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Revisão av1 de sociologia jurídica Juliana

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Revisão av1 de sociologia jurídica (aula 1 até a 8).
Conceito sociológico do Direito
Vamos considerar que:
O Direito tem sua origem nos fatos sociais, que são mutáveis;
O Direito é um fenômeno cultural – só existe nas sociedades humanas;
A ideia de Direito relaciona-se às noções de conduta e de organização.
De acordo com Cavalieri Filho (2007, p. 8):
“A sociedade humana é, portanto, o meio em que o Direito surge e se desenvolve, pois, a ideia do Direito liga-se à ideia de conduta e de organização, provindo da consciência das relações entre os indivíduos”.
Ao identificarmos a presença do Direito na sociedade, verificamos as seguintes características:
Sociedades humanas:
Organização sociocultural;
Raciocínio;
Criação cultural;
Evolução social.
Sociedades de animais:
Natureza biológica;
Instintos.
Nas sociedades humanas, há, ainda, atividades de:
Cooperação – convergência de interesses;
Concorrência – paralelismo de interesses.
Função social do Direito
Se, por um lado, o Direito está relacionado à ideia de conduta do indivíduo, por outro, também se relaciona com a organização social.
Do ponto de vista sociológico, são funções do Direito:
Prevenir conflitos
“O Direito previne conflitos através de um conveniente disciplinamento social, estabelecendo regras de conduta na sociedade [...]” (CAVALIERI FILHO, 2007, p. 15).
Compor conflitos
O Direito resolve conflitos de interesses, promovendo a justiça nos casos concretos.
Manter o controle social
O Direito assegura a conformidade de comportamento dos indivíduos a um conjunto de regras e princípios prescritos e sancionados.
Sustentar a regulação social
O Direito mantém um conjunto de pressões diretas ou indiretas exercidas sobre os membros individuais ou coletivos de um grupo ou de uma sociedade. O objetivo é corrigir seus desvios de comportamento, de expressão ou de atitude em relação a regras e normas adotadas pelo grupo social ou pela sociedade em questão.
Origem da Sociologia Jurídica
A Sociologia Jurídica nasceu como disciplina específica no início do século XX.
Os trabalhos na área partem da tese de que o Direito é um fato social ou uma função da sociedade. Os sociólogos do Direito, por sua vez, consideram que o Direito possui uma única fonte: a vontade do grupo social.
A Sociologia Jurídica deve pesquisar, portanto, o fato do Direito, cuja manifestação não depende da lei escrita, mas sim da sociedade, que produz esse fato e cria relações jurídicas.
Abordagem positivista = Sociologia DO Direito
De acordo com a abordagem positivista, a Sociologia Jurídica não pode ter uma participação ativa dentro do Direito. Se o Direito corresponde “à lei e às relações entre as leis”, tudo o que não representar a legislação fica fora da ciência jurídica.
A Sociologia Jurídica pode, sim, estudar e criticar o Direito, mas não pode ser parte integrante dessa ciência. Seu papel é de observador neutro do sistema jurídico.
Adeptos dessa abordagem:
- Niklas Luhmann (1927-1998), na Alemanha;
- Renato Treves (1907-1992), na Itália.
Compor conflitos
De acordo com a abordagem pós-positivista, a Sociologia NO Direito adota uma perspectiva interna com relação ao sistema jurídico. Seus adeptos contestam a exclusividade de um método jurídico tradicional, afirmando que a Sociologia Jurídica deve interferir ativamente na elaboração, no estudo dogmático e, inclusive, na aplicação do Direito.
Não há uma ciência jurídica autônoma, porque, além dos métodos tradicionais, o Direito também emprega – ou deve empregar – métodos próprios das Ciências Sociais.
Essa perspectiva rompe com a ideia do estudioso Hans Kelsen de que o Direito “é uma norma e as relações entre as normas”, bem como com a ideia de imparcialidade ou neutralidade do jurista.
Aspectos sociais do fenômeno jurídico: teoria tridimensional do Direito
Vamos aprofundar, agora, nosso estudo com relação à concepção do Direito como fato social – objeto de estudo da Sociologia Jurídica e Judiciária.
Essa ciência não tem o objetivo de estudar a justificação do Direito. O exame de seus fundamentos – razão, ideia de justiça, moral, vontade da classe dominante – é objeto da Filosofia do Direito.
Além disso, a Sociologia Jurídica não faz avaliações normativas, isto é, não se ocupa do problema da validade e da interpretação do Direito.
A validade é objeto de análise dos teóricos do Direito positivo – Ciência do Direito –, que elaboram os critérios da norma válida. Esses teóricos investigam, ainda, o tema da interpretação jurídica, que interessa, particularmente, aos chamados operadores do Direito – conhecidos, também, como atores jurídicos ou agentes do Direito.
O fenômeno jurídico possui três dimensões, o que significa que pode ser estudado sob três pontos de vista: o da justiça, o da validade e o da eficácia.
Trata-se da teoria tridimensional do Direito, desenvolvida pelo jurista Reale (2003) e, depois, por muitos outros estudiosos. O esquema a seguir representa essa teoria:
Vamos analisar, aqui, os princípios da teoria tridimensional do sistema jurídico:
Justiça
A questão da justiça é objeto do estudo dos filósofos do Direito, que examinam a chamada idealidade do Direito, cujas bases são:
- A justificação do sistema jurídico atual;
- A busca dos melhores princípios de organização social;
- As relações entre Direito e moral;
- As relações entre normas positivas e ideais de justiça;
- As relações entre o Direito e a verdade.
Validade
A análise das normas formalmente válidas – ou seja, o estudo interno do Direito positivo – interessa ao dogmático ou intérprete do Direito, que busca:
- Identificar as normas legais;
- Encontrar o sentido de cada elemento do ordenamento jurídico;
- Solucionar os problemas de conflito entre normas;
- Adaptar as normas aos problemas concretos.
Nesse caso, o objeto do conhecimento é a normatividade do Direito.
Eficácia
Esta terceira dimensão está relacionada à eficácia das normas jurídicas e corresponde ao campo de análise da Sociologia Jurídica. Trata-se do objeto de estudo dos sociólogos do Direito, cuja função é analisar a realidade social do Direito.
Seu referencial é o conhecimento da vida jurídica. Por isso, examina-se, aqui, a facticidade do Direito, isto é, o Direito como realidade social.
Nesse caso, a Sociologia Jurídica prepara uma teoria sociológica dos fenômenos jurídicos, sem interessar-se pelas questões técnicas da interpretação do Direito nem pelos ideais jurídicos, que são foco de atenção, respectivamente, da Filosofia e da Ciência do Direito – dogmática.
Não se esqueça de que as três dimensões do fenômeno jurídico apresentadas anteriormente estão relacionadas entre si. Por exemplo, se a sociedade avalia que uma lei é injusta, esta tende a ser revogada ou, na pior hipótese, tende a não produzir efeitos práticos, o que a tornará ineficaz.
Por isso, o intérprete do Direito não pode ignorar que a falta de legitimação de uma lei em vigor é um elemento importante do fenômeno jurídico, na medida em que é capaz de levar a sua revogação ou ineficácia.
Um exemplo concreto disso aconteceu em 2005, com a abolição do delito de adultério no Código Penal – Lei nº 2.848/1940.
Do mesmo modo, o sociólogo e o filósofo do Direito não podem ser indiferentes ao tema da interpretação normativa do Direito positivo, já que precisam conhecer o conteúdo das normas em vigor para poder analisar a realidade e a idealidade do Direito.
Sendo assim, o sociólogo do Direito não trabalha desconhecendo as análises dos filósofos e dos intérpretes do Direito. Há, portanto, uma complementaridade das três dimensões do conhecimento do fenômeno jurídico.
Direito = instrumento de socialização
O Direito é o modo mais formal de controle social.
Seu papel é de socializador, pois sua presença e sua atuação só são necessárias quando as barreiras que a sociedade ergue contra a conduta antissocial são ultrapassadas, quando a conduta social se aparta da tradição cultural – originada da educação.
A ideia é superar as condições de mera descortesia,simples imoralidade ou, mesmo, pecado e alcançar o nível mais grave do ilícito – ou, tanto pior, do crime.
Os vários caminhos da socialização concordam entre si, EXCETO em situação de crise da sociedade.
Nesse caso, o indivíduo que adapta sua conduta aos princípios da tradição cultural herdados da convivência, às normas do trato ou às normas morais e religiosas, em rigor, não precisa conhecer o Código Penal – até porque, neste, exige-se o mínimo daquilo que tais sistemas normativos impõem.
Funções do Direito
Do ponto de vista do funcionalismo  clássico – ou seja, das concepções mais antigas –, a função do Direito é resolver conflitos.
Mas, atualmente, é possível interpretar esse papel de forma diferente: se os conflitos são elementos permanentes na sociedade, o Direito pode realizar um tratamento jurídico àqueles de interesses contrários.
De acordo com Cavalieri Filho (2007, p. 15), a primeira e principal função social do Direito é, portanto, prevenir conflitos, que afetam o equilíbrio e a paz social.
Essa prevenção ocorre a partir de um “conveniente disciplinamento social”, quando se estabelecem regras de conduta na sociedade com base nos direitos e deveres do cidadão.
Mas, apesar do esforço da população, nem todos os indivíduos se socializam inteira ou suficientemente. Por isso, uma vez instaurado o conflito, é necessário solucioná-lo.
Para Cavalieri Filho (2007, p. 17), disso resulta a “segunda grande função social do Direito: compor conflitos”. Para resolvê-los, basta colocá-los em equilíbrio, determinando aquele que deve persistir e aquele que deve ser combatido.
Vamos conhecer, agora, os critérios de composição dos conflitos:
Composição voluntária
De acordo com Cavalieri Filho (2007, p. 17), este critério:
“[...] se estabelece pelo mútuo acordo das partes. Surgindo o conflito, as partes discutem entre si e o resolvem da melhor maneira possível, quase sempre atentando para os próprios deveres e [as próprias] obrigações [estabelecidas] pelas normas do Direito”.
“Quanto à forma, a composição voluntária pode ser: pura e mista. Cavalieri Filho (2007, p. 18) o ratifica quando afirma:
“A conciliação e a arbitragem não são, a rigor, formas puras de composição voluntária, uma vez que sempre contarão com a interferência de um terceiro – o conciliador ou o árbitro. São, todavia, formas mistas que estimulam e valorizam a participação dos litigantes na composição do conflito”.
Composição autoritária
De acordo com Cavalieri Filho (2007, p. 18):
“Por este critério, cabe ao chefe do grupo [...] o poder de compor os conflitos de interesses que ocorrem ente os indivíduos que se encontram sob sua autoridade”.
Tal critério foi muito usado nas sociedades antigas. Já nas modernas, ainda prevalece no meio familiar.
Composição jurídica
De acordo com Cavalieri Filho (2007, p. 19):
“[...] para que a composição seja jurídica, tem de ser realizada através de um critério anteriormente estabelecido e perfeitamente enunciado para conhecimento de todos, que atenda à universalidade dos casos que se apresentarem dentro do mesmo tipo”.
Este critério apresenta, portanto, as seguintes características:
Anterioridade;
Publicidade;
Universalidade.
Além dos critérios apresentados anteriormente, há alguns meios alternativos de composição de conflitos. São eles:
Conciliação
Forma de resolução de controvérsias na relação de interesses, administrada por um conciliador investido de autoridade ou indicado pelas partes. Cabe a ele:
- Aproximar as partes;
- Controlar as negociações;
- Aparar as arestas;
- Sugerir e formular propostas;
- Apontar vantagens e desvantagens.
Seu principal objetivo deve ser sempre a composição do litígio pelas partes.
Além da administração do conflito por um terceiro – neutro e imparcial –, o conciliador também pode sugerir um possível acordo após criteriosa avaliação das vantagens e desvantagens que tal proposição traria a ambas as partes.
Mediação
Forma de solução de controvérsias, litígios e impasses, em que um terceiro intervém entre as partes – pessoas físicas ou jurídicas. Essa figura é neutra e imparcial, de confiança das partes, e por elas livre e voluntariamente escolhida.
Ela age como facilitadora, catalisadora, pois, através de sua habilidade e da arte de mediar, ajuda as partes a encontrarem a solução para suas pendências. Portanto, o mediador JAMAIS decide, e sim as partes, que têm esse poder de decisão.
Arbitragem
Forma de solução de conflitos, prevista em lei, que pode ser utilizada quando estamos diante de um impasse decorrente de um contrato. Para isso, as partes nomearão árbitros.
Vazio normativo
Quando as normas estatais não atingem a sociedade como um todo, em um vazio normativo, podem surgir fontes – muitas vezes negativas – para suprir o vácuo de poder deixado pelo Estado.
Este é o caso do poder paralelo dos traficantes e dos milicianos – exemplo que apresentamos no início da aula, no estudo sobre a comunidade em que Ana Maria mora.
Ali, coexiste um grande dilema sobre como ser tratado legalmente e sobre os sistemas de autoridade, as políticas e os procedimentos que estão ou não à disposição dos indivíduos para requisitar e regular a vida social.
Vejamos, a seguir, as visões que vão de encontro a esse tema.
Escola monista
Esta doutrina entende que somente o grupo político oficial pode criar as normas de Direito. Sua base é a Ciência do Direito – razão pela qual diverge da ótica da Sociologia Jurídica, cuja filosofia indica que, mesmo antes de existir o Estado, já havia prescrições jurídicas.
Para os monistas, somente o Estado possui monopólio tanto da violência legal – prender, condenar, executar – quanto da produção do Direito – Direito positivo. Em outras palavras, não existe outra fonte de produção do Direito que não a estatal. Essa é a posição dos positivistas e dos marxistas.
Hans Kelsen defendia que:
O Direito é o Estado, e o Estado é o Direito.
Em resumo, essa concepção é o expoente máximo do monismo jurídico contemporâneo do Ocidente.
Escola pluralista
O pluralismo jurídico surge com uma alternativa à insuficiência da crítica jurídica tradicional. Essa doutrina levanta a possibilidade da existência de uma pluralidade de ordenamentos em um mesmo espaço temporal e geográfico.
De acordo com a tradição, a crítica do Direito se preocupou em mostrar seus efeitos como instrumento de dominação.
O pluralismo considera que todo grupo social de certa consistência ou expressão pode criar normas de funcionamento, que, ultrapassando o caráter de simples regulamentos, adquirem a atribuição de verdadeiras regras jurídicas.
O advento do Direito alternativo busca resgatar a possibilidade transformadora do jurídico, colocando-a a serviço da libertação naquelas sociedades marcadas pela desigualdade e pela exclusão social.
Vamos estudar melhor a escola pluralista?
Pluralismo jurídico
Na sociedade industrial atual, a relação entre o Direito estatal e o não estatal não é de subordinação. Há coexistência entre os sistemas distintos – e, muitas vezes, opostos – do Direito.
Existem vários grupos que constroem o Direito a cada dia. Esses grupos interferem uns nos outros, bem como na dinâmica do Direito produzido pelo Estado – aquele chamado de positivo. São eles:
	Pluralismo jurídico
O pluralismo jurídico diz respeito ao efeito da lei na sociedade ou, mesmo, ao efeito da própria sociedade sobre as leis. A ideia é construir uma relação mais complexa e interativa entre formas oficiais e extraoficiais de sistematização do Direito.
Esse novo pluralismo aponta para a existência de vários campos de produção do Direito que não somente o Estado. Em outros termos, o Direito não se reduz apenas à lei.
É possível observar, então, quatro esferas de intervenção crítica do pluralismo. São elas:
- Esfera institucional – crítica ao monismo estatal;
- Esfera sociológica – crítica ao legalismo estatal;
- Esfera pós-moderna – crítica à ideia de unidade social (fragmentação);
- Esfera antropológica – crítica ao imperialismo.
Validade formal
Uma normajurídica será válida se preencher os requisitos formais e materiais. Formalmente, a validade depende de a autoridade possuir poder normativo e exercer esse poder conforme o estabelecido na Constituição ou nas leis.
Eficácia
Com base na visão positivista, a eficácia é uma consequência da validade.
Eficácia jurídica X eficácia social
É importante distinguir da eficácia jurídica o que muitos autores chamam de eficácia social da norma.
A eficácia social refere-se ao (s):
Cumprimento efetivo do Direito por parte de uma sociedade;
“Reconhecimento” do Direito pela comunidade;
Efeitos que uma regra opera através de seu cumprimento, mais especificamente.
Em tal acepção, eficácia social é a concretização do comando normativo, sua força realizadora no mundo dos fatos. Deliberadamente, ao estudar a capacidade de produzir efeitos, deixou-se de lado a ideia de cogitar, de saber se estes efetivamente se produzem.
A efetividade defende não a eficácia jurídica como possibilidade da aplicação da norma, mas a eficácia social e os mecanismos para sua real aplicação.
Nesse sentido, a eficácia da norma pode ser:
Norma jurídica formalmente válida
A norma eficaz é aquela que tem força para realizar os efeitos sociais para os quais foi elaborada – seja o cumprimento da norma, seja a sanção imposta em caso de descumprimento.
Efeitos da norma jurídica
As normas jurídicas nunca são plenamente eficazes. O ponto de partida é uma maior ou menor diferença entre a pretensão jurídica e o efeito real. Uma pesquisa empírica pode estabelecer matematicamente o grau – a porcentagem – de eficácia de uma norma, identificando sua quota. Em outras palavras, é possível determinar até que ponto o Direito é cumprido na realidade social.
São alguns efeitos da norma jurídica:
Expectativa de consequências negativas
Quando sabem que a desobediência a uma lei é punida na prática, as pessoas tendem a respeitá-la.
Ênfase a fatores sociais
O sistema de relações sociais e a atitude do poder político diante da sociedade civil influenciam as chances de aplicação da norma.
Contribuição para eficácia social da norma: fatores sociais
Vamos conhecer, agora, alguns dos possíveis fatores que contribuem para a eficácia social da norma. Os primeiros são os fatores referentes à situação social. São eles:
Participação dos cidadãos no processo de elaboração e aplicação da norma
Uma reforma legal que atende reivindicações da maioria da população tem mais possibilidades de aplicação do que uma norma decidida de forma autoritária.
Coesão social
Quanto menos conflitos existirem em uma sociedade em determinado momento e quanto mais consenso houver entre os cidadãos com relação à política do Estado, mais forte será o grau de eficácia das normas vigentes.
Adequação da norma à situação política e às relações de força dominante
Uma norma que corresponde à realidade política e social possui mais chances de ser cumprida.
Disso resulta a importância de sua adequação interna: quando as consequências da norma na prática permitem alcançar os fins objetivados pelo legislador, tornando-a funcional.
Exemplo: norma que estabelece o rodízio de carros no centro de São Paulo.
Contemporaneidade da norma com a sociedade
Em geral, não se tornam eficazes normas que exprimem ideias antigas ou inovadoras.
Contribuição para eficácia social da norma: fatores instrumentais
Outros fatores que contribuem para a eficácia social da norma são os instrumentais, que dependem da atuação dos órgãos de elaboração e de aplicação do Direito – Legislativo e Judiciário. São eles:
Divulgação do conteúdo da norma entre a população;
Conhecimento da norma por seus destinatários;
Perfeição técnica da norma – clareza da redação, brevidade, precisão do conteúdo, sistematicidade;
Estudos preparatórios do tema sobre o qual se objetiva legislar;
Preparação dos profissionais do Direito responsáveis pela aplicação da norma;
Previsão de consequências jurídicas – sanções – adaptadas à situação e socialmente aceitas;
Expectativa de consequências negativas – efetividade na aplicação da sanção prevista na norma.
Efeitos positivos da norma jurídica
A norma jurídica apresenta algumas funções positivas para a sociedade. São elas:
Função de controle social
Aquela exercida através do Direito pela:
Prevenção geral – para realizar uma coação psicológica ou intimidação por todos;
Prevenção especial – para isolar o transgressor do meio social;
Pena pecuniária ou multa – para ajustar a conduta desse transgressor às condições existenciais.
Função educativa
Certos assuntos passam a ser mais conhecidos pelo grupo social quando são disciplinados pela lei. Afinal, antes de se tornar obrigatória, a lei precisa ser divulgada, publicada. À medida que vai se tornando conhecida pelo grupo, ela também vai educando e esclarecendo a opinião pública.
Função conservadora
Aquela que está vinculada ao caráter estático que representa ao garantir a manutenção da ordem social vigente. Isso pode significar a perpetuação do atraso. Disso resulta a importância de o Direito ser visto, ao mesmo tempo, como um instrumento de transformações sociais.
Função transformadora
Muitas vezes, em função das necessidades objetivas, a norma estabelece novas diretrizes a serem seguidas, fixa novos princípios a serem observados em certas questões. Para isso, determina a realização de certas modificações em seus dispositivos.
Efeitos negativos da norma jurídica
Como observamos, a eficácia da norma está relacionada a seu reconhecimento, a sua aceitação ou a sua adesão pela sociedade. No entanto, quando as leis entram em conflito com os fatos, acabam vencidas por estes e findam por desmoralizar-se, provocando desapreço a toda legislação. São alguns efeitos negativos da norma jurídica:
Desatualização da lei
Com o passar do tempo, a lei acaba se tornando ultrapassada, pois os fatos são dinâmicos – estão sempre evoluindo –, enquanto a lei é estática.
Misoneísmo
Misoneísmo significa ter aversão às inovações: velhos hábitos, costumes, privilégios de grupos impedem que a lei seja aplicada ou elaborada.
Antecipação da lei à realidade
Nem sempre, há correspondência entre a realidade social e a norma. Dessa forma, a lei cai no vazio.
A atual Constituição Federal possui diversas normas que permitem classificá-la como:
CONSTITUIÇÃO GARANTIA
Tipo clássico de constituição que protege as liberdades individuais e coletivas, bem como limita o poder do Estado.
Exemplos
Magna Carta inglesa (1215);
Constituição norte-americana (1787);
Constituição francesa (1791).
CONSTITUIÇÃO DIRIGENTE
Constituição que possui normas programáticas e diretrizes para seu cumprimento por parte do Poder Público. Tais diretrizes orientam a utilização do poder, o progresso social e econômico, bem como a política a ser seguida pelos órgãos estatais e pela sociedade como um todo.
Esse tipo de constituição estabelece um plano diretivo que tem por finalidade a evolução política.
Executivo – presidente da República, governador de Estado e prefeito;
Legislativo – senador, deputado federal, deputado estadual e vereador.
Poder Executivo
No caso do sistema presidencialista de governo adotado pela Constituição Brasileira de 1988, ao Poder Executivo – exercido pelo presidente da República com o auxílio dos ministros de Estado – cabe a função de praticar os atos de chefia de Estado – representar a nação –, de governo e de administração.
Poder Legislativo
No contexto da divisão de Poderes estabelecida pelo constitucionalismo moderno, o papel do Poder Legislativo é fundamental, pois a este cabe, entre outras funções, a elaboração das leis e a fiscalização dos atos dos demais Poderes da União.
As leis são elaboradas de forma abstrata, geral e impessoal, pois são feitas para todas as pessoas e não devem atender a interesses ou a casos individuais.
Atribuições do Congresso Nacional
As atribuições do Congresso Nacional estão estabelecidas nos Artigos 48 e 49 da Constituição Federal. Além dessas, o Artigo 51 define mais algumas que sãoprivativas apenas da Câmara dos Deputados, e o Artigo 52, aquelas que são somente do Senado Federal.
O Congresso Nacional exerce sua atribuição legislativa sobre todas as matérias de competência da União, especialmente sobre:
As questões tributárias – arrecadação e distribuição de recursos públicos;
O planejamento das ações de governo – por meio das leis orçamentárias e de planejamento, que definem como os recursos públicos federais serão gastos;
Organização do território nacional – particularmente com relação às áreas dos Estados, ouvidas as Assembleias Legislativas;
Criação de órgãos públicos, cargos e empregos públicos federais;
Telecomunicações e radiodifusão;
Questões monetárias etc.
Entre as demais e variadas matérias sobre as quais compete ao Congresso Nacional legislar, estão, por exemplo:
Todos os ramos do Direito;
A desapropriação;
As águas, a energia e a informática;
O serviço postal;
O comércio exterior e interestadual;
As jazidas minerais;
A emigração e a imigração;
A nacionalidade, a cidadania e a naturalização;
As diretrizes e as bases da educação;
Os registros públicos;
A licitação e os contratos na administração pública;
A defesa nacional;
A propaganda comercial.
Sistema eleitoral brasileiro
Originalmente, o sistema eleitoral brasileiro era censitário, ou seja, baseado na renda ou na escolaridade. Além disso, o voto era:
Indireto – os eleitores municipais indicavam os eleitores da província;
A descoberto – não secreto.
Processo de escolha dos legisladores
Os representantes de todos os níveis dos Poderes Legislativo e Executivo são escolhidos diretamente através do voto. São considerados válidos os votos nominais aos candidatos – por nome escolhido – e os votos nas legendas – partidos –, nas eleições proporcionais e majoritárias. Os votos nulos e em branco são descartados.
Quadro atual do sistema eleitoral brasileiro
Qualidade do sistema eleitoral
No Brasil, o Poder Legislativo é composto por duas casas: o Senado e a Câmara dos Deputados. Ambas constituem o Congresso Nacional. Mas, embora façam parte do mesmo Poder, senadores e deputados são escolhidos por sistemas eleitorais diferentes. A justificativa para isso está baseada na representatividade das casas. No entanto, há quem critique essa distinção e, até mesmo, proponha a extinção do Senado.
O que é reforma política?
Há muito tempo, refletimos sobre a necessidade de uma reforma política no Brasil. O tema é alvo constante de debates entre especialistas e pessoas que discutem sobre os destinos da política partidária do País. Na verdade, este é um assunto importante para todos os brasileiros – especialistas ou não – e, em particular, para os estudiosos do Direito.
Com as manifestações populares ocorridas em junho de 2013, a temática ainda ganhou maior destaque após o discurso da presidenta da República. Nas rádios, nos canais de TV, nos sites e nas redes sociais, a questão foi propagada e bastante debatida.
Financiamento público de campanhas
Destinação de recursos públicos a campanhas eleitorais e a partidos políticos, proporcionalmente à representatividade desses partidos no parlamento.
Lista fechada
Sistema de votação de representação proporcional, no qual os eleitores votam apenas em partidos, e não nos candidatos.
Cláusula de barreira
Também conhecida como cláusula de exclusão ou de desempenho, trata-se de um dispositivo que restringe ou impede a atuação parlamentar de um partido que não alcança um percentual de votos determinado.
Proposta de um Sistema Nacional de Participação Social
O Decreto nº 8.243/2014 instituiu a Política Nacional de Participação Social (PNPS) e o Sistema Nacional de Participação Social (SNPS). O texto estabelece objetivos e diretrizes relativos ao conjunto de mecanismos criados para compartilhar com a sociedade civil decisões sobre programas e políticas públicas.
De acordo com o governo, o objetivo é fortalecer e articular os mecanismos e as instâncias democráticas de diálogo, bem como a atuação conjunta entre a administração pública federal e a sociedade civil.
Função social do Poder Judiciário
A questão do Judiciário é alvo de estudos e debates não só no Brasil mas também em outros Estados Democráticos, na medida em que a solução definitiva dos conflitos sociais passa pela decisão judicial. Nesse contexto, apoia-se o conceito de fuga dos tribunais, que envolve dois aspectos:
	Como um dos Poderes do Estado, o Poder Judiciário tem sua autonomia na esfera da competência que a Constituição lhe atribui, mas a lei votada no Legislativo é obrigatória para o Judiciário – salvo as inconstitucionais.
Como um dos Poderes do Estado, o Poder Judiciário tem sua autonomia na esfera da competência que a Constituição lhe atribui, mas a lei votada no Legislativo é obrigatória para o Judiciário – salvo as inconstitucionais.
Função jurisdicional
A função jurisdicional corresponde ao poder de formular e tornar efetiva a norma concreta que deve regular determinada situação jurídica. Trata-se, ao mesmo tempo, de poder, função e atividade. Vejamos:
Poder
Capacidade de decidir imperativamente e de impor decisões.
Função
Promoção da pacificação dos conflitos de interesses entre os jurisdicionados por meio do Direito e do processo.
Atividade
Complexo de atos jurídicos praticados no processo pelo juiz, que exerce o poder conferido a ele por lei e cumpre suas funções.
Divisão do Judiciário
O Judiciário está dividido em dois grandes grupos. São eles:
Federal
De acordo com os Artigos 106 e 109 da Constituição, ao Poder Judiciário Federal compete apreciar todas as causas de interesse da União ou de seus desdobramentos administrativos – autarquias e empresas públicas – como autoras, rés ou simples interessadas. Dele fazem parte os tribunais federais, eleitorais, trabalhistas e militares.
Estadual
De acordo com o Artigo 126 da Constituição, ao Poder Judiciário Estadual compete apreciar todas as demandas que envolvem conflito de interesse entre particulares, bem como as causas em que há interesse dos próprios Estados, Municípios e seus desmembramentos administrativos.
Conselho Nacional de Justiça
Com previsão constitucional, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) tem-se revelado um marco na busca da eficiência do Poder Judiciário. De acordo com o Artigo 103-B da Constituição, ao CNJ compete:
I - Zelar pela autonomia do Poder Judiciário; [...]
III - Receber e conhecer das reclamações contra qualquer dos membros ou órgãos do Poder Judiciário [...];
IV - Representar ao Ministério Público, no caso de crime contra a administração pública ou de abuso de autoridade;
V - Rever, de ofício ou mediante provocação, os processos disciplinares de juízes e membros de tribunais julgados há menos de um ano. [...]
Instrumentos humanos de realização da ordem jurídica
A magistratura é elemento essencial no Estado Democrático de Direito. Por isso, não pode haver democracia sem uma magistratura consciente de seu papel social. Em outras palavras, não pode haver democracia sem esse poder que, por atribuição constitucional, desempenha a relevante função de garantir o respeito aos direitos fundamentais do cidadão.
Vamos conhecer os sistemas seletivos adotados para o recrutamento de juízes:
Sistema eletivo (por votação)
Vantagens: Este sistema é mais democrático, rápido e econômico. Nesse caso, há controle sobre o desempenho do juiz por parte da população.
Desvantagens: Os critérios políticos podem influir na votação e, nem sempre, os melhores candidatos são eleitos.
Sistema da nomeação
Vantagens: Rapidez e economia.
Desvantagens: Este sistema é antidemocrático, pois não dá oportunidades iguais a todos.
Concurso público
Vantagens: Este sistema é mais democrático.
Desvantagens: Este sistema é, porém, mais oneroso, pois exige uma comissão de alto nível para realizar o concurso, além de ser mais demorado.
Garantias constitucionais da magistratura
Nos Estados modernos, as garantias asseguradas aos magistrados variam de Constituição para Constituição, de modo quepossam exercer suas funções livremente. As garantias da magistratura podem ser:
Institucionais – aquelas que repercutem funções atípicas e que servem para proteger a magistratura contra a pressão dos outros órgãos. Entre estas garantias, estão a autonomia orgânico-administrativa e a autonomia financeira.
Funcionais – aquelas conferidas aos juízes, que estão estabelecidas no Artigo 95 da Constituição.
Para fins de compreensão da lei, são garantias funcionais:
Vitaliciedade – os magistrados não podem ser demitidos senão em virtude de sentença do próprio Judiciário;
Inamovibilidade – o Executivo não pode remover o magistrado senão por motivo de promoção;
Irredutibilidade – relativa a subsídio.
Ministério Público
O Ministério Público (MP) é considerado o quarto poder constitucional e, na Carta Magna, aparece em capítulo especial: Capítulo IV - Das funções essenciais à Justiça.
De acordo com o Artigo 129 da Constituição, são funções do MP:
Defender a sociedade fiscal da lei – custus legis;
Promover o inquérito civil e a ação
civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e dos interesses difusos e coletivos;
Promover a ação de inconstitucionalidade;
Exercer o controle externo da atividade policial;
Defender os direitos humanos.
Defensoria Pública
A Defensoria Pública é uma instituição que, ao lado da Advocacia, da Advocacia Pública e do Ministério Público, é essencial à jurisdição.
São atribuições da Defensoria Pública:
Orientação jurídica e defesa, em todos os graus, dos necessitados –aqueles que comprovarem insuficiência de recursos;
Isenção ao preparo de pareceres e consultoria.
Advocacia
A Advocacia é atividade essencial para a administração da Justiça. O advogado possui a capacidade de postular os interesses das pessoas em juízo ou fora dele, além de prestar assessoria e consultoria. ratização, estão:
O despreparo técnico de juízes;
As deficiências na elaboração das normas jurídicas;
O desaparelhamento do Judiciário;
A prática de um sistema abusivo de recurso;
O excessivo apego ao formalismo, com dedicação à vertente romanista do Direito que já deveria estar vencida.
As causas dessa situação problemática do Judiciário brasileiro merecem uma abordagem sistemática por parte de diversos sociólogos e juristas.
Mudança social e direito
O Direito concebido como ciência social deve acompanhar as mudanças que ocorrem na sociedade, a fim de tutelar novos direitos ou prevenir novos conflitos, apontando solução para os conflitos inevitáveis. Isto porque, como um produto cultural, o Direito, é influenciado e reflete a realidade social, econômica e política que o envolve.
À medida que a sociedade se vai renovando, novas leis surgem para legitimar essas mudanças. Esses novos arranjos normativos são a prova de que, embora moroso, o direito sempre acompanha as novas facetas sociais.
No entanto, é de se notar que, em relação a alguns fatos da sociedade, apesar da mudança social já caminhar a passos largos, certas decisões são fundadas em normas e regras obsoletas. Mas isso não quer dizer que elas devem ser postas de lado, ou que se deve permitir que sejam descumpridas, pelo contrário, devem ser adequadas à nova realidade.
Em síntese o que se pode afirmar é que, ainda que a produção normativa não caminhe na mesma velocidade das mudanças sociais (o que é um fato!), ela desempenha um papel fundamental para a consolidação e o reconhecimento dessas mudanças.
Fatores de transformação sociojurídica
O Direito e a realidade se influenciam. Portanto, o Direito precisa acompanhar as diversas oscilações sociais, uma vez que é para a sociedade que o Direito está a serviço e foi criado. Desse modo, constata-se a existência de certos fatores que ocorrem na sociedade e que repercutem diretamente na esfera jurídica. Tais fatores, que podem ter diversas origens, influenciam a sociedade e impõem mudanças efetivas no quadro de leis, seja de forma acelerada ou lenta.
Então, é correto afirmar que o Direito (formação e evolução) não é resultado da simples vontade do legislador. O Direito se encontra subordinado à realidade social a quem acompanha, ou seja, a presença de determinados fatores impulsiona a produção legislativa e a própria sociedade, definindo suas diversas estruturas. Assim, o direito enquanto instrumento de bem comum e do progresso social deve estar sempre adequado à realidade, refletindo as instituições e a vontade coletiva.
Movimento dos Trabalhadores Sem Terra – MST
Você teve oportunidade de aprender na disciplina História do Direito Brasileiro, que o acesso à terra, em nosso país, a partir da edição da Lei de Terras, de 1850, foi dificultado para os pobres. E que, a partir do advento da Lei de Terras, começou o fenômeno da grilagem de terras pelos próprios latifundiários (falsificação de títulos de propriedade).
A Lei de Terras garantia mão de obra livre aos grandes proprietários, pois restringia o acesso à terra mediante a compra. Isto porque as terras ainda não ocupadas passavam a ser propriedade do Estado e só poderiam ser adquiridas por meio da compra nos leilões mediante pagamento a vista e não mais por meio da posse.
Cidadania
No decorrer da história da humanidade, surgiram diversos entendimentos de cidadania em diferentes momentos – Grécia e Roma da Idade Antiga e Europa da Idade Média. Contudo, o conceito de cidadania, como conhecemos hoje, insere-se no contexto do surgimento da Modernidade e da estruturação do Estado-Nação.
O termo cidadania tem origem etimológica no latim civitas, que significa "cidade". Estabelece um estatuto de pertencimento de um indivíduo a uma comunidade politicamente articulada – um país – e que lhe atribui um conjunto de direitos e obrigações, sob vigência de uma constituição. Ao contrário dos direitos humanos – que tendem à universalidade dos direitos do ser humano na sua dignidade –, a cidadania moderna, embora influenciada por aquelas concepções mais antigas, possui um caráter próprio e possui duas categorias: formal e substantiva.
Cidadania formal
A cidadania formal é, conforme o direito internacional, indicativo de nacionalidade, de pertencimento a um Estado-Nação, por exemplo, uma pessoa portadora da cidadania brasileira. Em segundo lugar, na ciência política e sociologia o termo adquire sentido mais amplo, a cidadania substantiva é definida como a posse de direitos civis, políticos e sociais. Essa última forma de cidadania é a que nos interessa.
Cidadania substantiva
A compreensão e ampliação da cidadania substantiva ocorrem a partir do estudo clássico de T. H. Marshall – Cidadania e classe social, de 1950 – que descreve a extensão dos direitos civis, políticos e sociais para toda a população de uma nação. Esses direitos tomaram corpo com o fim da Segunda Guerra Mundial, após 1945, com aumento substancial dos direitos sociais – com a criação do Estado de Bem-Estar Social (Welfare State) – estabelecendo princípios mais coletivistas e igualitários. Os movimentos sociais e a efetiva participação da população em geral foram fundamentais para que houvesse uma ampliação significativa dos direitos políticos, sociais e civis alçando um nível geral suficiente de bem-estar econômico, lazer, educação e político. 
Etnodiversidade no Brasil
É inegável que o Brasil, desde seu descobrimento e sua colonização, se encontra profundamente vinculado à diversidade. Seja a Biodiversidade, por conta das inúmeras espécies encontradas em sua fauna e flora, seja pela etnodiversidade, ou seja, a diversidade das nações indígenas, diversidade dos imigrantes, diversidades regionais, mestiços etc.
Assim a etnodiversidade brasileira resulta da presença de vários povos indígenas (tupis, guaranis, yanomamis, temiminós etc.), descendentes de imigrantes de variadas origens (europeus, asiáticos), além da forte contribuição de povos africanos (yorubá, bantu, gê etc.).
Da etnodiversidade brasileira se origina a grande capacidade de adaptação do brasileiro.
Questões de gênero
As relações de gênero se revelam como elementosindispensáveis para a compreensão da sociedade. Inegavelmente, o conceito institucionalizado de gênero contribui para a justificação das desigualdades sociais entre homens e mulheres que nada tem a ver com o biológico.
A identidade de gênero ou sexual é um conceito extremamente complexo, composto por componentes conscientes e inconscientes.
Novos arranjos familiares
A existência das novas configurações familiares passa por uma linha tênue de análise entre o que se considera politicamente/moralmente correto e a possibilidade da felicidade no rompimento de valores tradicionais construídos em conjunto com a família nuclear tradicional. A busca por novas formas de relações pode ser considerada um tabu. Por outro lado, é fato a existência de novas estruturas familiares, o que confirma a transformação da concepção em relação à instituição familiar e às relações conjugais.
Direitos Humanos no Brasil
Aqui no Brasil, a despeito de presentes em outras constituições, será a Constituição de 1988 que irá contemplar o conjunto das diversas gerações/dimensões desses direitos.
Os direitos humanos estão consolidados na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, no título que trata dos princípios fundamentais, no título sobre os direitos e garantias fundamentais e, por último, no art. 225, sobre o meio ambiente, sem eliminar outros artigos que possam conter matéria dos direitos fundamentais.
Os direitos fundamentais se dividem em: individuais, coletivos, de grupos e difusos.
Direitos individuais
Os direitos individuais têm como sujeito ativo um indivíduo humano, que, quando verificar que teve a supressão, ou melhor, quando houver perturbação de seu direito por autoridade pública, ou outra que atue em lugar da pública, poderá impetrar habeas corpus (art. 5° LXVII CF/88) quando verificar que há impedimento no seu direito de livre circulação (ir e vir – e ficar), habeas data, quando houver necessidade de retificação de registro ou para que seja prestada informação que sobre ele constem nos bancos de dados (art. 5°, LXXII, a, b CF/88). O sujeito individual poderá, ainda, solicitar a providência da segurança (art. 5°, LXIX CF/88) quando a perturbação de seu direito líquido e certo não for de matéria do habeas corpus nem do habeas data.
Direitos coletivos
Os direitos coletivos são aqueles que envolvem a coletividade como um todo, uma sociedade. Por essa natureza, quando há a turbação de algum direito fundamental é dever do Ministério Público promover a ação cabível, uma vez que esse órgão é o responsável pela defesa dos interesses da coletividade. Dessa forma, o Ministério Público poderá promover ação civil pública para defesa do patrimônio público e social, do meio ambiente e outros interesses conforme art 129, III, não sendo vedado a interposição desse remédio por outras pessoas segundo o §1º do mesmo artigo. A Constituição vigente foi inovadora ao permitir a proposição de mandado de segurança coletivo (art. 5º, LXX CF/88) por partido político com representação no Congresso Nacional ou por qualquer organização não governamental constituída há mais de um ano.
Direitos de grupos
Direitos de grupos são direitos individuais “homogêneos, assim entendidos os decorrentes de origem comum” (art. 81, parágrafo único, III, do Código de Defesa do Consumidor).
Direitos de grupos
Os direitos difusos são aqueles, conforme definição do Código de Defesa do Consumidor: “transindividuais de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato” (art. 81, parágrafo único, I do Código de Defesa do Consumidor).
Exemplos de crimes globais
São exemplos de crimes globais:
tráfico de drogas;
tráfico de pessoas e de animais;
contrabando de armas;
contrabando de mercadorias diversas – materiais radioativos e etc.;
tráfico de informação;
falsificação;
sequestro;
jogos de azar;
tráfico de órgãos;
agiotagem;
A Extorsão também é praticada em escala internacional.
Caráter transnacional das organizações criminosas
Nas últimas décadas, as organizações criminosas vêm assumindo um caráter cada vez maistransnacional em suas operações, muito devido à própria tendência globalizante da economia e em razão das novas tecnologias de comunicações e transportes.
Em relação aos lucros globais originários de todos os tipos de atividades ilegais globais, esses foram orçados, àquela época, em nada menos que US$ 750 bilhões ao ano. Imagine em quanto estará esse valor nos dias de hoje?
Para Castells (1999), a globalização gerou uma grande revolução na estratégia institucional do crime organizado. O autor exemplifica afirmando que esconderijos seguros ou relativamente seguros vêm sendo encontrados em todo o planeta: “pequenos (Aruba), médios (Colômbia), grandes (México) ou enormes (Rússia)”, entre muitos outros.
Além disso, a grande mobilidade e extrema flexibilidade das redes lhes permite livrar-se dos ordenamentos jurídicos nacionais e dos procedimentos rigorosos necessários à cooperação entre as polícias dos diversos países.

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