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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
CURSO DE BACHARELADO EM SERVIÇO SOCIAL EAD
TÉSSA BEATRIZ DA SILVA
O PAPEL DO ASSISTENTE SOCIAL FRENTE A CRISE NO SISTEMA PRISIONAL BRASILEIRO
Salvador-BA
2018
TÉSSA BEATRIZ DA SILVA
O PAPEL DO ASSISTENTE SOCIAL FRENTE A CRISE NO SISTEMA PRISIONAL BRASILEIRO
Trabalho de Conclusão de Curso – TCC, apresentado a Universidade Estácio de Sá como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Serviço Social, sob orientação da Profª Adriana Aparecida Ferreira.
Salvador-BA
2018
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho de conclusão de curso a minha filha Beatriz e ao meu esposo Gleyson Santos e aos meus amigos que de muitas formas me incentivaram e contribuíram para a realização deste trabalho.
 
AGRADECIMENTOS
AGRADEÇO AO MEU BONDOSO DEUS, QUE ME DEU FORÇAS E GRAÇA PARA
 COM FÉ CHEGAR ATÉ AQUI!
RESUMO
O presente trabalho traz a discussão sobre a crise no sistema prisional brasileiro e a atuação do Serviço Social nesses locais. Essa crise tem se alastrado por muitos e muitos anos, e até hoje vemos o reflexo dessa calamidade na maioria dos presídios espalhados pelo Brasil. As consequências dessa crise têm afetado a vida dos presidiários e dos seus familiares, além de causar várias rebeliões por todo o país. A metodologia usada para o presente trabalho foi a pesquisa bibliográfica e a observação direta feita nos presídios, onde foi possível observar os fatos e os fenômenos que ocorrem nesses locais. O que se espera do presente estudo é a profunda reflexão por parte da sociedade e do poder público, acerca da atual situação do sistema carcerário Brasileiro. Em meio a esse cenário caótico encontra-se o assistente social que tem o dever de lutar pelos direitos dos apenados e garantir que os mesmos sejam respeitados.
Palavras Chave: Assistente Social. Crise. Sistema prisional. 
ABSTRACT
The present work brings the discussion about the crisis in the Brazilian prison system and the work of the Social Service in these places. This crisis has been spreading for many, many years, and to this day we see the reflection of this calamity in most prisons scattered throughout Brazil. The consequences of this crisis have affected the lives of prisoners and their families, as well as causing several riots throughout the country. The methodology used for the present study was the bibliographical research and the direct observation made in the prisons, where it was possible to observe the facts and the phenomena that occur in these places. What is expected from the present study is the deep reflection on the part of society and the public power regarding the current situation of the Brazilian prison system. In the midst of this chaotic scenario is the social worker who has the duty to fight for the rights of the victims and ensure that they are respected.
Keywords: Social Worker. Crisis. Prison system.
LISTA DE SIGLAS
SUMÁRIO
9INTRODUÇÃO	�
121.1.	A ORIGEM DO SISTEMA PRISIONAL	�
131.2. O SISTEMA PRISIONAL BRASILEIRO	�
171.2.1. Os Regimes Prisionais	�
181.3. CRISE NO SISTEMA PRISIONAL	�
21CAPITULO 2- O PAPEL DO ASSISTENTE SOCIAL NO SISTEMA PENITÊNCIARIO BRASILEIRO	�
212.2.	AS FASES IMPORTANTES DO SERVIÇO SOCIAL NO BRASIL	�
241.2. A construção da Ética para a Prática Profissional	�
261.3. Pratica do Assistente Social no espaço prisional	�
32CONSIDERAÇÕES FINAIS	�
34REFERNCIAS BIBLIOGRÁFICAS	�
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INTRODUÇÃO
 O Presente Trabalho de Conclusão de Curso vem apresentar a reflexão sobre a atuação do assistente social na crise prisional do Brasil, está relacionado as observações feitas durante as visitas aos presídios em Recife, no estado de Pernambuco. Durantes essas visitas foram possíveis constatar a difícil situação em que vivem os presidiários nesses locais.
A Lei de Execução Penal (LEP), Lei nº 7.210, de 1984 é bem clara no seu Art. 10 quando fala do dever do estado em garantir a assistência ao presidiário na área da saúde, material, jurídica, educacional, social e religiosa. Porém o que vemos na realidade é um total descaso e desrespeito aos direitos humanos e sociais dos encarcerados.
 O que vemos é uma superlotação nos presídios brasileiros, descaso com a saúde, falta de higiene nas celas, péssima alimentação dada aos presidiários, violação dos direitos sociais e a falta de respeito com as famílias dos encarcerados. O sistema penitenciário no Brasil é caótico, são presídios lotados, presos condenados misturados com quem sequer foi julgado, ou seja, presos provisórios. Além disso tem a falta de assistência jurídica aos presos e o tratamento cruel que é dado a eles, tudo isso faz com que os mesmos se tornem pessoas ainda mais violentas.
O sistema carcerário brasileiro ainda é arcaico, os estabelecimentos prisionais na sua maioria representam para os apenados um verdadeiro inferno em vida, onde o recluso se amontoa em celas totalmente sujas, úmidas, anti-higiênicas e principalmente, superlotadas, de tal maneira que, em não raros exemplos, o preso deve dormir sentado, enquanto os outros revezam em pé. O cotidiano nas unidades penais é atravessado por conflitos, saudades, revoltas, violências, depressões e brigas, também é um cotidiano regido por regulamentos, normas, relações de poder que dificultam e proíbem as mais diversas atividades, um cotidiano no qual a meta fundamental é evitar problemas e, sobretudo, dominar e controlar o encarcerado.
Dentro deste cenário, se insere a profissão do Serviço Social, como uma profissão legalmente reconhecida e legitimada, sendo este profissional capacitado para trabalhar com a questão social e suas várias expressões do cotidiano. A escolha do tema surge após termos o interesse de conhecer o sistema prisional brasileiro e as contradições existentes relacionadas aos direitos da pessoa reclusa de sua liberdade, sendo um assunto de alta relevância no âmbito da segurança pública, o tema não é discutido na sociedade e a ausência do Estado é um dos principais fatores que contribuem para a falência existente no sistema carcerário.
A pesquisa justifica-se que diante aos desafios expostos o assistente social ao assumir o compromisso ético e político da profissão, sua atuação no sistema prisional deverá ter a clareza sobre a realidade imposta no cotidiano profissional, direcionando sua ação profissional a fim de fornecer as informações e procedimentos necessários aos presos e suas famílias, o profissional tende a direcionar sua intervenção ao compromisso relativo à expansão e consolidação do direito em sua pratica profissional.
A eleboração deste trabalho foi noreteada pelos seguintes objetivos, o geral foi refletir sobre a atual crise na qual se encontra o sistema prisional brasileiro e a atuação dos assistentes sociais nesses locais, já os objetivos específicos, foram, refletir sobre o sistema prisional brasileiro suas peculiaridades mostrando seus aspectos históricos, os regimes prisionais e os fatores que levam a permanente crise no sistema penitenciário, apontar as consequências da crise prisional para a sociedade e descrever o papel do assistente social no sistema penitenciário, os desafios enfrentados pelo profissional nestes locais.
Para todo processo de análise para a construção do tema exposto, listamos cuidadosamente obras que se tornaram pilares para nosso pensamento, encontramos todas as informações necessárias paraque o trabalho fosse concluído com a contribuição necessária referente ao assunto citado. 
Assim como autores do Serviço Social como: Marilda Villela Iamamoto, Raul de Carvalho, Vera Lucia Silva Barroco, Jose Paulo Netto, entre outros, que trouxeram em suas obras toda a análise no contexto histórico e crítico do serviço social, que nos guiou para chegarmos ao nosso principal objetivo. 
Utilizamos a pesquisa bibliográfica para o desenvolvimento do tema onde tivemos mais clareza para busca do conteúdo que precisávamos e que nos facilitou a análise de diversos materiais para a abordagem do tema, e pontos importantes do presente trabalho. Esse método se desenvolveu pelo uso de material já existente sobre o tema, formado por livros, artigos e revistas cientificas que possibilitou o levantamento de material adequado para usarmos nas bibliografias especificas. 
Para Gil (2008, p.50) “a principal vantagem da pesquisa bibliográfica reside no fato de permitir ao investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente”. Dessa forma o autor acima relata que o processo de análise por meio desse método atingiu as informações desejadas que passaram por crítica uma precisa, a fim de enfrentar as semelhanças e diferenças para o desenvolvimento do tema. É preciso investigar novas estratégias para reinserção dessa população na sociedade ou pôr em prática as que já existem, como por exemplo: a maioria das reclusas que cumprem pena leve.
Este trabalho foi divide em dois capítulos, onde o Primeiro aborda a reflexão sobre o sistema prisional brasileiro suas peculiaridades mostrando seus aspectos históricos, os regimes prisionais e os fatores que levam a permanente crise no sistema penitenciário, aponta as consequências da crise prisional para a sociedade, o Segundo capítulo, descreve o papel do assistente social no sistema penitenciário, os desafios enfrentados pelo profissional nestes locais.
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CAPITULO I - O SISTEMA PRISIONAL BRASILEIRO E AS POLÍTICAS PÚBLICAS NO ATENDIMENTO AOS DETENTOS
A ORIGEM DO SISTEMA PRISIONAL
 Desde a antiguidade o Direito Penal foi marcado por penas cruéis e desumanas neste período a privação de liberdade não era considerada pena. Como forma de pena a custodia visava garantir o levantamento de provas. O acusado aguardava o julgamento privado de sua liberdade tendo em vista que o encarceramento era um meio do recluso não fugir e não somente o fim da punição como relata (SANTOS, 2016).
A autora relata que toda a pena privativa de liberdade passou a compor o Direito Penal. Tendo em vista que o sucessivo banimento das penas era realizado de forma cruel e desumanas, algumas mudanças foram feitas para que tal contexto fosse alterado as mudanças realizadas nas formas de punição possibilitou o surgimento de regras rígidas ao condenado ao modo que as punições passaram a serem efetuadas no regime fechado. 
O afrouxamento da severidade penal no decorrer dos últimos séculos é um fenômeno bem conhecido dos historiadores do direito. Entretanto, foi visto, durante muito tempo, de forma geral, como se fosse fenômeno quantitativo: menos sofrimento, mais suavidade, mais respeito e “humanidade”. Na verdade, tais modificações se fazem concomitantes ao deslocamento do objeto da ação punitiva. (FOUCAULT, 1987, p. 18).
Como afirma Foucault (1987), o século XVIII foi marcado pelos primeiros projetos de modelos penitenciários com a criação de estabelecimentos específicos para a nova visão do cárcere, a restrição da liberdade passa a ser considerada um meio de punição que tem a restrição da liberdade como punição em si. 
Para Salla (1999) o estabelecimento carcerário desde seu início, numa manifestação em harmonia com o ideário que procurava "transformar as prisões em redutos de regeneração dos condenados" (SALLA, 1999, p.63). O autor ressalta que, em 1852, e percorrendo sobre a análise de seu dia a dia, que demonstra a falta de sincronismo entre o que sempre foi dito e escrito e a prática, através dos castigos e penalidades cruéis (poder autoritário das direções e decisões da época), das revoltas e dos suicídios (manifestações de discordâncias dos reclusos).
O suplicio de exposição do condenado antigamente, condenavam o seu corpo fisico a torturas crueis antes da morte. As forças, o pelourinho, o chicote, as rodas, os cavalos foram considerados por muito tempo na historia dos suplicios, como a marca da barbarie dos seculos e dos paises, sobre o corpo humano. O sofrimento fisico e a dor do corpo eram os elementos constituitivos da pena. Com o passar dos tempos segundo Foucault (2009), o castigo passou de uma arte das sensações imsuportaveis a uma economia do direito suspensos no modelo de privação atual.
Para Teixeira (1988), ainda na Idade Média, a punição foi inspirada pêlos Tribunais de Inquisição, período em que a pena ensejava o arrependimento do infrator. Assim, criou-se a oportunidade para que a Igreja massacrasse seus hereges com suplícios cruéis, como a fogueira, o estrangulamento e outras variadas formas de tortura.
Foi apenas no século XVIII que a pena privativa de liberdade passou a fazer parte do rol de punições do Direito Penal. Com o gradual banimento das penas cruéis e desumanas, a pena de prisão passa a exercer um papel de punição de facto. Segundo o filósofo e historiador francês Michel Foucault (1926-1984), a mudança nas formas de punição acompanha transformações políticas do século XVIII, isto é, a queda do antigo regime e a ascensão da burguesia. A partir daí a punição deixa de ser um espetáculo público, por que isso passou a ser visto como um incentivo à violência, e adota-se a punição fechada, que segue regras rígidas. Portanto, ao invés de punir o corpo do condenado, pune-se a sua “alma”. Essa mudança, segundo o autor, é um modo de acabar com as punições imprevisíveis do soberano sobre o condenado, gerando proporcionalidade entre o crime e a punição. É no fim do século XVIII que começam a surgir os primeiros projetos do que se tornariam as penitenciárias que conhecemos hoje, que têm por objetivo, privar o prisioneiro de sua liberdade.
1.2. O SISTEMA PRISIONAL BRASILEIRO
 O Brasil, até 1830, por ser ainda uma colônia portuguesa, não tinha um Código Penal próprio, submetendo-se às Ordenações Filipinas, que, em seu livro V, elencava crimes e penas que seriam aplicadas no Brasil. Pena de morte, degredo para as galés e outros lugares, penas corporais (como açoite, mutilação, queimaduras), confisco de bens e multa e ainda penas como humilhação pública do réu eram exemplos de penas aplicadas na colônia. Não existia a previsão do cerceamento e privação de liberdade posto que as ordenações são do século XVII e os movimentos reformistas penitenciários começam somente no fim do século seguinte. Nesta época, portanto, as prisões eram apenas local de custódia (SIMÕES, 2009).
Segundo Salla (1999), em 1830, com o Código Criminal do Império, a pena de prisão é introduzida no Brasil em duas formas: a prisão simples e a prisão com trabalho (que podia ser perpétua). O Código não estabelece nenhum sistema penitenciário específico, ficando a cargo dos governos provinciais escolher o tipo de prisão e seus regulamentos. O novo Código Penal aboliu as penas de morte, penas perpétuas, açoite e as galés e previa quatro tipos de prisão: celula; reclusão em “fortalezas, praças de guerra ou estabelecimentos militares”, destinada aos crimes políticos; prisão com trabalho que era “cumprida em penitenciárias agrícolas, para esse fim destinadas, ou em presídios militares; e disciplinar, cumprida em estabelecimentos especiais para menores de 21 anos. Uma inovação desse Código foi estabelecer limite de 30 anos para as penas (SALLA, 1999).
De acordo com Santos (2016), inicialmente os presídios eram iguais para todos, não existia separação de celas, no entanto, não havia a superlotação que vivenciamos nos dias atuais. A autora esclarece que essa penalidade se diferencia de acordo com a infração cometida e de acordo coma sociedade em que ela está inserida, como também a época em que a pena é aplicada. Trata-se da resposta que o Estado tem perante a sociedade, para que assim sejam evitados novos delitos.
A análise de Salla (1999), espera a compreensão do debate que se estabelece nos arredores de novas concepções sobre o crime e sobre as prisões. É nesse período pelo qual o Brasil, percorrendo na sua compreensão do ideário criminal e punitivo norte-americano e europeu, adentra na clareza etiológica do crime a partir de fundamentos sociais, psicológicos, raciais e biológicos. 
O Código Penal de 1890, apesar de destacar-se sob o regime republicano, "não significou uma radical revisão daquilo que estava contido no Código Criminal do Império", e complementa, "as inovações ali contidas são muito mais exigências por assim dizer práticas, visando viabilizar a gestão das penas, do que um redimensionamento 'filosófico' da forma pela qual se encarava o crime e o criminoso" (SALLA, 1999, p.115-116). 
O período é apontado por uma grandiosa gama de pareceres que enfrentam tanto as questões mais obvias quanto a precariedade das instituições, incluindo desta forma a reforma das especialidades penais e percorrem também sobre as preocupações em relação aos reclusos, com os princípios de enfermidade social e tratamento.
Como afirma Salla (1999), esse desengonçado, conjunto com novas concepções sobre o crime, o criminoso e as várias formas de penaliza-lo, uniram-se então dois movimentos que acabaram promovendo, de uma forma decisiva, os sentidos do encarceramento no Brasil. Em primeiro lugar, as convicções republicanas e o único movimento que depôs o Imperador colocaram na ordem do dia a recomposição do Estado. A suspensão com a riqueza imperial representava de certa forma organizar as instituições com o intuito de colocar o país no rumo do progresso. A ciência e a razão, eram conhecidas como os instrumentos essenciais para tal missão, e na linha desta nova sociedade, as variadas formas de controle social adotariam uma função muito mais relevante do que tiveram até então. Para Salla (1999),
Em segundo lugar, o outro movimento foi o da forte presença das ideias da escola penal positiva que, apesar de todas as contradições que pudessem apresentar com o Brasil republicano, foram ferramentas importantes para as elites. Os principais representantes desta escola buscavam incansavelmente formular seus argumentos calcados na ciência. Suas ideias contrapunham-se vigorosamente aos "velhos" padrões que o direito clássico estabelecia e se autodenominavam modernos e guardiões do que de melhor poderia oferecer a razão para explicar e combater o crime (SALLA, 1999, p. 141).
O autor a cima ressalta que esta seria, uma das formas pelas quais o Brasil adentraria na modernidade E é neste roteiro que o método de uma rede de instituições de gestão “para menores abandonados, loucos, criminosos, vagabundos” abrange um espaço significativo e importante na agenda republicana. No entanto a nata que reconheceu o controle das diretrizes do país aplicou em seu programa de sociedade um lugar de destaque para estas instituições, que entre elas principalmente a Penitenciária.
Redução de intensidade? Talvez. Mudança de objetivo, certamente. Se não é mais ao corpo que se dirige a punição, em suas formas mais duras, sobre o que, então, se exerce? [...] pois não é mais o corpo, é a alma. À expiação que tripudia sobre o corpo deve suceder um castigo que atue, profundamente, sobre o coração, o intelecto, a vontade, as disposições (FOUCAULT, 1987, p. 18).
 Na sociedade capitalista, a prisão evolui de um aparelho marginal ao sistema punitivo, como objeto de controle do Estado as mudanças abordadas abrangem a uma posição de centralidade com o principal objetivo “induzir no detento um estado consciente e permanente de visibilidade que assegura o funcionamento automático do poder” (FOUCAULT 1987, p. 177). O autor aponta que tal questão parte de uma nova tecnologia de poder do estado que visa a ordem geral na sociedade. 
Como já salientado, pontua-se que a punição era de uma sociedade organizada por grupos de sacerdotes que eram ligados ao Estado e religião, já existia determinadas punições para determinados atos inflacionais, a pena era aplicada para que o indivíduo pudesse purificar sua alma, tinha como objetivo fazer o preso refletir e se arrepender do crime cometido (FOUCAULT, 1987).
Diante do que afirma Santos (2016) relata que em 1575 foi criada uma casa de correção para cada condado (vilarejo), logo em seguida foi criada a lei de punição para cada tipo de delito cometido por homens e mulheres. Com o decorrer dos anos essas punições vêm sofrendo alterações de acordo com a infração cometida.
O suplício penal não corresponde a qualquer punição corporal: é uma produção diferenciada de sofrimento, um ritual organizado para a marcação das vítimas e a manifestação do poder que pune: não é absolutamente a exasperação de uma justiça que, esquecendo seus princípios, perdesse todo o controle. Nos excessos dos suplícios, se investe toda economia do poder (FOUCAULT,1987, p.32).
 Como descreve Foucault (1987), o ato infracional cometido pelo recluso é exageradamente desproporcional a pena aplicada para o mesmo, como torturas e pena de morte, como eram no início.
Já em 1920 foi inaugurada a penitenciária de São Paulo, no bairro do Carandiru, tido como o marco na evolução das prisões e era visitada por juristas e estudiosos do Brasil e do mundo. Essa Penitenciária era considerada uma prisão modelo para toda a nação por “servir de modelo de disciplinamento do preso como trabalhador, ajustando-se assim ao momento de avanço da industrialização e urbanização pelo qual passava o Brasil e, em particular, a cidade de São Paulo”. No entanto, a despeito de ser considerada um modelo, a Penitenciária do Estado sofria de certos males que sempre estiveram presentes em presídios, como a violência e a arbitrariedade dos funcionários e responsáveis, principalmente no caso de punições, já que a penitenciária seguia um regime rigoroso de disciplina. A consequencia de tamanha punição se deu com o “massacre” do Carandiru no ano 1992, na qual oficialmente foram executados 111 presos e 130 foram feridos pela policia.
No Brasil apresentamos três tipos de pena e estas estão presentes no artigo 32 do Código Penal. São elas: 
I – privativas de liberdade; 
II – restritivas de direitos; 
III – de multa. Atualmente, a Política Carcerária Brasileira é regulamentado pela Lei de Execuções Penais – LEP (lei de nº 7.210, de 11 de julho de 1984). Esta determina como deve ser executada e cumprida a pena de privação de liberdade e restrição de direitos. Ainda contempla os conceitos tradicionais da justa reparação, satisfação pelo crime que foi praticado, o caráter social preventivo da pena e a idéia da reabilitação (BRASIL, 2016).
O sistema penitenciário brasileiro contempla vários tipos de unidades prisionais, sendo a destinação para presos provisórios, denominadas: CDP ou Presídio e a condenados: Penitenciária, Colônia ou similar e Albergue; regimes: fechado, semiaberto e aberto respectivamente. Os conjuntos penais são unidades híbridas, capazes de custodiar internos nos diversos regimes, como também, presos provisórios, ao mesmo tempo (GARCIA, 1982). Atualmente no Brasil as penitenciárias do país se transformaram em verdadeiros depósitos humanos. Superlotação, violência e doenças são alguns itens que marcam o Sistema Prisional no Brasil, descaracterizando assim o verdadeiro sentido para o qual foi criado.
Segundo o IBGE (2016), o Brasil tem a terceira maior populaçao carceraria do mundo com 726 mil presos, diz o levantamento nacional de informaçoes penitenciarias (infopen) de junho de 2016.Ficando atras dos Estados unidos e china. O quarto país é a Rússia. A taxa de presos para cada 100 mil habitantes subiu para 352,6 indivíduos em junho de 2016. Em 2014, era de 306,22 pessoas presas para cada 100 mil habitantes.
GRÁFICO 1 – Pessoas privadas de liberdade no Brasilem junho de 2016
Fonte: Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias - Infopen, Junho/2016. Secretaria Nacional de Segurança Pública, Junho/2016; Fórum Brasileiro de Segurança Pública, dezembro/2015; IBGE, 2016.
Segundo o relatorio do INFOPEN(2016), existiam 726.712 pessoas privadas de liberdade no Brasil, sendo 689.510 pessoas que estão em estabelecimentos administrados pelas Secretarias Estaduais de Administração Prisional e Justiça, o sistema penitenciário estadual; 36.765 pessoas custodiadas em carceragens de delegacias ou outros espaços de custódia administrados pelas Secretarias de Segurança Pública; e 437 pessoas que se encontram nas unidades do Sistema Penitenciário Federal, administradas pelo Departamento Penitenciário Federal. Em relação ao número de vagas, observamos um déficit total de 358.663 mil vagas e uma taxa de ocupação10 média de 197,4% em todo o país, cenário também agravado em relação ao último levantamento.
1.2.1. Os Regimes Prisionais
O Código Penal brasileiro prevê três regimes para a execução da pena privativa de liberdade: fechado, semi-aberto e aberto. Onde o condenado poderá progredir ou regredir de um regime para o outro, dependendo do seu comportamento prisional.
Regime fechado
No regime fechado, o condenado fica completamente isolado do meio social e privado de liberdade física de locomoção, através de seu internamento em estabelecimento penal apropriado.
Regime semi-aberto
No regime semi-aberto o condenado cumpre a pena sem ficar submetido às regras rigorosas do regime fechado. Não são utilizados mecanismos de segurança contra a fuga do condenado. O condenado é obrigado a trabalhar em comum com os demais, no interior do estabelecimento durante o dia, e durante a noite, recolhese à cela individual ou dormitório coletivo
 Regime aberto
O regime aberto é aquele cuja execução “baseia-se na autodisciplina e senso de responsabilidade do condenado”. O condenado cumprirá sua pena privativa de liberdade exercendo durante o dia trabalho externo ao estabelecimento penal, e neste permanecendo durante o repouso noturno e nos dias de folga (art.36, § 1° do CP).
1.3. CRISE NO SISTEMA PRISIONAL
A superlotação devido ao numero elevado de presos, é talvez o mais grave problema envolvendo o sistema penal hoje. As prisões encontram-se abarrotadas, não fornecendo ao preso um mínimo de dignidade. Todos os esforços feitos para a diminuição do problema, não chegaram a nenhum resultado positivo, pois a disparidade entre a capacidade instalada e o número atual de presos tem apenas piorado. Devido à superlotação muitos dormem no chão de suas celas, às vezes no banheiro, próximo a buraco de esgoto. Nos estabelecimentos mais lotados, onde não existe nem lugar no chão, presos dormem amarrados às grades das celas ou pendurados em rede. (CAMARGO, 2006). A crise atingiu também a segurança pública com as superlotações das delegacias e das instituições prisionais. um quadro dramático ou seja: greve dos agentes, superlotação, fugas, rebeliões, e a escassez relacionadas às condições de vida e direitos humanos dos detentos. Pode se considerer possíveis causas da crise do sistema prisional brasileiro como:
1 – efeitos da lei antidrogas;
2- o �xcess de prisoes provisorias (41% aguardam o julgamento preso);
3-uso do regime fechado mesmo quando há penas alternativas;
4- prisoes nao cumprem papel de ressocialização e fortalecem o crime;
5- surpelotacão nas cadeias (BRASIL, 2016).
O sujeito é produto do seu context social, politic e econômico, diante disso, todo moviemnto humano antes de exterirorizar-se, passa por um processo mental dialético de levantamento de hipóteses, objecções favoráveis ou contrárias, portanto quando um sujeito pratica uma ação esta ação tem uma lógica biológica. Se encvontrar nestas diversas situações não garante seus direitos tão pouco sua reiserção na sociedade.
Diante dessa crise, o Ministério da Justiça tomou algumas medidadas anunciou a criação de um Grupo Nacional de Intervenção Penitenciária para atuar dentro dos presídios, em conjunto com as forças policiais estaduais. As medidas sucederam ao anúncio do lançamento do Plano Nacional de Segurança Pública, que começará a ser implementado no dia 15 de fevereiro.
1.4. CONSEQUENCIAS DA CRISE NO SISTEMA PENITENCIARIO
 Essa crise no sistema prisional tem trazido consequencias irreparaveis para toda a sociedade. Em 2017 três episódios que aconteceram denotaram a crise nos presídios brasileiros. No dia 1º de janeiro, pelo menos 60 presos que cumpriam em Manaus (AM) foram mortos durante a rebelião que durou 17 horas. Na mesma semana, houve um tumulto em uma penitenciária em Roraima, onde 33 presos foram mortos. No dia 14, Rio Grande do Norte, pelo menos 26 presos foram mortos em rebelião na Penitenciária Estadual de Alcaçuz.
 A morte desses detentos chamou atenção para a guerra das facções criminosas dentro de presídios brasileiros e expôs a fragilidade do sistema penitenciário nacional. Nas rebeliões, as reivindicações mais solicitadas são: a diminuição da superlotação carcerária; direito a receber visita das crianças/filhos; serviços de saúde – enfermaria; trabalho e possibilidade de remissão de pena; repasse mensal de material higiênico para uso diário; banho de sol duas vezes por semana; melhoria na alimentação; benefícios dos presos que estão com pena vencida, ou seja, a efetivação de seus direitos. Enquanto isso, a resposta oficial chega a ponto de argumentar e justificar que confiná-los em condições humanas é uma proposta dispendiosa.
Lima (1983) nos relata que, o Governo Federal em 1930 constituiu Regimento das Correições com o intuito de reestruturar o regime carcerário, em 1934, iniciou o Fundo e o Selo Penitenciário, com o objetivo de recolher dinheiro e impostos para investir cada vez mais nas prisões. Em 1935, foi criado o Código Penitenciário da República, que teve iniciativa de decretar sobre o ordenamento de todas as dimensões que envolviam a vida do sujeito condenado pela Justiça, em 1940, passou a prevalecer o novo Código Penal. 
Como expõe Lima (1983) apenas duas prisões para mulheres foram criadas, uma vez que, o número de mulheres condenadas ainda era pequeno, ou seja, a crise desmorona todo o Sistema penitenciário, seja para o feminino ou masculino do sistema carcerário.
Holanda (1985) ressalta que o Brasil de certa forma, lentamente estava seguindo por um caminho mais justo, a justiça brasileira foi aos poucos buscando argumentos em benefícios a uma prática punitiva que em primeiro lugar levasse em conta a recuperação moral do condenado que cometeu um ato infracional, uma vez que, o ato foi cometido por escolha do indivíduo, por tanto, deveria ser punido de forma que soubesse do motivo pelo qual lhe fora aplicada determinada pena.
“(...) o seu liberalismo era teórico e, sobretudo, imaginativo feito de distancias como um binóculo, próprio para ver de longe. E o Brasil estava cada vez mais perto, apresentava-lhe um desafio cada vez mais permanente. O Brasil onde a revolução prosseguia o seu curso”. (HOLANDA, 1985, p.396).
 
A autora salienta que era evidente que a punição por meio de um castigo aplicado corretamente e de forma justa com base ao crime cometido, seria um fator fundamental para que o condenado não voltasse a delinquir, e da mesma forma mostrar para toda sociedade que, para todo crime cometido, haveria um castigo, uma resposta do Estado.
 No entanto a pena realizada com trabalhos, exibia uma modernidade punitiva, um grande passo para acabar de vez com as penas de morte, masmorras, torturas, e castigos físicos (HOLANDA, 1985).
Aos poucos, essa prática foi se tornando uma necessidade, naquele momento a Lei, tinha como função, servir como dirigente para uma construção positiva de uma nova nação.
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CAPITULO 2- O PAPEL DO ASSISTENTE SOCIAL NO SISTEMA PENITÊNCIARIO BRASILEIRO 
AS FASES IMPORTANTES DO SERVIÇO SOCIAL NO BRASIL
 O serviço social surge do ideário católico, adotando uma doutrina do movimento partidário,dentro da expansão e secularização do capitalista ligada a caráter de apostolado, ou seja, ligada à igreja católica, que acreditava ser problema moral e religioso visando a formação da família e do indivíduo para a solução dos problemas atendendo as necessidades morais e sociais.
O conservadorismo católico que caracterizou os anos inicias do serviço social brasileiro começa especialmente a partir dos anos 40 a ser tecnificado ao entrar em contado com o serviço social norte americano e suas propostas de trabalho permeados pelo caráter conservador da teoria social positivista (YAZBEK, 2009. p. 4)
 A igreja católica expressava o desejo de lidar de forma conservadora e positivista. Para que possamos entender a representatividade do Serviço Social em tempos atuais é preciso compreender que o legado histórico que a profissão carrega em seu desenvolvimento está diretamente situado nas marcas deixadas do reformismo conservador presentes na contemporaneidade. Para dar respostas aos emergentes impactos das variadas expressões da questão social, a partir das grandes mobilizações da classe operária no desenvolvimento do modo de produção capitalista da década de 1930 surge o Serviço Social Brasileiro articulado aos pensamentos da Igreja Católica tendo por objetivo principal recuperar áreas de influência e privilégios perdidos da relação à Igreja e Estado.
De acordo com Iamamoto (2013), tal relação se expressa abordando a questão social como uma questão moral e religiosa, ao atingir a divisão social do comportamento individual e familiar se consolidando por tradições e preceitos determinados pela igreja. “O Serviço Social adota uma postura doutrinaria e religiosa em sua intervenção profissional” (IAMAMOTO, 2013, p. 21), aponta que “A Igreja deve compartilhar com este a atuação diante da “Questão Social”, na tarefa de recristianização da sociedade através de grupos sociais básicos, especialmente a família. Diante a tal aspecto a análise da nossa profissão compreende-se que a trajetória ampla que as características desse primeiro momento se encontram ainda enraizada na pratica profissional o que se torna parte da integrante configuração da profissão desse momento histórico. Assim, outro marco que atinge nossa profissão foi na década de 1940, o Serviço Social passa a ser tecnificado conforme ampliação do campo de trabalho, o assistente social passa a atuar diretamente com a classe trabalhadora.
O Estado passa a intervir a favor de uma politização favorecedora da Classe dominante, dominando e controlando as configurações da expressão da questão social, legitimando e institucionalizando a atuação profissional mediante suas determinações. Para Iamamoto (2013), na década de 1960 o Serviço Social passa por um questionamento frente a prática profissional, em uma perspectiva voltada para mudanças da intervenção profissional, porém o cenário atual em um contexto voltado para o autoritarismo e subordinação do proletariado. 
A Ditadura Militar de 1964 impões que o Serviço Social se atualizasse na herança conservadora da gênese da profissão, frente a novas estratégias de controle e repressão da classe trabalhadora. Esse contexto aponta que políticas socioassistenciais insere o assistente social como um trabalhador assalariado o integrando como um dos principais autores para colocar em pratica a execução de respostas imediatas para as determinações estatais.
O posicionamento critico que passa a ser assumido nos últimos anos por uma parcela minoritária, embora crescente, de Assistentes Sociais, emerge não apenas de iniciativas individuais, mas como respostas às exigências apresentadas pelo momento histórico. (IAMAMOTO, 2013, p.42-43)
Entre o final de 1950 e começo de 1960 início do movimento de Reconceituação em toda América Latina. A pedagogia emancipatória por meio de uma perspectiva de participação, início da crítica interna do serviço social, um novo caminho da forma de atuação, em contato com a teologia da libertação, Paulo Freire e as comunidades eclesiais de base, início da leitura crítica da profissão e das reais causas dos problemas sociais, diferente da psicologização das relações sociais para a politização das relações sociais (MOTA, 2011). 
Netto (2005), aponta que podemos dizer, que essa renovação crítica do Serviço Social é conhecida também como processo de ruptura do serviço social brasileiro com o profissionalismo com críticas e reflexões a respeito de suas práticas profissionais, nos mostrando os conflitos e contradições com base a nova capacidade de ações ligadas a classe trabalhadora.
Em meados dos anos 1970, a renovação profissional materializada na reconceituação viu-se congelada: seu processo não decorreu por mais de uma década e seu ocaso não se deveu a qualquer esgotamento ou exaurimento imanente; antes, foi produto da brutal repressão que então se abateu sobre o pensamento crítico latino-americano (NETTO, 2005, p. 10).
A ditadura militar que ocorreu no Brasil na década de 1960, interrompeu com o processo de reconceituação do serviço social que já acontecia no país havia dez anos com muito tumulto. No entanto, este período foi a principal causa para a renovação crítica do Serviço Social na década de 80, a recusa dos assistentes sociais foi a maior conquista do movimento em maquiar-se unicamente em agentes técnicos cumpridores da política social.
No entanto, apesar de todo estimulo teórico-político, não poderia deixar de combinar o Serviço Social com um senso crítico dialético, porém, ainda era possível destacar muitos deslizes, deficiências e contestações da profissão nessa com grande importância que no Brasil o choque da reconceituação foi simplesmente especifico.
[...] o deslocamento do “Serviço Social tradicional” por viés desenvolvimentista-modernizante tornou compatível a renovação do Serviço Social com as exigências próprias do projeto ditatorial e permitiu a consolidação de um perfil profissional bastante diverso do tradicionalismo (NETTO, 2005, p. 16)
A ditadura militar ocasionou o endurecimento do conservadorismo no interno da profissão, sendo assim, o agente causador de uma renovação modernizadora da profissão mesmo sendo por uma gestão ditatorial. Facilitou também a necessidade de renovação da classe profissional, iniciando assim, o processo de ruptura profissional, devido as reflexões das tendências por conta da propensão, que na reconceituação focalizava para uma crítica ousada ao tradicionalismo.
Com a volta dos movimentos sociais e operário sindical que voltaram a acontecer entre os anos de 70 a 80, em meio a essa esfera política de desavenças e de enfrentamento pela redemocratização do país, houve favorecimento pelos setores profissionais. De acordo com Netto (2005) o serviço social, impulsionou o processo de ruptura com o tradicionalismo, com participação de alguns assistentes sociais, que passaram a investir tanto na formação acadêmica como na organização da categoria profissional utilizando o método dialético marxista com preparação teórica e metodológica. ” [...] o desenvolvimento de uma perspectiva crítica, tanto teórica quanto prática, que se constituiu a partir do espírito próprio da reconceituação. Não se tratou de uma simples continuidade das ideias reconceituadas (NETTO, 2005, p.17)
Assim, o progresso de ruptura só foi possível devido as várias falhas políticas que, nos anos antecedentes, a ditadura militar decorria de infinitas dificuldades políticas, para que assim o movimento então acontecesse ressalta-se que esse pensamento não era predominante, uma vez que, na época, ainda existia muitos profissionais atuando com pensamentos conservadores, diga-se de passagem, infelizmente, isso ocorre ainda nos dias atuais.
1.2. A construção da Ética para a Prática Profissional 
. Na trajetória histórica da profissão assistente social sempre procurou relacionar teoria prática e romper com a compreensão de predominância da prática sobre a teoria, buscando inserir a prática não como praticismo nem vendo a profissão apenas comouma aplicadora de conhecimentos, mas sim entendendo sua prática no conjunto da vida social, não aceitando e não assumindo, assim, uma prática imediatista. 
A prática profissional é medida não apenas pelo fazer cotidiano, mas também pelas determinações históricas, assim como um trabalho concreto de valor social, orientadas por conhecimento e princípios éticos. Faz-se necessário introduzir as competências profissionais enquanto habilidades fundamentais para a garantia de qualificação profissional. A competência da prática do assistente social se constrói dentro do contexto no qual está inserida sua atuação e sempre buscam assistente social competente e preocupado com a ampliação de seus direitos sociais universais e contra as desigualdades.
Para Souza; Azevedo (2003),
“A competência é uma construção do sujeito que trabalha numa relação com o contexto no qual estão inseridos nas relações de poder que ainda estão postas fica claro que não é somente necessário à qualificação adquirida na formação teórica metodológica e técnicas, mas algo que está para além talvez legado as capacidades que mexem de uma situação particular de trabalho” (Souza; Azevedo, 2003, p.10).
 
As atuações profissionais são processos de configuração da profissão em sua construção se origina na realidade social concreta, nas relações sociais, nas necessidades e nas expectativas e práticas determinadas, na reconfiguração de tais necessidades na elaboração de novas relações. Então, o assistente social se depara com as multiplicidades de diversidades sociais em função espaço sócio ocupacional em que atua. Nesse sentido, cabe a este profissional contemporâneo está informado e ser:
[...] Crítico e proativo, positivo que após o protagonismo dos sujeitos sociais, mas também um profissional versátil no instrumental técnico operativo capaz de realizar nossos profissionais aos níveis de assessoria planejamento negociação pesquise ação direta e simuladores dá participação dos usuários na formulação gestão e avaliação de programas e serviços sociais de qualidade (IAMAMOTO, 2009, p. 144). 
 
Contudo, pode-se afirmar que a competência profissional perpassa pela formação e pelas práticas institucionais cotidianas, no qual o profissional deve ter domínio das suas competências, lembrando que essas dimensões de competências necessitam estar unidos na atuação, pois trabalhar teoria e prática, ainda é desafiador para o profissional. 
O ético-político, oferta ao do assistente social poder, não adotando postura nem permeia ações de neutralidade, mas sim tem intervenção que estejam subsidiárias por posicionamento ético-político, uma vez que a prática do assistente social perpassa as relações de poder de forças sociais, exigindo do profissional compreensão e posicionamento frente à realidade social. A ação profissional tem seus basilares éticos-morais expressa no código de ética profissional do assistente social (Resolução CFAS nº 273/1993), que evidencia a postura profissional frente à especificidade da sua intervenção. Já na Competência teórica metodológica o saber profissional deve traçar caminhos que permitam ao assistente social aprender a reconhecer, na realidade social, a particularidade da sua intervenção, pautando o seu conhecimento para além da prática empírica e pelas matrizes teórico-metodológicas do serviço social que permitam o profissional traduzir e construir novas possibilidades profissionais. E utiliza a Competência técnico-operativo, para realizar sua prática interventiva contíguo à população que utiliza seus serviços, o assistente social, devido à particularidade de muitas vezes a emergencialidade do cotidiano profissional, necessita, precisa desenvolver estratégias e capacidades técnicas que lhe permitam efetivar sua prática profissional.
Iamamoto (2009) descreve,
“O exercício da profissão exige um sujeito profissional que tenha competência para propor, para negociar com a instituição os seus projetos, para defender o seu campo de trabalho e suas qualificações e atribuições profissionais requer além das Cortinas institucionais para buscar aprender no movimento da realidade as tendências e possibilidades ali presentes passíveis de serem apropriados pelos profissionais desenvolvidas e transformadas em projetos de trabalho” (IAMAMOTO, 2009, p.25).
O Serviço Social como profissão intervém no âmbito de políticas sócio assistenciais, na esfera pública ou privada, desenvolvendo tanto atividades que envolvam abordagem direta com a população como; “entrevistas, atendimentos de plantão social, visita domiciliar, orientações, encaminhamentos, reuniões, trabalhos com indivíduos, famílias, grupos, comunidades, ações de educação e organização popular” (YASBEK,2004, p.14).
Refletir sobre as questões relativas a família e sempre algo bastante instigante e o mesmo tempo complexo, implica perceber que todos têm alguma referência de família, mas que essa não é o suficiente para que possamos atua nos diferentes universos familiares, para tanto é necessário conhecimento e o aprofundamento e estudos teóricos e metodológicos nos permitam maior embasamento para nossas intervenções, “A família continua sendo a mediação entre o indivíduo e a sociedade” (SARTI, 2004, p.18).
A atuação profissional está condicionada ao momento histórico em que ela é desenvolvida, assim, é importante ter compreensão de que a questão social é complexa e heterogênea e que o assistente social, a partir de sua intervenção, deve localizar o lugar ocupado pelos instrumentos de trabalho utilizados em sua prática. É uma profissão que nasce unida ao projeto de hegemonia do poder burguês, como uma dominante estratégia de controle social, com a intensão de servir e junto com outras ilusões originadas do capitalismo, na garantia de efetivar e permanecer na história. 
1.3. Pratica do Assistente Social no espaço prisional
Diante da trajetória histórica do Serviço Social observa-se que a inserção da profissão no âmbito sócio jurídico adota em sua pratica, de início, como em todos os campos de atuação profissional, com influencias da Igreja católica dessa forma a intervenção profissional aborda o cunho caritativo e assistencialista, o campo sociojuridico por exemplo é um dos primeiros campos de atuação dos assistentes sociais no âmbito público, frente ao agravamento das questões relacionadas a infância e a criação dos juizados de menores a profissão é incorporada as instituições com o objetivo estratégico de manter o controle e a ordem do Estado no enfrentamento desse grave problema nos espaços urbanos.
Yazbek (2009), relata que ao longo de seu desenvolvimento o Serviço Social se materializa em diversas dimensões a atuação no campo sociojuridico insere o assistente social nos tribunais de justiça, ministérios públicos, nas instituições de cumprimento de medidas socioeducativas, acolhimento institucional, entre outras que caracteriza a pratica profissional operacionalizada no acesso aos direitos e analise voltada aos problemas sociais enfrentados pelos sujeitos no seu cotidiano profissional e sua relação com a justiça. 
[...] a aprovação da Lei de Execuções Penais (LEP) em 1984, também provocou o serviço social a desenvolver produções sobre a inserção profissional no âmbito do sistema penitenciário. Isso, porque a nova lei, em muitos aspectos, descaracterizou elementos que haviam se consolidado na trajetória do exercício profissional nessas instituições. Práticas que, mesmo historicamente desenvolvidas na perspectiva de reforçar as dimensões disciplinadoras e moralizantes, ganharam novos contornos com as prerrogativas presentes na LEP (CFESS, 2014, p. 13)
Diante a uma análise preliminar, o cotidiano dos assistentes sociais na sistema penitenciário, ponderou alguns aspectos, que julgamos fundamentais para um melhor entendimento do serviço destes profissionais como sabemos, o assistente social é um profissional de caráter transformador. Trabalhaconstantemente, no sistema penitenciário, presenciando violações dos direitos humanos. É nesta perspectiva, que ele necessita estar compromissado com o projeto ético-político da profissão para que sua atuação não seja inútil, de pouca efetividade.
A superlotação nos presídios é de conhecimento do poder público, porém essa população carcerária vem aumentando e não há presídios o suficiente para atender à demanda de condenados, promovendo um insulto aos direitos fundamentais, a exemplo no que diz o Art. 5º XLIX da Constituição Federal de 1988, que assegura aos presos respeito à integridade física e moral. Bem como, não deixando de citar a dignidade da pessoa humana (Constituição Federal 1988, Art. 1º, III) como um dos princípios fundamentais da Constituição Brasileira. O sistema prisional brasileiro pode ser caracterizado, a princípio, como o espaço de cumprimento de pena e disposições de sentença. Este engloba a execução penal, que, no Brasil, se associa à chamada ‘política de ressocialização’
O sistema prisional brasileiro pode ser caracterizado, a princípio, como o espaço de cumprimento de pena e disposições de sentença. Este engloba a execução penal, que, no Brasil, se associa à chamada ‘política de ressocialização’. A referida política possui como instrumento heurístico de sua implementação a Lei de Execução Penal, e como principal instituição de sua promoção, o Ministério da Justiça, por meio do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), que operam em duas dimensões de gestão, a federal e das unidades federativas (CFESS, 2014, p.64).
No entanto, na prática observamos que as condições físicas e de higiene em muitos presídios brasileiros é degradante. Há então, uma discrepância na finalidade deste sistema. Como transformar um indivíduo, respeitando sua dignidade, em ambiente insalubre? É neste contexto que a prática do assistente social é imprescindível nesta área, pois, se em muitas ocasiões as pessoas em liberdade já possuem dificuldade em ter acesso à determinadas políticas públicas e direitos sociais básicos, é de se imaginar que as pessoas presas possuem uma dificuldade muito maior, dependendo quase que exclusivamente da ação do governo.
Sendo assim, tendo como seu maior empregador o Estado, o assistente social deve ser competente e habilitado para atuar na mediação das correlações de força impostas na realidade social e além do mais, administrar também o relacionamento entre as apenadas o assistente social, defende e preserva os direitos sociais não interrompidos pela privação da liberdade das apenadas, e ainda é preciso trabalhar também com divergências de personalidades, dificuldades de relacionamento e de harmonia dentro do estabelecimento penal justamente para preservar o direito à saúde de todas.
Mesmo após a reformulação teórica e metodológica da profissão na década de 60, o desafio contemporâneo para os assistentes sociais é romper com a visão focalista da profissão, que não considera o desenvolvimento das classes sociais tampouco as relações entre Estado e sociedade, tornando-se apenas um profissional executor de tarefas, que não faz análise de conjuntura, que não propõe intervenções criativas e propositivas (IAMAMOTO,2015)
O exercício da prática do assistente social no sistema prenitenciário exige que este profissional domine a amplitude de seus deveres como profissional e tenha habilidade de fazê-lo, nas mais diversas áreas dentro do estabelecimento penal, para que tenha acesso total e irrestrito a informações sobre os detentos e consequentemente poder defendê-los, quanto aos seus direitos. Na prática profissional do assistente social nos estabelecimentos penais se pauta pelo Manual de Procedimentos do assistente social, pelas Portarias expedidas pelo DEPEN e pelo Caderno do DEPEN, que estabelecem normas para a execução dos trabalhos dentro das unidades penais. 
Dentre as atribuições do Serviço Social estão à realização da entrevista de triagem, contatos familiares, investigação de afinidade, confecção da credencial de visitas dos familiares, encaminhamentos para confecção do documento do preso e seus familiares, atendimentos para orientações e esclarecimentos, participação das reuniões de CTC, participação nas reuniões do Conselho Disciplinar (CD) , a organização da assistência religiosa, a organização e execução das atividades desportivas e recreativas dos presos às atribuições especificas do serviço social, considera-se que dentro das possibilidades, os profissionais têm alcançado os objetivos propostos.
Ser um profissional criativo, no sentido de “desenvolver sua capacidade de decifrar a realidade e construir propostas de trabalho criativas e capazes de preservar direitos, a partir de demandas emergentes no cotidiano”, como aponta Iamamoto (1998, p. 20), evitando permanecer somente como executor de tarefas e determinações, é o desafio permanente que se propõe aos profissionais assistentes sociais” (CFESS, 2008, p. 27). 
As exigências profissionais colocadas no rotineiro ambiente de trabalho, percebe-se que o grande desafio dos assistentes sociais na contemporaneidade é desenvolver propostas que sejam capazes de garantir a concretização de direitos sociais da população usuária. O assistente social deve possuir ou desenvolver certas qualidades e habilidades entre eles que se destacam:
Capacidade de “observação”, vinculada também ao “desenvolvimento dos sentidos”. 
Capacidade de escuta, através da qual se visualiza claramente a tensão existente entre os dois mandatos principais da tarefa penitenciária: a vigilância, por um lado, e os cuidados pelo outro. 
Nesse sentido, a escuta se apresenta como uma ferramenta para a prevenção de conflitos. Esta tensão entre a capacidade de empatia, de estabelecer relações de confiança com a população reclusa, e, ao mesmo tempo, estar alerta e vigilante para manter sempre o controle das situações, se vincula ao seguinte grupo de habilidades destacadas pelos participantes dos encontros: discernimento, senso comum e razoamento as habilidades fazem referência à heterogeneidade de situações que os funcionários devem enfrentar e resolver no dia a dia. 
 As ações propostas pela instituição aos/às assistentes sociais condizem com sua formação ou são de sua competência, algumas, inclusive, podem se mostrar opostas aos fundamentos da ética profissional. Nesse sentido, se bem a normativa é compreendida como uma guia para orientar as ações, frequentemente não é suficientemente ampla ou exaustiva para indicar como proceder diante de cada caso os assistentes sociais que atuam no sistema penitenciário.
São trabalhos exaustivos e certa forma repetitivos, que normalmente não produzem os resultados esperados, não por falta de dedicação do assistente social, mas, por muitos outros motivos inúmeros os serviços requeridos dos assistentes sociais que visam facilitar a obtenção dos direitos das apenadas, tanto aqueles do ambiente interno da penitenciária, como também todos os outros do ambiente externo, principalmente no que se refere aos vínculos familiares, bem como, aqueles relacionados às entidades governamentais. Dentre os principais serviços realizados pelos assistentes sociais na penitenciária destaca- se:
Atendimento individualizado à reeducanda, constituindo o prontuário de Atendimento Social; 
 Orientar a apenada quanto:
Direitos e Deveres - Conforme o regimento interno da penitenciária. 
Acompanhar a apenada às instituições cujos atendimentos requeiram acompanhamento profissional; (recebimento de benefícios, Cartórios, Hospitais, bancos, etc);
Dessa forma o impedimento para os profissionais envolvidos com a defesa dos direitos humanos no sistema penitenciário, está incluso a um contexto exclusivamente burocrático no âmbito do sistema penitenciário, testemunha simultaneamente a retenções da sua intervenção e inúmeras situações de violações dos direitos das apenadas o engajamento dos assistentes sociais no campo do cumprimento Penal  e atestar os direitos humanos dos internos por meio de umaação voltada para independência humana e que sobrelevem este sistema como controle social e pungente. Neste enquadramento, a atuação dos assistentes sociais na área sociojurídico é penetrada por muitos conflitos e demarcações. Torres acrescenta que:
O Serviço Social, como profissão que intervém no conjunto das relações sociais e nas expressões da questão social, enfrenta hoje no campo do sistema penitenciário, determinações tradicionais às suas atribuições, que não consideram os avanços da profissão no Brasil e o compromisso ético e político dos profissionais frente à população e as violações dos direitos humanos que são cometidas” (TORRES 2001, p.91).
Percebe- se que a partir das narrações estudada foi que a ação profissional é restringida, devido a complexibilidade do sistema ao qual está inserido, o que deixa imputa da burocracia institucional na qual está submergido. Assim, Torres (2014) acrescenta que “no sistema prisional o Serviço Social vem exercendo práticas que causem, muitas vezes conflitos éticos políticos” (TORRES, 2014, p.128).  Aliado a isso, estão a falta de recursos físico, materiais e humanos que deem suporte a integralidade de ações em prol dos direitos humanos, o que entra em desacordo com o previsto no Código de Ética em seu artigo 7º é direito do assistente social “dispor de condições de trabalho condignas seja em entidade pública ou privada, de forma a garantir a qualidade do profissional”.
Defronte a desta realidade, as incumbências dos assistentes sociais nos sistemas prisionais têm sido nas de elaboração de laudos e ao atendimento das demandas da instituição. Assim, Souza (2014), chama atenção quando coloca os dilemas destes profissionais, considerando que “o cotidiano destas instituições está impregnado da necessidade social de produção de práticas punitivas, em que medida os profissionais de Serviço Social estão corroborando essas práticas, a partir do seu saber e do conjunto de ações que desenvolvem no campo jurídico” (SOUZA, 2014, p.46).
Compreende-se, que o estado brasileiro tem amplos desenvolvimentos para cumprimento da garantia dos direitos dos cidadãos, até mesmo para os que estão em sistema prisional, a exemplo do profissional do Serviço Social, têm a Lei de Regulamentação Profissional que assegura sua prática profissional diante desta realidade, bem como o mesmo dentro do sistema prisional, possuem suas atribuições definidas na Lei de Execução Penal. Ressaltando que com vinculo aos direitos dos apenados a LEP teve melhorias consideráveis, mas não na pratica prisional, os desrespeitos dos direitos dos apenados são constantes, a atuação do profissional do assistente social nas unidades prisionais, são relatados casos em que a equipe do Serviço Social se envolvem em situações explícitas de violação aos seus direitos de cidadania, descrevem as más condições das celas escuras, pequenas, sem colchão, sem cama, o desrespeito a seus familiares tratamento desumano, criminalização da família, visitantes impedidos de visitar os apenados sem nenhum critério legal (PIMENTEL, 2008). 
 As questões relativas ao direito dos apenados surgem como demanda de trabalho do Serviço Social, essa prática é institucionalizada por lei (art. 23, da Lei de Execução Penal). Torres (2001, p.89) acrescentam que “a defesa dos direitos humanos no campo profissional remete à questão ética, pois esta é parte integrante do sujeito social, sendo também componente de sua atividade profissional”. Vale sublinhar, tomando como parâmetro o Código de Ética Profissional que em seu artigo 13º (b) prevê como dever do assistente social.
Denunciar, no exercício da Profissão, às entidades de organização da categoria, às autoridades e aos órgãos competentes, casos de violação da Lei e dos Direitos Humanos, quanto a: corrupção, maus tratos, torturas, ausência de condições mínimas de sobrevivência, discriminação, preconceito, abuso de autoridade individual e institucional, qualquer forma de agressão ou falta de respeito à integridade física, social e mental do cidadão (CFESS, 2005-2008, p.23).
 
Sobre outras locuções, as delações devem efetuadas com comprometimento e ético para que a imagem dos apenados e desses profissionais seja preservada. Ademais, o Código de Ética Profissional em seu art. 15, aponta como direito do assistente social manter o sigilo profissional, uma vez que o art. 16 acrescenta que o sigilo protegerá o usuário em tudo aquilo de que o assistente social tome conhecimento, como decorrência do exercício da atividade profissional o Serviço Social no âmbito prisional é de suma importante para o andamento de modificações no sistema prisional, pois os mesmos atende as necessidades e os direitos de cidadania dos apenados. Este profissional tem como finalidade, a garantia dos direitos dos encarcerados o assistente social, assim como assegurar os direitos humanos e sociais, mesmo aqueles que infringiram a lei. 
Para este feito, o profissional utiliza várias ferramentas, tais como: entrevistas, levantamentos de recursos, visitas domiciliares, encaminhamentos entre outros, considerando que esses instrumentos são úteis para o conhecimento da realidade social, da demanda social, e para um atendimento e intervenção eficaz, tendo em vista que o trabalho do assistente social está voltado para a intervenção nas diferentes manifestações da questão social com vistas a contribuir com a redução das desigualdades e injustiça sociais.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Na elaboração deste trabalho foi possível compreender que o assistente social se encontra diariamente sob obstáculos na demanda das apenadas e familiares contribuindo na garantia ao acesso as formas de assistências e de proteção, promovidas pelo sistema prisional, como a assistência a educação, saúde, previdência, jurídica e social, na finalidade de melhoria da qualidade de vida das detentas.
Percebeu-se que existem dificuldade na atuação profissional, com a insuficiência de recursos humanos, ou seja, enfrentando um índice grande de redução de profissionais do Serviço Social para o atendimento da constante demanda, assim como a ausência de autonomia no fazer profissional, foi possível com este trabalho observar que os assistentes sociais no sistema prisional são constantemente desafiados, pois não se entregam ao tradicional, ao conformismo, exercendo sua função segundo seu código de ética, para solucionar as questões internas e familiares conforme a lei.
Neste contexto, afirma-se que é de suma importância a atuação do assistente social na vida das detentas e junto à instituição prisional. Os profissionais do Serviço Social dentro do sistema prisional, trabalha com diferentes histórias de vida, conhecendo seus temores e fragilidades que vivenciam uma outra realidade por fazerem parte de uma sociedade de desigualdade e injustiça, na busca da garantia de seus direitos. Foi possível a reflexão para o universal entendimento da centralidade nas ações profissionais do Serviço Social diante dos direitos das detentas e familiares, principalmente, através de informações e orientações que possibilitassem aos sujeitos o reconhecimento e compreensão da sua realidade no acesso aos direitos, emancipação e cidadania. Foi observado que as ações profissionais compartilhavam dos princípios do Código de Ética do Assistente Social, relacionando com a importância do reconhecimento de que tais benefícios e atendimentos deveriam ser garantidos, não sendo mais do que obrigação do Estado, os usuários passaram a entender os serviços através da concepção de direitos do cidadão que cumpre o disposto pela Lei Orgânica de Assistência Social. Conclui-se que a ação que possibilita uma intervenção concreta do assistente social no cotidiano de suas demandas justificando a ocupação dos espaços públicos e democráticos, revela a amplitude de acesso aos serviços e direitos democraticamente. 
Não há dúvidas quanto à relevância e importância do trabalho realizado pelo assistente social para a consolidação dos direitos sociais e implantação das políticas públicas,e que para realizar um atendimento, por mais simples que possa parecer a atividade e os meios utilizados, o assistente social necessita conhecer não apenas o funcionamento da instituição que trabalha, mas a lógica da funcionamento de outras instituições públicas e privadas que envolvam e se apresentem como um meio de viabilizar o atendimento das necessidades da população e que extrapolam a capacidade de atendimento exclusivo do sistema prisional. Assim, pode-se afirmar que o assistente social se insere, no interior do processo de trabalho, como agente de intervenção nos diversos níveis da Proteção Social Básica e a Consolidação das políticas públicas, na garantia dos direitos das detentas.
Por fim, conclui-se que o assistente social que atua no sistema prisional necessita se redescobrir diariamente, dominar seu espaço, ter autonomia profissional e trabalho especializado, pode-se afirmar que a profissão do Serviço Social tem historicamente uma trajetória dinâmica, uma trajetória que atribui a identidade profissional conquistada pela categoria, na atuação profissional que reestruturou-se conforme seu amadurecimento e sua compreensão da realidade social em que estava inserida. A ruptura com os padrões conservadores ditados pela classe dominante, e o compromisso com a classe trabalhadora, proporcionou à profissão a elaboração de um documento, onde se encontra explicitada nos onze princípios fundamentais do Código de Ética profissional do Serviço Social. pautado nos valores de liberdade, democracia, justiça social, respeito e defesa das minorias.
Essa opção pela ética e por uma postura política comprometida com o combate à desigualdade construiu uma identidade profissional respeitada, requisitada e necessária às diversas políticas públicas sociais implementadas pelos governos em todas as áreas e esferas governamentais. Abriu-se um leque de possibilidades de atuação. Por ser um problema social, antigo, grave, delicado e perverso, essa intervenção exige do profissional uma orientação ética que eleja: a democracia e a luta por uma igualdade, são necessárias, ao profissional assistente social, descobrir alternativas e possibilidades para uma atuação que enfrente todos os desafios desta demanda.
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ANEXO 1

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