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Políticas Públicas de Saúde no Brasil

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SESAU-RO 
Técnico em Enfermagem 
 
 
 
Fundamentos e Práticas em Atenção Primária à Saúde e Medicina de Família e Comunidade .......... 1 
 
Políticas Públicas de Saúde: Bases Legais do Sistema Único de Saúde (SUS) ................................. 7 
 
Lei Orgânica do Sistema Único de Saúde (Lei Federal 8.080/90, 19 de setembro de 1990; Lei Federal 
8.142/90, de 28 de dezembro de 1990); Histórico; .............................................................................. 103 
 
Atenção Primária a Saúde; Política Nacional de Atenção Básica (Portaria MS 2.488/11, de 21 de 
outubro de 2011 e seus anexos); ........................................................................................................ 136 
 
Normas Operacionais Básicas – NOB-SUS de 1996; ..................................................................... 167 
 
Pacto pela vida em defesa do SUS e de gestão - Portaria MS 399/06; ........................................... 190 
 
Norma Operacional de Assistência a Saúde/SUS – NOAS-SUS 01/02; .......................................... 229 
 
Controle Social do SUS; ................................................................................................................. 251 
 
Lei complementar n. 141/12, de 13 de janeiro de 2012 Regulamenta o § 3o do artigo 198 da 
Constituição Federal para dispor sobre os valores mínimos a serem aplicados anualmente pela União, 
Estados, Distrito Federal e Municípios em ações e serviços públicos de saúde; estabelece os critérios de 
rateio dos recursos de transferências para a saúde e as normas de fiscalização, avaliação e controle das 
despesas com saúde nas 3 (três) esferas de governo; revoga dispositivos das Leis n. 8.080/90, de 19 de 
setembro de 1990, e 8.689/93, de 27 de julho de 1993; e dá outras providências;- ............................ 254 
 
Decreto n. 7.508/11, de 28 de junho de 2011 Regulamenta a Lei n. 8.080/90, de 19 de setembro de 
1990, para dispor sobre a organização do Sistema Único de Saúde - SUS, o planejamento da saúde, a 
assistência à saúde e a articulação interfederativa, e dá outras providências. ..................................... 266 
 
 
 
 
 
 
 
1287735 E-book gerado especialmente para JACQUELINE SILVA SOUZA
 
. 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Candidatos ao Concurso Público, 
O Instituto Maximize Educação disponibiliza o e-mail professores@maxieduca.com.br para dúvidas 
relacionadas ao conteúdo desta apostila como forma de auxiliá-los nos estudos para um bom 
desempenho na prova. 
As dúvidas serão encaminhadas para os professores responsáveis pela matéria, portanto, ao entrar 
em contato, informe: 
- Apostila (concurso e cargo); 
- Disciplina (matéria); 
- Número da página onde se encontra a dúvida; e 
- Qual a dúvida. 
Caso existam dúvidas em disciplinas diferentes, por favor, encaminhá-las em e-mails separados. O 
professor terá até cinco dias úteis para respondê-la. 
Bons estudos! 
 
1287735 E-book gerado especialmente para JACQUELINE SILVA SOUZA
 
. 1 
 
 
Caro(a) candidato(a), antes de iniciar nosso estudo, queremos nos colocar à sua disposição, durante 
todo o prazo do concurso para auxiliá-lo em suas dúvidas e receber suas sugestões. Muito zelo e técnica 
foram empregados na edição desta obra. No entanto, podem ocorrer erros de digitação ou dúvida 
conceitual. Em qualquer situação, solicitamos a comunicação ao nosso serviço de atendimento ao cliente 
para que possamos esclarecê-lo. Entre em contato conosco pelo e-mail: professores @maxieduca.com.br 
 
Atenção Primária à Saúde 
 
A Atenção primária é aquele nível de um sistema de serviço de saúde que oferece a entrada no sistema 
para todas as novas necessidades e problemas, fornece atenção sobre a pessoa (não direcionada para 
a enfermidade) no decorrer do tempo, fornece atenção para todas as condições, exceto as muito 
incomuns ou raras, e coordena ou integra a ação fornecida em algum outro lugar ou por terceiros. 
(STARFIELD) 
“A Atenção Básica é um conjunto de ações, de caráter individual e coletivo, situadas no primeiro nível 
de atenção dos sistemas de saúde, voltadas para a promoção da saúde, a prevenção de agravos, o 
tratamento e a reabilitação.” (MINISTÉRIO DA SAÚDE) 
A Atenção ou os Cuidados Primários de Saúde, como entendemos hoje, constituem um conjunto 
integrado de ações básicas, articulado a um sistema de promoção e assistência integral à saúde. 
(ALEIXO) 
Farmer e cols foram os primeiros a mostrar que a proporção de médicos de atenção primária por 
população teve efeito nas taxas de mortalidade, o qual foi independente de outros fatores. 
Erroneamente, alguns segmentos da população a acreditam que a atenção especializada é melhor do 
que a atenção generalista. 
A Estratégia Saúde da Família configura-se como o maior programa assistencial desenvolvido em 
escala em todo o Brasil, carregando enorme potencial para estruturar, de forma consistente, a Atenção 
Primária à Saúde em nosso País. (ALEIXO) 
Internacionalmente tem-se apresentado 'Atenção Primária à Saúde' (APS) como uma estratégia de 
organização da atenção à saúde voltada para responder de forma regionalizada, contínua e sistematizada 
à maior parte das necessidades de saúde de uma população, integrando ações preventivas e curativas, 
bem como a atenção a indivíduos e comunidades. Esse enunciado procura sintetizar as diversas 
concepções e denominações das propostas e experiências que se convencionaram chamar 
internacionalmente de APS. 
No Brasil, a APS incorpora os princípios da Reforma Sanitária, levando o Sistema Único de Saúde 
(SUS) a adotar a designação Atenção Básica à Saúde (ABS) para enfatizar a reorientação do modelo 
assistencial, a partir de um sistema universal e integrado de atenção à saúde. 
Historicamente, a ideia de atenção primária foi utilizada como forma de organização dos sistemas de 
saúde pela primeira vez no chamado Relatório Dawnson, em 1920. Esse documento do governo inglês 
procurou, de um lado, contrapor-se ao modelo flexineriano americano de cunho curativo, fundado no 
reducionismo biológico e na atenção individual, e por outro, constituir-se numa referência para a 
organização do modelo de atenção inglês, que começava a preocupar as autoridades daquele país, 
devido ao elevado custo, à crescente complexidade da atenção médica e à baixa resolutividade. 
O referido relatório organizava o modelo de atenção em centros de saúde primários e secundários, 
serviços domiciliares, serviços suplementares e hospitais de ensino. Os centros de saúde primários e os 
serviços domiciliares deveriam estar organizados de forma regionalizada, onde a maior parte dos 
problemas de saúde deveriam ser resolvidos por médicos com formação em clínica geral. Os casos que 
o médico não tivesse condições de solucionar com os recursos disponíveis nesse âmbito da atenção 
deveriam ser encaminhados para os centros de atenção secundária, onde haveria especialistas das mais 
diversas áreas, ou então, para os hospitais, quando existisse indicação de internação ou cirurgia. Essa 
organização caracteriza-se pela hierarquização dos níveis de atenção à saúde. 
Os serviços domiciliares de um dado distrito devem estar baseados num Centro de Saúde Primária - 
uma instituição equipada para serviços de medicina curativa e preventiva para ser conduzida por clínicos 
gerais daquele distrito, em conjunto com um serviço de enfermagem eficiente e com o apoio de 
consultores e especialistas visitantes. Os Centros de Saúde Primários variam em seu tamanho e 
complexidade de acordo com as necessidades locais, e com sua localização na cidade ou no país. Mas, 
Fundamentos e Práticas em Atenção Primária à Saúde e Medicina de 
Família e Comunidade 
1287735 E-book gerado especialmente para JACQUELINESILVA SOUZA
 
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a maior parte deles são formados por clínicos gerais dos seus distritos, bem como os pacientes pertencem 
aos serviços chefiados por médicos de sua própria região. (MINISTRY OF HEALTH) 
Esta concepção elaborada pelo governo inglês influenciou a organização dos sistemas de saúde de 
todo o mundo, definindo duas características básicas da APS. A primeira seria a regionalização, ou seja, 
os serviços de saúde devem estar organizados de forma a atender as diversas regiões nacionais, através 
da sua distribuição a partir de bases populacionais, bem como devem identificar as necessidades de 
saúde de cada região. A segunda característica é a integralidade, que fortalece a indissociabilidade entre 
ações curativas e preventivas. 
Os elevados custos dos sistemas de saúde, o uso indiscriminado de tecnologia médica e a baixa 
resolutividade preocupavam a sustentação econômica da saúde nos países desenvolvidos, fazendo-os 
pesquisar novas formas de organização da atenção com custos menores e maior eficiência. Em 
contrapartida, os países pobres e em desenvolvimento sofriam com a iniquidade dos seus sistemas de 
saúde, com a falta de acesso a cuidados básicos, com a mortalidade infantil e com as precárias condições 
sociais, econômicas e sanitárias. 
Em 1978 a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância 
(Unicef) realizaram a I Conferência Internacional sobre Cuidados Primários de Saúde em Alma-Ata, no 
Cazaquistão, antiga União Soviética, e propuseram um acordo e uma meta entre seus países membros 
para atingir o maior nível de saúde possível até o ano 2000, através da APS. Essa política internacional 
ficou conhecida como 'Saúde para Todos no Ano 2000'. A Declaração de Alma-Ata, como foi chamado o 
pacto assinado entre 134 países, defendia a seguinte definição de APS, aqui denominada cuidados 
primários de saúde: 
Os cuidados primários de saúde são cuidados essenciais de saúde baseados em métodos e 
tecnologias práticas, cientificamente bem fundamentadas e socialmente aceitáveis, colocadas ao alcance 
universal de indivíduos e famílias da comunidade, mediante sua plena participação e a um custo que a 
comunidade e o país possam manter em cada fase de seu desenvolvimento, no espírito de autoconfiança 
e autodeterminação. Fazem parte integrante tanto do sistema de saúde do país, do qual constituem a 
função central e o foco principal, quanto do desenvolvimento social e econômico global da comunidade. 
Representam o primeiro nível de contato dos indivíduos, da família e da comunidade com o sistema 
nacional de saúde, pelo qual os cuidados de saúde são levados o mais proximamente possível aos 
lugares onde pessoas vivem e trabalham, e constituem o primeiro elemento de um continuado processo 
de assistência à saúde. (OPAS/OMS) 
No que diz respeito à organização da APS, a declaração de Alma-Ata propõe a instituição de serviços 
locais de saúde centrados nas necessidades de saúde da população e fundados numa perspectiva 
interdisciplinar envolvendo médicos, enfermeiros, parteiras, auxiliares e agentes comunitários, bem como 
a participação social na gestão e controle de suas atividades. O documento descreve as seguintes ações 
mínimas, necessárias para o desenvolvimento da APS nos diversos países: educação em saúde voltada 
para a prevenção e proteção; distribuição de alimentos e nutrição apropriada; tratamento da água e 
saneamento; saúde materno-infantil; planejamento familiar; imunização; prevenção e controle de doenças 
endêmicas; tratamento de doenças e lesões comuns; fornecimento de medicamentos essenciais. 
A Declaração de Alma-Ata representa uma proposta num contexto muito maior que um pacote seletivo 
de cuidados básicos em saúde. Nesse sentido, aponta para a necessidade de sistemas de saúde 
universais, isto é, concebe a saúde como um direito humano; a redução de gastos com armamentos e 
conflitos bélicos e o aumento de investimentos em políticas sociais para o desenvolvimento das 
populações excluídas; o fornecimento e até mesmo a produção de medicamentos essenciais para 
distribuição à população de acordo com a suas necessidades; a compreensão de que a saúde é o 
resultado das condições econômicas e sociais, e das desigualdades entre os diversos países; e também 
estipula que os governos nacionais devem protagonizar a gestão dos sistemas de saúde, estimulando o 
intercâmbio e o apoio tecnológico, econômico e político internacional (MATTA). 
Apesar de as metas de Alma-Ata jamais terem sido alcançadas plenamente, a APS tornou-se uma 
referência fundamental para as reformas sanitárias ocorridas em diversos países nos anos 80 e 90 do 
último século. Entretanto, muitos países e organismos internacionais, como o Banco Mundial, adotaram 
a APS numa perspectiva focalizada, entendendo a atenção primária como um conjunto de ações de saúde 
de baixa complexidade, dedicada a populações de baixa renda, no sentindo de minimizar a exclusão 
social e econômica decorrentes da expansão do capitalismo global, distanciando-se do caráter 
universalista da Declaração de Alma-Ata e da ideia de defesa da saúde como um direito (MATTOS). 
No Brasil, algumas experiências de APS foram instituídas de forma incipiente desde o início do século 
XX, como os centros de saúde em 1924 que, apesar de manterem a divisão entre ações curativas e 
preventivas, organizavam-se a partir de uma base populacional e trabalhavam com educação sanitária. 
A partir da década de 1940, foi criado o Serviço Especial de Saúde Pública (SESP) que realizou ações 
1287735 E-book gerado especialmente para JACQUELINE SILVA SOUZA
 
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curativas e preventivas, ainda que restritas às doenças infecciosas e carenciais. Essa experiência 
inicialmente limitada às áreas de relevância econômica, como as de extração de borracha, foi ampliada 
durante os anos 50 e 60 para outras regiões do país, mas represada de um lado pela expansão do modelo 
médico-privatista, e de outro, pelas dificuldades de capilarização local de um órgão do governo federal, 
como é o caso do Sesp (MENDES). 
Nos anos 70, surge o Programa de Interiorização das Ações de Saúde e Saneamento do Nordeste 
(PIASS) cujo objetivo era fazer chegar à população historicamente excluída de qualquer acesso à saúde 
um conjunto de ações médicas simplificadas, caracterizando-se como uma política focalizada e de baixa 
resolutividade, sem capacidade para fornecer uma atenção integral à população. 
Com o movimento sanitário, as concepções da APS foram incorporadas ao ideário reformista, 
compreendendo a necessidade de reorientação do modelo assistencial, rompendo com o modelo médico-
privatista vigente até o início dos anos 80. Nesse período, durante a crise do modelo médico 
previdenciário representado pela centralidade do Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência 
Social (Inamps), surgiram as Ações Integradas de Saúde (AIS), que visavam ao fortalecimento de um 
sistema unificado e descentralizado de saúde voltado para as ações integrais. Nesse sentido, as AIS 
surgiram de convênios entre estados e municípios, custeadas por recursos transferidos diretamente da 
previdência social, visando à atenção integral e universal dos cidadãos. 
Essas experiências somadas à constituição do SUS (BRASIL) e sua regulamentação (BRASIL) 
possibilitaram a construção de uma política de ABS que visasse à reorientação do modelo assistencial, 
tornando-se o contato prioritário da população com o sistema de saúde. Assim, a concepção da ABS 
desenvolveu-se a partir dos princípios do SUS, principalmente a universalidade, a descentralização, a 
integralidade e a participação popular, como pode ser visto na portaria que institui a Política Nacional de 
Atenção Básica, definindo a ABS como: um conjunto de ações de saúde no âmbito individual e coletivo 
que abrangem a promoção e proteção da saúde, prevenção de agravos, diagnóstico, tratamento, 
reabilitaçãoe manutenção da saúde. É desenvolvida através do exercício de práticas gerenciais e 
sanitárias democráticas e participativas, sob forma de trabalho em equipe, dirigidas a populações de 
territórios bem delimitados, pelas quais assume a responsabilidade sanitária, considerando a 
dinamicidade existente no território em que vivem essas populações. Utiliza tecnologias de elevada 
complexidade e baixa densidade, que devem resolver os problemas de saúde de maior frequência e 
relevância em seu território. É o contato preferencial dos usuários com os sistemas de saúde. Orienta-se 
pelos princípios da universalidade, acessibilidade e coordenação do cuidado, vínculo e continuidade, 
integralidade, responsabilização, humanização, equidade, e participação social. (BRASIL) 
 
A Charter for General Practice/Family Medicine in Europe [Carta para Clínica Geral/Medicina de 
Família na Europa], desenvolvida por um grupo de trabalho da região europeia da Organização Mundial 
da Saúde (1994), reconhece, explicitamente, o papel da atenção primária como um sistema de atenção 
que oferece atendimento acessível e aceitável para os pacientes; assegura a distribuição equitativa de 
recursos de saúde; integra e coordena serviços curativos, paliativos, preventivos e promotores de saúde; 
controla, de forma racional, a tecnologia da atenção secundária e os medicamentos; e aumenta a relação 
custo-efetividade dos serviços por meio de 12 características: 
1. Geral: não é restrita a faixas etárias ou tipos de problemas ou condições 2. Acessível: em relação 
ao tempo, lugar, financiamento e cultura 
3. Integrada: curativa, reabilitador, promotora de saúde e preventiva de enfermidades 
4. Continuada: longitudinalidade ao longo de períodos substanciais de vida 
5. Equipe: o médico é parte de um grupo multidisciplinar 
6. Holística: perspectivas físicas, psicológicas e sociais dos indivíduos, das famílias e das comunidades 
7. Pessoal: atenção centrada na pessoa e não na enfermidade 
8. Orientada para a família: problemas compreendidos no contexto da família e da rede social 
9. Orientada para a comunidade: contexto de vida na comunidade local; consciência de necessidades 
de saúde na comunidade; colaboração com outros setores para desencadear mudanças positivas de 
saúde 
10. Coordenada: coordenação de toda a orientação e apoio que a pessoa recebe 
11. Confidencial 
12. Defensora: defensora do paciente em questões de saúde sempre e em relação a todos os outros 
provedores de atenção à saúde. 
Reconhece, ainda, que determinadas condições estruturais, melhoras organizacionais e questões de 
desenvolvimento profissional devem ser consideradas na oferta de atenção primária de alta qualidade. 
 
1287735 E-book gerado especialmente para JACQUELINE SILVA SOUZA
 
. 4 
Os quatro elementos estruturais relevantes à atenção primária são acessibilidade, variedade de 
serviços, população eletiva e continuidade. São definidos como segue: 
 
Acessibilidade: envolve a localização do estabelecimento próximo da população a qual atende, os 
horários e dias em que está aberto para atender, o grau de tolerância para consultas não-agendadas e o 
quanto a população percebe a conveniência destes aspectos da acessibilidade. 
 
Variedade de serviços: é o pacote de serviços disponíveis para a população, bem como aqueles 
serviços que a população acredita que estejam disponíveis. 
 
Definição da população eletiva: inclui o quanto o serviço de atenção à saúde pode identificar a 
população pela qual assume responsabilidade e o quanto os indivíduos da população atendida sabem 
que são considerados parte dela. 
 
Continuidade: consiste nos arranjos pelos quais a atenção é oferecida numa sucessão ininterrupta 
de eventos. A continuidade pode ser alcançada por intermédio de diversos mecanismos: um profissional 
que atende ao paciente ou um prontuário médico que registra o atendimento prestado, um registro 
computadorizado ou mesmo um prontuário trazido pelo paciente. O quanto o estabelecimento oferece 
tais arranjos e a percepção de sua obtenção pelos indivíduos na população indica a extensão da 
continuidade da atenção. 
 
A coordenação (integração) da atenção requer alguma forma de continuidade, seja por parte dos 
profissionais, seja por meio de prontuários médicos, ou ambos, além de reconhecimento de problemas 
(um elemento processual). Por exemplo, o estado de problemas observado em consultas anteriores ou 
problemas pelos quais houve algum encaminhamento para outros profissionais deveria ser avaliado nas 
consultas subsequentes. Este reconhecimento de problemas será facilitado se o mesmo profissional 
examinar o paciente no acompanhamento ou se houver um prontuário médico que esclareça estes 
problemas. Assim, tanto a continuidade como o reconhecimento de problemas são necessários para 
avaliar a coordenação da atenção. 
 
A coordenação, o quarto componente da atenção, é essencial para a obtenção dos outros aspectos. 
Sem ela, a longitudinalidade perderia muito de seu potencial, a integralidade seria dificultada e a função 
de primeiro contato tornar-se-ia uma função puramente administrativa. Descrições de atenção primária, 
sob o ponto de vista do médico, frequentemente, referem-se ao profissional de atenção primária como o 
defensor do paciente (Robinson, 1977) ou em termos do compromisso do médico de atenção primária 
com as pessoas (McWhinney, 1975; Draper e Smits, 1975). Para chegar ao que estes termos indicam, o 
profissional de atenção primária deve estar ciente de todos os problemas do paciente em qualquer 
contexto no qual estes apareçam, pelo menos no que se refere à saúde. A ampliação do alcance da 
prática em consultórios individuais para unidades de grupo e como parte de sistemas integrados de saúde 
fornece tanto novos desafios como melhores oportunidades para coordenar os serviços. 
Coordenação é um “estado de estar em harmonia numa ação ou esforço em comum”. Esta definição 
expressa, formalmente, o que as descrições mais realistas indicam. A essência da coordenação é a 
disponibilidade de informações a respeito de problemas e serviços anteriores e o reconhecimento daquela 
informação, na medida em que está relacionada às necessidades para o presente atendimento. 
A expressão manejo de caso, que foi recentemente utilizada para descrever esforços para conter 
custos, pode-se sobrepor à ideia de coordenação da atenção, mas existe pouca concordância sobre uma 
definição operacional padrão de manejo de caso. Neste livro, manejo de caso é considerado como uma 
função da atenção que deriva da presença de uma fonte habitual, ou seja, longitudinalidade. 
 
Longitudinalidade, no contexto da atenção primária, é uma relação pessoal de longa duração entre 
os profissionais de saúde e os pacientes em suas unidades de saúde. A continuidade não é necessária 
para que esta relação exista; as interrupções na continuidade da atenção, por qualquer motivo, 
necessariamente não interrompem esta relação. Portanto, o termo “longitudinalidade”, cunhado por Alpert 
e Charney em 1974, oferece um sentido muito melhor sobre a característica que é uma parte crucial da 
atenção primária. 
A longitudinalidade pressupõe a existência de uma fonte regular de atenção e seu uso ao longo do 
tempo. Assim, a unidade de atenção primária deve ser capaz de identificar a população eletiva, bem como 
os indivíduos dessa população que deveriam receber seu atendimento da unidade, exceto quando for 
necessário realizar uma consulta fora ou fazer um encaminhamento. Além disso, o vínculo da população 
1287735 E-book gerado especialmente para JACQUELINE SILVA SOUZA
 
. 5 
com sua fonte de atenção deveria ser refletida em fortes laços interpessoais que refletissem a cooperação 
mútua entre as pessoas e os profissionais de saúde. 
Diversas questões importantes referem-se à longitudinalidade. 
Aqueles indivíduos claramenteidentificados como usuários identificam a unidade de saúde como sua 
fonte regular de atenção e utilizam-na como tal por um período de tempo? Todas as consultas, exceto as 
iniciadas pelos profissionais, ocorrem na unidade? A natureza da interação entre o profissional de saúde 
e os pacientes reflete sua cooperação mútua? 
 
Atualmente, a principal estratégia de configuração da ABS no Brasil é a saúde da família que tem 
recebido importantes incentivos financeiros visando à ampliação da cobertura populacional e à 
reorganização da atenção. A saúde da família aprofunda os processos de territorialização e 
responsabilidade sanitária das equipes de saúde, compostas basicamente por médico generalista, 
enfermeiro, auxiliares de enfermagem e agentes comunitários de saúde, cujo trabalho é referência de 
cuidados para a população adscrita, com um número definido de domicílios e famílias assistidos por 
equipe. 
Entretanto, os desafios persistem e indicam a necessidade de articulação de estratégias de acesso 
aos demais níveis de atenção à saúde (ver verbete Atenção à Saúde), de forma a garantir o princípio da 
integralidade, assim como a necessidade permanente de ajuste das ações e serviços locais de saúde, 
visando à apreensão ampliada das necessidades de saúde da população e à superação das iniquidades 
entre as regiões do país. 
Ressalta-se também na ABS a importante participação de profissionais de nível básico e médio em 
saúde, como os agentes comunitários de saúde, os auxiliares e técnicos de enfermagem, entre outros 
responsáveis por ações de educação e vigilância em saúde. 
 
Por sua vez a Medicina de Família e Comunidade (MFC) é uma especialidade médica que se 
caracteriza pela tenção integral à saúde, levando em conta a inserção do paciente na família e 
comunidade. Foi em 1981, que o Ministério da Educação por meio da Comissão Nacional de Residência 
Médica reconheceu a MFC. 
 
No ano de 2002 foi dada nova nomenclatura passando a ser conhecida como Associação Médica 
Brasileira e Comissão Nacional de Residência Médica em proposta da Sociedade Brasileira de Medicina 
de Família e Comunidade (SBMFC) 
 
Referência 
 
MATTA, Gustavo Corrêa; MOROSINI, Márcia Valéria Guimarães. Atenção primária à saúde. Fundação Oswaldo Cruz. Escola 
Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio. 
STARFIELD, Barbara. Atenção primária: equilíbrio entre necessidades de saúde, serviços e tecnologia. Brasília: UNESCO, Ministério da 
Saúde, 2002. 726p. 
 
Questões 
 
01. (EBSERH - Enfermeiro – Vigilância -INSTITUTO AOCP/2015). São atributos relacionados à 
Atenção Primária em Saúde no Brasil, EXCETO 
(A) primeiro contato. 
(B) descentralização de serviços especializados. 
(C) longitudinalidade do cuidado. 
(D) orientação para comunidade. 
(E) foco na família. 
 
02. (SPDM - Ilha de Paquetá/RJ - Técnico de Enfermagem – BIORIO/2014) A atenção primária de 
saúde compõe-se de algumas atividades ou ações básicas de saúde, dentre as quais encontramos as 
seguintes, EXCETO: 
(A) educação para a saúde e sobre métodos de prevenção de doenças; 
(B) atendimento dos problemas de alimentação e abastecimento de água; 
(C) tratamento de doenças independente da complexidade; 
(D) imunização; 
(E) combate às enfermidades endêmicas locais. 
 
 
1287735 E-book gerado especialmente para JACQUELINE SILVA SOUZA
 
. 6 
03. (AGSEP - Analista de Saúde – UEG/2012). A atenção primária em saúde prevê 
(A) ações de imunização, reabilitação e atendimento de urgência. 
(B) assistência em serviços de pronto atendimento, saúde materno infantil e vacinas. 
(C) saneamento ambiental, planejamento familiar e reabilitação. 
(D) saúde materno infantil, ações de imunização e planejamento familiar. 
 
04. (INSS - Perito Médico Previdenciário – FCC/2012). Sobre a atenção primária à saúde é 
INCORRETO afirmar: 
(A) Incorpora tecnologias relativas ao conhecimento, à organização dos serviços, estudos 
epidemiológicos e pressupõe o trabalho em equipe. 
(B) O seu papel principal é realizar a triagem dos pacientes para o atendimento nos ambulatórios de 
especialidades e hospitalar. 
(D) Desenvolve o trabalho em equipe interdisciplinar, com foco na abordagem integral e no acolhimento 
do indivíduo. 
(D) Utiliza como modelo de sistema de saúde, similiares já implantados em países como a Espanha, 
Inglaterra e Canadá. 
(E) É aplicável tanto em países desenvolvidos quanto em países em desenvolvimento. 
 
05. (SESACRE - Técnico em Enfermagem – FUNCAB/2013). As ações e serviços de atenção 
primária fazem parte dos requisitos estabelecidos para que seja instituída um(a): 
(A) Rede de Saúde. 
(B) Consórcio de Saúde. 
(C) Região de Saúde. 
(D) Contrato Federativo. 
(E) Acordo Intergestor. 
Respostas 
 
01. Resposta: B 
Os quatro elementos estruturais relevantes à atenção primária são acessibilidade, variedade de 
serviços, população eletiva e continuidade 
Para tanto podemos considerar os seguintes atributos: 
Primeiro contato: acessibilidade e utilização dos serviços pelos usuários, para cada problema novo 
ou para cada novo episódio do mesmo problema. 
- Continuidade (Longitudinalidade): a existência de uma fonte continuada de atenção, assim como 
sua utilização ao longo do tempo. 
- Integralidade: a atenção Primária deve organizar-se de forma tal que o paciente tenha todos os 
serviços de saúde necessários isto implica a referência à atenção secundária ou terciária. 
- Coordenação: exige a existência de algum tipo de continuidade (seja por meio dos médicos, dos 
prontuários/registros ou ambos), assim como a identificação de problemas abordados em outro serviço e 
a integração deste cuidado no cuidado global do paciente. 
- Atenção centrada na família (orientação familiar): conhecimento dos fatores familiares 
relacionados à origem e ao cuidado das doenças. 
- Orientação comunitária: refere-se ao conhecimento do profissional sobre as necessidades da 
comunidade por meio de dados epidemiológicos e do contato direto com a comunidade; sua relação com 
ela, assim como o planejamento e a avaliação conjunta dos serviços. 
- Competência cultural: refere-se à adaptação do profissional de saúde para facilitar a relação com 
a população com características culturais especiais. 
 
02. Resposta: C. 
 
03. Resposta: D 
Além dos que constam na alternativa D, a atenção primária em saúde também prevê: 
Educação em saúde voltada para a prevenção e proteção; distribuição de alimentos e nutrição 
apropriada; tratamento da água e saneamento; prevenção e controle de doenças endêmicas; tratamento 
de doenças e lesões comuns; fornecimento de medicamentos essenciais. 
 
04. Resposta: B 
Atualmente, a principal estratégia de configuração da ABS no Brasil é a saúde da família que tem 
recebido importantes incentivos financeiros visando à ampliação da cobertura populacional e à 
1287735 E-book gerado especialmente para JACQUELINE SILVA SOUZA
 
. 7 
reorganização da atenção. A saúde da família aprofunda os processos de territorialização e 
responsabilidade sanitária das equipes de saúde, compostas basicamente por médico generalista, 
enfermeiro, auxiliares de enfermagem e agentes comunitários de saúde, cujo trabalho é referência de 
cuidados para a população adscrita, com um número definido de domicílios e famílias assistidos por 
equipe. 
 
05. Resposta: C 
De acordo com o Decreto nº 7.508/2011: 
Região de Saúde - espaço geográfico contínuo constituído por agrupamentos de Municípios limítrofes, 
delimitado a partir de identidades culturais, econômicas e sociais e de redes de comunicação e 
infraestrutura de transportes compartilhados, com a finalidade de integrar a organização, o planejamento 
e a execução de ações e serviços de saúde. 
 
 
 
Políticas e Programas de Saúde 
 
POLÍTICAS 
 
O Sistema Único de Saúde (SUS) constitui um projeto social únicocujos princípios de universalidade, 
integralidade e equidade estão firmados na Constituição Federal de 1988. Com base nessa perspectiva, 
o entendimento das ações voltadas para a promoção, a prevenção e a assistência à saúde, cabe ao 
Ministério da Saúde organizar e elaborar planos e políticas públicas que atendam aos pressupostos 
constitucionais. 
 
Assistência Farmacêutica: 
 
Política Nacional de Assistência Farmacêutica 
CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE 
RESOLUÇÃO Nº 338, DE 06 DE MAIO DE 2004 
 
O Plenário do Conselho Nacional de Saúde, em sua Centésima Quadragésima Segunda Reunião 
Ordinária, realizada nos dias 05 e 06 de maio de 2004, no uso de suas competências regimentais e 
atribuições conferidas pela Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, e pela Lei nº 8.142, de 28 de 
dezembro de 1990, considerando: 
a) a competência da direção nacional do Sistema Único de Saúde de formular, avaliar e elaborar 
normas de políticas públicas de saúde; 
b) as deliberações da 12ª Conferência Nacional de Saúde; 
c) as deliberações da 1ª Conferência Nacional de Medicamentos e Assistência Farmacêutica – 
Efetivando o acesso, a qualidade e a humanização na Assistência Farmacêutica, com controle social, 
realizada no período de 15 a 18 de setembro de 2003. 
 
RESOLVE: 
 
Art. 1º Aprovar a Política Nacional de Assistência Farmacêutica, estabelecida com base nos seguintes 
princípios: 
I - a Política Nacional de Assistência Farmacêutica é parte integrante da Política Nacional de Saúde, 
envolvendo um conjunto de ações voltadas à promoção, proteção e recuperação da saúde e garantindo 
os princípios da universalidade, integralidade e equidade; 
II - a Assistência Farmacêutica deve ser compreendida como política pública norteadora para a 
formulação de políticas setoriais, entre as quais destacam-se as políticas de medicamentos, de ciência e 
tecnologia, de desenvolvimento industrial e de formação de recursos humanos, dentre outras, garantindo 
a intersetorialidade inerente ao sistema de saúde do país (SUS) e cuja implantação envolve tanto o setor 
público como privado de atenção à saúde; 
III - a Assistência Farmacêutica trata de um conjunto de ações voltadas à promoção, proteção e 
recuperação da saúde, tanto individual como coletivo, tendo o medicamento como insumo essencial e 
Políticas Públicas de Saúde: Bases Legais do Sistema Único de Saúde 
(SUS) 
1287735 E-book gerado especialmente para JACQUELINE SILVA SOUZA
 
. 8 
visando o acesso e ao seu uso racional. Este conjunto envolve a pesquisa, o desenvolvimento e a 
produção de medicamentos e insumos, bem como a sua seleção, programação, aquisição, distribuição, 
dispensação, garantia da qualidade dos produtos e serviços, acompanhamento e avaliação de sua 
utilização, na perspectiva da obtenção de resultados concretos e da melhoria da qualidade de vida da 
população; 
IV - as ações de Assistência Farmacêutica envolvem aquelas referentes à Atenção Farmacêutica, 
considerada como um modelo de prática farmacêutica, desenvolvida no contexto da Assistência 
Farmacêutica e compreendendo atitudes, valores éticos, comportamentos, habilidades, compromissos e 
corresponsabilidades na prevenção de doenças, promoção e recuperação da saúde, de forma integrada 
à equipe de saúde. É a interação direta do farmacêutico com o usuário, visando uma farmacoterapia 
racional e a obtenção de resultados definidos e mensuráveis, voltados para a melhoria da qualidade de 
vida. Esta interação também deve envolver as concepções dos seus sujeitos, respeitadas as suas 
especificidades biopsicossociais, sob a ótica da integralidade das ações de saúde. 
 
Art. 2º A Política Nacional de Assistência Farmacêutica deve englobar os seguintes eixos estratégicos: 
I - a garantia de acesso e equidade às ações de saúde, inclui, necessariamente, a Assistência 
Farmacêutica; 
II - manutenção de serviços de assistência farmacêutica na rede pública de saúde, nos diferentes 
níveis de atenção, considerando a necessária articulação e a observância das prioridades regionais 
definidas nas instâncias gestoras do SUS; 
III - qualificação dos serviços de assistência farmacêutica existentes, em articulação com os gestores 
estaduais e municipais, nos diferentes níveis de atenção; 
IV - descentralização das ações, com definição das responsabilidades das diferentes instâncias 
gestoras, de forma pactuada e visando a superação da fragmentação em programas desarticulados; 
V - desenvolvimento, valorização, formação, fixação e capacitação de recursos humanos; 
VI - modernização e ampliar a capacidade instalada e de produção dos Laboratórios Farmacêuticos 
Oficiais, visando o suprimento do SUS e o cumprimento de seu papel como referências de custo e 
qualidade da produção de medicamentos, incluindo-se a produção de fitoterápicos; 
VII - utilização da Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME), atualizada 
periodicamente, como instrumento racionalizador das ações no âmbito da assistência farmacêutica; 
VIII - pactuação de ações intersetoriais que visem à internalização e o desenvolvimento de tecnologias 
que atendam às necessidades de produtos e serviços do SUS, nos diferentes níveis de atenção; 
IX - implementação de forma intersetorial, e em particular, com o Ministério da Ciência e Tecnologia, 
de uma política pública de desenvolvimento científico e tecnológico, envolvendo os centros de pesquisa 
e as universidades brasileiras, com o objetivo do desenvolvimento de inovações tecnológicas que 
atendam os interesses nacionais e às necessidades e prioridades do SUS; 
X -definição e pactuação de ações intersetoriais que visem à utilização das plantas medicinais e 
medicamentos fitoterápicos no processo de atenção à saúde, com respeito aos conhecimentos 
tradicionais incorporados, com embasamento científico, com adoção de políticas de geração de emprego 
e renda, com qualificação e fixação de produtores, envolvimento dos trabalhadores em saúde no processo 
de incorporação desta opção terapêutica e baseado no incentivo à produção nacional, com a utilização 
da biodiversidade existente no País; 
XI - construção de uma Política de Vigilância Sanitária que garanta o acesso da população a serviços 
e produtos seguros, eficazes e com qualidade; 
XII - estabelecimento de mecanismos adequados para a regulação e monitoração do mercado de 
insumos e produtos estratégicos para a saúde, incluindo os medicamentos; 
XIII - promoção do uso racional de medicamentos, por intermédio de ações que disciplinem a 
prescrição, a dispensação e o consumo. 
 
Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos: Decreto nº 5813, de 22/6/2006 
 
A Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, aprovada por meio do Decreto Nº 5.813, de 
22 de junho de 2006, estabelece diretrizes e linhas prioritárias para o desenvolvimento de ações pelos 
diversos parceiros em torno de objetivos comuns voltados à garantia do acesso seguro e uso racional de 
plantas medicinais e fitoterápicos em nosso país, ao desenvolvimento de tecnologias e inovações, assim 
como ao fortalecimento das cadeias e dos arranjos produtivos, ao uso sustentável da biodiversidade 
brasileira e ao desenvolvimento do Complexo Produtivo da Saúde. 
Embora a medicina moderna esteja bem desenvolvida na maior parte do mundo, a OMS reconhece 
que grande parte da população dos países em desenvolvimento depende da medicina tradicional para 
1287735 E-book gerado especialmente para JACQUELINE SILVA SOUZA
 
. 9 
sua atenção primária, tendo em vista que 80% desta população utilizam práticas tradicionais nos seus 
cuidados básicos de saúde e 85% destes utilizam plantas ou preparações destas. 
Esta Política tem como premissas o respeito aos princípios de segurança e eficácia na saúde pública 
e a conciliação de desenvolvimento socioeconômico e conservação ambiental, tanto no âmbito localcomo 
em escala nacional. Além disso, o respeito às diversidades e particularidades regionais e ambientais é 
também princípio norteador desta Política. Para tanto, o modelo de desenvolvimento almejado deverá 
reconhecer e promover as práticas comprovadamente eficazes, a grande diversidade de formas de uso 
das plantas medicinais, desde o uso caseiro e comunitário, passando pela área de manipulação 
farmacêutica de medicamentos até o uso e fabricação de medicamentos industrializados. 
Essencialmente, deverá respeitar a diversidade cultural brasileira, reconhecendo práticas e saberes da 
medicina tradicional, contemplar interesses e formas de uso diversos, desde aqueles das comunidades 
locais até o das indústrias nacionais, passando por uma infinidade de outros arranjos de cadeias 
produtivas do setor de plantas medicinais e fitoterápicos. 
Atualmente, os fitoterápicos constituem importante fonte de inovação em saúde, sendo objeto de 
interesses empresariais privados e fator de competitividade do Complexo Produtivo da Saúde. Esse 
contexto impõe a necessidade de uma ação transversal voltada ao fortalecimento da base produtiva e de 
inovação local e à competitividade da indústria nacional. 
 
Objetivo Geral 
Garantir à população brasileira o acesso seguro e o uso racional de plantas medicinais e fitoterápicos, 
promovendo o uso sustentável da biodiversidade, o desenvolvimento da cadeia produtiva e da indústria 
nacional. 
 
Objetivos Específicos 
- Ampliar as opções terapêuticas aos usuários, com garantia de acesso a plantas medicinais, 
fitoterápicos e serviços relacionados a fitoterapia, com segurança, eficácia e qualidade, na perspectiva da 
integralidade da atenção à saúde, considerando o conhecimento tradicional sobre plantas medicinais. 
- Construir o marco regulatório para produção, distribuição e uso de plantas medicinais e fitoterápicos 
a partir dos modelos e experiências existentes no Brasil e em outros países. 
- Promover pesquisa, desenvolvimento de tecnologias e inovações em plantas medicinais e 
fitoterápicos, nas diversas fases da cadeia produtiva. 
- Promover o desenvolvimento sustentável das cadeias produtivas de plantas medicinais e fitoterápicos 
e o fortalecimento da indústria farmacêutica nacional neste campo. 
- Promover o uso sustentável da biodiversidade e a repartição dos benefícios decorrentes do acesso 
aos recursos genéticos de plantas medicinais e ao conhecimento tradicional associado. 
 
DIRETRIZES 
1. Regulamentar o cultivo; o manejo sustentável; a produção, a distribuição, e o uso de plantas 
medicinais e fitoterápicos, considerando as experiências da sociedade civil nas suas diferentes formas de 
organização. 
2. Promover a Formação técnico-científica e capacitação no setor de plantas medicinais e fitoterápicos. 
3. Incentivar a formação e capacitação de recursos humanos para o desenvolvimento de pesquisas, 
tecnologias e inovação em plantas medicinais e fitoterápicos. 
4. Estabelecer estratégias de comunicação para divulgação do setor plantas medicinais e fitoterápicos. 
5. Fomentar pesquisa, desenvolvimento tecnológico e inovação com base na biodiversidade brasileira, 
abrangendo espécies vegetais nativas e exóticas adaptadas, priorizando as necessidades 
epidemiológicas da população. 
6. Promover a interação entre o setor público e a iniciativa privada, universidades, centros de pesquisa 
e Organizações Não Governamentais na área de plantas medicinais e desenvolvimento de fitoterápicos. 
7. Apoiar a implantação de plataformas tecnológicas piloto para o desenvolvimento integrado de cultivo 
de plantas medicinais e produção de fitoterápicos. 
8. Incentivar a incorporação racional de novas tecnologias no processo de produção de plantas 
medicinais e fitoterápicos. 
9. Garantir e promover a segurança, a eficácia e a qualidade no acesso a plantas medicinais e 
fitoterápicos. 
10. Promover e reconhecer as práticas populares de uso de plantas medicinais e remédios caseiros. 
11. Promover a adoção de boas práticas de cultivo e manipulação de plantas medicinais e de 
manipulação e produção de fitoterápicos, segundo legislação específica. 
1287735 E-book gerado especialmente para JACQUELINE SILVA SOUZA
 
. 10 
12. Promover o uso sustentável da biodiversidade e a repartição dos benefícios derivados do uso dos 
conhecimentos tradicionais associados e do patrimônio genético. 
13. Promover a inclusão da agricultura familiar nas cadeias e nos arranjos produtivos das plantas 
medicinais, insumos e fitoterápicos. 
14. Estimular a produção de fitoterápicos em escala industrial. 
15. Estabelecer uma política intersetorial para o desenvolvimento socioeconômico na área de plantas 
medicinais e fitoterápicos. 
16. Incrementar as exportações de fitoterápicos e insumos relacionados, priorizando aqueles de maior 
valor agregado. 
17. Estabelecer mecanismos de incentivo para a inserção da cadeia produtiva de fitoterápicos no 
processo de fortalecimento da indústria farmacêutica nacional. 
 
Política Vigente para a Regulamentação de Medicamentos no Brasil, 2002 
Política Nacional de Medicamentos, 2001 
 
Atenção à Saúde: 
Caminhos para uma Política de Saúde Mental Infanto-Juvenil, 2005 
Construindo a Política de Humanização: Oficina Nacional de Humanização, 2003 
Política de Atenção Integral a Usuários de Álcool e Outras Drogas, 2003 
Política Brasileira de Aids: principais resultados e avanços, 1994-2002 
Política Nacional de Alimentação e Nutrição, 2000 
Política Nacional de Alimentação e Nutrição, 2ª. ed., 2007 
 
Política Nacional de Atenção Oncológica, 2005 
 
O Ministério da Saúde está propondo por meio de portaria instituir a Política Nacional de Atenção 
Oncológica contemplando ações de Promoção, Prevenção, Diagnóstico, Tratamento, Reabilitação e 
Cuidados Paliativos, a ser implantada em todas as unidades federadas. A proposta estabelece que a 
Política Nacional de Atenção Oncológica deva ser organizada de forma articulada com o Ministério da 
Saúde e com as Secretarias de Saúde dos estados e municípios. 
A partir da aprovação desta portaria pela CIT ficam revogadas as normativas anteriores, que 
regulamentavam a atenção oncológica, portaria nº. 3535/1998, nº. 1478/1999 e nº.1289/2002. 
 
A portaria do Ministro da Saúde define que a Política Nacional de Atenção Oncológica deve ser 
constituída a partir dos seguintes componentes fundamentais: 
1. Promoção e Vigilância em Saúde; 
2. Atenção Básica; 
3. Média complexidade; 
4. Alta complexidade; 
5. Centros de Referência de Alta Complexidade em Oncologia; 
6. Plano de Controle do tabagismo e outros Fatores de Risco, do Câncer do Colo do Útero e da Mama; 
7. Regulamentação suplementar e complementar; 
8. Regulação, fiscalização, controle e avaliação; 
9. Sistema de Informação; 
10. Diretrizes Nacionais para a Atenção Oncológica 
11. Avaliação Tecnológica 
12. Educação permanente e capacitação 
13. Pesquisa sobre o câncer. 
 
Organização e implantação de Redes Estaduais de Atenção Oncológica 
A portaria da SAS/MS define que a rede de atenção oncológica será composta por: Unidades de 
Assistência de Alta Complexidade em Oncologia, os Centros de Assistência de Alta Complexidade em 
Oncologia (CACON) e os Centros de Referência de Alta Complexidade em Oncologia. 
Entende-se por Unidade de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia o hospital que possua 
condições técnicas, instalações físicas, equipamentos e recursos humanos adequados à prestação de 
assistência especializada de alta complexidade para o diagnóstico definitivo e tratamento dos cânceres 
mais prevalentes no Brasil. 
Entende-se por Centro de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (CACON) o hospital que 
possua as condições técnicas, instalações físicas, equipamentos e recursos humanos adequados à 
1287735 E-book gerado especialmente para JACQUELINE SILVA SOUZA. 11 
prestação de assistência especializada de alta complexidade para o diagnóstico definitivo e tratamento 
de todos os tipos de câncer. 
 
Entende-se por Centro de Referência de Alta Complexidade em Oncologia um CACON que exerça o 
papel auxiliar, de caráter técnico, ao Gestor do SUS nas políticas de Atenção Oncológica e que possua 
os seguintes atributos: 
I. Ser Hospital de Ensino, certificado pelo Ministério da Saúde e Ministério da Educação, de acordo 
com a Portaria Interministerial MEC/MS nº. 1.000, de 15 de abril de 2004; 
 
II. Ter uma base territorial de atuação, conforme os seguintes parâmetros: 
01 Centro de Referência para até 12.000 casos novos anuais 
02 Centros de Referência para >12.000 - 24.000 casos novos anuais 
03 Centros de Referência para >24.000 - 48.000 casos novos anuais 
04 Centros de Referência para > 48.000 - 96.000 casos novos anuais 
05 Centros de Referência para > 96.000 casos novos anuais. 
As Unidades de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia podem prestar atendimento nos 
serviços abaixo descritos: 
I. Serviço de Cirurgia Oncológica; 
II. Serviço de Oncologia Clínica; 
III. Serviço de Radioterapia; 
IV. Serviço de Hematologia; 
V. Serviço de Oncologia Pediátrica. 
Um hospital, para ser credenciado como Unidade de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia 
deverá obrigatoriamente contar com, no mínimo, Serviço de Cirurgia Oncológica e Serviço de Oncologia 
Clínica. 
Os Centros de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (CACON) devem prestar atendimento 
em todos os serviços abaixo descritos: 
I. Serviço de Cirurgia Oncológica; 
II. Serviço de Oncologia Clínica; 
III. Serviço de Radioterapia; e 
IV. Serviço de Hematologia. 
Um hospital, para ser credenciado como Centro de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia 
deverá obrigatoriamente contar com atendimento em todos os serviços descritos acima e atender os 
respectivos requisitos especificados na Portaria. 
Além desses serviços, o hospital credenciado como Centro de Assistência de Alta Complexidade em 
Oncologia poderá, de acordo com a necessidade estabelecida pelo respectivo Gestor do SUS, contar 
com atendimento em Serviço de Oncologia Pediátrica. 
a) Estrutura física e funcional mínima e de recursos humanos para serviços hospitalares gerais e 
específicos em Unidades de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia: 
Ambulatório; 
Pronto-atendimento; 
Serviços de diagnóstico; 
Enfermarias; 
Centro-cirúrgico; 
Unidade de terapia intensiva; 
Hemoterapia; 
Farmácia hospitalar; 
Apoio multidisciplinar; 
Transplantes; 
Cuidados paliativos; 
Serviço de cirurgia oncológica; 
Serviço de oncologia clínica; 
Serviço de radioterapia; 
Serviço de hematologia; 
Serviço de oncologia pediátrica. 
b) Caracterização dos Centros de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (CACON): 
Os Centros de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (CACON) devem ser hospitais que, 
obrigatoriamente, tenham todos os serviços e atendam todos os requisitos relacionados anteriormente. 
1287735 E-book gerado especialmente para JACQUELINE SILVA SOUZA
 
. 12 
c) Serviços isolados de quimioterapia e radioterapia Só será permitida a manutenção do 
credenciamento de Serviço Isolado de Radioterapia e/ou Quimioterapia para atuação de forma 
complementar as Unidades de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia e dos CACON e desde 
que produção das Unidades de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia e dos CACON não seja 
suficiente nesta área, conforme os parâmetros definidos pela portaria. Desta forma, o diagnóstico 
oncológico (estadiamento) e planejamento terapêutico deverão ser realizados previamente pelas 
Unidades de Alta Complexidade ou CACON. 
 
Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher: plano de ação 2004-2007 
 
Esta proposta está embasada no documento conceitual “Política Nacional de Atenção Integral à Saúde 
da Mulher – Princípios e Diretrizes”, que subsidiou a elaboração do Plano Plurianual do Governo Federal. 
Espera-se com esta proposta construir um consenso nacional em torno da necessidade de se desenvolver 
políticas públicas de saúde para a mulher de forma integrada nos diversos níveis do sistema, buscando 
coerência e sinergia entre elas. 
Este Plano de Ação tem como princípio para a sua aplicação o reconhecimento das diferenças de 
organização e de desenvolvimento tecnológico entre as diversas regiões, estados e municípios 
brasileiros. Dessa forma, deve contemplar a realidade de cada município, respeitando suas 
especificidades epidemiológicas e culturais e sua inserção nos diversos níveis de gestão definidos pela 
Norma Operacional de Assistência à Saúde (NOAS). Da mesma forma, as propostas apresentadas 
consideraram a promoção da saúde, a ampliação do acesso aos serviços, a humanização e a melhoria 
da qualidade da atenção, as condições essenciais para que as ações de saúde se traduzam na resolução 
dos problemas identificados, na satisfação da população e no reconhecimento de direitos. 
Para viabilizar este Plano de Ação e sua implementação no nível local, a Área Técnica de Saúde da 
Mulher (ATSM) do Ministério da Saúde propõe o apoio técnico e financeiro a 100% dos municípios polos 
de microrregiões, para a elaboração de um Plano Regional de Atenção Integral à Saúde da Mulher, com 
critérios recomendados por esta Área Técnica e pactuados com os estados e municípios. 
Este Plano de Ação define medidas para a ampliação do acesso e a melhoria da qualidade das ações 
já tradicionalmente existentes nos níveis locais de saúde, propondo que sejam introduzidas na rede 
pública ações que dizem respeito a segmentos sociais excluídos da atenção, no que se refere às suas 
especificidades, que são: mulheres negras, mulheres em situação de prisão, com deficiência, indígenas, 
trabalhadoras do campo e da cidade, as que fazem sexo com mulheres, as no climatério/menopausa e 
na terceira idade. 
Em conjunto, estas propostas possibilitam uma visão global das orientações do Ministério da Saúde 
no que se referem à saúde da mulher na atual gestão, reconhecendo a necessidade de que ações 
intersetoriais sejam pactuadas e implementadas na perspectiva de uma abordagem ampliada das 
questões de saúde. 
As políticas de atenção à saúde da mulher propostas neste Plano de Ação são resultantes de um 
processo de interlocução que envolve as diversas áreas do Ministério da Saúde cujas ações apresentam 
interface com a saúde da mulher, a saber: no âmbito da Secretaria de Atenção à Saúde, as áreas de 
Saúde do Idoso; Pessoa com Deficiência; Saúde do Adolescente e do Jovem; Saúde do Trabalhador; 
Saúde da População Presidiária; Saúde da Criança; Acidentes e Violência; Saúde Mental; Atenção 
Básica; Média e Alta Complexidade. Secretarias: Secretaria-Executiva; de Gestão Participativa; 
Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde; Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos; e Vigilância 
em Saúde (Programa Nacional de DST/AIDS, Diretoria de Informações). Outras instâncias: Grupo da 
Terra, Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Sangue e Hemoderivados), 
Fundação Nacional de Saúde (Departamento de Saúde Indígena e 
Programa Nacional de Imunização). Além dessas, o Instituto Nacional de Câncer, o Datasus e as áreas 
do Gabinete do Ministro: Assessorias de Comunicação e de Imprensa. 
O Plano de Ação para a Atenção Integral à Saúde da Mulher deverá ser implementado pelas 
Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde, com apoio técnico e financeiro do Ministério da Saúde e 
em parceria com outros órgãos governamentais e instituições não-governamentais. 
 
OBJETIVOS GERAIS 
- Promover a melhoria das condições de vida e saúde das mulheres brasileiras, mediante a garantia 
de direitos legalmente constituídos e a ampliação do acesso aos meios e serviços de promoção, 
prevenção, assistência e recuperação da saúde em todo território brasileiro.1287735 E-book gerado especialmente para JACQUELINE SILVA SOUZA
 
. 13 
- Contribuir para a redução da morbidade e da mortalidade femininas no Brasil, especialmente por 
causas evitáveis, em todos os ciclos de vida e nos diversos grupos populacionais, sem discriminação de 
qualquer espécie. 
- Ampliar, qualificar e humanizar a atenção integral à saúde da mulher no Sistema Único de Saúde. 
 
OBJETIVOS ESPECÍFICOS 
1. Ampliar e qualificar a atenção clínico-ginecológica, inclusive para as portadoras da infecção pelo 
HIV e outras DST. 
2. Estimular a implantação e a implementação da assistência em planejamento familiar para homens 
e mulheres, adultos e adolescentes, no âmbito da atenção integral à saúde. 
3. Promover a atenção obstétrica e neonatal, qualificada e humanizada, incluindo a assistência ao 
abortamento em condições inseguras, para mulheres e adolescentes. 
4. Promover a atenção às mulheres e adolescentes em situação de violência doméstica e sexual. 
5. Promover, conjuntamente com o PN-DST/AIDS, a prevenção e o controle das doenças sexualmente 
transmissíveis e da infecção pelo HIV/aids na população feminina. 
6. Reduzir a morbimortalidade por câncer na população feminina. 
7. Implantar um modelo de atenção à saúde mental das mulheres sob o enfoque de gênero. 
8. Implantar e implementar a atenção à saúde da mulher no climatério. 
9. Promover a atenção à saúde da mulher na terceira idade. 
10. Promover a atenção à saúde da mulher negra. 
11. Promover a atenção à saúde das trabalhadoras do campo e da cidade. 
12. Promover a atenção à saúde da mulher indígena. 
13. Promover a atenção à saúde das mulheres em situação de prisão. 
14. Fortalecer a participação e o controle social na definição e implementação das políticas de atenção 
integral à saúde das mulheres. 
 
Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher: princípios e diretrizes 
 
No Brasil, a saúde da mulher foi incorporada às políticas nacionais de saúde nas primeiras décadas 
do século XX, sendo limitada, nesse período, às demandas relativas à gravidez e ao parto. Os programas 
materno-infantis, elaborados nas décadas de 30, 50 e 70, traduziam uma visão restrita sobre a mulher, 
baseada em sua especificidade biológica e no seu papel social de mãe e doméstica, responsável pela 
criação, pela educação e pelo cuidado com a saúde dos filhos e demais familiares. 
Há análises que demonstram que esses programas preconizavam as ações materno-infantis como 
estratégia de proteção aos grupos de risco e em situação de maior vulnerabilidade, como era o caso das 
crianças e gestantes. Outra característica desses programas era a verticalidade e a falta de integração 
com outros programas e ações propostos pelo governo federal. As metas eram definidas pelo nível 
central, sem qualquer avaliação das necessidades de saúde das populações locais. 
Um dos resultados dessa prática é a fragmentação da assistência (COSTA, 1999) e o baixo impacto 
nos indicadores de saúde da mulher. 
No âmbito do movimento feminista brasileiro, esses programas são vigorosamente criticados pela 
perspectiva reducionista com que tratavam a mulher, que tinha acesso a alguns cuidados de saúde no 
ciclo gravídico-puerperal, ficando sem assistência na maior parte de sua vida. Com forte atuação no 
campo da saúde, o movimento de mulheres contribuiu para introduzir na agenda política nacional, 
questões, até então, relegadas ao segundo plano, por serem consideradas restritas ao espaço e às 
relações privadas. Naquele momento tratava-se de revelar as desigualdades nas condições de vida e nas 
relações entre os homens e as mulheres, os problemas associados à sexualidade e à reprodução, as 
dificuldades relacionadas à anticoncepção e à prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e a 
sobrecarga de trabalho das mulheres, responsáveis pelo trabalho doméstico e de criação dos filhos 
(ÁVILA; BANDLER, 1991). 
As mulheres organizadas argumentavam que as desigualdades nas relações sociais entre homens e 
mulheres se traduziam também em problemas de saúde que afetavam particularmente a população 
feminina. 
Por isso, fazia-se necessário criticá-los, buscando identificar e propor processos políticos que 
promovessem mudanças na sociedade e consequentemente na qualidade de vida da população. 
Posteriormente, a literatura vem demonstrar que determinados comportamentos, tanto dos homens 
quanto das mulheres, baseados nos padrões hegemônicos de masculinidade e feminilidade, são 
produtores de sofrimento, adoecimento e morte (OPAS, 2000). 
1287735 E-book gerado especialmente para JACQUELINE SILVA SOUZA
 
. 14 
Com base naqueles argumentos, foi proposto que a perspectiva de mudança das relações sociais 
entre homens e mulheres prestasse suporte à elaboração, execução e avaliação das políticas de saúde 
da mulher. 
As mulheres organizadas reivindicaram, portanto, sua condição de sujeitos de direito, com 
necessidades que extrapolam o momento da gestação e parto, demandando ações que lhes 
proporcionassem a melhoria das condições de saúde em todas os ciclos de vida. Ações que 
contemplassem as particularidades dos diferentes grupos populacionais, e as condições sociais, 
econômicas, culturais e afetivas, em que estivessem inseridos. 
Em 1984, o Ministério da Saúde elaborou o Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher 
(PAISM), marcando, sobretudo, uma ruptura conceitual com os princípios norteadores da política de 
saúde das mulheres e os critérios para eleição de prioridades neste campo (BRASIL, 1984). 
O PAISM incorporou como princípios e diretrizes as propostas de descentralização, hierarquização e 
regionalização dos serviços, bem como a integralidade e a equidade da atenção, num período em que, 
paralelamente, no âmbito do Movimento Sanitário, se concebia o arcabouço conceitual que embasaria a 
formulação do Sistema Único de Saúde (SUS). O novo programa para a saúde da mulher incluía ações 
educativas, preventivas, de diagnóstico, tratamento e recuperação, englobando a assistência à mulher 
em clínica ginecológica, no pré-natal, parto e puerpério, no climatério, em planejamento familiar, DST, 
câncer de colo de útero e de mama, além de outras necessidades identificadas a partir do perfil 
populacional das mulheres (BRASIL, 1984). 
As mulheres são a maioria da população brasileira (50,77%) e as principais usuárias do Sistema Único 
de Saúde (SUS). Frequentam os serviços de saúde para o seu próprio atendimento mas, sobretudo, 
acompanhando crianças e outros familiares, pessoas idosas, com deficiência, vizinhos, amigos. São 
também cuidadoras, não só das crianças ou outros membros da família, mas também de pessoas da 
vizinhança e da comunidade. 
A situação de saúde envolve diversos aspectos da vida, como a relação com o meio ambiente, o lazer, 
a alimentação e as condições de trabalho, moradia e renda. No caso das mulheres, os problemas são 
agravados pela discriminação nas relações de trabalho e a sobrecarga com as responsabilidades com o 
trabalho doméstico. Outras variáveis como raça, etnia e situação de pobreza realçam ainda mais as 
desigualdades. 
As mulheres vivem mais do que os homens, porém adoecem mais frequentemente. A vulnerabilidade 
feminina frente a certas doenças e causas de morte está mais relacionada com a situação de 
discriminação na sociedade do que com fatores biológicos. 
Os indicadores epidemiológicos do Brasil mostram uma realidade na qual convivem doenças dos 
países desenvolvidos (cardiovasculares e crônico-degenerativas) com aquelas típicas do mundo 
subdesenvolvido (mortalidade materna e desnutrição). Os padrões de morbimortalidade encontrados nas 
mulheres revelam também essa mistura de doenças, que seguem as diferenças de desenvolvimento 
regional e de classe social. 
Dentro da perspectiva de buscar compreender essa imbricação de fatores que condicionam o padrão 
de saúde da mulher,este documento analisa, sob o enfoque de gênero, os dados epidemiológicos 
extraídos dos sistemas de informação do Ministério da Saúde e de documentos elaborados por 
instituições e pessoas que trabalham com esse tema. Propõe diretrizes para a humanização e a qualidade 
do atendimento, questões ainda pendentes na atenção à saúde das mulheres. Toma como base os dados 
epidemiológicos e as reivindicações de diversos segmentos sociais para apresentar os princípios e 
diretrizes da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher para o período de 2004 a 2007. 
Levando em consideração que as históricas desigualdades de poder entre homens e mulheres 
implicam num forte impacto nas condições de saúde destas últimas (ARAÚJO, 1998), as questões de 
gênero devem ser consideradas como um dos determinantes da saúde na formulação das políticas 
públicas. 
O gênero, como elemento constitutivo das relações sociais entre homens e mulheres, é uma 
construção social e histórica. É construído e alimentado com base em símbolos, normas e instituições 
que definem modelos de masculinidade e feminilidade e padrões de comportamento aceitáveis ou não 
para homens e mulheres. O gênero delimita campos de atuação para cada sexo, dá suporte à elaboração 
de leis e suas formas de aplicação. Também está incluída no gênero a subjetividade de cada sujeito, 
sendo única sua forma de reagir ao que lhe é oferecido em sociedade. O gênero é uma construção social 
sobreposta a um corpo sexuado. É uma forma primeira de significação de poder (SCOTT, 1989). 
Gênero se refere ao conjunto de relações, atributos, papéis, crenças e atitudes que definem o que 
significa ser homem ou ser mulher. Na maioria das sociedades, as relações de gênero são desiguais. Os 
desequilíbrios de gênero se refletem nas leis, políticas e práticas sociais, assim como nas identidades, 
atitudes e comportamentos das pessoas. 
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. 15 
As desigualdades de gênero tendem a aprofundar outras desigualdades sociais e a discriminação de 
classe, raça, casta, idade, orientação sexual, etnia, deficiência, língua ou religião, dentre outras (HERA, 
1995). 
Da mesma maneira que diferentes populações estão expostas a variados tipos e graus de risco, 
mulheres e homens, em função da organização social das relações de gênero, também estão expostos 
a padrões distintos de sofrimento, adoecimento e morte. Partindo-se desse pressuposto, é imprescindível 
a incorporação da perspectiva de gênero na análise do perfil epidemiológico e no planejamento de ações 
de saúde, que tenham como objetivo promover a melhoria das condições de vida, a igualdade e os direitos 
de cidadania da mulher. 
No Brasil, as principais causas de morte da população feminina são as doenças cardiovasculares, 
destacando-se o infarto agudo do miocárdio e o acidente vascular cerebral; as neoplasias, principalmente 
o câncer de mama, de pulmão e o de colo do útero; as doenças do aparelho respiratório, marcadamente 
as pneumonias (que podem estar encobrindo casos de aids não diagnosticados); doenças endócrinas, 
nutricionais e metabólicas, com destaque para o diabetes; e as causas externas (BRASIL, 2000). 
Segundo Laurenti (2002), em pesquisa realizada nas capitais brasileiras e no Distrito Federal, 
analisando óbitos em mulheres de 10 a 49 anos (ou seja, mulheres em idade fértil), as dez primeiras 
causas de morte encontradas foram as seguintes, em ordem decrescente: acidente vascular cerebral, 
aids, homicídios, câncer de mama, acidente de transporte, neoplasia de órgãos digestivos, doença 
hipertensiva, doença isquêmica do coração, diabetes e câncer de colo do útero. 
A mortalidade associada ao ciclo gravídico-puerperal e ao aborto não aparece entre as dez primeiras 
causas de óbito nessa faixa etária. 
No entanto, a gravidade do problema é evidenciada quando se chama atenção para o fato de que a 
gravidez é um evento relacionado à vivência da sexualidade, portanto não é doença, e que, em 92% dos 
casos, as mortes maternas são evitáveis. 
Esta política tem o enfoque em: 
- Mortalidade Materna 
- Precariedade da Atenção Obstétrica 
- Abortamento em Condições de Risco 
- Precariedade da Assistência em Anticoncepção 
- DST/HIV/Aids 
- Violência Doméstica e Sexual 
- A Saúde de Mulheres Adolescentes 
- Saúde da Mulher no Climatério/Menopausa 
- Saúde Mental e Gênero 
- Doenças Crônico-Degenerativas e Câncer Ginecológico 
- Saúde das Mulheres Lésbicas 
- Saúde das Mulheres Negras 
- Saúde das Mulheres Indígenas 
- Saúde das Mulheres Residentes e Trabalhadoras na Área Rural 
- Saúde da Mulher em Situação de Prisão 
A humanização e a qualidade da atenção em saúde são condições essenciais para que as ações de 
saúde se traduzam na resolução dos problemas identificados, na satisfação das usuárias, no 
fortalecimento da capacidade das mulheres frente à identificação de suas demandas, no reconhecimento 
e reivindicação de seus direitos e na promoção do autocuidado. 
As histórias das mulheres na busca pelos serviços de saúde expressam discriminação, frustrações e 
violações dos direitos e aparecem como fonte de tensão e mal-estar psíquico-físico. Por essa razão, a 
humanização e a qualidade da atenção implicam na promoção, reconhecimento, e respeito aos seus 
direitos humanos, dentro de um marco ético que garanta a saúde integral e seu bem-estar. 
Para atingir os princípios de humanização e da qualidade da atenção deve-se levar em conta, pelo 
menos, os seguintes elementos: 
– acesso da população às ações e aos serviços de saúde nos três níveis de assistência; 
– definição da estrutura e organização da rede assistencial, incluindo a formalização dos sistemas de 
referência e contra referência que possibilitem a continuidade das ações, a melhoria do grau de 
resolutividade dos problemas e o acompanhamento da clientela pelos profissionais de saúde da rede 
integrada; 
– captação precoce e busca ativa das usuárias; 
– disponibilidade de recursos tecnológicos e uso apropriado, de acordo com os critérios de evidência 
científica e segurança da usuária; 
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– capacitação técnica dos profissionais de saúde e funcionários dos serviços envolvidos nas ações de 
saúde para uso da tecnologia adequada, acolhimento humanizado e práticas educativas voltadas à 
usuária e à comunidade; 
– disponibilidade de insumos, equipamentos e materiais educativos; 
– acolhimento amigável em todos os níveis da assistência, buscando-se a orientação da clientela sobre 
os problemas apresentados e possíveis soluções, assegurando-lhe a participação nos processos de 
decisão em todos os momentos do atendimento e tratamentos necessários; 
– disponibilidade de informações e orientação da clientela, familiares e da comunidade sobre a 
promoção da saúde, assim como os meios de prevenção e tratamento dos agravos a ela associados; 
– estabelecimento de mecanismos de avaliação continuada dos serviços e do desempenho dos 
profissionais de saúde, com participação da clientela; 
– estabelecimento de mecanismos de acompanhamento, controle e avaliação continuada das ações e 
serviços de saúde, com participação da usuária; 
– análise de indicadores que permitam aos gestores monitorar o andamento das ações, o impacto 
sobre os problemas tratados e a redefinição de estratégias ou ações que se fizerem necessárias. 
 
Diretrizes da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher 
– O Sistema Único de Saúde deve estar orientado e capacitado para a atenção integral à saúde da 
mulher, numa perspectiva que contemple a promoção da saúde, as necessidades de saúde da população 
feminina, o controle de patologias mais prevalentes nesse grupo e a garantia do direito à saúde. 
– A Política de Atenção à Saúde da Mulher deverá atingir as mulheres em todos os ciclos devida, 
resguardadas as especificidades das diferentes faixas etárias e dos distintos grupos populacionais 
(mulheres negras, indígenas, residentes em áreas urbanas e rurais, residentes em locais de difícil acesso, 
em situação de risco, presidiárias, de orientação homossexual, com deficiência, dentre outras). 
– A elaboração, a execução e a avaliação das políticas de saúde da mulher deverão nortear-se pela 
perspectiva de gênero, de raça e de etnia, e pela ampliação do enfoque, rompendo-se as fronteiras da 
saúde sexual e da saúde reprodutiva, para alcançar todos os aspectos da saúde da mulher. 
– A gestão da Política de Atenção à Saúde deverá estabelecer uma dinâmica inclusiva, para atender 
às demandas emergentes ou demandas antigas, em todos os níveis assistenciais. 
– As políticas de saúde da mulher deverão ser compreendidas em sua dimensão mais ampla, 
objetivando a criação e ampliação das condições necessárias ao exercício dos direitos da mulher, seja 
no âmbito do SUS, seja na atuação em parceria do setor Saúde com outros setores governamentais, com 
destaque para a segurança, a justiça, trabalho, previdência social e educação. 
– A atenção integral à saúde da mulher refere-se ao conjunto de ações de promoção, proteção, 
assistência e recuperação da saúde, executadas nos diferentes níveis de atenção à saúde (da básica à 
alta complexidade). 
– O SUS deverá garantir o acesso das mulheres a todos os níveis de atenção à saúde, no contexto da 
descentralização, hierarquização e integração das ações e serviços. Sendo responsabilidade dos três 
níveis gestores, de acordo com as competências de cada um, garantir as condições para a execução da 
Política de Atenção à Saúde da Mulher. 
– A atenção integral à saúde da mulher compreende o atendimento à mulher a partir de uma percepção 
ampliada de seu contexto de vida, do momento em que apresenta determinada demanda, assim como 
de sua singularidade e de suas condições enquanto sujeito capaz e responsável por suas escolhas. 
– A atenção integral à saúde da mulher implica, para os prestadores de serviço, no estabelecimento 
de relações com pessoas singulares, seja por razões econômicas, culturais, religiosas, raciais, de 
diferentes orientações sexuais, etc. O atendimento deverá nortear-se pelo respeito a todas as diferenças, 
sem discriminação de qualquer espécie e sem imposição de valores e crenças pessoais. Esse enfoque 
deverá ser incorporado aos processos de sensibilização e capacitação para humanização das práticas 
em saúde. 
– As práticas em saúde deverão nortear-se pelo princípio da humanização, aqui compreendido como 
atitudes e comportamentos do profissional de saúde que contribuam para reforçar o caráter da atenção à 
saúde como direito, que melhorem o grau de informação das mulheres em relação ao seu corpo e suas 
condições de saúde, ampliando sua capacidade de fazer escolhas adequadas ao seu contexto e momento 
de vida; que promovam o acolhimento das demandas conhecidas ou não pelas equipes de saúde; que 
busquem o uso de tecnologia apropriada a cada caso e que demonstrem o interesse em resolver 
problemas e diminuir o sofrimento associado ao processo de adoecimento e morte da clientela e seus 
familiares. 
– No processo de elaboração, execução e avaliação das Política de Atenção à Saúde da Mulher deverá 
ser estimulada e apoiada a participação da sociedade civil organizada, em particular do movimento de 
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mulheres, pelo reconhecimento de sua contribuição técnica e política no campo dos direitos e da saúde 
da mulher. 
– Compreende-se que a participação da sociedade civil na implementação das ações de saúde da 
mulher, no âmbito federal, estadual e municipal requer – cabendo, portanto, às instâncias gestoras – 
melhorar e qualificar os mecanismos de repasse de informações sobre as políticas de saúde da mulher e 
sobre os instrumentos de gestão e regulação do SUS. 
– No âmbito do setor Saúde, a execução de ações será pactuada entre todos os níveis hierárquicos, 
visando a uma atuação mais abrangente e horizontal, além de permitir o ajuste às diferentes realidades 
regionais. 
– As ações voltadas à melhoria das condições de vida e saúde das mulheres deverão ser executadas 
de forma articulada com setores governamentais e não-governamentais; condição básica para a 
configuração de redes integradas de atenção à saúde e para a obtenção dos resultados esperados. 
 
Objetivos Gerais da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher 
– Promover a melhoria das condições de vida e saúde das mulheres brasileiras, mediante a garantia 
de direitos legalmente constituídos e ampliação do acesso aos meios e serviços de promoção, prevenção, 
assistência e recuperação da saúde em todo território brasileiro. 
– Contribuir para a redução da morbidade e mortalidade feminina no Brasil, especialmente por causas 
evitáveis, em todos os ciclos de vida e nos diversos grupos populacionais, sem discriminação de qualquer 
espécie. 
– Ampliar, qualificar e humanizar a atenção integral à saúde da mulher no Sistema Único de Saúde. 
 
Objetivos Específicos e Estratégias da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher 
Ampliar e qualificar a atenção clínico-ginecológica, inclusive para as portadoras da infecção pelo HIV 
e outras DST: 
– fortalecer a atenção básica no cuidado com a mulher; 
– ampliar o acesso e qualificar a atenção clínico- ginecológica na rede SUS. 
Estimular a implantação e implementação da assistência em planejamento familiar, para homens e 
mulheres, adultos e adolescentes, no âmbito da atenção integral à saúde: 
– ampliar e qualificar a atenção ao planejamento familiar, incluindo a assistência à infertilidade; 
– garantir a oferta de métodos anticoncepcionais para a população em idade reprodutiva; 
– ampliar o acesso das mulheres às informações sobre as opções de métodos anticoncepcionais; 
– estimular a participação e inclusão de homens e adolescentes nas ações de planejamento familiar. 
 
Promover a atenção obstétrica e neonatal, qualificada e humanizada, incluindo a assistência ao 
abortamento em condições inseguras, para mulheres e adolescentes: 
– construir, em parceria com outros atores, um Pacto Nacional pela Redução da Mortalidade Materna 
e Neonatal; 
– qualificar a assistência obstétrica e neonatal nos estados e municípios; 
– organizar rede de serviços de atenção obstétrica e neonatal, garantindo atendimento à gestante de 
alto risco e em situações de urgência/emergência, incluindo mecanismos de referência e contra 
referência; 
– fortalecer o sistema de formação/capacitação de pessoal na área de assistência obstétrica e 
neonatal; 
– elaborar e/ou revisar, imprimir e distribuir material técnico e educativo; 
– qualificar e humanizar a atenção à mulher em situação de abortamento; 
– apoiar a expansão da rede laboratorial; 
– garantir a oferta de ácido fólico e sulfato ferroso para todas as gestantes; 
– melhorar a informação sobre a magnitude e tendência da mortalidade materna. 
 
Promover a atenção às mulheres e adolescentes em situação de violência doméstica e sexual: 
– organizar redes integradas de atenção às mulheres em situação de violência sexual e doméstica; 
– articular a atenção à mulher em situação de violência com ações de prevenção de DST/aids; 
– promover ações preventivas em relação à violência doméstica e sexual. 
 
Promover, conjuntamente com o PN-DST/AIDS, a prevenção e o controle das doenças sexualmente 
transmissíveis e da infecção pelo HIV/aids na população feminina: 
– prevenir as DST e a infecção pelo HIV/aids entre mulheres; 
– ampliar e qualificar a atenção à saúde das mulheres vivendo com HIV e aids. 
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Reduzir a morbimortalidade por câncer na população feminina: 
– organizar em municípios

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