danos (CC, arts. 254 e 255). 
A quem cabe a escolha influencia na resolução: 
o Se a escolha não é do credor: o valor da última mais perdas e danos. 
o Se a escolha é do credor: qualquer das prestações mais perdas e danos. 
 
Art. 254: “Se, por culpa do devedor, não se puder cumprir nenhuma das prestações, 
não competindo ao credor a escolha, ficará aquele obrigado a pagar o valor da que 
por último se impossibilitou, mais as perdas e danos que o caso determinar”. 
 
Art. 255: “Quando a escolha couber ao credor e uma das prestações tornar-se 
impossível por culpa do devedor, o credor terá direito de exigir a prestação 
subsistente ou o valor da outra, com perdas e danos; se, por culpa do devedor, ambas 
as prestações se tornarem inexequíveis, poderá o credor reclamar o valor de qualquer 
das duas, além da indenização por perdas e danos”. 
 
i) Obrigação Alternativa X Obrigação Facultativa 
 
Não se pode confundir a obrigação alternativa com a obrigaçãofacultativa. 
 
Inicialmente, CARLOS ROBERTO GONÇALVES ensina que a obrigação facultativa 
é modalidade de obrigação simples, em que é devida uma única prestação, ficando, porém, 
facultado ao devedor, e só a ele, exonerar-se mediante o cumprimento de prestação diversa 
e predeterminada. É obrigação com faculdade de substituição. 
 
Como visto, a obrigação alternativa nasce com objeto principal múltiplo. Então, o 
devedor se exonera cumprindo uma obrigação ou outra. O próprio título da obrigação prevê 
que existem duas obrigações principais, que se excluem. 
 
A obrigação facultativa, por sua vez, é aquela que, embora tenha objeto único, faculta 
ao devedor cumprir uma prestação subsidiária. Mas, lembra ORLANDO GOMES: o credor 
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não pode exigir o cumprimento da prestação facultativa, e, caso a prestação principal se 
impossibilite sem culpa do devedor, a obrigação é extinta. 
 
Na obrigação alternativa, há objeto principal múltiplo (ex.: sujeito se obriga a entregar 
uma casa ou um carro). Na obrigação facultativa, há um único objeto principal (ex.: sujeito 
se obriga a entregar um carro), mas, no dia do pagamento, o devedor pode entregar, a seu 
critério, outra prestação no lugar da principal (ex.: pode entregar R$ 10.000,00). Atenção: 
o credor não pode exigir que o devedor lhe entregue essa prestação facultativa. 
 
Note que, nas obrigações alternativas, se uma das prestações principais se 
impossibilita, a outra continua exigível. Ao revés, na obrigação facultativa, se a prestação 
principal se impossibilita sem culpa do devedor, extingue-se a obrigação. Ex.: o carro devido 
foi roubado. Nesse caso, o credor não pode exigir os R$ 10.000,00, que são a prestação 
subsidiária (o devedor paga facultativamente se quiser). 
 
2.3. Quanto ao número de pessoas envolvidas: Estudo das obrigações 
solidárias (Art. 264 a 285) 
 
Assim como ocorre em relação à prestação, as obrigações podem ser complexas no 
que concerne às partes envolvidas (obrigações complexas subjetivas). Desse modo, em 
havendo mais de um credor, haverá uma obrigação complexa subjetiva ativa. Se estiverem 
presentes dois ou mais devedores, nessa situação é de obrigação complexa subjetiva 
passiva. Em ambas as hipóteses, ganha relevo o estudo das obrigações solidárias. 
 
2.3.1. Conceito 
 
Existe solidariedade quando, na mesma obrigação, concorre uma pluralidade de 
devedores ou de credores, cada um obrigado ou com direito a toda a dívida, ou seja, são 
tratados como se fossem um só, nos termos do art. 264 do CC: 
 
Art. 264. Há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre mais de um credor 
(solidariedade ativa), ou mais de um devedor (solidariedade passiva), cada um com 
direito, ou obrigado, à dívida toda. 
 
Existem dois tipos básicos de solidariedade: i) solidariedade passiva (se dá entre 
devedores); e ii) solidariedade ativa (se dá entre credores). Vale observar que, na mesma 
obrigação, é possível existir solidariedade ativa e passiva. Mas, para facilitar o estudo, nos 
exemplos seguintes ora aparecerá apenas a solidariedade ativa, ora apenas a passiva. 
 
• Exemplo de solidariedade passiva 
 
Na solidariedade passiva, existe uma pluralidade de devedores, cada um obrigado à 
dívida toda. Imagine um contrato entre o credor (C) e três devedores (D1, D2 e D3), em que 
estes últimos se obrigam a uma dívida de R$ 300,00. Se foi prevista a solidariedade 
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passiva, significa que C tanto pode cobrar a fração correspondente a cada devedor (ou 
seja, pode cobrar R$ 100,00 de D1, de D2 ou de D3), como pode cobrar R$ 200,00 de dois 
dos devedores, R$ 200,00 de um dos devedores ou até mesmo a totalidade da dívida de 
apenas um dos devedores. 
 
Ou seja, na solidariedade passiva, qualquer dos devedores pode ser compelido a 
pagar toda a dívida. Logicamente que, se C cobrar R$ 300,00 de D1 e este pagar toda a 
dívida, este devedor poderá ajuizar contra os outros dois devedores uma ação de regresso. 
Com isso, ele vai obter dos outros devedores a fração de cada um, porque, entre eles, cada 
um deve R$ 100,00. 
 
Em suma: na solidariedade passiva, é aberta ao credor a possibilidade de escolher 
entre cobrar por partes de qualquer dos devedores ou cobrar a totalidade da dívida de 
qualquer um deles. 
 
ROBERTO DE RUGGIERO, autor italiano, observa que, na solidariedade passiva, é 
como se houvesse uma unidade na obrigação, ou seja, é como se o credor firmasse relação 
obrigacional com apenas um devedor (justamente porque ele pode optar por cobrar toda a 
dívida de apenas um dos devedores). 
 
• Exemplo de solidariedade ativa 
 
Na solidariedade ativa, o raciocínio é o mesmo, com a diferença de que, aqui, haverá 
uma pluralidade de credores (algo como se houvesse uma unidade na obrigação). Ex.: é 
celebrado contrato entre o devedor (D) e três credores (C1, C2, C3), em que aquele se 
obriga ao pagamento de R$ 300,00, com solidariedade ativa entre os credores. Isso 
significa que cada um dos credores poderá cobrar R$ 100,00 (sua parte no crédito), como 
qualquer um deles ou alguns deles poderão cobrar R$ 200,00, como qualquer um deles 
poderá cobrar a integralidade da dívida. 
 
Cumpre notar que, se o credor C1 cobrar a totalidade da dívida, ele deverá repassar 
a cota dos demais credores. 
 
2.3.2. Solidariedade Não se Presume 
 
Nos termos do art. 265 do CC, a solidariedade não se presume nunca: resulta da lei 
ou da vontade das partes. Este é um verdadeiro princípio do direito obrigacional. 
 
Art. 265. A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes. 
 
Se, no concurso público, a prova apenas trouxer o exemplo de um contrato em que o 
credor C tem uma relação obrigacional com os devedores D1, D2 e D3, sem mencionar a 
solidariedade passiva entre eles, este credor apenas poderá cobrar de cada devedor a sua 
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cota respectiva (no exemplo anterior, o credor C apenas poderia cobrar R$ 100,00 de cada 
um). 
 
Portanto, se a questão não mencionar que, no contrato, existe previsão de 
solidariedade passiva ou mesmo se não trouxer qualquer hipótese em que a solidariedade 
decorra da lei, deve-se entender que não há solidariedade no caso. Não basta que a 
questão apenas dê a entender que existe solidariedade, é preciso que ela seja expressa a 
esse respeito. 
 
2.3.3. Obrigação in solidum X obrigação solidária 
 
O que se entende por obrigação in solidum? Na linha de pensamento de autores 
como SILVIO VENOSA e GUILLERMO BORDA (autor argentino), esse tipo de obrigação 
não se confunde com a obrigação solidária. Trata-se da situação jurídica em que devedores 
estão vinculados ao mesmo fato sem que exista solidariedade entre eles. 
 
Ex.: sujeito celebrou contrato de seguro residencial contra incêndio. Um cidadão 
enlouquecido entra naquela casa e derrama gasolina na sala, ateando fogo ao 
apartamento. Nesse caso, o proprietário do imóvel poderá demandar contra essa pessoa 
que tocou fogo em sua casa, como também poderá demandar a companhia de seguro. É 
até mais aconselhável que demande a seguradora (neste caso, ela poderá ajuizar ação de 
regresso contra o criminoso). 
 
Veja que, nesse caso, um único fato acabou por obrigar dois devedores: o terceiro 
que causou o ilícito e a seguradora, que assumiu a proteção do patrimônio. Ambos são 
devedores a títulos diversos, mas vinculados pelo mesmo fato (incêndio), sem que haja 
solidariedade entre eles. 
 
2.3.4. Solidariedade Passiva 
 
A solidariedade passiva (entre devedores) é, na vida prática, a forma mais importante 
e comum de solidariedade. Esse tema é disciplinado no CC/2002 a partir do art. 275: 
 
Art. 275. O credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos devedores, 
parcial ou totalmente, a dívida comum; se o pagamento tiver sido parcial, todos os 
demais devedores continuam obrigadossolidariamente pelo resto. 
 
Parágrafo único. Não importará renúncia da solidariedade a propositura de ação pelo 
credor contra um ou alguns dos devedores. 
 
Ex.: credor “C” tem crédito de R$ 300,00, contra três devedores em solidariedade 
passiva. “C” pode demandar qualquer dos devedores isoladamente, parte dos devedores 
ou até mesmo todos os devedores, por parte ou por toda a dívida. 
 
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O que caracteriza a solidariedade passiva é a possibilidade de o credor demandar 
apenas um dos devedores por todo o crédito. E, como visto, o devedor que pagar todo o 
crédito terá ação regressiva contra os demais devedores. 
 
E o que acontece se o credor apenas demandar um dos devedores por sua parte na 
dívida (R$ 100,00)? Nesse caso, os outros continuam solidariamente responsáveis pelo 
restante. 
 
Se o pagamento tiver sido parcial, todos os demais devedores continuam solidários 
pelo resto. O parágrafo único diz que não haverá renúncia da solidariedade no caso de 
propositura de ação pelo credor contra um ou alguns dos devedores. 
 
Caso: “A” é credor e “B”, “C” e “D” são devedores. A dívida é de R$ 30 mil. Se “B” 
paga R$ 10 mil a “A”, os demais, inclusive o “B”, continuam obrigados por R$ 20 mil. 
 
O Enunciado 348 da IV Jornada de Direito Civil, de autoria de GUSTAVO TEPEDINO, 
estabelece que o pagamento parcial não implica, por si só, renuncia à solidariedade, a qual 
deve derivar dos termos expressos da quitação ou de forma inequívoca das circunstâncias 
do caso concreto. 
 
Enunciado 348 – Arts. 275/282: O pagamento parcial não implica, por si só, renúncia 
à solidariedade, a qual deve derivar dos termos expressos da quitação ou, 
inequivocamente, das circunstâncias do recebimento da prestação pelo credor. 
 
a) Responsabilidade Civil dos Devedores 
 
Art. 279. Impossibilitando-se a prestação por culpa de um dos devedores solidários, 
subsiste para todos o encargo de pagar o equivalente; mas pelas perdas e danos só 
responde o culpado. 
 
Ex.: três devedores solidários se obrigaram a entregar ao credor um cavalo do qual 
são proprietários. Imagine que o credor já se antecipou e pagou o valor do cavalo aos três 
devedores. Antes da entrega, o devedor D1 culposamente deu ração estragada para o 
animal e a prestação se impossibilitou porque o animal morreu. De acordo com o CC, todos 
os devedores continuam obrigados a devolver o equivalente (restituir o preço recebido). 
Isso porque, do contrário, haveria enriquecimento sem causa dos devedores. No entanto, 
pelas perdas e danos só responderá o culpado (D1). 
 
Cumpre observar que, se a ração tivesse sido dada pelos três devedores obrigados, 
todos responderiam por perdas e danos solidariamente (porque a solidariedade passiva 
estava prevista no contrato). 
 
Em resumo, FLÁVIO TARTUCE apresenta regras quanto à solidariedade passiva: 
 
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1ª Regra – Na obrigação solidária passiva, o credor tem direito a exigir e receber de 
um ou de alguns dos devedores, parcial ou totalmente, a dívida comum. Se o pagamento 
tiver sido parcial, todos os demais devedores continuam obrigados solidariamente pelo 
resto (art. 275, caput, do CC). Não importará renúncia da solidariedade a propositura de 
ação pelo credor contra um ou alguns dos devedores (art. 275, parágrafo único, do CC). 
 
Art. 275. O credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos devedores, 
parcial ou totalmente, a dívida comum; se o pagamento tiver sido parcial, todos os 
demais devedores continuam obrigados solidariamente pelo resto. 
 
Parágrafo único. Não importará renúncia da solidariedade a propositura de ação pelo 
credor contra um ou alguns dos devedores. 
 
2ª Regra – Como ocorre com a solidariedade ativa, o art. 276 do CC traz regra 
específica envolvendo a morte de um dos devedores solidários. Assim, se um dos 
devedores solidários falecer deixando herdeiros cada um destes será obrigado a pagar a 
quota que corresponder ao seu quinhão hereditário (até os limites da herança). A regra 
não se aplica se a obrigação for indivisível. Outra exceção é feita pelo comando, eis que 
todos os herdeiros reunidos são considerados um único devedor em relação aos demais 
devedores. 
 
Art. 276. Se um dos devedores solidários falecer deixando herdeiros, nenhum destes 
será obrigado a pagar senão a quota que corresponder ao seu quinhão hereditário, 
salvo se a obrigação for indivisível; mas todos reunidos serão considerados como um 
devedor solidário em relação aos demais devedores. 
 
3ª Regra – Tanto o pagamento parcial realizado por um dos devedores como o perdão 
da dívida (remissão) por ele obtida não têm o efeito de atingir os demais devedores na 
integralidade da dívida (art. 277 do CC). No máximo, caso ocorra o pagamento direto ou 
indireto, os demais devedores serão beneficiados de forma reflexa, havendo desconto em 
relação à quota paga ou perdoada. 
 
Art. 277. O pagamento parcial feito por um dos devedores e a remissão por ele obtida 
não aproveitam aos outros devedores, senão até à concorrência da quantia paga ou 
relevada. 
 
4ª regra - O pagamento parcial feito por um dos devedores e a remissão por ele obtida 
aproveitam aos outros devedores até a quantia paga ou perdoada (CC, art. 277). 
 
Art. 277. O pagamento parcial feito por um dos devedores e a remissão por ele obtida 
não aproveitam aos outros devedores, senão até à concorrência da quantia paga ou 
relevada. 
 
5ª Regra – Impossibilitando-se a prestação por culpa de um dos devedores solidários, 
subsiste para todos o encargo de pagar o equivalente à prestação; mas pelas perdas e 
danos só responde o culpado. 
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6ª regra – O devedor demandado pode opor ao credor as exceções que lhe forem 
pessoais e as comuns (exemplos: pagamento e prescrição). Não poderá, entretanto, opor 
as exceções pessoais de outros devedores (CC, art. 281). 
 
Art. 281. O devedor demandado pode opor ao credor as exceções que lhe forem 
pessoais e as comuns a todos; não lhe aproveitando as exceções pessoais a outro 
co-devedor. 
 
7ª Regra – O Código Civil de 2002 continua admitindo a renúncia à solidariedade, de 
forma parcial (a favor de um devedor) ou total (a favor de todos os codevedores), no seu 
art. 282, caput (“O credor pode renunciar à solidariedade em favor de um, de alguns ou de 
todos os devedores”). A expressão renúncia à solidariedade pode ser utilizada como 
sinônima de exoneração da solidariedade. Enuncia o parágrafo único do dispositivo que 
“Se o credor exonerar da solidariedade um ou mais devedores, subsistirá a dos demais”. 
 
Obs.: não confundir a renúncia à solidariedade com a remissão (perdão). Nesta, o 
beneficiado fica totalmente liberado (CC, art. 388 e Enunciado n. 350 – IV Jornada de Direito 
Civil). 
 
8ª Regra – O devedor que satisfez a dívida por inteiro tem direito a exigir de cada um 
dos codevedores a sua quota, dividindo-se igualmente por todos a do insolvente, se o 
houver, presumindo-se iguais, no débito, as partes de todos os codevedores (art. 283 do 
CC). Entretanto, se a dívida solidária interessar exclusivamente a um dos devedores, 
responderá este por toda ela para com aquele que a pagar (art. 285 do CC). 
 
Art. 283. O devedor que satisfez a dívida por inteiro tem direito a exigir de cada um 
dos co-devedores a sua quota, dividindo-se igualmente por todos a do insolvente, se 
o houver, presumindo-se iguais, no débito, as partes de todos os co-devedores. 
 
Art. 285. Se a dívida solidária interessar exclusivamente a um dos devedores, 
responderá este por toda ela para com aquele que pagar. 
 
b) Oposição de Defesas 
 
Art. 281. O devedor demandado pode opor ao credor as exceções que lhe forem 
pessoais e as comuns a todos; não lhe aproveitando as exceções pessoais a outro 
co-devedor. 
 
Inicialmente, cumpre asseverar que, no contexto do

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