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MM JUIZO DE DIREITO DO 16º JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL DA BARRA DA TIJUCA, COMARCA DA CAPITAL DO RIO DE JANEIRO -RJ. Processo nº : 0025431-25.2019.8.19.0209. ELISANGELA DA SILVA OLIVEIRA E OUTRO, brasileira, contadora, portadora da carteira de identidade nº 131.840.22.5, expedida pelo IFP/RJ, inscrito no CPF sob o nº 077.205.697-84, domiciliada na rua José Mahfud, nº 20, casa 27, Vargem Pequena, Rio de Janeiro, RJ, CEP: 22783-395, e MARCIO VIDAL MORAES, brasileiro, casado, motorista de taxi, portador da cédula de identidade nº 06.738.101-2, expedida pelo DETRAN-RJ, e inscrito no CPF sob o nº 968.933.547-20, residente e domiciliada na rua Paulo José Mahfud nº 20, casa 13 A, Vargem Pequena, Rio de Janeiro, RJ, CEP 22783-395 por seu advogado, que esta subscreve (procuração anexa), com escritório profissional nesta Comarca, na Avenida Almirante Júlio de Sá Bierrenbach, no 65, bloco 02, sala 201, Barra da Tijuca, RJ, CEP no 25.775-028., à presença de Vossa Excelência, ofertar suas CONTRARRAZÕES ao recurso consubstanciado nas razões anexas, requerendo o normal processamento da presente e posterior remessa ao tribunal ad quem. Termos em que, pede deferimento. Rio de Janeiro, 08 de dezembro de 2019. JULIANO AUGUSTO RODRIGUES ADVOGADO OAB/RJ: 120.910 CONTRARRAZÕES DE APELAÇÃO APELANTE: MARTA WADA BAPTISTA APELADOS: ELISANGELA DA SILVA OLIVEIRA E OUTRO Processo nº: 0025431-25.2019.8.19.0209. ORIGEM: JUIZADO ESPECIAL DA BARRA Egrégio Tribunal, Colenda Câmara, Nobres Julgadores. Cuida-se de apelação interposta pela apelante, não se conformando com a r. sentença proferida às fls 121, se tratando de processo físico e index 163 nos autos digitalizados, que: Crime para o qual a lei prevê ação penal privada. Em que pese a promoção de fls 113 entender que a peça de fls 63/73 trata-se de queixa-crime, ouso discordar. Em sede de Direito Penal e Processual Penal, justifica-se o rigor formal exigido pois temos em jogo o direito de liberdade, bem jurídico indisponível e que merece a maior proteção estatal. Ademais, qualquer interpretação deve ser em benefíco do réu, não se admitindo analogia in malam partem. Com efeito, a peça apresentada recebeu o nome de representação criminal, não parecendo correto ao magistrado inferir se houve equívoco ou erro por desconhecimento. Ante o exposto, JULGO EXTINTA A PUNIBILIDADE DO AUTOR DO FATO, com fulcro no art. 107,IV do CP. Sem custas. Após o trânsito em julgado, dê-se baixa na distribuição, anote-se, comunique-se e arquive-se. P.R.I. e cumpra-se. II. DO MÉRITO Estamos diante de um tema eminentemente técnico, que incide diretamente sobre o rigor e as formalidades do direito penal, onde apelante, em erro crasso, apresentou uma representação criminal em um crime de ação penal privada, quando na verdade deveria apresentar uma queixa-crime como comanda o CPP em seu art. 41. Ora, longe de querer aqui exercer magistério, mas por amor ao debate, temos que a queixa-crime é a peça inicial da ação privada, corresponde a denúncia, enquanto que a representação refere-se aos crimes de ação pública condicionada e funciona como elemento autorizador para o oferecimento de denúncia a ser realizado pelo Ministério Público. Sendo assim, como bem assentou o magistrado a quo afirmando que “qualquer interpretação deve ser em benefíco do réu, não se admitindo analogia in malam partem. Com efeito, a peça apresentada recebeu o nome de representação criminal, não parecendo correto ao magistrado inferir se houve equívoco ou erro por desconhecimento.” Dessa forma orienta a jurisprudência: ACAO PENAL PRIVADA. QUEIXA CRIME. DECADENCIA. EXTINCAO DA PUNIBILIDADE. CONSELHO RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS SEGUNDA TURMA RECURSAL CRIMINAL APELAÇÃO nº 0068716 57.2012.8.19.0001 APELANTE: PAULO SERGIO DA MOTTA GONÇALVES LISBOA APELADO: CARMEN MAURICIO GIL E NINA MARIA DE SOUZA MARTINS RELATÓRIO: Trata o presente de recurso de apelação interposto pelo querelante contra sentença que declarou extinta a punibilidade, com fulcro no art. 107, IV, do Código Penal, tendo em vista a ocorrência da decadência, conforme folha 42, da lavra do Juízo do I Juizado Especial Criminal da Comarca da Capital/RJ (Botafogo). O apelante, em suas razões recursais alega, em apertada síntese, às folhas 44/46, que foi feita a representação, ou se preferível pelo princípio da fungibilidade, queixa crime, que foi devidamente protocolada no dia 01/11/2011, na Delegacia Policial; que o art. 39, do Código de Processo Penal autoriza que a representação possa ser encaminhada à autoridade policial por escrito ou de modo oral; que a representação atende aos requisitos do art. 41, do Código de Processo Penal, possibilitando o exercício da ampla defesa e do contraditório; que não seria necessária a apresentação de não; que não houve decadência no direito de representação ou queixa, conforme artigos 24 e 39, do Código de Processo Penal; que, ao final, requereu a reforma da decisão para que se reconheça a inexistência da decadência. As apeladas ofereceram contrarrazões, às folhas 53/56, em que pugnam pela manutenção da sentença, pleiteando, inicialmente, a impugnação da gratuidade de justiça; que o recorrente não especificou o recurso que pretendia interpor; que o apelante equivocou se ao entender que a ação penal é pública condicionada; que o apelante desconhece a matéria, não distinguindo crimes contra a honra, de ação privada, dos crimes de ação penal pública condicionada; que em razão do exposto ocorreu a decadência. O Ministério Público, perante o Juizado de origem, opinou pela manutenção da sentença, às folhas 57/58, frisando que os crimes objeto de apuração são de ação penal privada (artigos 138 e 140, caput, do Código Penal); que o prazo para oferecimento da queixa crime é de 6 (seis) meses, na forma do artigo 38 do Código de Processo Penal, contado do dia em que o ofendido vier a saber quem é o autor do crime; que transcorreu prazo superior ao citado sem que fosse ofertada peça acusatória, ocorrendo assim a decadência do direito de ação. Parecer do Ministério Público nesta Turma Recursal, às folhas 60/62, pelo conhecimento e não provimento do recurso, dentro da linha sustentada pelo membro do Parquet no juízo de origem, com destaque para a assertiva de que a alegação defensiva de que a comunicação dos fatos à autoridade policial com a lavratura do termo circunstanciado faria as vezes da queixa crime não tem cabimento. Rio de Janeiro, 30 de novembro de 2012. MARCELO CASTRO ANÁTOCLES DA SILVA FERREIRA Juiz Relator CONSELHO RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS SEGUNDA TURMA RECURSAL CRIMINAL APELAÇÃO nº 0068716 57.2012.8.19.0001 APELANTE: PAULO SERGIO DA MOTTA GONÇALVES LISBOA APELADO: CARMEN MAURICIO GIL E NINA MARIA DE SOUZA MARTINS Ação penal privada. Inobservância do art. 38 do Código de Processo Penal. Não oferecimento da queixa crime no prazo decadencial de 6 (seis) meses. Sentença que declarou a extinção da punibilidade pela decadência que deve ser mantida pelos próprios fundamentos. Conhecimento e não provimento do recurso. VOTO Trata o presente de recurso de apelação interposto pelo querelante contra sentença que declarou extinta a punibilidade, com fulcro no art. 107, IV, do Código Penal, tendo em vista a ocorrência da decadência, conforme folha 42, da lavra do Juízo do I Juizado Especial Criminal da Comarca da Capital/RJ (Botafogo). A hipótese é de crime que se procede por meio de ação penal privada, sem que o querelante tivesse ofertado a peça exordial do prazo decadencial de 6 (seis) meses. Compulsando os autos, constata se que o fato delituoso ocorreu em 08/09/2011, havendo o transcurso do lapso legal sem que a ação penal privada fosse intentada. Outrossim não há que se confundir a representação, que é manifestação da vítima nos crimes de ação penal pública condicionada como oferecimento de queixa crime. Na primeira hipótese o titular da ação é o Ministério Público, ao passo que na segunda hipótese o impulso à persecução criminal depende única e exclusivamente da vítima/querelante. Por outro lado, também não se deve confundir a notitia criminis feita em sede policial com a ação penal propriamente dita. A comunicação feita à circunscrição policial, sem obediência ao crivo do contraditório, não deflagra a persecução criminal, servindo de subsídio para a formação de eventual opinio delicti. A matéria em apreço se reveste de tema que se resolve pela análise do direito sem necessidade de qualquer apreciação fática. Nesta trilha, não merece qualquer reparo a sentença de folha 42. Assim, voto no sentido do conhecimento e não provimento do recurso, mantendo se a sentença por seus próprios fundamentos. (TURMAS RECURSAIS. Rio de Janeiro, 30 de novembro de 2012. Juiz Relator MARCELO CASTRO ANÁTOCLES DA SILVA FERREIRA, Processo nº 0068716 57.2012.8.19.0001, CAPITAL, Julg: 30/11/2012, 2 ª TURMA RECURSAL DOS JUI ESP CRIMINAIS). O apelante argumenta em sua defesa a aplicação do principio da fungiblidade, contudo, inaplicável no caso em espécie, uma vez que o instituto invocado restring-se, na processualística penal, aos recursos processuais conforme orienta o art 579 do CPP. IV. DO PEDIDO Posto isso, espera a apelada seja NEGADO o conhecimento do recurso de apelação ante a intempestividade de sua interposição. Caso, superada a preliminar arguida, no mérito, seja negado provimento ao recurso interposto pelo Ministério Público, por medida de direito e justiça. Termos em que, pede deferimento. Local, 05 de abril de 2017. Advogado OAB/UF
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