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UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO INSTITUTO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS E EXATAS - ICTE DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AMBIENTAL Ecossistemas terrestres e aquáticos – aula 9 Profa. Dra. Ana Paula Milla dos Santos Senhuk 1 - Físicos 2 - Químicos 3 - Bióticos 4 - Hidrológicos 5 - Geomorfológicos Principais parâmetros estudados em ecossistemas aquáticos Parâmetros Hidrológicos 1 - Área da superfície 2 - Descarga ou vazão 3 - Tempo de detenção 5 - Profundidade 6 - Continuidade Parâmetros Geomorfológicos 1 - Cobertura vegetal da bacia 2 - Aglomerados urbanos 3 - Mata ciliar e ripária 4 - Evolução da paisagem • A floresta (ao contrário da urbanização) é a cobertura ideal de uma bacia e, por isso, deve ser preservada ou incentivado o replantio com espécies nativas Parâmetros físicos 1 - Luz solar 2 - Temperatura 3 - Turbidez 4 - Sedimentos 5 - Cor 1 - Luz solar • Absorção e redução da luz pela coluna d´água são os principais fatores que controlam a temperatura e a fotossíntese • Importante conjunto de propriedades dos lagos: interações da luz, temperatura e ventos Parâmetros físicos Radiação no meio aquático • Sofre profundas alterações, tanto na sua intensidade como na qualidade espectral • dependem, basicamente, das concentrações de material dissolvido e em suspensão a) mudança de direção b) absorção pela clorofila e transformação em calor c) dispersão Classificação dos lagos quanto à luminosidade e temperatura Extensão da zona eufótica: • Da superfície até a profundidade na qual 99% da luz solar incidente desaparece • 2,7 x profundidade do disco de Secchi, aproximadamente Uso do disco de Secchi Uso do disco de Secchi De acordo com a profundidade do disco de Secchi (Zds) o lago pode ser classificado como: • Oligotrófico: Zds maior ou igual a 4,6 m • Oligotrófico – mesotrófico: Zds entre 3,8 e 4,5 m • Mesotrófico: Zds entre 2,4 e 3,7 m • Mesotrófico – eutrófico: Zds entre 1,8 e 2,3 m • Eutrófico: Zds menor ou igual a 1,7 m modelos simplificados, baseados principalmente nos teores de nitrogênio, fósforo, clorofila a e disco de Secchi Zona eufótica e transparência da água: • varia com a capacidade da água em atenuar a radiação subaquática ▫ corresponde à profundidade onde a intensidade da radiação solar equivale a 1% daquela que atinge a superfície • Disco de Secchi - cálculo indireto do coeficiente vertical de atenuação (Poole e Atkins, 1929): k = 1,7/Zds • k = coeficiente vertical de atenuação • Zds = profundidade de desaparecimento do disco (m) Uso do disco de Secchi Coef. de Atenuação Vertical (k) Tipos de Lagos k Limites Oligotróficos 0,19 0,10 - 0,28 Mesotróficos 0,53 0,28 - 0,90 Eutróficos 1,86 0,97 - 3,20 Ricos em húmus 2,51 0,81 - 4,5 Túrbidos 6,70 0,34-35,3 FONTE: Fundamentos de Limnologia,Esteves,1998. Uso do disco de Secchi 2 - Temperatura da Água • Depende do clima e ventos (direção e velocidade) locais ▫ Variação geográfica/ variação diária • siderúrgicas, usinas elétricas, usinas nucleares, refinarias - margens do lago, reservatório, ou no litoral • temperatura influi na composição química da água ▫ Águas com temperaturas mais baixas têm maior capacidade de dissolver oxigênio ▫ Em maiores altitudes, onde é menor a pressão atmosférica, o oxigênio dissolvido apresenta menor solubilidade ▫ Alguns compostos são mais tóxicos nas temperaturas mais elevadas – reações químicas aceleradas 2 - Temperatura da Água Igapós • Influência nas atividades biológicas e no crescimento • Faixa adequada (preferida ou ótima) de temperatura para se desenvolverem: Relação entre a Temperatura e a Vida Aquática nos Lagos de Clima Temperado (Hemisfério Norte) TEMPER. NÍVEL VIDA AQUÁTICA < 14°C baixa Poucas plantas, truta, poucas doenças 15 a 20°C média Algumas plantas, besouros d´água, algumas doenças 21 a 27°C alta Muitas plantas, carpa, bagre, muitas doenças de peixes > 27°C muito alta A temperatura começa a reduzir a vida aquática 2 - Temperatura da Água Densidade da água • menor no estado sólido • estabilidade térmica - diferenças de temperatura geram camadas d´água com diferentes densidades • barreira física - impede que se misturem Classificação dos lagos quanto à circulação • Lagos Holomíticos - a circulação atinge toda a coluna d'água • Lagos Meromíticos - a circulação não alcança toda a coluna d'água Padrão de estratificação térmica em lago tropical (lago Dom Helvécio, MG) Relação volume do epilímnio/volume do hipolímnio • ≤ 1: lago eutrófico • >1: lago oligotrófico 3 - Turbidez • dificuldade de um feixe de luz atravessar uma certa quantidade de água - aparência turva • turbidímetro ou nefelômetro - compara o espalhamento de um feixe de luz ao passar pela amostra • Quanto maior o espalhamento, maior será a turbidez • Cor da água e partículas de carbono, interferem na medida da turbidez - propriedades de absorverem a luz • Amostras devem ser analisadas logo após a coleta (feita em recipiente de vidro ou de PVC bem limpos) Causas da Turbidez • presença de matérias sólidas em suspensão (ex: argila) • matéria orgânica e inorgânica • organismos microscópicos • algas • origem desses materiais: ▫ solo (quando não há mata ciliar) ▫ mineração (retirada de areia ou exploração de argila, por ex.) ▫ indústrias ▫ esgoto doméstico Consequências da Turbidez • reduz a penetração da luz solar na coluna d´água • sedimentos em suspensão podem carrear nutrientes e pesticidas • partículas em suspensão próximo à superfície podem absorver calor adicional Turbidez recomendada em alguns usos da água Limites de Turbidez Recomendados USOS DA ÁGUA UNT Água potável 0,5 a 5,0 Água subterrânea típica < 1,0 Piscicultura 10 a 40 NTU (Nephelometric Turbidity Units) 4 - Sedimentos • materiais sólidos e semi-fluidos depositados no leito dos lagos e reservatórios ▫ carreamento pelas enxurradas da bacia de contribuição ▫ deposição de matéria orgânica em decomposição (originada na bacia ou na própria água) • Dinâmica dos sedimentos - 3 fases em sequência: a) arraste de partículas ou decomposição de seres vivos b) sedimentação desses materiais ou a precipitação de elementos c) acúmulo, deposição ou armazenagem dos mesmos no leito dos lagos e reservatórios 4 - Sedimentos • Guia de Avaliação de Assoreamento de Reservatórios da Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL (Newton O. Carvalho, Brasília, 132 p., 2000) • aspecto sedimentológico ▫ redução das velocidades da corrente ▫ deposição gradual dos sedimentos carreados pelo curso d´água ▫ diminuição gradativa da capacidade de armazenamento do reservatório 4 - Sedimentos • ALIMENTO E HABITAT - função ecológica importante nos lagos e reservatórios • comunidade bentônica se alimenta dos detritos (ou sedimentos) aí depositados: ▫ peixes ▫ invertebrados aquáticos • RETENÇÃO DE PRODUTOS TÓXICOS - maior dano ecológico, depois da eutrofização • considerados a memória de um lago • poluição acumulada e armazenada - mg/kg de peso seco de Fe, Zn, Mn, Cu, Pb, Cr, Ni, Cd, Hg... 4 - Sedimentos Sedimento como indicador do Estado Trófico • lagos oligotróficos de regiões temperadas - baixo teor de matéria orgânica (cor clara) e baixa concentração de nutrientes • lagos mesotróficos e, especialmente, eutróficos - teor de matéria orgânica e a concentração de nutrientes aumenta consideravelmente Estudos ecotoxicológicos de sedimentos • avaliação do nível de contaminação – metais pesados • abordagens integradas - análises químicas,físicas e biológicas dos sedimentos - mais adequadas nos estudos toxicológicos • macroinvertebrados bentônicos (organismos do leito que são retidos em redes com malha de 200 a 500 µm, incluindo larvas de insetos, moluscos, oligoquetos e crustáceos) - mais indicados - vivem em contato direto com o sedimento Alguns macroinvertebrados bentônicos Reino: Animalia Filo: Arthropoda Classe: Insecta MUITO SENSÍVEL À POLUIÇÃO - %EPT Ordem: Plecopetera Ordem: Ephemeroptera Ordem: Trichoptera Alguns macroinvertebrados bentônicos POUCO SENSÍVEL A RESISTENTEÀ POLUIÇÃO Ordem: Odonata Ordem: Diptera Família: Chironomidae Filo: Mollusca Classe: Gastropoda Ordem: Pulmonata Técnicas de Coleta de Sedimentos • manual (cilindros ou corers) • com guincho e draga • caçamba metálica - suportada por um guincho, manejado a partir do barco • pegadores ou busca-fundos – Petersen Surber http://osgalocheiros.blogspot.com.br/ Metodologia •Lavagem em água corrente • Triagem • pode interferir na medição da transparência e da turbidez Cores Usuais e Suas Prováveis Causas CORES DA ÁGUA ORIGEM PROVÁVEL Azul Pouco material em suspensão Verde Rica em fitoplâncton e outras algas Vermelha Certos tipos de algas ("maré vermelha") Amarela/Marrom Materiais orgânicos dissolvidos, substâncias húmicas do solo, turfa ou material deteriorado de plantas Mistura de cores Escorrimento de água no solo 5 – Cor 5 – Cor Variedade de cores: • algas azuis - cor esverdeada • diatomáceas – cor amarelada ou parda amarelada; • Lagos em regiões com rocha cálcica apresentam cor esverdeada • Lagos em regiões com rochas férricas tem uma cor amarronzada • Os compostos húmicos originados principalmente pela decomposição do material alóctone dão uma cor amarelada aos rios e lagos Origem natural: • decomposição da matéria orgânica (principalmente vegetais), ferro e manganês Origem antropogênica: • resíduos industriais e esgotos domésticos sem tratamento • Parâmetro de avaliação visual - subjetiva 5 – Cor Parâmetros Químicos 1 - Oxigênio Dissolvido 2 - Salinidade 3 - pH 4 - Alcalinidade 5 - Fosfatos e Nitratos 6 - Outros 1 - Oxigênio Dissolvido (ppm) Principais fontes de oxigênio: • Fotossíntese • Atmosfera - em contato com a água (ventos, ondas, correntes) • Solubilidade de O2: ▫ O2 temperatura ▫ salinidade Principais responsáveis pela retirada do oxigênio da água: • respiração dos organismos aquáticos • decomposição aeróbica • oxidação de íons metálicos, como ferro e manganês • perdas para a atmosfera • concentração de oxigênio ao longo da coluna d´água em lagos temperados (verão) ▫ indicador do nível trófico destes ecossistemas • lagos de clima tropical - decomposição da matéria orgânica no hipolímnio - 4 a 9 vezes mais rápida ▫ temperatura é em torno de 20°C maior do que no hipolímnio de um lago temperado 1 - Oxigênio Dissolvido (ppm) 2 - Salinidade • quantidade de sais dissolvidos nas águas dos lagos e reservatórios • corresponde ao peso (g) dos sais presentes em 1000g de água • águas salobras – ppm • águas doces - ppb ou ppt • água do mar - 35 ppt • água doce - 0,5 ppt maior no Verão e menor no Inverno • evaporação pode aumentar a salinidade • chuvas costumam diminuir a salinidade 2 - Salinidade • Principais íons responsáveis pela formação de sais em águas interiores: cátions: • cálcio, magnésio, sódio, potássio ânions: • bicarbonato, cloreto e sulfato 3 – pH • concentração de íons Hidrogênio • determina a solubilidade e a disponibilidade biológica (quantidade que pode ser usada pela biota aquática) dos constituintes químicos (P, N e C) e metais pesados (Pb, Cu, Cd e outros) • Lagos ácidos - tendem a ter águas claras, porque contêm pouca ou nenhuma alga ▫ podem não conter peixes ▫ ligeira acidificação da água aumenta a solubilização dos fosfatos 3 – pH Origens naturais da alteração do pH: • A dissolução de rochas, absorção de gases da atmosfera, oxidação da matéria orgânica e fotossíntese Origens antropogênicas: • despejos domésticos (oxidação da matéria orgânica), despejos industriais, como lavagem ácida de tanques, chuva ácida • Influência do pH para a fauna aquática: • Bactérias: 1,5 a 13,5 • Plantas: 6,5 a 12,0 • Peixes: 6,0 a 9,0 (carpa, bagre e sugadores) • Moluscos: 7,5 a 9,0 (caramujos, ostras e mexilhões) • Invertebrados aquáticos: 6,5 a 7,5 Valores de pH afastados da neutralidade podem afetar os microrganismos responsáveis pelo tratamento biológico e a vida aquática. 5 – Fosfatos e nitratos • principais nutrientes responsáveis pelo equilíbrio da biota aquática • mais abundantes na natureza • disponibilidade aumentada pelo uso de fertilizantes na agricultura e esgotos urbanos e industriais das aglomerações humanas sem tratamento adequado ▫ EUTROFIZAÇÃO • Nitrogênio: importância fundamental a vida dos organismos, uma vez que é parte integrante da molécula de proteína • Fósforo: considerado um dos mais importantes e limitantes a vida dos organismos de água doce - ATP 5 – Fosfatos e nitratos Efeito dos poluentes em ecossistemas aquáticos Coleta de água para análise • Garrafa Van Dorn Fonte: ANA, 2012 Classes de Enquadramento Conforme Usos das Águas Doce (ANA, 2012) ANA, 2012 Índice de Conformidade ao Enquadramento (ICE) Parâmetros Bióticos (comunidades) 1 – Fitoplâncton 2 - Zooplâncton 3 – Peixes 4 - Crustáceos 5 – Invertebrados aquáticos Comunidade fitoplanctônica • Principais grupos com representantes no plâncton de água doce Cianobactérias ou algas azuis Cyanophyta Volvox sp. - algas verdes Chlorophyta Euglena sp. Euglenophyta Sinura sp. - colônias Chrysophyta Dinoflagelados Pyrrophyta Adaptações do fitoplâncton à flutuação • Bainha mucilaginosa • Formação de gotículas de óleo • Aumento da superfície de contato • Formação de vacúolos gasosos Distribuição espacial do fitoplâncton (vertical) • Densidade dos organismos fitoplanctônicos – adaptação para flutuar • Composição química do meio •nutrientes essenciais (P, N, C, Ca, Mg...) •derivados do metabolismo da própria comunidade fitopl. (carboidratos, antibióticos, vitaminas e toxinas) •gases dissolvidos (oxigênio, metano e gás sulfídrico) • Herbivoria – atividade de zooplâncton Distribuição espacial do fitoplâncton (vertical) • “Seiches” internos – movimentos internos de massas d’água que ocorrem em lagos estratificados • Turbulência da água - vento • Taxa de renovação da água – ambientes com entrada e saída de grande volume de água (ex: represas) • Radiação solar – maior densidade de organismos na zona eufótica • Temperatura da água Comunidade zooplanctônica • Protozoários (flagelados, sarcodinas e ciliados) • Metazoários •Rotíferos (asquelmintes) •Cladóceros e copépodos (crustáceos) •Larvas de dípteros (insetos) Daphinia sp. - CladóceroMicrocodon sp. - Rotífero Cyclops sp. - Copépodo Chaoborus sp. – Diptera Comunidade zooplanctônica • Hábito alimentar: •Protozoários: bacteriófagos, detritívoros, herbívoros, carnívoros •Rotíferos: onívoros, carnívoros e herbívoros •Cladóceros: filtradores (fitoplâncton e detritos) Rede para coleta de fito e zooplâncton Referência • ESTEVES, F. A. Fundamentos de Limnologia. Rio de Janeiro: Editora Interciência – FINEP, 1998, 602 p.
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