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FACULDADE SÃO LUCAS COORDENAÇÃO DE BIOMEDICINA THAINÁ COELHO DO NASCIMENTO IARA MIRLEI DOS SANTOS DUARTE LEVANTAMENTO EPIDEMIOLÓGICO DOS CASOS DE DENGUE NOTIFICADOS NO MUNICÍPIO DE PORTO VELHO NO ESTADO DE RONDÔNIA, NO PERÍODO DE 2007 A 2014 PORTO VELHO – RO 2015 THAINÁ COELHO DO NASCIMENTO IARA MIRLEI DOS SANTOS DUARTE LEVANTAMENTO EPIDEMIOLÓGICO DOS CASOS DE DENGUE NOTIFICADOS NO MUNICÍPIO DE PORTO VELHO NO ESTADO DE RONDÕNIA NO PERÍODO DE 2007 A 2014 Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Biomedicina da Faculdade São Lucas, como quesito para a obtenção do Grau de Bacharel em Biomedicina. Orientador: Me.Fernando Marques Rodrigues Co-orientador: Me. Alzemar Alves de Lima PORTO VELHO – RO 2015 THAINÁ COELHO DO NASCIMENTO IARA MIRLEI DOS SANTOS DUARTE Título do trabalho: Levantamento Epidemiológico dos casos de dengue notificados no município de Porto Velho no estado de Rondônia no período de 2007 a 2014. Natureza: Instituição: Faculdades São Lucas A banca Examinadora dos trabalhos de Defesa de Conclusão de Curso (TCC) do curso de Biomedicina da Faculdade São Lucas, como requisito parcial para obtenção do Título de Bacharel em Biomedicina, em sessão pública realizada aos ____dias do mês de _________ de 2015, considerou a candidato: Data: ____/____/2015. Avaliação: __________________________________ ___________________________________________ Presidente Ms. Fernando Marques Rodrigues Faculdades São Lucas - FSL RO ___________________________________________ 1º Membro Instituição: ___________________________________________ 2º Membro Instituição DEDICATÓRIA Aos meus pais Anaide Pinheiro dos Santos e Celso do Nascimento Duarte, que estiveram sempre presente me apoiando, por acreditar sempre que tudo iria dar certo, por seus conselhos. Aos meus queridos irmãos que tanto amo, Mirian, Alexandre, Celson Junior e Diego. Muito obrigado também ao meu namorado, por compartilhar os momentos mais difíceis, momentos estressantes e por ter sido sempre paciente. Iara Mirlei dos Santos Duarte Aos meus avós maternos Eurico Ferreira Coelho e Anisia Ribeiro Coelho que sempre estiveram me apoiando no meu crescimento pessoal e profissional, acreditando em mim e me incentivaram a chegar até aqui. A minha querida Tia Érica Ribeiro Coelho, que é um espelho para mim, me apoiou em todas as fases e me incentivou a nunca desistir mediante aos obstáculos. As minhas irmãs Ádara Shaiane Coelho do Nascimento e Rafaela Coelho Konzen, dedico a vocês essa conquista. . Thainá Coelho do Nascimento AGRADECIMENTOS A Deus por mais essa vitória, ele que me deu forças nos diversos momentos, esses de dificuldades, de desesperos, que quando mais pensei que não iria dar certo, pensei em desistir ele esteve sempre ao meu lado para me levantar e me dar cada vez mais forças para lutar e seguir em frente. Agradeço ao meu orientador. Me. Fernando Marques Rodrigues que nos ofereceu sua experiência e compartilhou conhecimentos. Agradeço ao meu co-orientador. Me. Alzemar Alves de Lima pela atenção, cuidado e dedicação a nos apoiar na elaboração do estudo. Meu muito obrigado a todos os preceptores de estágio e professores, por ter dedicado ao máximo a proporcionar um ensino de qualidade e de uma forma enriquecedora contribuíram ao nosso conhecimento nos capacitando para o futuro. Muito obrigada ao apoio de todos, pois sem o mesmo não seria capaz de seguir em frente, cada um ajudou da melhor forma possível e sou muito grata. Obrigada! RESUMO A dengue é um dos maiores problemas de saúde pública mundial, seu agente etiológico é o vírus dengue, um arbovírus da família flavividae do gênero flavivirus, o dengue tem quatro sorotipos (DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4) diferentes por consequência das propriedades antigênicas, sendo o 2 e 3 os mais virulentos. Esse vírus pode desencadear tanto infecções mais brandas e assintomáticas quanto as mais severas a exemplo da hemorrágica. O presente estudo objetivou realizar uma revisão sistemática sobre estudos de geoprocessamento das notificações dos casos de dengue no município de Porto Velho no período de 2007 a 2014. Os dados do trabalho foram fornecidos através da Secretaria Municipal de Saúde. No total foram notificados 11.157 casos, destes apenas no ano de 2010 foram 6.420 que correspondem a 58% do Total. A análise dos dados caracterizou a prevalência fragmentado por área rural, área urbana, gênero, faixa etária e os casos que não possuem relato de moradia que foram nomeados como outros. O trabalho tem grande relevância no meio acadêmico e na sociedade em geral, pois trás informações sobre o vírus do dengue como morfologia e estrutura, ciclo biológico da dengue, ciclo biológico do vetor, patogenia e sintomatologia da doença, bem como seu diagnóstico laboratorial. Palavra-Chave: Dengue, Levantamento epidemiológico, Porto Velho. . ABSTRACT Dengue is one of the greatest problems of public health worldwide. Its etiological agent is the Dengue virus- an arbovirus that belongs to the flavividae family of the flavivirus gender. Dengue has four different serotypes (DENV-1, DENV-2, DENV-3 and DENV-4) due to the antigenic characteristics, whereby types 2 and 3 are considered the most virulent. This virus can cause not only mild and asymptomatic infections, but also more severe infections like the hemorrhagic ones. The present study aimed to develop a systematic review about the geoprocessing studies regarding the notifications of dengue cases in the municipality of Porto Velho in the period between 2007 and 2014. The study’s data were obtained through the Municipal Health Department. In total, 11.157 cases were notified, out of which 6.420 were notified in 2010 only, corresponding to 58% of all cases. The data analysis characterized the prevalence, dividing it by rural area, urban area, sex and age group. The cases that didn’t have any information regarding residence were categorized as others. The study has great academic and social relevance because it depicts information about the dengue virus, including morphology, structure, biological cycle of dengue, biological cycle of the vector, pathogeny, symptomatology of the disease as well as its laboratorial diagnosis. Key Words: Dengue. Epidemiologic Survey. Porto Velho. LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Representação estrutural do vírus da dengue ........................................ 15 Figura 2 – Mapa da localização da área do estudo no Brasil, em Rondônia e área do território de Porto Velho ...................................................................................... 23 Figura 3 – Distribuição espacial do vetor da dengue em depósitos predominantes. Porto Velho, outubro de 2009 .................................................................................. 25 Figura 4 – Distribuição do casos de dengue notificados na área urbana no municipio de Porto Velho no ano de 2007 ............................................................... 26 Figura 5 – Distribuição dos casos notificados na área urbana no município de Porto Velho no ano de 2008 ....................................................................................27 Figura 6 – Distribuição dos casos notificados na área urbana no município de Porto Velho no ano de 2009 .................................................................................... 27 Figura 7 – Distribuição dos casos notificados na área urbana no município de Porto Velho no ano de 2010 .................................................................................... 28 Figura 8 – Distribuição dos casos notificados na área urbana no município de Porto Velho no ano de 2011 .................................................................................... 29 Figura 9 – Distribuição dos casos notificados na área urbana no município de Porto Velho no ano de 2012 .................................................................................... 29 Figura 10 – Distribuição dos casos notificados na área urbana no município de Porto Velho no ano de 2013 .................................................................................... 30 Figura 11 – Distribuição dos casos notificados na área urbana no município de Porto Velho no ano de 2014 .................................................................................... 31 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 – Mapeamento da notificação total por faixa etária .................................. 33 Gráfico 2 – Levantamento da notificação por gênero .............................................. 34 Gráfico 3 – Demonstrativo Total de Casos por ano ...................................................... 34 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Casos Notificados no período de 2007 a 2014 ...................................... 32 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS Ag-Ac Antígeno Ac c-DNA DNA complementar IgM Imunoglobulina M IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística LIRAa Levantamento de Índice Rápido para Aedes Aegypti RDT Teste de diagnóstico rápido RNA Ácido Ribonucleico RT-PCR Reação em cadeia da polimerase com transcrição reversa SEMUSA Secretaria municipal de saúde PL Prova do Laço SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 12 2 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................. 13 2.1 DENGUE ............................................................................................................. 13 2.2 MORFOLOGIA E ESTRUTURA DO VÍRUS DO DENGUE ................................. 14 2.3 CICLO BIOLÓGICO DA DENGUE ...................................................................... 15 2.3.1 CICLO BIOLÓGICO DO VETOR ...................................................................... 16 2.4 PATOGENIA E SINTOMATOLOGIA ................................................................... 17 3 DIAGNOSTICO LABORATORIAL ........................................................................ 17 3.1 TESTES INESPECÍFICOS .................................................................................. 17 3.1.1 PROVA DO LAÇO (PL) .................................................................................... 17 3.1.2 HEMOGRAMA ................................................................................................. 18 3.2 TESTES ESPECÍFICOS ..................................................................................... 18 3.2.1 SOROLOGIA VIRAL ........................................................................................ 18 3.2.2 PESQUISA DE ANTÍGENO ........................................................................... 19 3.2.3 ISOLAMENTO VIRAL ....................................................................................... 19 3.2.4 DETECÇÃO DE ANTÍGENOS VIRAIS E/OU ÁCIDO NUCLÉICO VIRAL ........ 19 3.2.5 REAÇÃO EM CADEIA DA POLIMERASE EM TRANSCRIÇÃO REVERSA (RT-PCR) .................................................................................................................. 20 3.2.6 IMUNOFLUORESCÊNCIA ............................................................................... 20 3.2.7 IMUNOHISTOQUÍMICA ................................................................................... 20 4 EPIDEMIA .............................................................................................................. 20 5 OBJETIVOS ........................................................................................................... 22 5.1 OBJETIVO GERAL ............................................................................................. 22 5.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................... 22 6 CASUÍSTICA E MÉTODOS ................................................................................... 23 7 RESULTADOS ....................................................................................................... 25 8 DISCUSSÃO .......................................................................................................... 35 9 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 37 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 38 12 1 INTRODUÇÃO A dengue é uma doença aguda e tem como agente etiológico um vírus do gênero Flavivirus, atualmente é conhecido por ter quatro sorotipos, DENV1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4. As manifestações clinicam variam desde as mais brandas, que podem ser confundidas com infecções virais qualquer, até as mais agressivas como o quadro hemorrágico (TAUIL, 2001). A dengue é uma das doenças tropicais que se tornou um problema de saúde pública no Brasil e no mundo, cerca de 2,5 bilhões de pessoas estão susceptíveis, pois moram em áreas onde o vírus da doença pode ser transmitido. (MENDONÇA, et al., 2009). No Brasil a doença está em alta nos primeiros 5 meses do ano, período do ano que é mais “tropical” (quente e úmido), no ano de 1986 a dengue passou a ter importância epidemiológica quando desencadeou um surto no Rio de Janeiro com a circulação do sorotipo 1, que disseminou e chegou no Nordeste brasileiro, tornando- se endêmica no Brasil. Em 1986 registrou-se o primeiro surto de Dengue no Brasil, onde 50 a cada 100.000 habitantes eram acometidos pela doença, em 1990 outro surto foi registrado no Rio de Janeiro e Ceará, onde cerca de 613 a cada 100.000 habitantes eram acometidos no Rio de Janeiro e 249 a cada 100.000 habitantes eram acometidos no Ceará, neste mesmo ano foi notificado no Rio de Janeiro o primeiro caso de dengue pelo sorotipo DENV-2, em 1994 observou-se uma grande dispersão do vetor e, por consequência no ano de 1998 desencadeou outro surto, em 2001 registou-se a entrada do sorotipo DENV-3 no Rio de Janeiro e Roraima (BRAGA ; VALE, 2007). O poder público do Estado do Rio de Janeiro conclamou a participação da população em geral para mobilização para o combate do vetor da dengue, doença que causou grande impacto para este estado no ano de 2002, essa doença requer a atenção do poder público, pois o Brasil representa cerca de 80% dos casos da doença nas Américas, a ação do Estado do Rio de Janeiro torna-se importante, pois a conscientização do público é de suma importância, pois a erradicação ou pelo menos a diminuição do vetor, que é o alvo mais vulnerável do ciclo da doença, depende em sua maioria dos moradores que podem atender os agentes de combate 13 às endemias e até mesmo por si próprio fazer a fiscalizaçãoem seu imóvel (LENZI; COURA, 2004). O presente trabalho trata-se de um levantamento de dados, e com a análise dos mesmos poderemos discutir e avaliar a distribuição e prevalência de casos de dengue notificados no município de Porto Velho no período estudado e realizar levantamento da distribuição dos casos de dengue no município de Porto Velho por gênero, idade, no período de 2007 a 2014. 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 DENGUE Dentre os arbovírus, o dengue se destaca sendo um dos mais importantes problemas de saúde pública mundial no qual em 2007 registrou-se cerca de 890 mil casos somente no continente americano, enquanto no Brasil, nos 8 primeiros meses do ano de 2009 foram registrados mais de 400 mil casos de dengue (CARVALHO, 2009). Arbovírus (de " arthropod-borne virus") são vírus que necessitam de vetores artrópodes hematófago para completar seu ciclo de vida. Infectam vertebrados e invertebrados, seu ciclo inicia quando o hospedeiro reservatório e amplificadores infectam o vetor invertebrado, onde inicia parte do seu ciclo replicativo. (LOPES et al, 2014). Existem mundialmente 534 arbovírus catalogados segundo Catálogo Internacional dos Arbovírus em 2001, no entanto, 134 destes são patológicos aos seres humanos. (GUBLER, 1998). Existe três gêneros na família flaviviridae, sendo eles, Flavivírus, Pestivirus e Hepacivirus. Dos citados que possuem representantes dos grupos arbovirus é o flavivirus (DIAS-LIMA, 2014). No Brasil o primeiro surto da doença registrou-se, na cidade de Boa Vista no estado de Roraima, no período entre 1981 a 1982. O arbovírus estabeleceu-se no Brasil devido uma grande influência das condições climáticas e infraestrutura urbana básica inadequada, que foram bastante favoráveis para sua adaptação e proliferação. (ZEIDLER, et al., 2008). 14 O dengue de acordo com aspectos antigênicos é classificado em quatro sorotipos: DENV-1, DENV-2, DENV-3, DENV-4 e podendo desencadear tanto infecções sintomáticas quanto infecções assintomáticas (VASCONCELOS, 1998; PASSOS, 2004). No continente americano, o principal vetor do dengue é o mosquito Aedes aegypti (DA COSTA et al, 2011). A doença pode ser muito grave desde a primeira infecção, sendo a segunda infecção de maior gravidade, mesmo os sorotipos não estando em ordens de infecção (MARZOCHI, 1987). Os sorotipos dois e três estão associados aos casos graves e de maior virulência, em alguns casos ocorre evolução do quadro levando o paciente a óbito, entretanto dentre os soros tipos circulantes casos de dengue causadas por DENV-2 eDENV-3, ocorre em menor frequência quando comparada com os outros sorotipos (DA COSTA et al, 2011). A dengue possui um grande predomínio em regiões urbanas de climas tropicais e subtropicais, isso ocorre por essas regiões exporem características climáticas favoráveis a proliferação vetor da doença que ainda encontra dificuldades de adaptação as regiões de clima frio (DA COSTA et al, 2011). 2.2 MORFOLOGIA E ESTRUTURA DO VÍRUS DO DENGUE O vírus da dengue mede cerca de 50 nanômetros em diâmetro possui formato esférico e um genoma RNA de cadeia positiva, é envelopado e seu capsídeo é icosaédrico. Possui uma camada externa de glicoproteínas (E) entrelaçadas entre si (FIGUEIREDO, 2008) (Figura 1). A glicoproteína (E) exerce um importante papel antigênico viral e participa do início da infecção, está presente na ligação do vírus e receptores celulares e sua fusão. A proteína M é sintetizada no decorrer da maturação de partículas “filhas” de vírus (CARVALHO, 2009). 15 Figura 1: Representação estrutural do vírus da dengue Fonte: Tavares, 2009 2.3 CICLO BIOLÓGICO DA DENGUE O vírus da dengue é transmitido por várias espécies de Aedes, sendo o principal vetor o Aedes aegypti. A partir do momento que o mosquito é infectado, irá albergar esse vírus para o resto de sua vida, onde irá transmitir o vírus albergado aos indivíduos susceptíveis através da hematofagia (FIGUEIREDO, 2008). Após a inoculação do vírus pelo mosquito, a primeira replicação viral acontece nas células musculares estriadas, lisas fibroblastos e linfonodos próximo ao sítio de entrada. Após esta etapa, o vírus ganha a corrente sanguínea, espalhando-se pelo organismo. Os vírus podem estar livres no plasma ou em células as quais o vírus tem tropismo (monócitos/macrófagos) (FIGUEIREDO, 1999). Os vírus infectam as células através de receptores celulares que provocam a endocitose que é mediada por receptores específicos para proteínas do envelope viral, ocorre a fusão da membrana viral com a membrana do endossoma, em seguida direciona o capsídeo e o genoma para o citoplasma e é direcionado para a tradução (MURRAY, 2006). A replicação viral é iniciada a partir da síntese de RNA fita negativa do genoma, que serve de molde para as fitas positivas adicionais, as 16 proteínas são sintetizadas como parte de uma única poliproteinas com cerca de três mil aminoácidos, que é clivada pela combinação de proteases viral e hospedeira, As células virais filhas saem do compartimento através de rompimento da membrana do reticulo endoplasmático, e é secretada sob superfície celular (CARVALHO, 2009). 2.3.1 CICLO BIOLÓGICO DO VETOR Quando a fêmea do Aedes é fertilizada ela precisa ir à busca de sangue, após três dias ela já está apta para desovar, para que ocorra a desova a fêmea vai à busca de um abrigo, atraída por locais escuros e com presença de água parada, onde a mesma irá depositar seus ovos, eles possuem bastante resistência, podendo durar até um ano, a partir do momento que os ovos entram em contato com a água, passam pelo processo de eclosão (COÊLHO, 2010). Na fase larvária ocorre o período em que as larvas crescem e alimentam-se, a larva possui quatro fases evolutivas e demoram cerca de cinco dias para evoluir-se por completa, sua próxima fase é a pupa, essa fase demora cerca de dois até três dias e é dividida em cefalotórax e abdômen (DONALÍSIO; GLASSER, 2002). No período de emergência do mosquito a pupa se ergue em linha reta ficando na horizontal, para que ocorra o rompimento liberando a saia do mosquito pela parte dorsal, quando na fase final sai em busca de acasalamento e de sangue começando um novo ciclo (DONALÍSIO; GLASSER, 2002). O modo de transmissão ocorre através da picada do mosquito, a fêmea pica o homem infectado com o vírus da dengue, o qual o mesmo vai para o estomago do mosquito é lá será absorvido, o vírus se espalha por todo organismo do Aedes chegando até as glândulas salivares, local da multiplicação do vírus, onde vírus ficará encubado por aproximadamente oito a doze dias (PONTES; RUFINO-NETTO 1994). Uma vez o mosquito infectado permanecera pelo resto de sua vida, que dura em torno de seis a oito semanas. Quando a fêmea já infectada pica o ser humano ela inocula o vírus da doença no organismo do homem, o vírus se estabelece no sangue (DONALÍSIO; GLASSER, 2002). 17 2.4 PATOGENIA E SINTOMATOLOGIA Os sintomas normalmente aparecem de dois a sete dias após a infecção e estão relacionados com a presença do vírus na corrente sanguínea, os sintomas se dão pelos elevados níveis de citocinas secretadas pelos macrófagos ao interagirem com a célula T helperativadas (Linfócitos T) (FIGUEIREDO, 1999). A leve e repentina depressão medular e a leucopenia também são provenientes do aumento dos níveis séricos de citosinas, a mialgia se deve à replicação viral no musculo, inclusive os oculomotores, desencadeando a dor de cabeça retrorbital (FIGUEIREDO, 1999). 3 DIAGNOSTICO LABORATORIALO diagnóstico precoce da dengue é importante para que haja agilidade na tomada de decisões visando o bem-esta do paciente e evitando o agravo, a doença causada pelo dengue se manifesta em amplo espectro de sinais e sintomas elevam a alterações de vários parâmetros laboratoriais que associados a clínica do paciente é possível chagar a um diagnóstico confiável de dengue (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011). Os exames específicos para diagnostico laboratorial são o isolamento viral e detecção do sorotipo do vírus da dengue, porém, são exames complexos e demorados, paralelo a esses procedimentos existem testes imunocromatográficos e outros de exames laboratoriais inespecíficos que podem auxiliar no diagnóstico da doença (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011). 3.1 TESTES INESPECÍFICOS 3.1.1 PROVA DO LAÇO (PL) A prova do laço é um exame físico que faz parte dos exames não específicos de diagnostico para o vírus, mas é um aspecto clinico interessante para ser analisado com os demais exames (SINGHI, et al., 2007). A PL positiva é comum em pacientes com dengue, incidência mais em casos mais graves, utiliza-se indispensavelmente em triagem de paciente com suspeita (OLIVEIRA, et al.,2012). 18 Uma vez que forme petéquias no exame, é um fator de alerta que necessita de um monitoramento clinico e laboratorial mais detalhado (OLIVEIRA, et al.,2012). 3.1.2 HEMOGRAMA O Hemograma pode auxiliar no diagnóstico precoce associado com a análise clínica do paciente e o uso teste rápidos disponíveis (OLIVEIRA, et al.,2012). Os parâmetros avaliados são os do leucograma, apresentando leucopenia, eritrograma apresentando hematócrito elevado pelo extravasamento de plasma para o espaço extra vascular, contagem de plaquetas diminuídas (OLIVEIRA et al., 2009). 3.2 TESTES ESPECÍFICOS O Ministério da Saúde disponibiliza métodos específicos e não específicos para contribuir para o diagnóstico da infecção pelo vírus da dengue, entre os específicos possuímos testes de isolamento viral, identificação de ácido nucléicos ou antígeno viral, métodos sorológicos, diagnostico histopatológico (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011). 3.2.1 SOROLOGIA VIRAL A análise sorológica é obtida através do soro do paciente no qual se identifica a presença do anticorpo IgM referente aos quatros sorotipos do vírus da dengue, dentre os testes sorológicos, o mais indicado é o Elisa (MAC-Elisa), apropriado para identificação de infecção recente (BRASIL, 2009). A identificação do anticorpo anti-dengue é possível a partir do quinto dia da infecção, esse método é importante tanto para confirmar a infecção, quanto para o plano de ação da vigilância sanitária (SÃO PAULO, 2010). 19 3.2.2 PESQUISA DE ANTÍGENO Antígeno NS1 baseia-se na pesquisa da proteína NS1 que é presente na fase inicial da infecção, uma vez aumentado o volume sérico, é possível detectar a infecção nos primeiros dias, essa proteína é presente na fase inicial e é especifica para estabelecer o diagnóstico (TORRES FILHO, 2012). Foram desenvolvidos teste rápido (RDT) para detectar o antígeno NS1, glicoproteína essencial para a replicação do vírus, que é identificado no sangue a partir dos primeiros dias de infecção. (TORRES FILHO, 2012). Esse formato de teste consiste na imunocromatografica de fluxo lateral, o antígeno NS1 presente na amostra, que com a junção das partículas coloidais de ouro revestidas com anticorpos anti-NS1 irá formar um complexo que serão capturados por anticorpos anti-NS1 na realização do teste (LIMA , 2014). 3.2.3 ISOLAMENTO VIRAL É fundamentada na identificação do sorotipo viral responsável pela infecção, sua coleta é indicada a partir do quinto dia contado após o aparecimento dos sintomas. No isolamento viral utiliza-se cultivo celular e isolamento vírus em linhagem celular C6/36 de Aedes, em reação por imunofluorescência indireta adicionando-se anticorpos policlonais e monoclonais específicos para os quatros sorotipos do vírus da dengue. O isolamento viral permite a identificação do sorotipo circulante. Essas informações são necessárias para orientação da vigilância epidemiológica (FIOCRUZ, 2015). 3.2.4 DETECÇÃO DE ANTÍGENOS VIRAIS E/OU ÁCIDO NUCLÉICO VIRAL Utilizadas em situações onde não se podem fazer técnicas habituais, os antígenos ou ácido nucleico viral do sangue, tecido humano e mosquito conforme os métodos a seguir (DUARTE; FRANÇA, 2006). 20 3.2.5 REAÇÃO EM CADEIA DA POLIMERASE EM TRANSCRIÇÃO REVERSA (RT-PCR) Método rápido, sensível e especifico, onde idêntica em quantidades mínimas de material genético. Com a aplicação do c-DNA obtido a partir do RNA viral utilizando sondas (primers) específicas aos sorotipos do dengue, é possível identificar em quantidades reduzidas de ácido nucléico viral (COSTA, et al., 2009). 3.2.6 IMUNOFLUORESCÊNCIA Identificação de anticorpos fluorescentes devido consolidação de anticorpo marcado com o flucromo ao seu antígeno homologo. Alta especificidade devido a reação Ag-Ac (BRASIL, 2005). 3.2.7 IMUNOHISTOQUÍMICA Técnica para infecção viral suspeita, identifica-se o antígeno viral em tecido fixado em formalina e emblocados em parafina. Sua coloração é realizada pela enzima fosfatase alcalina peroxidase marcada como anticorpo específico (MATOS, 2011). 4 EPIDEMIA Das doenças transmitidas por vetores, a dengue fica em segundo lugar em importância, está distribuída amplamente a baixo e a cima do equador, até meados da década de 90, a Ásia representava a região mais atingida pela doença. A partir daí países sul-americanos e centro-americanos passaram a contribuir com mais de 50% dos casos de dengue no mundo, nesta ocasião, só o Brasil registrou cerca de 700 mil casos de dengue (BARRETO; TEIXEIRA, 2008). Um dado importante a se destacar é que no sudeste asiático, a faixa etária mais acometida pela dengue é a das crianças, ao passo que no Brasil, os adultos são mais acometidos, mas no ano de 2008, em um surto de dengue que teve no estado 21 do Rio de Janeiro, os mais acometidos foram pessoas menores de quinze anos de idade (BARRETO; TEIXEIRA, 2008). Devido ao grande aumento nas notificações, essa doença gera grande preocupação para a sociedade e autoridades de saúde, pelo difícil controle das epidemias geradas por esse vírus (BARRETO; TEIXEIRA, 2008). 22 5 OBJETIVOS 5.1 OBJETIVO GERAL Levantamento epidemiológico dos casos de dengue notificados no município de Porto Velho, estado de Rondônia no período de 2007 a 2014 5.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Avaliar a distribuição de casos de dengue no município de Porto Velho por área rural, urbana e outros notificação no período de 2007 a 2014. Avaliar a prevalência dos casos de dengue no município de Porto Velho por área rural, urbana e outros notificação no período de 2007 a 2014. Realizar levantamento da distribuição dos casos de dengue no município de Porto Velho por gênero, idade, no período de 2007 a 2014. 23 6 CASUÍSTICA E MÉTODOS A área do estudo compreende o território do município de Porto velho, que como estratégia da vigilância epidemiológica municipal para atuar em diversas endemias separou a área do município em nove Regiões Administrativas, sendo a área urbana da cidade localizada na 1ª Região (Figura 2). Figura 2: Mapas da localização da área do estudo no Brasil (A), em Rondônia (B), e área do território de Porto velho com 9 regiões (C).Fonte: Lima, 2015. O município de Porto velho, capital do estado de Rondônia, encontra-se situado as margens direita do rio Madeira possui uma área territorial de 340.963,883 km² e população estimada para 2014 de 494.013 habitantes e uma densidade demográfica de 12,57 habitantes por km². (IBGE, 2014). O estudo foi realizado por meio de análises de dados secundários sobre os casos de dengue notificados no município de Porto Velho-RO no período de 2007 a 2014, e utilizados nesse estudo mediante anuência da Secretaria Municipal de Saúde (Anexo 1). As informações foram armazenadas em bancos de dados software MS Excel®. 2010, para a confecção de gráficos e tabelas. Posteriormente essas informações 24 foram transferidas para programa de analise espacial TerraView 4.1.0, de domínio público, distribuído pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), onde realizou-se a confecção dos mapas com distribuição dos casos de dengue por bairros. 25 7 RESULTADOS Em 2010 a população urbana do estado de Rondônia representa um peso de 73,6% e a urbana 26,4%. A capital do estado Porto Velho, possui 428.527 habitantes, sendo 91,2% situados em área urbana e 8,8% em zona rural. (IBGE, 2010). É possível observar a distribuição espacial de Aedes em depósitos predominantes na capital, Dados levantados pelo LIRAa (Levantamento de Índice Rápido para Aedes Aegypti) de outubro de 2009 que classifica o índice do vetor Aedes aegytpi na forma larvária. De todos os casos 48% encontrados em depósito de água, 23% em pequenos depósitos móveis, 14% em lixos e pneus 11% (Figura 03). O Estudo destaca a ampla distribuição do vetor Aedes aegypti transmissor da dengue presente em todo o perímetro urbano de Porto Velho. (SEMUSA,2009) Figura 03: Distribuição espacial do vetor da dengue em depósitos predominantes. Porto Velho, outubro de 2009. Fonte: Prefeitura do município de Porto Velho, secretaria municipal e saúde. 26 O levantamento de dados notificados pela SEMUSA no período de 2007 a 2014 com o objetivo de determinar a prevalência da dengue por bairro da área urbana, rural, outros, faixa etária e sexo. Diante das informações foi possível realizar o mapeamento da área urbana e construir as imagens abaixo (Figuras 04 a 11). A análise espacial dos casos de dengue em 2007, permitiu observar que dos 41 bairros com notificação apenas 12% obteve entre 21 e 50 casos, os demais foram todos igual ou inferior a 20. (Figura 04) Figura 04 – Distribuição do casos de dengue notificados na área urbana no municipio de Porto Velho no ano de 2007 Em 2008 observa-se um aumento significativo nas notificações, quando comparado ao ano anterior, foram registrados casos em 69 bairros, sendo que 63% dos bairros registraram de 1 a 20 notificações, e 23% registraram de 21 a 50 casos, no entanto destaca-se o bairro Aponia sendo o único bairro a registrar mais de 100 casos notificados nesse período (Figura 05). 27 Figura 05 – Distribuição dos casos notificados na área urbana no município de Porto Velho no ano de 2008. No ano de 2009 observa-se um aumento no número de notificações, registraram-se casos de dengue em 71 bairros, sendo 56% dos bairros notificaram entre 1 a 20 casos, 30% entre 21 a 50, 11% entre 51 a 100 e 3% entre 101 a 500. No grupo de notificação de 101 a 500 casos, é composto pelos bairros Aponia que relata desde 2008 e Tancredo Neves. (Figura 06). E possível destacar que em 2009 ocorreu um aumento dos números de bairros que registraram entre 21 a 50 casos e nos bairros que pontuaram acima de 100 casos. Figura 06– Distribuição dos casos notificados na área urbana no município de Porto Velho no ano de 2009. 28 O mapa de distribuição do ano 2010 descreve um aumento significativo no número total de casos sendo que 72 bairros notificaram casos de dengue nesse ano, observa-se um surto epidemiológico na área urbana, 36% dos bairros notificaram acima de 100 casos anual, sendo que 22% dos bairros notificaram entre 51 a 100 casos, e 28% dos bairros notificaram de 21 a 50 casos e 14% dos bairros registraram de 1 a 20 casos. Os bairros que compõe os 36% dos casos que realizaram acima de 100 notificações por ano são: Agenor de Carvalho, Aponia, Areal da Floresta, Caladinho, Castanheiras, Cidade do Lobo, Cohab 1, Eldorado, Jardim Santana, JK, JK II, JK III, Lagoa, Mariana, Nova Floresta, Nova Porto Velho, São Francisco, Socialista, Tancredo Neves, Teixeirão, Três Marias, Vila da Eletronorte, Nova Floresta, Conceição, Embratel. (Figura 07). E possível destacar que houve um aumento no número de bairros que pontuaram entre 21 a 50 casos, entre 51 a 100 casos e acima de 100 casos quando comparados com períodos anteriores. Entretanto ocorreu uma diminuição gradativa dos bairros que pontuaram entre 1 a 20 casos, o que caracterizou como um surto da doença na área urbana do município nesse período. Figura 07 – Distribuição dos casos notificados na área urbana no município de Porto Velho no ano de 2010. 29 Em 2011 observa-se que houve um controle significativo no número de casos notificados por bairro, comparado com 2010, sendo 72 bairros com casos de dengue, porém 100% dos bairros a prevalência dos casos esteve entre 01 e 20 casos. (Figura 08) Figura 08 – Distribuição dos casos notificados na área urbana no município de Porto Velho no ano de 2011. O cenário de 2011 se repete em 2012, continua com 72 bairros com casos de dengue notificados e 100% igual ou inferior a 20 casos (Figura 09). Figura 09 – Distribuição dos casos notificados na área urbana no município de Porto Velho no ano de 2012. 30 Em 2013 a maior prevalência estar entre 1 a 20 casos anuais sendo registradas em 84% dos bairros. Porém, 16% dos bairros pontuaram uma prevalência de 21 a 50 casos registrados por bairro nesse mesmo ano o que indica um aumento da prevalência da dengue nesse período em relação aos anos de 2011 e 2012. (Figura 10). Figura 10 – Distribuição dos casos notificados na área urbana no município de Porto Velho no ano de 2013. O mapa de distribuição de dengue de 2014, mostra que ocorreu uma redução da prevalência na área urbana do município onde não apresenta nenhum bairro que registrou acima de 20 casos anual, ocorreu uma diminuição dos bairros que registravam casos de dengue que passou de 72 bairros nos anos anteriores para 45 bairros em 2014 significando uma redução de 37,5% (Figura 11). 31 Figura 11 – Distribuição dos casos notificados na área urbana no município de Porto Velho no ano de 2014. Na análise geral apresenta uma redução dos casos de dengue na área rural do município de Porto Velho a partir do ano de 2010 onde ocorreu o maior número de notificação sendo registrados 551 casos. (Tabela 01). Entretanto, chama atenção o número de casos registrados segundo a localidade outros que corresponde a todos os casos que não há relato de moradia no ato da notificação, sendo registrados em média 136,75 casos por ano. 32 Tabela 01. Casos Notificados no período de 2007 a 2014 Bairros/ Distritos 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 Abuna 0 0 0 0 0 0 1 0 Br 364- km 365 0 0 0 2 0 0 0 0 Cachoeira Santo Antônio 0 0 0 7 0 0 0 0 Calama 0 1 0 1 0 0 0 4Colonia do Japones 0 0 0 5 0 0 0 0 Cujubim grande 0 0 0 3 0 1 0 0 Distrito de Calama 0 0 0 1 0 1 0 0 Em transito 0 0 0 0 0 0 0 3 Estrada da areia branca 0 0 0 1 0 0 0 0 Estrada da penal 0 0 1 11 0 0 3 4 Estrada do Belmont 0 0 1 0 0 0 0 1 Fortaleza de Abuna 0 0 1 0 0 0 0 0 Jaci Parana 0 46 4 22 0 4 1 0 Maringa 0 0 0 1 0 0 0 0 Morrinhos 0 0 0 4 0 0 0 0 Muntun Parana 0 0 1 17 0 0 0 5 Mutum Parana 0 0 0 6 1 0 2 0 Nova California 0 0 1 3 0 0 1 0 Projeto Joana Darc 0 0 0 1 0 0 0 0 Sao Carlos 0 0 3 7 0 0 0 0 Sao Jorge 0 1 0 2 0 0 0 0 Sao Jose 0 0 0 2 0 0 0 0 Uniao de Bandeirantes 0 0 2 100 0 0 1 0 Vila de Nazare 0 0 0 0 0 0 0 7 Vista Alegre do Abuna 0 0 3 0 0 0 0 0 Outros 110 97 77 355 18 24 47 73 Total 110 139 91 551 19 30 56 98 Fonte: SEMUSA Segundo a distribuição por faixa etária demonstra que a faixa etária mais acometida foi entre 20 a 34 anos que corresponde a 38% dos casos totais, enquanto que a menor proporção se deu no intervalo em crianças menores de um ano e na população idosa acima de sessenta e cinco anos (Gráfico 01). 33 Gráfico 01. Mapeamento da notificação total por faixa etária. Conforme o levantamento de notificação por gênero observa-se que o gênero masculino representa a média de 52,25% dos casos totais e o feminino 47,75%. O maior percentual de acometido no ano 2014 foi o gênero masculino. Entretanto esse dado contraria as prevalências de anos anteriores onde as maiores proporções de casos foram registadas em pacientes do gênero feminino (Gráfico 02). 34 Gráfico 02. Levantamento da notificação por gênero. Gráfico 03. Demonstrativo Total de Casos por ano 35 8 DISCUSSÃO A região norte do Brasil possui uma rica fauna de artrópodes hematófagos devido à floresta tropical úmida, o vírus da dengue na região norte vem ganhando um destaque entre as doenças transmitidas por mosquitos, um dos fatores que justificam isso é o crescente processo de urbanização, condições de saneamento básico e o precário monitoramento de criadouros em domicilio da população. Ocorreu um aumento demográfico no município de 0,20% (IBGE/2009), a partir desse período houve um crescimento direto e indireto influenciado pela construção de duas usinas hidrelétricas sobre o rio Madeira no ano de 2009, essa construção aumentou o fluxo migratório. Observam-se nos dados que em 2009 foram notificados 1.732 casos de Dengue na cidade de Porto Velho e em 2010 houve um aumento significativo de 271%, atingindo 6.420 casos. Segundo o ministério da saúde, foi registrado que no ano de 2009 haveria possibilidade de surto da epidemia dengue, paralelo a isso houve um aumento no movimento migratório do município, cogita-se a possibilidade de terem trazido novos sorotipos e ter desencadeado o aumento de notificações na região. Em nível nacional foi divulgado a campanha “Brasil sem Dengue”, onde houve monitoramentos e comunicação em massa. Observam-se nos dados que a partir de 2011 os casos foram controlados. No surto epidemiológico notificado no ano de 2010 a maior incidência foi na área urbana do município, os focos de notificações estão associados ao mapeamento levantado pelo LIRAa de outubro de 2009, que classifica o índice de vetores em forma larvária achados nas visitas domiciliares. Das localidades visitadas, observa-se que as maiores incidências de vetores foram encontradas em depósitos de água, isso nos leva a concluir que além do crescimento populacional devido o movimento migratório estimulado pela instalação das usinas, a negligencia da população também contribuiu para o surto registrado. O desequilíbrio ambiental provocado também pelas instalações das usinas contribui para a incidência do vetor no município, devido ao desequilíbrio de ecossistema natural. No estado de Rondônia possui rodovias que permite a ligação do sul dos pais ao norte, a BR 364 é corredor rodoviário do Brasil até o Peru, possuem uma fronteira 36 com a Bolívia, todos esses pontos mencionados servem de porta de entrada para proliferação dos vetores e disseminação de arbovírus. A faixa etária mais acometida encontra-se entre 20 e 34 anos, isso estar diretamente relacionada à atividade laboral dessa população. O gênero mais acometido foi o masculino, no entanto, quando comparado ao feminino não apresenta diferença significativa. Houve um controle no surto da dengue a partir de 2011, levando-nos a crer que é resultado do monitoramento, divulgação, diagnostico laboratorial especifico, visitar domiciliares e conscientização da população. 37 9 CONCLUSÃO A análise dos dados secundários dos casos de dengue notificado no município de Porto Velho permitiu avaliar a distribuição da doença dentro do território do município diante das informações conclui-se que: Ocorreu um surto no ano de 2010 que corresponde a 58% da notificação Total, o Dengue se fes presente em todos os períodos analisados com algumas variações entre os anos. A maior prevalência da doença encontra-se na área urbana do município de porto velho, porém no ano de 2010 observa-se um surto na área rural, devido o desiquilíbrio ambiental causado pelas usinas hidrelétricas. A faixa etária mais acometida foi entre 20 e 34 anos, existe destaque para o número de notificações sem registro de moradia. O ano que obteve a menor incidência da doença no município de Porto Velho foi no ano de 2011. 38 REFERÊNCIAS BARRETO, M. L.; TEIXEIRA, M. G. Dengue no Brasil: situação epidemiológica e contribuições para uma agenda de pesquisa. Estudos avançados, v. 22, n. 64, p. 53-72, 2008. BRAGA, I. A.; VALLE, D. Aedes aegypti: histórico do controle no Brasil. Epidemiologia e serviços de saúde, v. 16, n. 2, p. 113-118, 2007. BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE, Secretaria de vigilância em saúde. Guia de vigilância epidemiológica. 2005 BRASIL, MINISTERIO DA SAÚDE, FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE – FUNASA.Guia de vigilância epidemiológica – caderno 9. 2013. CARVALHO, S. E. S. Caracterização molecular de vírus do dengue sorotipo-1 e desenvolvimento de cDNA infeccioso. 2009. Tese de Doutorado. Universidade de Brasília. COÊLHO, A. A. M. Análise inseticida de extratos de plantas do bioma Cerrado sobre triatomíneos e larvas de Aedes aegypti. 2010. COSTA, C. A.; SANTOS, I. G. C; BARBOSA, M. G. 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