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modelos assistenciais em saude bucal

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36
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Rev Pesq Saúde, 12(3): 32-36, set-dez, 2011
ISSN-2236-6288 Artigo de Revisão / Review Article
37Rev Pesq Saúde, 12(3): 37-42, set-dez, 2011
MODELOS ASSISTENCIAIS EM SAÚDE BUCAL NO BRASIL: revisão de literatura
ASSISTANCE MODELS IN ORAL HEALTH IN BRAZIL: literature review
1 2 3
Elza Bernardes Ferreira , Thalita Queiroz Abreu e Ana Emília Figueiredo de Oliveira
Resumo
Introdução: Entende-se por modelo assistencial o modo como são produzidas as ações de saúde e a maneira como os serviços 
de saúde e o Estado se organizam para produzi-las e distribuí-las. Ao longo dos anos, diversas tentativas aconteceram no intuito 
de se estabelecer um modelo efetivo de saúde bucal. O conhecimento desses modelos é de suma importância para a construção 
de uma odontologia pública de qualidade e maior eficácia. Objetivos: Discorrer a respeito dos modelos assistenciais em saúde 
bucal no Brasil. Métodos: Realizou-se revisão de literatura com abrangência temporal dos estudos definida entre os anos de 
1988 e 2008 e, o idioma, textos em português, utilizando como palavras chaves “Odontologia Comunitária”, “Programas Nacio-
nais de Saúde” e “Saúde Bucal”. Resultados: Foi possível identificar na literatura consultada os seguintes modelos: Sistema 
Incremental, Odontologia Simplificada e Integral, Programa de Inversão da Atenção, Atenção precoce em Odontologia e Odon-
tologia a partir do Núcleo Familiar. Conclusão: Foi possível observar que todos os modelos assistenciais em saúde bucal, apesar 
das falhas, tiveram sua importância no processo de construção e reestruturação do Sistema Único de Saúde e que o entendimen-
to a respeito da evolução de tais modelos é primordial para o desenvolvimento de práticas alternativas àquelas que fracassaram 
ao longo dos anos.
Palavras-chave: Odontologia Comunitária. Programas Nacionais de Saúde. Saúde Bucal.
Abstract
Introduction: Assistance model is the way in which the health actions are produced and how the health services and the state 
work together to produce and distribute them. Over the years, several attempts were done in order to establish an effective 
model of oral health. Knowledge about these models is of paramount importance for the construction of a public dental quality 
and greater efficiency. Objective: Discuss about the assistance models of dental health in Brazil. Methods: We conducted a 
literature review with the temporal scope of the studies defined between the years 1988 and 2008. We used the texts in Portu-
guese language, and "Community Dentistry", "National Health Programs" and "Oral Health" as keywords. Results: The following 
models were identified in the literature: incremental system, simplified comprehensive dentistry, inversion of attention pro-
gram, early dental attention and nuclear family dentistry. Conclusion: It was possible to observe that all care models of oral 
health, despite the mistakes, had their importance in the construction and restructuring of the Public Health System. The under-
standing of the evolution of such models is crucial for the development of alternative practices to those that failed over the 
years.
Keywords: Community Dentistry. National Health Programs. Oral Health.
1.
 Professora Substituta do Curso de Odontologia - Universidade Federal do Maranhão - UFMA.
2.
 Docente do Curso de Odontologia - Instituto Florence - São Luís - MA.
3.
 Docente do Curso de Odontologia - Universidade Federal do Maranhão - UFMA
Contato: . E-mail: elza_bernardes@hotmail.comElza Bernardes Ferreira
IntroduçãoO Ministério da Saúde define "modelo assisten-
cial" sendo, de maneira geral, o modo como são produ-
zidas as ações de saúde e a maneira como os serviços 
de saúde e o Estado se organizam para produzí-las e 
1
distribuí-las .
A assistência odontológica até os anos 50 era 
prestada, principalmente, nos centros urbanos por 
dentistas em prática privada, pagos por desembolso 
direto. A prática odontológica seguia, de forma bastan-
te similar, os padrões assistenciais da medicina e 
reproduzia, integralmente, o modelo educacional de 
prática odontológica da Escola Norte Americana, ado-
tado nas universidades brasileiras, podendo ser carac-
terizada como cientificista ou flexneriana, na medida 
em que privilegiava o individualismo, tendo o indiví-
2
duo como objeto de prática e responsável pela saúde .
Na década de 50 o Serviço Especial de Saúde 
Pública (SESP) implementou o primeiro programa de 
saúde pública no Brasil, conhecido como Sistema 
Incremental, cujo alvo principal era a população em 
idade escolar, considerada epidemiologicamente 
como mais vulnerável e, ao mesmo tempo, mais sensí-
3
vel as intervenções de saúde pública .
A odontologia se viu reduzida aos programas 
odontológicos a escolares. O Sistema Incremental se 
tornou ineficaz à medida que foi se transformando em 
receita, em padrão a ser reproduzido acriticamente, 
em contextos de precariedade gerencial, falta de recur-
sos e ausência de enfoque epidemiológico dos progra-
mas com exclusão da assistência ao restante da popu-
4
lação ao acesso e tratamento odontológico . 
Com a criação do Sistema Único de Saúde (SUS) 
em 1988, os modelos assistenciais de abrangência 
municipal passaram a ter uma expressiva importância, 
com o início da implantação da municipalização das 
ações de saúde. A Saúde Bucal Coletiva, enquanto para-
digma da programação da Odontologia no Contexto 
do SUS traz como princípios a universalidade da aten-
Características de portadores de hepatites B e C em tratamento hemodialítico e comorbidades associadas
ção, eqüidade, territorialização, integralidade e con-
trole social. Essas diretrizes foram as que puseram em 
cheque os modelos vigentes e imputaram um desafio 
muito grande aos municípios que se propuseram a 
1
reorganizar os seus modelos assistenciais .
A partir daí surgiram outros modelos que norte-
aram as ações em odontologia a fim de garantir a uni- 
versalidade do acesso, como o Programa de Inversão 
da Atenção, a Atenção Precoce em Odontologia (Odon-
tologia para Bebês) e a Odontologia a partir do Núcleo 
Familiar (Saúde da Família). 
Dessa forma, sabendo-se da importância dos 
modelos assistenciais para a construção de uma odon-
tologia pública de maior eficácia e qualidade, o presente 
trabalho tem como objetivo observar na literatura rela- 
tos de modelos assistenciais em saúde bucal no Brasil.
Metodologia
Esta revisão bibliográfica foi dividida em duas 
etapas: a primeira etapa consistiu na procura dos des-
critores no site Descritores em Ciências da Saúde 
(http://decs.bvs.br). Depois foram estabelecidos dois 
critérios para refinar os resultados: a abrangência 
temporal dos estudos definida entre os anos de 1988 e 
2008 e, o idioma, textos em português. Essa busca foi 
feita no SCIELO e Lilacs. 
Os descritores utilizados foram: “Odontologia Comu-
nitária”, “Programas Nacionais de Saúde” e “Saúde Bucal”.
Resultados
Foram selecionadas 37 referências que atendi-
am aos critérios de refinamento. Desses, foram excluí-
dos os textos duplicados, o que redundou um quanti-
tativo de 26 trabalhos. Foi possível identificar como 
principais modelos assistenciais o Sistema Incremen-
tal, Odontologia Simplificada, Odontologia Integral, 
Programa Inversão da Atenção (PIA), Atenção precoce 
em Odontologia (Odontologia para Bebês e Odontolo-
gia a partir do Núcleo Familiar).
Discussão
Modelo assistencial pode ser definido como 
“conjunto de ações que, incluindo a assistência indivi-
dual, não se esgota nela”. Porém, é importante o enten-
dimento de que um modelo assistencial apenas nos 
dará bases para reorganização da atenção primária 
enquanto profissionais da odontologia, não sendo 
5
uma fórmula mágica para organização dos serviços .
No começo do século passado, a odontologia 
era caracterizada por atividades fundamentadas no 
modelo hegemônico, realizada fundamentalmente 
pelo cirurgião-dentista. Era baseada no paradigma 
flexneriano, caracterizado por ser mecanicista, biolo-
gicista, individualista, especialista e curativista. 
Somente a partir da década de 50 que a odontologia 
iniciou um processo interno de questionamento e 
6
busca de novas soluções .
Sistema Incremental
Historicamente, a assistência odontológica 
pública no Brasil adquiriu estrutura a partir dos clássi-
cos modelos de assistência a escolares, preconizado 
pela então Fundação Serviços Especiais de Saúde Públi-
ca (FSESP) nos anos 50 e pelo atendimento à livre 
demanda em unidades de saúde. Nesse período, os 
modelos gerenciais que orientavam as ações de saúde 
bucal estavam estabelecidos de forma disseminada 
entre as várias instituições que prestavam assistência 
odontológica. Dentre estes modelos gerenciais, o que 
se estabeleceu como hegemônico foi o Sistema Incre-
mental em escolares que, na maioria dos casos, estava 
7
ligado aos programas de Saúde Escolar .
O Sistema Incremental, apesar do grande pro-
gresso que representou para a assistência odontológi-
ca da época, se mostrou já no início dos anos 70, como 
um modelo ultrapassado, tanto do ponto de vista de 
sua eficácia, quanto de sua abrangência e cobertura. 
No primeiro caso, pelo fato de ter se estabelecido a 
partir do paradigma curativo-reparador, bem diferente 
da concepção curativo-preventiva, o que provocou, na 
melhor das hipóteses, um aumento no número de 
dentes restaurados, mas sem nenhum impacto sobre 
os níveis de doença bucal. No que se refere à abrangên-
cia, tratava-se de um modelo excludente, na medida 
em que priorizava (mais no sentido de exclusividade 
do que de prioridade) os escolares de 7 a 14 anos (com 
algumas variações), supondo-se ser uma parcela da 
população de fácil acesso. Pensava-se que, realizando 
o atendimento daquelas crianças em idade escolar, 
quando estas chegassem à idade adulta, já não mais 
apresentariam problemas de saúde bucal. Acontece 
que, excluindo-se o restante da população do atendi-
mento preventivo-curativo, não houve sucesso quanto 
a redução do índice CPO-D (Dentes Cariados Perdidos e 
Obturados). Seus resultados são satisfatórios quanto 
ao tratamento completado em escolares, porém não 
houve redução do índice de cárie da população brasile-
8,9
ira, como pretendia seu objetivo inicial .
Embora tenha sido um modelo programático, 
ou seja, em tese poderia ser aplicado a qualquer clien-
tela circunscrita, o Sistema Incremental acabou se 
tornando sinônimo de modelo assistencial em saúde 
bucal (na realidade, um modelo de assistência a escola-
res) e se manteve como hegemônico por mais de 40 
anos. Esse sistema se tornou ineficaz à medida que foi 
se transformando em receita, em padrão a ser reprodu-
zido acriticamente, em contextos de precariedade 
gerencial, falta de recursos e ausência do enfoque 
9,10
epidemiológico dos programas .
Apesar das limitações do Sistema Incremental, 
ele foi adotado na época por grande parte dos municí-
pios brasileiros devido a sua comodidade em realizá-
lo. Devido às práticas preventivas, ainda que incipien-
tes de fluoretação da água de abastecimento naquelas 
regiões desprovidas de tal elemento químico, bem 
como a aplicação tópica deflúor na clientela adstrita ao 
programa, foi um marco para o desenvolvimento da 
saúde bucal pública no país, tendo em vista a quebra 
11
do modelo de livre demanda nos consultórios .
Assim, no período entre os anos 50 e fins dos 
anos 80, a assistência odontológica pública brasileira 
tinha como característica possuir um modelo predomi-
nante de assistência a escolares (na maioria das vezes, 
com Sistema Incremental) e, para o restante da popula-
ção, a assistência se dava de forma disseminada entre 
as variadas instituições, dentre as quais as convenia-
38 Rev Pesq Saúde, 12(3): 37-42, set-dez, 2011
 
Ferreira EB, Abreu TQ, Oliveira AEF
das com o Sistema Previdenciário (INAMPS), as Secreta-
9,10
rias Estaduais de Saúde e entidades filantrópicas .
Odontologia Simplificada 
A expressão odontologia simplificada apareceu 
no discurso odontológico brasileiro nos anos setenta. 
A mesma expressão vinha sendo utilizada também em 
outros países da América Latina. A odontologia simpli-
ficada fazia crítica da odontologia científica e se reivin-
11
dicava alternativa, a partir de outro paradigma .
O sistema simplificado oferecia o aproveitamento 
racional do tempo do profissional de nível superior pelo 
surgimento, nesse período, do pessoal auxiliar; o núme-
ro de consultas necessárias para chegar ao término do 
tratamento diminuiu ao mesmo tempo em que aumen-
tava o número de usuários atendidos em função do 
aumento dos tratamentos concluídos. Com todas essas 
mudanças a odontologia simplificada não comprometia 
12
a qualidade dos serviços prestados aos usuários .
Embora essa odontologia discursasse sobre a 
importância da prevenção, sua prática priorizava o 
curativo, na medida em que não se transformavam os 
elementos estruturais da odontologia flexneriana, 
11
mas, apenas se lhes racionalizavam .
Odontologia Integral
O contexto conflituoso, colocado, principal-
mente, pelos dilemas da quantidade versus qualidade 
e da prevenção versus curativo obrigou a uma reflexão 
mais profunda sobre a prática da odontologia simplifi-
cada, dando início a uma outra concepção de odonto-
logia alternativa, que não deveria ser mais uma prática 
complementar à odontologia científica, mas uma nova 
forma de pensar e fazer odontologia. Essa prática é a 
12
odontologia integral .
Esse modelo enfatizou a mudança dos espaços 
de trabalho. Tradicionalmente localizados nas escolas, 
os consultórios foram transferidos para as Unidades 
Básicas de Saúde, proporcionando uma ação mais inte-
grada com as outras áreas da saúde e gerando uma 
assistência mais universal. Além disso, foram paulati-
namente ampliados estes espaços, aumentando a capa-
cidade do sistema. Suas características principais 
foram a promoção e prevenção da saúde bucal com 
ênfase coletiva e educacional; abordagem e participa-
ção comunitária; simplificação e racionalização da prá-
tica odontológica e desmonopolização do saber com 
7
incorporação de pessoal auxiliar . Porém se baseava 
9
ainda no Sistema Incremental com certas alterações .
Programa Inversão da Atenção (PIA)
Em função de várias críticas ao Sistema Incre-
mental, entre elas o fato de ser um programa excluden-
te, e extremamente curativista, baseado, principal-
mente no número de tratamentos completados e não 
no controle e declínio da doença cárie, surgiu no final 
dos anos 80 e início da década de 90 o Programa Inver-
são da Atenção (PIA) elaborado pelos professores Lou-
reiro e Oliveira, da Pontifícia Universidade Católica de 
Minas Gerais (PUC-MG), cujo princípio básico é a 
mudança do enfoque de “cura” da cárie para o “contro-
le”. Esse programa obteve um relevante sucesso em 
alguns municípios de Minas Gerais, entre os mais sig-
8,9
nificativos, João Monlevade e Timóteo . 
Na realidade, o grande valor deste sistema foi o 
resgate de uma matriz programática sob as novas 
bases que se apresentavam (em síntese, os princípios 
do SUS). Conceitualmente, o sistema buscou incorpo-
rar os avanços da Odontologia Integral adaptando seu 
marco teórico a uma estrutura organizativa baseada 
no SUS. Sua principal característica baseava-se intervir 
antes e controlar depois. Estabeleceu um modelo cen-
trado em três fases, interrelacionadas e retroalimenta-
das por um sistema de informação eficaz. A primeira 
fase, a "estabilização", visava reduzir a incidência e a 
velocidade de progressão da doença bucal, utilizando-
se de ações preventivas coletivas e individuais não-
invasivas, para o controle da doença, e ações individu-
ais de tecnologia invasiva para o controle da lesão. A 
segunda fase, a "reabilitação", ocorreu o restabeleci-
mento da estética e função perdidas pelas seqüelas da 
doença. Na terceira fase se dá o "declínio", objetivando 
o controle da doença e da lesão e supondo trabalhar 
com a população sobre os fatores condicionantes, com 
a introdução de noção e métodos de auto-cuidado. 
Contava, para isto, com ações de controle epidemioló-
gico da doença cárie, uso de tecnologias preventivas 
modernas (escandinavas), mudança da “cura” para 
“controle” e ênfase no auto-controle, em ações de cará-
8,13,14,15
ter preventivo promocional .
Apesar dos avanços apresentados por essa 
modalidade de atendimento, verifica-se, ainda, a preva-
lência dos escolares no desenvolvimento das ações 
programática em saúde. Entretanto, nota-se o desen-
volvimento das ações preventivas em detrimento das 
técnicas exclusivamente curativas e mutiladoras do 
modelo anterior. Contudo, devido aos fatores já estuda-
dos, o modelo não leva em conta as reais necessidades 
epidemiológicas da população, não havendo, assim, 
redução significativa do índice CPOD, principalmente 
16
naquela faixa etária não atendida pelo programa .
O padrão teórico referencial do PIA em muito se 
assemelha a outras elaborações teóricas surgidas an-
teriormente, como a Odontologia Integral, na maneira 
de que são mantidas as mesmas críticas ao modelo 
vigente e resgata a necessidade de uma abordagem 
preventivo-promocional na batalha às doenças bucais. 
Do ponto de vista da lógica programática, incorpora 
conceitos do Planejamento Estratégico Situacional 
(PES), territorialização, busca da universalidade da aten-
ção e trabalha com tecnologias preventivas de alto con-
teúdo controlador e tecnológico-dependentes, como, 
5,8,13
por exemplo, a utilização desenfreada de selantes .
Atenção precoce em Odontologia (Odontologia 
para Bebês)
A atenção precoce é uma conquista da Odontolo-
gia, e representa a incorporação de um novo entendi-
mento da abordagem das doenças bucais fortemente 
centrada numa perspectiva preventiva-promocional. 
Iniciada a partir do desenvolvimento da Cariologia, a sua 
incorporação na prática deveu-se à disseminação da 
idéia do tratamento da cárie enquanto doença infeccio-
sa, reforçando a importância do controle dessa o mais 
5,17,18
precocemente possível .
39Rev Pesq Saúde, 12(3): 37-42, set-dez, 2011
Modelos assistenciais em saúde bucal no Brasil: revisão de literatura
ção, eqüidade, territorialização, integralidade e con-
trole social. Essas diretrizes foram as que puseram em 
cheque os modelos vigentes e imputaram um desafio 
muito grande aos municípios que se propuseram a 
1
reorganizar os seus modelos assistenciais .
A partir daí surgiram outros modelos que norte-
aram as ações em odontologia a fim de garantir a uni- 
versalidade do acesso, como o Programa de Inversão 
da Atenção, a Atenção Precoce em Odontologia (Odon-
tologia para Bebês) e a Odontologia a partir do Núcleo 
Familiar (Saúde da Família). 
Dessa forma, sabendo-se da importância dos 
modelos assistenciaispara a construção de uma odon-
tologia pública de maior eficácia e qualidade, o presente 
trabalho tem como objetivo observar na literatura rela- 
tos de modelos assistenciais em saúde bucal no Brasil.
Metodologia
Esta revisão bibliográfica foi dividida em duas 
etapas: a primeira etapa consistiu na procura dos des-
critores no site Descritores em Ciências da Saúde 
(http://decs.bvs.br). Depois foram estabelecidos dois 
critérios para refinar os resultados: a abrangência 
temporal dos estudos definida entre os anos de 1988 e 
2008 e, o idioma, textos em português. Essa busca foi 
feita no SCIELO e Lilacs. 
Os descritores utilizados foram: “Odontologia Comu-
nitária”, “Programas Nacionais de Saúde” e “Saúde Bucal”.
Resultados
Foram selecionadas 37 referências que atendi-
am aos critérios de refinamento. Desses, foram excluí-
dos os textos duplicados, o que redundou um quanti-
tativo de 26 trabalhos. Foi possível identificar como 
principais modelos assistenciais o Sistema Incremen-
tal, Odontologia Simplificada, Odontologia Integral, 
Programa Inversão da Atenção (PIA), Atenção precoce 
em Odontologia (Odontologia para Bebês e Odontolo-
gia a partir do Núcleo Familiar).
Discussão
Modelo assistencial pode ser definido como 
“conjunto de ações que, incluindo a assistência indivi-
dual, não se esgota nela”. Porém, é importante o enten-
dimento de que um modelo assistencial apenas nos 
dará bases para reorganização da atenção primária 
enquanto profissionais da odontologia, não sendo 
5
uma fórmula mágica para organização dos serviços .
No começo do século passado, a odontologia 
era caracterizada por atividades fundamentadas no 
modelo hegemônico, realizada fundamentalmente 
pelo cirurgião-dentista. Era baseada no paradigma 
flexneriano, caracterizado por ser mecanicista, biolo-
gicista, individualista, especialista e curativista. 
Somente a partir da década de 50 que a odontologia 
iniciou um processo interno de questionamento e 
6
busca de novas soluções .
Sistema Incremental
Historicamente, a assistência odontológica 
pública no Brasil adquiriu estrutura a partir dos clássi-
cos modelos de assistência a escolares, preconizado 
pela então Fundação Serviços Especiais de Saúde Públi-
ca (FSESP) nos anos 50 e pelo atendimento à livre 
demanda em unidades de saúde. Nesse período, os 
modelos gerenciais que orientavam as ações de saúde 
bucal estavam estabelecidos de forma disseminada 
entre as várias instituições que prestavam assistência 
odontológica. Dentre estes modelos gerenciais, o que 
se estabeleceu como hegemônico foi o Sistema Incre-
mental em escolares que, na maioria dos casos, estava 
7
ligado aos programas de Saúde Escolar .
O Sistema Incremental, apesar do grande pro-
gresso que representou para a assistência odontológi-
ca da época, se mostrou já no início dos anos 70, como 
um modelo ultrapassado, tanto do ponto de vista de 
sua eficácia, quanto de sua abrangência e cobertura. 
No primeiro caso, pelo fato de ter se estabelecido a 
partir do paradigma curativo-reparador, bem diferente 
da concepção curativo-preventiva, o que provocou, na 
melhor das hipóteses, um aumento no número de 
dentes restaurados, mas sem nenhum impacto sobre 
os níveis de doença bucal. No que se refere à abrangên-
cia, tratava-se de um modelo excludente, na medida 
em que priorizava (mais no sentido de exclusividade 
do que de prioridade) os escolares de 7 a 14 anos (com 
algumas variações), supondo-se ser uma parcela da 
população de fácil acesso. Pensava-se que, realizando 
o atendimento daquelas crianças em idade escolar, 
quando estas chegassem à idade adulta, já não mais 
apresentariam problemas de saúde bucal. Acontece 
que, excluindo-se o restante da população do atendi-
mento preventivo-curativo, não houve sucesso quanto 
a redução do índice CPO-D (Dentes Cariados Perdidos e 
Obturados). Seus resultados são satisfatórios quanto 
ao tratamento completado em escolares, porém não 
houve redução do índice de cárie da população brasile-
8,9
ira, como pretendia seu objetivo inicial .
Embora tenha sido um modelo programático, 
ou seja, em tese poderia ser aplicado a qualquer clien-
tela circunscrita, o Sistema Incremental acabou se 
tornando sinônimo de modelo assistencial em saúde 
bucal (na realidade, um modelo de assistência a escola-
res) e se manteve como hegemônico por mais de 40 
anos. Esse sistema se tornou ineficaz à medida que foi 
se transformando em receita, em padrão a ser reprodu-
zido acriticamente, em contextos de precariedade 
gerencial, falta de recursos e ausência do enfoque 
9,10
epidemiológico dos programas .
Apesar das limitações do Sistema Incremental, 
ele foi adotado na época por grande parte dos municí-
pios brasileiros devido a sua comodidade em realizá-
lo. Devido às práticas preventivas, ainda que incipien-
tes de fluoretação da água de abastecimento naquelas 
regiões desprovidas de tal elemento químico, bem 
como a aplicação tópica de flúor na clientela adstrita ao 
programa, foi um marco para o desenvolvimento da 
saúde bucal pública no país, tendo em vista a quebra 
11
do modelo de livre demanda nos consultórios .
Assim, no período entre os anos 50 e fins dos 
anos 80, a assistência odontológica pública brasileira 
tinha como característica possuir um modelo predomi-
nante de assistência a escolares (na maioria das vezes, 
com Sistema Incremental) e, para o restante da popula-
ção, a assistência se dava de forma disseminada entre 
as variadas instituições, dentre as quais as convenia-
38 Rev Pesq Saúde, 12(3): 37-42, set-dez, 2011
 
Ferreira EB, Abreu TQ, Oliveira AEF
das com o Sistema Previdenciário (INAMPS), as Secreta-
9,10
rias Estaduais de Saúde e entidades filantrópicas .
Odontologia Simplificada 
A expressão odontologia simplificada apareceu 
no discurso odontológico brasileiro nos anos setenta. 
A mesma expressão vinha sendo utilizada também em 
outros países da América Latina. A odontologia simpli-
ficada fazia crítica da odontologia científica e se reivin-
11
dicava alternativa, a partir de outro paradigma .
O sistema simplificado oferecia o aproveitamento 
racional do tempo do profissional de nível superior pelo 
surgimento, nesse período, do pessoal auxiliar; o núme-
ro de consultas necessárias para chegar ao término do 
tratamento diminuiu ao mesmo tempo em que aumen-
tava o número de usuários atendidos em função do 
aumento dos tratamentos concluídos. Com todas essas 
mudanças a odontologia simplificada não comprometia 
12
a qualidade dos serviços prestados aos usuários .
Embora essa odontologia discursasse sobre a 
importância da prevenção, sua prática priorizava o 
curativo, na medida em que não se transformavam os 
elementos estruturais da odontologia flexneriana, 
11
mas, apenas se lhes racionalizavam .
Odontologia Integral
O contexto conflituoso, colocado, principal-
mente, pelos dilemas da quantidade versus qualidade 
e da prevenção versus curativo obrigou a uma reflexão 
mais profunda sobre a prática da odontologia simplifi-
cada, dando início a uma outra concepção de odonto-
logia alternativa, que não deveria ser mais uma prática 
complementar à odontologia científica, mas uma nova 
forma de pensar e fazer odontologia. Essa prática é a 
12
odontologia integral .
Esse modelo enfatizou a mudança dos espaços 
de trabalho. Tradicionalmente localizados nas escolas, 
os consultórios foram transferidos para as Unidades 
Básicas de Saúde, proporcionando uma ação mais inte-
grada com as outras áreas da saúde e gerando uma 
assistência mais universal. Além disso, foram paulati-
namente ampliados estes espaços,aumentando a capa-
cidade do sistema. Suas características principais 
foram a promoção e prevenção da saúde bucal com 
ênfase coletiva e educacional; abordagem e participa-
ção comunitária; simplificação e racionalização da prá-
tica odontológica e desmonopolização do saber com 
7
incorporação de pessoal auxiliar . Porém se baseava 
9
ainda no Sistema Incremental com certas alterações .
Programa Inversão da Atenção (PIA)
Em função de várias críticas ao Sistema Incre-
mental, entre elas o fato de ser um programa excluden-
te, e extremamente curativista, baseado, principal-
mente no número de tratamentos completados e não 
no controle e declínio da doença cárie, surgiu no final 
dos anos 80 e início da década de 90 o Programa Inver-
são da Atenção (PIA) elaborado pelos professores Lou-
reiro e Oliveira, da Pontifícia Universidade Católica de 
Minas Gerais (PUC-MG), cujo princípio básico é a 
mudança do enfoque de “cura” da cárie para o “contro-
le”. Esse programa obteve um relevante sucesso em 
alguns municípios de Minas Gerais, entre os mais sig-
8,9
nificativos, João Monlevade e Timóteo . 
Na realidade, o grande valor deste sistema foi o 
resgate de uma matriz programática sob as novas 
bases que se apresentavam (em síntese, os princípios 
do SUS). Conceitualmente, o sistema buscou incorpo-
rar os avanços da Odontologia Integral adaptando seu 
marco teórico a uma estrutura organizativa baseada 
no SUS. Sua principal característica baseava-se intervir 
antes e controlar depois. Estabeleceu um modelo cen-
trado em três fases, interrelacionadas e retroalimenta-
das por um sistema de informação eficaz. A primeira 
fase, a "estabilização", visava reduzir a incidência e a 
velocidade de progressão da doença bucal, utilizando-
se de ações preventivas coletivas e individuais não-
invasivas, para o controle da doença, e ações individu-
ais de tecnologia invasiva para o controle da lesão. A 
segunda fase, a "reabilitação", ocorreu o restabeleci-
mento da estética e função perdidas pelas seqüelas da 
doença. Na terceira fase se dá o "declínio", objetivando 
o controle da doença e da lesão e supondo trabalhar 
com a população sobre os fatores condicionantes, com 
a introdução de noção e métodos de auto-cuidado. 
Contava, para isto, com ações de controle epidemioló-
gico da doença cárie, uso de tecnologias preventivas 
modernas (escandinavas), mudança da “cura” para 
“controle” e ênfase no auto-controle, em ações de cará-
8,13,14,15
ter preventivo promocional .
Apesar dos avanços apresentados por essa 
modalidade de atendimento, verifica-se, ainda, a preva-
lência dos escolares no desenvolvimento das ações 
programática em saúde. Entretanto, nota-se o desen-
volvimento das ações preventivas em detrimento das 
técnicas exclusivamente curativas e mutiladoras do 
modelo anterior. Contudo, devido aos fatores já estuda-
dos, o modelo não leva em conta as reais necessidades 
epidemiológicas da população, não havendo, assim, 
redução significativa do índice CPOD, principalmente 
16
naquela faixa etária não atendida pelo programa .
O padrão teórico referencial do PIA em muito se 
assemelha a outras elaborações teóricas surgidas an-
teriormente, como a Odontologia Integral, na maneira 
de que são mantidas as mesmas críticas ao modelo 
vigente e resgata a necessidade de uma abordagem 
preventivo-promocional na batalha às doenças bucais. 
Do ponto de vista da lógica programática, incorpora 
conceitos do Planejamento Estratégico Situacional 
(PES), territorialização, busca da universalidade da aten-
ção e trabalha com tecnologias preventivas de alto con-
teúdo controlador e tecnológico-dependentes, como, 
5,8,13
por exemplo, a utilização desenfreada de selantes .
Atenção precoce em Odontologia (Odontologia 
para Bebês)
A atenção precoce é uma conquista da Odontolo-
gia, e representa a incorporação de um novo entendi-
mento da abordagem das doenças bucais fortemente 
centrada numa perspectiva preventiva-promocional. 
Iniciada a partir do desenvolvimento da Cariologia, a sua 
incorporação na prática deveu-se à disseminação da 
idéia do tratamento da cárie enquanto doença infeccio-
sa, reforçando a importância do controle dessa o mais 
5,17,18
precocemente possível .
39Rev Pesq Saúde, 12(3): 37-42, set-dez, 2011
Modelos assistenciais em saúde bucal no Brasil: revisão de literatura
Devido a prática contínua de se priorizar o grupo 
dos escolares de 7 a 14 anos, a assistência odontológi-
ca a crianças menores de 6 anos sempre se estabeleceu 
como um problema ao Brasil. Esta exclusão da popula-
ção abaixo de 6 anos era explicada pelo conhecimento 
predominante em relação ao desenvolvimento da doen-
ça cárie, bem como por critérios operacionais (era mais 
prático atender somente escolares de primeiro grau). A 
concepção de que o desenvolvimento da cárie na denti-
ção decídua não trazia nenhuma relação com a dentição 
permanente trouxe a idéia de que o tratamento para a 
dentição decídua não era necessário (pelo menos em 
nível de Saúde Pública). Este fundamento se estruturou 
em uma norma bastante conhecida de tratar somente 
os molares permanentes em programas de atenção a 
19
escolares .
A partir dos avanços no estudo da cárie e sua 
inclusão na prática de alguns sistemas de saúde bucal 
no Brasil, o princípio do tratamento da cárie enquanto 
doença infecciosa se expandiu, ressaltando a impor-
tância de seu controle o mais precocemente possível. A 
atenção precoce em Odontologia surge com o resgate 
destes conhecimentos, enfatizando a necessidade de 
inclusão da clientela de 0 a 5 anos em programas de 
saúde bucal. A atenção odontológica precoce a partir 
do nascimento foi iniciativa pioneira da Universidade 
Estadual de Londrina (PR), com a implantação da Bebê-
Clínica pelo professor Luís Reinaldo de Figueiredo 
Walter, estratégia conhecida como “Odontologia para 
Bebês”. O resultado desta estratégia comprovou a 
eficácia de um programa com enfoque totalmente 
inovador, mostrando diferenças significativas em rela-
ção à prevenção da cárie dental em idades mais preco-
ces do início do atendimento. Outros serviços setoriza-
dos e consultórios particulares passaram a oferecer 
este tipo de trabalho, entretanto não é ainda de fácil 
20
acesso a população .
A atenção odontológica precoce foi introduzida 
com o objetivo de manter a saúde bucal, dentro de uma 
filosofia de tratamento educativo e preventivo, consi-
derando que é consensual entre os estudos que o aco-
metimento precoce das lesões de cárie ocorre na pri-
meira infância e o aumento de sua prevalência e severi-
21
dade estabelece-se de acordo com a idade .
Entretanto, a implementação dessa prática den-
tro dos serviços deve obedecer à lógica da integralida-
de das ações, da universalidade no acesso aos serviços 
e da eqüidade. A disseminação de uma técnica preven-
tiva apenas, dirigida a uma população restrita, sem se 
constituir numa estratégia componente de um todo 
que envolva toda a população a ser assistida, corre o 
risco de gerar modelos excludentes, pouco resolutivos 
5,18
e ineficientes .
De certa maneira, pode-se estabelecer o mesmo 
raciocínio para a expansão das bebês-clínicas e do PIA. 
Ambos refletem as deficiências históricas dos municí-
pios em resolver seus problemas de assistência à 
saúde bucal de "dentro para fora", preferindo modelos 
5
prontos e implantados acriticamente .
Odontologia a partir do Núcleo Familiar.
O Programa de Saúde da Família (PSF) foi conce-
bido pelo Ministério da Saúde em janeiro de 1994, com 
o objetivo de proceder à reorganização da prática assis-
tencial em novas bases e critérios,em substituição ao 
modelo tradicional de assistência, orientado pela cura 
22
de doenças e para a atenção hospitalar . Representa, 
pelo menos, duas novas formas de abordagem da ques-
tão da saúde da população: primeiro, busca ser uma 
estratégia para reverter a forma atual de prestação de 
assistência à saúde; e uma proposta de reorganização 
da atenção básica como eixo de reorientação do mode-
lo assistencial, respondendo a uma nova concepção de 
saúde. Esta concepção não é mais centrada somente na 
assistência à doença, mas, sobretudo, na promoção da 
qualidade de vida e intervenção nos fatores que a colo-
cam em risco pela incorporação das ações pragmáticas 
de uma forma mais abrangente e do desenvolvimento 
23
de ações intersetoriais .
 A base operacional do programa centraliza-se 
no atendimento do núcleo familiar, tendo as seguintes 
diretrizes: caráter substitutivo, integralidade e hierar-
quização, territorialização, adscrição da clientela e 
equipe multidisciplinar Deste modo, há uma sintonia . 
entre as formulações do Programa de Saúde da Família 
com os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS), tais 
como a universalidade, equidade da atenção e integra-
lidade das ações. Estrutura-se, assim, na lógica básica 
de atenção à saúde, gerando novas práticas e afirman-
do a indissociabilidade entre os trabalhos clínicos e a 
24
promoção da saúde .
A estratégia do PSF propõe uma dinâmica para a 
estruturação dos serviços de saúde, bem como para a 
sua relação com a comunidade e entre os diversos 
níveis e complexidade assistencial. Assume o compro-
misso de prestar assistência universal, integral, equâ-
nime, contínua e, acima de tudo, resolutiva à popula-
ção, na unidade de saúde e no domicílio, sempre de 
acordo com as suas reais necessidades, além disso, 
identifica os fatores de risco aos quais ela está expos-
24
ta, neles intervindo de forma apropriada .
No ano 2001, ocorreu a inclusão dos profissio-
nais da saúde bucal (cirurgião-dentista, técnico de higi-
ene dental e auxiliar de consultório dentário) ao PSF, 
pela necessidade de melhorar os índices epidemiológi-
cos de saúde bucal e de ampliar o acesso da população 
brasileira às ações a ela relacionadas, em termos de 
promoção ou de proteção e recuperação, impulsionan-
25
do a decisão de reorientar as práticas de intervenção .
 Em 2004, em função da grave situação bucal 
apresentada pela população brasileira, surgiu a neces-
sidade da elaboração de uma Política Nacional de 
Saúde Bucal – Brasil Sorridente. Esta política aparece 
como elemento chave para a ampliação do acesso da 
população aos serviços odontológicos, principalmente 
os de maior complexidade com a instalação dos Cen-
tros de Especialidades Odontológicas (CEOs), que tem 
como objetivo contribuir para a melhoria dos indicado-
26
res epidemiológicos .
No entanto, existem algumas críticas ao PSF 
como, por exemplo, o acesso integral dos indivíduos 
aos serviços públicos de saúde que não é assegurado 
em todas as unidades de saúde da família, já que os 
serviços de referência e contra-referência muitas vezes 
não são adquiridos de forma resolutiva, tornando o PSF 
4
um programa restrito à atenção básica .
 Além disso, o que se vê ao longo dos anos são 
equipes centradas na figura do médico visto como o 
40 Rev Pesq Saúde, 12(3): 37-42, set-dez, 2011
 
Ferreira EB, Abreu TQ, Oliveira AEF
“chefe”, sendo refletida nas melhores condições salari-
ais dessa classe quando comparada aos outros profis-
sionais vinculados à equipe, o que contribui negativa-
mente nos serviços prestados à comunidade, bem 
como o desenvolvimento de ações curativas centraliza-
das na figura do Cirurgião-Dentista, que insiste em 
atender apenas entre quatro paredes, praticando ainda 
ações semelhantes ao do modelo incremental da déca-
23
da de 50 .
Outra crítica pertinente ao PSF é a forma de con-
tratação dos profissionais em alguns municípios que 
não utilizam concursos públicos. Assim, o ingresso de 
profissionais realmente capacitados torna-se restrito, 
suscetível a políticas partidárias e favorecimentos 
23
desleais .
Com base nestas considerações, o entendimen-
to a respeito da evolução dos modelos assistenciais em 
saúde bucal no Brasil torna-se indispensável para o 
desenvolvimento de práticas alternativas àquelas que 
fracassaram no passado.
Apesar do fracasso, os avanços desses modelos 
foram inegáveis para o processo de construção e rees-
truturação do Sistema Único de Saúde, porém tais avan-
ços ainda estão longe de consolidar esse sistema. 
Esses modelos caracterizaram-se como excludentes, 
centralizadores, movidos por uma prática curativista, 
tecnicista e mutiladora.
Desse modo, é pertinente o conhecimento de 
tais modelos para que se possam programar as ações 
dentro do Sistema Único de Saúde, elevando, assim, as 
ações promovidas de forma a se apreciar os princípios 
do SUS em sua totalidade.
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41Rev Pesq Saúde, 12(3): 37-42, set-dez, 2011
Modelos assistenciais em saúde bucal no Brasil: revisão de literatura
Devido a prática contínua de se priorizar o grupo 
dos escolares de 7 a 14 anos, a assistência odontológi-
ca a crianças menores de 6 anos sempre se estabeleceu 
como um problema ao Brasil. Esta exclusão da popula-
ção abaixo de 6 anos era explicada pelo conhecimento 
predominante em relação ao desenvolvimento da doen-
ça cárie, bem como por critérios operacionais (era mais 
prático atender somente escolares de primeiro grau). A 
concepção de que o desenvolvimento da cárie na denti-
ção decídua não trazia nenhuma relação com a dentição 
permanente trouxe a idéia de que o tratamento para a 
dentição decídua não era necessário (pelo menos em 
nível de Saúde Pública). Este fundamento se estruturou 
em uma norma bastante conhecida de tratar somente 
os molares permanentes em programas de atenção a 
19
escolares .
A partir dos avanços no estudo da cárie e sua 
inclusão na prática de alguns sistemas de saúde bucal 
no Brasil, o princípio do tratamento da cárie enquanto 
doença infecciosa se expandiu, ressaltando a impor-
tância de seu controle o mais precocemente possível. A 
atenção precoce em Odontologia surge com o resgate 
destes conhecimentos, enfatizando a necessidade de 
inclusão da clientela de 0 a 5 anos em programas de 
saúde bucal. A atenção odontológica precoce a partir 
do nascimento foi iniciativa pioneira da Universidade 
Estadual de Londrina (PR), com a implantação da Bebê-
Clínica pelo professor Luís Reinaldo de Figueiredo 
Walter, estratégia conhecida como “Odontologia para 
Bebês”. O resultado desta estratégia comprovou a 
eficácia de um programa com enfoque totalmente 
inovador, mostrando diferenças significativas em rela-
ção à prevenção da cárie dental em idades mais preco-
ces do início do atendimento. Outros serviços setoriza-
dos e consultórios particulares passaram a oferecer 
este tipo de trabalho, entretanto não é ainda de fácil 
20
acesso a população .
A atenção odontológica precoce foi introduzida 
com o objetivo de manter a saúde bucal, dentro de uma 
filosofia de tratamento educativo e preventivo, consi-
derando que é consensual entre os estudos que o aco-
metimento precoce das lesões de cárie ocorre na pri-
meira infância e o aumento de sua prevalência e severi-
21
dade estabelece-se de acordo com a idade .
Entretanto, a implementação dessa prática den-
tro dos serviços deve obedecer à lógica da integralida-
de das ações, da universalidade no acesso aos serviços 
e da eqüidade. A disseminação de uma técnica preven-
tiva apenas, dirigida a uma população restrita, sem se 
constituir numa estratégia componente de um todo 
que envolva toda a população a ser assistida, corre o 
risco de gerar modelos excludentes, pouco resolutivos 
5,18
e ineficientes .
De certa maneira, pode-se estabelecer o mesmo 
raciocínio para a expansão das bebês-clínicas e do PIA. 
Ambos refletem as deficiências históricas dos municí-
pios em resolver seus problemas de assistência à 
saúde bucal de "dentro para fora", preferindo modelos 
5
prontos e implantados acriticamente .
Odontologia a partir do Núcleo Familiar.
O Programa de Saúde da Família (PSF) foi conce-
bido pelo Ministério da Saúde em janeiro de 1994, com 
o objetivo de proceder à reorganização da prática assis-
tencial em novas bases e critérios, em substituição ao 
modelo tradicional de assistência, orientado pela cura 
22
de doenças e para a atenção hospitalar . Representa, 
pelo menos, duas novas formas de abordagem da ques-
tão da saúde da população: primeiro, busca ser uma 
estratégia para reverter a forma atual de prestação de 
assistência à saúde; e uma proposta de reorganização 
da atenção básica como eixo de reorientação do mode-
lo assistencial, respondendo a uma nova concepção de 
saúde. Esta concepção não é mais centrada somente na 
assistência à doença, mas, sobretudo, na promoção da 
qualidade de vida e intervenção nos fatores que a colo-
cam em risco pela incorporação das ações pragmáticas 
de uma forma mais abrangente e do desenvolvimento 
23
de ações intersetoriais .
 A base operacional do programa centraliza-se 
no atendimento do núcleo familiar, tendo as seguintes 
diretrizes: caráter substitutivo, integralidade e hierar-
quização, territorialização, adscrição da clientela e 
equipe multidisciplinar Deste modo, há uma sintonia . 
entre as formulações do Programa de Saúde da Família 
com os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS), tais 
como a universalidade, equidade da atenção e integra-
lidade das ações. Estrutura-se, assim, na lógica básica 
de atenção à saúde, gerando novas práticas e afirman-
do a indissociabilidade entre os trabalhos clínicos e a 
24
promoção da saúde .
A estratégia do PSF propõe uma dinâmica para a 
estruturação dos serviços de saúde, bem como para a 
sua relação com a comunidade e entre os diversos 
níveis e complexidade assistencial. Assume o compro-
misso de prestar assistência universal, integral, equâ-
nime, contínua e, acima de tudo, resolutiva à popula-
ção, na unidade de saúde e no domicílio, sempre de 
acordo com as suas reais necessidades, além disso, 
identifica os fatores de risco aos quais ela está expos-
24
ta, neles intervindo de forma apropriada .
No ano 2001, ocorreu a inclusão dos profissio-
nais da saúde bucal (cirurgião-dentista, técnico de higi-
ene dental e auxiliar de consultório dentário) ao PSF, 
pela necessidade de melhorar os índices epidemiológi-
cos de saúde bucal e de ampliar o acesso da população 
brasileira às ações a ela relacionadas, em termos de 
promoção ou de proteção e recuperação, impulsionan-
25
do a decisão de reorientar as práticas de intervenção .
 Em 2004, em função da grave situação bucal 
apresentada pela população brasileira, surgiu a neces-
sidade da elaboração de uma Política Nacional de 
Saúde Bucal – Brasil Sorridente. Esta política aparece 
como elemento chave para a ampliação do acesso da 
população aos serviços odontológicos, principalmente 
os de maior complexidade com a instalação dos Cen-
tros de Especialidades Odontológicas (CEOs), que tem 
como objetivo contribuir para a melhoria dos indicado-
26
res epidemiológicos .
No entanto, existem algumas críticas ao PSF 
como, por exemplo, o acesso integral dos indivíduos 
aos serviços públicos de saúde que não é asseguradoem todas as unidades de saúde da família, já que os 
serviços de referência e contra-referência muitas vezes 
não são adquiridos de forma resolutiva, tornando o PSF 
4
um programa restrito à atenção básica .
 Além disso, o que se vê ao longo dos anos são 
equipes centradas na figura do médico visto como o 
40 Rev Pesq Saúde, 12(3): 37-42, set-dez, 2011
 
Ferreira EB, Abreu TQ, Oliveira AEF
“chefe”, sendo refletida nas melhores condições salari-
ais dessa classe quando comparada aos outros profis-
sionais vinculados à equipe, o que contribui negativa-
mente nos serviços prestados à comunidade, bem 
como o desenvolvimento de ações curativas centraliza-
das na figura do Cirurgião-Dentista, que insiste em 
atender apenas entre quatro paredes, praticando ainda 
ações semelhantes ao do modelo incremental da déca-
23
da de 50 .
Outra crítica pertinente ao PSF é a forma de con-
tratação dos profissionais em alguns municípios que 
não utilizam concursos públicos. Assim, o ingresso de 
profissionais realmente capacitados torna-se restrito, 
suscetível a políticas partidárias e favorecimentos 
23
desleais .
Com base nestas considerações, o entendimen-
to a respeito da evolução dos modelos assistenciais em 
saúde bucal no Brasil torna-se indispensável para o 
desenvolvimento de práticas alternativas àquelas que 
fracassaram no passado.
Apesar do fracasso, os avanços desses modelos 
foram inegáveis para o processo de construção e rees-
truturação do Sistema Único de Saúde, porém tais avan-
ços ainda estão longe de consolidar esse sistema. 
Esses modelos caracterizaram-se como excludentes, 
centralizadores, movidos por uma prática curativista, 
tecnicista e mutiladora.
Desse modo, é pertinente o conhecimento de 
tais modelos para que se possam programar as ações 
dentro do Sistema Único de Saúde, elevando, assim, as 
ações promovidas de forma a se apreciar os princípios 
do SUS em sua totalidade.
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PROTOCOLO DE ATENDIMENTO DO PACIENTE COM ESTOMATITE PROTÉTICA NA 
ATENÇÃO BÁSICA
PRIMARY CARE FOR PATIENTS WITH DENTURE STOMATITIS
1 1 2 3
Samantha Ariadne Alves de Freitas , Aretha Lorena Fonseca Cantanhede , Juliana de Kássia Braga Fernandes e Frederico Silva de Freitas Fernandes
Resumo
Introdução: No Brasil, o número de usuários de próteses dentárias é bastante elevado, principalmente entre os idosos. Consi-
derando-se a alta prevalência da estomatite protética nos portadores de próteses removíveis e a alta taxa de mortalidade e mor-
bidade dos pacientes em condição de enfermidade e/ou imunossupressão que apresentam estomatite protética, é importante 
que o cirurgião-dentista da atenção básica esteja capacitado para diagnosticar, prevenir e tratar essa patologia. Entretanto, as 
ações desenvolvidas pelo Programa de Saúda da Família (PSF) estão voltadas apenas ao controle da cárie e doença periodontal,ou seja, ao paciente dentado. Em se tratando de um paciente desdentado, este é logo encaminhado a um Centro de Especialida-
de Odontológica (CEO) para que possa ser atendido por um especialista em prótese, enquanto que, esse encaminhamento só 
deveria ser realizado após o tratamento da estomatite protética e nos casos em que há necessidade de substituição ou reparo da 
prótese removível. Objetivo: Diante do exposto, o presente estudo teve como objetivo capacitar o profissional do PSF para o 
atendimento do paciente com estomatite protética. Conclusão: Considerando-se que a população assistida pelo PSF é de baixa 
renda, a partir de uma revisão de literatura foi possível estabelecer um protocolo de atendimento que prioriza métodos simples 
e mais baratos de diagnóstico, prevenção e tratamento da estomatite protética pela atenção básica, mas que têm sua eficácia 
comprovada por meio de estudos científicos.
Palavras-chaves: Saúde da Família. Prótese Total. Estomatite sob Prótese.
Abstract
Introduction: In Brazil, the number of dental prosthesis users is very high, mainly among the elderly. Considering the high 
prevalence of denture stomatitis in patients with removable dentures as well as the high mortality and morbidity rate of ill 
and/or immunocompromised patients, the Family Health Program (FHP) dentists should be able to diagnose, treat and prevent 
accurately this disease. However, the actions undertaken by these dentists are directed only to patients presenting periodontal 
disease or to control dental caries, it means, to dentate patient. Edentulous patients presenting oral disease are sent to the Spe-
cialized Dental Clinics (SDC) to be treated by the prosthodontist. Thus, denture stomatitis patients should be sent to these clinics 
only after they treated the denture stomatitis and in the cases when it is necessary to repair or replace the removable denture. 
Objective: To enable FHP dentists to treat patients with denture stomatitis. Conclusion: Considering that the population 
assisted by the FHP falls into a low-income category, this literature review developed an attendance protocol for the patients 
with denture stomatitis to be adopted by the FHP dentist that prioritizes simple and inexpensive methods of diagnosis, preven-
tion, treatment, and which its effectiveness was tested by scientific studies.
Keywords: Family Health Program. Complete Denture. Denture Stomatitis.
1.
 Curso de Especialização em Saúde da Família - Instituto Florence de Ensino Superior - São Luís-MA
2.
 Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva - Universidade Federal do Maranhão - UFMA
3.
 Docente Substituto da UFMA
Contato: Frederico Silva de Freitas Fernandes. E-mail: fredsffernandes@yahoo.com.br
Introdução
O Programa Saúde da Família (PSF) surgiu na 
década de 1990, com uma proposta de mudança do 
modelo assistencial, a partir de uma reorganização da 
1
Atenção Básica . De acordo com o documento oficial 
que define as bases do programa, a Estratégia Saúde 
da Família (ESF) pauta suas ações priorizando a prote-
ção e promoção à saúde dos indivíduos, das famílias e 
2
das comunidades de forma integral e contínua .
A necessidade de ampliação do acesso da popu-
lação brasileira às ações de promoção, prevenção e 
recuperação da Saúde Bucal; a necessidade de melho-
rar os índices epidemiológicos da Saúde Bucal da popu-
lação e a necessidade de incentivar a reorganização da 
Saúde Bucal na atenção básica foram os motivadores 
da implantação das ações da Saúde Bucal no PSF em 
2000, por meio da Portaria Nº. 1.444 do Ministério da 
Saúde. Entretanto, ainda hoje, a maioria dos cirur-
giões-dentistas se encontra envolvida, basicamente, 
no atendimento clínico, priorizando ações curativas e 
técnicas, em detrimento das atividades de promoção e 
3
prevenção da saúde estabelecidas para o PSF .
Quando realizadas, as atividades preventivas do 
PSF são voltadas ao controle da cárie e da doença perio-
dontal, ou seja, ao paciente dentado. Por outro lado, 
apesar dos altos índices de edentulismo no país, pouca 
atenção tem sido dada ao controle das doenças que 
4
acometem essa parcela da população brasileira. Den-
tre essas, destaca-se a candidose oral, presente em até 
5
65% dos usuários de próteses removíveis, sendo con-
siderada a patologia mais frequentemente diagnosti-
6
cada nesses indivíduos .
Quando associada ao uso de próteses, a candi-
dose é também denominada de estomatite sob prótese 
ou estomatite protética. Apresenta-se como uma infla-
mação dos tecidos moles orais, geralmente em contato 
com superfícies de próteses mal adaptadas e/ou pre-
7
cariamente higienizadas . A presença da candidose em 
pacientes em condição de enfermidade e/ou imunos-
Artigo de Revisão / Review ArticleModelos assistenciais em saúde bucal no Brasil: revisão de literatura
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