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Recurso de Apelação Penal

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9/25/2018
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1. RECURSO DE APELAÇÃO EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ... VARA
CRIMINAL DA COMARCA DE... Processo-crime n. ... ELIETE, já qualificada nos autos do processo-crime em
epígrafe, que lhe move o Ministério Público, por seu advogado que esta subscreve, conforme procuração anexa
(documento...), não se conformando com a respeitável decisão de folhas..., que a condenou a uma pena de 2 anos
e 6 meses de reclusão (folhas...), vem, respeitosamente à presença de Vossa Excelência interpor o presente
RECURSO DE APELAÇÃO, com fundamento no artigo 593, I, do Código de Processo Penal. Requer, outrossim,
seja recebido e processado o presente recurso, bem como remetido ao Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de
São Paulo. Termos em que, Pede deferimento. (local, data) _________________________ Advogado – OAB/...
n. ... RAZÕES DE RECURSO DE APELAÇÃO Apelante: ELIETE Apelada: JUSTIÇA PÚBLICA Autos n. Egrégio
Tribunal de Justiça Colenda Câmara; Doutos Desembargadores; A respeitável decisão proferida pelo ilustre
Magistrado a quo, data venia, deve ser reformada, pelas razões que passará a expor. . DOS FATOS A recorrente,
em dezembro de 2009 foi condenada a uma pena de 2 anos de reclusão pela suposta prática do crime de furto
qualificado pelo abuso de confiança, previsto no art. 155, § 2.°, IV, do Código Penal. Segundo a acusação, a
apelante teria se valido da condição de empregada, saliente-se, recém contratada, para subtrair de seu patrão,
presidente da maior empresa do Brasil no segmento de venda de alimentos no varejo, a ínfima quantia de R$
50,00 (cinquenta reais). Interpôs, exclusivamente, recurso mediante o Tribunal, o qual deu provimento ao recurso
e determinou a anulação da ação penal em razão de cerceamento de defesa. Novamente realizada a instrução
criminal e mesmo após restar comprovado que a apelante havia sido contratada pela suposta vítima há apenas
uma semana, bem como que os rendimentos da suposta vítima giravam em torno de R$ 50.000,00 (cinquenta mil
reais) mensais, o Magistrado entendeu por bem proferir nova sentença penal condenatória. Ocorre que a nova
sentença, proferida em fevereiro de 2011, impôs uma pena de 2 anos e 6 meses de reclusão, afirmando que
estariam presentes circunstâncias judiciais desfavoráveis, alegando se tratar de fato grave, o abuso de confiança.
DO DIREITO A sentença condenatória proferida contra a recorrente não pode prosperar, conforme passará a
expor. PRELIMINARMENTE Deve-se ressaltar, de forma preliminar, que está extinta a punibilidade da apelante,
em razão da prescrição da pretensão punitiva, na forma do art. 107, IV, do Código de Processo Penal. A segunda
sentença condenatória proferida contra a recorrente violou o princípio da proibição da reformatio in pejus indireta,
o que impede de prevalecer a quantidade de pena imposta. Não se pode ignorar que o recurso interposto contra a
primeira sentença condenatória foi exclusivo da defesa, eis que para a acusação não recorreu, deixando transitar
em julgado para si. Desta forma, no julgamento de recurso exclusivo da defesa, a pena imposta não pode ser
majorada, ainda que em novo julgamento, realizado após anulação. No caso em tela, foi exatamente o que
ocorreu: reformatio in pejus indireta. A primeira sentença foi anulada e em nova sentença o ilustre Magistrado
majorou, de forma absolutamente incorreta e proibida, a pena imposta na nova sentença. Desta forma, deve-se
considerar como válida a pena imposta na primeira sentença, qual seja, 2 anos de reclusão. E em se considerando
tal pena como imposta na nova condenação, resta prescrita a ação penal. De acordo com o art. 109, V, do Código
Penal, uma pena de 2 anos prescreve em 4 anos. Levando-se em conta que a denúncia foi recebida em 12-1-2007
e a sentença válida foi prolatada em 9-2-2011. Percebe-se um lapso temporal superior a 4 anos no período em
questão. Prescrita, portanto, a ação penal. MÉRITO Caso Vossas Excelências não entendam pela extinção da
punibilidade, o que se admite apenas por argumentar, no mérito, padece a questão de falta de justa causa,
conforme segue. Em primeiro lugar, imperioso ressaltar que não está presente a tipicidade material
(compreendida, nesse caso, como a possibilidade da ação lesar ou colocar em risco o bem juridicamente tutelado)
no crime em questão, face a existência do princípio da insignificância. O valor supostamente furtado pela
recorrente teria sido de R$ 50,00. Segundo a acusação, a suposta vítima é um dos empresários mais ricos do país.
Desta forma, não houve lesão nenhuma ao seu patrimônio. Desta forma, trata-se de fato atípico, devendo a
apelante ser absolvida, nos termos do art. 386, III do Código de Processo Penal. Ainda, caso Vossas Excelências
não entendam pela absolvição da recorrente, apenas por amor ao debate, há que se argumentar acerca da
qualificadora imposta na condenação. Não existiu em nenhum momento o abuso de confiança, pois a apelante
havia sido contratada há apenas uma semana antes do ocorrido. Desta forma, deve ser desconsiderada a
qualificadora. Ademais, tratando-se de valor irrisório, face o patrimônio da suposta vítima, deve-se mencionar a
possibilidade de reconhecimento da figura privilegiada, nos termos do art. 155, § 2.°, do Código Penal,
substituindo-se a sanção aplicada por multa. Por fim, há que se argumentar também acerca do aumento de pena,
em razão de circunstâncias judiciais desfavoráveis. Da forma como colocado pelo Magistrado, resta claro o bis in
idem, pois o crime já foi considerado qualificado pelo abuso de confiança, não podendo tal questão ser utilizada
também para majorar a pena. Desta forma, pode-se afirmar que a decisão condenatória contra o recorrente não
deve prevalecer da forma como foi proferida. DO PEDIDO Diante do exposto, requer seja dado provimento ao
presente recurso para reformar a decisão recorrida, reconhecendo a extinção da punibilidade pela prescrição da
pretensão punitiva, nos moldes do art. 107, IV, do Código Penal. Caso não seja este o Vosso entendimento, requer
seja a apelante absolvida, nos moldes do art. 386, III, do Código de Processo Penal. Ainda, caso esta Colenda
Câmara não entenda pela absolvição, requer o afastamento da qualificadora e o reconhecimento da figura
privilegiada, substituindo-se a pena privativa de liberdade pela de multa, por ser medida de justiça. (local, data) 
_________________________ Advogado – OAB/... n. ...

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