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CONTRATOS ADMINISTRATIVOS

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CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
CONCEITO: toda vez que o Estado-Administração firma compromissos recíprocos com terceiros, ou seja, quando a administração pública figura num dos polos da relação contratual, estamos falando de contratos administrativos. Portanto, contrato administrativo é o ajuste firmado entre a Administração Pública e um particular, regulado basicamente pelo direito público, e tendo por objeto uma atividade que, de alguma forma, traduza interesse público.
 CONTRATOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA:
Contratos privados da administração pública: são aqueles contratos que a administração faz parte da relação contratual como se fosse em particular e não em defesa na missão de resguardar o interesse público. Logo, situa-se no mesmo plano jurídico da outra parte, não lhe sendo atribuída, como regra, qualquer vantagem especial que refuja às linhas do sistema contratual comum. São regidos pelas normas de direito civil ou empresarial, predominantemente. Temos como exemplo a compra e venda, a doação, a permuta etc.
Contratos administrativos da administração pública: são aqueles que sucedem em regra um procedimento licitatório. Em que a administração pretende a realização de interesse público. Predominantemente, em regra, se submetem a regras de direito público. Logo, são contratos típicos da Administração que sofrem a incidência de normas especiais de direito público, só se lhes aplicando supletivamente as normas de direito privado, como está expresso na lei. Além disso, é o regime jurídico que marca a diferença entre os contratos administrativos e os contratos privados da Administração. 
DISCIPLINA CONSTITUCIONAL E LEGAL:
Art. 22, XXVII, CF (competência concorrente): compete privativamente à União Federal legislar sobre “normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades, para as administrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecendo o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas e sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, § 1o, III”.
Lei 8.666/93 (lei geral): a referida competência se limita à edição de normas gerais, e, sendo assim, às demais entidades da federação foi conferida a competência para editar normas específicas. 
Publicidade (Lei 12.232/2010): possuem validade em relação a lei geral, a parte especifica é aplicada subsidiariamente. Algumas singularidades marcam os contratos de serviços de publicidade. Para delineá-las, foi promulgada a Lei no 12.232, de 29.4.2010, sendo que suas regras prevalecem sobre as normas gerais do Estatuto e, desse modo, a este cabe aplicação subsidiária, ou seja, naquilo que não contrariar as normas da lei mais nova.
Regime diferenciado de contratação (Lei 12.462/2011): possuem validade em relação à lei geral, a parte especifica é aplicada subsidiariamente. Visando a megaeventos esportivos internacionais, como a Copa do Mundo de 2014, a Copa das Confederações de 2013 e os Jogos Olímpicos de 2016, bem como à contratação de obras e serviços de infraestrutura em determinados aeroportos, foi editada a Lei no 12.462, de 5.8.2011, que instituiu o Regime Diferenciado de Contratações Públicas – RDC, alterando algumas regras do Estatuto concernentes a contratos e licitações públicas.
Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (LC123/2006): além de possuírem tratamento diferenciado, possuem também validade em relação à lei geral, além de a parte especifica ser aplicada subsidiariamente. A LC no 123/2006 passou a determinar que a Administração Pública dispense, nas contratações públicas, tratamento diferenciado e favorecido para microempresas e empresas de pequeno porte, com o escopo de incentivar-lhes o desenvolvimento econômico e social nos planos local e regional, bem como estimular o processo de inovação tecnológica, mediante a implementação de políticas públicas mais eficientes para o setor. 
CARACTERÍSTICAS: 
Efetivamente tem a presença da administração pública, em um sentido amplo. 
Finalidade de interesse público.
Contratos orientados pelo formalismo, porque não basta o consenso das partes, mas, ao contrário, é necessário que se observem certos requisitos externos e internos. A tendência que esse formalismo tenha uma atenuação em relação a rigor.
Natureza jurídica de contrato de adesão.
Contrato de comutatividade, já que existe equivalência entre as obrigações, previamente ajustadas e conhecidas; ou seja, geram obrigações para ambas as partes.
Intuitu personae (confiança recíproca), porque o contratado é, em tese, o que melhor comprovou condições de contratar com a Administração, fato que, inclusive, levou o legislador a só admitir a subcontratação de obra, serviço ou fornecimento até o limite consentido, em cada caso, pela Administração, isso sem prejuízo de sua responsabilidade legal e contratual (art. 72 do Estatuto); ou seja, os contratos que a administração celebra são em relação a aquele contratado/licitante em especial.
Bilateralidade, como em regra. Indicativa de que o contrato administrativo sempre há de traduzir obrigações para ambas as partes.
ESPÉCIES DE CONTRATO:
Obras: normalmente de vulto maior, ou seja, contratos de obras são aqueles em que o objeto pactuado consiste em construção, reforma, fabricação, recuperação ou ampliação de determinado bem público. A noção envolve bens de utilização administrativa ou de uso coletivo. Ex. a construção de viadutos, de represas, de prédios públicos, de obras sanitárias etc. A construção resulta de atividades e materiais destinados à criação do bem. Reforma é o conjunto de alterações que esse bem pode sofrer, sem que seja ampliado. Ampliação pressupõe também que o bem já exista, mas que pelo contrato vai receber acréscimo em suas dimensões. A fabricação indica o sentido de criação do bem. Na recuperação (que não deixa de ser uma reforma), contrata-se para o fim especial de restauração do bem. A execução de obras pode ser direta ou indireta. Direta, quando realizada pelos próprios órgãos administrativos. Por via de consequência, a execução que resulta da contratação de terceiros será sempre indireta. 
Serviços: especializados, como prestados por pessoas de notório saber (13, LLC); publicidade. Visam à atividade destinada a obter determinada utilidade concreta de interesse para a Administração, realçando a atividade material do contratado. Enquanto que na obra há sempre um acréscimo ou modificação significativa no bem imóvel, os serviços gerais predominam a atividade, a execução, o facere. Além disso, a obra exige a elaboração de projeto básico, ao passo este não seria exigível para os serviços.
Fornecimento: contratos de compra, normalmente. São aqueles que se destinam à aquisição de bens móveis necessários à consecução dos serviços administrativos. A Administração, para atingir seus fins, precisa a todo momento adquirir bens da mais variada espécie, e isso pela simples razão de que múltiplas e diversificadas são as suas atividades. A lei alerta que deve o administrador, antes de celebrar tais contratos, caracterizar o objeto das compras e especificar os recursos financeiros para o pagamento dos fornecedores. As compras feitas pela Administração devem atender a algumas diretrizes específicas: princípio da padronização, registro de preços.
Concessão e permissão: o sentido de concessão leva à ideia de que alguém, sendo titular de alguma coisa, transfere a outrem algumas das faculdades a esta relativas. Com a necessária adequação, está aí o sentido de concessão no direito público, em que figura como titular dos bens o próprio Estado, e como destinatário das faculdades o particular. Quando esses interessados pactuam a transferência dessas faculdades, configura-se o contrato de concessão, ajuste também catalogado como contrato administrativo. Obrigatoriamente deve ter a licitação previamente. 
Alienações e locações: a maioria da doutrina considera que são contratos da administração e não contratos administrativos. Ainda sim são vistos como espécies de contratosna lei. Ademais, a despeito de estarem mencionadas no Estatuto, as alienações e locações consubstanciam contratos de direito privado (compra e venda, doação, permuta, dação em pagamento), em que as partes estão no mesmo nível jurídico, sem qualquer preponderância da Administração sobre o particular. 
RELAÇÃO CONTRATUAL:
Administração Pública: em regra, essa composição contratual deve ser entre o Particular e a Administração Pública. No entanto, pode a administração pública contratar com outro ente da administração pública. Ademais, essa composição deve ter igualdade entre os contratantes, logo, não se trata de contratos, mas sim de um convênio, já que não há interesses opostos, além de não haver situações de inexecução e de restabelecimento do equilíbrio econômico, por exemplo, mas, sim atribuições contratais, quando essa exceção ocorrer, para a maioria da doutrina é esse o entendimento. (Celso Antonio de Bandeira Melo)
PRERROGATIVAS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA “Cláusulas Exorbitantes”:
Alteração unilateral, ou seja, prerrogativa que a administração tem unilateralmente, sem a concordância, que alterará as cláusulas do contrato administrativo. É que aqui a formação bilateral da vontade criadora cede lugar à força da vontade unilateral alteradora. Sempre será sindicável, administrativa ou judicialmente, o motivo pelo qual se considerou necessária a alteração. 
a.1) Quantitativa e qualitativa: é qualitativa quando há modificação do projeto ou das especificações, com vistas à melhor adequação técnica aos fins do contrato. No entanto, é quantitativa quando é preciso modificar o valor em virtude do aumento ou diminuição quantitativa do objeto contratual. 
a.2) Limites: o contratado fica obrigado a aceitar, nas mesmas condições contratuais, os acréscimos ou supressões que se fizerem nas obras, serviços ou compras, até 25% (vinte e cinco por cento) do valor inicial atualizado do contrato, e, no caso particular de reforma de edifício ou de equipamento, até o limite de 50% (cinquenta por cento) para os seus acréscimos. Em outra vertente, nenhum acréscimo pode exceder os limites da lei, ao passo que a supressão admite essa possibilidade desde que haja acordo entre as partes. 
Rescisão unilateral: a administração tem a prerrogativa de rescindir unilateralmente. Além do poder de alteração unilateral, a Administração tem também o poder de dar por finda a relação contratual. Logo, rescisão extingue a própria relação contratual. Principais motivos de rescisão: relativo ao cumprimento do contrato pelo particular e interesse da própria Administração. Os efeitos da rescisão é a indenização.
b.1) Incumprimento do contrato: em regra há indenização. Nele se inserem o cumprimento irregular (art. 78, II), a morosidade indevida (inc. III), o atraso imotivado da obra (inc. IV) e outros assemelhados. Posteriormente foi instituída nova situação caracterizadora de culpa do contratado o descumprimento da regra protetiva do menor trabalhador, constante do art. 7o, XXXIII, da CF. A dministração nada tem a pagar-lhe, sendo, ao contrário, credora de indenização, provados que fiquem os prejuízos causados pelo descumprimento. Afinal, indeniza quem, por culpa, deu causa à rescisão. O fato enseja, ainda, para a Administração, o direito de reter créditos, executar garantia contratual para ressarcimento dos prejuízos, assumir imediatamente o objeto do contrato e ocupar os locais necessários à execução
b.2) Interesse da Administração Pública: é possível ainda que não haja cumprimento do contrato, é possível que a administração rescinda unilateralmente. É a hipótese em que a Administração tivesse interesse no desfazimento do contrato. O art. 78, XII prevê que constituem motivo da rescisão “razões de interesse público”, desde que de alta relevância e amplo conhecimento, devendo a providência ser justificada e determinada pela máxima autoridade da esfera administrativa. Aqui não há falar em inadimplemento do contratado; muito ao contrário, a rescisão deve-se exclusivamente a razões administrativas. Em regra não há indenização, no entanto, como no caso não há culpa do contratado, tem este direito à reparação dos prejuízos que a rescisão ocasionou. A não ser assim, haveria verdadeiro enriquecimento sem causa por parte da Administração, o que não é tolerável pelo Direito.
Sanções: se origina diretamente da lei, mas pode ser considerada uma sanção contratual por ser prevista em contrato. Sanções pelo inadimplemento podem estar previstas no contrato, além das que a lei estabelece. Nos contratos administrativos, porém, prevê o art. 58, IV, do Estatuto, que é prerrogativa da Administração aplicar sanções ao particular inadimplente. Trata-se, nesse caso, da possibilidade de serem aplicadas sanções não previstas no instrumento contratual, mas sim na própria lei. No sistema do Estatuto, podem ser encontrados dois grupos de sanções extracontratuais. O primeiro deles gera um fato administrativo e o segundo redunda na prática de um ato administrativo.
d) Fiscalização: a administração pública tem o poder de fiscalização. Principalmente em obras, por exemplo.
EQUAÇÃO ECONÔMICO-FINANCEIRO
Esse contrato é realizado na base de um valor que vai ser um pagamento do contratante pelo fornecimento. Vai definir como será tratado esse reequilíbrio econômico financeiro quando não ocorre, de maneira que não haja uma onerosidade excessiva quando contratado com a administração pública. Logo, é a relação de adequação entre o objeto e o preço, que deve estar presente ao momento em que se firma o ajuste. Quando é celebrado qualquer contrato, inclusive o administrativo, as partes se colocam diante de uma linha de equilíbrio que liga a atividade contratada ao encargo financeiro correspondente. Mesmo podendo haver certa variação nessa linha, o certo é que no contrato é necessária a referida relação de adequação. Sem ela, pode dizer-se, sequer haveria o interesse dos contratantes no que se refere ao objeto do ajuste. O efeito principal desse verdadeiro postulado contratual é o de propiciar às partes a oportunidade de restabelecer o equilíbrio toda vez que de alguma forma mais profunda for ele rompido ou, quando impossível o restabelecimento, ensejar a própria rescisão do contrato. Espécies de equação econômica financeira que visam o reequilíbrio contratual: 
Reajuste: art. 55, III, LLC – repactuação – custos de insumos, ou seja, aplicar o índice que é predeterminado. O reajuste se caracteriza por ser uma fórmula preventiva normalmente usada pelas partes já ao momento do contrato, com vistas a preservar os contratados dos efeitos de regime inflacionário. O legislador inseriu, entre as cláusulas necessárias do contrato administrativo, “o preço e as condições de pagamento, e quando for o caso os critérios de reajustamento. Dessa forma, O reajuste ocorre quando há a fixação de índice geral ou específico que incide sobre o preço após determinado período, ou seja, é utilizado para remediar os efeitos da desvalorização da moeda (ex.: IPCA/IBGE). Na repactuação, a recomposição é efetivada com base na variação de custos de insumos previstos em planilha da qual se originou o preço, ou seja, somente é possível para serviços contínuos com dedicação exclusiva de mão de obra (ex.: elevação salarial de categoria profissional por convenção coletiva de trabalho). 
Revisão: art. 65, parágrafo 5, LLC. Se trata de uma consequência de uma alteração unilateral do contrato aumentando a oneração de um contatado devendo revisar o valor desse contrato. Decorrência necessária. Deriva da ocorrência de um fato superveniente, apenas suposto (mas não conhecido) pelos contratantes quando firmam o ajuste. Dessa forma, a Revisão pode ser buscada quando ocorrerem fatos posteriores à contratação que: sejam imprevisíveis ou previsíveis de consequências incalculáveis; que representem um caso fortuito ou de força maior (como uma greve que impeça a fabricação do produto ou até mesmo uma enchente) ou por conta de um fato do príncipe que ocorre quando, por exemplo, umnovo imposto é criado.
DURAÇÃO DOS CONTRATOS: 
Os contratos administrativos devem ser celebrados por prazo determinado (art. 57, § 3o). Sua duração é adstrita à vigência dos respectivos créditos orçamentários, forma encontrada pelo legislador para impedir que o dispêndio oriundo de contratos venha repercutir em orçamentos futuros, sem que tenham sido ordenadamente planejados os ajustes. 
Anual: regra de duração de um ano. Ideia de um controle ou uma organização financeira da administração publica. Como os créditos orçamentários têm a duração de um ano, os contratos, como regra geral, deverão também ter sua duração em igual período. Tais créditos vigoram durante cada exercício financeiro, entre 1o de janeiro e 31 de dezembro. 
Plurianual: exceções (art. 57, I a V, LLC). Duração maior que um ano, desde que prevista nas hipóteses essenciais e na IPPA. Se a Administração pretender a execução de determinada obra que se prolongue por mais de um ano, deverá inserir o projeto em plano plurianual, instrumento que comporta a projeção temporal de investimentos de longa duração. Desse modo, a Administração deve programar-se, como regra, para que os contratos de duração aproximada de 12 meses sejam firmados no início do ano, hipótese em que o contrato estará sempre adstrito à vigência do respectivo crédito orçamentário. 
Na formalidade em relação à pactuação do contrato, ou seja, nesse formalismo é observado que os contratos administrativos deverão sempre ser escritos, apesar de serem exceções os de pronta entrega e de valores. Os contratos de concorrência e tomada de preços são obrigatoriamente escritos, mas os outros não necessariamente precisam ter essa formalidade escrita. 
PRORROGAÇÃO E RENOVAÇÃO
Prorrogação: art. 57, parágrafo primeiro. O Estatuto dispõe sobre situações que há a prorrogação dos contratos, prevendo apenas as hipóteses que podem ensejá-la (art. 57, § 1o), com a exigência de que sempre deverá ser justificada e previamente autorizada pela autoridade competente. A decisão administrativa para a prorrogação do contrato espelha atividade discricionária e, como tal, não assegura ao contratado o direito subjetivo à manutenção do ajuste. Logo, prorrogação do contrato é o fato que permite a continuidade do que foi pactuado além do prazo estabelecido, e por esse motivo pressupõe a permanência do mesmo objeto contratado inicialmente. Apenas nas hipóteses legais poderá o contrato ser prorrogado, porque a prorrogação não pode ser a regra, mas sim a exceção. 
São causas que ensejam a prorrogação:
Alteração do projeto;
Superveniência de fato imprevisível;
Interrupção da execução do contrato – AP;
Aumento de quantidade;
Impedimento de execução;
Omissão/atraso da AP;
Renovação: importa em uma ampliação do prazo ainda na vigência de um prazo inicial. É a inovação no todo ou em parte do ajuste, mantido, porém, seu objeto inicial. 
INEXECUÇÃO:
Culposa: art. 78, LLC. Quando uma das partes ou ambas as partes atuam de forma a provocar que o contrato não venha a ser finalizado da forma que o pactuado. Pode ser tanto da parte da administração pública como pelo contratante. Havendo culpa terá a possibilidade de rescisão contratual, caso não seja possível retomar o contrato. 
Rescisão: art. 80, I a V. Obrigatoriamente, deve ter indenização. O efeito imediato é a rescisão do contrato pela parte a quem atingiu a conduta culposa. Outros efeitos podem advir da inexecução com culpa, como o dever de indenizar, a suspensão do direito de contratar novamente etc. Quando a rescisão do contrato decorre de conduta culposa do contratado, o Estatuto aponta as seguintes consequências: (a) o direito de o Poder Público assumir de imediato o objeto do contrato; (b) a possibilidade de ocupação e utilização do local, instalações, equipamentos, material e pessoal com os quais era executado o contrato; (c) a execução dos valores das multas e indenizações, bem como da garantia contratual, visando ao ressarcimento do Poder Público; (d) a retenção dos créditos do contratado até que sejam reparados os prejuízos causados à Administração. 
Sem culpa: é aquela em que nenhuma das partes, nem a administração pública, nem o contratante concorrem para que o contrato não chegue ao final. Algumas situações imprevisíveis podem ocorrer, onerando excessivamente o contratado. Há possibilidades de retomar o contrato por conta da revisão, assim como o contrário. 
Teoria da imprevisão (rebus sic estantibus): vai se relacionar a fatos que são imprevisíveis, que não podem ser minimamente previstos. Em regra, não cabe indenização por se tratar de culpa de ambas as partes. Ademais, ocorre a teoria da imprevisão quando, no curso do contrato, sobrevêm eventos excepcionais e imprevisíveis que subvertem a equação econômico-financeira do pacto. O efeito da teoria da imprevisão calca-se em duas vertentes. Se a parte prejudicada não puder cumprir, de nenhum modo, as obrigações contratuais, dar-se-á a rescisão sem atribuição de culpa. Se o cumprimento for possível, mas acarretar ônus para a parte, terá esta direito à revisão do preço para restaurar o equilíbrio rompido.
Rescisão - imprevisão Total;
Rescisão – regulatório;
Fato do príncipe – Basicamente é um ato geral e indireto. É o ato que é realizado pela administração em uma perspectiva superior, não sendo uma administração contratante. Ato geral, sempre emanado por uma autoridade superior, ou seja, se destina a uma situação, não necessariamente voltada para aquele contrato. Não visa atacar o contrato especificamente, apesar de acabar de uma forma indireta acabar atingindo. Sendo assim, o equilíbrio do contrato administrativo pode ser quebrado por força de ato ou medida instituída pelo próprio Estado. Foi por isso construída a teoria do fato do príncipe, aplicável quando o Estado contratante, mediante ato lícito, modifica as condições do contrato, provocando prejuízo ao contratado. O pressuposto do fato do príncipe é a álea administrativa. O fato do príncipe se caracteriza por ser imprevisível, extracontratual e extraordinário, provocando neste último caso funda alteração na equação econômico-financeira do contrato. 
Fato da administração: ato específico; direto. Esse sim é um ato exercido da administração contratante. Ato direito, ou seja, se dirige especificamente ao contrato, além de ser relacionado àquelas situações que se substanciam na prerrogativa da administração pública. Ato específico da administração contratante, no entanto, apesar de ser a administração responsável pelo ato, há uma circunstância maior faz com que a administração tome aquela atitude. Instancia contratante. 
Caso Fortuito e Força maior: caso fortuito e força maior são situações de fato que redundam na impossibilidade de serem cumpridas as obrigações contratuais. Caso fortuito como evento da natureza e força maior como eventos humanos. Entretanto, o que importa é que, independentemente do sentido que se lhes empreste, ambos se caracterizam como fatos imprevisíveis. Ocorrendo tais situações, rompe-se o equilíbrio contratual, porque uma das partes passa a sofrer um encargo extremamente oneroso, não tendo dado causa para tanto. É evidente que será impossível exigir-se dela o cumprimento da obrigação, até porque essa exigência seria incompatível com a cláusula rebus sic stantibus, aplicável perfeitamente à espécie. Quanto ao efeito, “o devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior”. Responderá, entretanto, quando expressamente se houver responsabilizado pelos prejuízos, ou ainda nos casos em que estiver em mora. Assinale-se, por fim, ser correta a advertência de que tais situações devem caracterizar-se pela imprevisibilidade, inevitabilidade e impossibilidade total do cumprimento das obrigações. Fora daí, os fatos estarão dentro da álea normal dos contratos.
EXTINÇÃO DO CONTRATO
Cumprimento do objeto: finalizando o serviço, a obra ou entregando o bem o contrato é considerado extinto. Sendo assim, trata-se de forma natural de extinção doscontratos administrativos. Logo, cumpridas regularmente as obrigações, ocorrerá a extinção normal do contrato. 
Término do prazo: mais voltado para o prazo do que para a entrega do objeto, quando chega ao final é extinto. Dessa forma, há contratos que preveem que as obrigações deles derivadas perdurem por determinado lapso de tempo, fixando-se, em consequência, um termo final. Advindo esse termo final, o contrato se extingue naturalmente. Exemplo é o contrato de fornecimento contínuo, como o caso da entrega diária de refeições para certo hospital. A obrigação do contratado, de natureza contínua, há que se extinguir em determinado momento, e este é o termo final do prazo ajustado. Trata-se também de extinção de pleno direito.
Impossibilidade material/jurídica: ocorre a impossibilidade material quando o fato constitui óbice intransponível para a execução das obrigações ajustadas. É o caso do desaparecimento do objeto. Suponha-se que a Administração contrate empresa para pintura de um posto médico. Se o posto sofrer um incêndio e ficar em escombros, não há mais como cumprir a obrigação de pintura cometida ao contratado. No entanto, a impossibilidade jurídica admite, em tese, o cumprimento da obrigação, mas não nas condições jurídicas decorrentes do contrato. Imagine-se ter sido contratado auditor para análise contábil de certo Município, e no curso do contrato venha ele a falecer. Embora o objeto possa continuar com outrem, fica extinto o contrato, devendo-se lembrar que os contratos administrativos são de caráter intuitu personae. 
Invalidação: casos de ilegalidade, ou seja, havendo vício de legalidade no contrato, deve este sujeitar-se à invalidação, ou anulação, como denominam alguns autores. É necessário que a Administração, defrontando-se com hipótese justificadora da invalidação, instaure procedimento administrativo no qual seja proporcionada ao contratado ampla defesa, bem como motive expressamente o ato que declarar a nulidade do contrato. Ademais, a nulidade não exonera a Administração do dever de indenizar o contratado, pelo que este houver executado até a data em que ela for declarada e por outros prejuízos regularmente comprovados, contanto que não lhe seja imputável, promovendo-se a responsabilidade de quem lhe deu causa. 
Rescisão: a rescisão do contrato se origina de um fato jurídico superveniente nascido de manifestação volitiva. Essa manifestação admite diversidade quanto à pessoa do emitente e quanto ao modo em que é formalizada, podendo ser amigável, judicial e administrativa.
Rescisão amigável: é a que decorre da manifestação bilateral dos contratantes. Nessa hipótese não há litígio entre eles, mas sim interesses comuns, sobretudo da Administração que, quanto ao desfazimento, terá discricionariedade em sua resolução. Há, entretanto, requisitos formais para essa rescisão. Um deles é que o instrumento rescisório deve ser formalizado por termo no processo de licitação. É ainda exigível que a autoridade competente autorize a rescisão e justifique sua posição.
Rescisão judicial: ocorre quando a desconstituição do contrato administrativo provém de decisão emanada de autoridade investida na função jurisdicional. É a modalidade normalmente adotada pelos particulares contratados pela Administração quando esta, de algum modo, descumpre as obrigações pactuadas. Verificado o fato em ação judicial, a decisão decreta a rescisão do contrato e, quando requerido pelo interessado, condena o causador ao pagamento da devida indenização.
Rescisão administrativa: determinada por ato unilateral e escrito da Administração. A desconstituição do contrato decorre da só manifestação unilateral da Administração, e não pode o contratado opor-se a ela. Rescisão dividida em duas modalidades de acordo com o motivo que a inspira: rescisão motivada pelo inadimplemento do contratado, com ou sem culpa e razões de interesse público. 
CONTRATOS DE OBRA/SERVIÇOS
O Contrato de Obra Pública tem como finalidade a construção, reforma, fabricação, recuperação, ampliação de determinado bem público. Com relação exclusivamente aos contratos de obras, há basicamente dois tipos/regimes de execução:
Direta: é feita pela própria administração pública.
Indireta: no regime de execução indireta a administração contrata um terceiro por meio de procedimento licitatório para contratar o serviço. No regime de execução indireta há as modalidade de empreitada global, empreitada por preço normal, empreitada por preço unitário, empreitada integral e por tarefa. 
Empreitada por preço global: quando o preço ajustado leva em consideração a obra como um todo, com possibilidade de reajustes. 
Empreitada por preço unitário: em que um tipo de contrato é feito em base nos preços dos componentes da obra, ou seja, quando o preço é definido por unidades determinadas da obra.
 
Empreitada integral: é aquele em que o empreiteiro é contratado para a obra para a integralidade da obra, além das instalações da mesma, ou seja, quando preço ou remuneração se refere a todo o empreendimento, em todas as suas etapas de obras, serviços e instalações.
Modalidade por tarefa: é um contrato feito para serviços mais simples, menores, como os de limpeza, vigilância, pintura, ou seja, contrata a mão de obra para execução de pequenos trabalhos, por preço certo, com ou sem fornecimento de material.

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