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casos civil/Altera��o do Contrato de trabalho.docx
► Alteração do Contrato de trabalho 
▪ Estudo das alterações nas condições de trabalho (alteração objetiva). 
→ Princípio da inalterabilidade contratual lesiva 
- As vantagens estabelecidas em favor do empregado aderem ao contrato de trabalho como direitos adquiridos. 
- Ficam vedadas, em regra, qualquer alteração prejudicial ao obreiro; 
CLT: Art. 468 - Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas condições por mútuo consentimento, e ainda assim desde que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente desta garantia. 
Dois requisitos para a alteração: 
- Consentimento do trabalhador (em regra a alteração não pode ser unilateral por parte do empregador, salvo algumas exceções) 
- Ausência de prejuízo para o trabalhador 
→ Princípio da irrenunciablidade e da indisponibilidade: Mesmo que o obr eiro concorde com a alteração, se ela for prejudicial, será nula. 
CLT: Art. 9º - Serão nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos contidos na presente Consolidação. 
→ A anulação de cláusula prejudicial acarreta o retorno da clausula anterior ou a aplicação da norma legal mínima. 
→ Alterações favoráveis ao empregado são admitidas normalmente 
OBS: O princípio da inalterabilidade lesiva é oponível apenas ao empregador e não ao Estado (Legislador) 
▪ Jus Variandi 
É a exceção à inalterabilidade unilateral pelo empregador, e decorre de seu poder diretivo. 
Corresponde a possibilidade de o empregador promover pequenas alterações no contrato de trabalho, relativas à organização do ambiente de trabalho, à função exercida, ao local de trabalho, etc. 
Jus Variandi ordinário: Permite pequenas alterações na prestação do trabalho, desde que não acarrete prejuízos ao trabalhador; 
Ex: uso de uniformes, alteração de entrada e saída 
▫ Jus Variandi extraordinário: Admite alterações unilaterais prejudiciais ao obreiro em situações especiais; 
Ex: Alteração na data de pagamento; reversão ao cargo anteriormente ocupado 
→ Jus Resitentiae 
▪ Rebaixamento de função: É ilícito, exceto se resultar da reversão, ainda que mantido o 
mesmo salário. 
▪ Reversão: 
CLT: Art. 468 Parágrafo único - Não se considera alteração unilateral a determinação do empregador para que o respectivo empregado reverta ao cargo efetivo, anteriormente 
ocupado, deixando o exercício de função de confiança. 
EX: Gerente 
Sumula 372, I, TST: Percebida a gratificação de função po r mais de dez anos ou mais anos pelo empregado, se o empregador, sem justo motivo, revertê-lo a seu cargo efetivo, não poderá retirar-lhe a gratificação tendo em vista o princípio da estabilidade financeira. 
▪ Aproveitamento: em decorrência da extinção de cargo anteriormente ocupado → Possível desde que não acarrete prejuízos; 
▪ Readaptação: É lícita a mudança de função, por recomendação do INSS, em virtude de 
readaptação de operário acidentado, metendo a mesma remuneração; 
▪ Redução da jornada de trabalho 
É possível desde que, em regra, não acarrete diminuição da remuneração. 
→ Exceção (quando será possível a redução da jornada com redução salarial): 
A) Havendo previsão em acordo ou convenção coletiva de trabalho 
CF: Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais: 
VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo; 
B) Caso fique comprovado que o empregado tem interesse efetivo na alteração ou adoção da jornada por tempo parcial; 
C) Redução da jornada e, conseqüentemente, do salário do professor em virtude da redução do número de turmas na escola (TST); 
OBS: O patrão pode reduzir a jornada unilateralmente, sem redução salarial, entretanto, não poderá restabelecê-la unilateralmente. 
- Excepcionalidade do servidor público 
*Transferência de turno de trabalho 
→ Transferência do noturno para o diurno: 
- Pode se dar unilateralmente pelo patrão (é mais benéfico) 
- Há a perda do adicional noturno 
Súmula 265 TST: “Adicional noturno. Alteração de turno de trabalho. Possibilidade de 
supressão. A transferência para o período diurno de trabalho implica a perda do direito ao adicional noturno”. 
→ Transferência do Diurno para o noturno 
- Não pode se dar unilateralmente pelo patrão (prejudicial à saúde do obreiro) 
▪ Alteração do horário de trabalho 
- insere-se no jus variandi do empregador 
- Desde que não implique mudança de turno ou prejuízo ao obreiro, é possível; 
▪ Alteração da forma de remuneração 
- É possível desde que não haja prejuízo 
Ex: Mudança de remuneração por comissão para salário fixo, mantido o patamar salarial 
anterior; 
▪ Alteração do regulamento da empresas 
- As cláusulas de regulamento da empresa aderem ao contrato de trabalho; 
- As alterações no regulamento somente produzirão efeitos para os empregados 
contratados a partir da modificação; 
Sumula 51 do TST: “Norma regulamentar. Vantagens e opção pelo novo regulamento. 
I – As cláusulas regulamentares, que revoguem ou alterem vantagens deferidas 
anteriormente, só atingirão os trabalhadores admitidos após a revogação ou alteração do 
regulamento. 
II – Havendo a coexistência de dois regulamentos da empresa, a opção do empregado por um deles tem efeito jurídico de renúncia às regras do sistema do outro.” 
▪ Transferência 
→ Significa a alteração do local da prestação do serviço com mudança de domicílio do 
obreiro; 
- Em regra não poderá se dar unilateralmente pelo patrão; 
- Tem que haver o consentimento do trabalhador; 
CLT: Art. 469 - Ao empregador é vedado transferir o empregado, sem a sua anuência, para localidade diversa da que resultar do contrato, não se considerando trans ferência a que não acarretar necessariamente a mudança do seu domicílio. 
▫ Exceções 
CLT: Art. 469. § 1º - Não estão compreendidos na proibição deste artigo: os empregados que exerçam cargo de confiança e aqueles cujos contratos tenham como condição, implícita ou 
explícita, a transferência, quando esta decorra de real necessidade de serviço. 
→ Em ambas as hipóteses exige-se a necessidade do serviço para que seja lícita a transferência (sumula 43 do TST) 
§ 2º - É licita a transferência quando ocorrer extinção do estabelecimento em que trabalhar o 
empregado. 
→ Princípio da continuidade da relação de emprego 
▪ Transferência provisória 
§ 3º - Em caso de necessidade de serviço o empregador poderá transferir o empregado para localidade diversa da que resultar do contrato, não obstante as restrições do artigo anterior, mas, nesse caso, ficará o brigado a um pagamento suplementar, nunca inferior a 25 % (vinte e cinco por cento) dos salários que o empregado percebia naquela localidade, enquanto durar essa situação. 
→ O Adicional somente será devido da transferência provisória; 
→ O adicional é calculado sobre todas as verbas salariais 
→ Caso a transferência provisória se der a pedido do obreiro, não haverá direito ao adicional; 
Art. 470 - As despesas resultantes da transferência correrão por conta do empregador. 
(é a ajuda de custo, tem caráter indenizatório) 
OBS: Art. 543 - O empregado eleito para cargo de administração sindical ou representação profissional, inclusive junto a órgão de deliberação coletiva, não poderá ser impedido do exercício de suas funções, nem transferido para lugar ou mister que lhe dificulte ou torne impossível o desempenho das suas atribuições sindicais. 
casos civil/Apostila de Penal I Madureira 2017.1.doc_1487425947984.pdf
UNESA MADUREIRA– 2017.1
Resumo e Referências básicas de Direito Penal I
Professora Gisela França
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Direito Penal I
2017.1
Professora Gisela França
1ª e 2ª AULAS – Histórico do Direito Penal e
da Pena. Escolas
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Resumo e Referências básicas de Direito Penal I
Professora Gisela França
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Penais. Conceito de Direito Penal. Funções. Princípios de Direito
Penal. Garantismo Penal. Bem Jurídico. Controle Social e Estado
Democrático de Direito. 
Considerações Gerais 
O Direito Penal é o conjunto de normas jurídicas mediante as
quaisoEstadoproíbedeterminadascondutas,sobaameaçadesanção
penal. 
OBS:AsançãocaracterísticadoDireitoPenaléaPena,queéa
principal conseqüência jurídica do crime.
FalardeDireitoPenaléfalardealgumaformadeviolência.No
entanto,modernamente,sustenta-sequeacriminalidadeéumfenômeno
social em certa medida normal. Durkheim afirma que o delito não
ocorre somente na maioria das sociedades de uma ou outra espécie,
massimemtodasassociedadesconstituídaspelohomem.Asrelações
humanas são contaminadas pela violência, necessitando de normas que
as regulem.
Eofatosocialquecontrariaroordenamentojurídicoconstitui
ilícitojurídico,cujamodalidademaisgraveéoilícitopenal,que
lesa os bens mais importantes dos membros da sociedade.
Quando as infrações aos direitos e interesses do indivíduo
assumem determinadas proporções, e os demais meios de controle
social mostram-se insuficientes ou ineficazes para harmonizar o
convíviosocial,surgeoDireitoPenalcomsuanaturezapeculiarde
meio de controle social formalizado, procurando resolver os
conflitos e sanar eventuais rupturas produzidas pela convivência
humana.
A denominação Direito Penal é mais tradicional, no Direito
Contemporâneo, com larga utilização, especialmente nos países
ocidentais. Direito Criminal também foi uma terminologia de grande
aplicação, especialmente no século passado, hoje encontra-se em
desuso, com exceção dos países anglo-saxões, que preferem a
expressão CRIMINAL LAW.
Ofatosocialésempreopontodepartidanaformaçãodanoção
de Direito. O Direito surge das necessidades fundamentais das
sociedades humanas, que são reguladas por ele como condição
essencial à sua própria sobrevivência.
OfatosocialquesemostracontrárioànormadeDireitoforça
o ilícito jurídico, cuja forma mais séria é o ilícito penal, que
atenta contra os bens mais importantes da vida social.
OBS: BEM – é tudo aquilo que pode satisfazer as necessidades
humanas. Todo valor reconhecido pelo Direito torna-se um bem
jurídico.
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Resumo e Referências básicas de Direito Penal I
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Bem,paraFranciscodeAssisToledo,emsentidomuitoamplo,étudo
o que se apresenta como digno, útil, necessário, valioso.
2. Conceito de Direito Penal
Como já se observou, das necessidades humanas decorrentes da
vida em sociedade surge o Direito, que visa garantir as condições
indispensáveis à coexistência dos elementos que compõem o grupo
social. 
OfatoquecontrariaanormadeDireito,ofendendooupondoem
perigo um bem alheio ou a própria existência da sociedade, é um
ilícito jurídico, que pode ter conseqüências meramente civis ou
possibilitaraaplicaçãodesançõespenais.Noprimeirocaso,tem-se
somente um ilícito civil, que acarretará àquele que o praticou
apenas uma reparação civil; aquele que, por culpa, causa dano a
alguém será obrigado a indenizá-lo, o cônjuge que abandona o lar
estará sujeito a separação judicial ou ao divórcio.
Muitas vezes, porém, essas sanções civis se mostram
insuficientes para coibirem a prática de ilícitos jurídicos graves,
que atingem não apenas interesses individuais, mas também bens
jurídicos relevantes, em condutas profundamente lesivas à vida
social.
Arma-se o Estado, então, contra os respectivos autores desses
fatos,cominandoeaplicandosançõesseveraspormeiodeumconjunto
denormasjurídicasqueconstituemoDireitoPenal.Justificam-seas
disposições penais, quando meios menos incisivos, como o Direito
Civil, não bastam ao interesse de eficiente proteção aos bens
jurídicos.
Pode-se dizer que o fim do Direito Penal é a proteção da
sociedade e, mais precisamente, a defesa dos bens jurídicos
fundamentais (vida, integridade física e mental, honra, liberdade,
patrimônio, costumes, paz pública etc.).
Existem inúmeras definições de Direito Penal, e escolhemos
algumas delas:
DireitoPenaléoconjuntodenormasjurídicasmedianteasquaiso
Estadoproíbedeterminadasaçõesouomissões,sobameaçadesanção
penal.
O Direito Penal é o conjunto de normas jurídicas que o Estado 
estabelece para combater o crime, através das penas e medidas de 
segurança.
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Éoconjuntodenormasjurídicasqueregulamopoderpunitivodo
Estado,tendoemvistaosfatosdenaturezacriminaleasmedidas
aplicáveis a quem os pratica.
Éoconjuntodenormasqueligamaocrime,comofato,apenacomo
conseqüência.
3. Caracteres do Direito Penal
O Direito Penal regula as relações do indivíduo com a
sociedade. Por isso, não pertence ao Direito Privado, mas sim ao
Público.
Quando o sujeito pratica um delito, estabelece-se uma relação
jurídicaentreeleeoEstado.Surgeojuspuniendi,queéodireito
que tem o Estado de atuar sobre os delinqüentes na defesa da
sociedade contra o crime.
OBS:Comosenota,oDireitoPenalregularelaçõesjurídicasemque
deumladosurgeoEstadocomojuspuniendi,oquelhedáocaráter
deDireitoPúblico.Mesmonoscasosemqueaaçãopenalsemovimenta
por iniciativa da parte ofendida (crimes de ação privada), não se
outorga o jus puniendi ao particular. Este exerce apenas o jus
persequendi in juditio, não gozando do direito de punir o sujeito
ativo do crime.
O Direito Penal é ciência :
cultural –porque pertence à classe das ciências do “dever ser” ;
normativa – porque tem a finalidade de estudar a norma;
valorativa – o direito não empresta às normas o mesmo valor, porém
essevaria,deconformidadecomofatoquelhedáconteúdo.Incumbe
ao Direito Penal, em regra, tutelar os valores mais elevados e
importantes para a sociedade;
finalista – porque atua em defesa da sociedade na proteção de bens
jurídicos fundamentais, como a vida humana, honra, patrimônio, paz;
sancionadora – uma vez que protege a ordem jurídica cominando em
sanções.
4. Conteúdo do Direito Penal
OconteúdodoDireitoPenalabarcaoestudodocrime,dapenae
do delinqüente, que são os seus elementos fundamentais, precedidos
de uma parte introdutória.
5. Direito Penal Objetivo e Direito Penal Subjetivo
Objetivo 
O conjunto de normas jurídicas constitui o Direito Penal
Objetivo (É o próprio ordenamento jurídico penal).
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Subjetivo
ODireitoPenalsubjetivoéodireitodepunir,quesurgecoma
norma penal, e que é sempre atingido pela ação delituosa. (jus
puniendi)
O Direito Penal Subjetivo emerge do bojo do próprio Direito
Penal Objetivo, constituindo-se no ius puniendi, cuja titularidade
exclusiva pertence ao Estado, soberanamente, como manifestação do
seu poder de império.
OBS:DenotarqueoDireitoPenalsubjetivo–odireitodepunirdo
Estado- tem limites no próprio Direito Penal Objetivo. Não se
compreende um jus puniendi ilimitado. A norma penal não cria
direitos subjetivos somente para o Estado, mas também para o
cidadão. Se o Estado tem o jus puniendi, o cidadão tem o direito
subjetivo de liberdade (jus libertatis), que consiste em não ser
punido senão de acordo com as normas ditadas pelo próprio Estado.
6. Direito Penal Comum e Especial
Os autores diferenciam o Direito Penal comum do Direito Penal
especial. O primeiro se aplica a todos os cidadãos, ao passo que o
segundo tem o seu campo de incidência adstrito a uma classe de
cidadãos, conforme sua qualidade particular.
O critério para essa diversificação está no órgão encarregado
de aplicar o direito objetivo.
Seanormapenalobjetivapodeseraplicadaatravésdajustiça
comum,suaqualificaçãoserádeDireitoPenalComum;se;noentanto,
somente for aplicável por órgãos especiais, constitucionalmente
previstos, trata-se de norma penal especial.
Ex.: O Direito Penal Militar e o Direito Penal Eleitoral são
especiais. 
OBS: O professor Damásio de Jesus considera, isoladamente, que o
DireitoPenalEleitoralnãoseriaumramodoDireitoPenalEspecial
por ser a Justiça Eleitoral composta de juízes na quase-totalidade
provenientes da Justiça Comum.
OBS.: Cumpre destacar que a distinção entre Direito Penal Comum e
EspecialnãodeveserconfundidacomLegislaçãoPenalComum–Código
Penal – e com Legislação Penal Especial, também conhecida como
legislação extravagante, que é constituída pelos demais diplomas
legais que não se encontram no Código Penal.
ExemplosdeLegislaçãoPenalExtravagante–Lei8.069de1990(ECA),
Dec-Lei 3.688 de 1941(Lei das Contravenções Penais), Lei 8.072 de
1990(Lei de Crimes Hediondos), Lei 9.503 de 1997 (Código de
Trânsito) etc. 
Divergência – Luiz Regis Prado – posição isolada - minoritária
Direito Penal Comum – é representado pelo Código Penal
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Direito Penal Especial – é constituído pela legislação especial ou
extravagante.
Ex.: Lei 8.069 de 1990(ECA), Dec-Lei 3.688 de 1941(Lei das
Contravenções Penais), Lei 8.072 de 1990(Lei de Crimes Hediondos),
Lei 9.503 de 1997 (Código de Trânsito), Lei 11.343 de 2006(Drogas)
etc. 
7. Princípios Fundamentais do Direito Penal (Princípios Limitadores
do Poder Punitivo Estatal)
Princípio da Legalidade ou da Reserva Legal
Está preceituado na Constituição Federal de 1988, art. 5°,
XXXIXenoCPart.1°,Nãohácrimesemleianteriorqueodefina;
não há pena sem prévia cominação legal. 
NUlLUM CRIMEN, NULLA POENA SINE LEGE
Pelo princípio da Legalidade, a elaboração das normas
incriminadoras é função exclusiva da lei, isto é, nenhum fato pode
serconsideradocrimeenenhumapenacriminalpodeseraplicadasem
que antes da ocorrência desse fato exista uma lei definindo-o como
crime e cominando-lhe a sanção correspondente. A lei deve definir
com precisão e de forma cristalina a conduta proibida.
Importância do Princípio da legalidade
O princípio da Legalidade assegura a possibilidade de um
prévio conhecimento dos crimes e das penas, assim como também
garante que o cidadão não seja submetido à coerção penal distinta
daquela disposta em lei.
Violações indiretas ao princípio da legalidade.
Está na criação dos tipos que possuam expressões obscuras,
indeterminadas, imprecisas e que não nos permitam entender com
clareza o que está sendo dito.
Ex.: art. 45 § 2° CP
Qual é a prestação de outra natureza? 
OBS:OPrincípiodaLegalidadeéimprescindívelparaoDireitoPenal
Democrático. É a maior garantia que o indivíduo possui contra a
intervenção do Estado sobre a sua esfera de privacidade. Significa
uma limitação do poder punitivo estatal sobre os indivíduos.
Oaparecimentodoprincípiodalegalidade,paraalguns,sedeucomo
adventodaMagnaCarta(séc.XIII),emquebarõesinglesesimpunham
suas vontades ao rei João. Este princípio se cristalizou com o
Iluminismo na pessoa de Beccaria (1764). Mas o principal defensor
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deste princípio foi Feuerbach que nos trouxe, no início do século
XIX,umbrocardolatinoquedefineoprincípiodalegalidade:nullum
crimen, nulla poena sine lege.
No Brasil o Princípio da Legalidade existe desde a Constituição de
1824, sem nunca ser subtraído.
Para que o Direito Penal possa atuar sobre a esfera da
individualidade é necessário que haja proibições casuísticas. Que
caso a caso o legislador penal deve dizer o que é proibido. Um
esquema elaborado por Maurach, subdivide o Princípio da Legalidade
em quatro sub-princípios:
❑ nullum crimen, nulla poena sine lege praevia – é necessária a
existência formal de uma lei escrita anterior a um fato para
que este seja considerado um crime ou para agravar a
punibilidade.Aspessoasnãopodemassimserpegasdesurpresa.
Não pode haver regulamentação de matéria penal por Medida
Provisória (art. 62 da CF), pois tal matéria deve seguir o
processolegislativoconstitucionalmentedevido,senãohaveráo
vício de forma. 
❑ nullum crimen, nulla poena sine lege scripta – Não podem ser
usados, por exemplo, os costumes para criar tipos penais ou
agravar suas penas. 
❑ nullum crimen, nulla poena sine lege stricta – Proibição da
analogia para agravamento ou criação de novo tipo penal, mas
podeserusadaparabeneficiarapessoa.Proibiçãodaanalogia
in malam partem.
❑ nullumcrimen,nullapoenasinelegecerta–Anormapenalnão
podeservaga,temqueseracessívelatodos.Proibiçãodeleis
indeterminadas. 
►Imp!SomenteLeiem sentido estritoouformal (manifestação da
vontade coletiva expressada através de órgãos constitucionais –
PoderLegislativo)poderádefinircrimeseestabelecerpenas,sendo
assim, do rol do artigo 59 da CF, somente as três primeiras
espéciesnormativassãoaptasadefiniçãodecrimeseacominação
dePenas.(Videtambémart.62§1º,incisoI,alíneaB,daCF/88.
Logo para efeitos penais, o processo legislativo compreende a
elaboração de emendas à Constituição; leis complementares e de
leisordinárias.Nãoseadmitea previsão deinfrações penais,a
cominaçãodepenasemedidasdesegurançaeacriaçãodenormasde
outranaturezapormeiodemedidasprovisórias,deleisdelegadas,
de decretos legislativos e de resoluções. 
Princípio da Intervenção Mínima
Procurandorestringirouimpediroarbítriodolegislador,no
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sentidodeevitaradefiniçãodesnecessáriadecrimeseaimposição
de penas injustas, desumanas ou cruéis, a criação de tipos
delituosos deve obedecer à imprescindibilidade, só devendo intervir
oEstado,porintermédiodoDireitoPenal,quandoosoutrosramosdo
Direito não conseguirem prevenir a conduta ilícita.
Oprincípiodaintervençãomínima,tambémconhecidocomoultima
ratio,orientaelimitaopoderincriminadordoEstado,preconizando
que a criminalização de uma conduta só se legitima se constituir
meio necessário para a proteção de determinado bem jurídico.
Se outras formas de sanção ou outros meios de controle social
revelarem-se suficientes para a tutela desse bem, a sua
criminalização é inadequada e não recomendável.
Resumindo, antes de se recorrer ao Direito Penal deve-se
esgotar todos os meios extra penais de controle social.
De acordo com o referido princípio o Direito Penal deve ser a
última forma de Intervenção do Estado, só devendo ser utilizado,
quando outras formas de Intervenção menos severas tiverem falhado.
O Direito Penal mínimo é aquele que tem que ser aplicado na
medida certa, somente o que é necessário. 
O princípio da intervenção mínima deve ser analisado sob dois
enfoques diferentes, a saber: 
a)ab initio, devendo ser entendido como um princípio de análise
abstrata,queservedeorientaçãoaolegisladorquandodacriaçãoou
da revogação das figuras típicas; 
b)evidencia a chamada natureza subsidiária do DP, devendo ser ele
encarado como a ultima ratio de intervenção do Estado. 
Na primeira vertente, em um enfoque minimalista, a finalidade do
Direito Penal é proteger os bens jurídicos mais importantes e
necessários ao convívio em sociedade. Partindo dessa visão, somente
os bens de maior relevo é que merecerão a atenção do legislador
penal que, a fim de protegê-los, deverá criar os tipos penais
incriminadores, proibindo ou determinando a prática de
comportamentos sob a ameaça de uma sanção. 
Com sua segunda vertente, o princípio da intervenção mínima deixa
entrever a necessidade de o Direito Penal ser aplicado de forma
subsidiária, tendo em vista a drasticidade de sua intervenção,
permitindo, assim, ancorado no princípio da dignidade da pessoa
humana, que outros ramos do ordenamento jurídico, com primazia,
procurem
fazer a proteção dos bens jurídicos, somente sendo
necessária a interferência do Direito penal quando esses outros
ramos demonstrarem que são ineficazes ou insuficientes na sua
proteção.
ParaFernandoCapez,aintervençãomínimatem,porconseguinte,
dois destinatários. 
Aolegisladoroprincípioexigecautelanomomentodeelegeras
condutas que merecerão punição criminal, abstendo-se de incriminar
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qualquer comportamento. Somente aqueles que, segundo comprovada
experiênciaanterior,nãopuderamserconvenientementecontidospela
aplicação de outros ramos do direito deverão ser catalogados como
crimes em modelos descritivos legais. 
Ao operador do Direito recomenda-se não proceder ao
enquadramento típico, quando notar que aquela pendência pode ser
satisfatoriamente resolvida com a atuação de outros ramos menos
agressivos do ordenamento jurídico. Assim, se a demissão com justa
causa pacifica o conflito gerado pelo pequeno furto cometido pelo
empregado, o direito trabalhista tornou inoportuno o ingresso do
penal. Se o furto de um chocolate em um supermercado já foi
solucionadocomopagamentododébitoeaexpulsãodoinconveniente
freguês,nãohánecessidadedemovimentaramáquinapersecutóriado
Estado. 
Segundo Claus Roxin, o Direito Penal é o remédio sancionador
extremo. 
Princípio da Fragmentariedade
AfragmentariedadedoDireitoPenalécoroláriodosprincípios
da intervenção mínima e da reserva legal.
Nem todas as ações que lesionam bens jurídicos são proibidas
pelo Direito Penal, como nem todos os bens jurídicos são por ele
protegidos. O Direito Penal limita-se a castigar as ações mais
graves praticadas contra os bens jurídicos mais importantes,
decorrendo daí o caráter fragmentário.
ODireitoPenalnãoconstituiumsistemaexaustivodeproteção
debensjurídicos,desorteaabrangertodososbensqueconstituem
o universo de bens do indivíduo.
Resumindo, caráter fragmentário do Direito Penal significa que
o Direito Penal não deve sancionar todas as condutas lesivas dos
bensjurídicos,mastãosomenteaquelascondutasmaisgravesemais
perigosas praticadas contra os bens mais relevantes.
OBS: Quem registrou pela primeira vez o caráter fragmentário do
direitopenalfoiBinding,emseuTratadodeDireitoPenalAlemãode
1896.
Princípio da Culpabilidade
NULLUM CRIMEN SINE CULPA
Apenasópodeserimpostaaquem,agindocomdoloouculpa,e
merecendo juízo de reprovação, cometeu um crime.
É um fenômeno individual: o juízo de reprovabilidade
(culpabilidade), elaborado pelo juiz, recai sobre o sujeito
imputável que, podendo agir de maneira diversa, tinha condições de
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alcançar o conhecimento da ilicitude do fato.
O juízo de culpabilidade, que serve de fundamento e medida da
pena, repudia a responsabilidade penal objetiva (aplicação da pena
sem dolo ou culpa e culpabilidade).
Culpabilidade = reprovação = repreensibilidade
Atribui-se,emDireitoPenal,umtriplosentidoaoconceitode
culpabilidade, que precisa ser liminarmente esclarecido. 
Em primeiro lugar, a culpabilidade, como fundamento da pena,
refere-seaofatodeserpossívelounãoaaplicaçãodeumapenaao
autor de um fato típico e antijurídico, isto é, proibido pela lei
penal. Para isso, exige-se a presença de uma série de requisitos –
capacidade de culpabilidade, consciência da ilicitude e
exigibilidade da conduta – que constituem os elementos positivos
específicos do conceito dogmático de culpabilidade. A ausência de
qualquer desses elementos é suficiente para impedir a aplicação de
uma sanção penal.
Em segundo lugar, a culpabilidade, como elemento da
determinação ou medição da pena. Nessa acepção a culpabilidade
funciona não como um fundamento da pena, mas como limite desta,
impedindo que a pena seja imposta aquém ou além da medida prevista
pela própria idéia de culpabilidade, aliada, é claro, a outros
critérios, como a importância do bem jurídico, fins preventivos,
etc. 
E, finalmente, em terceiro lugar, a culpabilidade, como conceito
contrárioàresponsabilidadeobjetiva(Oagente,aqui,respondepelo
simplesfatodetercausadomaterialmenteoevento,semnenhumliame
psicológico, sendo bastante a produção do dano para a aplicação da
pena). Nessa acepção, o princípio de culpabilidade impede a
atribuição da responsabilidade objetiva. Ninguém responderá por um
resultado absolutamente imprevisível, se não houver obrado com dolo
ou culpa. 
Resumindo, pelo princípio em exame, não há pena sem
culpabilidade, decorrendo daí três conseqüências materiais: a) não
há responsabilidade objetiva pelo simples resultado; b)a
responsabilidade penal é pelo fato e não pelo autor; c) a
culpabilidade é a medida da pena. 
Princípio da Irretroatividade da Lei Penal mais Severa
Está preceituado no art. 5° inciso XL da CF e no art. 2°,
parágrafo único do CP. 
Háumaregradominanteemtermosdeconflitodeleispenaisno
tempo.Éairretroatividadedaleipenal,semaqualnãohaverianem
segurança e nem liberdade na sociedade.
Desdequeumaleientraemvigoratéquecesseasuavigência
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rege todos os atos abrangidos pela sua destinação. 
“Entre estes dois limites – entrada em vigor e cessação de sua
vigência – situa-se a sua eficácia. Não alcança assim, os fatos
ocorridosantesoudepoisdosdoislimitesextremos:nãoretroagee
nem tem ultra-atividade. É o princípio do TEMPUS REGIT ACTUM.
Contudo, a despeito do supra afirmado, o princípio da
irretroatividade vige somente em relação à lei mais severa.
Admite-se, no Direito intertemporal, a aplicação retroativa da
lei mais favorável (art. 5° inc. XL, da CF).
Assim, pode-se resumir a questão no seguinte princípio: Toda
retroatividade da lei penal mais benigna. 
A lei nova que for mais favorável ao réu sempre retroage.
Finalmente,cumprelembrarqueasleistemporárias(sãoasque
trazem no seu próprio texto o tempo de vigência) ou excepcionais
(são as promulgadas em condições excepcionais, não raro sob
turbulência social, estado de sítio, calamidades públicas, guerras,
revoluções, cataclismos e epidemias) constituem exceções ao
princípio da irretroatividade da lei penal, e são ultra-ativas.
Mesmo esgotado seu período de vigência, terão aplicação aos
fatos durante a sua vigência. São leis de vida curta e cujos
processos, de regra, estendem-se para além do período de sua
vigência. 
OBS:Aultratividadesignificaapossibilidadedeumaleiseaplicar
a um fato cometido durante a sua vigência, mesmo após a sua
revogação Ex: Durante um surto epidêmico, cria-se um delito para
aquele que omitir a notificação da varíola, mesmo erradicada a
doença, após a revogação da lei, aquele que se omitiu, responderá
pelo crime. Ex: Durante uma revolução, o legislador erige à
categoria de crime “passar em determinada ponte”. Caio realiza a
condutapunívele,notranscorrerdoprocesso,terminaarevolução.
Ocorre a auto-revogação da lei penal excepcional, mas o criminoso
pode ser condenado, pois a lei excepcional, embora cessadas as
circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado
durante a sua vigência. É ultra-ativa.
OBS II: A característica principal dessas duas leis é que elas são
auto-revogáveis, ou seja, não é necessário outra lei revogá-las.
Bastaacabaroperíododecalamidade(nocasodasleisexcepcionais)
ouotempodeterminadoexaurir-se(nocasodasleistemporárias),que
elas estarão revogadas. Observe que, se elas já nascem
predeterminadas a saírem do ordenamento jurídico, ninguém iria
obedecer ao preceito sancionador se não houvesse a observação do
caput do art. 3º do CP.
OBSIII: Se a lei temporária não tivesse eficácia após o decurso do
lapsotemporalpré-fixado,todososquetivessemdesobedecidoasua
norma nos últimos dias de vigência ficariam impunes, pois não
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haveria tempo para o processamento das ações penais antes da
auto-revogação. Tal possibilidade criaria grandes injustiças: uns
seriam condenados, outros, não. Só seriam apenados os que tivessem
praticado crimes em época bem anterior ao término da vigência. Por
outro lado, restaria debilitada a eficácia intimidativa da lei.
Princípio da Ofensividade ou Lesividade
O princípio da lesividade ou ofensividade, segundo Nilo
Batista possui quatro vertentes: 
a)proibiçãodeincriminaçõesquedigamrespeitoaumaatitude
interna do agente;
b)proibiçãodeincriminaçõesdecomportamentosquenãoexcedam
ao âmbito do próprio autor;
c)proibição de incriminações de simples estados ou condições
existenciais;
d)proibição de incriminações de condutas desviadas que não
afetem qualquer bem jurídico. 
Naverdade,podemosresumirtodasasvertentesanunciadaspor
Nilo Batista em um único raciocínio: O Direito Penal só pode, de
acordo com o princípio da lesividade, proibir comportamentos que
extrapolem o âmbito do próprio agente, quem venham atingir bens
jurídicos de terceiros, atendendo-se, pois, ao brocardo nulla lex
poenalis sine injuria. 
Ex: Suicídio, automutilação não constituem crimes. 
O Direito Penal só deve ser aplicado quando a conduta ofende
um bem jurídico, não sendo suficiente que seja imoral ou pecaminosa. 
QuemdescreveuoprincípiodaLesividadefoiRoxin,paraquem:
Só pode ser castigado aquele comportamento que lesione direitos de
outras pessoas e que não seja simplesmente um comportamento
pecaminoso ou imoral. Assim, o Direito Penal só deve ser aplicado
quando a conduta lesionar um bem jurídico. As condutas de cunho
moral, por mais escandalosas que sejam, são desprovidas de
lesividade para legitimar a intervenção penal.
OBS: Várias infrações penais têm sido questionadas, negando-se,
inclusive sua validade, quando submetidas ao “teste da lesividade”.
SegundoLuizFlávioGomes,todosostipospenaisqueprevêemdelitos
de perigo abstrato não se sustentariam.
Princípio da Insignificância
O princípio da insignificância foi cunhado pela primeira vez
por Claus Roxin, em 1964.
A tipicidade penal exige uma ofensa de alguma gravidade aos
bens jurídicos protegidos, pois nem sempre qualquer ofensa a esses
bens ou interesses é suficiente para configurar o injusto típico.
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Segundo este princípio, também chamado de princípio da BAGATELA, é
imperativa uma efetiva proporcionalidade entre a gravidade da
conduta que se pretende punir e a drasticidade da intervenção penal. 
O princípio da insignificância postula que devem ser tidas
como atípicas as ações ou omissões que afetem muito infimamente um
bem jurídico-penal. Esse princípio foi adotado em nossa
jurisprudência nos casos de furto de objeto material insignificante
(subtração de um pano de chão, quatro pilhas, uma passagem de
ônibus,lesãoinsignificanteaoFisco,descaminhoedanodepequena
monta e lesão corporal de extrema singeleza. 
OBS: Qual seria a medida precisa para se dizer que um fato é
penalmente irrelevante? A doutrina ainda não tem uma posição
uniforme. Alguns doutrinadores dizem que o fato é penalmente
insignificantequandoovalordodanocaudadoàvítimanãopassarde
um salário mínimo. 
OBS: O STJ entende que, no âmbito dos crimes tributários, de
descaminhoeprevidenciários,ocritérioparaserusadooprincípio
da insignificância reside no valor mínimo exigido para que se
proceda a uma execução fiscal. No que concerne ao âmbito federal,
inicialmenteseconsolidouoentendimentonosentidodeseaplicaro
princípio da insignificância, com o escopo de possibilitar o
trancamento da ação penal em relação aos impostos inferiores a mil
reais,mas,comaentradaemvigordaLei10.522de2002(art.20),o
valor foi alterado para R$ 2.500,00(dois mil e quinhentos reais).
Atualmente esse valor é de R$ 10.000 reais.
Princípio do “NE BIS IN IDEM
“Ninguémpoderáserpunidoduasvezespelomesmofato.Possui
duplo significado:
Penal Material: ninguém pode sofrer duas penas em face do mesmo
crime.
Processual: ninguém pode ser processado e julgado duas vezes pelo
mesmo fato.
Princípio da Humanidade 
O princípio da Humanidade é o maior entrave para a adoção da
pena capital e da prisão perpétua. Esse princípio sustenta que o
poder punitivo estatal não pode aplicar sanções que atinjam a
dignidade da pessoa humana ou que lesionem a constituição
físico-psíquica dos condenados. 
A proscrição de penas cruéis e infamantes, a proibição da
tortura e maus-tratos nos interrogatórios policiais e a obrigação
impostaaoEstadodedotarsuainfra-estruturacarceráriademeiose
recursosqueimpeçamadegradaçãoeadessocializaçãodoscondenados
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são corolários do princípio da humanidade.
A vedação à pena de morte, à prisão perpétua, de trabalhos
forçados, de banimento e cruéis é fundamentada no princípio da
Humanidade (art. 5º, inciso XLVII da CRFB/88). 
O princípio da humanidade é segundo o magistério de Hans
Jescheck o postulado “reitor do cumprimento da pena privativa de
liberdade” e consiste no reconhecimento do condenado como pessoa
humana, -conforme escreve Zaffaroni,-que repousa o princípio em
causa. 
A nossa Constituição Federal de 1988 consagrou em diversos
dispositivos o princípio da humanidade. No inciso XLIX do art. 5º
estádispostoqueéasseguradoaospresosorespeito,àintegridade
física e moral, por exemplo.
 Princípio da Adequação Social
Segundo Welzel, o Direito Penal tipifica somente condutas que
tenhamumacertarelevânciasocial;casocontrário,nãopoderiamser
delitos. Deduz-se, conseqüentemente, que há condutas que por sua
“adequação social” não podem ser consideradas criminosas. Em outros
termos, segundo esta teoria, as condutas que se consideram
“socialmente adequadas” não podem constituir delitos e,por isso,não
se revestem de tipicidade. 
Comoprincípiogeraldeinterpretaçãonãosódanorma,mastambémda
própria conduta contextualizada, é possível chegar-se a resultados
fascinantes, como, por ex, no caso do famigerado jogo do bicho,
pode-se afastar sua aplicação ao apontador, por política criminal,
mantendo-se a norma plenamente válida para punir o banqueiro, cuja
ação e resultados desvaliosos merecem censura jurídica. 
Para o princípio da adequação social, apesar de uma conduta
subsumir-se ao modelo legal, ela não será considerada típica se
estiver de acordo com a ordem social da vida historicamente
condicionada. 
OBS: O princípio da adequação social constitui-se numa causa
supralegal de exclusão da tipicidade.
O Princípio da adequação social, cuja formulação inicial se
atribuiaoprofessoralemãoHansWelzel,servetantocomoprincípio
orientador do legislador quando da criação ou da revogação das
figurastípicas,bemcomodeinstrumentonainterpretaçãodostipos
penais constantes do nosso CP. 
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Na função dos tipos de apresentar o “modelo” de conduta
proibidasepõedemanifestoqueasformasdecondutasselecionadas
por eles têm, por uma parte, um caráter social, quer dizer, estão
referidas à vida social, mas, por outra parte, são precisamente
inadequadas a uma vida social ordenada. Nos tipos penais se faz
patente a natureza social e ao mesmo tempo histórica do Direito
Penal:assinalamasformasdecondutaqueseapartamgravementedas
ordenações históricas da vida social. Dessa forma, encontra-se o
legislador, na qualidade de pesquisador e selecionador das condutas
ofensivas aos bens jurídicos mais importantes e necessários ao
convívio social, impedido de criar tipos penais incriminadores que
proíbam condutas que já estejam perfeitamente aceitas e toleradas
poressamesmasociedade,poiscasocontrário,estaria,naverdade,
compelindo a população a cometer crimes, uma vez que, estando a
sociedade acostumada a praticar determinados comportamentos, não
mudariaasuanormalmaneiradeserpelosimplesfatodosurgimento
de uma lei penal que não teve a sensibilidade suficiente para
discernir condutas inadequadas socialmente daquelas outras não são
toleradas pela sociedade. 
Imagine-se,hoje,queolegislador,atítulodeevitaroaumentode
número de casos de alcoolismo, criasse um tipo penal incriminador
com a seguinte redação:”ingerir bebidas alcoólicas após as 22h em
locais públicos, abertos ou expostos ao público.”Á primeira vista,
pareceria uma atitude louvável do legislador, que demonstrou estar
preocupadocomapopulação.Contudo,talcriaçãotípicasemostraria
completamente inviável, haja vista que, por mais que a sociedade
compreendesse os males causados pela ingestão imoderada de bebidas
alcoólicas,tambémjáestáacostumadaaoseuusoregular,razãopela
qualtalproibiçãosomenteestimulariaousoclandestino,poisalei
estaria indo de encontro aos costumes já consolidados. 
A adoção do princípio da adequação social nos conduzirá ao
afastamento da tipicidade do fato.
Princípio da pessoalidade ou da individualização da pena. 
Trata-se de um princípio penal constitucional (art. 5º, XLV e
XLVI, CF/88), determina que a pena não poderá passar da pessoa do
condenado.
Assimqueoprocessodeindividualizaçãodasançãopenaldeverá
possuir três fases distintas: 
1ª fase legislativa - seleção da espécie de pena que será
cominada para determinada conduta criminosa. 
2ª fase judiciária - operação jurídica de fixação da pena que
será imposta ao autor do fato típico, ilícito e culpável, tendo-se
em conta, principalmente, os arts. 59 e 68, do Código Penal. 
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3ª fase administrativa - consistente no cumprimento da pena
apósotrânsitoemjulgadodasentençapenalcondenatória,consoante
a Lei 7210 de 1984, que é a Lei de Execução Penal.
LEITURA BÁSICA INDICADA 
PRADO, Luiz Regis. Curso de direito penal brasileiro: parte geral. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2007. Capítulos: Capítulo I – página 51 até a página 63.
 Capítulo III – página 129 até a página 162. 
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal - Parte Geral 1 - 14ª Ed. São
Paulo: Saraiva, 2009. Capítulos: Capítulo I – página 1 até a página 9.
 Capítulo II- página 10 até a página 28.
SOUZA, Artur de Brito Gueiros e Japiassú, Carlos Eduardo Adriano. Curso de Direito
Penal: parte geral. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012, p. 60 até 67.
Leitura para o Teste da P2
BATISTA, Nilo. Introdução Crítica ao Direito Penal Brasileiro. Rio de Janeiro: Revan, 2007.
Capítulo II – página 61 até a página 105. 
FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir: Nascimento da Prisão, Tradução de Raquel
Ramalhete, 20ª ed., Petrópolis: Editora Vozes, 1999. Primeira Parte – Caps. I e II – Página
09 até a página 60.
 
3ªe4ªAULAS– FONTESDODIREITOPENAL/INTERPRETAÇÃOEINTEGRAÇÃO
DA LEI PENAL/ANALOGIA/COSTUMES/PGD
1. Fontes do Direito Penal 
Conceito
Nosentidocomum,fonteéolugardondeprovémalgumacoisa.No
vernáculo é o local onde nasce água. 
Fonte, no seu sentido mais amplo quer dizer lugar de
procedência, de onde se origina alguma coisa. O Direito Penal como
não poderia deixar de ser, também tem suas fontes. Na previsão de
Fontán Balestra:
“naciênciajurídica,fala-seemfontesdodireito,atribuindo-seà
palavra uma dupla significação: primeiramente, devemos entender por
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“fonte”o“sujeito”queditaoudoqualemanamasnormasjurídicas;
emsegundolugar,omodoouomeiopeloqualsemanifestaavontade
jurídica,querdizer,aformacomooDireitoObjetivosecristaliza
na vida social. Este duplo significado dá lugar à distinção entre
fontes de produção e fontes de cognição ou de conhecimento”.
FontesdoDireitosãotodasasformaspelasquaissãocriadas,
modificadas ou extintas as normas de determinado ordenamento
jurídico(espéciesdeproduçãonormativa)ecomoelassemanifestam,
integram e são incorporadas no ordenamento jurídico.
1.2. Espécies
As fontes do Direito Penal se dividem em:
a) Fontes de Produção – também chamada substancial ou material
(refere-se à gênese da norma penal)
b) Fontes de conhecimento, também chamadas de fontes formais ou de
cognição, que podem ser ainda: Imediatas e Mediatas
Conforme preceitua o inciso I do art. 22 da CF, “compete
privativamente à UNIÃO legislar sobre o Direito Penal. Assim, cabe
tão somente à UNIÃO, como única fonte de produção, ditar normas
gerais do Direito Penal, bem como proibir ou impor determinadas
condutas sob ameaça de sanção (Com respeito ao órgão encarregado
pelasuaelaboraçãoFontedeProduçãoéoEstado,criadordoDireito
Penal.)
A Lei seria a única fonte de cognição ou de conhecimento do
Direito Penal no que diz respeito à proibição ou imposição de
condutassobameaçadepena,atendendo-se,dessaformaaoprincípio
dareservalegal,insculpidonoincisoXXXIXdoart.5°daCF,assim
redigido:“Nãohácrimesemleianteriorqueodefina,nempenasem
prévia cominação legal”.
Nossa doutrina, contudo, biparte as fontes de cognição ou de
conhecimento em:
a) Imediatas – seria a Lei. Para saber se determinada conduta
praticadaporalguéméproibidapeloDireitoPenal,devemosrecorrer
exclusivamente à Lei, pois que somente ela cabe a tarefa, em
obediênciaaoprincípiodalegalidade,deproibircomportamentossob
a ameaça de pena.
b) Mediatas – seriam os costumes e princípios gerais do direito.
O costume é uma regra de conduta praticada de modo geral,
constante e uniforme, com a consciência de sua obrigatoriedade.
Servemoscostumesparaauxiliarointérpreteatraduzirconceitos,
tais como o de repouso noturno, honra, dignidade, obsceno etc.
Distingue-se o costume do hábito pela convicção de sua
obrigatoriedade jurídica.
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Discute-se,comumente,seoscostumestemopoderderevogaras
leis, ou, melhor dizendo, se a prática reiterada de determinadas
condutasteriaocondãodeafastaraaplicaçãodaleipenal.Ojogo
do bicho é o exemplo clássico daqueles que defendem a tese dessa
possibilidade.
Em que pese algumas posições contrárias, o pensamento que
prevalecetantonadoutrinaquantoemnossostribunais,énosentido
da impossibilidade de se atribuir essa força aos costumes. Isto
porqueoart.2°,caput,daLeideIntroduçãoaoCC,deformaclara
e precisa, preconiza: “Não se destinando à vigência temporária, a
lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue”.
NessesentidosãoasliçõesdeNorbertoBobbio,quandoaduzque
“nos ordenamentos em que o costume é inferior à lei, não vale o
costume ab-rogativo; a lei não pode ser revogada por um costume
contrário”.
Assim não se pode falar em revogação de Leis pelos costumes,
mas tão somente por outra lei.
Embora não possam revogar a lei penal, os costumes fazem com
que os elaboradores da lei repensem sobre a necessidade ou não da
permanência em nosso ordenamento jurídico de determinado tipo penal
incriminador.
Damesmaformaqueoscostumes,odesusodecertaleipenalnão
traz a idéia de sua revogação, podendo ser ela aplicada a qualquer
momento.
Quanto aos princípios gerais do Direito, Bobbio preleciona
serem “normas fundamentais ou generalíssimas do sistema, as normas
mais gerais”.
Osprincípiosgeraisdodireitosãoenunciaçõesnormativasdevalor
genérico, que condicionam e orientam a compreensão do ordenamento
jurídico, quer para a sua aplicação e integração,
quer para a
elaboração de novas normas.
Ex.:Amãequefuraasorelhasdafilharecémnascidanãocometeo
crime de lesão corporal, pois irá por brincos.
Ex: A proibição de locupletamento ilícito, a função social da
propriedade, a boa-fé, como pressuposto da conduta jurídica, etc.
O Costume pode criar delitos e determinar penas?
NÃO. Impede-o o princípio da reserva legal. A conduta punível
só pode resultar de um modelo legal, nunca de normas
consuetudinárias. O costume não é fonte formal imediata e criadora
doDireitoPenal.Pormaisnocivoquesejaumfatoaosensodamoral
da coletividade, será atípico se não estiver definido em lei como
crime.
Não significa que o costume não possua qualquer valor em
matéria penal. Como elemento de interpretação, tem validade no
próprio campo das normas incriminadoras. Na realidade da vida, os
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fatosdescritoscomocrimespelasleisvariamdeacordocomaregião
e o meio social. Assim, em certas figuras típicas o legislador
insere determinadas expressões que ensejam a invocação do costume
como elemento exegético.
Ex.: Os conceitos de “reputação” (art. 139), “dignidade e decoro”
(art.140),“atoobsceno”(art.233),“repousonoturno”(art.155§
1º do CP).
Palavras que numa região são ofensivas à honra subjetiva, de
acordocomosentimentoprevalentenãoosãoemoutras.Àsvezeshá
atéantagonismos:emcertasregiõesdopaís,daronomederapariga
a uma mulher é injuriá-la, em outra é lisonjeá-la, em algumas
regiões o termo significa mulher da vida, meretriz, prostituta,
noutros mulher bonita, jovem e charmosa.
Ex: No Brasil, e em especial em Porto Alegre, há um ex. expressivo
da força dos costumes, relativo aos “buzinaços” comemorativos da
vitória do time ao qual se torce ou da derrota do time inimigo,
mesmodiantedeumterceirotime,comosesucedecomastorcidasde
Grêmio e Internacional. Seria formalmente uma contravenção de
perturbaçãodosossegopúblico,masqueapráticareiteradafezser
assimilada como normal, adentrando no campo da legitimidade. 
EX:Oapresentar-senuaemdesfiledecarnavalnãoconstituiocrime
de ultraje ao pudor, revelando-se um comportamento reiterado,
observado e admitido pela população brasileira nos dias de Momo.
OBS1 - Divergências
2. Interpretação e Integração da Lei Penal
2.1. Introdução
Interpretar é tentar buscar o efetivo alcance da norma. É
procurar descobrir aquilo que ela tem a nos dizer com a maior
precisão possível.
Interpretar é Inter pretare, que deriva de inter press,
corretor, intermediário, mediador.
Intérprete é o mediador entre o texto da lei e a realidade.
Por mais clara que seja a letra da lei penal, como qualquer
regra jurídica, não prescinde do labor exegético, tendente a
explicar-lheosignificado,ojustopensamento,asuarealvontade,
a sua RATIO JURIS.
2.2. Espécies de Interpretação
Ainterpretaçãopodeserdistinguidaquantoaoórgão(sujeito)
dequeemana,quantoaosmeiosquesãoutilizadosparaalcançá-lae,
ainda quanto aos resultados obtidos.
Ainterpretação,noquedizrespeitoaosujeitoquearealiza,
pode ser:
� Luiz Regis Prado considera que a jurisprudência e a doutrina são fontes mediatas do Direito.
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a) Autêntica – a interpretação realizada pelo próprio texto legal.
Em determinadas situações, o legislador, com a finalidade de
espancar quaisquer dúvidas quanto a esse ou aquele tema, resolve,
elepróprio,nocorpodalei,fazerasuaprópriainterpretação.Ela
pode ser:
Contextual–éainterpretaçãorealizadanomesmomomentoemqueé
editadoodiplomalegalqueseprocurainterpretar.Ex.:art.327do
CP(funcionáriopúblico);oquesedeveentenderporcasa,art.150
§ 4°, 5° do CP.
♦ Posterior–éainterpretaçãorealizadapelalei,apósaedição
de um diploma legal anterior. Surge a interpretação autêntica
posterior para afastar qualquer dúvida de interpretação existente
quanto a um outro diploma legal editado anteriormente. Busca-se
dirimir a incerteza ou obscuridade da lei anterior. Também ocorre
essa modalidade de interpretação mediante ato do Poder Executivo,
como o Decreto e a Portaria. Ex: Dec. 98.816 de 1990, que
regulamentaaLei7.802de1989(relativaaagrotóxicos),definindoo
que seja infração (art.71).
OBS.: As conclusões e explicações levadas a efeito na exposição de
motivos do CP, não são lei, e não podem ser consideradas como
interpretação autêntica, mas sim doutrinárias.
b)Doutrinária–éaquelarealizadapelosestudiososdoDireito,os
quais comentando sobre a lei que se pretende interpretar, emitem
suas opiniões. É a chamada COMMUNIS OPINIO DOCTORUM. 
É feita pelos juristas, como os escritores e professores em seus
textos (livros, pareceres, artigos), conferências, aulas e outras
atividades didáticas.
c) Judicial – é aquela realizada pelos aplicadores do Direito, ou
seja, pelos juízes de 1° grau e magistrados, desembargadores, que
compõem os tribunais.
♦ Intra – autos: ou seja, sempre que no bojo de um processo
judicial.
Extra – autos: é doutrinária.
Quanto aos meios empregados, a interpretação poderá ser:
a)Interpretaçãoliteralougramatical–Éaquelaemqueoexegeta
sepreocupa,simplesmente,emsaberorealeefetivosignificadodas
palavras.
b)Interpretação teleológica ou lógica – O intérprete busca alcançar
a finalidade da lei, aquilo ao qual ela se destina a regular. É a
que consiste na indagação da vontade ou intenção objetivada na lei.
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c)Interpretaçãosistemática–Oexegetaanalisaodispositivolegal
no qual ele está contido, e não de forma isolada.
d)Interpretaçãohistórica–Ointérpretevoltaaopassado,aotempo
em que foi editado o diploma que se quer interpretar, buscando os
fundamentos de sua criação, o momento pelo qual atravessava a
sociedade, com vistas a entender o motivo pelo qual houve a
necessidade de modificação do ordenamento jurídico.
Quanto aos resultados, a interpretação pode ser:
a) Declaratória – O intérprete não amplia nem restringe o seu
alcance, apenas declara a vontade da lei. 
Ex.:art.141,III.doCP,preceituaqueaspenascominadasparaos
crimes de calúnia, difamação e injúria serão aumentadas de 1/3 se
praticadasnafrentedeváriaspessoas.Interpretando-seaexpressão
várias pessoas, chegamos à conclusão de que o código exige, pelo
menos, 3 pessoas. Isto porque quando a lei se contenta com apenas
duas pessoas ela o diz expressamente, como no caso do art. 155, §
4°, IV, art. 150 § 1° e 226, I, da mesma forma quando exige um
mínimo de 4 pessoas, como nos art. 146 § 1° e 288, utiliza a
expressão mais de três pessoas.
b) Restritiva – É aquela em que o intérprete diminui, restringe o
alcancedalei,umavezqueesta,dissemaisdoquepretendia.Ex.:
art. 28 II. do Código Penal não quis se referir a embriaguez
patológica.
c) Extensiva – Quando para que se possa conhecer a exata amplitude
dalei,ointérpretenecessitaalargaroseualcance,hajavistater
aquela, dito menos do que efetivamente pretendia. 
Ex.: art. 235 do CP, a lei diz bigamia, mas proíbe também a
poligamia.
Ex.: o serviço de estrada de ferro do art. 260 do CP inclui o
serviço de metrô.
Ex.: no art. 168, a expressão “coisa alheia” inclui a coisa comum
(que em parte é alheia). 
3. Interpretação Analógica
A interpretação analógica ou intra legem é permitida toda vez
queumacláusulagenéricasesegueaumafórmulacasuística,devendo
entender-se que aquela só compreende os casos análogos aos
mencionados por esta.
Ex.:Oart.121§2°,IV,cominaapenadereclusãode12a30anos
se o homicídio é cometido à traição, emboscada, ou mediante outro
recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido.
Ex.: O art. 28, II. (substância de efeitos análogos)
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Ex.:art.61,II.,ced(“outrorecurso”,“outromeioinsidiosoou
cruel”),art. 171 caput do CP (“qualquer outro meio fraudulento”).
Analogia
Define-se a analogia como uma forma de auto-integração da
norma, consistente em aplicar a uma hipótese não prevista em lei a
disposição legal relativa a um caso semelhante.
Mesmo que para determinado caso não haja norma expressa
regulando-o, o juiz não pode eximir-se de julgá-lo, embora ocorra
umalacunanalei.Omesmonãoocorrecomosistemajurídico-penal,
que se tem por perfeito em suas normas incriminadoras.
Tudo aquilo que não for expressamente proibido é permitido em
DireitoPenal.Ascondutasqueolegisladordesejaproibirouimpor,
sob a ameaça de sanção, devem vir descritas de forma clara e
precisa, de modo que o agente as conheça e entenda sem maiores
dificuldades.
QuandoseiniciaoestudodaAnalogiaemDireitoPenal,devemos
partir da seguinte premissa: é terminantemente proibido, em virtude
do princípio da legalidade, o recurso à analogia quando esta for
utilizada de modo a prejudicar o agente, seja ampliando o rol de
agravantes, seja ampliando o conteúdo dos tipos penais
incriminadores, a fim de abranger hipóteses não previstas
expressamente pelo legislador.
Ex.:Umamulherquesejavítimadeumatentadoviolentoaopudore,
em virtude disso venha a engravidar. O art. 128, inciso II do CP,
permite o chamado aborto sentimental quando a gravidez resultar de
estupro, sendo utilizado para analogia para o caso do Atentado
violento ao pudor.
Ex: A não punibilidade do dano de coisa comum fungível, cujo valor
nãoexcedeaquotaaquetemdireitooagente,diantedodispostono
art. 156§2, referente ao crime de furto. 
Temos nesses casos, dois exemplos de ANALOGIA IN BONAM PARTEM. 
OBS:Narealidade,oquejustificaaaplicaçãodaanalogiainbonam
partem no Direito Penal, para beneficiar o réu, é o princípio da
eqüidade. 
Diferença entre Interpretação Analógica e Analogia
A diferença reside na voluntas legis: na primeira pretende a
vontade da norma abranger os casos semelhantes aos por ela
regulados; na segunda, ocorre o inverso: não é a pretensão da lei
aplicar o seu conceito aos casos analógicos, tanto que silencia
respeito, mas o intérprete assim, o faz, suprindo a lacuna.
UNESA MADUREIRA– 2017.1
Resumo e Referências básicas de Direito Penal I
Professora Gisela França
23
LEITURA BÁSICA INDICADA
PRADO, Luiz Regis. Curso de direito penal brasileiro: parte geral. São Paulo: Revista
dos Tribunais, 2007. Capítulo: Capítulo IV- página 165 até a página 195. 
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal - Parte Geral 1 - 14ª Ed. São
Paulo: Saraiva, 2009. Capítulo: Capítulo IX – página 143 até a página 167.
.
5ªAULA - DA NORMA PENAL/CLASSIFICAÇÃO DAS NORMAS PENAIS/APLICAÇÃO
DAS NORMAS PENAIS/NORMAS PENAIS EM BRANCO/CONFLITO APARENTE DE
NORMAS
1. Classificação das normas penais
Inicialmente, tratemos da classificação das normas penais. As
normas penais se classificam da seguinte maneira:
Normas Penais Incriminadoras;
Normas Penais Permissivas;
Normas Penais Complementares ou Explicativas.
As normas penais permissivas e as complementares são chamadas de
NÃO INCRIMINADORAS.
1. Normas Penais Incriminadoras: são as que descrevem condutas
puníveis e impõem as respectivas sanções. Ex.: arts. 121, caput;
art. 155, caput; art. 171 e art. 213 do Código Penal.
2. NormasPenaisPermissivas:sãoasquedeterminamalicitudeou
aimpunidadedecertascondutas,emboraestassejamtípicasemface
das normas incriminadoras. Ex.: art. 23, art. 24 e art. 25 e art.
128 do CP.
O tipo penal, que exterioriza a norma, é permissivo.
Anormapenalpermissivadescreveumcomportamentoqueexcluia
ilicitude,excluiaculpabilidadeouaindaexcluiodolo.Ex.:art.
23 do CP.
3. Normas Penais Complementares ou Explicativas: são aquelas que
esclarecem o conteúdo das outras, ou delimitam o âmbito de sua
aplicação.
Na verdade essa norma é um exemplo de interpretação autêntica.
Ex.: art. 327 do CP, que explica quem é considerado funcionário
público para efeitos penais.
UNESA MADUREIRA– 2017.1
Resumo e Referências básicas de Direito Penal I
Professora Gisela França
24
Ex.: art. 150 § 4°, art. 10 a 12 do CP.
♦ Normas Penais em Branco
Elas “são corpos errantes à procura de alma”, segundo o alemão
Binding.
São aquelas cujo preceito está incompleto. É aquela cujo preceito
necessitasercomplementadoporoutranorma,paraqueelapossater
exeqüibilidade. 
Ela também é chamada de norma penal “cega” ou “aberta”.
Sua exeqüibilidade dependerá do complemento de outras normas
jurídicas ou da futura expedição de certos atos administrativos
(portarias, regulamentos, editais etc.)
As normas penais em branco se dividem:
Norma Penal em Branco em sentido LATO ou homogênea.
É aquela cujo complemento advém da mesma fonte formal ou
legislativadanormaincriminadora,ouseja,ocomplementonasceda
mesma fonte legislativa.
Ex.: art. 237 do CP. Qual é esse impedimento? O juiz terá que
recorreraoCódigoCivil.Ex.:casamentodeirmãoséNULO.Videart.
1521 do novo código civil.
Ex: art. 184 do CP incrimina e apena, indistintamente, os atos de
violação do direito do autor de obra literária, científica ou
artística, sem lhes definir o conteúdo, que é completado pela lei
civil. 
 Norma Penal em Branco em sentido ESTRITO ou heterogênea.
Éaquelacujocomplementoestácontidoemnormaprocedentede
outra fonte legislativa, outra fonte formal, diversa daquela da
criação da norma penal incriminadora. Ex.: O antigo exemplo era o
art.12daLei6.368/76,atualmentecomarevogaçãodalei6.368de
1976 e a sua substituição pela lei 11.343 de 2006, o exemplo atual
de NPB é o art. 33 da Lei 11.343 de 2006. 
Como o juiz iria aplicar o art. 12 sem saber quais eram as
substâncias que causavam dependência física ou psíquica? O
Magistrado iria precisar de uma portaria do Ministério da Saúde,
determinandoquaissãoassubstânciasquecausemtaldependência.O
que estava completando a norma penal em branco era uma portaria.
Agora, ele permanece necessitando dessa portaria para estabelecer o
que deverão ser consideradas drogas.
A Norma Penal em Branco é modalidade de Norma Penal
Incriminadora.
Ex: art. 269 do CP (Quais doenças são de notificação
compulsória?)
UNESA MADUREIRA– 2017.1
Resumo e Referências básicas de Direito Penal I
Professora Gisela França
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OBS: No caso das normas penais em branco, como esses tipos
penais sofrem alteração de conteúdo sempre que se alteram as
respectivas normas complementares(no exemplo, o rol das doenças de
notificaçãocompulsória),surgeaquestãodesaberse,emrelaçãoa
essas alterações, deve incidir a mesma regra da retroatividade da
lex mitior, considerando-se abolido o crime sempre que a alteração
da norma complementar importar na cessação da exigência cuja
observânciacaracterizavaocrime. Odecisivo,nocaso,ésaberse
a alteração da norma extra penal implica, ou não, supressão do
caráter ilícito do fato. No exemplo do citado at. 269, a revogação
danormaqueincluíacertadoençanoroldasqueeramdenotificação
compulsória,tornaaomissãodomédico,emrelaçãoaessadoença,um
fatolícitopenal,peloquenãopodedeixardeserretroativa.Nessa
hipótese o que se alterou foi a própria matéria da proibição, com
redução da área de incidência do tipo, o que, evidentemente, diz
respeito à crime e pena. Não assim, porém, quando, para simples
atualização de valores monetários, se modificam os quantitativos de
tabelas de preços, como no exemplo da transgressão de tabelas de
preços do art. 2º, VI da Lei 1521/51. 
Ex:“A”vendemercadoriaporpreçosuperioraotabelado,praticando
crimecontraaeconomiapopular.Notranscorrerdoprocessoumanova
tabela aumenta o preço da mercadoria, elevando o seu custo além do
recebidoporele.Suponha-sequeatabelativessefixadoopreçoem
R$ 100,00 pelo produto, tendo “A” cobrado R$ 150,00 por ele, e a
nova tabela
o elevasse para R$ 200,00. No caso de tabelamento de
preços, modificando-se este, permanece invariável a norma penal,
poisnãoocorrealteraçãodoobjetoabstratodesuaproteçãolegal,
não havendo retroatividade.
Segundo Soler, só influi a variação da norma complementar
quando importe verdadeiramente alteração da figura abstrata do
Direito Penal, e não mera circunstância que, na realidade, deixa
subsistenteanorma;assim,porexemplo,ofatodequeumaleitire
de certa moeda o seu caráter, nenhuma influência tem sobre as
condenações existentes de falsificação da moeda, pois não variou o
objeto abstrato da tutela penal; não variou a norma penal que
continua sendo idêntica.
Conflito Aparente de Normas Penais 
Conceito- É o conflito que se estabelece entre duas ou mais normas
aparentemente aplicáveis ao mesmo fato. Há conflito porque mais de
uma pretende regular o fato, mas é aparente, porque, com efeito,
apenas uma delas acaba sendo aplicada à hipótese. 
Elementos- para que se configure o conflito aparente de normas é
UNESA MADUREIRA– 2017.1
Resumo e Referências básicas de Direito Penal I
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26
necessária a presença de certos elementos: 
a)unidade do fato ( somente uma infração penal); 
b)pluralidade de normas (duas ou mais normas pretendendo regulá-lo); 
c)aparente aplicação de todas as normas à espécie (a incidência de
todas é apenas aparente); 
d)efetiva aplicação de apenas uma delas(somente uma é aplicável,
razão pela qual o conflito é aparente).
O conflito aparente de normas é solucionado com a aplicação
dos seguintes princípios: 
A)ESPECIALIDADE
B)SUBSIDIARIEDADE
C)CONSUNÇÃO 
A) Princípio da Especialidade – Lex specialis derogat generali 
Normaespecialéanormaquepossuitodososelementosdanorma
geral e mais alguns, denominados especializantes, que trazem um
minus ou um plus de severidade. 
Ex:Oinfanticídio(art.123doCP)temtudoqueohomicídio(art.121
do CP) tem, e mais alguns elementos especializantes: vítima é o
próprio filho+durante ou logo após o parto=estado puerperal. 
Ex: O tráfico internacional de entorpecentes se distingue do
contrabando(art.334 do CP) porque se refere, especificamente, a um
determinado tipo de mercadoria proibida, qual seja, a substância
entorpecente. 
A lei especial prevalece sobre a geral, a qual deixa de incidir
sobre aquela hipótese. 
OBS: Para saber qual é a norma especial é suficiente comparar as
descrições abstratas contidas nos tipos penais. A prevalência da
norma especial sobre a geral se faz in abstracto.
OBS:Tipofundamentaletipoderivado:otipofundamentaléexcluído
pelo qualificado ou privilegiado, também por força do princípio da
especialidade,jáqueostiposderivadospossuemtodososelementos
do básico, mas os especializantes. Assim, o furto privilegiado e o
qualificadoprevalecemsobreosimples,ohomicídioqualificadoeo
privilegiado sobre o simples. 
B)Princípio da Subsidiariedade – Lex primaria derogat subsidiariae 
Normasubsidiáriaéaquelaquedescreveummenorgraudeviolaçãode
ummesmobemjurídico,istoé,umfatomenosamploemenosgrave,o
qual, embora definido como delito autônomo, encontra-se também
compreendido em outro tipo como fase normal de execução de crime
mais grave. Define, portanto, como delito independente conduta que
funciona como parte de um crime maior. 
A norma que define o todo, isto é o fato mais abrangente, é
conhecida como primária e, por força do princípio da
subsidiariedade, absorverá a menos ampla, que é a norma subsidiária. 
UNESA MADUREIRA– 2017.1
Resumo e Referências básicas de Direito Penal I
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Ex: O crime de ameaça (art.147 do CP) cabe no de constrangimento
ilegalmedianteameaça(art.146doCP).Oseqüestro(art.148doCP)no
de extorsão mediante seqüestro(ar.159 do CP). O disparo de arma de
fogo (Lei 10.826/2003, art. 15)cabe no de homicídio mediante
disparos de arma de fogo (art.121). 
A norma primária prevalece sobre a subsidiária, que passa a
funcionar como um soldado de reserva(expressão de Nélson Hungria).
Tenta-se aplicar a norma primária, e somente quando isso não se
ajustar ao fato concreto, recorre-se subsidiariamente à norma menos
ampla. 
Asubsidiariedadepodeserexpressaoutácita(oculta).Noprimeiro
caso o CP expressamente menciona que determinada norma está
vinculadaaoutranorma,normalmentemaisgrave,equeédenominada
normaprincipal,apróprianormareconheceexpressamenteseucaráter
subsidiário, admitindo incidir somente se não ficar caracterizado
fatodemaiorgravidade.Porexemplo,art.132doCP(apósdescrever
o crime de perigo para a vida ou a saúde de outrem, impõe no
preceito secundário a pena de detenção, se o fato não constituir
crime mais grave);art. 129 §3 é subsidiário em relação ao art. 121
doCP,)asimulaçãodecasamento,art.2392 doCP,ésubsidiáriade
norma mais grave, o art. 2153 do CP que versa sobre a posse sexual
mediante fraude. O art. 1774 do CP é subsidiário da lei 1.521/515,
que prevê crimes contra a economia popular no caso da fundação
ilícitadesociedadeporações.Asubsidiariedadetácitaouocultaé
aquelanãomencionadapeloCP.Anormasubsidiáriafiguracomoetapa
indispensávelnarealizaçãodocrimeprincipal.Porexemplo,ocrime
de dano(art.163 do CP) é subsidiário do furto qualificado pela
destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa(art.155
§4, I do CP), a tentativa de homicídio que resultou posteriormente
na morte da vítima (homicídio), o perigo contra a vida que resulta
também em morte da vítima (homicídio) e a falsidade ideológica que
antecede uma bigamia. Em todos os casos o agente só responde pelo
segundo delito.
� Simulação de casamento. Art. 239 - Simular casamento mediante engano de outra pessoa: Pena -
detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, se o fato não constitui elemento de crime mais grave.
�Posse sexual mediante fraude. Art. 215 - Ter conjunção carnal com mulher, mediante fraude: Pena -
reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. (...) 
�Fraudes e abusos na fundação ou administração de sociedade por ações. Art. 177 - Promover a fundação
de sociedade por ações, fazendo, em prospecto ou em comunicação ao público ou à assembléia, afirmação
falsa sobre a constituição da sociedade, ou ocultando fraudulentamente fato a ela relativo: Pena - reclusão,
de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, se o fato não constitui crime contra a economia popular.(...)
� Lei 1521. (...) Art 3º São também crimes dessa natureza:
 (...)
IX) gerir fraudulenta ou temerariamente bancos ou estabelecimentos bancários, ou de capitalização;
sociedades de seguros, pecúlios ou pensões vitalícias; sociedades para empréstimos ou financiamento de
construções e de vendas de imóveis a prestações, com ou sem sorteio ou preferência por meio de pontos
ou quotas; caixas econômicas; caixas Raiffeisen; caixas mútuas, de beneficência, socorros ou empréstimos;
caixas de pecúlio, pensão e aposentadoria; caixas construtoras; cooperativas; sociedades de economia
coletiva, levando-as à falência ou a insolvência, ou não cumprindo qualquer das cláusulas contratuais com
prejuízo dos interessados.(...).
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C)Princípio da Consunção ou Absorção – Lex consumens derogat
consumptae
É o princípio segundo o qual um fato mais amplo e mais grave
consome, isto é, absorve, outros fatos menos amplos e graves, que
funcionam como fase normal de preparação ou execução. Ex: O furto
em casa habitada absorve a violação de domicílio.
Comparação: É muito tênue a linha diferenciadora que separa a
consunçãodasubsidiariedade.Naverdade,adistinçãoestáapenasno
enfoque dado na incidência do princípio. Na subsidiariedade, em
função do fato concreto praticado, comparam-se as normas para se
saber qual é a aplicável. Na consunção, sem recorrer às normas,
comparam-se os fatos, verificando-se que o mais grave absorve os
demais. 
Hipóteses em que se verifica a consunção: 
1- Crime progressivo-
ocorre quando o agente, objetivando, desde
o início, produzir o resultado mais grave, pratica, por meio
de atos sucessivos, crescentes violações ao bem jurídico. Há
uma única conduta comandada por uma só vontade, mas
compreendida por diversos atos (crime plurissubsistente). O
último ato, causador do resultado inicialmente pretendido,
absorve todos os anteriores, que acarretaram violações de
menor grau. Ex: revoltado porque sua esposa lhe serviu sopa
fria, após um longo e cansativo dia de trabalho, o marido
arma-sedeumpedaçodepaue,desdelogo,decididoacometer
ohomicídio(umaúnicavontade),desfereinúmerosgolpescontra
acabeçadavítimaatématá-la(váriosatos).Comosenota,há
uma única ação, isto é, um único crime (um homicídio),
comandadoporumaúnicavontade(adematar),masconstituído
por vários atos, progressivamente mais graves. Aplicando-se o
princípiodaconsunção,temosqueoúltimogolpe,causadordo
resultado letal, absorve os anteriores, respondendo o agente
somente pelo homicídio(as lesões corporais são absorvidas). 
Resumindo: Existe crime progressivo quando o sujeito, para
alcançar um resultado, passa por uma conduta inicial que
produz um evento menos grave que aquele. O autor desenvolve
fases sucessivas, cada uma constituindo um tipo de infração.
Num crime, o comportamento descrito pelo núcleo do tipo é o
resultado de condutas que se realizam através da passagem de
umafiguracriminalmenosgraveparaoutrademaiorgravidade.
Ex: O estupro e o atentado violento ao pudor, se praticados
contraofendidomaiorde14anosemenorde18anos,absorvem
a corrupção de menores(art. 218)
2- Crime complexo- é o que resulta da fusão de dois ou mais
delitosautônomos,quepassamafuncionarcomoelementaresou
circunstâncias no tipo complexo. O fato complexo absorve os
fatos autônomos que os integram, prevalecendo o tipo
resultante da reunião daqueles. Ex: Latrocínio (constituído
pelo roubo + homicídio) Aplica-se o princípio da consunção,
porqueosfatoscomponentesdotipocomplexoforamabsorvidos
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pelocrimeresultantedafusão(oautorsomenterespondepelo
latrocínio, ficando o roubo e o homicídio absorvidos). 
3- Progressão criminosa: compreende três subespécies:
3.1-Progressão criminosa em sentido estrito- nessa hipótese, o
agente deseja inicialmente produzir um resultado e, após
atingi-lo, decide prosseguir e reiniciar sua agressão produzindo
uma lesão mais grave. Distingue-se do crime progressivo, porque,
enquantonesteháunidadededesígnios(desdelogooagentejáquer
o resultado mais grave), na progressão criminosa ocorre
pluralidade de elemento subjetivo, ou seja, pluralidade de
vontades(inicialmente quer um resultado e , após atingi-lo, muda
deidéiaeresolveprovocaroutrodemaiorgravidade).Noexemplo
dado para o crime progressivo, imaginemos que o marido queira
inicialmente ferir a sua esposa, isto é, cometer um crime de
lesõescorporais.Posteriormente,comavítimaprostradaaosolo,
surgeaintençãodematá-la,oqueacabasendofeito.Dessemodo,
no crime progressivo há um só crime, comandado por uma única
vontade,noqualoatofinal, maisgrave,absorve os anteriores,
ao passo que na progressão criminosa há mais de uma vontade,
correspondente a mais de um crime, ficando o crime mais leve
absorvido pelo de maior gravidade. 
Embora haja condutas distintas(cada seqüência de atos comandada
pela vontade corresponde a uma conduta, logo, para cada vontade,
umaconduta),oagentesórespondepelofatofinal,maisgrave.Os
fatos anteriores ficam absorvidos. 
3.2- Fato Anterior(“antefactum”) não punível: sempre que um fato
anteriormenosgraveforpraticadocomomeionecessárioounormal
paraarealizaçãodeoutromaisgrave,ficaráporesteabsorvido.
Note que o fato anterior que integra a fase de preparação ou de
execução somente será absorvido se for de menor gravidade, assim
para FERNANDO CAPEZ, estaria equivocada a súmula 17 do STJ,
segundo a qual o crime de falso é absorvido pelo estelionato,
quando nele se exaure. De acordo com o entendimento sumular, o
falso é absorvido pelo estelionato quando neste se exaure a sua
potencialidadelesiva.Exemplo:oagentefalsificaumacarteirade
identidade e com ela comete um estelionato. Responde pelos dois
crimes,poisodocumentofalsificadopoderáserusadoeminúmeras
outrasfraudes.Se,contudo,falsificasseaassinaturadeumfólio
de cheque e o passasse ao comerciante, só responderia pelo
estelionato, pois não poderia usar aquela folha falsa em nenhuma
outra fraude.
3.3-Fatoposterior(“postfactum”)nãopunível:ocorrequando,após
realizada a conduta, o agente pratica novo ataque ao mesmo bem
jurídico, visando apenas tirar proveito da prática anterior. O
fatoposteriorétomadocomomeroexaurimento.Ex:Apósofurto,o
agente vende ou destrói a coisa, responderá apenas pelo furto
(Grecco, Fragoso, Capez). Divergência → Wessels, Cezar Roberto
Bitencourt e Francisco de Assis Toledo consideram que não haverá
pós-fatoimpunível,poisseoagentevendeacoisaaterceirode
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boa-fé,cometeestelionatoemconcursomaterial,comoantecedente
furto,porempreendernovalesãoautônomacontravítimadiferente,
através de conduta não compreendida como conseqüência natural e
necessária da primeira.
OBS: Há uma regra que auxilia na aplicação do princípio da
consunção,segundoaqual,quandooscrimessãocometidosnomesmo
contexto fático, opera-se a absorção do menos grave pelo mais
grave.Sendodestacadososmomentos,responderáoagenteportodos
oscrimesemconcurso.Ex:Seosujeitoéagredidoemumbotecoe,
jurando de vingança, dirige-se ao seu domicílio ali nas
proximidades, arma-se e retorna ao local, logo em seguida, para
matar seu algoz, não responderá pelo porte ilegal e disparo de
arma de fogo em concurso com homicídio doloso, já que tudo se
passou na mesma cena, em um mero desdobramento de ações até o
resultado final. 
Leitura Básica Indicada:
JESUS, Damásio. Direito Penal Vol. 1 - Parte Geral - 30ª São Paulo: Ed. Saraiva. 2009. Capítulo VII –
página 106 até 118.
6ª AULA- LEI PENAL NO TEMPO/TEMPO DO CRIME/EXTRATIVIDADE/PRINCÍPIOS
GERAIS: RETROATIVIDADE, IRRETROATIVIDADE, ULTRATIVIDADE, ABOLITIO
CRIMINIS, NOVATIO LEGIS INCRIMINADORA, IN MELLIUS, E IN PEJUS/LEI
PENAL NO ESPAÇO: TERRITORIALIDADE E EXTRATERRITORIALIDADE/LUGAR DO
CRIME
Lei Penal no Tempo
Aeficáciadaleipenalnotemposubordina-seaumaregrageral
e a várias exceções, como se infere dos preceitos contidos no art.
5º, XL, da CF, e nos arts. 2º e 3º do CP. A regra geral é a
prevalência da lei do tempo do fato(tempus regit actum), isto é,
aplica-se a lei vigente quando da realização do fato. 
Extra – atividade
ALeiPenal,mesmodepoisderevogada,podecontinuararegular
fatos ocorridos durante a sua vigência ou retroagir para alcançar
àqueles que aconteceram anteriormente à sua entrada em vigor.
Aextra–atividadeéofenômenosegundooqualumadeterminada
lei penal produz efeitos sobre fatos que aconteceram antes da sua
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Resumo e Referências básicas de Direito Penal I
Professora Gisela França
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entrada em vigor (RETROATIVIDADE), ou se aplica a fatos que
ocorreramduranteásuavigência,depoisdasuarevogação.(ULTRA–
ATIVIDADE).
A Regra Geral é da IRRETROATIVIDADE IN PEJUS, ou seja, a
impossibilidade de a lei penal retroagir para prejudicar o agente.
O Código Penal brasileiro adotou o princípio da
irretroatividade relativa, conforme o art. 5°, inciso XL da CF/88.
Logo, há a proibição de RETROATIVIDADE DA LEX GRAVIOR.
♦ Tempo do Crime
A análise do âmbito temporal de aplicação da lei penal
necessita da fixação do momento em que se considera o delito
cometido (TEMPUS COMMISSI DELICTI).
Adeterminaçãodotempoemquesereputapraticadoodelitotem
relevânciajurídicanãosomenteparafixaraleiquevaireger,mas
também para fixar a imputabilidade do sujeito, etc. A questão

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