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Aula 07 DIREITO CIVIL 3

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DIREITO CIVIL ± TRF 1ª REGIÃO (AJAJ E OJAF)
Teoria e Questões
Aula 07 ± Profa Aline Baptista Santiago
¾ Venda a contento............................................................................................................................. 51
¾ Da preempção ou preferência. ........................................................................................................ 53
¾ Da venda com reserva de domínio. ................................................................................................. 54
¾ Da venda sobre documentos. .......................................................................................................... 56
¾ Da troca ou permuta. ................................................................................................................. 56
¾ Do contrato estimatório............................................................................................................. 57
¾ Da doação.................................................................................................................................. 58
¾ Da Revogação da Doação................................................................................................................. 63
¾ Da locação. ................................................................................................................................ 65
¾ Obrigações do locador. .................................................................................................................... 66
¾ Obrigações do locatário. .................................................................................................................. 67
¾ Do empréstimo.......................................................................................................................... 69
¾ Do Comodato. .................................................................................................................................. 70
¾ Do Mútuo. ........................................................................................................................................ 71
¾ Da prestação de serviço. ............................................................................................................ 73
¾ Da empreitada........................................................................................................................... 78
¾ Do depósito. .............................................................................................................................. 81
¾ Do Depósito Necessário (arts. 647 a 651)........................................................................................ 86
¾ Do mandato............................................................................................................................... 88
¾ Das Obrigações do Mandatário (arts. 667 a 674). ........................................................................... 91
¾ Das Obrigações do Mandante (arts. 675 a 681)............................................................................... 93
¾ Da Extinção do Mandato (arts. 682 a 691)....................................................................................... 93
¾ Do Mandato Judicial (art.692).......................................................................................................... 96
¾ Da comissão. ............................................................................................................................. 96
¾ Da agência e distribuição............................................................................................................ 98
¾ Da corretagem. ........................................................................................................................ 100
¾ Do transporte. ......................................................................................................................... 101
¾ Disposições gerais. ......................................................................................................................... 102
¾ Do transporte de pessoas. ............................................................................................................. 103
¾ Do transporte de coisas. ................................................................................................................ 105
¾ Do seguro. ............................................................................................................................... 108
¾ Do seguro de dano. ........................................................................................................................ 110
¾ Do seguro de pessoa. ..................................................................................................................... 112
¾ Da constituição de renda (arts. 803 a 813). ............................................................................... 114
¾ Do jogo e da aposta (arts. 814 a 817). ....................................................................................... 115
¾ Da fiança. ................................................................................................................................ 116
¾ Dos Efeitos da Fiança (arts. 827 a 836). ......................................................................................... 119
¾ Da Extinção da Fiança (arts. 837 e 839). ........................................................................................ 122
¾ Da transação............................................................................................................................ 123
¾ Do compromisso. ..................................................................................................................... 125
Atos Unilaterais. ......................................................................................................................126
¾ Promessa de Recompensa (arts. 854 a 860 do CC). .................................................................... 126
¾ Da Gestão de Negócios (arts. 861 a 875 do CC).......................................................................... 128
¾ Obrigações do gestor. .................................................................................................................... 128
¾ Obrigações do dono do negócio. ................................................................................................... 129
¾ Do Pagamento Indevido (arts. 876 a 883 do CC). ....................................................................... 131
¾ Do Enriquecimento sem Causa (arts. 884 a 886 do CC). ............................................................. 133
Considerações Finais ................................................................................................................134
Resumo da Matéria..................................................................................................................135
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DIREITO CIVIL ± TRF 1ª REGIÃO (AJAJ E OJAF)
Teoria e Questões
Aula 07 ± Profa Aline Baptista Santiago
É de execução imediata, ou instantânea, o contrato cuja obrigação é
adimplida por intermédio de uma única prestação que importa na extinção
completa da obrigação.
No contrato de execução diferida no tempo, ou retardada, a prestação a ser
cumprida se dará somente em termo futuro.
Já o contrato de execução sucessiva (continuada), ou de trato sucessivo,
é aquele que se renova periodicamente com o adimplemento das obrigações
contratadas e que serão cumpridas sucessivamente. As obrigações,
isoladamente, não tem o condão de extinguir a relação, que persiste e não se
extingue por completo até o advento de um termo contratual ou do implemento
de uma condição contratualmente fixada.
Contratos principais e acessórios:
São principaisos contratos que tem existência autônoma, ou seja,
independentemente e não se submetem a sorte de qualquer outro contrato. Os
contratos acessórios, por sua vez, existem em virtude dos contratos principais,
tendo, destarte, sua existência condicionada a do principal, como por exemplo, a
fiança.
Após citarmos como os contratos podem ser classificados, vamos dar
continuidade à aula, analisando as disposições gerais sobre contratos
encontradas no código civil!
Preliminares (arts. 421 a 426).
O primeiro artigo referente às disposições gerais dos contratos fala da
liberdade de contratar e nos traz o princípio da sociabilidade (a função
social do contrato). Este princípio estipula a prevalência dos valores coletivos
sob os individuais, sem esquecer, contudo, do valor fundamental da pessoa
humana.
Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função
social do contrato.
A liberdade de contratar está condicionada ao respeito à função social do
contrato. Deste modo, limita-se por preceitos de ordem pública, que proíbem,
por exemplo, que o acordo entre as partes seja contrário aos bons costumes.
Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato,
como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé.
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   
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DIREITO CIVIL ± TRF 1ª REGIÃO (AJAJ E OJAF)
Teoria e Questões
Aula 07 ± Profa Aline Baptista Santiago
Gabarito correto.
O artigo 423 nos traz a figura do contrato de adesão.
³$FKR�TXH�HX�Mi�RXYL�IDODU�GLVWR�´�
Sim, provavelmente você já se deparou com um contrato deste tipo. O
contrato de adesão é aquele em que apenas uma das partes estipula as
cláusulas e o modo como será o contrato.
Cabendo à outra parte ± que é chamada de aderente (você -), apenas aderir
a este contrato, ou seja, aceitar as ³UHJUDV´�SUp-estabelecidas. O contrato de
adesão contrapõe-se, deste modo, ao chamado contrato paritário8, pois
neste as partes discutem livremente as condições.
Como exemplos de contratos de adesão, temos aqueles contratos que
assinamos (quando assinamos) para receber um cartão de crédito e para
formalizar determinados seguros.
Acreditamos que você nunca presenciou alguém, no momento de assinar um
contrato deste tipo, discutindo as cláusulas com o gerente do banco ou com o
corretor, não é mesmo? O contrato já chega pronto, fazemos apenas a adesão.
Art. 423. Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias,
dever-se-á adotar a interpretação mais favorável ao aderente.
Portanto, quando o contrato de adesão contiver cláusulas ambíguas ou
contraditórias, caberá ao intérprete, no momento de apreciá-las, adotar a
interpretação mais favorável ao aderente (nada mais justo, uma vez que ao
aderente ³não é permitido´ discutir as cláusulas deste tipo de contrato).
Em tese -, quem faz o contrato de adesão deverá de redigi-lo de maneira
mais clara possível, para que o aderente ao se decidir sobre a adesão entenda
o que está fazendo.
Art. 424. Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia
antecipada do aderente a direito resultante da natureza do negócio.
8 O contrato paritário é do tipo tradicional. Nele as partes estão em situação de igualdade, pois
discutem as condições do contrato.
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Teoria e Questões
Aula 07 ± Profa Aline Baptista Santiago
de um contrato surgir apenas com uma proposta de negócio seguida de uma
aceitação imediata.
A fase pré-contratual não cria direitos nem obrigações e tem como
objetivo a preparação do consentimento para a conclusão do negócio jurídico
contratual. Não se estabelece qualquer laço jurídico e, por este motivo, não se
pode imputar responsabilidade civil contratual àquele que houver
interrompido essas negociações.
Nas negociações preliminares, as partes podem passar a elaboração da
minuta, que nada mais é do que colocar por escrito alguns pontos constitutivos
do contrato (cláusulas ou condições) sobre os quais já tenham chegado a um
acordo. Esta minuta no futuro poderá servir de modelo para o contrato que
realizarão. Nesta fase ainda não existe vínculo jurídico entre as partes.
³1HVWD� IDVH�GH�QHJRFLDo}HV�QmR�Ki�DLQGD�D� UHVSRQVDELOL]DomR�
FLYLO"´
Muito cuidado! Não há responsabilidade civil contratual, mas apesar da
falta de obrigatoriedade dos entendimentos preliminares, excepcionalmente pode
surgir a responsabilização civil extracontratual. Isto acorrerá, na hipótese de um
participante criar no outro a expectativa de que o negócio será celebrado,
levando-o a executar despesas, a não contratar com terceiros ou, então, a
alterar planos de sua atividade imediata.
A parte que, injustificavelmente, desistir e causar prejuízos (mesmo que
indiretos) terá a obrigação de ressarcir os danos incorridos. Não se trata da
responsabilidade por inadimplemento contratual, mas sim da responsabilidade
pela prática de ato ilícito (extracontratual).
Sendo o contrato um acordo de duas ou mais vontades, estas não são
emitidas ao mesmo tempo, mas sim sucessivamente, com um intervalo razoável
entre uma e outra. Existe uma parte que toma a iniciativa, dando início à
formação do contrato, ao formular a proposta.
A proposta constitui uma declaração inicial de vontade e cuja finalidade é a
realização de um contrato. A oferta de contrato, em regra, obriga o proponente.
¾ A proposta.
Pode-se dizer que a proposta é uma declaração receptícia de vontade, que
se dirige de uma pessoa para a outra e na qual se manifesta a intenção de se
considerar vinculada se a outra parte aceitar.
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   
  ±      
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  ±    
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 
           
            
            
           
 
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          
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            
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        
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   
  ±      
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 
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           
       
 
¾  
            
            
         
        
  ³$� DFHLWDomR� p� XPD�GHFODUDomR� XQLODWHUDO� GH� YRQWDGH��
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          
   
          
         
            
            
            
 
        
             
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                
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   
  ±      
  
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FRQWUDWDU´
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        
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      
 
          
          
      
 
      -
        
          
          
         
           
          
             
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              
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7
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DIREITO CIVIL ± TRF 1ª REGIÃO (AJAJ E OJAF)
Teoria e Questões
Aula 07 ± Profa Aline Baptista Santiago
Estipulação em favor de terceiro (arts. 436 a 438).
De acordo com Carlos Roberto Gonçalves17: ³'i-se a estipulação em favor
de terceiros, pois, quando, no contrato celebrado entre duas pessoas,
denominadas estipulante e promitente, convenciona-se que a vantagem
resultante do ajuste reverterá em benefício de terceira pessoa, alheia à
formação do vínculo contratual´� (grifos nossos)
Na estipulação em favor de terceiro (como o próprio nome diz) existirá uma
terceira pessoa. Temos, então, a presença de três figuras, que são: o
estipulante ± aquele que estipula em benefício da terceira pessoa; o
promitente ± aquele que se obriga a cumprir o acordo em favor do beneficiário;
e o beneficiário (que é o terceiro) - a pessoa determinada ou indeterminada
que receberá o benefício. É importante destacar que embora a validade do
contrato não esteja subordinada a vontade do beneficiário, o mesmo não
podemos afirmar com relação à eficácia do negócio, porque, neste caso, será
necessária a aceitação por parte daquele que se beneficia18.
Um exemplo bastante comum de contrato em favor de terceiro é
aquele que beneficia em um seguro, uma terceira pessoa, que não participou
diretamente da relação, do vínculo, contratual. O terceiro não é parte no contrato.
Ainda explicarei o contrato de seguro, mas haverá uma exceção, trata-se de
uma impossibilidade de se estipular em favor de terceiro, no concubinato.
Art. 793. É válida a instituição do companheiro como beneficiário, se ao tempo do
contrato o segurado era separado judicialmente, ou já se encontrava separado de fato.
Art. 436. O que estipula em favor de terceiro pode exigir o cumprimento da obrigação.
Parágrafo único. Ao terceiro, em favor de quem se estipulou a obrigação, também é
permitido exigi-la, ficando, todavia, sujeito às condições e normas do contrato, se a ele
anuir, e o estipulante não o inovar nos termos do art. 438.
O art. 436 dá ao estipulante o poder de exigir o cumprimento da obrigação
por parte do promitente.
O beneficiário também poderá exigir o cumprimento do contrato, isto se este
direito não estiver vedado expressamente no próprio contrato e desde que o
estipulante não o tenha substituído, conforme o autoriza o art. 438.
17 Carlos Roberto Gonçalves, Direito Civil Esquematizado, 2ª ed.
18 Carlos Roberto Gonçalves, Direito Civil Brasileiro 3, ed. Saraiva, 9ª ed.
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   
  ±      
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 
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    
                 
         
           
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   ±        
           
         
         
         
            
              
    
             
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            
             
              
           
          
             
  
        
        
 ³´   ³´  ³´     ³´  
         
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   
  ±      
  
  ±    
 
       
            
 
            
       
          
         
          
             
  
      
      ³9tFLRV� UHGLELWyULRV� VmR� RV�
           
            ´
 
             
               
  
          
            
             
             
          
            
              
 
        
             
     
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Teoria e Questões
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Art. 443. ¹Se o alienante conhecia o vício ou defeito da coisa, restituirá o que
recebeu com perdas e danos; ²se o não conhecia, tão-somente restituirá o valor
recebido, mais as despesas do contrato.
O artigo 443 estabelece diferenças entre o alienante que age de má-fé e o
que age de boa-fé, quais sejam: ¹se o vendedor sabia do vício, e, portanto,
agiu de má-fé, terá que pagar ao adquirente o valor que foi pago pela coisa mais
perdas e danos; porém ²se o vendedor não sabia do vício ± agiu de boa-
fé, terá que restituir o valor recebidomais as despesas do contrato.
Art. 444. A responsabilidade do alienante subsiste ainda que a coisa pereça em poder do
alienatário, se perecer por vício oculto, já existente ao tempo da tradição.
Nesta situação, o vendedor responde pelo vício nos mesmos termos do
artigo antecedente, mesmo que a coisa se acabe em poder do adquirente e desde
que o motivo que tenha ocasionado este perecimento seja o vício oculto já
existente na época da venda.
Dos prazos para reclamar (prazos decadenciais):
Art. 445. O adquirente decai do direito de obter a redibição ou abatimento no preço no
prazo de trinta dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel, contado da
entrega efetiva; se já estava na posse, o prazo conta-se da alienação, reduzido à
metade.
Estes dois prazos volta e meia aparecem nas provas, vamos utilizar esta
dica para memorização:
Logo após passar no concurso, com seu primeiro vencimento você resolve
comprar um carro (bem móvel) e um apartamento (bem imóvel). Caso existam
defeitos ocultos, você terá 30 dias para reclamar com relação ao carro e um ano
para reclamar com relação ao apartamento. E um detalhe, digamos que você já
estava de posse destes bens, neste caso os prazos contam da alienação e são
reduzidos pela metade.
§ 1º. Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde, o
prazo contar-se-á do momento em que dele tiver ciência, até o prazo máximo de
cento e oitenta dias, em se tratando de bens móveis; e de um ano, para os imóveis.
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   
  ±      
  
  ±    
              
             
          
             
            
       
             
           
            
             
     
     
    ³(YLFomR� p� D�    
           
SUHH[LVWHQWH�DR�FRQWUDWR´  
           
          
        
        
           
 
        
              
     
 
           
       
        
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Imaginemos que João era dono de uma casa, e que resolveu transformá-
la. E durante esta transformação vendeu portas e janelas que não iria mais usar.
Aqui vamos ter duas situações: se João ± que obteve vantagens com a venda,
for condenado por sentença judicial a indenizar o evictor por conta da
transformação da casa, terá ele direito de receber do alienante o valor total da
casa perdida por evicção. Porém, se João que obteve vantagens com a venda das
portas e janelas, e não foi condenado a restituir este valor ao evictor, o valor a
ser ressarcido pelo alienante sofrerá um abatimento.
Art. 453. As benfeitorias necessárias ou úteis, não abonadas ao que sofreu a evicção,
serão pagas pelo alienante.
Este artigo nos traz uma situação diferente. Onde o evicto será indenizado
pelo evictor pelas benfeitorias necessárias ou úteis que fez na coisa e que não
foram abonadas22. Este valor entrará na conta de indenização que será paga
pelo alienante, que por sua vez poderá ingressar com uma ação regressiva contra
o evictor.
Art. 454. Se as benfeitorias abonadas ao que sofreu a evicção tiverem sido feitas pelo
alienante, o valor delas será levado em conta na restituição devida.
Neste caso, as benfeitorias foram feitas pelo alienante, e se entraram na
conta da indenização ± foram abonadas, portanto, o alienante poderá descontar
o valor referente a tais benfeitorias, do total a ser pago ao evicto. Se as
benfeitorias não foram abonadas na sentença, deverão ser pagas pelo evictor
para o alienante.
Art. 455. Se parcial, mas considerável, for a evicção, poderá o evicto optar entre a
rescisão do contrato e a restituição da parte do preço correspondente ao desfalque
sofrido. Se não for considerável, caberá somente direito a indenização.
Se a evicção for parcial, mas a perda for considerável, o evicto poderá optar
pela rescisão contratual, e neste caso deverá devolver a coisa ao alienante, no
mesmo estado que a recebeu, e o alienante restituirá o preço pago. Se o evicto
optar pela restituição da parte do preço correspondente ao desfalque sofrido, este
valor será calculado proporcionalmente ao valor da coisa no tempo da evicção.
22 Quer dizer que não foram reembolsadas na sentença.
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receber integralmente o que lhe foi prometido, desde que de sua parte não tenha havido
dolo ou culpa, ainda que nada do avençado venha a existir.
Dispõe este artigo, que se o contrato for aleatório, tendo como seu objeto
coisa futura e incerta, com o risco de não vir a acontecer, mas assumido por
um dos contratantes, a outra parte receberá todo o preço da coisa.
Usando o exemplo do contrato de seguro: Nós pagamos todo o preço
do seguro, mesmo que o sinistro (por exemplo, o acidente) não aconteça, não é
verdade?
O adquirente assume o risco relativo a coisa, mas o alienante, para receber
o preço, não pode agir com culpa ou dolo.
Art. 459. Se for aleatório, por serem objeto dele coisas futuras, tomando o adquirente a
si o risco de virem a existir em qualquer quantidade, terá também direito o alienante a
todo o preço, desde que de sua parte não tiver concorrido culpa, ainda que a coisa venha
a existir em quantidade inferior à esperada.
Este artigo trata da hipótese de risco ligado a quantidade maior ou menor
da coisa esperada. O preço será devido ao alienante mesmo que a quantidade
seja menor que a esperada.
Art. 459. Parágrafo único. Mas, se da coisa nada vier a existir, alienação não haverá, e
o alienante restituirá o preço recebido.
Assim, se nada vier a existir da coisa comprada, haverá falta do objeto
e será nulo o contrato e o alienante deverá devolver o valor que foi recebido.
Para melhor compreensão vamos usar outro exemplo: Imagine uma
colheita de morangos! Se o adquirente quiser comprar a colheita futura, qualquer
que seja a quantidade, mesmo se menor que a esperada, terá ele que aceitar.
Porém, se nada for colhido, existirá falta do objeto do contrato e, como sabemos,
o objeto é um dos requisitosbásicos do contrato, sendo assim, este será nulo.
Art. 460. Se for aleatório o contrato, por se referir a coisas existentes, mas
expostas a risco, assumido pelo adquirente, terá igualmente direito o alienante a
todo o preço, posto que a coisa já não existisse, em parte, ou de todo, no dia do contrato.
O caso deste artigo é aquele em que o contrato tem por objeto coisas já
existentes, mas que estão expostas a riscos. Se mesmo assim o adquirente quiser
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a coisa, com a incerteza da existência da coisa no dia do contrato, o alienante
terá direito a receber o preço integral.
Art. 461. A alienação aleatória a que se refere o artigo antecedente poderá ser anulada
como dolosa pelo prejudicado, se provar que o outro contratante não ignorava a
consumação do risco, a que no contrato se considerava exposta a coisa.
Deste modo, a venda aleatória de coisa sujeita a risco poderá ser
anulada se o adquirente provar que a conduta do alienante foi dolosa ±
porque tinha conhecimento, quando da conclusão do contrato, de que a coisa já
não mais existia e que, mesmo sabendo da inexistência da coisa, no todo ou em
parte, omitiu dolosamente tal fato.
Do Contrato com Pessoa a Declarar (art. 467 a 471).
No art. 467, temos o caso da permissão legal para que um dos contratantes
possa inserir no contrato cláusula que permitirá a inclusão de outra pessoa para
substituí-lo na relação contratual. Esta outra pessoa (um terceiro) poderá adquirir
os direitos e assumir as obrigações decorrentes do contrato, desde o momento
em que foi celebrado.
Art. 467. No momento da conclusão do contrato, pode uma das partes reservar-se a
faculdade de indicar a pessoa que deve adquirir os direitos e assumir as obrigações
dele decorrentes.
A pessoa escolhida para a substituição poderá aceitar ou não, no entanto,
uma vez aceitando, assumirá o lugar da parte nomeante, ficando responsável por
todas as obrigações deste o início do contrato.
Se a pessoa indicada recusar esta inclusão ou o nomeante não indicar pessoa
para substituí-lo, o contrato ficará valendo, mas entre as partes originais.
Art. 468. Essa indicação deve ser comunicada à outra parte no prazo de cinco dias
da conclusão do contrato, se outro não tiver sido estipulado.
Parágrafo único. A aceitação da pessoa nomeada não será eficaz se não se revestir da
mesma forma que as partes usaram para o contrato.
Esta comunicação é importante para que torne eficaz a cláusula, e não se
prolongue a incerteza. Importante você notar também que, por exemplo, se para
o contrato foi exigido documento público, a aceitação também deve ser feita por
instrumento público.
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Atenção: o contrato permanecerá válido entre as partes originais se a
nomeação não for eficaz, por não ter a mesma forma do contrato.
Art. 469. A pessoa, nomeada de conformidade com os artigos antecedentes, adquire os
direitos e assume as obrigações decorrentes do contrato, a partir do momento em que
este foi celebrado.
Este artigo reforça o conteúdo do art. 467, a aceitação tem efeito ex tunc
± ou seja, retroage ao início do contrato, ao momento da celebração.
Art. 470. O contrato será eficaz somente entre os contratantes originários:
I - se não houver indicação de pessoa, ou se o nomeado se recusar a aceitá-la;
Caso já comentado, se não for feita a nomeação no prazo de cinco dias
contados desde a celebração do contrato, ou no prazo acordado entre as partes,
ou se feita a nomeação dentro do prazo, o nomeado não aceitar. Em ambos os
casos a cláusula de reserva de nomeação ficará sem efeito, permanecendo o
contrato válido e eficaz entre as partes originárias.
II - se a pessoa nomeada era insolvente, e a outra pessoa o desconhecia no
momento da indicação.
Art. 471. Se a pessoa a nomear era incapaz ou insolvente no momento da
nomeação, o contrato produzirá seus efeitos entre os contratantes originários.
Da Extinção do Contrato (art. 472 a 480).
Os contratos seguem uma ordem, ou seja, têm sua origem (em um acordo
de vontades); posteriormente, produzem seus efeitos; e, por fim, extinguem-
se.
Esta extinção, em regra, dá-se pelo cumprimento da obrigação acordada,
que satisfaz o credor e libera o devedor.
¾ Do distrato (arts. 472 e 473).
O distrato é um acordo entre as partes contratantes com o objetivo de
dissolver o contrato antes pactuado.
Art. 472. O distrato faz-se pela mesma forma exigida para o contrato.
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De acordo com o artigo 472, temos, por exemplo, que se para a formação
do contrato era exigida a escritura pública, para o distrato também haverá a
mesma exigência. O distrato seguirá a forma do contrato.
Art. 473. A resilição unilateral, nos casos em que a lei expressa ou implicitamente
o permita, opera mediante denúncia notificada à outra parte.
Deste modo, a resilição unilateral 24 pode ocorrer em determinados
contratos, desde que a lei permita, sendo feita através de notificação à outra
parte.
Parágrafo único. Se, porém, dada a natureza do contrato, uma das partes houver
feito investimentos consideráveis para a sua execução, a denúncia unilateral só
produzirá efeito depois de transcorrido prazo compatível com a natureza e o vulto dos
investimentos.
³2�TXH�LVWR�H[DWDPHQWH�TXHU�GL]HU"´
Vamos usar um exemplo para melhor explicar esta situação: Maria
(proprietária) realizou um contrato de locação com Patrícia, no entanto, para que
o contrato fosse concretizado, Maria teve que realizar algumas obras em seu
apartamento. Tais obras somente foram executadas em função do contrato.
Acontece que, decorridos apenas dois meses de locação, Patrícia decidiu desfazer
o contrato. Fica claro que neste período de contrato não houve tempo suficiente
para que Maria recuperasse os investimentos realizados no apartamento.
Esta situação é justamente a que encontramos no parágrafo único do artigo
473. Assim, a denúncia unilateral só terá efeito depois de transcorrido prazo
compatível com a natureza e o vulto dos investimentos e caberá ao juiz ± com a
ajuda de perícia técnica, determinar qual é este prazo.
¾ Da Cláusula Resolutiva (arts. 474 e 475).
Cláusula resolutiva é aquela que irá rescindir o contrato por inadimplemento
(não cumprimento) de uma das partes.
Art. 474. A cláusula resolutiva expressa opera de pleno direito; a tácita depende
de interpelação judicial.
24 Resilição unilateral é meio de extinção do contrato por vontade de uma das partes.
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   
  ±      
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          
           
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          
  
            
            
 
¾  
        
             
             
&LYLO� GR� &RQVHOKR� GD� -XVWLoD� )HGHUDO�� TXH� DVVLP� GLVS}H�� ³2� DGLPSOHPHQWR�
         
            
D�DSOLFDomR�GR�DUW�����´�
          
           
        
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            
        
           
        

       
      
         
     
             
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   
  ±      
  
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 
      
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          
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           
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 
       
          
        
          
           
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 
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          
           
         
       
         
            
           
          
             
       
           
            
             
        
 
¾          
            
       
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   
  ±      
  
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          
          
             
        
       
           
           
     
 
       
           
          
 
             
           
              
           
             
          
              
     
¾         
             
           
         
              
 
            
            
            
      
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DIREITO CIVIL ± TRF 1ª REGIÃO (AJAJ E OJAF)
Teoria e Questões
Aula 07 ± Profa Aline Baptista Santiago
Caso seja possível restabelecer o equilíbrio da prestação, não há motivos
para a resolução do contrato, não é mesmo?
Por isso a iniciativa do réu ± ³FUHGRU´��TXH�YROXQWDULDPHQWH�FRQFRUGD�FRP�D�
alteração do contrato, proporciona um desfecho menos oneroso para o ³GHYHGRU´�
do que a extinção do contrato.
Atenção: as prestações que já foram pagas não podem ser revistas na
ação por onerosidade excessiva, e as que foram pagas durante o curso do
processo poderão ser modificadas com a prolação da sentença.
Art. 480. Se no contrato as obrigações couberem a apenas uma das partes, poderá
ela pleitear que a sua prestação seja reduzida, ou alterado o modo de executá-la, a fim
de evitar a onerosidade excessiva.
Neste caso trata-se de um contrato unilateral, em que a ação é preventiva,
ou seja, é para evitar que o contrato se torne muito oneroso para a parte
devedora.
Espécies de contratos (arts. 481 a 853).
¾ Compra e venda (arts. 481 a 532).
Este é um dos principais contratos apresentados pelo código civil, é
também um contrato bastante comum no cotidiano das pessoas.
Art. 481. Pelo contrato de compra e venda, ¹um dos contratantes se obriga a transferir
o domínio de certa coisa, e ²o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro.
Caio Mário da Silva Pereira27 assim apresentava o contrato de compra e
venda: ³e�R�FRQWUDWR�HP�TXH�uma pessoa (vendedor) se obriga a transferir
a outra (comprador)a propriedade de uma coisa corpórea ou incorpórea,
mediante o pagamento de certo preço em dinheiro ou valor fiduciário
FRUUHVSRQGHQWH´�
Assim, são elementos essenciais do contrato de compra e venda: ¹a
coisa (ou res); ²o preço; e ³o consentimento das partes.
Sobre este assunto temos o art. 482:
27 Caio Mario da Silva Pereira, Instituições de direito Civil, volume I, 25 ed.
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DIREITO CIVIL ± TRF 1ª REGIÃO (AJAJ E OJAF)
Teoria e Questões
Aula 07 ± Profa Aline Baptista Santiago
Art. 482. A compra e venda, quando pura, considerar-se-á obrigatória e perfeita, desde
que as partes acordarem no objeto e no preço.
O consenso, ao lado do preço e da coisa, é elemento essencial à compra e
venda. Logo, é o aceite, face à proposta de venda da coisa, que faz com que o
contrato se aprimore nos termos da lei.
Quanto ao objeto (a coisa do negócio jurídico), este deve ter existência
real ou ao menos potencial.
³2�TXH�LVWR�TXHU�GL]HU"´
O nosso ordenamento jurídico permite a venda de coisas futuras, mas,
neste caso, a coisa ao menos deve ser identificada pelo gênero e pela
quantidade.
Veja o art. 483:
Art. 483. A compra e venda pode ter por objeto coisa atual ou futura. Neste caso,
ficará sem efeito o contrato se esta não vier a existir, salvo se a intenção das
partes era de concluir contrato aleatório.
Agora nós é que lhe perguntamos: Você se recorda o que é um contrato
aleatório?
Copiando a primeira parte desta aula: ³o contrato aleatório baseia-se na
ideia de álea, risco, acaso, sorte. Recebe a classificação de aleatório quando a
prestação devida depende de um acontecimento incerto, que faz com que
não seja possível a determinação do ganho ou da perda, senão até que este
acontecimento se realize´.
No artigo seguinte (art. 484) temos a venda realizada por meio de amostras,
protótipos ou modelos. Nesta situação, o alienante (ou vendedor) tem a
obrigação de entregar coisa com as mesmas características apresentadas quando
do fazimento do contrato. Se demorar, ou o cumprimento da obrigação se der de
forma deficiente, terá o comprador o direito de exigir a coisa pelas mesmas
características apresentadas na amostra, protótipo ou modelo.
De acordo com o art. 484 e seu § único:
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   
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Parágrafo único. Verificada a insuficiência do depósito judicial, não será o vendedor
restituído no domínio da coisa, até e enquanto não for integralmente pago o comprador.
No caso de resistência por parte do comprador, cabe ao vendedor
depositar judicialmente o valor, para assim, garantir o direito de resgate do bem.
É condição para que a retrovenda se opere: que o depósito seja real, completo e
efetivo face às despesas de contrato, benfeitorias necessárias e valor da coisa
vendida, além, daquelas despesas contratualmente ajustadas. Se o depósito for
insuficiente ou incompleto, não será o vendedor restituído ao domínio da coisa.
Art. 507. O direito de retrato, que é cessível e transmissível a herdeiros e legatários,
poderá ser exercido contra o terceiro adquirente.
O direito é o direito relacionado à retrovenda, este não é suscetível de cessão
por ato inter vivos, isto porque é direito personalíssimo do vendedor, entretanto,
conforme verificamos no artigo 507, passa para seus herdeiros ou legatários.
Assim, a retrovenda é cessível e transmissível por ato causa mortis, e
poderá ser exercido contra terceiro adquirente33.
Art. 508. Se a duas ou mais pessoas couber o direito de retrato sobre o mesmo imóvel,
e só uma o exercer, poderá o comprador intimar as outras para nele acordarem,
prevalecendo o pacto em favor de quem haja efetuado o depósito, contanto que seja
integral.
Havendo pluralidade de sujeitos com direito de retrato sob o mesmo imóvel,
é imprescindível a intimação de cada um deles, para que se pronunciem a
respeito. O correndo recusa o retrato poderá ser exercido apenas pelo
interessado, que fara prevalecer seu direito de recomprar o bem, desde que seja
depositado o preço de forma integral.
¾ Venda a contento.
Art. 509. A venda feita a contento do comprador entende-se realizada sob
condição suspensiva, ainda que a coisa lhe tenha sido entregue; e não se reputará
perfeita, enquanto o adquirente não manifestar seu agrado.
A venda a contento é uma cláusula que subordina o contrato à
manifestação do comprador. Esta cláusula confere ao comprador o direito de
primeiramente apreciar a coisa e posteriormente recusá-la unilateralmente, se
assim quiser. O contrato deve marcar um prazo para a manifestação do
33 Terceiro adquirente é a pessoa que comprou o imóvel do comprador original que havia feito o
contrato com a cláusula de retrovenda.
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adquirente, caso contrário deverá haver notificação judicial ou extrajudicial para
a resposta do comprador.
Art. 510. Também a venda sujeita a prova presume-se feita sob a condição suspensiva
de que a coisa tenha as qualidades asseguradas pelo vendedor e seja idônea para o fim
a que se destina.
A venda sujeita a prova também dá ao contrato de compra e venda efeito
suspensivo. Mas difere da venda a contento, porque a coisa será entregue para
que o adquirente verifique se possui certas características e qualidades face à
sua utilidade e eficiência. A recusa neste caso precisa ser justificada. Assim como
ocorre na venda a contento, deve haver previsão de prazo para a resposta no
contrato.
Art. 511. Em ambos os casos, as obrigações do comprador, que recebeu, sob condição
suspensiva, a coisa comprada, são as de mero comodatário, enquanto não manifeste
aceitá-la.
Assim, tanto ¹na venda a contento como ²na sujeita a prova, a
manifestação do adquirente sobre a coisa deve ser expressa, pois é a partir
desta manifestação que o contrato se aprimora, enquanto não houver
manifestação o comprador é visto como mero comodatário.
Art. 512. Não havendo prazo estipulado para a declaração do comprador, o vendedor
terá direito de intimá-lo, judicial ou extrajudicialmente, para que o faça em prazo
improrrogável.
Este artigo vem reforçar o que já dissemos antes, trata-se daimportância da manifestação do comprador para que o contrato se realize.
Como o vendedor não pode ficar à mercê da vontade exclusiva do comprador,
caso não haja em contrato prazo para esta manifestação, poderá intimá-lo judicial
ou extrajudicialmente.
É importante destacar que o direito resultante dos contratos
celebrados a contento ou sujeitos à prova é personalíssimo, devendo o próprio
adquirente se manifestar, assim, se ocorrer sua morte o contrato se resolve, não
há transferência de tal direito para os sucessores. O mesmo não ocorre se falecer
o vendedor.
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¾ Da preempção ou preferência.
Art. 513. A preempção, ou preferência, impõe ao comprador a obrigação de oferecer
ao vendedor a coisa que aquele vai vender, ou dar em pagamento, para que este use
de seu direito de prelação na compra, tanto por tanto.
Parágrafo único. O prazo para exercer o direito de preferência não poderá exceder a
cento e oitenta dias, se a coisa for móvel, ou a dois anos, se imóvel.
A preempção resulta de cláusula, inserida no contrato, que garante ao
vendedor direito de preferência na reaquisição da coisa vendida, em igual
condição com terceiro comprador. É um pacto que se estipula em favor do
vendedor primitivo, que terá direito de preferência, caso o adquirente resolva
vender ou dar em pagamento o bem. A preempção é direito pessoal, portanto,
intransmissível seja por ato inter vivos ou por causa mortis.
Art. 514. O vendedor pode também exercer o seu direito de prelação, intimando o
comprador, quando lhe constar que este vai vender a coisa.
Assim como o antigo adquirente da coisa, móvel ou imóvel deve oferecer o
bem ao seu antigo proprietário, este, ao ter conhecimento de que ela será
alienada, pode intimar o vendedor a oferecer-lhe, respeitada a mesma proposta
feita a terceiro.
Art. 515. Aquele que exerce a preferência está, sob pena de a perder, obrigado a
pagar, em condições iguais, o preço encontrado, ou o ajustado.
O exercício do direito de preferência sujeita seu titular a submeter-se às
condições definidas pelo vendedor. Deste modo, o preço e as condições de
pagamento podem ser definidos livremente pelo atual dono da coisa.
Art. 516. Inexistindo prazo estipulado, o direito de preempção caducará, se a coisa
for móvel, não se exercendo nos três dias, e, se for imóvel, não se exercendo nos
sessenta dias subsequentes à data em que o comprador tiver notificado o vendedor.
Os prazos deste artigo estabelecem a decadência no direito de preferência,
quando este não estiver previamente estipulado. O prazo legal poderá ser
dilatado ou reduzido conforme ajustado contratualmente.
Art. 517. Quando o direito de preempção for estipulado a favor de dois ou mais
indivíduos em comum, só pode ser exercido em relação à coisa no seu todo. Se alguma
das pessoas, a quem ele toque, perder ou não exercer o seu direito, poderão as demais
utilizá-lo na forma sobredita.
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Havendo mais de um sujeito com direito à preempção, todos deverão ser
individualmente notificados, porque cada qual poderá exercer seu direito
potestativo. Desta forma, se alguns perderem o direito, ou mesmo não se
interessarem pelo seu exercício, outros poderão fazê-lo.
Art. 518. Responderá por perdas e danos o comprador, se alienar a coisa sem ter
dado ao vendedor ciência do preço e das vantagens que por ela lhe oferecem.
Responderá solidariamente o adquirente, se tiver procedido de má-fé.
O desrespeito ao direito de preferência dá ensejo ao pedido de
indenização por parte do antigo proprietário da coisa.
Art. 519. Se a coisa expropriada para fins de necessidade ou utilidade pública, ou por
interesse social, não tiver o destino para que se desapropriou, ou não for utilizada em
obras ou serviços públicos, caberá ao expropriado direito de preferência, pelo preço atual
da coisa.
O direito de preempção subsiste a desapropriação do bem pelo poder
público. E se este bem não for utilizado para o destino que se desapropriou, cabe
ao poder público oferecer preferencialmente o imóvel ao expropriado pelo preço
da expropriação. Esta é a chamada retrocessão. Se o poder público desrespeitar
a preferência, pode o expropriado pedir perdas e danos.
Art. 520. O direito de preferência não se pode ceder nem passa aos herdeiros.
Como já havíamos destacado, o direito de preferência confere ao seu
titular um direito pessoal.
¾ Da venda com reserva de domínio.
Art. 521. Na venda de coisa móvel, pode o vendedor reservar para si a propriedade, até
que o preço esteja integralmente pago.
A reserva de domínio se dá quando se estipula em contrato de compra e
venda que o vendedor reserva para si a propriedade e a posse indireta, isso,
até o momento em que se realize o pagamento integral do preço.
Art. 522. A cláusula de reserva de domínio será estipulada por escrito e depende
de registro no domicílio do comprador para valer contra terceiros.
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Art. 523. Não pode ser objeto de venda com reserva de domínio a coisa insuscetível de
caracterização perfeita, para estremá-la de outras congêneres. Na dúvida, decide-se a
favor do terceiro adquirente de boa-fé.
A coisa vendida deve ser perfeitamente caracterizada e individualizada. Esta
regra visa proteger o terceiro adquirente de boa-fé, mas também reforça a ideia
de que o comprador, mesmo após entrar na posse da coisa, terá condição de
mero possuidor, até que o preço seja integralmente pago, quando então poderá
tornar-se proprietário.
Art. 524. A transferência de propriedade ao comprador dá-se no momento em que o
preço esteja integralmente pago. Todavia, pelos riscos da coisa responde o
comprador, a partir de quando lhe foi entregue.
Art. 525. O vendedor somente poderá executar a cláusula de reserva de domínio após
constituir o comprador em mora, mediante protesto do título ou interpelação judicial.
É pressuposto para a execução da cláusula que dá direito ao alienante de
retomar o bem, a constituição do devedor em mora.
Art. 526. Verificada a mora do comprador, poderá o vendedor ¹mover contra ele a
competente ação de cobrança das prestações vencidas e vincendas e o mais que lhe for
devido; ou ²poderá recuperar a posse da coisa vendida.
Deste modo, em caso de mora do comprador, restarão ao vendedor duas
opções: propor ¹uma ação de cobrança ou ²uma ação de reintegração.
Art. 527. Na segunda hipótese do artigo antecedente, é facultado ao vendedor reter as
prestações pagas até o necessário para cobrir a depreciação da coisa, as despesas feitas
e o mais que de direito lhe for devido. O excedente será devolvido ao comprador; e o
que faltar lhe será cobrado, tudo na forma da lei processual.
Art. 528. Se o vendedor receber o pagamento à vista, ou, posteriormente, mediante
financiamento de instituição do mercado de capitais, a esta caberá exercer os direitos e
ações decorrentes do contrato, a benefício de qualquer outro. A operação financeira e a
respectiva ciência do comprador constarão do registro do contrato.
Assim, se o vendedor receber o valor da coisa à vista, através de
financiamento fornecido ao adquirente por instituição financeira, a ela se
transferirá toda a legitimidade material e processual para exercer os direitos
outorgados pelo contrato.
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¾ Da venda sobre documentos.
Art. 529. Na venda sobre documentos, a tradição da coisa é substituída pela entrega
do seu título representativo e dos outros documentos exigidos pelo contrato ou,
no silêncio deste, pelos usos.
Parágrafo único. Achando-se a documentação em ordem, não pode o comprador recusar
o pagamento, a pretexto de defeito de qualidade ou do estado da coisa vendida, salvo
se o defeito já houver sido comprovado.
A venda sobre documentos possibilita que o contrato se aprimore mesmo
sem a efetiva tradição da coisa.
Art. 530. Não havendo estipulação em contrário, o pagamento deve ser efetuado na
data e no lugar da entrega dos documentos.
Art. 531. Se entre os documentos entregues ao comprador figurar apólice de seguro que
cubra os riscos do transporte, correm estes à conta do comprador, salvo se, ao ser
concluído o contrato, tivesse o vendedor ciência da perda ou avaria da coisa.
Art. 532. Estipulado o pagamento por intermédio de estabelecimento bancário, caberá a
este efetuá-lo contra a entrega dos documentos, sem obrigação de verificar a coisa
vendida, pela qual não responde.
Parágrafo único. Nesse caso, somente após a recusa do estabelecimento bancário a
efetuar o pagamento, poderá o vendedor pretendê-lo, diretamente do comprador.
O banco não terá nenhuma responsabilidade de verificação da existência e
integralidade do bem vendido. Apenas fará o pagamento recebendo os
documentos referentes à transação. E, havendo este acordo entre o banco e o
comprador, deverá o vendedor cumprir o acordo perante o banco, e só depois
poderá exigir diretamente do comprador.
¾ Da troca ou permuta.
Neste tipo contratual, duas pessoas assumem obrigação de dar coisa em
contraposição à outra. Neste caso não estará envolvido dinheiro em espécie e
também não será importante se uma coisa for mais valiosa que a outra34. Neste
contrato, as duas partes se obrigam a transferir uma para a outra a propriedade
de coisa sua.
Possui as seguintes características: é contrato bilateral, oneroso,
comutativo e translativo de propriedade, uma vez que vão existir duas entregas
recíprocas ± duas tradições.
34 Salvo se a diferença entre eles for significativa, o que por si caracterizaria uma compra e
venda.
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Art. 539. O doador pode fixar prazo ao donatário, para declarar se aceita ou não a
liberalidade. Desde que o donatário, ciente do prazo, não faça, dentro dele, a declaração,
entender-se-á que aceitou, se a doação não for sujeita a encargo.
Assim, a aceitação do donatário é essencial para o negócio, sem ela o
contrato não resultará perfeito de acordo com a lei.
A doação poderá ser feita por merecimento onde o doador fará a doação
com a intenção de recompensar certa pessoa por serviços ou até favores
prestados em período anterior a doação. Também temos a doação remuneratória
- que é muito similar a doação por merecimento, porém neste caso tem um
caráter de pagamento ficando a doação no excedente ao valor dos serviços
prestados. Por exemplo, alguém arrumou a roda de seu carrinho de feira e por
este serviço cobrou R$ 15,00, mas você paga R$ 20,00, estes R$ 5,00 são
considerados uma doação.
Art. 540. A doação feita em contemplação do merecimento do donatário não perde
o caráter de liberalidade, como não o perde a doação remuneratória, ou a gravada,
no excedente ao valor dos serviços remunerados ou ao encargo imposto.
Quanto à forma:
Art. 541. A doação far-se-á por escritura pública ou instrumento particular.
Parágrafo único. A doação verbal será válida, se, versando sobre bens móveis e de
pequeno valor, se lhe seguir incontinenti a tradição.
Em regra, o ato de doação não é solene, poderá ser feito por instrumento
particular ou, então, público quando a doação versar sobre bens imóveis de valor
superior ao legal. É válida a doação verbal na hipótese do § único.
Art. 542. A doação feita ao nascituro valerá, sendo aceita pelo seu representante
legal.
Desde modo, para que uma doação feita a nascituro seja válida deverá: ser
pura e simples35; ter o aceite de seu representante legal e o nascimento com vida
do donatário. Neste caso a doação está sob condição suspensiva.
35 Doação pura e simples: é aquela baseada na vontade, sem que seja imposto qualquer ônus
ou restrição ao donatário, que poderá usufruir da doação de forma livre.
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Vimos que na doação existem duas figuras o doador e o donatário. Para
que uma pessoa figure como doador precisa ser capaz de praticar o ato de
vontade, porém este mesmo requisito não é imposto ao donatário desde que se
trate de uma doação pura e simples. Vejamos o que diz o art. 543.
Art. 543. Se o donatário for absolutamente incapaz, dispensa-se a aceitação,
desde que se trate de doação pura.
A doação feita entre pais e filhos ou entre marido e mulher poderá ser feita
desde que os bens saiam da parte disponível do patrimônio36. Mas se isso não
acontecer esta doação será considerada como adiantamento da herança, de
acordo com o art. 544:
Art. 544 A doação de ascendentes a descendentes, ou de um cônjuge a outro, importa
adiantamento do que lhes cabe por herança.
A doação também poderá ser feita sob a forma de subvenção periódica,
que é uma forma de constituição de renda a título gratuito, e sobre isso temos o
artigo 545:
Art. 545. A doação em forma de subvenção periódica ao beneficiado extingue-se
morrendo o doador, salvo se este outra coisa dispuser, mas não poderá ultrapassar
a vida do donatário.
Deste modo, e de acordo com o dispositivo legal em comento, em regra, a
subvenção periódica não passará para os herdeiros do doador no caso de sua
morte e, se isto ocorrer, somente será mantida enquanto o donatário viver.
Outra forma de doação suspensiva condicional é a feita para a
contemplação de casamento futuro e para os descendentes deste casamento.
Forma esta que está prevista no art. 546:
Art. 546. A doação feita em contemplação de casamento futuro com certa e determinada
pessoa, quer pelos nubentes entre si, quer por terceiro a um deles, a ambos, ou aos
filhos que, de futuro, houverem um do outro, não pode ser impugnada por falta de
aceitação, e só ficará sem efeito se o casamento não se realizar.
Temos em nosso ordenamento jurídico mais uma espécie de doação que é
a doação com cláusula de reversão, onde constará que se o donatário vier a
falecer antes do doador, os bens doados retornarão ao patrimônio do doador.
36 Parte disponível é aquela sobre a qual a pessoa tem liberdade de disposição.
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Art. 559. A revogação por qualquer desses motivos deverá ser pleiteada dentro de um
ano, a contar de quando chegue ao conhecimento do doador o fato que a autorizar, e de
ter sido o donatário o seu autor.
Somente poderão ser revogadas por ingratidão as doações puras e simples.
Sobre este assunto temos o art. 564:
Art. 564. Não se revogam por ingratidão:
I - as doações puramente remuneratórias;
II - as oneradas com encargo já cumprido;
III - as que se fizerem em cumprimento de obrigação natural;
IV - as feitas para determinado casamento.
A outra forma de revogação de doação ocorre no caso em que o donatário
não realizou o encargo, justamente porque nesta

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