Buscar

Processo Administrativo e Bens públicos - Direito Administrativo em questões

Prévia do material em texto

CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS PARA O TCU 
PROFESSOR SANDRO BERNARDES 
www.pontodosconcursos.com.br 1
Aula 9 – Processo Administrativo e Bens Pùblicos 
 
Olá, amigos, tudo bem? Essa é a última aula deste nosso primeiro curso 
on line de exercícios no PONTO. Mas não é motivo para choro. Aliás, o 
tempo urge! Então, na aula de hoje veremos os dois últimos temas: 
processos administrativos e bens públicos. Por conta disso, a aula é 
dividida em duas partes, relacionadas a cada um dos assuntos que 
iremos abordar. Ah – aviso: em algumas questões, sobretudo as 
referentes aos bens públicos, vocês perceberão uma maior objetividade 
nas respostas. Isso ocorre em razão dos conhecimentos adquiridos nas 
aulas anteriores e pela tradicional abordagem do conteúdo em provas do 
TCU. Como muitos conhecimentos básicos já foram expostos, é 
desnecessário repeti-los. Vamos à aula! 
 
PARTE I – PROCESSOS ADMINISTRATIVOS 
1 - (2003/CESPE/AGU) Em face da atual distribuição de competência 
na Constituição da República, cabe à União legislar acerca de processo 
administrativo para si própria e para os demais entes da Federação. 
Gabarito: Errado 
Tema: Processo Administrativo – âmbito de aplicação da Lei 9.784/99 
Comentários: 
Esta questão serve, diante mão, para fixarmos a área de abrangência da 
Lei que, basicamente, será objeto de estudo desta aula: a 9.784/99. 
Como sabemos, os entes da federação possuem competência para se 
auto-organizar, ou seja, são autônomos, nos termos da CF/88 (art. 18). 
Assim, cada um destes tem competência para legislar sobre algumas 
matérias referentes quanto ao seu próprio funcionamento, como 
servidores públicos e processos administrativos. Em razão disso, a União, 
quando cria, por exemplo, sua própria norma a respeito de servidores, 
tal norma não se estenderá, automaticamente, aos estados e aos 
municípios da Federação. Estes (estados e municípios), bem como o DF, 
estabelecem suas próprias normas (leis) a respeito de servidores. É o 
que ocorre com a Lei 8.112/90, por exemplo, que vale tão só para 
servidores FEDERAIS. Nessa mesma linha, a Lei 9.784/99 vale tão só 
para a UNIÃO FEDERAL, não se estendendo aos demais integrantes da 
Federação. 
 
2 - (2007/CESPE/TCE-GO/Procurador) Na Lei do Processo 
Administrativo (Lei n.º 9.784/1999), são definidas regras aplicáveis a 
praticamente todas as atividades administrativas e não necessariamente 
relacionadas ao processo administrativo. Regras básicas relacionadas a 
anulação, revogação e convalidação dos atos administrativos, por 
exemplo, que não mantêm pertinência direta com o processo 
administrativo, estão previstas na mencionada lei. 
Lucas Rocha Furtado. Curso de direito administrativo. 
Belo Horizonte: Fórum, 2007, p. 1.212 (com adaptações). 
(2007/CESPE/TCE-GO/Procurador) Institui normas básicas sobre o 
processo administrativo no âmbito da União, dos estados, do DF e dos 
CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS PARA O TCU 
PROFESSOR SANDRO BERNARDES 
www.pontodosconcursos.com.br 2
municípios, visando, em especial, à proteção dos direitos dos 
administrados e ao melhor cumprimento dos fins da administração. 
Gabarito: Errado 
Tema: PROCESSO ADM – ÂMBITO DE APLICAÇÃO DA LEI 9.784/99 
Comentários 
Como vimos na questão anterior, a União institui suas próprias normas a 
respeito dos seus processos administrativos. Nesse sentido, foi editada a 
Lei 9.784/99, que institui normas básicas sobre o processo 
administrativo no âmbito da Administração Federal direta e indireta, 
visando, em especial, à proteção dos direitos dos administrados e ao 
melhor cumprimento dos fins da Administração (art. 1º da Lei 9.784/99). 
BIZU: a Lei 9.784/99, chamada de “geral dos processos administrativos 
federais” vale para Administração Indireta também. Além disso, vale 
para todos os poderes, no desenrolar de processos administrativos. 
Vejam o que diz o § 2º da citada norma: Os preceitos desta Lei também 
se aplicam aos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário da União, 
quando no desempenho de função administrativa. Assim, a questão 
estaria resolvida: a Lei 9.784/99 vale para a Administração Direta e 
Indireta, para todos os Poderes, no que diga respeito aos processos 
administrativos que sejam desenvolvidos, MAS NÃO VALE PARA OS 
ESTADOS, MUNICÍPIOS E PARA O DISTRITO FEDERAL. Logo, ERRADO O 
ITEM. Mas sigamos com alguns comentários úteis 
Etimologicamente, processo indica algo que caminha para adiante, 
voltado para objetivo certo. 
Juridicamente, processo normalmente é visto como algo relacionado, à 
função jurisdicional, ou seja, é instrumento da jurisdição, por intermédio 
do qual os magistrados (ou Tribunais) resolvem litígios entre os 
interessados. Todavia, na esfera administrativa, também temos 
processos, os quais, pelas suas peculiaridades, devem ser diferenciados 
com relação aos processos judiciais. 
Os processos judiciais contêm o exercício da função jurisdicional, 
sempre, na relação havida, havendo o conflito de interesses. A relação é 
trilateral, dada a existência de partes diferentes, além da presença do 
“Estado-Juiz”, ao qual incumbe a tutela jurisdicional (noutras palavras, 
resolver o problema). No processo administrativo nem sempre ocorrerá 
conflito a ser resolvido (Obs: no judiciário também, a chamada jurisdição 
voluntária), e, por vezes, o processo administrativo implica mero 
desempenho de atividade administrativa, como nos processos 
administrativos licitatórios (que já estudamos, inclusive). 
Diferentemente dos processos judiciais, os processos administrativos, 
quase sempre, são “bilaterais”, dado que, havendo conflito, de um lado 
estará o interessado e de o outro o Estado, o qual será parte e “juiz”. De 
fato, ao lembrarmos dos Processos Administrativos Disciplinares, que 
estudamos na aula referente aos agentes públicos, recordaremos que 
nestes (os PAD’s), a Administração Pública, que integra a relação como 
parte interessada, é que “dirá o direito”, ou seja, tomará a decisão 
quanto à responsabilidade do servidor potencialmente infrator. 
CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS PARA O TCU 
PROFESSOR SANDRO BERNARDES 
www.pontodosconcursos.com.br 3
Ressaltamos, ainda, que o processo judicial culmina em uma decisão que 
restará imodificável e definitiva. Já no processo administrativo, as 
decisões decorrentes poderão ainda ser questionadas no Poder Judiciário, 
ante o princípio da inafastabilidade de jurisdição, estabelecido no inc. 
XXXV do art. 5º da CF/88 (a lei não excluirá da apreciação do Poder 
Judiciário lesão ou ameaça a direito). Lembramos, por oportuno, que o 
Poder Judiciário não possui um “amplo e irrestrito” poder par adentrar no 
exame das decisões proferidas em processos administrativos. Apenas 
para ilustrar: O Judiciário não pode invadir o mérito das decisões 
administrativas (aula de atos administrativos), por mais que tenha 
legitimidade para apreciar os atos dessa natureza, quando demandado a 
tanto. 
É útil destacarmos que, ADMINISTRATIVAMENTE, é indistinto utilizarmos 
os termos processos ou procedimentos administrativos. Dessa forma, 
podemos falar processo licitatório ou procedimento licitatório. Ambas as 
formas estão corretas. 
Todavia, na esfera judicial, as expressões (processo e procedimento) 
guardam distinções. O procedimento, judicialmente, constitui um 
conjunto de formalidades e medidas que deve se observado para a 
prática de certos atos; equivale a rito, a forma de proceder. Os 
procedimentos, portanto, desenvolvem-se dentro dos processos, via de 
regra (há exceções, desnecessárias para o presente curso). Dessa forma, 
judicial, procedimento é INSTRUMENTAL, enquanto processo é meio para 
a tomada de decisão jurisdicional. Por fim, para fins de fixação, é 
possível conceituar processo (ou procedimento) administrativo como 
uma série de atos tendentes a umresultado final único pretendido pela 
Administração Pública, com vistas ao melhor atendimento do interesse 
público. 
Ah – uma última nota: o item é perfeito quando cita que muitos 
institutos são colocados na Lei 9.784/99, como anulação, revogação, 
convalidação, etc. Alguns, por já terem sido estudados em nossas aulas 
antes não serão novamente abordados aqui. Outros serão vistos mais 
adiante. 
 
3 - (2007/CESPE/TCE-GO/Procurador) Não tem nenhuma aplicação 
nos processos dos tribunais de contas, visto que a própria lei exclui a sua 
aplicabilidade aos processos administrativos específicos, regidos por 
legislação própria. 
Gabarito: Errado 
Tema: PROCESSO ADM – ÂMBITO DE APLICAÇÃO - APLICABILIDADE 
AOS TC’S 
Comentários 
Como vimos na questão anterior, vimos que a Lei 9.784/99 aplica-se a 
toda Administração Pública FEDERAL, no desenrolar de processos 
administrativos. Mas, tendo com conta o nosso objetivo (o concurso do 
TCU), a dita norma é aplicada também ao TCU? A resposta é positiva e, 
daí, incorreção do item. Contudo, algumas observações merecem feitas. 
CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS PARA O TCU 
PROFESSOR SANDRO BERNARDES 
www.pontodosconcursos.com.br 4
É sabido por nós que o TCU tem sua própria Lei Orgânica, a Lei 
8.443/92. Dentre outras disposições, esta última norma cuida dos 
processos típicos do Tribunal. Estes processos são chamados por nós no 
Tribunal de “processo de controle”, sendo o mais conhecido o de contas, 
“ordinárias” – as anuais, ou as “especiais”, instauradas em razão da 
ocorrência de um dos fatos previstos no art. 8º da Lei 8.443/92). Os 
processos do TCU, no exercício de suas competências, têm natureza 
ADMINISTRATIVA, ainda que de colorido quase-jurisdicional, como de 
vez em quando o STF ressalta. 
Há uma antiga regra jurídica que diz entre o geral e o específico, o 
específico. Assim, entre normas gerais e específicas, aplicam-se, 
prevalentemente, as específicas. Desse modo, aos processos do TCU 
aplica-se, PREVALENTEMENTE, a sua própria Lei Orgânica, que cuida dos 
processos da Corte de Contas Federal. Mas, então, não se aplica à Lei 
9.784/99 ao TCU? SIM, mas apenas SUBSIDIARIAMENTE. Ou seja, não 
havendo resposta na Lei Específica, busca-se na Lei Geral do Processo 
Administrativo Federal, à qual não é imune o TCU. Nesse sentido é a 
Jurisprudência do STF, que citamos para ilustrar (MS 23.550/STF): de 
qualquer modo, nada exclui os procedimentos do Tribunal de 
Contas da aplicação subsidiária da lei geral de processo 
administrativo federal (Lei 9.784/99), que assegura aos 
administrados, entre outros, o direito a 'ter ciência da tramitação dos 
processos administrativos em que tenha a condição de interessado, ter 
vista dos autos (art. 3º, II), formular alegações e apresentar 
documentos antes da decisão, os quais serão objeto de consideração 
pelo órgão competente (o grifo é nosso). 
Então, fica a informação: A APLICAÇÃO DA LEI 9.784/99 É 
SUBSIDIÁRIA AOS PROCESSOS TÍPICOS DO TCU, CUJA MATÉRIA É 
OBJETO DE DISCIPLINAMENTO ESPECÍFICO NA LEI 8.443/93, ORGÃNICA 
PARA O TRIBUNAL. 
 
4 - (2004/CESPE/Juiz Federal) A relação trilateral do processo 
judicial e a relação bilateral do processo administrativo, bem como a 
inércia do Poder Judiciário versus a oficialidade da administração, 
caracterizam diferenças entre esses dois tipos de processo. Quanto às 
semelhanças, uma delas consiste em que nem todos os atos de um e de 
outro precisam de motivação expressa. 
Gabarito: Certo 
Tema: Processo Administrativo 
Comentários: 
Bom, alguns pontos desta questão vimos na questão ou em aulas 
anteriores. Recordemos: 
I) Relação trilateral dos processos judiciais X bilateralidade dos processos 
administrativos: nos primeiros, a relação processual é formada por 
partes e Juiz, daí sua relação trilateral, ou “angular”, vez que teremos 
uma “pirâmide” formada (parte; parte; Juiz). Nos últimos, os 
administrativos, os processos, em regra, são 
CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS PARA O TCU 
PROFESSOR SANDRO BERNARDES 
www.pontodosconcursos.com.br 5
“lineares”, ou seja, teremos o(s) interessado(s) de um lado e a 
Administração Pública de outro. 
II) Inércia do Poder Judiciário, nos processos judiciais X Oficialidade dos 
processos administrativos: nos processos ocorridos no âmbito judicial o 
impulso processual, via de regra, é de incumbência das partes, as quais 
devem tomar providências para a movimentação do processo, restando 
graves conseqüências para a parte que permaneça inerte. Diz-se, então, 
que Juiz se move em razão do “impulso das partes”, daí sua inércia: se 
não for provocado, nada fará, em regra. Já nos processos 
administrativos, o impulso (andamento) do processo, ainda que 
provocado pelo particular, compete à Administração, uma vez que esta 
tem o dever de tutelar o interesse público, independente do interesse 
daquele particular responsável pela “provocação” que resultou na 
instauração do processo administrativo. Essa interessante situação, de a 
Administração ser responsável pelo andamento do processo, gera uma 
curiosa situação: e se uma pessoa que tenha demandado a 
Administração desistir do processo? Este seria encerrado? A resposta é 
NÃO, NECESSARIAMENTE. Vejamos qual a razão. 
De acordo com o art. 51 da Lei 9.784/99, o interessado pode desistir, 
por escrito, total ou parcialmente da pretensão inicialmente contida no 
processo ou mesmo renunciar a direitos disponíveis. Tal situação (de 
desistência), todavia, não prejudica o prosseguimento do trâmite do 
processo, caso a Administração conclua que a matéria tratada seja de 
interesse público. Um exemplo: imagine que o amigo leitor seja servidor 
do TCU. Um dia qualquer, num bate-papo com os outros colegas de 
turma do TCU, chega à conclusão que tem direito a uma gratificação que 
não vem recebendo. Daí, entra com um processo administrativo junto ao 
Tribunal para ver reconhecido o direito. Só que, noutro bate-papo, 
alguém passa o bizu: rapaz, sabe aquela gratificação que nós estamos 
pleiteando, o pessoal da Receita Federal [é só um exemplo...] perdeu em 
um processo igualzinho ao nosso! Você, então, pensa: será que dá pra 
nós desistirmos? A resposta [infelizmente para o pleiteante] é você pode 
até desistir, mas isso não encerra, de imediato, o processo 
administrativo, por duas razões: primeiro, em razão do princípio do 
impulso oficial, que determina que o processo tem seu andamento feito 
pela própria Administração, ainda que instaurado em razão de 
provocação do particular; segundo, por conta do princípio da verdade 
material, que determina que se apure o que realmente ocorreu, os fatos 
reais (voltaremos a este último na questão abaixo). 
Ressaltamos, por oportuno, que o processo administrativo, de acordo 
com a Lei 9.784/99 (art. 52), poderá ser declarado extinto pelo órgão 
competente quando exaurida a finalidade do feito ou o objeto da decisão 
venha se tornar impossível, inútil ou prejudicado por fato superveniente. 
Destacamos, ainda, que doutrinadores de peso dizem que a adoção do 
princípio do impulso oficial no processo administrativo tem por objetivo 
proporcionar maior agilidade ao feito, dado que o andamento deste não 
depende da iniciativa de terceiros, mas sim da própria Administração. 
CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS PARA O TCU 
PROFESSOR SANDRO BERNARDES 
www.pontodosconcursos.com.br 6
III) Motivação dos atos processuais: também já visto na aula 1 do curso, 
mas recordar é viver... 
Motivar significa expor pressupostos de fato e de direito que suportaram 
a prática do ato. A Lei 9.784/99 aponta em seu art. 50 situações em que 
obrigatória a motivação dos atos administrativos, tal como se vê: 
Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação 
dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: 
I - neguem, limitem ou afetemdireitos ou interesses; 
II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções; 
III - decidam processos administrativos de concurso ou seleção pública; 
IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório; 
V - decidam recursos administrativos; 
VI - decorram de reexame de ofício; 
VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou 
discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais; 
VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de ato 
administrativo. 
A Lei indica, ainda, que a motivação deve ser explícita, clara e 
congruente, podendo consistir em declaração de concordância com 
fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou 
propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato e que, na 
solução de vários assuntos da mesma natureza, pode ser utilizado meio 
mecânico que reproduza os fundamentos das decisões, desde que não 
prejudique direito ou garantia dos interessados. 
Observe-se que não são todos os atos que exigem motivação, ainda que 
seja desejável a realização desta. De fato, certos atos não necessitam de 
motivação. O mais clássico exemplo é a nomeação e exoneração ad 
nuttum de servidor para cargos em comissão. Contudo, afirme-se que, a 
despeito de nem sempre exigirem motivação, todos os atos 
administrativos, vinculados ou discricionários, não dispensam a 
existência de motivo, que é diverso da motivação. Motivo é ELEMENTO 
do ato, por isso, sempre presente nestes; motivação é o DEVER DE 
EXPOR OS MOTIVOS, e nem sempre será obrigatória. Mesmo em atos 
integrantes de processos judiciais, em alguns casos, será desnecessária 
a motivação expressa, como em atos de mero expediente, como nos 
“encaminhe-se para conhecimento” ou nos “para providências de 
ordem”, muitas vezes determinados pelos Juízes ou Tribunais Judiciais 
sem a necessidade de motivação expressa. 
 
 
 
5 - (2005/MP/MT) Com a promulgação da Lei n.º 9.784/1999, todo o 
processo administrativo passou a ser exaustivamente regulado por suas 
disposições. Uma das características desse processo é a gratuidade, 
ressalvada a possibilidade de a administração cobrar o ressarcimento de 
certos custos, como o de extração de cópias. Gabarito: ERRADO 
Tema: Processo Administrativo – normas de regência 
Comentários: 
CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS PARA O TCU 
PROFESSOR SANDRO BERNARDES 
www.pontodosconcursos.com.br 7
Este item é fácil, a partir dos comentários às duas questões anteriores: 
os processos administrativos ESPECÍFICOS (como os de PAD e os de 
Licitações, por exemplo) são regidos por suas próprias normas 
ESPECÍFICAS. A aplicação da Lei 9.784/99 é SUBSIDIÁRIA a tais 
processos. Daí, incorreto o item que diz que TODO processo 
administrativo passou a ser exaustivamente regido pela Lei 9.784/99. 
Ademais, lembramos que Estados, Municípios e DF, em razão da 
autonomia que possuem, têm (ou podem ter) suas próprias normas a 
respeito de processos administrativos. Assim, outro equívoco na questão. 
Todavia, o item aponta a gratuidade como uma característica dos 
processos administrativos. Nesse ponto, o examinador está coberto de 
razão. Aproveitemos, então, para transpor o inc. art. 2º da Lei 9.784, 
que assim estabelece: 
Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre 
outros, os critérios de: 
(...) 
XI - proibição de cobrança de despesas processuais, ressalvadas as 
previstas em lei 
Interessante anotar que o STF tratou da gratuidade em processos 
administrativos em duas Adin’s apreciadas em conjunto, a 1.976 e a 
1.922. A questão essencial tratava da possibilidade (ou necessidade) de 
depósito de valores (ou arrolamento de bens) para que um interessado 
pudesse recorrer administrativamente. 
Na oportunidade, o STF entendeu que tal providência (exigência de bens 
arrolados ou de depósito de recursos) criaria um obstáculo injustificável 
para a impetração do recurso administrativo, mudando, totalmente, a 
posição do STF. Dessa forma, devemos levar para a prova o seguinte 
entendimento: É INCONSTITUCIONAL A EXIGÊNCIA DE DEPÓSITO DE 
RECURSOS FINANCEIROS OU ARROLAMENTO DE BENS PARA QUE 
ALGUÉM POSSA APRESENTAR UM RECURSO ADMINISTRATIVO. 
Mas, então, quais seriam as despesas processuais citadas na Lei 
9.784/99 cuja cobrança é permitida? As referentes a cópias do processo 
e outras assemelhadas, por exemplo. Mas não a cobrança de depósito de 
recursos financeiros ou a necessidade de arrolamento de bens. 
 
6 - (2005/CESPE/TJ-CE/Juiz) Uma decisão administrativa, mesmo 
que não fira norma jurídica expressa, pode ser inválida se, por exemplo, 
não guardar relação adequada entre os meios que elegeu e os fins a 
serem perseguidos pela administração. 
Gabarito: Certo 
Tema: Processo Administrativo – princípios aplicáveis 
Comentários: 
A resposta a este item é simples, ao recordarmos o princípio da 
proporcionalidade, que estudamos na (já saudosa) aula 1, referente ao 
regime jurídico administrativo. Lembremos, pois, a conceituação do 
princípio: ADEQÜABILIDADE ENTRE OS MEIOS UTILIZADOS E OS FINS 
PRETENDIDOS. Se a conduta do Administrador não respeita tal relação, 
será excessiva, portanto, desproporcional. A idéia central da 
CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS PARA O TCU 
PROFESSOR SANDRO BERNARDES 
www.pontodosconcursos.com.br 8
proporcionalidade é que todos só são obrigados a suportar restrições em 
sua liberdade ou propriedade de iniciativa da Administração Pública se 
imprescindíveis ao atendimento do interesse público. Dessa forma, é 
possível, sim, invalidar-se (anular-se) uma decisão administrativa 
quando não respeitada a necessária proporcionalidade que deverá 
orientar as condutas administrativas. 
 
7 - (2005/CESPE/ANCINE/Advogado) No processo administrativo, 
se excluídas a delegação e a avocação, a competência é irrenunciável 
Gabarito: CERTO 
Tema: Processo Administrativo – Delegação X Avocação de 
competências 
Comentários: 
Em realidade, o assunto “delegação e avocação” diz respeito a um 
elemento dos atos administrativos: A COMPETÊNCIA. Por que, então, 
inserido tal assunto na Lei Geral dos Processos Administrativos Federais? 
Por que estes são formados por uma série de ATOS administrativos. 
O tema é tratado, no essencial, do art. 11 ao 17, na Lei 9.784/99, a qual 
estabelece, de plano, a irrenunciabilidade da competência, a qual deve 
ser exercida, portanto, a quem foi atribuída, ressalvas feitas às 
possibilidades de delegação e avocação. 
Interessante destacarmos a (péssima) construção do item, que dá a 
idéia de renúncia no caso de delegação e avocação de competências. Na 
realidade, a idéia é equivocada. Veremos os motivos, mas, antes, é 
necessária a citação do art. 11da Lei 9.784/99, que assim dispõe: 
A competência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos administrativos a 
que foi atribuída como própria, salvo os casos de delegação e avocação 
legalmente admitidos. 
A leitura do dispositivo reconstruído fica assim: A competência para a 
prática de atos em processos administrativos deve ser exercida pelos 
órgãos a que foi atribuída como própria, permitindo-se a delegação e 
avocação nos casos juridicamente admissíveis. Todavia, não se permite 
renúncia de competência, uma vez que isso seria como renunciar ao 
interesse público. 
Como vocês perceberam, o item que estamos analisando é dúbio em sua 
redação, e, certamente, poderia ter sido objeto de recurso junto à banca, 
pleiteando sua anulação. Todavia, certamente, não houve recurso. Daí, a 
manutenção do gabarito. BIZU: na prova do TCU, se tiverem dúvida nas 
questões de ADMINISTRATIVO mandem-nos para aferirmos a 
possibilidade de recursos. Se couber algum, nós o faremos. O CESPE, se 
nós tivermos com a razão, costuma acatar os recursos feitos. Mas 
sigamos com a questão, por enquanto, torcendo para que não sejam 
necessários tais recursos...Um órgão administrativo e quem o titulariza podem, desde que não haja 
proibição legal, delegar parte da sua competência a outros órgãos ou 
titulares, ainda que estes não lhe sejam hierarquicamente subordinados, 
quando for conveniente, em razão de circunstâncias de índole técnica, 
social, econômica, jurídica ou territorial. O ato delegatório, quando for 
CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS PARA O TCU 
PROFESSOR SANDRO BERNARDES 
www.pontodosconcursos.com.br 9
possível, deverá especificar os poderes transferidos, podendo ser 
revogado a qualquer tempo pelo delegante. O ato praticado sob o manto 
da delegação reputa-se praticado pelo delegado, é dizer, por quem 
efetivamente o praticou, e quem, inclusive, responderá por eventuais 
irregularidades no exercício da competência delegada. 
Todavia, não são todos os atos administrativos que podem ser 
delegados. Nesse sentido, o art. 13 da Lei 9.784/99 enumera matérias 
não passíveis de delegação, a saber: 
I - a edição de atos de caráter normativo; 
II - a decisão de recursos administrativos; 
III - as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade. 
Já o art. 15 da mesma Lei 9.784 trata da avocação, que representa 
fenômeno “inverso” ao da delegação. Avocar significa chamar a si 
competências atribuídas a órgão inferior ou subalterno. 
Na linha da doutrina majoritária, entendemos que a avocação não deve 
ser disseminada em profusão, uma vez que excepcionaliza as regras 
normais do exercício da competência administrativa. Nessa linha, o art. 
15 da Lei 9.784/99 expõe que a avocação ocorrerá em caráter 
excepcional e por motivos relevantes devidamente justificados. 
Questão interessante é a seguinte: mas e se a norma não previsse, 
expressamente, a competência para a prática de um ato? Em uma 
situação nunca ocorrida anteriormente, por exemplo? E agora, quem 
detém a competência? A 9.784/99, mais uma vez, traz a resposta (art. 
14), informando que, inexistindo competência legal específica para 
apreciação da matéria, o processo administrativo deve ser iniciado 
perante a autoridade de menor grau hierárquico para decidir. É a velha 
regra do dia a dia: na dúvida, entrega para quem tem menos poder. 
Manda quem pode, obedece vocês sabem quem... 
 
 
8 - (2004/CESPE/TCU/ Analista) Em sendo o órgão colegiado 
competente para decidir sobre recursos administrativos, ele poderá, por 
força de disposição legal, delegar essa competência ao respectivo 
presidente. 
Gabarito: ERRADO 
Tema: Processo Administrativo – Delegação X Avocação de 
competências 
Comentários: 
Questão bem tranqüila, a partir dos comentários à questão anterior. O 
destaque, para quem não reparou, é que esta questão é da prova do 
TCU. Vamos aos rápidos comentários. 
O art. 13 da Lei 9.784/99 informa ser indelegável a competência para 
apreciação de recursos administrativos. Essa é uma das boas passagens 
da Lei, pela seguinte razão: imaginemos que uma autoridade qualquer 
tome uma decisão que tenha sido potencialmente prejudicial a um 
particular. Este então recorre (há uma nuance interessante no 
andamento do recurso administrativo que veremos mais adiante). O 
recurso administrativo é encaminhado, então, pela via hierárquica para a 
CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS PARA O TCU 
PROFESSOR SANDRO BERNARDES 
www.pontodosconcursos.com.br 10
autoridade que é hierarquicamente superior. Suponhamos que essa 
autoridade superior pudesse delegar (NÃO PODE) a competência para a 
apreciação do recurso. Resultado: a autoridade hierárquica superior 
poderia delegar para aquela que houvera tomado a decisão 
administrativa inicial, que era exatamente a decisão que o potencial 
prejudicado queria ver reformulada. Em síntese: permitir a delegação da 
apreciação de recursos administrativos poderia simplesmente “fulminar” 
o “duplo grau administrativo”. Mas preferimos uma outra construção: 
duas cabeças pensam melhor do que uma. É preciso que mais de uma 
autoridade tenha possibilidade de se pronunciar quanto a situações que 
tenham de ser decididas pela Administração. 
 
9 - (2006/CESPE/ANATEL/ANALISTA ADMINISTRATIVO) A 
avocação temporária de competência é admitida, desde que seja em 
caráter excepcional e se relacione a órgãos hierarquicamente 
subordinados, prescindindo da relevância dos motivos e de justificação. 
Gabarito: ERRADO 
Tema: PROCESSO ADMINISTRATIVO – AVOCACAO TEMPORARIA – 
Comentários 
Questão fácil, a partir da questão 7. Serve para fixação. 
Como dissemos, o assunto “avocação” é tratado no art. 15 da Lei 
9.784/99. reproduzamos o dispositivo, então, para explorá-lo um pouco 
mais: Será permitida, em caráter excepcional e por motivos relevantes 
devidamente justificados, a avocação temporária de competência 
atribuída a órgão hierarquicamente inferior. 
Os destaques que fazemos desse preceito referente à avocação são os 
seguintes: 
I) Caráter excepcional: a avocação não deve ser prática, mas exceção, 
sem dúvida. Não é desejável que a norma atribua competência a um 
órgão/agente e o superior hierárquico, então, furte tal competência. 
Ademais, imagina a situação do sujeito que tem sua competência 
avocada. Acabaria sendo estigmatizado em seu local de trabalho. Mais ou 
menos assim: olha, lá vai ele. O sujeito que teve sua competência 
avocada... 
II) Motivos relevantes, justificados: não poderia ser diferente. Se a 
avocação é excepcional, tem de ser explicada quando ocorrer. Daí, sua 
necessária motivação; 
III) Temporária: o tempo certo é necessário. Se não, melhor que a 
competência passe a ser do avocante; 
IV) Com relação a órgão inferior: imagina diferente – avocar 
competência de quem é hierarquicamente superior. Não há sentido 
nisso, não é? 
Vamos para a próxima. 
 
(2005/CESPE/Antaq/Analista) Durante muito tempo, o termo processo 
vinha associado à função jurisdicional. Não se cogitava, no âmbito do 
direito administrativo, de processo atinente às relações entre administração 
e cidadãos. 
CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS PARA O TCU 
PROFESSOR SANDRO BERNARDES 
www.pontodosconcursos.com.br 11
A Constituição Federal de 1988 consagrou o termo processo para 
significar a processualidade administrativa. Por isso, encontra-se esse 
termo no inciso LV do art. 5.°: "Aos litigantes, em processo judicial ou 
administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e a 
ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes." 
Odete Medauar Direito administrativo moderno. 9a ed. 
(rev e atual). São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 
2005 (com adaptações) 
Considerando o texto acima como referência inicial, julgue os itens a seguir, 
referentes ao processo administrativo, com base na Lei n.° 9.784/1999 e nas 
normas constitucionais. 
10 - Caso ao final da instrução de um processo administrativo um servidor 
obtenha decisão desfavorável da autoridade administrativa, da qual ainda 
caiba recurso, não estará ele obrigado a esgotar a instância administrativa 
para ter direito a recorrer ao Poder Judiciário. 
Gabarito: Certo 
Tema: Processo Administrativo – Esgotabilidade da esfera administrativa 
para impetração de recursos administrativos 
Comentários: 
Vocês lembram que nós abordamos esse assunto logo na aula 1 (questão 
30)? 
Na oportunidade, dissemos que o Brasil adota o sistema inglês, de 
jurisdição una, para controle judicial de atos jurídicos, ou seja, todos os 
atos administrativos, guardados certos limites, podem ser apreciados 
judicialmente. 
Ressaltamos, ainda, que a adoção da jurisdição una não impede que a 
Administração Pública instaure processos administrativos visando a 
tomada de decisões dessa natureza (administrativas), as quais, contudo, 
não serão dotadas da definitividade típica das decisões judiciais, em 
razão da unicidade (ou inafastabilidade) da jurisdição do Poder Judiciário.Também destacamos que A QUALQUER INSTANTE UMA MATÉRIA PODE 
SER LEVADA À APRECIAÇÃO JUDICIAL, AINDA QUE JÁ INSTAURADO, OU 
JÁ DECIDIDO, UM PROCESSO ADMINISTRATIVO. Isso se dá em razão da 
unicidade de jurisdição, própria do Poder Judiciário, destacando que, em 
dois casos “clássicos” para fins de concurso público, haverá necessidade 
de exaurimento da esfera administrativa para que um pedido judicial 
possa ser admitido. São eles: 
I) Hábeas data: é um remédio constitucional previsto no inc. LXXII 
do art. 5º da CF, como é consabido. Para impetração do hábeas em 
referência há que se ter presente ao menos o indeferimento 
administrativo quanto ao pedido de informação de dados pessoais. Sem 
ocorrer tal situação, não cabe a ação judicial do hábeas data. 
Ressaltamos que a omissão quanto ao fornecimento dos dados referidos 
surte o mesmo efeito que a recusa de fornecimento, e, ainda, que a boa 
parte da doutrina entende desnecessário o EXAURIMENTO da esfera 
administrativa para que o HD seja impetrado. Bastaria tão o só a 
NEGATIVA DO PEDIDO administrativo quanto às informações obteníveis 
para que o HD seja intentado; 
CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS PARA O TCU 
PROFESSOR SANDRO BERNARDES 
www.pontodosconcursos.com.br 12
II) Nos processos ADMINISTRATIVOS referentes à Justiça 
Desportiva. Com relação a esta, o Judiciário só aceitará ações judiciais 
referentes a competições desportivas após esgotarem-se as instâncias 
desportivas, conforme apontado no § 1º do art. 217 da CF/88. 
O item que estamos analisando não se enquadra em nenhuma das duas 
EXCEÇÕES acima. E a regra é essa mesmo: o particular não está 
obrigado a esgotar a instância administrativa para ter direito a recorrer ao 
Poder Judiciário. 
Para finalizar, lembramos as três situações colocadas à disposição para 
“brigar” por seus direitos: 
 I) Partir direto para uma ação judicial; 
 II) provocar a instauração de um processo administrativo e 
aguardar a solução do feito para, se for o caso, ir ao judiciário; 
 III) provocar a instauração de um processo administrativo e, no 
curso deste, ir ao Judiciário, provocando também lá uma discussão. 
Assim, chega-se a seguinte conclusão: instaurado, ou não, um processo 
administrativo, um servidor público, ou mesmo um particular, poderá se 
socorrer do Judiciário, em razão do princípio da unicidade de jurisdição 
existente no Brasil. Todavia, em alguns casos, haverá necessidade de 
exaurimento da instância administrativa, antes do acesso ao Poder 
Judiciário. Nesse sentido, causas que envolvam a competência da Justiça 
Desportiva e que caibam a impetração de Hábeas Data. Neste último 
caso, com as divergências por nós apontadas. 
Por último, por se tratar de uma novidade “quentíssima”, informamos 
que, no contexto da reforma do judiciário, deflagrada a partir da Emenda 
Constitucional 45/2004, foi aprovada a Lei 11.417/2006, 
regulamentadora das (já famosas) Súmulas Vinculantes (a de número 3 
envolve o TCU. Não deixem de ler). No art. 7º da norma assim está 
estabelecido: 
Art. 7º Da decisão judicial ou do ato administrativo que contrariar 
enunciado de súmula vinculante, negar-lhe vigência ou aplicá-lo 
indevidamente caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal, sem 
prejuízo dos recursos ou outros meios admissíveis de impugnação. 
§ 1o Contra omissão ou ato da administração pública, o uso da 
reclamação só será admitido após esgotamento das vias 
administrativas. 
§ 2o Ao julgar procedente a reclamação, o Supremo Tribunal Federal 
anulará o ato administrativo ou cassará a decisão judicial impugnada, 
determinando que outra seja proferida com ou sem aplicação da súmula, 
conforme o caso. 
Para esclarecimento: a reclamação é o instrumento de previsão 
constitucional (alínea “l” do inc. I do art. 102 da CF) utilizado para 
preservação da competência e garantia da autoridade das decisões do 
STF. Assim, mais um caso de necessidade de esgotamento da instância 
administrativa para acrescentarmos à nossa vida “concursística”: para 
impetração de Reclamação junto ao STF em razão de uma ação/omissão 
da Administração Pública só após o exaurimento da via administrativa. 
 
CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS PARA O TCU 
PROFESSOR SANDRO BERNARDES 
www.pontodosconcursos.com.br 13
11 - (2006/CESPE/AGU) A autoridade administrativa competente, ao 
julgar fatos apurados em um processo administrativo, não está vinculada 
às conclusões do parecer final que lhe é encaminhado por sua consultoria 
jurídica, mas, caso venha a afastar-se do sugerido, deve especificar os 
pontos em que o mesmo lhe parece equivocado ou inaplicável ao caso. 
Gabarito: Certo 
Tema: Processo Administrativo – Pareceres e vinculação da autoridade 
Comentários: 
Como dissemos na aula 3 (atos), na visão do STF (e da maior parte da 
doutrina brasileira), os pareceres não se enquadram bem no conceito de 
ato administrativo. O parecer é apenas uma opinião de alguém a respeito 
de uma matéria que lhe é submetida à apreciação. Na visão do STF, 
como o parecer não produz nenhum efeito jurídico imediato, sendo tão 
só um ato opinativo, não pode ser reputado MATERIALMENTE como ato 
administrativo, mas tão só FORMALMENTE como ato administrativo (para 
maiores esclarecemos, releiam as questões 18 e 19 da aula de atos 
administrativos - aula 3). Mas sigamos adiante na análise do presente 
item, que trata, no essencial, da necessidade de motivação dos atos 
administrativos. 
Como regra, sabemos que os atos administrativos devem ser 
expressamente motivados. Relembremos o art. 50 da Lei 9.784/99 
(nunca é demais esse dispositivo): 
Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação 
dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: 
I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses; 
II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções; 
III - decidam processos administrativos de concurso ou seleção pública; 
IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório; 
V - decidam recursos administrativos; 
VI - decorram de reexame de ofício; 
VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão 
ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatórios 
oficiais; 
VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de ato 
administrativo. 
Prestem atenção no inc. VII destacado por nós. É exatamente o 
conteúdo da questão, que é correta, portanto. Fica, então, a seguinte 
lição para a prova: OS PARECERES, EM REGRA, NÃO VINCULAM A 
AUTORIDADE TOMADORA DE DECISÃO, A QUAL, CONTUDO, AO DEIXAR 
DE ACATAR PARECER QUE LHE É ENCAMINHADO DEVERÁ DECLINAR OS 
MOTIVOS PARA TANTO. 
 
12 - (2006/CESPE/AGU) Se a autoridade administrativa acolher 
parecer devidamente fundamentado de sua consultoria jurídica para 
decidir pela demissão de servidor público, com a simples aposição da 
expressão “de acordo”, sem aprofundamento de fundamentação, o ato 
demissório deverá ser considerado desmotivado e, portanto, eivado de 
nulidade. 
CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS PARA O TCU 
PROFESSOR SANDRO BERNARDES 
www.pontodosconcursos.com.br 14
Gabarito: ERRADO 
Tema: Processo Administrativo – motivação de seus atos. 
Comentários: 
Mais uma questão que envolve a motivação dos atos administrativos. No 
mesmo art. 50 da Lei 9.784/99 é fixado o seguinte regramento (§2º): 
Na solução de vários assuntos da mesma natureza, pode ser utilizado 
meio mecânico que reproduza os fundamentos das decisões, desde que 
não prejudique direito ou garantia dos interessados. 
Ora, se é possível a utilização de meio mecânico (por exemplo, o velho e 
bom “carimbão” de acordo), o “de acordo” na questão é absolutamente 
aceitável juridicamente. Além disso, vejamos o que diz o § 1º do mesmo 
art. 50: 
A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em 
declaração de concordância com fundamentosde anteriores 
pareceres, informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão 
parte integrante do ato (os grifos são nossos). 
Pronto! Resolvida a questão! O que ocorre é que a autoridade pode 
“incorporar como razões de decidir” os pareceres que foram produzidos 
anteriormente, ou seja, o clássico de acordo, citado na questão. 
 
13 - (2004/CESPE/DPU/Defensor) Há na doutrina menção ao 
princípio da revisibilidade como um dos que orientam o processo 
administrativo, significando, à semelhança do princípio do duplo grau de 
jurisdição, que o interessado tem direito a recorrer das decisões que lhe 
forem desfavoráveis, salvo se o ato for praticado pela mais alta 
autoridade da esfera administrativa em questão. 
Gabarito: Certo 
Tema: Processo Administrativo – duplo grau de jurisdição X 
Revisibilidade do processo administrativo 
Comentários: 
É perfeita a construção do examinador nesse item. Vários da doutrina, 
nacional ou estrangeira, mencionam o princípio da revisibilidade como 
orientador dos processos administrativos. Como exemplo, no Brasil, Celso 
Antônio Bandeira de Mello (um dos nossos preferidos), o qual, cremos, foi o 
doutrinador utilizado pela banca neste item. O autor assim trata do princípio 
da revisibilidade em seu Curso de Direito Administrativo (17ª edição, página 
462): consiste no direito de o administrado recorrer de decisão que lhe seja 
desfavorável. Tal direito só não existirá se o procedimento for iniciado por 
autoridade do mais alto escalão administrativo ou se for proposto perante 
ela. Neste caso, como é óbvio, o interessado mais não poderá senão buscar 
as vias judiciais. 
Há uma lógica evidente no argumento do autor: se o processo administrativo 
se deu perante a autoridade mais alta de um órgão, recorrer a quem? Ainda 
mais tendo-se em conta que o recurso administrativo segue a via hierárquica, 
ou seja, será encaminhado à autoridade SUPERIOR àquela que houvera 
tomada a decisão inicial. Mas fazemos uma observação. 
Os recursos administrativos são dirigidos à autoridade que proferiu a 
decisão inicial, a qual, SENÃO A RECONSIDERAR, o encaminhará para a 
CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS PARA O TCU 
PROFESSOR SANDRO BERNARDES 
www.pontodosconcursos.com.br 15
autoridade imediatamente superior. Então, imaginemos a seguinte 
situação: o Presidente do TCU aplica, administrativamente, a pena de 
demissão a um servidor do Tribunal, o qual (o servidor), inconformado, 
intenta um “recurso” perante o dito Presidente. Este então denega o 
pedido. Daí, agora sim, só resta ao servidor inconformado com a pena 
que lhe fora aplicada recorrer ao Judiciário, pois não há mais a quem, 
administrativamente, recorrer. Em síntese: sempre há possibilidade de o 
próprio órgão prolator da decisão administrativa reavaliar a decisão que 
fora tomada anteriormente, sob o manto do recurso, do pedido de 
reconsideração, da revisão, ou de outros. Isso se dá em razão do 
princípio da auto-tutela, consagrado na súmula 473 do STF e que já 
estudamos na aula de atos. 
 
14 - (2003/CESPE/Defensor-AM) A administração direta do estado 
do Amazonas multou Cristiano por imputar a ele uma determinada 
infração ambiental. Inconformado, Cristiano realizou pedido 
administrativo de anulação da multa, por considerá-la ilegal, mas sua 
solicitação foi indeferida. Irresignado, ele recorreu dessa decisão 
indeferitória, mas ingressou com o recurso fora do prazo. Acerca da 
situação hipotética apresentada, julgue os itens a seguir. 
Embora a intempestividade obste o conhecimento do recurso, nada 
impede que a autoridade administrativa competente reconheça a 
procedência da argumentação de Cristiano e anule, de ofício, a 
penalidade. 
Gabarito: Certo 
Tema: Processo Administrativo – Recursos Administrativos X princípio da 
verdade material 
Comentários: 
Inicialmente, cumpre reproduzir o art. 63 da Lei 9.784, que assim dispõe: 
Art. 63. O recurso não será conhecido quando interposto: 
I - fora do prazo; 
II - perante órgão incompetente; 
III - por quem não seja legitimado; 
IV - após exaurida a esfera administrativa. 
§ 1o Na hipótese do inciso II, será indicada ao recorrente a autoridade 
competente, sendo-lhe devolvido o prazo para recurso. 
§ 2o O não conhecimento do recurso não impede a Administração 
de rever de ofício o ato ilegal, desde que não ocorrida preclusão 
administrativa. 
Destacamos o inc. I e o § 2º, uma vez que tratam do assunto do item que 
estamos analisando. Apesar de o primeiro determinar o não conhecimento do 
recurso impetrado extemporaneamente (fora do prazo), o 2º dá a 
possibilidade de a Administração rever, de ofício, o ato ilegal, desde que não 
ocorrida a preclusão administrativa. Mas o que seria a tal “preclusão”, citado 
no dispositivo? 
Preclusão, em apertada síntese, é a perda da oportunidade de agir. Assim, se 
não incidente a preclusão, ou seja, se a Administração não perdeu a 
CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS PARA O TCU 
PROFESSOR SANDRO BERNARDES 
www.pontodosconcursos.com.br 16
oportunidade de agir, é possível a autoridade rever, de ofício, uma situação 
qualquer, mesmo que um recurso tenha sido intentado fora do prazo legal. 
O despacho da autoridade com relação ao recurso intempestivo ficaria, mais 
ou menos, assim, então: ante a intempestividade do expediente recursal, 
determino o seu não conhecimento. Todavia, por oportuno, determino a 
instauração, de ofício, de processo administrativo com vistas à devida 
apuração, ante a gravidade dos fatos noticiados. Pois mais que o resultado 
prático seja o mesmo (a apuração), juridicamente, a situação é bastante 
distinta, como se vê sem dificuldade. 
Seguindo adiante, podemos afirmar que este item possui por tema de fundo 
um outro princípio que rege os processos administrativos, a verdade real (ou 
material); Vejamos o conteúdo deste, então. 
Nos processos administrativos deve ser perseguida a verdade real, é 
dizer, aquilo que realmente ocorreu, os fatos reais. Este princípio 
apresenta fundamental diferença com relação ao que ocorre nos 
processos judiciais, nos quais impera a verdade formal ou dos autos, 
pois que o Juiz deve decidir somente com base nas provas produzidas no 
processo. Há um velho brocardo (ditado) jurídico que diz: Para o Juiz, 
não há nos autos [no processo], não há no mundo. Isso se dá em razão 
da imparcialidade que deve nortear a atuação dos Juízes, que devem 
decidir conforme as provas produzidas pelas partes interessadas. Caso o 
Magistrado ficasse “se metendo” na produção das provas sua 
imparcialidade poderia (e seria, certamente) ser questionada. Todavia, 
apesar de desnecessário para esta curso, informamos que há situações 
em que o Juiz pode agir de ofício, determinando algumas providências, 
mesmo que não demandadas pelas partes. 
Já em razão da busca da verdade material, a Administração deve se 
valer de todos os meios lícitos para a produção de provas, mesmo que 
estas façam parte de outros processos. A verdade material autoriza, 
ainda, o que se denomina de reforma em prejuízo (reformatio in pejus), 
conforme consagra a Lei 9.784/99, mesmo que em razão de recurso 
impetrado pelo interessado que, obviamente, não tem o menor interesse 
de ver sua situação agravada. Tal situação, que é inadmissível nos 
processos judiciais em geral, é válida no processo administrativo (o 
assunto será retomado mais à frente na questão CITAR). Importante 
deixar claro que apenas em sede de recurso e não revisão, mesmo que 
mais à frente você faça referência). 
A verdade material difere do que se costuma chamar, doutrinariamente, 
de verdade sabida, que pode ser resumida como o conhecimento pessoal 
e direto por parte de uma autoridade de uma situação passível de ser 
sancionada, que implicaria a aplicação direta da penalidade, 
independente da instauração de um procedimento administrativo 
preliminar, ou seja,uma espécie de punição sumária. A verdade sabida 
não é admitida na atual ordem jurídica vigente no Brasil e não deve ser 
confundida com a busca pela verdade material, portanto. 
 
15 - (2006/CESPE/ANA/ANALISTA ADMINISTRATIVO) Considere-
se que uma empresa pública tenha sofrido processo administrativo e que 
CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS PARA O TCU 
PROFESSOR SANDRO BERNARDES 
www.pontodosconcursos.com.br 17
a decisão tenha sido contrária aos seus interesses, na conclusão do 
processo. Nesse caso, de acordo com a Lei n.o 9.784/1999, para recorrer 
da decisão, a empresa deverá dirigir seu recurso à autoridade que 
proferiu a decisão, que poderá encaminhá-la à autoridade superior ou 
reconsiderá-la. 
Gabarito: CERTO 
Tema: Processos Administrativos – recursos administrativos 
Comentários: 
Aproveitaremos este item para fazer um rápido apanhado a respeito da 
natureza dos recursos administrativos. Vejamos. 
A Lei 9.784 cuida, nos arts. 56 ao 65, dos recursos e da revisão. Os 
recursos podem ser interpostos por razões de legalidade e de mérito. 
Regra geral, o prazo a interposição de recursos administrativos é de dez 
dias, salvo disposição legal específica em sentido diverso. O prazo é 
contado a partir da ciência ou da divulgação oficial do ato, cabendo a 
autoridade decidir o recurso no prazo de trinta dias, a partir do 
recebimento da peça recursal, prazo o qual pode ser prorrogado por 
igual período, desde que justificado pela autoridade. Exponha-se que o 
descumprimento pela Administração do prazo para decidir (julgamento a 
destempo) não implicará nulidade da decisão, mas poderá resultar na 
responsabilidade funcional de quem houver, de maneira injustificada, 
dado vazão ao atraso. 
Também por regra, o recurso não tem efeito suspensivo, isto é, não 
suspende a executoriedade da decisão recorrida. Costuma-se dizer, 
então, que, em regra, os recursos administrativos possuem efeito 
devolutivo, mas não suspensivo. 
O efeito suspensivo é como se fosse um efeito “para tudo”, o que é 
exceção, como já se disse, para os recursos administrativos. De fato, a 
Administração Pública deve empreender, dentro do possível, celeridade à 
sua atuação. Daí, fato raro o efeito suspensivo aos recursos 
administrativos, vez que tal situação acabaria obstando dita celeridade. 
Todavia, a autoridade competente (ou aquela imediatamente superior) 
para apreciação do recurso administrativo poderá, de ofício ou a pedido, 
de modo excepcional, conceder efeito suspensivo ao expediente recursal, 
se houver justo receio de prejuízo de difícil ou incerta reparação 
decorrente da decisão recorrida. Destaque-se, ainda, que de modo 
preliminar à apreciação do recurso pela autoridade superior, a Lei estatui 
a possibilidade de reconsideração, no prazo de 5 dias, por parte da 
autoridade que tenha proferido a decisão recorrida (art. 61). 
Por oportuno, citamos que, em alguns casos, a Legislação reconhece a 
necessidade de efeito suspensivo para alguns recursos administrativos, 
em razão do potencial prejuízo que poderia ser resultante da não 
atribuição de tal efeito. É o que o ocorre, por exemplo, quanto aos 
recursos administrativos quanto às fases de habilitação e julgamento, os 
quais têm efeitos suspensivos por determinação expressa da Lei 
8.666/93 nesse sentido (§ 2º do art. 109 da Lei 8.666/93). 
CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS PARA O TCU 
PROFESSOR SANDRO BERNARDES 
www.pontodosconcursos.com.br 18
Como destacamos na questão 13, em alguns casos, o recurso 
administrativo não deve ser conhecido. É o que acontece quando os 
recursos são interpostos: 
 I - fora do prazo; 
II - perante órgão incompetente; 
III - por quem não seja legitimado; 
IV - após exaurida a esfera administrativa. 
No caso do item II acima, a autoridade responsável pelo 
recebimento do recurso deverá indicar ao interessado a autoridade 
competente, devolvendo o prazo ao interessado, para que não sofra 
prejuízo na sua pretensão de recorrer. 
Interessante regra está contida no art. 64, que estabelece o órgão 
competente para decidir o recurso poderá confirmar, modificar, anular ou 
revogar, total ou parcialmente, a decisão recorrida, se a matéria for de 
sua competência. O §1° do mesmo artigo estabelece a possibilidade de 
agravamento da situação inicial, no caso de RECURSO intentado. Admite-
se, assim, a reforma em prejuízo (reformatio in pejus) do recorrente, o 
que não é permitido na revisão. Esta, possível a qualquer tempo, a 
pedido ou de ofício, ocorre quando há fatos novos ou circunstâncias 
relevantes suscetíveis de justificar a inadequação da sanção aplicada, 
não podendo resultar em agravamento da sanção inicial. Veda-se na 
revisão, portanto, a reformatio in pejus. 
Por fim, consigne-se que o art. 57 estabelece o limite máximo de três 
instâncias administrativas, salvo se a lei dispuser de forma contrário. 
 
16 - (2004/CESPE/STJ/Analista Judiciário) Todo recurso 
administrativo tem, em regra, efeito devolutivo e, excepcionalmente, 
efeito suspensivo. 
Gabarito: CERTO 
Tema: Processos Administrativos – recursos administrativos 
Comentários: 
Este item é daqueles de “fixação”. Como dissemos no anterior, EM 
REGRA, o recurso administrativo possui efeito DEVOLUTIVO (não 
suspende a executoriedade da decisão proferida). Em alguns casos, o 
recurso administrativo poderá possuir efeito suspensivo, a saber: I) por 
expressa determinação legal, como no exemplo citado no item anterior, 
relativo à Lei de Licitações (§ 2º do art. 109 da Lei 8.666/93); II) 
atribuído pela autoridade competente, por receio de prejuízo de difícil ou 
incerta reparação decorrente da decisão recorrida. Fixem essas regras. 
São importantes. 
 
17 - (2007/CESPE/TJ-TO/JUIZ) Por meio do recurso ou da revisão 
administrativa, não se admitirá como resultado o agravamento da 
situação do recorrente. 
Gabarito: ERRADO 
Tema: Processos Administrativos – recursos administrativos 
Comentários: 
CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS PARA O TCU 
PROFESSOR SANDRO BERNARDES 
www.pontodosconcursos.com.br 19
De fixação. Releiam, se for o caso, a q.14 e percebam: não é possível o 
agravamento da situação de um interessado qualquer a partir da 
REVISÃO ADMINISTRATIVA. Mas a partir de um recurso é possível, sim, 
o agravamento da situação jurídica do interessado. Isso se dá, como já 
dissemos, em razão do princípio da verdade material, que determina que 
a Administração busque a verdade dos fatos apurados. 
 
18 - (2006/CESPE/AGU/PROCURADOR) O recurso hierárquico 
impróprio é o pedido de reexame dirigido à autoridade superior àquela 
que produziu o ato impugnado, isto é, verifica-se dentro da mesma 
escala hierárquica. 
Gabarito: ERRADO 
Tema: Processos Administrativos – recursos 
Comentários 
Para finalizar a parte relacionada aos processos administrativos, uma 
questão da excelente prova da AGU em 2006, 
Vimos anteriormente que os recursos administrativos seguem a via 
hierárquica, ou seja, são analisados pela autoridade superior àquela que 
houvera tomado a decisão anteriormente. Apresentado o recurso À 
AUTORIDADE QUE TOMOU A DECISÃO INICIALMENTE, SE NÃO 
OCORRER A RECONSIDERAÇÃO, O RECURSO SEGUE A VIA 
HIERÁRQUICA, PASSANDO A SER ANALISADO PELA ADMINISTRAÇÃO 
COMO RECURSO. Então, PROPRIAMENTE, o recurso administrativo segue 
a via hierárquica. De modo IMPRÓPRIO, o recurso não poderia seguir na 
hierarquia do órgão/entidade, devendo, portanto, seguir outra via, que 
não a hierárquica. É o que acontece, por exemplo, com relação a alguns 
recursos administrativos contra alguns atos de entidades da 
Administração Indireta, que são apreciados (por autorização ou 
determinação legal) pelos Ministérios supervisores. Não há, como 
sabemos, hierarquia destes últimos com relação às entidades da indireta, 
como sabemos, mas tão só tutela. Assim, recursosde tal natureza são 
ditos IMPRÓPRIOS, pois não seguem a via PRÓPRIA DA HIERARQUIA, 
comum aos recursos administrativos. 
 
PARTE II – DOMÍNIO PÚBLICO 
 
19 - (2007/CESPE/TRT-5/JUIZ) A expressão domínio público 
apresenta extensão menor do que a expressão bem público, pois há bens 
públicos que ultrapassam a área do domínio público, por serem regidos 
por princípios de direito comum. 
Gabarito: CERTO – BENS – CONCEITO DE DOMÍNIO PÚBLICO 
Tema: Bens 
Comentários: 
Já no início de nosso curso, foi apontado que o Direito Administrativo 
talvez seja um dos ramos do Direito com maior grau de dificuldades para 
efeito de aprendizado, afinal de contas, não comporta codificação total, 
diferentemente de outros ramos (Direito Civil, Penal etc.). Some-se a 
isso o fato de que muitos dos amigos ainda não tiveram contato efetivo 
CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS PARA O TCU 
PROFESSOR SANDRO BERNARDES 
www.pontodosconcursos.com.br 20
com o Direito Administrativo na prática, o que oferece ao presente ramo 
um imenso grau de abstração. 
A despeito disso, para nossa sorte, a disciplina – bens públicos – é 
tratada, ainda que parcialmente, pelo Código Civil de 2002 (arts. 98 a 
103), o que, de certa maneira, facilita o aprendizado e garante-nos a 
realização de uma excelente prova. 
Obviamente que, tratando-se da ilustre Banca CESPE, nem sempre a 
simples literalidade é suficiente, como percebemos neste primeiro 
quesito. Dessa forma, resgatemos, como de costume, alguns conceitos 
doutrinários: o que é domínio público? O que são bens públicos? 
A expressão domínio público quer significar o poder, a prerrogativa, 
que detém o Estado de controlar, de proteger, de zelar, de regulamentar 
todos os tipos de bens públicos, enfim, utilizada no sentido de 
patrimônio público. Mas essa conclusão é óbvia, pensa o concursando! 
E informamos que não é bem assim, existem bens públicos, como o ar, 
os mares, que são indisponíveis por natureza, ou seja, não estão, em 
termos jurídicos, relacionados ao conceito de propriedade, de domínio 
público. Então que domínio é esse? É domínio eminente, decorrente 
soberania nacional, poder político pelo qual submete à sua vontade 
todas as coisas situadas no território (bens públicos, privados, e os 
bens não sujeitos à propriedade), o que não significa, todavia, que o 
Estado seja proprietário de todos os bens. 
Relativamente ao conceito de bens públicos, encontramos algumas 
divergências doutrinárias, razão pela qual serão reproduzidas a noção 
legal e a doutrinária prevalente para efeito de CESPE. 
Em termos legais, o Código Civil de 2002, em seu art. 99, assim 
triparte os bens públicos: 
Art. 99. São bens públicos: 
I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, 
estradas, ruas e praças; 
II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos 
destinados a serviço ou estabelecimento da administração 
federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de 
suas autarquias; 
III - os dominicais, que constituem o patrimônio das 
pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito 
pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades. 
Parágrafo único. Não dispondo a lei em contrário, 
consideram-se dominicais os bens pertencentes às pessoas 
jurídicas de direito público a que se tenha dado estrutura 
de direito privado. 
Quanto ao conceito doutrinário, os bens públicos podem ser 
conceituados como todas as coisas, corpóreas ou incorpóreas; 
imóveis, móveis ou semoventes; créditos, direitos e ações, que 
pertençam às entidades estatais, autarquias, fundações e 
empresas governamentais. 
CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS PARA O TCU 
PROFESSOR SANDRO BERNARDES 
www.pontodosconcursos.com.br 21
Antes de passarmos ao quesito propriamente dito, uma última 
classificação: bens indisponíveis; bens patrimoniais indisponíveis; e bens 
patrimoniais disponíveis. 
Os bens indisponíveis caracterizam-se pela impossibilidade de serem 
alienados ou onerados. São os bens de uso comum do povo, coisas fora 
do comércio de Direito Privado (extracomércio), incluindo: mares, rios, 
estradas, praças, pelo fato de não serem dotados de valor patrimonial. 
Destacamos, por relevante para nosso concurso, que, em face disso, não 
estão sequer sujeitos a lançamento no Balanço Patrimonial das Entidades 
Públicas. 
Já os bens patrimoniais indisponíveis, apesar de possuírem caráter 
patrimonial (suscetíveis de avaliação pecuniária), e serem utilizados por 
terceiros, encontram-se fora do comércio, pelo menos enquanto 
conservarem sua qualificação. Os bens de uso especial se encaixam 
nesta classificação, tais como os prédios onde se situam Secretarias de 
Governo ou mesmo o próprio prédio da Sede do TCU em Brasília. 
Por fim, os bens patrimoniais disponíveis. São os bens que se 
enquadram no domínio privado do Estado, vale dizer, regulados 
pelo direito comum, no sentido de serem suscetíveis de alienação 
(doação, permuta, compra e venda, etc). Porém, como alertamos na 
aula de Licitações, a alienação de tal categoria de bens deve observância 
a determinados requisitos prévios: avaliação, autorização legislativa, 
presença de interesse público, e, como não poderia deixar de ser, 
licitação (em regra). 
Logo, retornando ao quesito proposto, percebemos que existem bens 
públicos (de uso comum e uso especial) que são regidos 
eminentemente por normas de direito público, portanto, sob o 
domínio público do Estado, e bens públicos (dominicais), sem 
qualquer destinação pública específica, enfim, bens que integram o 
patrimônio fiscal do Estado, domínio privado do Estado. 
 
20 - (2004/CESPE/AGU) Julgue os itens que se seguem, acerca da 
classificação de bens públicos. 
Um prédio adquirido pela União para que nele funcione repartição da 
Secretaria de Receita Federal, em um estado da Federação, pode ser 
classificado como bem público federal dominial. 
Gabarito: ERRADO 
Tema: Bens Públicos - classificação 
Comentários: 
A questão é relativamente simples, pois, decorre da literalidade do art. 
99, inc. II, do CC/2002: “II - os de uso especial, tais como edifícios ou 
terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da administração 
federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas 
autarquias”. Em síntese, todos os bens utilizados pela Administração 
para a prestação de serviços externa ou internamente (administrativos, 
exemplo: Imprensa Nacional) entram na categoria de bens de uso 
especial e não dominiais. 
 
CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS PARA O TCU 
PROFESSOR SANDRO BERNARDES 
www.pontodosconcursos.com.br 22
21 - (2004/CESPE/AGU) A Praça dos Três Poderes, situada no Distrito 
Federal, é classificada como bem público distrital de uso comum. 
Gabarito: CERTO 
Tema: Bens Públicos - classificação 
Comentários: 
Mais uma questão a título de memorização. Da leitura do inc. I do art. 99 
do CC/2002, mais uma vez, acertamos o item sem gastar de nossos 
neurônios, perceba: “I - os de uso comum do povo, tais como rios, 
mares, estradas, ruas e praças”. Correto o item, portanto. Mas sigamos 
em nossas análises 
O que poderia causar certo desconforto ao amigo concursando é a última 
passagem: “bem público distrital (...)”, pois, ao lado de bens 
distritais, existem bens federais, estaduais, e municipais. 
Nos termos do art. 20 da CF, são bens da União, dentre 
outros, as terras devolutas necessárias à defesa das fronteiras, das 
fortificações e construções militares; o mar territorial; os terrenos de 
marinha; os recursos naturais da plataforma continental (e não a 
plataforma continental); e os lagos e rios que banhem mais de um 
Estado. 
De forma idêntica, a Constituição enumera os bens estaduais (de 
forma não taxativa), conforme prevê o art. 26, dentre os quais 
destacamos: as terras devolutas não compreendidas entre as da União; 
as ilhasfluviais e lacustres não pertencentes à União; as áreas, nas ilhas 
oceânicas e costeiras, que estiverem no seu domínio, excluídas aquelas 
sob domínio da União, Municípios ou terceiros. O amigo deve ter 
percebido a identidade do item “terras devolutas”. Atenção: a regra é 
que as terras devolutas pertencem aos Estados. Cuidado: a CF/88 não 
previu terras devolutas para os municípios, o que não significa, 
sobremaneira, que não possam detê-las, isso porque as Constituições 
Estaduais, via de regra, procedem a doações. 
E, por fim, os bens públicos pertencentes aos municipais. Porém, o 
Texto Constitucional não previu (enumerou) os bens públicos sob o 
domínio municipal, o que, certamente, não importa em sua inexistência. 
Alguém duvida de que municípios contam com repartições públicas (bens 
de uso especial); praças públicas (bens de uso comum); e terrenos sem 
serventia específica (bens dominiais). 
Cabe aqui uma última informação e diríamos forte item de Prova. 
Com a EC 46/2005, o art. 20, inc. IV, da CF/88, sofreu alteração: agora 
nas ilhas costeiras pertencem aos Municípios a área em que estiver 
localizada sua sede, por exemplo: São Luís, Florianópolis, Vitória, Ilha de 
Marajó, e Ilha Bela. 
 
22 - (2004/CESPE/STJ/ Analista) Para que sejam considerados 
alienáveis, os bens de uso comum ou de uso especial precisam ser 
transformados em dominiais e submetidos ao procedimento da 
desafetação. 
Gabarito: CERTO 
Tema: Bens Públicos - Classificação 
CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS PARA O TCU 
PROFESSOR SANDRO BERNARDES 
www.pontodosconcursos.com.br 23
Comentários: 
A questão versa sobre dois importantes institutos: afetação 
(consagração) e desafetação (desconsagração). Extraímos do art. 
100 do CC/2002 a regra de que bens de uso comum do povo e de 
uso especial são inalienáveis, porém, tão-somente enquanto 
enquadrados nessa categoria. Em outros termos, perdida a 
qualificação podem ser alienados. 
E como perder a qualificação? Como perder a destinação pública 
específica? Como se transformar em patrimônio disponível (bem 
dominical)? É exatamente o que a doutrina denomina desafetação, 
logo, o movimento em sentido reverso (dominical para especial ou 
comum) dar-se-á o nome de afetação. 
Sinteticamente, enquanto a afetação decorre de fato ou 
pronunciamento do Estado que incorpora uma coisa ao domínio da 
pessoa jurídica; a desafetação é fato ou manifestação de vontade do 
Poder Público mediante o qual o bem do domínio público é subtraído do 
domínio público para ser incorporado ao domínio privado, do Estado ou 
do administrado. Daí, para que um bem público possa ser alienado 
precisa ser, preliminarmente, desafetado, portanto. 
 
23 - (2004/CESPE/TRE-AL/Analista Judiciário) Como regra, a 
utilização dos bens de uso comum prescinde de autorização específica do 
poder público. Em alguns casos, dependendo de permissão, pode haver a 
utilização de bens de uso comum, por particular, com certo grau de 
exclusividade. 
Gabarito: CERTO 
Tema: Bens Públicos – Classificação – Uso de bens comuns 
Comentários: 
Vamos tentar um caminho diferente de resolução, partindo de exemplos: 
mesas e cadeiras de bar na calçada das ruas do Rio de Janeiro; bancas 
de jornal na calçada de São Luís; instalação de restaurante no TCU; boxe 
no Mercado Municipal em São Paulo; prédio do INSS desativado em 
Brasília utilizado por particular. Perceberam? São todos bens públicos, de 
todas as categorias, mas o uso não é indiscriminado, ao contrário disso, 
a Administração confere privatividade a particulares, afastando a 
concorrência de outras pessoas, do que decorre a correção da 
assertiva em análise. 
Obviamente, para que o particular faça jus ao uso privativo, deve junto a 
Administração proceder à devida formalização por meio de institutos 
próprios, por exemplo: autorização de uso; concessão de uso; 
cessão de uso; concessão do direito real de uso; e permissão de 
uso (todas formas de direito público). Ao lado dessas formas, o uso 
privativo pode ser regido, ainda, por normas de direito privado, por 
exemplo: direito de superfície; locação; e comodato. 
Não se assustem com a lista acima, afinal de contas, temos percebido 
que não é costume do CESPE solicitar a definição de cada um dos termos 
enumerados, sobretudo em conteúdos semelhantes aos concursos do 
TCU. O importante é que o candidato saiba da existência de tais 
CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS PARA O TCU 
PROFESSOR SANDRO BERNARDES 
www.pontodosconcursos.com.br 24
institutos e que nem sempre o uso dos bens é regido 
predominantemente por normas de direito público. 
 
24 - (2005/CESPE/SERPRO/Analista) Os bens imóveis de empresa 
pública prestadora de serviço público, afetados ao uso especial, são 
impenhoráveis. 
Gabarito: CERTO 
Tema: Bens Públicos– CARACTERÍSTICAS –IMPENHORABILIDADE 
Comentários: 
Sem entrarmos em discussão doutrinária e jurisprudencial, informamos 
que na prova de Auditor do TCU, realizada agora em 2007, o 
entendimento da Banca foi de que os bens das empresas públicas são 
bens públicos, da categoria dominicais, portanto, impenhoráveis. Apesar 
de não concordamos com esse raciocínio, pouco importa, porque a última 
palavra é do CESPE. 
Em síntese, os bens das empresas públicas são dominicais, logo, 
bens públicos, e, com isso, impenhoráveis. 
 
25 - (2007/CESPE/TRT-5/JUIZ) Os bens das empresas públicas e 
sociedades de economia mista, bem como os bens de particulares que 
prestam serviços públicos, ainda que afetados, são penhoráveis. 
Gabarito: ERRADO 
Tema: Bens Públicos– CARACTERÍSTICAS –IMPENHORABILIDADE 
Comentários: 
Questão utilizada a título de reforço. Como já observamos, os bens das 
empresas públicas (para o CESPE) são dominicais, logo, públicos. 
Vamos aproveitar do item para passearmos pelas características dos 
bens públicos: impenhorabilidade; imprescritibilidade; alienação 
condicionada; e não-oneração. 
Impenhorabilidade quer significar que os bens públicos não podem ser 
penhorados. Então como a Administração paga suas dívidas, ação esteja 
inadimplente? 
De acordo com o art. 100 da CF/1988, as dívidas da Fazenda Pública 
serão pagas mediante precatórios, vale informar, processo especial de 
execução de natureza eminentemente de proteção do patrimônio público. 
O Código de Processo Civil, nos artigos 730 e 731, ao tratar do assunto, 
revela: 
Art. 730. Na execução por quantia certa contra a Fazenda 
Pública, citar-se-á a devedora para opor embargos em 10 
(dez) dias; se esta não os opuser, no prazo legal, observar-
se-ão as seguintes regras: 
I - o juiz requisitará o pagamento por intermédio do 
presidente do tribunal competente; 
II - far-se-á o pagamento na ordem de apresentação do 
precatório e à conta do respectivo crédito. 
Art. 731. Se o credor for preterido no seu direito de 
preferência, o presidente do tribunal, que expediu a ordem, 
poderá, depois de ouvido o chefe do Ministério Público, 
CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS PARA O TCU 
PROFESSOR SANDRO BERNARDES 
www.pontodosconcursos.com.br 25
ordenar o seqüestro da quantia necessária para satisfazer o 
débito. 
Um detalhe pouco percebido entre amigos concursandos: apesar de 
impenhoráveis, seria possível o seqüestro de bens públicos? A 
resposta é positiva, agora desvenda, “Mister M”, o segredo dessa 
mágica. Vejamos o que dispõe o §2º do art. 100: 
§ 2º As dotações orçamentárias e os créditos abertos serão 
consignados diretamente ao Poder Judiciário, cabendo ao 
Presidente do Tribunal que proferir a decisão exeqüenda 
determinar o pagamento segundo as possibilidades do 
depósito, e autorizar, a requerimento do credor, e 
exclusivamente para o caso de preterimento de seu 
direito de precedência, o seqüestro da quantia necessária 
à satisfação do débito. 
Outra característica é a IMPRESCRITIBILIDADE.A palavra 
prescrição quer dizer decurso de prazo, seriam os bens públicos 
suscetíveis de aquisição em razão do decurso do prazo? Em outros 
termos, estariam os bens públicos sujeitos à usucapião? A resposta é um 
sonoro NÃO. 
Dispõe o art. 102 do Código Civil: “os bens públicos não estão sujeitos a 
usucapião”, ou seja, não há como cogitar de prescrição aquisitiva em 
desfavor do patrimônio público. 
Assim, nem mesmo os bens públicos dominicais, bens alienáveis, 
são passíveis de USUCAPIÃO, como informa o STF (Súmula 340): “desde 
a vigência do Código Civil, os bens dominicais, como os demais bens 
públicos, não podem ser adquiridos por usucapião”. 
Informação de utilidade concursística: embora os bens públicos não 
sejam suscetíveis de usucapião, a exemplo do que acontece com os bens 
privados em zona urbana (art. 183 da CF/88), o Estatuto da Cidade (Lei 
10.257/2001) institui a denomina concessão de uso especial para 
fins de moradia, desde que o possuidor atenda determinados 
pressupostos até 30 de junho de 2001, a saber: 
a) posse, ininterrupta e pacífica, por cinco anos; 
b) imóvel urbano público (não funcional, enfim, que não seja de 
uso especial), com área de até 250 m2; 
c) uso do terreno para fins de moradia do possuidor ou de sua 
família; 
d) não ter o possuidor a propriedade de outro imóvel urbano ou 
rural. 
Já a característica da NÃO-ONERAÇÃO quer dizer que os bens 
públicos não podem ser gravados com direitos reais sobre a coisa 
alheia. Para fins de Direito Administrativo, suficiente, a nosso ver, 
guardar que não podem incidir penhor, hipoteca, e anticrese. 
Por fim, a ALIENABILIDADE CONDICIONADA. Como vimos, os bens 
públicos de uso comum e de uso especial são inalienáveis, porém, só 
enquanto mantiverem essa qualificação, isto é, enquanto estiverem 
afetados à destinação pública são inalienáveis. Logo, a partir da 
CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS PARA O TCU 
PROFESSOR SANDRO BERNARDES 
www.pontodosconcursos.com.br 26
desafetação, os bens poderão ser alienados, observadas, em todo caso, 
as condições previstas na Lei de Licitações (art. 17). 
Uma última informação: existem bens públicos absolutamente 
inalienáveis, como o ar atmosférico e as praias, etc. 
 
26 - (2007/CESPE/TRT-5/JUIZ) Por serem inalienáveis a priori, os 
bens públicos não se sujeitam à penhora e, portanto, a administração 
submete-se à disciplina de precatórios para o pagamento das suas 
obrigações. 
Gabarito: CERTO– CARACTERÍSTICAS - INALIENABILIDADE 
Tema: Bens Públicos - características 
Comentários: 
A questão serve-nos de reforço. Não vamos explorar o assunto dos 
precatórios por se referir ao conteúdo do Direito Constitucional. Agora, 
atendo-nos ao Direito Administrativo, percebemos, linhas atrás, que os 
bens públicos são impenhoráveis, contando a Fazenda Pública com um 
procedimento especialíssimo para pagamento de seus débitos, o sistema 
dos precatórios. Demais disso, ao estudarmos as características dos bens 
públicos, foi registrado que tais bens são inalienáveis “a priori”, isto é, 
enquanto conservarem sua qualificação (bens de uso comum e especial) 
ou atendidas as exigências da Lei (bens dominiais). 
 
27 -(2005/CESPE/SERPRO/Analista) Os bens dominiais, ao contrário 
dos bens de uso especial e de uso comum, podem ser adquiridos por 
usucapião. 
Gabarito: ERRADO 
Tema: Bens Públicos - características 
Comentários: 
Como vocês vêem, as questões do CESPE, pelo menos se tratando da 
parte de bens públicos, não oferecem grande dificuldade, o que, 
sobremaneira, não tem o condão de diminuir nossa preocupação, afinal, 
temos o dever de acertar a questão fácil, e até podemos ter a 
prerrogativa de errar ou de deixar em branco uma questão de alta 
complexidade. 
Aqui destacamos mais um item de reforço. Na questão nº 8, 
reproduzimos, inclusive, Súmula do STF, que informa: “desde a vigência 
do Código Civil, os bens dominicais, como os demais bens públicos, não 
podem ser adquiridos por usucapião”. A observação continua válida 
neste item. 
 
28 - (2004/CESPE/TCU/Analista) Segundo entendimento 
jurisprudencial, a imprescritibilidade é qualidade apenas dos bens de uso 
comum do povo e dos bens de uso especial. 
Gabarito: ERRADO 
Tema: Bens Públicos - características 
Comentários: 
Caso caia uma questão como essa na prova do TCU, é só matar no peito 
e fazer o gol. O estilo é sempre o mesmo. Vimos que todos os bens 
CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS PARA O TCU 
PROFESSOR SANDRO BERNARDES 
www.pontodosconcursos.com.br 27
públicos, inclusive os dominicais (terras devolutas, por exemplo), não 
são suscetíveis de prescrição aquisitiva – USUCAPIÃO. Essa inteligência 
pode ser extraída, facilmente, do próprio Texto Constitucional (arts. 183, 
§3º e art. 191, parágrafo único): “Os imóveis públicos não serão 
adquiridos por usucapião”. 
 
29 - (2004/CESPE/AGU) Os prédios públicos onde funcionam os 
órgãos da AGU são juridicamente considerados bens públicos de uso 
especial; juridicamente, esses prédios podem vir a ser desafetados e, por 
lei, tornados de uso comum. 
Gabarito: CERTO 
Tema: Bens Públicos - classificação 
Comentários: 
Grande banca examinadora é o CESPE, pois, regra geral, respeita os 
candidatos ao preparar provas, felizmente, bem trabalhadas. 
Vimos, trechos atrás, que os bens de uso especial e de uso comum do 
povo são bens afetados, enquanto os dominiais são bens desafetados, 
pelo fato de não deterem destinação pública específica. 
Aprendemos, ainda, que bens dominicais podem ser transformados em 
bens de uso comum pelo processo de afetação (exemplo: construção de 
praça – uso comum do povo – em terreno sem serventia – bem 
dominical). Em sentido reverso, notamos, também, que os bens 
especiais e de uso comum podem tornar-se dominicais pelo processo de 
desafetação (exemplo: incêndio – evento da natureza – em repartição 
pública – bem de uso especial – transforma-o em prédio inservível – bem 
dominical). 
E, agora, vem o quesito: seria possível uma repartição pública 
perder sua qualificação específica por desafetação 
transformando-se em bem de uso comum, a exemplo de uma 
praça? Apesar de vozes discordantes, o CESPE acredita que sim, é o que 
nos importa. Realmente, não há óbice jurídico de que bens de uso 
especial (e os meramente dominicais) sejam afetados em bens de uso 
comum do povo, por meio de lei ou ato do Executivo. Nessa linha, não 
há óbice de afetação de bens de uso comum em bens de uso especial 
 
30 - (2004/CESPE/TCU/Analista) Os bens dominiais ou do 
patrimônio disponível podem ser afetados a uma utilidade pública, por 
ato administrativo ou por lei. 
Gabarito: CERTO 
Tema: Bens Públicos – afetação 
Comentários: 
Como vimos, os bens dominiais são os bens públicos não afetados a 
qualquer destino público. Aprendemos que os bens públicos dominicais 
podem ser convertidos em bens de uso especial e bens de uso comum do 
povo, o que a doutrina reconhece com o nome de AFETAÇÃO. 
O quesito em tela exige do candidato saber como consagrar (afetar) o 
bem: mediante Lei, apenas? Simples ato administrativo, apenas? 
Ou ambos? Bom, nenhuma das respostas estaria inteiramente correta. 
CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS PARA O TCU 
PROFESSOR SANDRO BERNARDES 
www.pontodosconcursos.com.br 28
Os bens públicos podem ser afetados por LEI, ATO ADMINISTRATIVO, ou 
FATO ADMINISTRATIVO. A primeira é de fácil visualização: lei que 
converte terra devoluta em terreno de preservação ambiental. A 
segunda é a procedida por meio de ato administrativo, por exemplo: 
Decreto do Prefeito que determina a instalação em prédio desativado de 
creche municipal. Por fim, o fato administrativo, o qual pode ou não 
decorrer de um ato de vontade do Estado, por exemplo: construção em 
terras devolutas de edifícios ou de logradouros públicos. 
 
31 -

Continue navegando