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REVISTA MNU 3

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Prévia do material em texto

1 : c M 
-MOVIMENTO NEGRO UNIFICADO 
MARÇO/ABRIL 81 - N?3 - Cr$30,00 
ENCONTRO ESTADUAL DA RAÇA NEGRA 
VAI-VAI - A GRANDE CAMPEÃ DA CAPITAL 
LSN - VAMOS TODOS DEFENDER O LULA! 
A multidão que circulava pelo Convívio na 
tarde de ontem viu quando o policial militar 
Aparecido Ferreira da Silva esbarrou em 
James Cláudio, que estava distraído no 
meio da calçada. O PM, ao invés de pedir 
desculpas, resolveu abusar da "autori- 
dade". Insistia para que James se descul- 
passe. O moço, é claro não quis saber de 
conversa. Por causa disso, levou socos, 
pontapés e foi lançado no meio do espinhal 
do jardim por um grupo de PMs enfurecidos. 
Depois, diante de uma multidão estarrecida 
e com receio de intervir, o rapaz foi levado 
pelo camburão 0871 até a delegacia onde 
um boletim de ocorrência (acreditem !) 
registrava: "Enbriaguês" 
Fotos e textos extraído do jornal Diário do 
Povo de Campinas 04/12/80. 
21/03 - DIA INTERNACIONAL CONTRA O RACISMO 
r^ír Vé 
ÓRGÃO DE INFORMAÇÃO E DIVULGAÇÃO DO: 
MOVIMENTO NEGRO UNIFICADO 
EDIÇÃO DE RESPONSABILIDADE DA COMISSÃO ESTADUAL DA IMPRENSA 
E DA COORDENADORIA ESTADUAL DO MNU -SP. 
ENDEREÇOS - M. N. U. 
CAPITAL: 
RUA ALMIRANTE MARQUES LEÃO, 518 
BELA VISTA - CEP 01330 
EDITORIAL 
Na Inglaterra, onde a população não branca é menos de 5%, os negros aparecem nos 
veículos de comunicação, de modo particular na televisão, mais que no Brasil, com 70% 
de população negra. 
Eis porque a importância da existência de uma imprensa negra capaz de desmascarar 
o pouco caso com que são tratados os negros pela sociedade, pelos meios de comunicação 
de massa e pela imprensa branca e burguesa em geral. 
É com esse panorama que nos defrontamos diariamente, vendo e ouvindo, a verdade 
que eles querem que acreditamos, com os valores e as coisas que querem que vivamos. 
Não existem segundo eles, negros no Brasil, para que se dê importância a sua existência. 
Por outro lado estes mesmos veículos servem para estereotipar, para esculachar o povo 
negro, disseminando os preconceitos que eles mesmos criaram. O mesmo acontece na 
hora de divulgar a luta do trabalhador explorado: Deturpam, boicotam e até mesmo 
mentem sobre a realidade dos fatos. 
Não temos a pretensão de cobrir o espaço deixado de forma premeditada e omissa, 
pelos órgãos de imprensa e comunicação convencionais, mas, apenas como imprensa 
negra e independente, atingir uma parcela da população, de acordo com nossas limita- 
ções de distribuição e financeira. 
Não pretendemos entrar num esquema comercial. Queremos acima de tudo, ser o 
veículo das reinvidicações e das lutas da comunidade negra. Começamos com nada. 
Hoje, nada temos ainda, a não ser o segundo número pago e as dívidas deste terceiro 
para pagar. Aumentamos nossa tiragem para 5000 exemplares e desta forma, chegaremos 
a um número maior de famílias negras, mas para isso dependemos de você leitor, lendo 
e divulgando esta revista. 
Toda pequena imprensa tem sérias dificuldades para garantir sua existência e levar 
adiante ou propósitos de sua criação, dificuldades estas de ordem financeira, além da 
repressão do governo, da polícia e do terrorismo, que como todos se lembram, andou 
explodindo bancas de jornais no segundo semestre do ano passado, atentados estes 
até hoje não esclarecidos, dificuldades devido a apreensão de vários jornais alternativos 
e processos contra vários jornalistas responsáveis por estes jornais, que apontam e de- 
nunciam a violência e a exploração que o governo submete os trabalhadores, e discute 
com estes formas de luta para por fim a estes abusos. 
Portanto: Ler e divulgar a revista do MNU — é contribuir com a luta Contra a 
Discriminação Racial, contra a exploração dos negros e dos trabalhadores. 
O Movimento Negro Unificado, continua com o firme propósito de unificar a 
população negra trabalhadora; a responder demagogias como as ditas pelo Gen. Coelho 
Neto, de que "Não existe racismo no Brasil" e que é o "MNU quem está inventando 
o racismo". Mente o General, e mentem todos os dominadores. É só os negros começarem 
se organizar, e reinvidicar seus direitos, aparecem declarações do tipo das do General. 
Jogo dos caras, para dividir e nos dominar. 
Neste 39 número, falaremos de um modo central sobre a "Campanha Nacional 
Contra a Violência Policial", ameaça constante à comunidade negra, e sobre o 
Carnaval, Festa de negro, que negro não pode ver nem dirigir. 
Comissão Estadual de Imprensa 
MOVIMENTO NEGRO 
PALMARES: UMA CONSCIÊNCIA EM MARCHA 
0 Grupo Palmares de Porto Alegre 
inciou suas atividades eram a busca de 
alternativas para a data de 13 de maio 
(não satisfatória), o conhecimento de 
história e cultura negras e uma atividade 
teatral que nunca chegou a se concreti- 
zar. O nome veio do consenso de que 
Palmares era a mais importante passagem 
da história do negro no Brasil, consenso 
esse firmado a partir de rápidos estudos 
notadamente em O Quilombo dos Pal- 
mares, de Edison Carneiro, e A Guerra 
nos Palmares, de Ernesto Ennes. Também 
se tirou logo o consenso de que a princi- 
pal data negra devia ser relativa a Palma- 
res, escolhendo-se o dia 20 de novembro, 
data da morte heróica de Zumbi em 
1965. 
No ano de 1971 o grupo realizou 
encontros em homenagens a Luís Gama 
(em 23 de agosto, data de morte do 
poeta e advogado abolicionista), a José 
do Patrocínio em outubro e a primeira 
homenagem a Palmares em 19 de no- 
vembro. Complementava a iniciativa 
um artigo sobre Palmares, escrito para 
o jornal Correio do Povo e publicado 
em 20.11.71, assinado por um dos 
componentes. Ao que consta, essa co- 
memoração do 20 de Novembro era uma 
iniciativa pioneira. 
A data passaria a ser lembrada nos 
anos seguintes: 
20/11/72 - Publicação de 7 páginas 
sobre Palmares em suplemento do Jornal 
Zero Hora, de Porto Alegre. 
20/11/73 - Show musical "Do Carna- 
val ao Quilombo", exposição "Três 
Pintores Negros" e conferência. 
20/11/74 — Depoimento publicado no 
Jornal do Brasil e transcrito, em seus 
pontos essenciais, pelo Le Monde de 
Paris, segundo informações. Nesse 
trabalho o grupo recomendava ao MEC e 
aos autores de livros didáticos a revisão 
dos conteúdos relativos à história do 
negro brasileiro, indicando inclusive bi- 
bliografia. 
20/11/75 - Encontro Grupo Palmares 
e Grupo Musical Afrosul. 
20/11/76 — Encontro e lançamento 
de "Mini-História do Negro Brasileiro", 
livreto redigido por um componente, 
aprovado e editado pelo grupo. 
20/11/77 — Encontro comemorativo 
(realizado dia 19) tendo como convidado 
especial o escritor negro paulista Oswaldo 
de Camargo, que autografou seu livro de 
contos O Carro do Êxito. Participação 
do Grupo Afrosul e do Grupo Nosso 
Teatro, atual Grupo Cultural Razão 
Negra. 
Em que pese o relativismo de uma 
data, a adoção do 20 de Novembro como 
Dia Nacional da Consciência Negra, 
proposta pelo M. N. U. e aceita pelo 
movimento negro geral, veio coroar 
o trabalho do grupo em favor dessa 
data, pois amplia o seu âmbito e o seu 
significado no quadro geral da luta 
contra o racismo e a opressão. 
Outras novidades do grupo ao longo 
de sua existência: palestras, encontros 
culturais e debates; depoimentos ou 
notas na imprensa; mural na Sociedade 
Nós Os Democratas (várias edições); 
pesquisa, divulgação e apoio ao 
maçambique de Osório (maçambique com 
a; uma sobrevivência das congadas); 
observação do carnaval e de casa de 
religião (nação ou batuque e umbanda) 
para conhecimento, ainda que sistema- 
ticamente e sem o envolvimento de 
todos os participantes; organização de 
uma minibiblioteca levada ao público 
durante as promoções. 
0 grupo pretendeu ser e sempre foi 
integrado apenas por pessoas negras. 
Sua composição foi sempre heterogênea 
quanto à forma de encarar a questão 
negra. Nos últimos tempos revisava seuposicionamento, procurando uma defi- 
nição política conseqüente. Malogrou 
por divergências ideológivas, a nível de 
escala de valores, se bem apanhado e 
aceito o dizer de uma componente. Em 
3 de setembro de 1978 realizou-se a 
reunião de dissolução. A essa altura, 
alguns integrantes já participavam do 
Grupo Tição, desde quando formado, 
ou aderiram a ele depois. 
Este é o relato de um dos compo- 
nentes — no grupo desde a formação 
ao encerramento das atividades. Outros 
poderão ter uma visão diferente. 
Oliveira Silveira 
I ENCONTRO ESTADUAL 
EM DEFESA DA RAÇA NEGRA 
O FUTURO SER A O QUE 
FIZERMOS JUNTOS 
CONTRIBUÍ PARA A REALIZAÇÃO 00 ■Ü ENCONTRO ESTADUAL DA 
RAÇA NEGRA 0IA3 21E22 0eM*BM81 
MAIS UM TIJOLO NA CONSTRUÇÃO DO 
JNOS50 FUTURO: SEM MISéRIA,SEM ■OPRESSÃO, SEM RACISMO. 
0 movimento negro em seu conjunto, 
deu um grande salto político e organiza- 
tivo, durante o III FECONEZU - Festi- 
val Comunitário Negro Zumbi, em no- 
vembro de 1980, na cidade de São Carlos, 
ao assumir a realização de um encontro 
estadual de todas as entidades e grupos 
negros, para discutir, principalmente, 
uma ação comum contra a Violência 
Policial e Contra do Desemprego. 
As discussões e a aprovação da pro- 
posta, refletiram o aumento da cons- 
ciência dos grupos em todo o Estado 
de São Paulo e as várias manifestações 
contra o racismo, a violência policial e o 
desemprego, realizadas em S.J. dos 
Campos, em Campinas. Jacareí, Rio 
Claro e Ribeirão Preto, foram as formas 
de resposta unitária, da população negra, 
frente a situação de opressão, às péssimas 
condições de vida, aos baixos salários, 
hoje agravados com a crise econômica, 
que o Brasil atravessa. Os patrões, ao 
invés de assumir a crise que criaram, 
jogam nas costas da ciasse trabalhadora. 
e de uma forma mais agravante sobre a 
população negra. 
O Encontro Estadual em Defesa da 
Raça Negra, tem como objetivo, a partir 
das propostas das entidades recreativas 
e culturais; equipes de Som, grupos 
Teatrais, escolas de Samba, grêmios 
desportivos, academias de Capoeira, enti- 
dades de classe: sindicatos e associações, 
religiosas; Tendas de candomblé e umban 
da; assooaçõtís Amigos de Bairros, etc 
definir medidas das que arme a popuia 
cão negra para lutar contra o desempte 
go, violência policial e por melhores 
condições de vida. 
0 I Encontro em Defesa da Raça 
Negra, será realizado nos dias 23 e 24 
de maio no Tuquinha, na PUC - 
Pontrficia Universidade Católica. 
Todos os grupos e entidades devem 
participar deste encontro, que repie 
senta hoje o maior avanço do movi- 
mento negro de São Paulo. Diante da 
miséria, das péssimas condições de 
vida, da violência policial e desempie 
go que atinge a população negra, não 
existe neutralidade, esta já é uma po- 
sição política de omissão, é compactuar 
para a continuidade desta situação. 
- Contra o racismo. Contra a Violên- 
cia Policial, Contra o Desemprego, 
Todos ao I Encontro Estadual em Defesa 
da Raça Negra. 
GVP—Grupo de Vigilância Popular 
Mais uma corrente de opinião vem se 
organizando na comunidade negra. No dia 
13 de fevereiro foi lealizada em São 
Pauio, uma yasstjdfa convocada peio 
Grupo de Vigilância Popular, A mani- 
festação, que reuniu ceica de 150 pessoas 
percorreu algumas ruas do centro da 
cidade e terminou com uma concentra- 
ção em frente o Teatro Municipai. 
Na concerni ação, diversos oiadoies 
fizeram uso da palavra, denunciando á 
situação degradante da população negra 
no Brasn Fiávio, militante do MNU- SP 
dirigiu se aos manifestantes chamando 
jtencáo paia o tato de que tiadiciona1 
mente, os votos da comunidade neyra têm 
sido desviados para grupos políticos 
que não representam seus legítimos 
interesses. 
José Adão de Olivieira, da Comissão 
de organização do I Encontro em Defesa 
da Raça Negra, concitou a todos os pre 
sentes a que participassem do encontro, 
que significa uma possibilidade de uni- 
ficação das diversas correntes do movi- 
mento negro em torno de uma pauta de 
reinvidicações da comunidade. 
y 
6 
III - CONGRESSO DA MULHER 
0 terceiro Congresso da Mulher 
Paulista, realizado a partir dos encontros 
regionais, teve seu ponto culminante no 
dia 07 de Março, no Anfiteatro do 
Tuca - na PUC—Pontifícia Universidade 
Católica, em São Paulo, e encerrou com 
um Ato Público na Praça da Sé, no dia 
08 de Março. 
Mulheres de todo estado de São Paulo, 
se fizeram representar por 300 delegadas 
e dezenas de observadores. 
Diante do momento político brasilei- 
ro, sentimos a importância dessa mani- 
festação das diversas tendências políti- 
cas e ideológicas do movimento femi- 
nista. 
Várias foram as bandeiras tiradas nos 
campos político, e econômico, social 
(educação e saúde). 
Econômico: salário igual para tra- 
balho igual, contra toda discriminação 
trabalhista, contra a carestia. 
Político: Constituinte Livre Democrá- 
tica e Soberana, fim da Lei de Segurança 
Nacional—LSN, participação das mulheres 
nos sindicatos através da formação de 
departamentos femininos. 
Social: (saúde) por saneamento básico 
e contra o controle de natalidade imposto 
pelo governo; (educação) contra a discri- 
minação da mulher nos avisos de pro- 
fissionalização do SENAI—Serviço Nacio- 
nal da Indústria, mais creches nos locais 
de trabalho e moradia, mais escolas, 
mais vagas nas escolas estaduais. 
O tema "Contra a exploração racial, 
social e econômica, tríplice exploração 
sofrida pela mulher negra, foi defendido 
no plenário por uma representante do 
MNU-Campinas, e a bandeira contra essa 
tríplice exploração foi discutida e apoiada 
por todo o Congresso, despertando 
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interesse de escritores, da T.V. e da 
imprensa em geral. 
O texto "A Discriminação Racial e 
Social da Mulher Negra" foi lido inclusive 
no Congresso da mulher mineira em 
Belo Horizonte. Reproduzimos a in- 
trodução do documento:- O Sistema 
Capitalista marginaliza as camadas mais 
baixas da população do processo social 
e econômico, tendo como objetico a 
permanência da minoria exploradora 
no poder, disseminando no seio da po- 
pulação oprimida mecanismos de con- 
solidação do seu poder, incentivando 
e "privilegiando" alguns em detrimento 
de outros, de modo a dividir para do- 
minar, inserindo diferenças: homem/ 
mulher; branco/preto; chefe/trabalhador; 
policial/cidadão; com o governo dos 
patrões estabelecendo o que é certo e 
errado, dominando e explorando do 
seu trono a todos. E nessa sociedade 
de classes, onde, com o escalonamento 
da exploração, a mulher ocupa o posto 
do mais explorado dos seres e, a mulher 
negra, a mais explorada entre elas, 
discriminada inclusive pela mulher branca 
da mesma classe social. 
'MORTE DAS AMÉLIAS" 
Cinturão de castidade, doze mandamentos, mulheres espancadas, 
acorrentadas, etc . . Período medieval? Não, noticiário da nossa época. 
0 que está acontecendo com as mulheres e consequentemente com os 
homens? 
Que estamos num período de transição dá pra se notar. Mulheres 
do mundo todo estão cada vez mais se conscientizando do seu papel de 
mulher na sociedade atual, ocupando um espaço cada vez maior, sendo 
independente financeiramente, participando de movimentos políticos de 
vanguarda, usando seu corpo como melhor lhe convier. 
Enfim, a mulher está descobrindo que sabe fazer outras coisas 
além de "pilotar" um fogão, e que seu corpo serve para outras coisas, além 
de ser máquina de gerar bebes. 
Trata-se realmente da morte das "Amélias". 
E os homens, como reagem diante desta nova situação? Ele que 
sempre ditou ordens, que semprefoi o senhor supremo e absoluto Agora 
diante dessa reviravolta, ele sente seus poderes ameaçados, e age como animal 
acuado. Ele ataca, agride, espanca, acorrenta etc. Os homens estão assusta- 
dos, com medo, inseguros Cabe às mulheres os devidos esclarecimentos. 
Os homens, assim como as mulheres, são inseguros, frágeis, carentes 
e também necessitam de proteção. Cabe a nós, mulheres, mostrar que não 
estamos lutando contra eles e sim ao lado deles. Oue não queremos o poder 
e sim sermos respeitadas pela nossa capacidade, que vamos brigar pelos 
nossos direitos, mas não contra essa deliciosa e misteriosa atração que 
sentimos por eles. Porque é muito melhor ficarmos com eles, amando-os e 
cada um mantendo a sua individualidade, do que sermos mulheres que 
apenas sabem cuidar de casa, engordar, assistir novela, pedir dinheiro e recla- 
mar da vida. 
Nós, mulheres, queremos poder conversar com eles de igual-para- 
igual, prover nosso próprio sustento, ser respeitada como ser humano e 
amá-lo até que "a vida nos separe" 
Contra a exploração da mulher negra1 
Contra a discriminação social e política1 
Contra o machismo1 
Pela emancipação da mulher negra1 
GRUPO DE MULHERES DO MNU-CAMPINAS 
Balanço da Campanha Nacional 
Contra a Violência Policial 
A violência policial continua solta 
agredindo os trabalhadores e de forma 
especial a população negra. Nos últimos 
meses houve um recrudescimento da 
violência, acompanhada por uma forte 
campanha de atemorização da classe 
média, promovida pelo governo e pela 
grande imprensa (veja matéria - "De- 
semprego e Marginalidade" na seção 
política nacional). 
Em São Paulo e Campinas a Campanha 
vem ganhando novos adeptos, e já se 
recolheu mais de 8.000 assinaturas. Em 
Belo Horizonte, Porto Alegre, Salvador e 
Rio de Janeiro a campanha vem sendo 
levada através de boletins e folhetos, 
reuniões e passagem do abaixo-assinado 
Contra a Violência Policial. 
Em todos estes estados o MNU se en- 
contra na coordenação da Campanha, 
recebendo adesão, a simpatia e a solidarie- 
dade da população, e das entidades po- 
pulares e democráticas. A campanha foi 
estendida até o final de maio e os abaixo- 
assinados serão entregues ao ministro 
da Justiça em meados de Junho, com a 
participação das entidades negras e 
parlamentares. 
A participação, a solidariedade e a 
contribuição da população tem sido 
fundamental nesta luta, através da de- 
núncia pública de todos os casos de 
violência policial, exigindo-se a punição 
dos policiais agressores (leia denúncia 
dos atos de violência policial em Cam- 
pinas ao lado). 
BASTA DE VIOLÊNCIA POLICIAL 
abaixo 
ocorrido 
trai HIROB 
acista por 
próximo 
saio no Te 
bi tra ri a 
o, em part 
aos pol'c 
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sendo tratada 
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legalmente em 
onfessasse um 
mbros do MNU 
nto; 
tentativa / 
19 Oistri to; 
rar eite cs- 
os policiais, 
Um flagrante fotográfico do Uiario do Povo em pleno / 
laudio foi agredido e preso por não pedir desculpas a 
1, que o esbarrou, os PMs alem de errados abusaram da 
As entidade 
lência PoliciaI, 
bros do Grupo Tea 
■ nte e de forma 
1-2329, Hs 23 hs 
tornavam de um en 
Esta ação a 
ta que a populaça 
hãmui to pelos org 
ram denunciados n 
14/10/80 - 
horário de traba 
arrombamento que 
foram detidos po 
08/11/80 - 
de roubo, juntame 
17/11/80 
pancado por ocupa 
de que pa rasse. 
03/12/80 - 
Convívio, James C 
um PM do TM-87 
autori dade; 
ApÕs uma briga no jogo de futebol na Fazenda São João, Nivaldo / 
Xavier da Silva, João Apareriflp des Santos e Valdir de Oliveira fora», 
presos e violentamente espancados, Xavier ferido gravemente por PMs 
do TM - 873; 
0 pedreiro Devanir Felix, preso em Americana e torturado para / 
que confessasse haver falsificado a pr5pria assinatura em chequs que / 
havia comunicado a perda ao banco; ai em de outros casos não denunciados 
ou passado despercebidos. Dos 13 casos, 10 das vitimas são negras, o 
que caracteriza o componente racista das prisões. 
Enquanto isto o ooverno e a grande imprensa propagandeiam a "Vio 
lência Urbana" como forma de aterrorizar e esconder do povo as reais" 
causas do aumento da marginalidade (a inflação de 120%, os salários e 
o desemprego}, e assim ganhar a simpatia da população para legitimar a 
Violência Polic ial indiscriminada contra a pcpulaçao trabalhadora. 
Conclamamos o povo, bem como as entidades populares, associações 
sindicatos, igreja e outras, a se solidari zarem nesta luta, unindo/ 
e organizando a população, a protestar, a denunciar, processar e inclu^ 
sive exigir a punição des Agressores de modo a lembra-los que são pa- 
gos com nosso dinheiro e devem nos respeitar. 
EXIGIMOS: 
FIM DAS DETENÇÕES DE PESSOAS POR NAO PORTAfíEM DOCUMEN- 
TOS 
FIM DA VIOLÊNCIA POLICIAL. 
PUNIÇÃO AOS POLICIAIS AGRESSORES 
MNU - MOVIMENTO NEGRO UNIFICADO 
FECANTA - FE0ERAÇS0 CAMPINEIRA DE TEATRO AMADOR 
ASSÜC - ASSOCIAÇÃO DOS SERVIDORES DA UN1CAHP 
9 
CULTURA/ATIVIDADES 
VAI-VAI A Campeã do 
Carnaval Paulistano de 1981 
Já nos ensaios se sentia a força com 
que o Vai-Vai faria o seu carnaval. Todos 
os domingos quase dez mil pessoas 
sambavam ao som da bateria do Vai-Vai 
nas ruas do Bexiga. 
No domingo de carnaval o Vai-Vai 
levantou a avenida e todo mundo sambou 
e cantou o seu samba enredo Acredite 
se Quiser". 
Na quinta-feira no final da apuração 
deu Vai-Vai na Cabeça com 96 pontos. 
Todo o bexiga se transformou numa 
imensa festa. 
Dez mil pessoas percorreram as ruas 
do bairro em festa sambando e cantando, 
numa alegria que irradiava a força de 
uma escola tradicional que prepara o 
seu carnaval na rua por não ter quadra, 
e que no carnaval desce pra avenida pra 
assombrar as grandes escolas de São 
Paulo. E dessa vez trouxe título para o 
bexiga, berço de grandes sambistas 
paulistanos. 
O excelente carnaval apresentado 
por escolas de categoria da Nenê da 
Vila Matilde, Mocidade Alegre, Camisa 
Verde e Branco, Rosas de Ouro, valoriza 
o trabalho de transformação que acon- 
teceu no Vai-Vai a fim de alcançar o 
título nesse carnaval. 
O experiente sambista Geraldo Filme 
foi um dos que comandaram essa trans- 
formação, e o MNU traz em suas páginas 
a entrevista realizada com esse grande 
sambista e compositor, poucos dias 
antes do carnaval. 
10 
ENTREVISTA COM GERALDO FILME 
Fomos até o Vai-vai entrevistar Geraldo Filme, um dos mais combativos sambis- 
tas de São Paulo, por um a influência cada vez maior das escolas de samba nos desfiles 
de Carnaval. Geraldo Filme foi um dos principais articuladores da UESP-União das 
Escolas de Samba de São Paulo, é compositor e a maioria dos sambas enredos de sua 
autoria, fala de Candomblé, dos Deuses Negros, das crenças e cultura do negro vindo 
da África. 
MNU — Geraldo, inicialmente gostaría- 
mos que você fizesse um breve relato 
sobresua vida no samba. 
G. Filme - Estou no samba desde 10 
anos de idade. Hoje com 53 anos. Iniciei 
lá na Barra Funda, na Gleti, no Camisa 
Verde, nos Campos Elísios, cordão 
ainda, e fiz uma tragetória, passei para 
a Liberdade, Paulistano da Gloria, cordão, 
Peruche, voltei para o Paulistano da 
Gloria, cordão, escola, aliás, agora estou 
na Vai-Vai e na Peruche, comemorando 
os 25 anos da Peruche. 
MNU — E a sua situação na UESP — 
União das Escolas de Samba de São 
Paulo? 
G. Filme — Eu fiz o que pude. Fui 
assim. . . Tive a felicidade de conseguir 
tomar o mando do carnaval para o samba. 
Isto eu posso dizer que foi uma felicidade 
minha porque em lugar nenhum do 
Brasil, o samba manda, quem manda 
são as autoridades. Em São Paulo quem 
manda é o Samba. As autoridades ficaram 
simplesmente como órgão fiscalizador e 
contratante. Tudo mais é de nossa res- 
ponsabilidade, até os jurados, que é uma 
coisa difícil de se conseguir. O samba 
sempre foi usado para fins políticos. 
Eu graças a Deus, tive a felicidade de 
assumir os jurados. Disseram-me: Geraldo, 
você vai morrer em assumir os jurados; 
Graças a Deus estou vivo. Voltei a ser um 
sambista, conquistei a minha liberdade 
novamente porque não sou presidente, 
vocês devem saber muito bem o que é 
não se ter liberdade, eu sou sambista, 
sambista quer liberdade e rua. 
MNU — E quanto a você Geraldo, você 
é um sambista de primeira ordem. Agora 
a gente falando de infiltração, dos sam- 
bistas de última hora, o que é que eles 
trouxeram de bom ou de mal, se é que 
eles trouxeram alguma coisa para o 
nosso carnaval? 
G. Filme — Se você se refere ao pessoal 
branco; antigamente dada a impossibi- 
lidade deles se manifestarem, porque 
em São Paulo eram divididos, os cordões 
e nas escolas de samba participavam 
apenas negros. Os brancos brincavam em 
blocos, ranchos e grandes sociedades, 
o povo participava mesmo. A cidade 
ficou 30 anos sem carnaval. As escolas 
de samba a poder do sacrifício de muitos, 
o último a partir foi o falecido Mulata, 
o Inocêncio Tobias do Camisa Verde; 
ele levantou o Camisa Verde com três 
pessoas. Era o Trio da Corda. Ele con- 
seguiu levantar uma entidade que foi 
fundada em 1917, e trouxe à tona no- 
vamente o Camisa Verde que vocês vêem 
ai. 
11 
Então vocês vêem que tudo isso foi 
através de um sacrifício muito grande. 
A gente só ia fazer samba, com o dinheiro 
da carceragem no bolso, porque sabia 
que ia preso. Isto é muito sério, correndo 
taça na rua, pedindo esmola para poder 
manter o samba. Havia um amigo meu 
que através do microfone da Radio 
Nacional, ele parava os bondes na Ave- 
nida São João, para as escolas desfilarem, 
que nem o trânsito era interrompido 
nesta época, ele chamava-se Paulo Ro- 
gério, devemos muito a ele. Através da 
Rádio Nacional, o que esse moço fazia; 
parando na frentes dos bondes, segurando 
os bondes no peito para a escola poder 
passar, até que em 1968 foi oficializado 
o desfile, e o povo que ficou tanto tempo 
sem carnaval, esqueceu as manifestações 
populares. Aquela rapaziada toda ia para 
a avenida São João, para fazer brincadei- 
ras que relembrava o entrudo, jogar 
talco não é nada, jogar cimento branco 
nos cabelos das pessoas e jogar água em 
seguida, aquilo endurecia . . ., e mais uma 
série de problemas que não existia no 
carnaval do passado. 
MNU — 0 que você tem a dizer sobre a 
Paulistur? 
G. Filme - Nada contra, pelo seguinte: 
Como eu disse antes, dependemos dos 
poderes públicos para recebermos a 
subvenção. Você vê, São Paulo tem 
68 escolas de samba e blocos, se não 
me engano, depois que a UESP foi 
fundada, não sei quantas são porque 
entraram outras tantas, então, apenas 
uma meia dúzia tem quadra para se 
movimentar. A Paulistur foi órgão que 
realmente nos entregou o mando do 
Carnaval. 
MNU - E quanto do Movimento Negro 
Unificado? Nós gostaríamos de saber se 
a sua atuação ajudou ou atrapalhou? 
G. Filme - Não atrapalhou. Ajudou, 
porque foi a primeira manifestação com 
relação à violência policial contra o 
povo. As autoridades entenderam aquilo 
como um movimento de esquerda, 
quando na realidade não era nada disso. 
Era um movimento que vinha em defesa 
do povo em geral. Não é por chamar 
Movimento Negro, que não se pensou no 
branco e em todos em geral. Então eu 
acredito que houve um mal entendido 
com relação ao MNU, que procurou 
mostrar e esclarecer o que estava acon- 
tecendo. Então como é um órgão pobre, 
não sendo uma imprensa oficial, fizeram 
aquele manifesto e o pessoal sentiu 
aquilo como movimento de esquerda. 
MNU — Com relação ao carnaval, que 
sugestão você daria para melhoria das 
escolas de samba e também da popula- 
ção negra como um todo? 
G. Filme — Eu acho que o carnaval é 
um todo para todo um povo. São só 
três dias. Acredito mesmo que liber- 
tando essa gente da opressão, deixando 
eles cantarem livremente, em qualquer 
lugar, são só três dias. Vai incomodar 
vizinho e fulano? Deixe essa gente 
brincar, armar seus blocos, cantar.. ., 
e essa gente vai ficar serena, a violência 
será menor de ambas as partes, desde 
que eles tenham condições de brincar, 
principalmente o povo de São Paulo, 
que necessita. . ., uma cidade opressora 
como São Paulo, necessita realmente 
brincar livremente. 
Então você vê a luta nossa, dos negros 
no sentido do carnaval, foi muito grande, 
cansados de ser presos, de tomar panca- 
da e tudo, Hoje o branco está no samba. 
Aquele delegado que nos prendia, se 
vier nos prender hoje, vai prender o 
filho dele também, que está no samba, 
desfilando com a gente, como sambista. 
0 branco paulista é diferente, ele veio 
como sambista e não como boneco 
de passarela. 
12 
O AXÉ DA CANDEIA 
A letra do samba da Nenê da Vila 
Matilde é a que melhor revela o grau 
de consciência do negro brasileiro, e 
em termos ideológicos, há o sentido 
construtivo e altamente voltado para a 
busca de nossas raízes, quando levanta 
temas de crítica social, sugerindo que 
é chegada a hora da descomercializa- 
çao de nossas Escolas de samba, tor- 
nando-as um centro de Cultura Popular. 
Com outras palavras, esta é a obser- 
vação que fiz da letra do Samba de Nenê 
da Vila Matilde. 
A) Eduardo de Oliveira 
AXÉ SONHO DE CANDEIA 
A Nenê 
quando o samba incendeia 
exalta você Candeia 
genial compositor e diretor de harmonia 
glorioso baluarte 
a negra arte defendeu com galhardia 
Iluminou com emoção primaveril 
nas cirandas que contou 
as raízes do Brasil 
Ooo seu Axé 
tinha força de Xangô 
Fez de quilombo 
força e tradição 
ergueu bem alto a voz com emoção 
ensinando a todos nós consciência e 
coração 
e teu filho será rei 
orgulho corre na veia 
isto Axé o sonho de Candeia 
oi raiou Aurora 
oi dim dim Ia vai viola 
a Nenê 
Autor: Armando da Mangueira 
EM CAMPINAS, ROSAS DE PRATA ABAFOU. 
Na sexta feira após o Carnaval, os 
sambistas da Vila Castelo Branco vibravam; A 
Escola de Samba Rosas de Prata arrebatara o 
segundo lugar do primeiro grupo, superando o 
GRES Acadêmicos de Madureira e a Escola de 
Samba Estrela D'alva. 
Há sete anos, a moçada esperava por 
isto. Após o injusto rebaixamento em 1979 
para o segundo grupo, em 1980 foi campeã com 
todos os méritos deste grupo e subiu novamente 
para o primeiro. Neste ano, veio com tudo e 
emplacou com o enredo "Bahia Sopro dos 
Deuses", desenhado por Aluísio Geremias, 
presidente da Escola e pelo artista plástico, 
Roberto ICzau. O samba composto por Beto 
Terra Nova, falava da Bahia como "o maior 
centro de resistência cultural dos povos 
africanos, baseando-se no Candomblé e nos 
Afoxés, a Bahia vista como o Reino de Axé 
(força da natureza), que Obá (divindade 
yorubana, uma das três mulheres de Xangô), 
teria vindo anunciar como sendo a nova terra 
escolhida pelo povo Gexá, ou legerá, (é um 
grupocultural yorubá da Nigéria); Enviados por 
Olurum (o pai de todos os orixás, o Deus de 
Candomblé), vieram todos os orixás para dar 
luz, amor e paz, e acabar com o sofrimento de 
todo o povo oprimido. 
Na Rosas de Prata, não há donos, 
presidentes ou diretores vitalícios, esta é sua 
característica fundamental, lá todo mundo é 
amigo. Não é a tôa que "seu" Aluísio trouxe 
para a avenida, mais de trezentas pessoas com 
os míseros Cr$ 120.000,00 de subvenção da 
prefeitura. A Escola desceu simples e bonita, 
sem muito luxo mas obtendo nota DEZ para o 
mestre-sala, porta-bandeira, bateria, samba 
enredo, evolução, quase conseguindo o primeiro 
lugar, não fosse a Mocidade Independente, 
Tri-Campeã do Camaval Campineiro. 
13 
O grande projeto da Escola, é 
transformar-se em Centro Cultural e de laser 
para os moradores do bairro, para isso defende 
a necessidade da doação de quadras pela 
prefeitura, para todas Escolas, inclusive como 
forma de melhor organizar e arrecadar fundos 
para o Carnaval. 
Para o julgamento dos desfiles propõe 
mudanças extruturais: Jurado por quesito e não 
jurado julgando todos os quesitos; jurados 
espalhados por toda avenida etc. 
A Grêmio Cultural Recreativo Escola 
de Samba Rosas de Prata, se quiser seguir 
crescendo terá que absorver os novos 
simpatizantes e colaboradores. Uma grande 
Escola perde seu monopólio bairrista e ganha a 
dimensão de uma cidade. 
EDUARDO DE OLIVEIRA E OLIVEIRA 
Eduardo de Oliveira e Oliveira, Soció- 
logo, pesquisador incansável a serviço 
dos movimento negros, faleceu. 
Ao falarmo sobre a morte de Eduardo 
de Oliveira e Oliveira, somos obrigados 
a lembrarmos como é frágil a nossa união, 
pois Eduardo morreu longe dos amigos, 
isolado do seu mundo, e com um imenso 
vazio dentro de si. 
Nenhum de nós o procuramos, para 
ver o que acontecia. 
Eduardo de Oliveira e Oliveira foi um 
dos Intelectuais mais importante da 
década de 1970, principalmente para a 
comunidade negra, colocando a sua 
capacidade de pesquisar e organizar 
trabalhos a serviço dos grupos e entida- 
des negras fundamentalmente. 
Foi um dos principais suportes do 
Coral Crioulo, criado em 1969, e que 
brilhou com grande êxito na Fenit 
desse mesmo ano. 
Juntamente com a teatróloga Thereza 
Santos, montou, escreveu a peça E 
Agora Falamos Nós . . . apresentada 
com grande êxito no MASP - Museu 
de Arte de São Paulo, e nas quadras de 
escolas de samba. Essa peça serviu ainda 
para inspirar novos grupos que emergi- 
ram dentro do Movimento Negro Brasi- 
leiro, a partir de 1972. 
Em 1973 lançou o 19 Calendário 
Afro-brasíleiro auxiliado pelo Grupo 
Decisão, um dos grupos fundadores 
do Movimento Negro Unificado. 
Criou na Universidade de São Paulo 
da Cidade de São Carlos, um centro 
de estudos afro-brasileiro, pioneiro na 
sua forma de estruturação, com matérias 
sobre a participação do negro como 
currículo universitário. 
Foi um dos principais intelectuais, 
juntamente com Clóvis Moura a exigir 
uma ação mais concreta por parte da 
SBPC—Sociedade Brasileira Para o Pro- 
gresso da Ciência, em relação à situação 
do negro e da sua participação histórica. 
Eduardo de Oliveira e Oliveira sempre 
esteve presente nos momentos decisivos 
dó Movimento Negro Brasileiro e nesse 
sentido prestamos as nossas homenagens 
póstuma a esse companheiro falecido em 
20 de Dezembro de 1980. 
14 
POLíTICA NACIONAL 
DESEMPREGO E 
Há dois meses aproximadamente, a 
Rede Globo, a grande imprensa e o go- 
verno, inundaram nossas casas com uma 
forte campanha contra a violência ur- 
bana, como forma de conter a margina- 
lidade crescente a qualquer custo. 
Porém nem o Governo, nem a impren- 
sa nem a rede Globo mostraram os reais 
objetivos desta campanha. 
O jornal "MOVIMENTO", desta pri- 
meira semana de fevereiro, num artigo, 
intitulado "Cadáver anônimo não dá 
manchete" dizia: "a enxurrada de notí- 
cias nos meios de comunicação sobre a 
"Violência Urbana", evita qualquer deba- 
te sobre o conceito e as causas dos cri- 
mes", que se a vítima "não é militar e 
nem mora na Zona Sul (em referência 
à população rica do Rio de Janeiro), 
ninguém se importa". 
Outro dado que o jornal "Movimento" 
nos fornece é que "os crimes cometidos 
nos primeiros dias de 1981, por exemplo, 
são ainda menores que os do mesmo 
período no "Ano Passado", o que 
demonstra que não se trata de um aumen- 
to de violência como alardeia a grande 
imprensa. 
Toda essa propaganda foi orquestrada 
pelo governo e os patrões que tentam 
fazer-nos crer que um número cada vez 
maior de vagabundos resolveram ganhar 
a vida fácil ao invés de trabalhar. 
PROPAGANDEAR A "VIOLÊNCIA 
URBANA" PARA ATEMORIZAR A 
POPULAÇÃO. A TÁTICA 
DO GOVERNO 
Tanto o governo como a imprensa pro- 
curam, através da propaganda, distrair a 
população das reais causas do aumento 
de marginalidade: a inflação, os baixos 
salários e o desemprego. Tentam assim. 
MARGINALIDADE 
Reginaldo Bispo Pereira 
ganhar a simpatia da população para 
legitimar a VIOLÊNCIA POLICIAL in- 
discriminada que no ano de 80 prendeu 
ilegalmente, torturou e assassinou cente- 
nas de trabalhadores inocentes. 
A POLICIA Ml LITAR GARANTE A 
SEGURANÇA DO ESTADO E NÃO 
DOS CIDADÃOS. 
Por outro lado buscam justificar o 
aumento dos contingentes policiais visan- 
do garantir a segurança das riquezas 
acumuladas nas mãos dos patrões, base 
social de sustentação do Regime Militar. 
Quanto a isto outro exemplar do jornal 
"Movimento" conclui: "a doutrina vigen- 
te para a polícia, em especial a da Polícia 
Militar, é a da segurança do Estado, e não 
a dos cidadãos (. . .) essa mesma Polícia 
Militar mantém eficiente esquema de mo- 
bilização para os casos de repressão à 
manifestações de caráter político ou 
social — uma gre"e, como a dos meta- 
lúrgicos, em 1.979, uma passeata ou 
concentração estudantil, como as pro- 
gramadas pelo União Nacional dos 
Estudantes em protesto contra a demo- 
lição de sua sede na Praia do Flamengo. 
Nesses casos, trabalhadores e estudantes 
tiveram uma noção bem clara de que a 
Polícia Militar não falta para espancar, 
para jogar bombas de gás lacrimogênio, 
para praticar violências indiscriminadas". 
O Governo jamais se interessou em 
corrigir as causas de marginalidade, a 
fome e o desemprego, apenas os efeitos 
como se desconhecessem as causas. 
Existe de fato uma crise econômica, 
e o Governo está se armando para que 
os patrões não percam com ela. Que 
morram de fome os trabalhadores. 
15 
> 
LSN - PELA EXTINÇÃO DA LEI DE SEGURANÇA NACIONAL 
Ao contrário do que o Governo 
afirma, as demissões aumentaram e 
estão e generalizando após a dispensa 
de 3.000 operários da Volks. Como 
era de se esperar passaram das monta- 
doras às empresas de Auto-peças, às 
fábricas de matérias-primas para o ramo 
— plástico, borracha, aço, tinta, etc. — 
e continua a se alastrar. Só em Campi- 
nas fala-se em 2.000 metalúrgicos demi- 
tidos apenas em janeiro. 
Se este quadro se estender às outras 
atividades econômicas, o que a grande 
maioria dos economistas acreditam, a 
recessão econômica desmentida pelo 
gordo Delfim, já está em andamento, 
e com a diminuição da produção in- 
dustrial também o desemprego geral. 
A massa costumeiramente desempre- 
gada, somar-se-ão os recentemente de- 
mitidos e os trabalhadores que anual- 
mente entram em competição no mer- 
cado pela Ia. vez. Vai ser o Diabo! O 
bruxo Delfim está levando os trabalha- 
dores à fome da forma mais humilhante. 
São estes os reais motivos do governo 
e sua "campanha", desviar a atenção da 
população dos reais problemas, que eles 
o governo, geraram, além de tentar 
ganhar a simpatia da população para as 
selvagens investidas da polícia que muitos 
sofrimentos causou a população no ano 
passado. 
UNIFICAÇÃOE SOLIDARIEDADE NA 
LUTA DE TODAS AS CATEGORIAS 
"CONTRA A CARESTIA", "POR 
MAIS EMPREGOS" 
16 
Luís Inácio da Silva 
O regime militar voltou a reafirmar a 
real faceta da "abertura" de Figueiredo. 
Uma coisa é certa, neste governo abertura 
mesmo só houve para os grandes capitais 
estrangeiros, para os patrões engordarem 
ainda mais, para a inflação e a carestia 
aumentarem desabaladamente, para a 
polícia prender e espancar trabalhadores. 
Daí por diante. 
Inexíste, neste país, democracia para 
os trabalhadores reinvidicarem melhores 
condições de trabalho e melhores salários, 
quando o fazem são espancados, seus 
sindicatos invadidos e seus líderes e 
dirigentes sindicais trancafiados pelo 
governo dos patrões. Não existe liberdade 
para os trabalhadores construir seus 
próprios partidos (o governo até hoje, 
não engoliu o PT-Partido dos Trabalha- 
dores, e continua reprimir e prender seus 
militantes em todo o país). Qualquer 
manifestação por reinvidicação econô- 
micas e políticas é duramente reprimida, 
a imprensa alternativa diante de qualquer 
denúncia de atos do governo, é processa- 
da com a LSN. 
Continua na pg. 17 
COM INTRANSIGÊNCIA O GOVERNO 
TENTA QUEBRAR O MOVIMENTO 
DOS TRABALHADORES. 
CALAR HOJE, SIGNIFICA CONCORDAR 
COM A MISÉRIA EM QUE VIVE O 
POVO BRASILEIRO. 
> 
A condenação de Lula e mais nove 
sindicalista do ABC, pela Lei de Seguran- 
ça Nacional, vem reforçar a intransigência 
do governo, no que se refere as reinvidi- 
cações dos trabalhadores, tentanto que- 
brar a espinha dorsal do movimento, 
dando a ele uma caracterização de margi- 
nalidade. A (in) Justiça Militar, após 
fechar a Av. Brigadeiro, em SP, com um 
aparato policial pronto para guerra, 
condenou com direito a apelação, e de 
aguardar em liberdade a apreciação do 
recurso ao Supremo Tribunal Militar, 
e se aceito, até o resultado do novo julga- 
mento, nesta instância superior, sob 
acusação de incitarem a desobediência 
civil, e por liderarem a greve no ABC, 
cumprindo determinações de assembléias 
com centenas de milhares trabalhadores, 
em 1980, os seguintes sindicalistas: Con- 
denados a três anos e meio - Lula, 
Rubens Teodoro e Enilson Simões; A 
dois anos e meio - José Maria de Almei- 
da, Manoel Anísio, Dijalma Bom, Osmar 
Santos, Juraci Batista; A dois anos - 
Nelson Campanholo, Wagner Alves, 
Gilson Correia de Menezes; absolveu 
outros dois - José Cicote e José Timó- 
teo da Silva. O jornal Movimento nP 
296 traz uma boa matéria sobre o assunto 
e o Jornal O Trabalho nÇ 95 traz uma 
crítica sobre a LSN. 
^ Nenhum trabalhador brasileiro pode 
se abster de uma posição neste momen- 
to. O que está em jogo, são os mínimos 
direitos dos trabalhadores de co dis- 
tar melhores condições de vida pa JBS 
famílias e uma democracia onde impere 
o mais justo respeito às reinvídicações 
da classe trabalhadora, às suas entidades 
e sindicatos, bem como o direito dos 
trabalhadores organizarem seus partidos 
como bem quiserem. 
O Movimento Negro Unificado, con- 
clama as entidades e a comunidade negra 
a participarem das reuniões, e manifes- 
tações de protesto contra mais estaque 
do governo dos patrões, bem como, a 
expressarem sua posição pela revogação 
das penas contra os sindicalistas do 
ABC e o fim da Lei de Segurança Nacio- 
nal. 
Continuação da pg. 15 
Só há uma resposta a ser dada pelos 
trabalhadores a isto neste princípio de 
ano durante suas campanhas salariais: 
a unificação e a solidariedade na luta de 
todas as categorias, "contra a carestia", 
"por reajustes salariais acima da infla- 
ção", "pela diminuição da jornada de 
trabalho", "pelo fim das horas extras" 
e "por mais empregos", de modo a 
fazer com que a crise seja assumida 
por quem as gerou - o governo e os 
patrões - ou então, resta ao trabalha- 
dor engrossar as fileiras dos desempre- 
gados, dos marginais e dos trombadinhas. 
17 
A DEMAGOGIA DAS VELHAS RAPOSAS 
Após a queda do bipartidarismo, 
retorna a campo o populismo e o clien- 
telismo nas suas mais variadas posturas, 
e paralelamente a isso políticos brancos 
e negros, a serviço de partidos dos pa- 
trões, por conseguinte, defendendo seus 
interesses, negociam e disputam os votos 
da comunidade negra como nos velhos 
tempos. Fala-se em acordos de certos 
grupos negros com o PP-Partido Popular, 
representante dos interesses dos banquei- 
ros; existem aqueles que correram para os 
braços do PTB-Partido Trabalhista Bra- 
sileiro, de Jânio Quadros e Ivete Vargas, 
velhas peças do Museu de incompetência, 
pouco de nós se lembra da responsabili- 
dade dos atos de Jânio, com a sua renún- 
cia, que levou ao golpe Militar de 1964, 
outros, velhos conhecidos nossos, corre- 
ram em busca das beneses do poder, 
sentaram-se ao colo do PDS-Partido 
Democrático Social (Ex-Arena), e para 
aí, tentam carrear os votos das almas 
negras deste país. 
As velhas raposas, hoje, assim como 
ontem, travestidos de democratas e 
"amigos-de-negros"; disputam e nego- 
ciam nossos votos e em troca nos pro- 
metem migalhas e tapinhas nas costas. 
O periódico da Capital de SP-Jornal 
da Manhã, em 15/01/81, publicou a 
matéria ao lado, onde o atual prefeito 
da Capital Reinaldo de Barros, a sombra 
da herança do tio, o ex-Governador 
Adhemar de Barros, e com o apoio do 
impopular Maluf, utilizando-se das mes- 
mas demagogias dos dois inspiradores 
para engabelar o povo, usando o negro 
como símbolo da humildade e pobreza, 
do povo, por eles homenageada e pres- 
tigiada. 
1
'Zumbi dos Palmares", um 
prêmio que fazia falta 
(> ptclciiu Kcynaldo de Banos sanem 
rioii ICI insmumao o noten "ZumtH dos 
Palmares", cm honiciuitcni a memonu 
do hcioi negro sicríficado na luia pela 
causa do negro no Brasil 
O ganhador do iroteu "/.umbi do% 
Palmarcs'' será ev:olhic>o a(ravc& de con- 
curso emre os iratalhos a setem apre- 
scniados a uma comissão julgadora, que 
será nomeada pda Secretaria Municipal 
de Cultura. A Secretaria também se en- 
carregará da regulamcmacao do concur- 
O concurso será promovido anual 
menie. e poderão inscrever-se as assocta- 
vões culturais da comunidade t qualquer 
pessoa Hsica de qualquer psne do Pais. 
COMISSÃO JULGADORA 
A comi&são julgadora será constituída 
por represem ames da Câmara Municipal 
dt Sâo Paulo, Sccieuna Municipal üe 
Cullura. Academia Paulista de Leu«5, 
Universidade de Sâo Paulo c Pontifícia 
UnivcrsidadcCaiòhca de Suo Paulo. 
Além de apreciar os iraDaihos c prenuar 
o vencedor, a comissão poderá lamWra 
outorgar Cenificado de Participação aos 
«isentos no concurso e recomendar a pu- 
blicação do trabalho vencedor. 
Dentro dos cntènos para a outorga do 
troféu "Zumbi dos Paimares". coaslará 
um exame de ménto sobre a con- 
tribuição dos concorrentes a causa He 
defesa e promoção da dignidade humana 
das pessoas de cor ncgrii c « inteyaçio 
social do negro na comunidade brajj. 
Icira 
A entrega do ttolcu "Zumbi dos Pai- 
mares" scra sempre realizada em sessão 
solene, no dia 20 de novembro de cada 
ano, dia da Comunidade Afro-Bratilci- 
18 
O mesmo Remaldo oe Sarros, através 
da sua Secretaria de Finanças, publicava 
o comercial a seguir, no tamanho de 
22 x 28cm, em 20'10/80, na 'Folha da 
Tarde' e outros jornais da Capitai :t'te- 
nndo-se a importância do contribuinte 
pagai os Impostos Sobre Seivicos ÍISS), 
e ta*'ia menção a utilização deste, na 
ajuda e assistência ao menor abandonado 
"sujeito a um futuro de violência e cri- 
me", uma verborragia e analogia racista 
e ficciomsta, como se o problema do 
menor abandonado tosse resolvido a 
partii de uma campanhazmho de aneca- 
dacão de impostos como essa, comoo 
menoi Jbandonado não fosse fruto de 
uma ooiítK.a econômica contia a classe 
trabaihadoid Je expioiacao ntensiva, 
do autocusto Je vida Jo desemprego 
dos oaixos sdianos e da falta de siste 
ma decente de saúde e educação ;.,jia 
a população 
O que mais marcou foi a analogia 
expressa pelo cartaz, do negro como a 
imagem e semelhança do bandido e 
marginal, numa caracterização oficial 
esteriotipada e racista largamente utíli 
zada pelo governo e pela sociedade 
policial dominante. 
Vamos abrir os olhos mmha gente. 
Zumbi não precisa ser homenageado 
e reconhecido pelo senhor prefeito - 
Os negros conscientes deste país, elege- 
ram pelos seus atos - Zumbi e o 
impuseram junto a sociedade racista 
deste pais, como simbolo de liberdade 
de aspiração, e luta incansável por seus 
direitos e hão de impô-lo, nos livros de 
história como exemplo de autonomia do 
povo que principalmente construiu este 
pais frente aos pepistas, petebistas, 
pedessistas e outros istas que não repre- 
sentam os interesses do povo negrro e dos 
trabalhadores brasileiros. 
Sonegar è tirar 
de quem cem pouca 
I Prefeitura do Muidpio de Sâo Paulo 
19 
A VITÓRIA (?) DE PAULO RUI DE OLIVEIRA 
Há velhas lições que não podem ser esquecidas. Num povo de memória curta - 
como é o caso do brasileiro — é sempre bom lembrar a velha lição de que uma vitória 
política não é feita com altos ideais mas muitas vezes com a astúcia e habilidade das 
velhas raposas. 
A vitória do vereador Paulo Rui de Oliveira para a presidência da Câmara Munici- 
pal da cidade de São Paulo, é uma típica vitória da astúcia e da habilidade política. Outra 
lição não menos importante é compreender que a vitória de um indivíduo não é necessa- 
riamente a vitória de um grupo, de uma classe e, no nosso caso, a vitória da população 
negra brasileira, e ou paulistana. Apesar da nossa memória curta alguns poucos negros 
assumiram no passado cargos importantes nos vários níveis da administração municipal, 
estadual e federal, vide os casos de Nelson Carneiro Senado Federal, e recentemente a 
prefeitura de Salvador, Bahia e o Governo do R.G.S. O que é importante saber é se 
todos estes negros se preocuparam em oferecer seus esforços para os próprios negros ou 
simplesmente se preocupam em encher o seu próprio orgulho. 
Ao nosso ver é necessário observar a esta vitória sob o prisma que a emergente 
classe média negra projeta no sentido de estruturar uma elite negra conservadora que 
objetiva dirigir e desenvolver o mito do capitalismo negro que a nível mundial, EUA e 
Libéria, provocou um grave retrocesso na luta pela emancipação dos negros. 
Por outro lado, também coloca para todos os negros a questão da luta parla- 
mentar e o exercício do poder. Neste sentido tem um aspecto progressivo pois define 
a necessidade de uma organização unitária no Parlamento para lutar pelas reinvidicações 
básicas da população negra. 
A eleição de Paulo Rui de Oliveira para a Câmara Municipal não é um aconte- 
cimento local, mas vai além, por ser a cidade de São Paulo um dos centros políticos, 
sociais e econômicos mais dinâmicos do Brasil. 
A sua presença naquela casa exercerá sem dúvida grande influência no restante 
do país. Assim sua vitória não pode ser mais um fato pitoresco do folclore brasileiro 
a ser introduzido num volume do Festival de Besteiras que assola o país do falecido 
Stanislaw Ponte Preta. A ação de Paulo Rui para não se perder no vazio não pode deixar 
de ser sensível às necessidades básicas de todos os negros do Brasil, de auto-organização 
e luta contra a violência policial, contra o desemprego e o preconceito racial que todos 
nós, indistintamente sofremos. Será dando eco aos reclamos da população negra que 
Paulo Rui de Oliveira poderá tornar sua "vitória" política numa conquista real e positiva 
dos negros brasileiros. Afinal, a última velha lição da política é nunca esquecer que, 
com exceção dos tiranos, poucos podem viver eternamente à sombra do Poder. 
Vanderlei José Maria e Rafael Pinto 
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POLíTICA INTERNACIONAL 
r CONTRA A PENA DE MORTE AOS MILITANTES DA ANC 
NA ÁFRICA DO SUL 
A Folha de São Paulo de 28.11.80, 
publicou, a nota a seguir com o título: 
Três condenados — Pretória — A suprema 
Corte de Justiça da África do Sul conde- 
nou à morte, ontem, três integrantes 
do movimento anti-racista Conferência 
Nacional Africana, acusados de "alta 
traição". O mesmo tribunal condenou 
outros seis integrantes da Conferência 
Nacional a longas penas de detenção". 
O Movimento Negro Unificado, na 
mesma semana, distribuiu milhares de 
cópias da nota cujo texto reproduzire- 
mos integralmente a seguir. 
"Cabe a consciência negra brasileira 
e internacional juntamente com a consci- 
ência democrática de nosso país, através 
de suas entidades, como a todos aqueles 
que condenam o racismo, levantarem suas 
vozes contra a condenação à MORTE dos 
três negros militantes do movimento 
anti-racista Congresso Nacional Africano 
(ANC) - organização que luta a mais de 
uma década pela libertação do povo 
majorltáriamente negro, sul-africano, con- 
tra a minoria branca, que impôs o bestial 
regime do Apartheid. O mesmo tribunal 
racista, representante dos interesses da 
minoria branca, que explora os 18 
milhões de negros desse país, condenou 
outros seis integrantes da heróica ANC 
a longas penas de detenção sob a mesma 
acusação de "alta traição". 
O MNU, assim como a consciên- 
cia negra e democrática internacional, 
tem plena convicção de que esses militan- 
tes foram julgados porque são negros 
conscientes, patriotas e dispostos a 
morrer pela libertação da chaga racista \ 
a essa população esmagada pelo regime 
do APARTHEID, num país onde os 
direitos humanos, das pessoas negras 
não existe. 
Cobramos também ao governo bra- 
sileiro, que como através das próprias 
palavras do Gen. Figueiredo, de que 
"estamos com os africanos e contra o 
racismo internacional", que sejam coeren- 
tes com suas palavras, sob pena de se 
tornarem palavras demagógicas, que HT-' 
tercedam junto ao governo da África do 
Sul. Assim como, que o voto dado pelo 
governo brasileiro, em Maputo, Capital 
de Moçambique, (juntamente com outros 
35 países, pela ajuda à África Austral 
na luta contra a hegemonia econômica 
da África do Sul, seja mais do que um 
mero discurso político para garantir os 
interesses econômicos que o Brasil têm 
na África, que seja a expressão verdadei- 
ra e honesta na posição do povo brasileiro 
de repúdio à África do Sul racista e de 
apoio á luta contra o Apartheid, e 
cuminando com o rompimento das rela- 
ções diplomáticas com o Foco Mundial 
do Racismo. 
O MNU convoca as consciências demo- 
cráticas e entidades para escreverem 
cartas (e divulgarem) ao Itamaraty e a 
embaixada da África do Sul, expressan- 
do os votos de protestos da sociedade 
brasileira contra o racismo e PELA VIDA 
DOS 3 militantes da ANC. 
Consulado Geral da República da África 
do Sul, Pça. D. José Gaspar, 134 - SP. 
Capital. 
21 
DIA INTERNACIONAL PELA 
ELIMINAÇÃO DA 
DISCRIMINAÇÃO RACIAL 
No dia 21 de Março de 1960, em 
Shaperville-África do Sul - houve uma 
manifestação pacífica contra a Lei dos 
Passes (documento obrigatório aos 
negros, com as anotações por onde o 
negro pode circular, do trabalho para 
casa e vice versa. Se por acaso uma das 
pessoas for detida fora do percurso 
autorizado, essa pessoa é presa e envia- 
da para campos de trabalhos forçados, 
nas fazendas dos brancos). 
Essa manifestação foi duramente re- 
primida, sofrendo os manifestantes ver- 
dadeiro massacre, morrendo 69 pessoas 
baleadas e centenas foram feridos. 
A Organização das Nações Unidas — 
ONU, em homenagem aos mortos tom- 
bados nessa manifestação, instituiu o dia 
21 de Março, como o Dia InternacionalPela Eliminação do Preconceito Racial. 
Nesse dia em todo o mundo são reali- 
zadas manifestações, as quais denunciam 
o regime racista da África do Sul. 
IMPRENSA NEGRA 
LIVROS/REVISTAS " "^ 
LEIA, ASSINE E DIVULGUE A RE- 
VISTA DO MOVIMENTO NEGRO U- 
NlFICADO. LEIA, ASSINE E DIVUL- 
GUE A REVISTA DO MOVIMENTO 
NEGRO UNIFICADO. LEIA, ASSINE 
E DIVULGUE A REVISTA DO MO - 
VIMENTO NEGRO UNIFICADO. LEI- 
A, ASSINE E DIVULGUE A REVIS - 
TA DO MOVIMENTO UNIFICADO . 
LEIA, ASSINE E DIVULGUE A RE - 
VISTA DO MOVIMENTO UNIFICADO. 
LEIA, ASSINE E DIVULGUE A REVIS 
TA DO MOVIMENTO NEGRO UNIFI- 
CADO. LEIA, ASSINE E DIVULGUE A 
REVISTA DO MOVIMENTO NEGRO U- 
NlFICADO. LEIA, ASSINE E DIVUL - 
GUE A REVISTA DO MOVIMENTO NE- 
GRO UNIFICADO. LEIA, ASSINE E Dl - 
VULGUE A REVISTA DO MOVIMENTO 
NEGRO UNIFICADO. LEIA, ASSINE A 
REVISTA DO MOVIMENTO UNIFICADO. 
INFORMES 
Está sendo discutido a realização de 
um encontro das mulheres negras, na 
ACACAB—Associação Casa da Cultura 
Afro-Brasileira, na Rua Bela Cinta, n9 
195, aos domingos à tarde, com repre- 
sentantes de várias entidades de São 
Paulo. 
Em São Paulo — Reuniões da Cam- 
panha Nacional Contra a Violência Poli- 
cial às sextas-feiras, na Rua 24 de Maio, 
208 - 149 andar das 20: 00 às 22:00 hs. 
22 
Ao Movimento Negro Unificado 
Companheiros, 
A ABRASSO - Associação Brasileira de Solidariedade ao Povo Moçambicano - 
desde sua fundação a 22 de novembro último interessou-se em dar seqüência aos contatos 
informais realizados anteriormente. Por princípio e por ação pretende unir-se ao movi- 
mento de solidariedade à luta pela emancipação dos povos africanos, da qual esse Movi- 
mento há tempo vem sabendo se integrar. 
O conhecimento da manifestação pública de repúdio a mais um vil atentado à 
justa luta do povo sul africano contra o criminoso regime racista do Apartheid, diante 
da condenação de militantes do Congresso Nacional Africano - o ANC sul africano, 
levou-nos imediatamente á reafirmação dos princípios que nos uniram aos povos da 
África Austral, neste momento voltados ao heróico povo sul-africano. 
Sabedores do papel que o ANC desempenha a nível nacional e internacional 
e reconhecendo a sua indiscutível e consagrada legitimidade desde seu surgimento em 
1912, tendo conquistado o respeito da totalidade dos governos progressistas e popula- 
res de todos os continentes, lançamos nossa condenação à pena de morte que recaiu 
sobre bravos companheiros. 
PELO FIM DO REGIME RACISTA DO APARTHEID 
PELA UNIÃO DE TODAS AS FORÇAS PROGRESSISTAS EM TORNO 
DO ANC NA LUTA DE LIBERTAÇÃO DO POVO SUL AFRICANO 
LIBERDADE PARA NELSON MANDELA - Líder do ANC preso e recolhido 
ao campo de concentração na Ilha de Robben. 
Saudações Fraternais 
Yara Brayner Mattos 
Presidente 
23 
O TIÇÃO MUDOU DE ROUPAGEM, 
AGORA É JORNAL. NO SUL A 
VIOLÊNCIA POLICIAL TAMBÉM É 
TEMA DE LUTA I CIVIM C'C LU I M ( Recado ) 
Depois dt- uma parada pvctaJ em 
lermos de circuisçio. Ticão eatá no- 
vamente de volta ao convívio da co 
muiudade ne/rra Sob nova roupa^Km 
e novas proposUa, tenUmoo dennlQ- 
vament^ ocupar o espaço da conse- 
qüente discussão sobre o problema 
raciaJ brasUetro e sobre a lute d 
volvida por todos oa setores oon 
vos da sociedade As dificuldades da 
nossas orfmnlzaçòes que ae (Usem In 
dependentes sáofrsndes. A Imprena* 
necrv «traves do >oma; Tlcio. abre- 
se a psrtlclpacio de todos oa setorsa 
da comunidade que desejam desen- 
volver uma lute mais permanente 
contra as estruturas de domlnacio e 
marfinallzacAo do nexro brasfletro. t 
este cm última a 
CHEGA DE 
VIOLÊNCIA 
Igualdade e 
autonomia 
ao negro 
veja na página 2 
Negra: 
discriminada 
em dose dupla 
paginas 
Censo lapa 
o sol com 
a peneira 
página 2 
A vtolència nunc* ganhou Unu 
manchete quanto nos ultimot t«m 
Principalmente, quando a vioPsnc 
maior e o tio talado arrocho laiai 
marqinaiii»(>o da populacAei ini< 
vivando em tonai de pontena. a I 
copd-càes mmimai de vida, »nitir 
miteria espalhada «ntre negros t 
brancos Etta é a barra do dia-a-4 
imposta a II milhO» de trabal 
que nio chegam a qanhar um \ 
mínimo e de outros tantos 
desempregados E, para comb. 
margina li lados traniformados 
margina^' o governa usa su 
aladadai. onde o ttegro 
culpado e "MMMi**' 
campanhas de segurani 
"negros marginai- ,« 
Ou promovendo 
> protissiona- 
i qualquer negtu 
rciso mandado 
n negro assim 
•pucaclo para a 
principalmente, negra O Esquadrio da 
Morte ou o MJO Branca no centro d« pais 
' te orgulham em mtormar que 9I)S dos 
saus p'esufltos sko negros, também 
encontrados etguecidos nas celas dos 
Tudo isto esta sendo denunciado na 
Campanha Naoonai Contra a Vioiéncta 
Policial lançado pelo Movimento Negro 
de Sto Pauio em agosto, durante um 
ciclo de debates sobre a margmainaçAo 
social do negro e a violência policial. 
Para o MNU. o governo, através de 
suas Secretarias de Segurança está 
promovendo desde o ano passado uma 
campanha nos idrnaii rádios e televisões 
para que » populacip se precavenha 
contra os seus mimtgos "marginais' . oi 
seia. todos os que tiverem aparência de 
marginais Alem disso, emstem as 
propostas de legaiuaflo da pena de 
morte da pnsio cautelar ou de 
averiguação (como se ia nio enstisscl e 
a prdpna sugestAo do Secretario de 
Segurança de Sio Paulo, aconselhando a 
'odo D cidadlo guardar um revolver em 
casa E claro que este cidadio nio pode 
ser poArt n*o pode estar desempregado 
morar em Uvaia ou viUf alastsdst c. 
aparato policiai usa de todas at armss e 
ainda pede aiuda as classes mediai ns 
; combate ao "inimigo'" localiiado nas 
| periferias das cidades 
Agora em setembro, lei um ano que 
estourou o Cato Marli no Rio de Janeiro 
depois que um bataihio de policiais 
matou o seu ir mio. Paulo F S. Fitho, em 
Bellord Roxo. Crime na Baiaada 
Fluminense nio e novidade (mais de *#% 
dos presuntos sdo negros), mas acontece 
que a empregada domestica Warh 
resolveu apurar os culpados Dois ou três 
policiais loram incriminados e 0 resto 
continua impune 
Para isto Marli loi obrigada a lutar ate 
contra o promotor publico do caso que 
mandou suspender o reconhecimento dos 
assassinos Os treie tiros que seu irmAe 
levou não intimidaram Marli que resiste 
é considerada 
i símbolo da resis 
propíe o Movimento Megro Unificado 
Enquanto isto, o arrocho salarial 
enriquece mais ainda a minoria de 
patrftes. De outro lado. o rssto da 
populaçéo dea mais pobre » cada saiaria 
quando consegue emprego. E a resultado 
disto é a superpopulação nas favelas, nas 
tonas pobres, onde nlo saitte a menor 
atoncle por parte dos donos do govemu 
Os negros pedem se considerar como 
resultado mais direto desta situacio qu« 
dona cidades inteira* em condicftes 
subumanas de vida a a crimiAsliMde. te 
nlo * um resultado natural, polo manos 
■ lai parte da regra do ivge 
I Em troca, a governa aumenta o efetive 
. policial,mas "So combatearaii da miséria, 
pratica arbitrariedades, mas nlo di 
soluc&es ao desemprego s nio tem conto 
diminuir o custo de vida. Nos últimos 
, dias. a vioiencií tomou outra forma: tem 
agora o formato de uma bomba que e 
! legada freqüentemente em quem 
i conteste o a etcravidio econômica e a 
| política imposta desde M Trata-se de 
violéncta em outra linguagem, com o 
1
 mesmo obiettvo de tapar st furas desse 
período de crise política a social 
i tentando calar o coro dos descontentes. 
I boie, engrossado pelo gritedes 
| profissionais liberais, das cWssns 
I intermediSrias 
24

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