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CESED No. 10
FACISA
CURSO DE DIREITO
DISCIPLINA: Direito Civil VIII
PROFESSOR: Mário Vinícius Carneiro
Da sucessão legítima (1ª parte)
Conceito
	Por sucessão legítima ou legal entende-se aquela deferida por determinação da Lei, quando o autor da herança morre intestado, ou seja, sem deixar testamento.
Quando ocorre a sucessão legítima
	Quatro são as hipóteses para a ocorrência da sucessão legítima: 
Quando o de cujus morrer intestado.
Quando o testamento for anulado ou caducar.
Quando o testador não dispuser da totalidade da herança, deixando parte sem destinação no testamento.
Quando houver herdeiros necessários, que restrinjam a liberdade de testar à parte disponível. Havendo descendentes, ascendentes ou cônjuge supérstite (herdeiros necessários), o testador só poderá dispor da metade do seu patrimônio. A outra metade deverá obrigatoriamente ser deixada para os herdeiros necessários. 
 	
 	A sucessão testamentária pode conviver com a legal ou legítima, em existindo herdeiro necessário, a quem a lei assegura o direito à legítima, ou quando o testador dispõe apenas de parte de seus bens. 
A ordem da vocação hereditária
 
 	A lei estabelece uma relação preferencial pela qual chama determinadas pessoas à sucessão hereditária. O critério adotado é o de classes, onde a mais próxima exclui a mais remota. Dentro de uma mesma classe, a preferência estabelece-se pelo grau: o mais afastado é excluído pelo mais próximo (o filho prefere ao neto, por exemplo, em se tratando dos descendentes). Daí porque dizer-se que tal ordem é preferencial.
 	A sucessão legítima defere-se na seguinte ordem: 
Aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1640, § único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares.
Aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge.
Ao cônjuge sobrevivente;
Aos colaterais (art. 1829, CC). 
 	
 	A sucessão que não obedecer à ordem acima é considerada anômala. Diante disso, temos a determinação do art. 10 e § 1º da LICCC e o art. 5º, inciso XXXI da CF, que regulam a sucessão de bens de estrangeiros situados no Brasil, estabelecendo que deverá prevalecer a lei mais favorável ao cônjuge brasileiro.
	Já o art. 1790 do CC regula os direitos sucessórios dos companheiros, que concorrem com os parentes sucessíveis do falecido, e têm direito, se não houver nenhum destes, à totalidade da herança. 
Sucessão dos descendentes
	Na linha descendente, a herança pode distribuir-se por cabeça ou por estirpe, por direito de transmissão ou de representação, conforme estabelece as regras do art. 1835 do CC.
	O que vêm a ser direito de transmissão e direito de representação? 
	Dá-se a sucessão por direito de transmissão quando o herdeiro falecer após a abertura da sucessão. Neste caso, seus herdeiros ocupam o lugar daquele a quem a herança fora deferida, mas que não pudera recebê-la, uma vez que morrera.
	Por outro lado, a sucessão por direito de representação se verifica quando ocorrer a morte de um herdeiro, anteriormente à abertura da sucessão. Seus herdeiros tomam-lhe o lugar, recebendo o quinhão a que ele caberia. Em ambos os casos, só podem se dar por estirpe. 
	Vejamos alguns exemplos. Eis o primeiro deles: José morreu e deixou dois filhos, João e Juca. Logo em seguida, Juca veio a falecer, deixando os filhos Manoel e Ana. Como será distribuída a herança? 	João herdará a metade, por cabeça. Manoel e Ana herdarão a outra metade, por estirpe, uma vez que Juca é falecido. 
 Outro exemplo: João tinha os filhos Ana, Maria e Horácio. Maria tinha dois filhos e morreu. Logo em seguida, João morreu. Como será distribuída a sua herança? Um terço ficará para Ana, outro para Horácio e o último terço será herdado pelos filhos de Maria. 
 	Mais outro exemplo. João tem três filhos: Ana, Juca e Zeca. Ana tinha dois filhos: Pedro e Paulo. Juca tinha um filho, Saulo, e Zeca não tinha filhos. Primeiro, morreram Ana Juca e Zeca. Depois, morreu João. Como será distribuída a herança deste? Entre os seus netos, Pedro, Paulo e Saulo, que receberão por cabeça, por se acharem todos no mesmo grau.
	Finalmente, este outro: João tinha três filhos – Marcos, Lucas e Mateus. Marcos era pai de Ana e Maria. Lucas era o pai de André e Mateus não tinha filhos. Inicialmente, Marcos morreu. Depois, morreu João e, em seguida, morreu Lucas. Como será distribuída a herança de João? 
	Da seguinte maneira: um terço para Mateus, que recebe por cabeça. Outro terço para os filhos de Marcos, que recebem por estirpe e por direito de representação, uma vez que a morte do pai foi antes da abertura da sucessão. Finalmente, o último terço irá para André, filho de Lucas, que herdará por estirpe e por direito de transmissão, visto que a morte de Lucas ocorreu após a abertura da sucessão. 
	
Sucessão dos ascendentes
 	Não havendo ninguém na classe dos descendentes, herdam os ascendentes, prevalecendo aqui a regra de que o grau mais próximo exclui o mais remoto. Assim, se um indivíduo morrer, deixando pais e avós, herdam os pais. Se deixar avós e bisavós, herdarão os avós, e assim por diante.
	Na sucessão dos ascendentes, a herança será dividida por linhas e graus. Supondo que João morra e deixe seus pais vivos. Sua herança, então, será dividida entre eles de modo igual. Será dividida em duas linhas: materna e paterna.
	Só é admitida uma divisão em linhas. Por exemplo: se João morrer, deixando vivos seus avós paternos e o seu avô materno, a herança será distribuída da seguinte forma: 50% para a linha materna e 50% para a linha paterna. Isto significa dizer que o avô materno herdará 50% e os avós paternos a outra metade. 
	Não há direito de representação na linha ascendente. Isto significa dizer o seguinte: João, sem descendentes, tem pais e avós vivos. Inicialmente, morre o seu pai; depois, morre João. Neste caso, a herança de João irá para a sua mãe. 
	Na linha ascendente, admite-se o direito de transmissão. Vejamos o seguinte exemplo; João tem pais e avós vivos. Em dado momento, João morre. Em seguida, morre seu pai. Se o pai morreu depois de João, significa que herdou. Sendo assim, para quem irá a herança de João? Metade para sua mãe e metade para seus avós paternos, que herdam por estirpe e por direito de transmissão.
Bibliografia: 
FIUZA, César. Direito Civil: curso completo/ 8ª. Edição. Belo Horizonte: Del Rey, 2004.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito das Sucessões, volume 4. São Paulo: Saraiva, 2004.

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