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Efeitos civis da absolvição penal

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Efeitos civis da absolvição penal
A sentença absolutória não exerce qualquer influência sobre o processo cível, salvo quando reconhece, categoricamente, a inexistência material do fato ou afasta peremptoriamente a autoria ou participação (art.66 CPP).
A responsabilidade civil é independente da criminal, não podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se achem decididas no juízo criminal (art.935 CC).
Fundamentos da sentença absolutória que poderá (ou não) impedir a propositura da ação civil ex delicto (art.386 CPP):
I – estar provada a inexistência do fato: neste caso, o juiz formou sua convicção no sentido da inocorrência do fato no mundo fenomênico. Há prova nos autos que confirmam peremptoriamente que o fato delituoso imputado ao acusado não ocorreu. Por isso, esse decreto absolutório faz coisa julgada no âmbito cível, nos termos do art. 66 do CPP, c/c art. 935 do CC;
II – não haver prova da existência do fato: quando persistir dúvida quanto à existência do fato delituoso. Em outras palavras, o fato delituoso pode até ter existido, mas o juiz entende que não há provas suficientes que atestem sua existência. Logo, esta sentença absolutória não faz coisa julgada no cível mas é possível que o ofendido busque, no âmbito extrapenal, eventual reparação pelos prejuízos sofridos em virtude da infração penal, valendo-se de outras provas que demonstrem a existência do fato e, consequentemente, a obrigação de reparar o dano;
III – não constituir o fato infração penal: refere-se à atipicidade da conduta imputada ao agente. Esta absolvição não repercute no âmbito cível, já que o reconhecimento da atipicidade da conduta em sede processual penal não afasta a possibilidade de reconhecimento de sua ilicitude no âmbito cível, com o consequente reconhecimento da obrigação de reparar os danos (CPP, art. 67, III). 
IV – estar provado que o acusado não concorreu para a infração penal: é baseada em um juízo de certeza no sentido de que o acusado não concorreu para a prática delituosa na condição de autor, coautor ou partícipe. Se o juiz atestou estar provado que o acusado não concorreu para a infração penal, conclui-se que tal questão foi decidida no âmbito criminal, inviabilizando a propositura de ação indenizatória no cível;
V – não existir prova de ter o acusado concorrido para a infração penal: cuida-se de decisão baseada na existência de dúvida razoável acerca da autoria, coautoria ou participação. Ao contrário do inciso anterior, em que se reconhece categoricamente que o acusado não concorreu para a infração penal e, por isso, repercute no cível, a hipótese do inciso V do art. 386 do CPP não faz coisa julgada no cível, porquanto baseada na existência de dúvida razoável;
VI – existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o acusado de pena (arts. 20, 21, 22, 23, 26 e § 1º do art. 28, todos do Código Penal), ou mesmo se houver fundada dúvida sobre sua existência: havendo certeza (ou mesmo fundada dúvida) sobre a existência de causa excludente da ilicitude ou da culpabilidade, incumbe ao juiz absolver o acusado. Quanto aos reflexos civis da sentença absolutória há de se ficar atento às diversas possibilidades:
a) provada a existência de causa excludente da ilicitude real: a decisão absolutória fará coisa julgada no cível, mas desde que o ofendido tenha dado causa à excludente. Por exemplo, na legítima defesa, se o ofendido deu início à agressão injusta, o acusado absolvido no processo penal com fundamento no art. 25 do CP não se sujeitará à ação civil. Todavia, se o fato praticado ao amparo da excludente da ilicitude tiver atingido terceiro inocente ou não tiverem sido desencadeados pela pessoa ofendida, mas por um terceiro a vítima não fica impedida de buscar no cível. Nesse caso, o acusado absolvido, poderá intentar ação regressiva contra o terceiro que deu causa à situação;
b) provada a existência de causa excludente da ilicitude putativa e erro na execução (aberratio ictus): a absolvição com fundamento na legítima defesa putativa não impede a propositura da ação civil ex delicto, salvo se a repulsa resultar de agressão do próprio ofendido;
c) provada a existência de causa excludente da culpabilidade: eventual absolvição do acusado com base no reconhecimento categórico de causa exculpante (erro de proibição, coação moral irresistível, obediência hierárquica, inexigibilidade de conduta diversa, embriaguez completa proveniente de caso fortuito ou força maior) não faz coisa julgada no âmbito cível;
d) fundada dúvida acerca de causa excludente da ilicitude ou da culpabilidade: como se trata de decisão absolutória baseada na regra probatória do in dubio pro reo, não tem ela o condão de impedir que o acusado absolvido seja acionado civilmente;
VII – não existir prova suficiente para a condenação: caso persista uma dúvida razoável por ocasião da prolação da sentença, o caminho a ser adotado pelo magistrado penal é a absolvição do acusado. Esta absolvição não gera qualquer repercussão na seara cível, daí por que é plenamente possível que a vítima ingresse com ação ordinária de indenização em face do acusado.

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