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A contabilidade é a ciência que estuda e controla o patrimônio com a finalidade de proporcionar informações confiáveis para a tomada de decisão. Para melhorar essa definição, precisaremos explicar, mais detalhadamente, o que é patrimônio, incluindo todos os seus elementos contábeis e seus controles, por meio de "[...] coleta, armazenamento e processamento oriundos dos fatos que alteram essa massa patrimonial" (PADOVEZZE, 2014, p. 3). Em outras palavras, compreenderemos que as operações que ocorrem continuamente nas empresas, como comprar, vender, entre outras, contabilmente registradas, modificam quantitativamente e/ ou qualitativamente a posição patrimonial. Após o registro de todas as operações, é preciso "tirar uma fotografia" da nova estrutura do patrimônio, que acontecerá como sendo um reflexo de determinado momento. Essas informações são apresentadas por meio de um relatório contábil, denominado balanço patrimonial. Para isso, precisamos entender de maneira clara e sem nenhuma sombra de dúvida alguns conceitos importantes, como: bens, direitos, obrigações e a relação destes com o ativo, o passivo e o patrimônio líquido; como ocorrem ou se movimentam esses patrimônios dentro do balanço patrimonial e as características de algumas contas contábeis. Lembrando da casa que se está construindo desde a unidade anterior, pode-se dizer que nesta unidade ainda terá de se colocar mais tijolos. Então, mãos à obra e um excelente trabalho. Bom estudo! Ativo, passivo e patrimônio líquido O patrimônio e sua estrutura: ativo, passivo e patrimônio líquido Um dos conceitos mais importantes na contabilidade e que se constitui no alicerce de toda a compreensão da ciência é o conceito de patrimônio. Mas o que é patrimônio? Para explicar de uma forma simples, vamos começar apresentando um exemplo, ou melhor, uma situação-problema e analisá-la. Considere que João, em determinada data, possui um apartamento que lhe custou $300.000,00 e um veículo no valor de $15.000,00. Além desses bens, ele também possui uma caderneta de poupança no valor de $5.000,00. O seu amigo, José, adquiriu um apartamento que lhe custou $800.000,00. Ele também tem um veículo no valor de $150.000,00, porém não possui nenhum tipo de aplicação financeira. Para pagar pela aquisição do apartamento, recorreu a um empréstimo de $600.000,00. O seu veículo também foi financiado, no montante de $100.000,00. Considerando as situações dos dois amigos, na sua opinião, qual deles possui o maior patrimônio? FIGURA 1 - Situação patrimonial Introdução da unidade de ensino Explorando a temática Conclusão da unidade de ensino Unidade 2 - Elementos patrimoniais Introdução da unidade de ensino Explorando a temática Fonte: Núcleo de Educação a Distância (NEaD), Anima, 2014. Em um primeiro momento, alguns podem entender que José é o detentor do maior patrimônio, tendo em vista que o valor de seus bens é bastante superior ao valor dos bens de João. Mas é preciso analisar a situação com mais cuidado. Considerando a somatória de todos seus bens, João possui um patrimônio total de $320.000,00 e José possui um total de patrimônio avaliado em $950.000,00. No entanto, José possui dívidas no montante de $700.000,00. Essa dívida deverá ser levada em consideração na análise do patrimônio? A resposta é sim! Podemos dizer, então, que o total do patrimônio ou do patrimônio bruto de José é de $950.000,00, mas considerando os chamados elementos negativos do patrimônio (obrigações), o patrimônio líquido é de $250.000,00. Portanto, se compararmos os dois patrimônios, teremos que João detém é um patrimônio (líquido) maior que de José. Com este exemplo, podemos afirmar que patrimônio é tudo aquilo que uma entidade tem após o abatimento do que ela deve ou, conceituando de maneira formal, patrimônio é o conjunto de bens, direitos e obrigações de uma entidade. Isto posto, podemos explicar de maneira matemática que o patrimônio (líquido) é igual ao patrimônio bruto (ativo) menos as obrigações (passivo). Obs.: Para ficar mais claro, tem-se que a diferença entre patrimônio líquido e patrimônio bruto se deve à subtração das obrigações (passivo) do patrimônio bruto. Dessa forma, se pode colocar de maneira matemática o conceito de patrimônio por meio da equação patrimonial ou equação geral do patrimônio. FIGURA 2 - Equação patrimonial Fonte: Elaborado pelos autores. FIGURA 3 - Situação patrimonial de João Fonte: Núcleo de Educação a Distância (NEaD), Anima, 2017. Situação patrimonial de José: Pelo exemplo utilizado, podemos, portanto, conceituar patrimônio como o conjunto de bens, direitos e obrigações. Os bens e direitos são considerados os elementos positivos do patrimônio e as obrigações, por restringi-lo, são consideradas elementos negativos do patrimônio. Podemos representar esse conjunto de elementos em uma demonstração contábil chamada balanço patrimonial. Consideraremos o exemplo anterior para apresentar essa demonstração. TABELA 1 - Balanço patrimonial de João em $ Fonte: Elaborada pelo autor, 2018. Como podemos observar, o ativo é representado no lado esquerdo do balanço e compreende o conjunto de bens e direitos. Já o passivo é representado no lado direito e compreende as obrigações a pagar. O patrimônio líquido representa a diferença entre o ativo e o passivo. TABELA 2 - Balanço patrimonial de José em $ Fonte: Elaborada pelo autor, 2018. Pela representação gráfica do balanço patrimonial, derivamos a equação básica do patrimônio. FIGURA 4 - Equação básica do patrimônio Fonte: Elaborado pelos autores. O exemplo apresentado trata de pessoas físicas, porém podemos replicar esse contexto para o universo das empresas. Como já mencionado, os bens compõem o ativo de uma entidade, porém existem também os direitos que integram o patrimônio da empresa. São os valores a receber de terceiros. Por exemplo, quando uma empresa vende a prazo, ela tem o direito de receber por essas vendas; quando ela realiza um empréstimo, ela tem direito de reaver o recurso emprestado. Em suma, em uma entidade empresarial, o ativo compreende o caixa, bancos (disponibilidades financeiras imediatas), imóveis, veículos, equipamentos, mercadorias, contas a receber de clientes, entre outros. Já o passivo compreende, basicamente, as obrigações que a empresa deve a terceiros: fornecedores, contas a pagar, impostos a pagar, salários a pagar, financiamentos, entre outros. O patrimônio líquido, como vimos, é um valor residual, já que representa a diferença entre o ativo e o passivo. É uma medida de riqueza, pois na contabilidade consideramos mais rico aquele que possui maior patrimônio líquido. Nas empresas o patrimônio líquido, é composto por uma série de contas contábeis, mas que em definitiva representam a riqueza efetiva da empresa, composta pelos lucros obtidos a partir do seu processo operacional e outras atividades que tenham tido como consequência um lucro que pertence à entidade. Dentro do patrimônio líquido encontramos o capital investido pelos sócios ou acionistas na empresa. Veja o vídeo a seguir, que aborda as situações líquidas das empresas, e compreenda o que é um passivo a descoberto. Videoaula: Situações líquidas patrimoniais O Balanço patrimonial O balanço patrimonial é uma demonstração contábil importantíssima, pois apresenta a estrutura do patrimônio de uma entidade em determinado momento. Conforme Iudícibus e Marion (2011), essa demonstração inclui uma sequência de técnicas, normas, regras e procedimentos contábeis, apresentando, de forma ordenada, os três elementos que compõem o patrimônio: ativo, passivo e patrimônio líquido. E de onde vem o nome "balanço"? Balanço quer dizer equilíbrio entre ativo e passivo. Note que o balanço reflete a posição do conjunto patrimonial em determinado instante. Eleé um relatório estático, parado. É uma "fotografia" que tiramos do patrimônio em determinado momento, pois este se modifica instantaneamente. Muita atenção para não confundir a característica estática do balanço com o dinamismo do patrimônio. São "coisas" muito diferentes porque um - o balanço - apresenta uma posição do patrimônio em determinado momento e o outro - patrimônio - é uma sequência de ações que alteram o conjunto dos bens, direitos e obrigações das entidades. Nos exemplos de João e de José, verificamos ser João o detentor da maior riqueza líquida (patrimônio líquido), o que não quer dizer que essa situação não possa ser modificada. José poderia, por exemplo, obter receitas suficientes para liquidar suas obrigações e, mantido o patrimônio de João, passar a ter uma maior riqueza líquida. Podemos comparar o balanço com uma balança, na qual deve haver equilíbrio entre seus dois extremos, de um lado o ativo e do outro o passivo e o patrimônio líquido. FIGURA 5 - Balanço patrimonial Situações líquidas patrimoniais from EAD ANIMA 02:37 Fonte: Núcleo de Educação a Distância (NEaD), Anima, 2017. As empresas realizam sucessivas operações cotidianamente. A finalidade do balanço patrimonial é registrar tais operações segundo os critérios contábeis adequados e gerar uma demonstração que tire uma "foto" momentânea da situação patrimonial da empresa. As operações que ocorrem na empresa devem ser registradas em contas contábeis. Mas o que são contas contábeis? Contas contábeis são representações escrituradas dos bens, direitos, obrigações, entre outros elementos de uma entidade. São a expressão monetária dos fatos contábeis. Explicando a mesma coisa de uma maneira diferente, pode-se dizer que uma conta contábil é uma representação gráfica de um conjunto de ações de mesma natureza, independentemente se esta é negativa (débito) ou positiva (crédito) ou se é bens, direitos ou obrigações. Um exemplo: uma organização comprou um caminhão, um automóvel e uma moto e vendeu um trator, todas estas ações têm a mesma natureza e, portanto, são lançadas na mesma conta contábil intitulada Veículos. Outro exemplo poderia ser: uma venda a prazo gera o registro de um direito, tendo em vista que o valor pela venda ainda não foi recebido. Esse direito é registrado em uma conta contábil intitulada Clientes - algumas entidades denominam "contas a receber". Outro exemplo? Então vamos lá, mas agora utilizando uma nomenclatura mais específica da área contábil. Os registros das movimentações da conta corrente bancária de uma entidade são registrados em uma conta contábil intitulada "bancos". Ao conjunto das contas contábeis, dá-se o nome plano de contas. Este irá nortear os trabalhos contábeis de registro dos fatos contábeis. Após registrados, os saldos dessas contas servirão para a elaboração das demonstrações contábeis, que se pode definir como uma série de peças contábeis. O balanço patrimonial é uma demonstração ou peça contábil, mas, além dele há outras com objetivos diferentes, outras peças contábeis. Você deve estar se perguntando: será que existe um plano de contas padrão a ser seguido por todas as empresas? A resposta é não! Ainda que encontremos muitas similaridades em um plano de contas, a estrutura atende às características e às necessidades informacionais de cada empresa. A padronização do plano de contas em empresas poderia dificultar o entendimento das mutações - evoluções - do patrimônio da entidade. Imagine duas entidades, uma prestadora de serviço e outra vendedora de automóveis, concessionárias, você concorda que as ações de cada uma delas poderão ser - e são - muito diferentes? Seria como produzir apenas o número 33 de um par de chuteiras, com certeza não servirá para todos os jogadores. Conseguiu entender as considerações dadas? Tenho certeza de que sim. Então, avante na construção da casa! Mais alguns tijolos foram colocados, mas ainda há mais alguns. Apresentação do balanço patrimonial Já vimos que o balanço patrimonial é constituído pelo ativo, pelo passivo e pelo patrimônio líquido ou, se preferir, pelos bens, direitos e obrigações. O ativo é posicionado do lado esquerdo do balanço, o passivo e o patrimônio líquido, do lado direito. O patrimônio líquido representa um valor residual (ativo menos passivo), mostrando o investimento realizado pelos sócios, bem como o lucro ou prejuízo acumulado ao longo dos anos. São várias as contas contábeis que compõem os grupos patrimoniais. No ativo, temos contas como "Caixa", "Bancos", "Clientes", "Estoques", "Móveis e Utensílios", entre outras. No passivo, temos contas como "Fornecedores", "Salários a Pagar", "Empréstimos e Financiamentos", "Impostos a Pagar" e diversas outras. Ou seja, há uma quantidade grande de contas contábeis a serem dispostas no balanço patrimonial. Então, surge um questionamento: haveria uma organização lógica pela qual as contas contábeis seriam apresentadas no balanço patrimonial? Por exemplo, a conta "Clientes" (Valor a Receber) poderia estar disposta antes da conta "Caixa"? A resposta é não! Existem critérios para a classificação das contas do balanço patrimonial. Afirmando de maneira legal, a Lei nº 6.404/76, atualizada recentemente, estabelece basicamente dois grandes grupos: circulante e não circulante apenas para o ativo e o passivo e, portanto, não contemplando o patrimônio líquido. Vejamos então como fica a estrutura do balanço patrimonial. TABELA 3 - Ativo e passivo Fonte: Elaborada pelos autores, 2018. Na contabilidade, registra-se, no circulante, as operações de curto prazo, ou seja, ações que tenham sua liquidação imediata ou em um prazo de até um ano. Por exemplo, todos os valores a receber - do ativo - em um período de até um ano são classificados no ativo circulante. Assim como um empréstimo - passivo -, que deve ser pago em um período inferior a um ano também será classificado nele. Por conseguinte, o não circulante, definido como operações de longo prazo, significa ações cuja liquidação ocorrerão em um período superior a um ano. Suponha, por exemplo, uma empresa que vende determinada mercadoria a prazo e que os valores serão recebidos em 15 parcelas mensais. Como iremos classificá-las? As primeiras 12 parcelas serão classificadas nos valores a receber de curto prazo (circulante). Já as três parcelas restantes serão classificadas no longo prazo (não circulante). Para esclarecer os conceitos anteriores, considere um balanço patrimonial elaborado em 31-12-X0. Consideramos curto prazo todos os valores (a receber ou a pagar) até 31-12-X1. Em contrapartida, todos os valores (a receber ou pagar) após 31-12-X1 estarão no longo prazo. FIGURA 6 - Segregação entre circulante e não circulante Fonte: Elaborada pelos autores, 2018. Videoaula: Balanço Patrimonial Critério de classificação das contas do ativo O ativo subdivide-se em dois grandes grupos: o circulante e o não circulante. O ativo não circulante subdivide-se ainda em outros subgrupos, conforme será explicado posteriormente. Veja agora como as contas do ativo são agrupadas. TABELA 4 - Contas de bens e direitos referentes ao ativo Balanço patrimonial - parte 1 from EAD ANIMA 06:05 Fonte: Elaborada pelos autores, 2018. Por qual razão essas contas se agrupam, ou melhor, têm esta sequência? Para melhor explicar o porquê disso, é preciso compreender o conceito de liquidez. A liquidez contábil é a capacidade que os bens, direitos e as obrigações têm de se transformar em espécie. Exemplos: o que está no banco já está em espécie - liquidez alta - os estoques - liquidez média - os imóveis - liquidez baixa. Para quem gosta de conceito teórico, seguem três maneiras diferentes de se apresentar, mas que significam a mesma coisa, são elas: 1ª - é a velocidade e a facilidade com queum ativo se converte em dinheiro; 2ª - é a facilidade com que um bem ou direito pode ser convertido no meio de troca da economia; 3ª - é o grau de agilidade de conversão de um investimento sem perda significativa de seu valor. Os ativos são classificados, portanto, em ordem decrescente ao grau de liquidez. Isso quer dizer que os ativos mais líquidos devem ser apresentados primeiro, ou seja, primeiro os que têm maiores condições de serem transformados em dinheiro e, por último, os que têm menor probabilidade. Os valores registrados na conta "caixa" (dinheiro em poder da empresa) são o próprio dinheiro, ou seja, junto com a conta "bancos" representam os ativos mais líquidos. Esses ativos são intitulados disponível. Além do disponível, os investimentos temporários (aplicações financeiras), todos os valores a receber no curto prazo (direitos) e a conta "estoques" integram o ativo circulante. Já o não circulante é composto pelos ativos menos líquidos, ou seja, por aqueles que não se converterão em dinheiro de maneira ágil. Esse grupo mantém ativos com características distintas. Enquanto o realizável a longo prazo tem como característica básica a ideia de realização (recebimento) de um valor decorrente de uma venda, em um prazo mais longo. Por exemplo, no longo prazo, os demais subgrupos (investimentos, imobilizado e intangível) compreendem itens que não se destinam à venda. São bens com vida útil longa. Antigamente (antes da Lei nº 11.638/071), eram conhecidos como ativo permanente. As subdivisões do ativo não circulante: Realizável a longo prazo: compreende os itens que se realizarão no longo prazo, ou seja, em um período superior a um ano. Se a empresa realizar uma venda que será recebida daqui há dois anos, o valor a receber deverá ser classificado nesse grupo. As operações com pessoas ligadas à empresa (empresas coligadas e controladas, proprietários, sócios, acionistas e diretores) e que sejam decorrentes de negócios não usuais são, também, classificadas nesta conta. Por exemplo, se uma empresa concede um empréstimo para uma empresa coligada, esse direito deve ser sempre classificado no longo prazo. Essa é uma determinação da Lei nº 6.404/76. Investimentos: classificam-se neste grupo as contas representativas de bens e direitos que não se destinam à manutenção da atividade da empresa. Seu objetivo principal é a geração de rendimentos. Por exemplo, a compra de ações (participações permanentes) em outras empresas é um investimento, pois não serve à manutenção da empresa e gera rendimentos (ações geram o pagamento de dividendos4). Outros exemplos são obras de arte, terrenos para futura expansão, que também são chamados de terrenos de não uso, e prédios alugados. Imobilizado: representam bens corpóreos (materiais físicos) destinados à manutenção das atividades da empresa. Por exemplo, uma máquina na indústria representa um ativo primordial para a produção de outros bens; as mesas, cadeiras e quadro branco (móveis e utensílios) são essenciais para a realização das aulas em uma faculdade. Outros exemplos são prédios, terrenos, veículos, entre outros. Intangível: "[...] são direitos que tenham como objeto bens incorpóreos [não físicos], isto é, não palpáveis, que não se podem tocar ou pegar, destinados à manutenção da empresa ou exercidos com essa finalidade" (MARION, 2013, p. 70). Como exemplos clássicos desses ativos, temos as marcas e patentes, o software e os chamados fundos de comércio (ponto comercial). Outro bom exemplo de intangível são os direitos cedidos por meio de contratos de licenciamento, como direitos autorais, gravações em vídeos, peças, manuscritos e filmes cinematográficos. Critério de classificação das contas do passivo Os critérios de classificação das contas do passivo são bem mais simples que os do ativo. De acordo com a Lei nº 6.404/76, as contas do passivo devem estar dispostas em ordem decrescente de grau de exigibilidade. O passivo subdivide-se em dois grupos: passivo circulante e passivo não circulante. Grau de exigibilidade se refere ao prazo em que as obrigações devem ser pagas. Um exemplo de fácil entendimento é quanto aos empréstimos e financiamentos. Se o empréstimo adquirido tem de ser mais rápido que o financiamento, então aquele deverá vir registrado primeiro que este. O passivo é o conjunto das contas contábeis que se referem às dívidas com terceiros, podendo ser de curto prazo, as circulantes, ou de longo prazo, as não circulantes. No passivo circulante, são evidenciadas todas as dívidas com terceiros que deverão ser pagas a curto prazo, menos de 12 meses, como dívida com fornecedores, com governo (impostos), com empregados (salários) e com empréstimos (bancos). Já no passivo não circulante são registradas as dívidas da empresa vencíveis no longo prazo, ou seja, em um período superior a 12 meses. Normalmente, se referem a empréstimos e financiamentos obtidos nas instituições financeiras. Critério de classificação das contas do patrimônio líquido A classificação das contas registradas no patrimônio líquido não segue a mesma norma que o ativo, quanto à sua liquidez, ou pelo passivo, quanto ao seu grau de exigibilidade. Sua classificação segue sua norma própria. "No patrimônio líquido, são registrados todos os recursos aplicados pelos proprietários na empresa. Estes normalmente são compostos por capital e lucros retidos, ou seja, a parte dos lucros não distribuída aos donos" (MARION, 2013, p. 72). O patrimônio líquido é formado por um conjunto de contas que registram aqueles valores que pertence aos acionistas ou quotistas. Neste grupo patrimonial é evidenciado o valor que a empresa possui, mas que não está comprometido com o pagamento futuro a terceiros. A Lei nº 11638/2007 define que o patrimônio líquido deve ser formado pelo grupo de contas que registra o valor contábil pertencente aos acionistas ou quotistas. Para as sociedades por ações, a divisão do patrimônio líquido será realizada mediante as seguintes contas: Capital social: a finalidade desta conta é evidenciar esta conta representa o montante que os sócios investiram na empresa para que esta pudesse ser criada. Reservas de capital: as reservas de capital são um grupo de contas que representam os valores patrimoniais que a empresa obteve e que não se relacionam com receitas ou ganhos. Em outras palavras, são valores recebidos pela empresa e que não transitaram pelo resultado, pois não estão relacionados com operações que envolvem entrega de bens ou serviços. Dentro deste grupo de contas temos como exemplos os registros da correção monetária do capital realizado, as doações e as subvenções para investimentos e o produto da alienação de partes beneficiárias. Ajustes de avaliação patrimonial: são valores que resultam de ajustes nos valores de ativos ou passivos, em função do seu valor justo. O valor justo é o valor pelo qual um ativo pode ser trocado ou um passivo pode ser liquidado. Estes ajustes podem aumentar ou diminuir os valores de ativos ou passivos. Reservas de lucros: estas reservas são contas de reservas que foram constituídas a partir de lucros da empresa para poder atender a diferentes finalidades. Exemplos das reservas de lucros são as contas: Reserva Legal, Reserva Estatutária e Reserva para Contingências. Ações em tesouraria: esta conta representa as ações da própria empresa que ela recomprou. Importante reforçar que, por regra geral, as companhias não podem negociar com as suas próprias ações, mas há alguns casos nos quais isto é permitido, tais como as operações de resgate, reembolso ou amortização previstas em lei. Prejuízos acumulados: esta conta representa o valor total que a empresa teve de prejuízo, como consequência de que os valores positivos da demonstração do resultado, ou seja, as receitas e os ganhos foram inferiores ao total de custos e despesas. Isso traz como consequência que a má performance da empresana evolução dos seus negócios tenha um valor negativo dentro da estrutura patrimonial, representada pela conta prejuízos acumulados dentro do patrimônio líquido. Muito importante frisar aqui que para as Sociedades Anônimas de capital aberto não se podem mais constituir a conta de lucros acumulados, pois caso tenham lucro este lucro deverá ter destinações para o pagamento de dividendos e a constituição de reservas. Particularidades de algumas contas contábeis Existem algumas contas contábeis que têm natureza redutora ou retificadora, ou seja, atuam na sua classe de conta patrocinando a sua redução. As contas contábeis de natureza redutora ou retificadora, embora estejam dispostas em determinado grupo patrimonial (ativo ou passivo), têm saldo contrário se analisarmos as demais contas desse grupo. Desse modo, uma conta redutora do ativo terá natureza credora, bem como uma conta redutora do passivo terá natureza devedora. As contas retificadoras reduzem o saldo total do grupo em que aparecem. É importante conhecer essas contas, já que possuem características particulares e que influenciam significativamente seu grupo. Veja a seguir algumas das principais contas redutoras ou retificadoras. Retificadoras do ativo Perdas estimadas em créditos de liquidação duvidosa: esta conta é redutora do "contas a receber". Quando uma empresa vende a prazo, ela corre certo risco de não receber estes valores. Para trazer uma melhor informação contábil, a empresa deve estimar uma perda para subtrair dos valores a receber aquilo que ela acredita que não será recebido. Para evidenciar essa redução, ao ser registrada no balanço patrimonial, essa conta deve ser representada com sinal negativo. Depreciação acumulada: esta conta é redutora do ativo imobilizado. Como já se viu, bens como veículos, móveis e utensílios, máquinas e equipamentos e edifícios representam o imobilizado da empresa. Tais bens, por possuírem uma vida útil limitada, sofrem um desgaste pelo uso ou pela perda de sua utilidade. Certamente esse desgaste irá diminuir o valor desses ativos e essa diminuição é registrada na conta de depreciação acumulada. Deve-se destacar que terrenos não sofrem depreciação. Sendo a depreciação acumulada uma conta redutora do ativo, a sua contrapartida no lançamento contábil é a conta de "despesa com depreciação", sendo uma conta de resultado negativa que representa o valor patrimonial perdido por ocasião da perda de valor do bem do ativo imobilizado. Importante: a depreciação nada mais é que a representação da perda de valor de um bem tangível pelo uso ou pelo passo do tempo (que tem como consequência a sua obsolescência). As taxas de depreciação mais comuns são: Depreciação de móveis: 10% ao ano. Depreciação de máquinas: 20% ao ano. Depreciação de veículos: 10% ao ano. Amortização acumulada: esta conta é redutora do ativo intangível. Ela representa a perda de valor dos ativos intangíveis pelo passo do tempo. Podemos citar como exemplo a conta amortização acumulada de patentes. Sendo a conta patentes uma conta que representa o valor de uma patente adquirida pela empresa, esta patente pode dar à empresa um tempo determinado para usufruir dos benefícios desta patente. Na medida em que o tempo transcorre, a empresa tem menos tempo para usufruir destes benefícios, e a amortização acumulada representa esta diminuição do valor do ativo. Esta conta tem como contrapartida a conta despesa com amortização, que de igual forma que a despesa de depreciação, representa a perda de valor do ativo intangível. Ela evidencia o valor patrimonial perdido em função do tempo transcorrido no uso daquele bem ou direito. Exaustão acumulada: esta conta redutora do ativo, diminui o valor dos ativos relacionados com a exploração mineral ou florestal. À medida que uma jazida, por exemplo, vai sendo explorada, a perda de valor deste ativo será reconhecida na conta exaustão acumulada. Esta conta tem como contrapartida a conta despesa com exaustão, que de igual forma que a despesa de depreciação e despesa de amortização, representa a perda de valor do ativo. Ela evidencia o valor patrimonial perdido em função da exaustão dos recursos minerais ou florestais. Para saber mais, pode consultar neste link da Receita Federal do Brasil, quais são as taxas de depreciação que podem ser utilizados para cada tipo de ativo. <https://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/anexoOutros. action?idArquivoBinario=36085>. Retificadora do patrimônio líquido Capital a integralizar: na conta "capital social" é registrado o investimento realizado pelos sócios na empresa, chamado de capital subscrito. No entanto, parte desse capital pode não ter sido ainda realizado. Essa parcela é registrada na conta "capital a integralizar". Para ficar mais claro, vejamos um exemplo: suponha que os sócios de uma empresa subscrevam um capital de $100.000,00. No entanto, entregam no ato um montante de $80.000,00. Será, portanto, registrado $100.000,00 na conta "capital social" e $20.000,00 na conta "capital a integralizar", com sinal negativo para representar o montante ainda não entregue. Estas são algumas das contas com características especiais (contas retificadoras ou redutoras) e, portanto, existem outras que compõem este rol. Para estruturar o que já foi dito até agora, a tabela a seguir apresenta um balanço patrimonial com seus grupos de contas e seus respectivos conceitos de maneira resumida. TABELA 5 - Estrutura patrimonial Fonte: Elaborada pelo autor, 2018. Videoaula: Balanço Patrimonial Técnica dos balanços sucessivos Bem, agora que conhecemos qual o conceito e a importância do balanço patrimonial, necessitamos aprofundar em qual a utilidade que esta demonstração tem para a rotina da contabilização. Balanço patrimonial - parte 2 from EAD ANIMA 09:44 De fato, esta metodologia pode ser considerada como simples, em comparação a outros procedimentos contábeis, já que consiste em elaborar um balanço após cada operação. Assim, cada vez que a entidade realizar uma operação, ela elabora o balanço patrimonial imediatamente após a operação para evidenciar as modificações nos três grupos do balanço patrimonial (ativo, passivo e patrimônio líquido), desta forma, é possível verificar se ambos lados do balanço patrimonial mostram os mesmos valores monetários. Importante: Qual a vantagem desta técnica? A vantagem é que, caso tenha acontecido um erro no lançamento do fato contábil, ele será rapidamente identificado, pois evidenciará uma desigualdade entre o valor de ambos lados do balanço, permitindo que os erros sejam corrigidos antes de continuar com as demais contabilizações dos diversos fatos contábeis. Equação fundamental do patrimônio Aqui apresentamos um conceito de fundamental importância para o estudo da contabilidade. Este conceito é o da equação fundamental do patrimônio, que aponta que o ativo é igual ao passivo mais o patrimônio líquido. Isto posto e aceitando como verdadeira esta equação, podemos concluir que: (1º) a empresa aplica somente porque não tem outra fonte daquilo que está na origem dos recursos e (2º) o saldo total de sua aplicação de recursos (ativo) será sempre o mesmo que a origem de seus recursos (passivo + patrimônio líquido). Portanto, é possível concluir algebricamente, por meio da equação contábil básica: Ativo = Passivo + Patrimônio Líquido. A partir desta equação é fácil entender como podemos calcular os outros elementos patrimoniais, simplesmente trocando de lugar cada elemento na equação original. Para calcular o valor do patrimônio líquido, basta calcular: Ativo - Passivo = Patrimônio Líquido. Para calcular o valor do passivo basta calcular: Passivo = Ativo - Patrimônio Líquido. Vamos dar um exemplo: Suponha que uma empresa tem em ativos um valor de R$100,00,composto por dinheiro e um carro, contudo esta empresa tem uma dívida de R$20,00 com um fornecedor. Diante disto, caso seja perguntado qual o valor do patrimônio líquido desta empresa, basta aplicar a equação contábil básica: Ativo = Passivo + Patrimônio Líquido. R$100,00 = R$20,00 + Patrimônio Líquido. Ativo - Passivo = Patrimônio Líquido. R$100,00 - R$20,00 = R$80,00. Assim chegamos à conclusão que o valor do patrimônio líquido desta empresa não poderia ser outro que R$80,00. Importante: Observe que a equação fundamental do patrimônio também pode ser denominada como equação contábil básica, ou também como simplesmente equação patrimonial. Em diversos livros didáticos os autores podem utilizar estas denominações diferentes, mas todas apontam ao mesmo conceito: a igualdade dos valores monetários entre ambos lados do balanço patrimonial. Configuração do estado patrimonial Até agora vimos que o patrimônio, seja de uma pessoa física ou jurídica (entidade empresarial), não é estático. Mais precisamente, nas empresas várias são as operações e os acontecimentos que provocam alterações qualitativas e/ou quantitativas no patrimônio, o que denominamos fatos contábeis. Com a contabilização destes fatos contábeis, é natural que o balanço patrimonial seja alterado em função de cada fato contábil, certo? Pois bem, como consequência teremos que os valores dos ativos, passivo e patrimônio líquido sejam alterados com os eventos. Esta alteração terá como consequência a cada fato contábil registrado possamos ter uma configuração do estado patrimonial diferente após cada lançamento contábil. Certamente você já deve estar se perguntado o que é a configuração do estado patrimonial. Esta configuração do estado patrimonial nada mais é que uma relação lógica entre os três grupos patrimoniais (ativo, passivo e patrimônio líquido), pelo qual podemos encontrar quatro situações diferentes. A seguir explicaremos cada uma delas. As situações em que se pode encontrar um patrimônio, com relação à sua estrutura: ativo, passivo e patrimônio líquido. 1º) Ativo = Patrimônio líquido Portanto, passivo = 0, isto é, inexistência de obrigações com terceiros. 2º) Ativo > Passivo Portanto, patrimônio líquido > 0, ou seja, parte dos recursos que financiam os ativos é proveniente do capital de terceiros e parte oriunda do capital próprio. 3º) Ativo = Passivo Portanto, patrimônio líquido = 0 refere-se à inexistência de capital próprio, todos os ativos são financiados por terceiros. 4º) Passivo > Ativo Portanto, patrimônio líquido < 0, é a situação denominada de PASSIVO A DESCOBERTO. Caso a empresa encerre suas atividades, não possuirá ativos suficientes para liquidar suas obrigações com terceiros. Representação gráfica Sabemos que o balanço patrimonial se refere a um equilíbrio quantitativo entre os valores das contas representadas pelo ativo, e o somatório das contas representadas pelo passivo e pelo patrimônio líquido. Pois bem, este equilíbrio, que muitas vezes pode ser denominado como equilíbrio entre o lado direito e esquerdo do balanço patrimonial, pode ser representado de forma gráfica, ilustrando essa igualdade na representação do balanço patrimonial. Para elaborar o balanço patrimonial na sua representação gráfica, vamos considerar uma situação na qual uma empresa esteja sendo constituída. Esta é a oportunidade que temos de poder colocar em prática todos os conceitos que temos aprendido até agora. Na sequência consideraremos uma série de operações subsequentes à abertura de uma empresa, preparando um balanço patrimonial após cada uma destas operações. Lembra como se chama a técnica de elaborar um balanço após cada lançamento? A técnica se denomina técnica dos balanços sucessivos. Nesta técnica temos de observar que os saldos totais de cada lado do balanço patrimonial serão sempre iguais. Também relembraremos a equação fundamental do patrimônio (A=P+PL) e, por fim, representaremos graficamente o balanço patrimonial, elencando as contas do ativo do lado esquerdo com as contas do passivo e patrimônio líquido do lado direito, evidenciando o equilíbrio patrimonial. Para isso, vamos agora a desenvolver uma série de operações. 1ª operação - Subscrição do capital social Suponha que João e José resolvam constituir uma empresa denominada JJ Ltda. Para tal, ambos decidem investir um montante de $200.000,00. O valor inicial investido pelos sócios é denominado capital nominal, ou capital social. É necessário formalizar o contrato social5 no qual é estabelecido o compromisso de entregar (integralizar) esse montante em dinheiro. A empresa, do ramo de beleza e estética, foi constituída em 01-01-X. Na tabela temos a representação gráfica do balanço patrimonial. TABELA 6 - Balanço patrimonial JJ Ltda. em 01-01-X em $ Fonte: Elaborada pelos autores, 2018. Explicação dos registros A entidade recebe um ativo em dinheiro (caixa) no valor de $200.000,00. Todos os recursos investidos pelos sócios (inicial ou investimentos posteriores) são registrados como capital social. Esse valor, que passou das mãos da pessoa física para a pessoa jurídica, forma o patrimônio líquido, ou seja, a riqueza líquida da empresa. Os investimentos realizados pelos sócios têm como finalidade possibilitar o início e também a continuidade das operações da empresa, para que esta possa render lucros. Logo, os lucros (e também os prejuízos) pertencem aos donos do capital e, portanto, farão parte do patrimônio líquido. O chamado capital próprio corresponde ao conceito de patrimônio líquido, que inclui os capitais investidos (capital social) e suas variações (lucros ou prejuízos). 2ª operação - Aquisição de um imóvel A empresa adquire em 10-01-X um imóvel no qual funcionarão suas operações, no valor de $150.000,00 à vista. A empresa ganha um ativo (imóvel), mas o saldo de seu caixa será reduzido em função do pagamento ser à vista. Na tabela temos a representação gráfica do balanço patrimonial. TABELA 7 - Balanço patrimonial JJ Ltda. em 10-01-X em $ Fonte: Elaborada pelos autores, 2018. 3ª operação - Aquisição de um veículo Os sócios decidiram, em 20-01-X, adquirir um veículo para utilizar na operação da empresa, seja para fazer o transporte das compras, seja para fins de divulgação do negócio. O veículo foi adquirido por $30.000,00 à vista. A representação gráfica do balanço patrimonial passará a ser como apresentado a seguir. TABELA 8 - Balanço patrimonial JJ Ltda. em 10-01-X em $ Fonte: Elaborada pelo autor, 2018. 4ª operação - Aquisição de matérias-primas Para que o negócio possa funcionar, é necessário adquirir produtos de beleza em geral, que constituirão seus estoques. Suponha que em 25-01-X esses materiais tenham sido adquiridos por um valor de $5.000,00 a prazo. Assim, a empresa adquiriu mais um bem, mas em contrapartida deve registrar também uma obrigação com fornecedores, já que não haverá desembolso de imediato. Na tabela temos a representação gráfica do balanço patrimonial. TABELA 9 - Balanço patrimonial JJ Ltda. em 25-01-x em $ Fonte: Elaborada pelo autor, 2018. Por meio dessa sequência de balanços, se pode perceber que o início da empresa se deu com a constituição do capital social, cujo recurso foi aplicado na conta caixa. Portanto, entende-se que o recurso aplicado no Caixa teve sua origem no Capital Social. Da mesma forma, os recursos aplicados na aquisição dos estoques tiveram como origem os fornecedores. Vamos a mais uma operação, mas desta vez observe que haverá aumento do patrimônio líquido. 5ª operação - Aquisição de veículo Em 30-01-X, os sócios decidiram vender o veículo por terem observado que essa aquisição foi desnecessária para o tamanho da operação do salão. O veículo foi adquirido por $30.000,00 e foi vendido por um valor um pouco superior, $32.000,00 a prazo.Nessa operação, observamos que a empresa perde um bem, mas ganha um direito em consequência de o comprador não ter efetuado o pagamento à vista. Ambos, como se observa, do ativo. Como o valor de venda foi superior ao valor de compra, surge a figura do lucro. Mas onde e como se registra o lucro? Mais uma vez precisaremos recorrer ao conceito de patrimônio líquido (PL). Como visto, o PL representa o capital próprio da empresa. Quando os sócios investem capital na empresa, a integralização deste valor aumenta o patrimônio líquido. Uma outra forma de aumentar o patrimônio líquido é a partir da existência dos lucros. Os lucros também pertencem aos sócios, mas quando não distribuídos ficam retidos na empresa como fonte adicional de financiamento. Na tabela visualizamos a representação gráfica do balanço patrimonial. TABELA 10 - Balanço patrimonial JJ Ltda. em 30-01-x em $ Fonte: Elaborada pelos autores, 2018. Entre os apontamentos das regras contábeis, há uma considerada muito interessante e que vale a pena observarmos: em caso de necessidade de fechamento de uma empresa, por motivo de falência, concordata ou simplesmente por mudança de ramo, os últimos a serem ressarcidos pelos recursos aplicados são os sócios. Videoaula: Formação do patrimônio e suas variações Origem e aplicação dos recursos Ao analisar o balanço, é necessário ter em mente duas relações, são elas: (i) a origem dos recursos, melhor explicando, todas as fontes de recursos ou são oriundas de capital de terceiros (passivo exigível) e de capital próprio (patrimônio líquido); e (ii) a aplicação destes recursos está única e exclusivamente no ativo (IUDÍCIBUS; MARION, 2011). Podemos perceber também, em função dos lançamentos realizados no tópico anterior, que todos os recursos aplicados no ativo foram originados do passivo e no patrimônio líquido. Cabe, então, dizer que o ativo é considerado uma aplicação de recursos, ou seja, o modo como a empresa aplicou seu dinheiro. Por outro lado, o passivo e o patrimônio líquido, são considerados origens de recursos. Temos, então, duas origens de recursos: uma própria, oriunda do capital social (valores que os sócios colocaram inicialmente na empresa); e outra de terceiros, quando se adquiriu a prazo mercadorias para estoque, ou seja, a empresa ficou devendo o fornecedor. Portanto, podemos afirmar que existe um equilíbrio, isto é uma igualdade entre a aplicação e a origem dos recursos. Desta forma, tem-se: FIGURA 7 - Origem e aplicação de recursos Fonte: Elaborada pelo autor, 2018. Chegou o momento de relembrar alguns conceitos e relações aprendidas nesta unidade. Patrimônio: conjunto de bens, direitos e obrigações. Ativo: conjunto de bens e direitos. Representa as aplicações de recursos da entidade. Passivo: obrigações/exigíveis que a empresa tem com terceiros. Representa fonte de financiamento e é denominado também origem de recursos de terceiros. Patrimônio líquido: valor residual resultante da diferença entre o ativo e o passivo. Em um outro ponto de vista, o patrimônio líquido representa fonte de recursos proveniente do capital próprio ou dos sócios. É denominado também origem própria de recursos. O balanço patrimonial é uma demonstração contábil, portanto, um relatório estático na qual apresenta o patrimônio da entidade em determinado momento. O nome de balanço vem do equilíbrio entre ativo e passivo. Formação do patrimônio e suas variações from EAD ANIMA 06:48 Chegamos ao final desta unidade e mais alguns tijolos foram colocados na construção da casa. Foi muito bom! Bom estudo e até a próxima. Videoaula: Elementos patrimoniais Elementos patrimoniais from EAD ANIMA 08:23 Conclusão da unidade de ensino