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A Polícia Judiciária e os Direitos Humanos

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Prévia do material em texto

FRANCISCO IASLEY LOPES DE ALMEIDA
STEFERSON GOMES NOGUEIRA VIEIRA
(Organizadores)
2018
A POLÍCIA JUDICIÁRIA, OS DIREITOS HUMANOS E
 GARANTIAS CONSTITUCIONAIS
ASSOCIAÇÃO DE DEFESA DAS PRERROGATIVAS DOS DELEGADOS DE POLÍCIA DA 
PARAIBA - ADEPDEL
CONSELHO EDITORIAL
Francisco Iasley Lopes de Almeida
Steferson Gomes Nogueira Vieira
CONSELHO CIENTÍFICO
Arthur Heinstein Apolinário Souto
Camilo de Lelis Diniz de Farias
Cláudio Marcos Romero Lameirão
Félix Araújo Neto
Gabriella Henriques da Nóbrega
Herleide Herculano Delgado
Juaceli Araujo de Lima
Lamartine Lacerda Sobrinho
Lara Sanábria Viana
Pedro Ivo Soares Bezerra
Olívia Maria Cardoso Gomes
Reinaldo Nóbrega de Almeida Júnior 
Rodolfo de Medeiros Araujo
Rodrigo Araujo Reül 
Sabrinna Correia Medeiros Cavalcanti
Susyara Medeiros de Souza
Valfredo de Andrade Aguiar Filho
CAPA E EDITORAÇÃO ELETRÔNICA
Daniel de Sousa Silva
Givanildo Salvino Gomes 
ENDEREÇO DA ADEPDEL
Rua: Professor Emílio de Araújo Chaves, 240, Sala 03 
Altiplano – João Pessoa-PB
CEP: 58046-150
Fone: (83) 3576-1478
www.adepdel.com.br
 
 P766 
 
 
 ISBN 978-85-94252-01-2 
 
 
 
 
 
A polícia judiciária, os direitos humanos e garantias constitucionais /
Francisco Iasley Lopes de Almeida, Steferson Gomes Nogueira Viera 
(Organizadores). – João Pessoa: ADEPDEL, 2018.
 149 p. : il. color.
CDU 343.11
1. Polícia Judiciária. 2. Direitos Humanos. 3. Direito – Garantias 
Constitucionais. I. Almeida, Francisco Iasley Lopes de. II. Vieira,
Steferson Gomes Nogueira. III. Título. 
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECÁRIA SEVERINA SUELI DA SILVA OLIVEIRA CRB-15/225
APRESENTAÇÃO
Os artigos que estão publicados neste livro foram submetidos, aprovados e apresentados durante a 
quarta edição do CONGRESSO BRASILEIRO SOBRE POLÍCIA JUDICIÁRIA, evento que anualmente 
vem sendo promovido pela Associação de Defesa das Prerrogativas dos Delegados de Polícia da Paraíba – 
ADEPDEL.
A ADEPDEL, fundada em 20 de Outubro de 2008, em 9 anos, realizou quatro grandes eventos 
jurídicos na cidade de Campina Grande, reunindo assim mais de 4 mil Estudantes, Professores, Delegados, 
Advogados, dentre outros profissionais da área.
Com atuação reconhecida nacionalmente, a ADEPDEL também se destaca na valorização jurídica 
do cargo de Delegado de Polícia, constatando, como caminho essencial ao combate da criminalidade 
organizada, o fortalecimento das Polícias Investigativas, Civil e Federal, e o investimento em Inteligência.
Neste contexto, encontremos uma produção científica na análise dos direitos humanos com reflexo 
na segurança pública, mostrando a necessidade de uma atuação das autoridades estatais em observância 
aos direitos e garantias constitucionais. Nos capítulos que se seguem os capítulos trazem uma discussão de 
temas atuais e relevantes, como a relativização do princípio da presunção de inocência, a execução da pena 
após julgamento em segundo grau e, em especial, um estudo crítico sobre o funcionamento da audiência de 
custódia na comarca de Campina Grande/PB.
Preocupada com os rumos da Segurança no nosso Estado e no Brasil, a ADEPDEL está elaborando 
um plano de Segurança Pública, baseado no investimento equilibrado nas forças de segurança de atuação 
preventiva – Polícia Militar – e repressiva – Polícia Civil. Comprovandoassim que nenhuma criminalidade 
organizada poderá ser combatida com eficiência sem que se priorize o binômio Investigação e Inteligência.
Por isso, também em comemoração aos seus 10 anos de fundação, a ADEPDEL apresentará no 
próximo CONGRESSO BRASILEIRO SOBRE POLÍCIA JUDICIÁRIA o seu plano de segurança, plano 
este que foi elaborado com ênfase e comprometimento às diretrizes de repressão aos crimes patrimoniais.
Por fim, mas não menos importante, diante de tais breves considerações, convidamos os leitores a 
desfrutarem dessa agradável e reflexiva obra, somando esforços na certeza de que lutaremos sempre por 
uma Polícia Judiciária mais coesa e pelo respeito e reconhecimento do cargo de Delegado de Polícia, já que 
ambos, fortalecidos, servirão sempre como instrumentos basilares ao combate a criminalidade e garantida 
da justiça.
Steferson Gomes Nogueira Vieira
Delegado de Polícia Civil
Presidente da ADEPDEL
5
SUMÁRIO
A DEGENERESCÊNCIA DA DITADURA MILITAR: A LEI DE ANISTIA E AS VIOLAÇÕES 
AOS DIREITOS HUMANOS DURANTE A GUERRILHA DO ARAGUAIA.............................
Herry Charriery da Costa Santos
A PERCEPÇÃO DO PRINCÍPIO DA COCULPABILIDADE DO ESTADO MEDIANTE 
UMA INTERPRETAÇÃO SISTEMÁTICA.......................................................................................
Vitória Maria Morais Olinto
Giliard Cruz Targino
A PRISÃO CAUTELAR NA LEI 11.340/2006: A RELAÇÃO 
CONTROVERSA ENTRE A SEGURANÇA PÚBLICA E OS DIREITOS 
HUMANOS...........................................................................................................................................
Vanessa Lima de Oliveira
Juliana das Mercês Gomes Bezerra
Giliard Cruz Tragino
A RELATIVIZAÇÃO DO PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA CONSAGRADO 
PELA CONSTITUIÇÃO FEDERAL...................................................................................................
Aline Oliveira de Andrade
Glauber Marinho Faustino
Ana Alice Ramos Tejo Salgado
AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA NA COMARCA DE CAMPINA GRANDE/PB: ANÁLISE 
DOS RESULTADOS A PARTIR DA OBSERVAÇÃO DO SISTEMA INFOPOL DA POLICIA 
CIVIL......................................................................................................................................................
Rhávila Rachel Guedes Alves
Francisco Iasley Lopes de Almeida
DIREITOS HUMANOS, REDEMOCRATIZAÇÃO E SEGURANÇA PÚBLICA: ANÁLISE 
DA ATUAÇÃO POLICIAL BRASILEIRA.........................................................................................
Vinícius de Oliveira Guedes
Daniele Jesus Simplício
Olivia Maria Cardoso Gomes
O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL E A EXECUÇÃO DA PENA APÓS JULGAMENTO 
EM SEGUNDO GRAU SOB O ENFOQUE DO PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE 
INOCÊNCIA.........................................................................................................................................
Aline dos Santos Alvino
Palloma de Oliveira Barros
Marcelo D’ Angelo Lara
REGIME SEMIABERTO: UMA ANÁLISE ACERCA DA INEFICÁCIA DESTE INSTITUTO 
NO BRASIL............................................................................................................................................
Larissa da Silva Ribeiro Leite
Lucas Santos Vasconcelos
Bruno César Azevedo Isidro
7
19
29
40
55
69
83
97
6
A CRISE DA EXECUÇÃO PENAL NO BRASIL: OS RESQUÍCIOS DA ANTERIOR 
VINGANÇA PRIVADA NA CONTEMPORANEIDADE...............................................................
Monique Andrade Holanda
Jaligson Carlos Ferreira Leite
SISTEMA PRISIONAL BRASILEIRO E A IMPLANTAÇÃO DA JUSTIÇA RESTAURATIVA: 
A SOLUÇÃO DOS CONFLITOS COMO MEIO RESSOCIALIZADOR.......................................
Maria Eduarda Nunes da Nobrega
Mariana Alves Garcia
Sheyla Cristina Ferreira Queiroz
UMA TRAMA VIVIDA, UM TRAUMA PARA TODA VIDA: O DILEMA ENFRENTADO 
POR CRIANÇAS E ADOLESCENTES VÍTIMA DE ABUSO SEXUAL........................................
Letícia Queiroga Batista
Tarcilla Karyna Senhorinho Almeida
THE YOUTH JUSTICE SYSTEM: O SISTEMA DE JUSTIÇA JUVENIL DA INGLATERRA E 
PAÍS DE GALES....................................................................................................................................
 Marina Dutra Gibson
Cynara de Barros Costa
106
120
129
139
7
A DEGENERESCÊNCIA DA DITADURA MILITAR: A LEI DE ANISTIA E AS VIOLAÇÕES 
AOS DIREITOS HUMANOS DURANTE A GUERRILHA DO ARAGUAIA
Herry Charriery da Costa Santos 1
RESUMO
Durante a segunda metade do século XX, surgiram diversos regimes políticos autoritários na América 
Latina, justificados peloreceio da expansão comunista e influência capitalista. No Brasil, não foi diferente. 
O Golpe de 1964, insuflado pelos Estados Unidos, implantou no país uma ditadura civil-militar que perdurou 
por duas décadas, na qual ocorreram graves e sistemáticas violações aos direitos humanos em nome da 
prevalência da ordem e da segurança nacional. No ano de 1966 alguns militantes do Partido Comunista do 
Brasil, sujeitos à clandestinidade após a institucionalização do bipartidarismo, passaram a organizar uma 
luta armada contra o regime ditatorial. Esse conflito ocorreu entre os anos de 1972 e 1975, no Estado do 
Pará, e foi duramente dissolvido pelo governo, que mobilizou cerca de 10 mil homens altamente armados, 
resultando em um verdadeiro massacre de civis, em sua maioria estudantes e povo local. A Guerrilha do 
Araguaia, como ficou conhecida, foi deflagrada no governo do Presidente Médici (1969-1974) e serviu de 
base para a condenação do Brasil pela Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH). Não por acaso, 
o período em que ocorreu o conflito é considerado como o mais violento da ditadura militar brasileira, pois, 
pautado no Ato Institucional nº 5 (AI-5), o governo cerceou inúmeros direitos individuais, institucionalizou 
o DOI-CODI (Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna) e os 
DOPS (Departamentos de Ordem Política e Social), fortalecendo o processo de degeneração da repressão 
militar, responsável por deter a iniciativa de seus opositores por meio da prática sistemática da tortura e 
execução sumária. Nesses órgãos, sob o treinamento de agentes norte-americanos, eram praticados atos 
de tortura e assassinato em série de civis. Assim, por intermédio da lei nº. 6.683 de 1979, conhecida como 
Lei de Anistia, os responsáveis por esses e outros crimes cometidos durante o regime autoritário, inclusive 
os perpetrados por ocasião da Guerrilha do Araguaia, foram beneficiados. A interpretação dada à referida 
norma promoveu o perdão jurídico de todos os crimes políticos e conexos praticados entre 1961 a 1979, e 
teve início uma política de esquecimento para se atingir uma “reconciliação nacional”. Portanto, esse foi 
o cenário por mais de trinta anos, até ocorrer o questionamento da constitucionalidade da Lei de Anistia 
no ano de 2010 pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil. Em sua decisão, o Supremo 
Tribunal Federal manifestou que a referida norma seria válida, porém, logo em seguida, no mesmo ano, a 
Corte Interamericana de Direitos Humanos determinou sua revogação ao analisar o caso “Gomes Lund e 
outros vs. Brasil”, conhecido como a Guerrilha do Araguaia. Algumas problematizações surgem a partir 
desses fatos: Qual decisão deverá prevalecer no ordenamento jurídico brasileiro? Quais as consequências 
para o Brasil? Para responder esses e outros questionamentos, este artigo procura direcionar o seu estudo 
no sentido de se afastar da discussão meramente política e pautar-se numa análise preponderantemente 
jurídica e histórica. Para isso, utiliza-se da pesquisa bibliográfica sobre as decisões da Corte Interamericana 
1Graduado em Direito pela Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas e Mestre em História pela Universidade Federal de Campi-
na Grande. E-mail: herrycs@bol.com.br
8
de Direitos Humanos e do Supremo Tribunal Federal. Assim, a Lei de Anistia será analisada sob dois 
enfoques: um interno, sob o ponto de vista constitucional apreciado pelo Supremo Tribunal Federal, e outro 
externo, tomando por base as recorrentes manifestações do controle de convencionalidade exercido pela 
Corte Interamericana de Direitos Humanos. Portanto, este artigo tem como objetivo analisar as colidentes 
decisões que o Supremo Tribunal Federal e a Corte Interamericano de Direitos Humanos lançaram sobre 
a Lei nº. 6.683 de 1979, Lei de Anistia, destacando os impasses para o processo de justiça de transição e 
de responsabilização individual pelas graves violações aos direitos humanos, praticados durante a ditadura 
militar. Este trabalho se dedica a problematizar a decisão do Supremo Tribunal Federal na Arguição de 
Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) nº. 153, apontando as contradições no que diz respeito 
à compreensão histórica da anistia, o projeto constituinte de 1988 e a Convenção Americana de Direitos 
Humanos. Além disso, será objeto de estudo a decisão da Corte Interamericana de Direitos Humanos que 
condenou o Brasil pelas omissões estatais ante os crimes de desaparecimento forçado e tortura ocorridos na 
Guerrilha do Araguaia. Para isso a pesquisa se utiliza de uma revisão bibliográfica sobre a Lei da Anistia e 
sobre os julgamentos do Supremo Tribunal Federal e da Corte Interamericana de Direitos Humanos sobre 
as violações aos direitos humanos ocorridas durante a ditadura militar. Com isso, tem-se à disposição os 
fundamentos teóricos e metodológicos da pesquisa para a confirmação da hipótese da prevalência da decisão 
da Corte Interamericana de Direitos Humanos sobre a decisão do Supremo Tribunal Federal, fixando, como 
parte do projeto constituinte de 1988, a concretização da justiça de transição e a responsabilização individual 
pelas graves violações de direitos humanos cometidos no período de completa degenerescência dos agentes 
do Estado durante ditadura militar de 1964 a 1985.
Palavras-chave: Lei da Anistia. Guerrilha do Araguaia. Violações aos Direitos Humanos
ABSTRACT
During the second half of the twentieth century, several authoritarian political regimes emerged in Latin 
America, justified by fears of communist expansion and capitalist influence. In Brazil, it was no different. 
The coup of 1964, instilled by the United States, established a civil-military dictatorship that lasted for 
two decades, in which serious and systematic violations of human rights occurred in the name of the 
prevalence of order and national security. In 1966 some members of the Communist Party of Brazil, subject 
to clandestinity after the institutionalization of bipartisanship, began to organize an armed struggle against 
the dictatorial regime. This conflict occurred between 1972 and 1975 in the state of Pará and was severely 
disbanded by the government, which mobilized about 10,000 heavily armed men, resulting in a veritable 
massacre of civilians, mostly students and local people. The Araguaia Guerrilla, as it became known, was 
set off under President Medici’s government (1969-1974) and served as the basis for Brazil’s condemnation 
by the Inter-American Court of Human Rights (IACHR). Not coincidentally, the period in which the conflict 
occurred is considered to be the most violent of the Brazilian military dictatorship, since, according to 
Institutional Act No. 5 (AI-5), the government curtailed numerous individual rights, institutionalized DOI-
CODI (Detachment (DOPS), strengthening the process of degeneration of military repression, responsible 
for deterring the initiative of its opponents through the systematic practice of torture and execution summary. 
In these organs, under the training of US agents, acts of torture and mass murder of civilians were practiced. 
9
Thus, through the law no. 6,683 in 1979, known as the Amnesty Law, those responsible for these and 
other crimes committed during the authoritarian regime, including those perpetrated on the occasion of 
the Araguaia Guerrilla, benefited. The interpretation given to this norm promoted the legal forgiveness of 
all political and related crimes committed between 1961 and 1979, and a policy of forgetting to achieve 
“national reconciliation” was initiated. Therefore, this was the scenario for more than thirty years, until 
the constitutionality of the Amnesty Law was questioned in 2010 by the Federal Council of the Brazilian 
Bar Association. In its decision, the Federal Supreme Court stated that the aforementioned rule would 
be valid, but soon thereafter, in the same year, the Inter-American Court of Human Rights determined 
its revocation in analyzing the case“Gomes Lund et al. Brazil “, known as the Araguaia Guerrilla. Some 
problematizations arise from these facts: Which decision should prevail in the Brazilian legal system? What 
are the consequences for Brazil? To answer these and other questions, this article seeks to direct its study in 
order to move away from the purely political discussion and be based on a preponderantly legal and historical 
analysis. For this, the bibliographic research on the decisions of the Inter-American Court of Human Rights 
and the Federal Supreme Court is used. Thus, the Amnesty Law will be analyzed under two approaches: an 
internal, from the constitutional point of view appreciated by the Federal Supreme Court, and an external 
one, based on the recurring manifestations of the control of conventionality exercised by the Inter-American 
Court of Human Rights. Therefore, this article aims to analyze the conflicting decisions that the Federal 
Supreme Court and the Inter-American Court of Human Rights have issued on Law no. 6.683 of 1979, 
Amnesty Law, highlighting the impasses for the process of transitional justice and individual accountability 
for the serious violations of human rights practiced during the military dictatorship. This work is dedicated 
to problematizing the decision of the Federal Supreme Court in the Arrangement of Non-compliance with 
Basic Precept (ADPF) nº. 153, pointing out the contradictions regarding the historical understanding of 
the amnesty, the 1988 constitutional bill, and the American Convention on Human Rights. In addition, the 
decision of the Inter-American Court of Human Rights that condemned Brazil for state omissions in the face 
of crimes of forced disappearance and torture in the Araguaia Guerrilla will be the object of study. For this, 
the research uses a bibliographical review on the Amnesty Law and on the judgments of the Supreme Court 
and the Inter-American Court of Human Rights on human rights violations during the military dictatorship. 
Thus, the theoretical and methodological foundations of the research for the confirmation of the hypothesis 
of the prevalence of the decision of the Inter-American Court of Human Rights on the decision of the 
Federal Supreme Court are available, establishing, as part of the 1988 constitutional project, transitional 
justice and individual accountability for serious human rights violations committed during the period of 
complete degeneration of state agents during the military dictatorship of 1964 to 1985.
Keywords: Amnesty Law. Guerrilha do Araguaia. Violations of Human Rights.
1 INTRODUÇÃO
Em 29 de abril de 2010, o Supremo Tribunal Federal julgou improcedente a Arguição de 
Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) nº. 153, por maioria expressiva de votos (7 x 2), a 
proposta de inconstitucionalidade da Lei nº. 6.683 de 1979, a Lei da Anistia, e declarou a mesma recepcionada 
pela Constituição Federal de 1988.
10
O referido julgamento ocorreu oito meses antes da apreciação, pela Corte Interamericana de Direitos 
Humanos, do caso Gomes Lund e Outros versus Brasil. Neste julgamento, a CIDH decidiu que a Lei da 
Anistia brasileira é uma norma incompatível com a Convenção Americana de Direitos Humanos, do qual o 
Brasil é estado-membro. 
O interesse pela temática da Lei da Anistia surgiu mediante a sua relevância no contexto político e 
jurídico contemporâneo e se propõe a enfrentar a seguinte questão: como é possível uma lei se manter no 
ordenamento jurídico interno sendo, ao mesmo tempo constitucional, segundo a decisão do STF, e por outro 
lado, inválida frente ao Pacto de San Jose da Costa Rica, cujo Brasil é signatário?
O presente artigo pretende proporcionar um estudo no âmbito jurídico e histórico acerca das 
contradições entre as duas decisões a partir de um processo cognitivo entre elas. Para isso procura-se 
estabelecer uma comparação entre os principais argumentos levantados pelo STF e pela CIDH, são eles: a) 
o contexto histórico de tramitação e criação da Lei da Anistia no Brasil; b) a definição sobre o tipo de anistia 
brasileira proposta pela Congresso Nacional, em 1979 e o seu alcance para os “crimes conexos”.
A problemática sobre a Lei da Anistia envolve o alcance aos “crimes conexos” expressos no §1º, do art. 
1º do referido diploma legal. A ADPF nº 153, protocolada pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados 
do Brasil, procurou questionar a interpretação dada aos “crimes conexos” previstos nos dispositivos acima, 
defendendo que estes não se estenderiam aos crimes comuns praticados pelos agentes de Estado.
Há quem sustente a interpretação de que os “crimes conexos” se estenderiam aos crimes comuns 
praticados pelos agentes do Estado, alcançando os homicídios, torturas, sequestros, estupros, desaparecimento 
forçado, abuso de autoridade e lesões corporais. Por outro lado, há quem defenda que os “crimes conexos” 
são aqueles correlacionados aos crimes políticos, ou praticados por motivações exclusivamente políticas, 
tais como crimes de opinião, crimes contra a segurança nacional ou contra a ordem política. 
Segundo Piovesam (2016), Moraes (2015), Teles & Safatle (2010) e Schinke (2015), os principais 
fundamentos jurídicos do acordão da decisão do STF foram: a) não aconteceu uma autoanistia, mas sim um 
“acordo político”; b) a Lei da Anistia deve ser concebida como uma “lei-medida” e, portanto, interpretada 
segundo um processo de cognição histórica; c) os “crimes conexos” devem ser interpretados conforme o 
caráter bilateral da Lei da Anistia; d) a anistia foi “integrada” à nova ordem constitucional por meio da 
Emenda Constitucional nº 26/1985.
A CIDH interpretou a Lei de Anistia de forma distinta. O processo que tramitou na Corte Interamericana 
tratou-se de uma demanda judicial contra o Brasil em nome de pessoas torturadas e desaparecidas durante 
a Guerrilha do Araguaia. Após esse julgamento, a CIDH afirmou que o Brasil tem se negado a investigar 
e punir os responsáveis pelos crimes durante a ditadura militar sob a justificativa da vigência da Lei da 
Anistia. Aduziu, também, que a aplicação da Lei da Anistia constitui grave violação aos Direitos Humanos 
“[...] por impedir que se conheça a verdade dos fatos, além de ser um obstáculo à justiça de transição 
e às investigações e sanções penais aos agentes do Estado envolvidos nos crimes de lesa humanidade” 
(PIOVESAN, 2016, p. 72). 
No que diz respeito à justiça de transição entende-se que ela depende de uma série de aspectos 
políticos e jurídicos, entre eles a responsabilização individual pelas violações aos direitos humanos, que 
podem impulsionar ou frear o processo de difusão dos direitos humanos na ordem interna. A Argentina, 
Chile e Uruguai, no contexto latino-americano, há muito já aprofundaram os debates sobre que caminhos 
percorrerem no processo de difusão dos direitos humanos após as revisões que as leis de anistia passaram 
11
com a instituição das Comissões da Verdade. (ABRÃO & TORELLY, 2010)
No caso brasileiro, conforme assevera Piovesan (2016):
[...] as possibilidades de uma Justiça de Transição e da responsabilização pelas violações 
aos direitos humanos durante a ditadura militar se perderam em uma rede de argumentos e 
interpretações sobre a Lei da Anistia, pouco afetos às exigências que deveriam permear a 
atuação e a legitimidade jurisdicional do país à luz das decisões internacionais de proteção 
aos direitos humanos. (PIOVESAN, 2016, p. 122)
Portanto, a relevância jurídica, política, social e histórica do tema se faz presente na análise crítica 
que se pretende fazer sobre o julgamento da ADPF n° 153, pelo STF e a decisão da CIDH sobre caso da 
Guerrilha do Araguaia. Quase quarenta anos depois de sua promulgação, a produção do conhecimento sobre 
a abrangência da Lei da Anistia são os mesmos para a obtenção de um esquecimento para os perseguidos 
políticos e para os perpetradores de violações aos direitos humanos. 
METODOLOGIA - O presente artigo tem o objetivo de fazer uma análise crítica sobre as decisõestomadas pelo STF através da ADPF n° 153 e pela CIDH, no caso Gomes Lund e Outros versus Brasil, 
ambas julgadas no ano de 2010. Esse estudo possibilitará apontar as contradições entre a decisões acima, 
destacando os impasses para o processo de justiça de transição e da responsabilização individual sobre as 
graves violações aos direitos humanos durante a ditadura militar de 1964 a 1985, praticados por agentes do 
Estado. 
A Metodologia utilizada neste trabalho foi desenvolvida a partir de uma pesquisa analítica. As 
pesquisas analíticas envolvem o estudo e a avaliação de informações disponíveis na tentativa de explicar o 
contexto de um fenômeno social. O método histórico-analítico será fundamental para abordar o contexto 
da Lei da Anistia de 1979, na tentativa de encontrar informações sobre como o evento ocorreu, quem o 
provocou, porque foi provocado, quais as possíveis consequências sociais, jurídicas, históricas e políticas 
atribuídas, entre outras.
Esse método histórico-analítico permite ao presente estudo explorar a produção documental e 
bibliográfica sobre o objeto em análise. Neste caso, a pesquisa de revisão bibliográfica envolveu análise, 
avaliação e revisão da literatura publicada sobre a legislação pertinente e a jurisprudência do STF e da 
CIDH, bem como dos relatórios e memórias produzidos pela Comissão Nacional da Verdade.
Após as análises bibliográficas sobre a lei da anistia, buscou-se problematizar um estudo sobre o 
caso Gomes Lund e Outros versus Brasil e a forma como ele foi decidido pela CIDH. Esse estudo permitiu 
compreender a ênfase dada pela decisão da CIDH ao crime de desaparecimento forçado e tortura, bem como 
à jurisprudência consolidada do órgão sobre tais figuras penais.
Esta Metodologia busca compreender, mediante consultas de livros, documentos e relatórios da 
Comissão Nacional da Verdade, as respostas à problemática do tema, apontando para a conclusão de que 
o Brasil desobedeceu à decisão da Corte Interamericana de Direitos Humanos, uma vez que o Supremo 
Tribunal Federal descumpriu seu papel ao julgar improcedente a ADPF n°. 153, comprometendo o projeto 
constituinte de 1988, o processo de justiça de transição e a responsabilização individual pelas graves 
violações aos direitos humanos durante a ditadura militar. 
12
2 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Durante segunda metade do século XX, regimes autoritários emergiram em países da América Latina. 
No Brasil, o golpe de 1964 implantou no país uma ditadura civil-militar que perdurou por duas décadas, 
com um forte histórico de graves violações aos direitos humanos em nome da prevalência da ordem e da 
segurança nacional. (TELES & SAFATLE, 2010).
No final dos anos de 1960, com o avanço da repressão contra a oposição, líderes políticos, religiosos, 
artistas e membros do Partido Comunista do Brasil passaram a viver na clandestinidade, formando frentes 
de resistências em todo país. Alguns militantes de oposição promoveram uma intensa luta armada entre os 
anos de 1972 a 1975, e foram duramente combatidos pela repressão, que mobilizou cerca de dez mil homens 
armados, resultando em um extermínio de civis, em sua maioria estudantes e camponeses no interior do 
Brasil. (TELES & SAFATLE, 2010).
O contexto histórico da Guerrilha do Araguaia é considerado o mais violento período da ditadura 
militar, pois, pautado no Ato Institucional nº 5, o governo cerceou direitos e institucionalizou o DOI-
CODI (Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna) e os DOPS 
(Departamentos de Ordem Política e Social), responsáveis pela repressão aos opositores do regime. 
Segundo Teles & Safatle (2010, p. 43), “[...] nesses órgãos, sob o treinamento e orientação de agentes 
norte-americanos, eram praticados permanentes atos de tortura, assassinato e violência sexual contra seus 
opositores”.
No ano de 1979, por concessão da Lei da Anistia (Lei nº. 6.683/1979), os responsáveis por esses e 
outros crimes praticados no período ditatorial, inclusive os cometidos durante a Guerrilha do Araguaia, foram 
beneficiados com a anistia dos seus atos. Dessa maneira, a interpretação dada à Lei da Anistia promoveu 
o esquecimento jurídico de todos os crimes comuns, políticos e “conexos” praticados entre 1961 e 1979.
Em 2010, após trinta anos de vigência da Lei da Anistia, ocorreu o primeiro questionamento de 
sua constitucionalidade através da ADPF nº. 153. Em sua decisão, a STF decidiu pela validade da Lei 
da Anistia. Porém, no mesmo ano, a CIDH decidiu pela absoluta invalidade da Lei da Anistia brasileira 
perante à Convenção Americana de Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica), da qual o Brasil 
é signatário.
O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil propôs a ADPF nº. 153, com a intenção de 
obter do STF uma interpretação da Lei da Anistia conforme à Constituição de 1988, de modo a declarar, à 
luz dos seus preceitos fundamentais, que a Anistia de 1979, concedida aos crimes políticos ou conexos, não 
se estende aos crimes comuns praticados pelos agentes policiais da repressão contra opositores políticos.
Tendo em vista essas duas decisões jurídicas, algumas indagações reaparecem constantemente: 
em que aspecto jurídico, político e histórico a Lei da Anistia, interpretada pelo STF é contrária à atual 
jurisprudência da Corte Interamericana de Direitos Humanos? O que torna a Lei da Anistia um obstáculo à 
justiça de transição, à responsabilização individual sobre as graves violações aos direitos humanos?
A presente fundamentação teórica tem o objetivo de destacar algumas contribuições bibliográficas 
acerca da Lei da Anistia e de outros conhecimentos que já foram lançadas a seu respeito. A discussão teórica 
que se segue é, portanto, um resultado de uma pesquisa em nível de revisão bibliográfica e, por ser um 
preâmbulo de uma problematização mais profunda em grau de pesquisa documental, limitar-se-á a tratar das 
questões relacionadas à Lei da Anistia e sua difusão no contexto contemporâneo nacional e internacional.
13
A orientação teórica e metodológica do tema se prevalece de um recorte temporal recente, onde “[...] 
a presença ativa de sujeitos protagonistas ou testemunhos do passado podem oferecer suas memórias e 
narrativas como fontes históricas a serem analisadas por historiadores e pesquisadores de diversas áreas” 
(FERREIRA, 2012, p. 80). Na verdade, o contexto contemporâneo refere-se a um passado atual ou em 
permanente processo de atualização e que está inscrito nas memórias dos sujeitos sociais.
A memória dos “eventos traumatizantes” durante a repressão integra o esforço da produção do 
conhecimento histórico sobre os processos sociais recentes no contexto brasileiro. Segundo Schinke (2015), 
as Comissões da Verdade foram criadas para apurar crimes cometidos pelo Estado, e não por pessoas. Além 
disso, a Comissão procurou questionar a ideia de “acordo político” da Lei da Anistia confrontando com os 
testemunhos e as informações coletadas em audiências públicas. (SCHINKE, 2015).
A temática se utiliza do conceito de “eventos traumatizantes” para descrever os fatos relacionados 
aos regimes autoritários na América Latina, especialmente no Brasil. É possível identificar dois momentos 
culminantes que permitem entender a ditadura militar como um fenômeno traumatizante que não terminou 
e que está marcado por grandes frustrações: a Campanha da Anistia e a Lei da Anistia de 1979.
A campanha da anistia surgiu em 1975, com o apelo para uma anistia “ampla, geral e irrestrita”. A Lei 
da Anistia, ao contrário, compunha uma estratégia política de integrantes do governo e “[...] fazia parte da 
lógica segundo a qual era preciso enfraquecer a oposição para garantir o controle da abertura e, sobretudo, 
sem que os responsáveis pelas violações aos direitos humanos fossem punidos” (BASTOS, 2009, p. 183).
Segundo Mourão, Jorge & Francisco (2002), a produção do conhecimento sobre as graves violações 
aos direitos humanos praticados pelo Estado brasileiro não pode se vincular à justificativado “acordo 
político”, pois, sendo assim, “[...] visa recalcar o sofrimento das vítimas, retirando-os do espaço público 
e relegando as suas memórias individuais à clandestinidade e à familiarização das relações pessoais” 
(MOURÃO; JORGE; FRANCISCO, 2002).
Isso é o mesmo que afirmar que há uma “privatização das histórias individuais”, na medida em que as 
instâncias oficiais não reconhecem essas memórias como legítimas e não permitem que elas ocupem lugares 
no “conhecimento oficial”. Observa-se que esse conhecimento produzido pela Lei da Anistia de 1979 só 
veio a difundir a privatização da memória dos sujeitos e obstaculizar o processo de justiça de transição. 
Segundo Mourão, Jorge e Francisco (2002): 
[...] apagar partes da história ou reescrevê-las sob os ditames impostos pelas versões oficiais 
não seria apenas um acordo de cavalheiros sem revanchismos. Seria estar conivente com o 
exercício cotidiano e contemporâneo de poder de um status quo que visa o esquecimento 
como impedimento da memória. (MOURÃO; JORGE; FRANCISCO, 2002, p. 55).
Portanto, o processo de elaboração da Lei da Anistia por parte do governo militar brasileiro e a 
inclusão dos agentes policiais da repressão entre os anistiados foi a medida necessária para a produção 
de uma história do esquecimento e que até hoje, parte do envolvidos com a repressão e a degenerescência 
policial, nega a existência da tortura durante o regime militar ou invoca a Anistia como forma de não ter que 
voltar a esse passado. (MORAES, 2015)
O argumento de que a Lei da Anistia representa um “acordo político” e que foi produto de uma ampla 
discussão social é historicamente questionável. A Lei da Anistia, embora tenha sido alterada pela Lei dos 
Desaparecidos nº. 9.140 de 1995, que previu a possibilidade de as famílias dos desaparecidos receberem 
14
atestados de óbito e uma indenização do Estado; e pela Lei nº. 10.559 de 2002, que estabeleceu a Comissão 
de Anistia, no âmbito do Ministério da Justiça, o sentimento de impunidade ainda permanece na sociedade 
brasileira, a saber: 
Até o momento, é preciso que se repita, não foram superados, contudo, dois limites da anistia 
de 1979. Um deles é o que tem impossibilitado que se avance na busca da verdade. O outro 
diz respeito a graves violações de direitos humanos, como a tortura e os assassinatos. Sequer 
enunciados na primeira lei (desconsiderando o malabarismo jurídico que apelou para os 
chamados “crimes conexos”), ambos estavam implícitos no acordo de mão dupla de então 
e, até hoje, constituem o que parece ser a interpretação jurídica dominante (MEZAROBRA, 
2012: 38).
Para a autora, a interpretação de que a Lei da Anistia foi um “acordo político” ainda é a justificativa 
legal para a produção de um saber jurídico, histórico e político que serve de encobrimento da memória 
coletiva e da negação de que os familiares dos desaparecidos e mortos pela repressão tenham o direito à 
verdade, à memória e à justiça. (MEZAROBRA, 2012)
No mesmo sentido é o posicionamento de Swensson Junior (2011): 
Os atos de terrorismo ou outras ações ilegítimas cometidas por razões políticas não podem 
ser utilizados para justificar as violações aos direitos humanos cometidas pelo Estado, como 
se representassem uma troca ou uma dupla via para se alcançar concessões. Essa constatação 
desvaloriza a busca pela verdade, não apenas em relação às violações aos direitos humanos, 
mas também no que diz respeito aos crimes que foram cometidos por cidadãos contra o 
Estado e os membros das Forças Armadas. (SWENSSON JÚNIO, 2011, p. 144)
A interpretação da Lei da Anistia como um resultado de um “acordo político” que alcançaria os 
“crimes conexos”, também é questionado por Piovesan (2012):
[...] esse entendimento advém da equivocada leitura da expressão “crimes conexos” 
constante da lei. Crimes conexos são os praticados por uma pessoa ou grupo de pessoas, que 
se encadeiam em suas causas. Não se pode falar em conexidade entre os fatos praticados pelo 
delinquente e pelas ações de sua vítima. A anistia perdoou a estas e não aqueles; perdoou as 
vítimas e não os que delinquem em nome do Estado. Ademais, é inadmissível que o crime 
de tortura seja considerado como crime político, passível de anistia e prescrição. Como já 
enfatizado no capítulo anterior, o crime de tortura viola a ordem internacional e é insuscetível 
de graça ou anistia. Ademais, por sua extrema gravidade, é considerado crime contra a 
humanidade. Logo, é dever do Estado investigar, julgar e punir os torturadores, com vistas 
a assegurar à vítima o direito à verdade, justiça e o direito à prestação jurisdicional efetiva 
(PIOVESAN, 2012, p. 87).
15
Segundo o entendimento do Sistema Interamericano de Proteção aos Direitos Humanos, as leis de 
autoanistia violam obrigações jurídicas internacionais de proteção aos direitos humanos. A CIDH já se 
posicionou no sentido de que as leis de anistia, que estabelecem excludentes de responsabilidade criminal, 
impedindo investigações e punições de violações a direitos humanos, como tortura, execução sumária, 
desaparecimento forçado e estupro, são incompatíveis com a Convenção Americana de Direitos Humanos.
[...] o Sistema Interamericano adotou uma posição rígida para com a impunidade, posição que 
não deixa muito espaço mesmo para regimes democráticos. O Tribunal definiu a impunidade 
como uma falha sistemática para investigar, processar, prender, adjudicar e condenar aqueles 
que são responsáveis por violações de direitos protegidos pela Convenção Americana. A 
condenação da impunidade é duplicada. Por um lado, para as sociedades, a impunidade 
promove a repetição crônica das violações dos direitos humanos. Por outro lado, para as 
vítimas e seus familiares, a impunidade estimula a desproteção total das vítimas e seus 
familiares, que têm o direito de saber a verdade sobre os fatos (PIOVESAN, 2012, p. 90)
Desta forma, a CIDH considera atualmente que “[...] as leis de autoanistia perpetuam a impunidade, 
propiciam uma injustiça continuada, impedem às vítimas e aos seus familiares o acesso à justiça e o direito 
de conhecer a verdade” (PIOVESAN, 2012, p. 122). Tais leis constituem manifesta afronta à Convenção 
Americana de Direitos Humanos, caracterizando-se, ainda, como um ilícito internacional. 
No Sistema Global de Proteção aos Direitos Humanos, cabe mencionar a Recomendação Geral nº 
20, de 1992, adotada pelo Comitê de Direitos Humanos da ONU, concernente à proibição da tortura e 
outros tratamentos ou penas cruéis e degradantes, na qual ressalta a incompatibilidade das leis de anistia 
com o dever dos Estados de investigar e processas os atos de tortura, (MEZAROBBA, 2012). Segundo a 
Recomendação:
As anistias são geralmente incompatíveis com o dever dos Estados de investigar tais atos; 
para garantir a não ocorrência de tais atos dentro de sua jurisdição; e para assegurar que não 
ocorram no futuro. Os Estados não podem privar os indivíduos de seu direito a um recurso 
eficaz, inclusive a possibilidade de compensação e plena reabilitação.
Deste modo, os Sistemas Globais e Interamericano de Proteção aos Direitos Humanos já firmaram 
o entendimento de que as leis de anistia não podem constituir obstáculo para a investigação, julgamento e 
punição de indivíduos que tenham praticado crimes contra a humanidade, como a tortura e o desaparecimento 
forçado. No mesmo sentido sustenta Mezarobba (2012, p. 118), com relação à Lei da Anistia, que “[...] 
o Estado Brasileiro perpetua a impunidade e viola a Convenção Americana Sobre Direitos Humanos, 
sinalizando o pouco apreço pelo Estado de Direito e pela democracia”.
Assim, a proibição absoluta à tortura, o direito à memória, à verdade e à justiça estão consagrados 
nos instrumentos normativos internacionais ratificados pelo Brasil, e impõem o dever do Estado nacional 
de investigar, punir e reparar as violações aos direitos humanos cometidas por agentes do Estado. Ainda 
assim, as leis de anistia não podem autorizar a violação de jus cogens internacional (normascogentes e 
de observância obrigatória), como a inderrogável proibição à tortura, bem como perpetuar a impunidade, 
gerando uma injustiça permanente e continuada.
16
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Constituição de 1988 faz referência em seu Ato de Disposições Constitucionais Transitórias a uma 
anistia para os que “[...] foram atingidos, em decorrência de motivações exclusivamente política, por atos de 
exceção, [...]” (Art. 8ª, ADCT). Dessa forma, infere-se que a anistia destinava-se aos perseguidos políticos 
e não aos perseguidores. No rol dos Direitos e Garantias Fundamentais, a Constituição declara que “[...] 
que ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante” (Art. 5º, III); e conclui 
que “[...] a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, [...]” 
(Art. 5º, XLIII).
Ao que se compreende, o constituinte afirmou que a anistia é um instrumento de responsabilização, 
e determinou que todos os cidadãos atingidos por atos de exceção deveriam ser reparados pelo Estado. 
No mesmo sentido, no âmbito do Sistema Interamericano de Proteção aos Direitos Humanos, a CIDH 
entendeu que a Lei da Anistia de 1979 configura-se uma autoanistia, ou seja, um permanente mecanismo 
de impunidade frente às violações aos direitos humanos durante a ditadura militar. Portanto, questiona-se: 
Em que aspecto jurídico, político e histórico a interpretação sobre a Lei da Anistia concedida pelo Supremo 
Tribunal Federal, através da ADPF nº. 153, é contrária à jurisprudência da Corte Interamericana de Direitos 
Humanos, tornando-se obstáculo à justiça de transição e a não responsabilização sobre as violações aos 
direitos humanos?
Para essa indagação, conclui-se que, partindo do pressuposto de que o Supremo Tribunal Federal 
tornou válida a Lei da Anistia de 1979, decidindo pela não responsabilização individual dos agentes policiais 
civis e militares da repressão e o aprofundamento do processo de esquecimento das graves violações aos 
direitos humanos durante o período da ditadura militar, levanta-se as seguintes teses: a Lei de Anistia de 
1979 sendo interpretada pelo critério hermenêutico histórico de um “acordo político” viola a Constituição 
Federal de 1988; o Supremo Tribunal Federal, na decisão da ADPF nº. 153, que resultou na validade da Lei 
de Anistia, cometeu uma desobediência internacional diante do Sistema Interamericano de Proteção aos 
Direitos Humanos e a não responsabilização individual pelas graves violações aos direitos humanos é um 
obstáculo à Justiça de Transição e lança para o esquecimento os testemunhos, as memórias e as violações 
aos direitos humanos praticados pelos agentes estatais durante a ditadura militar.
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__________. Supremo Tribunal Federal. Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental n. 153. 
Arguente: Ordem dos Advogados do Brasil. Arguidos: Presidente da República e Congresso Nacional. Voto 
do ministro Relator Eros Grau. Brasília, 28 de abril de 2010. Disponível em: <www.stf.jus.br/arquivo/cms/
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19
A PERCEPÇÃO DO PRINCÍPIO DA COCULPABILIDADE DO ESTADO MEDIANTE UMA 
INTERPRETAÇÃO SISTEMÁTICA
 Vitória Maria Morais Olinto2
 Giliard Cruz Targino3 
 
RESUMO
Por meio do presente instrumento de pesquisa científica busca-se elucidar com maior clareza ao que tange à 
temática de atuação do princípio da co-culpabilidade do Estado, demonstrando o que vem a ser tal instituto, 
assim como a maneira como se revela em nosso ordenamento jurídico e sua correspondência com os 
escopos previstos em nossa Carta Maior. Em um primeiro momento demonstra-se a sua origem histórica, 
remetendo-se à Revolução Francesa e à influência de seus desdobramentos na percepção daquele, assim 
como trazendo à tona uma matéria puramente penal, interpreta-se a existência da previsão do princípio 
da co-culpabilidade estatal de maneira implícita nas entrelinhas do código penal e processual penal, em 
acréscimo analisa-se a sua possível aplicação efetiva no momento de dosimetria da pena pelo magistrado. 
Também sob outro viés interpretativo analisa-se a sua relação com a ConstituiçãoFederal de 1988 na 
persecução pelo asseguramento de um tratamento mais humano e igualitário a todos os cidadãos fazendo 
uma co-relação com outros institutos previstos constitucionalmente, como por exemplo, o princípio da 
igualdade. Compreende-se assim por co-culpabilidade a parcela de culpa que também o Estado assume cada 
vez que deixa de fornecer aos membros da sociedade oportunidades de vida digna, em respeito aos direitos 
humanos, possibilitando que cada indivíduo tenha a potencial capacidade de escolha igualitária uns perante 
os outros de construir o perfil cidadão e de ter chances de alcançar a todos os níveis sociais que almejar. No 
decurso do presente artigo o objetivo maior é confrontar uma das principais causas de inibição da atuação 
desse princípio, explicitando que, na verdade, ao se utilizar o termo culpa do Estado não está se atribuindo 
a este uma conduta delituosa, até porque incompreensível seria imputar aquele que tem a função do jus 
puniendi uma conduta que é de encontro ao amparato jurídico, não se admitiria a interpretação de que ao 
reconhecer a co-culpabilidade o Estado “se culpa” porque a essência deste princípio não é revestir o infrator 
na condição de vítima e ao Estado de culpado, mas de reconhecer a falha abismal e dominante da oferta 
do amparato estatal àqueles grupos que cotidianamente estão inseridos em uma realidade marginalizada. 
A grande questão e fundamento que envolve o princípio objeto desta pesquisa é o reconhecimento de que 
mais do que a dosimetria da pena, a imputação do que, em total consonância com a lei é devido aquele 
que pratica um ilícito penal, há no direito a necessidade de interpretação dos textos legais sob um espírito 
de preocupação sobre até onde materialmente esses enunciados estão atingindo e modificando a vida em 
sociedade. Quando imputa-se uma condenação ao réu sem observar atentamente ao que dispõe o artigo 
59 do Código Penal, no qual há a elucidação da conduta social, das circinstâncias e motivos para o ato 
delituoso, sem prevê que a igualdade especificamente na sociedade brasileira deve ser “sob medida’’, não 
como forma de aplicar “dois pesos, e duas medidas”, mas como maneira de igualar aos que ainda não
 2Graduanda do 8º período do Curso de Direito pela Universidade Federal de Campina Grande. E-mail: vitoriaollinto@gmail.
com
 3Especialista em Processo Civil, Universidade Federal de Campina Grande, Email: gilibnb@hotmail.com 
20
estão em um mesmo patamar de acesso a oportunidades que outros têm. Nisso destaca-se no decorrer da 
discussão científica diversos momentos em que a lei implicitamente abarca o princípio da co-culpabilidade, 
mesmo ainda não tendo explicitamente se posicionado sabe-se que o direito alia o fato, ao valor e à norma, 
o que justifica à não se tornar obsoleto, mas conseguir alcançar as modificações sociais, assim como as 
carências e discrepâncias que no cotidiano se revelam entre os cidadãos. A discussão a que remete este 
estudo se importa em confrontar o classicismo do direito penal e processual penal, principalmente quando 
reconhece a aproximação e poder interventivo na vida das pessoas que tais ramos do direito possuem, 
visto que lhes é reservado o maior bem previsto em todo o ordenamento jurídico, a liberdade, ao passo 
que lhe foi confiada a função de quando em outras esferas de atuação do direito já não for possível a 
proteção e amparo que cabe a determinado bem jurídico, ser admissível a intervenção penal em restringir 
a liberdade de ir e vir do homem. Dito isto, compreende-se que abrandar a pena não é realmente o intuito 
de tal princípio, mesmo que porventura essa seja uma de suas consequências, a sua real importância é de 
enfatizar que há determinados grupos sociais que ainda vivem em condições marginalizadas, para os quais 
as oportunidades de ascensão e modificação dos rumos de suas vidas ainda é muito difícil, a aproximação do 
direito se faz muito necessária, por vezes a política social interventiva do Estado, com ações positivas revela 
resultados muito mais abrangentes e efetivos do que a aplicação da norma sem a observância de métodos que 
modifiquem a realidade criminal brasileira. Assim como em sua obra contrato social Rosseou já afirmava 
que a relação estatal para com a sociedade se dá em “moldes de um contrato”, no qual atualmente podemos 
interpretar que tanto há a quebra de um lado, por aquele que delituosamente pratica uma conduta indevida, 
como do Estado quando em suas atribuições não lhes oferece oportunidades igualitárias dentro do respeito 
as suas diferenças. Os direitos de terceira geração, que trazem consigo um ideal de fraternidade muito tem 
relação com a co-culpabilidade, pois é um dos compositores na compreensão dos anseios dessa sociedade 
que demonstra-se sob um viés cada vez mais interconectado e tecnológico. Não há que se falar em política 
de instigação ao crime, ou impunidade com a INTRODUÇÃO efetiva deste princípio no ordenamento 
e à realidade das varas criminais, mas sim busca-se a aproximação entre a aplicação da norma penal e a 
realidade fática social, até mesmo compreendendo que se determinado indivíduo é submetido ao sistema 
prisional para fins de inibição e cerceamento de suas práticas delitivas, mas ao sair depara-se com o mesmo 
meio social marcado por desequilíbrio, miserabilidade, atuação criminosa, a chance que o mesmo tem de 
ressocialização será mínima, como se o Estado tentasse retirá-lo de uma realidade sem concomitantemente 
assegurar que também fora dos limites de uma cela está construindo um cenário diferenciado para esse 
indivíduo, partindo-se do pressuposto de que o homem é produto do meio, ou que até mesmo possuindo 
livre arbítrio, não possui as condições que almejaria para exercê-lo não parece de tão longe esperar que o 
mesmo cercado pela atividade criminosa, com o fornecimento de um péssimo sistema educacional, de saúde 
e proteção escolha seguir por caminho diverso, quando não desvinculado das amarras da miséria humana 
através da eduação submete-se a condições horrendas porque acredita serem suas únicas opções. Em síntese 
a visão perpassada no presente artigo científico é a elucidação de que a criminalidade não emerge de atos 
superficiais, condutas prontas como as muitas tipificadas no código penal, ela possui raízes, motivos muito 
mais profundos, talvez banalizados como quando aquele aluno de escolha fundamental não encontrou vaga 
para se matricular, como quando não teve acesso à material didático, como quando desrespeitou o seu 
professor, ou quando ficou doente e pelo sistema único de saúde não foi atendido, quando em seu seio 
familiar cresceu sem entender o real significado de família, porque seus pais eram hébrios habituais e 
21
seu destino foi o abrigo, no qual por ser preto, pobre foi renegado até os 18 anos. As questões que pairam 
perifericamente à criminalidade são tantas que não apenas o Estado poderia tomá-las para si, mas toda 
a coletividade deve tender a adquirir uma postura perante a crise social democrática que passa o país.
Palavras-chave: Criminalidade. Co-culpabilidade. Penal.
ABSTRACT
By means of this instrument of scientific research we seek to elucidate with greater clarity with respect to the 
subject of the role of the block and tackle principle of co-culpabilidade of the State, demonstrating what such 
Institute, as well as the way unfolds in our legal system and your correspondence with the scopes provided 
in our Highest. In a first moment demonstrates-if your historical origin, referring to the French Revolution 
and the influence of their developments on that perception, as well as bringing up a purely criminal matter, 
interprets the existence of prediction of the principle of co-culpabilidade implicit way in-between State 
of the criminal code and criminal procedural, in addition the possible effective application currently your 
dosimetry of the penalty by the magistrate. Also under other interpretive bias the your relationship with 
the Federal Constitution of 1988on persecution by the securing of a more humane and equitable treatment 
to all citizens doing a correlation with other institutes provided for constitutionally, as per example, the 
principle of equality. Understand that co-culpabilidade the portion of guilt that the State also assumes every 
time fails to provide to members of society life chances worthy, in respect for human rights, providing that 
every individual has the potential ability to choose some of the other egalitarian build citizen profile and 
have chances to reach to all social levels who aspire to. In this article the main objective is to confront one 
of the main causes of inhibition of the action of the principle, explaining that, in fact, to use the term State 
fault is not assigning this criminal conduct, as incomprehensible would be allocate one that has the function 
of jus puniendi conduct is against the legal amparato, does not admit the interpretation that recognizing 
the co-culpabilidade the State “to blame” because the essence of this principle is to coat the offender on 
condition of victim and the State of guilty, but to recognize the abysmal failure of the dominant amparato 
State offer those groups who daily are inserted in a marginalized reality. The big question and bedding that 
involves the principle object of this research is the recognition that more than the dosimetry, imputation, 
in total harmony with the law’s due who does a criminal law for illicit the need for interpretation of texts l 
egais under a spirit of concern about how far these statements are materially affecting and changing the life 
in society. When imputes a conviction the defendant without notice carefully to that article 59 of the Penal 
Code, in which there is the elucidation of the social conduct of circinstâncias and motives for the criminal 
act, without providing for equality in brazilian society must be “under ‘’ measure, not as a way of applying 
two weights and two measures “, but as a way to match those that are not yet on the same level of access to 
opportunities that others have. It stands in the course of the discussion several times that the law implicitly 
embraces the principle of co-culpabilidade, still not having explicitly positioned itself knows that combines 
fact and the standard value, which justifies the failure to become obsolete, but achieve social changes, as 
well as the shortcomings and discrepancies that in everyday life are among the citizens. The discussion 
which refers this study care to confront the classicism of criminal law and criminal procedure, especially 
when you recognize the power and intervention in people’s lives that these branches of law have, as they are 
22
reserved for the greater good, as provided for in the entire legal system, freedom, while entrusted to him the 
function when in other spheres of operation is no longer possible to law the protection and support that fits 
the given legal, be admissible criminal intervention in restricting the freedom to come and go from the man. 
That said, it is understandable that slow down the penalty is not really the purpose of this principle, even if 
perhaps that’s one of its consequences, your real importance is to emphasize that certain social groups who 
still live in marginalized conditions, for which the rising opportunities and modification of the direction of 
their lives is still very difficult, the right approach makes much needed, sometimes the social policy of the 
State, with Interventional positive actions reveals much more comprehensive and effective results of the 
application of without the observance of standard methods that modify the criminal brazilian reality. As well 
as in your social contract work Rosseou has already stated that the State relationship towards the company 
in “a contract”, in which we can currently interpret that both for the one side, by the one who delituosamente 
a misconduct as the State when in its attributions not gives them equal opportunities within the respect 
their differences. Third-generation rights, which bring with them an ideal of fraternity has relationship with 
the co-culpabilidade, as it is one of the composers in the understanding of the concerns of this society that 
demonstrates in an increasingly interconnected and technology. There’s no talk about politics of instigation 
to crime, or impunity with the effective introduction of this principle to spatial planning and to the reality of 
the criminail sticks, but seeks a rapprochement between the application of the criminal standard and factual 
reality, even social understanding that if det ith individual is subjected to the prison system for the purpose 
of inhibiting and curtailment of their criminal practices, but on the way out he runs into the same social 
environment marked by imbalance, miserabilidade, criminal activities, the chance that the same has to be 
minimum, resocialization as if the State tried to pull it out of a reality without at the same time ensure that 
also outside the boundaries of a cell is building a distinguished setting for that individual, on the assumption 
that the man is the product of a half, or even possessing free will, does not have the conditions for almejaria 
exercise it doesn’t seem this way expect even surrounded by criminal activity, with the supply of a bad 
education system, health and protection of choice for diverse path below, when not released from restraints 
of human misery through education undergoes horrendous conditions because you believe are your only 
options. In summary the full vision in this scientific paper is the elucidation of crime do not emerge from 
surface acts like the many ready made conduits in the criminal code, it has roots, motives much deeper, 
perhaps trivialised as when that student of fundamental choice found no vacancy to enroll, like when he 
didn’t have access to educational material, as when he disrespected the your professor, or when he got sick 
and the health system has not been answered, when in your bossom family grew up without understanding 
the real meaning of family, because his parents were usual hébrios and your destination was the shelter, 
in which for being Black, poor was even the renegade 18 years. The questions that hang so many crime 
peripherally that not only the State could make them for you, but all the collective must tend to acquire a 
position in the face of democratic social crisis that passes the country. 
Keywords: Crime. Co-guilt. Criminal law.
1 INTRODUÇÃO
O princípio da co-culpabilidade atua sob a perspectiva de imputação não da culpa, mas de parcela de 
23
responsabilidade pela ocorrência de um ilícito penal ao Estado, amparado pela justificativa de que já que a 
relação estatal para com o indivíduo se faz assim como aduzia Rosseou nos moldes de um contrato, isso quer 
dizer que tanto o primeiro tem seus deveres para com a sociedade em fornecer-lhe os meios equilibrados 
e justos de desenvolvimento pessoal e humanístico, como a segunda tem o dever de dirigir a conduta de 
cada um de seus membros dentro dos moldes de legalidade previstos em lei. Enfatiza-se, no entando, que 
perifericamente à esta “relação-núcleo” permeiam diversos elementos que devem ser observados, como 
por exemplo, o fato de que apesar de interpretada mediante um olhar de massa, a sociedade é composta por 
indivíduos singulares, não apenas em personalidade, mas em necessidades diante dos serviços formecidos 
pelo poder público, a alguns é dado desde cedo todo amparato para um saudável desenvolvimento enquanto 
pessoa, cidadão, já outros tem prematuramente o contato com as desigualdades sociais que são um dos fatores 
mais marcantes de nosso país. Identificada tal peculiaridade é exposto no decorrer desta obra científica que 
aquela igualdade prevista na constituição não pode ser aplicada indistintamente a todos, o que não quer dizer 
que seja impossível se aplicar tal instituto na sociedade brasileira, apenas vislumbra-se a perspectiva doprincípio da igualdade sobre dois aspectos: o formal e o material, tendo cada um deles a sua importância para 
a concretude desta que é uma previsão legal. Por meio de uma explanação que parte das origens históricas 
do princípio da co-culpabilidade, demonstrando a conceituação de um dos pilares do conceito analítico de 
crime, qual seja: a culpabilidade, avaliando-se a previsão da co-culpabilidade, mesmo que implicitamente no 
texto constitucional, e oferecendo-se a possibilidade de atuação deste princípio no momento de aplicação da 
dosagem da pena pelos magistrados, o artigo ampara-se no fundamento de que o instituto da co-culpabilidade 
não é uma ferramente instigadora da impunidade, ou vitimização de delinquentes, mas uma ferramenta de 
instituição de valores sociais em um dos momentos mais importantes da construção das sentenças penais. 
Também preocupa-se em demonstrar que apesar de utilizar-se da expressão “compartilhamento da culpa” 
com o Estado, não está se atribuindo a este nenhuma prática criminal, até mesmo porque é detentor de jus 
puniendi, e assim sendo em nenhum momento atuaria como réu.
A justificativa da presente pesquisa científica fundamenta-se na importância que institutos como o 
princípio da co-culpabilidade tem na construção de um moderno direito penal e processual penal, não 
desqualificando qualquer de suas tipificações, mas atuando na percepção de que assim como em outros 
ramos jurídicos, este também precisa atender aos fins sociais, que estão em constante mudança, não sendo 
mais a sociedade atual aquela mesma amparada por valores da década de 40, quando editado o código de 
processo, por exemplo, mas carecendo ainda de algumas necessidades que desde então ainda não lhe foram 
pacificadas.
Dessa maneira, o objetivo geral do estudo é examinar e interpretar o princípio da co-culpabilidade, 
especificamente objetivando-se: 1) uma explanação historicamente contextualizada de sua origem, 2) a 
conceituação deste princípio, 3) a sua relação com a Constituição e 4) a demonstração de que pode ser 
utilizado no momento de dosimetria da pena.
2 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DE CO-CULPABILIDADE
Remonta-se a origem do princípio da co-culpabilidade ao advento dos ideais da revolução francesa, 
quando instigou não apenas os movimentos internos no país, mas expandiu para além de suas fronteiras os 
ideais de liberdade, igualdade e fraternidade. Tais conceitos se manisfestaram sucessivamente influenciando 
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principalmente as três primeiras gerações dos chamados direitos fundamentais, ao passo que no primeiro 
deles temos a representação do valor da liberdade dos direitos civis, restringindo a intervenção do Estado 
em prol da proteção aos direitos de personalidade, resultando assim em um não fazer daquele. Quanto aos 
direitos de segunda geração interessante relevância se manifesta para o tema abordado neste trabalho, pois 
é justamente nele que se enquadra o fundamento do princípio da co-culpabilidade, já que dizem respeito 
aos direitos sociais, culturais e econômicos, tendo sido influenciados na época da revolução industrial, e 
possuindo por objetivo uma posição positiva do Estado em favor daqueles que socieconomicamente eram 
desfavorecidos, tendo destaque nesse contexto especialmente as relações de trabalho, que de maneira ainda 
inibida começavam a tomar forma com a expansão da atividade industrial, por isso mesmo a temática central 
aqui exposta se enquadra nesta classificação, pois as relações de interesse jurídicos que começavam a tomar 
forma interessavam não apenas aos cidadãos, mas também ao Estado, tanto que lhe ‘’pedia’’ proteção. 
Quanto à influência nos chamados direitos de terceira geração remonta-se a uma noção de fraternidade, de 
acordo com a qual menciona Paulo Bonavides (2001, p. 523) diz respeito “o direito ao desenvolvimento, o 
direito à paz, o direito ao meio ambiente, o direito de propriedade sobre o patrimônio comum da humanidade 
e o direito de comunicação”.
No que tange a contextualização histórica desse princípio também não se pode deixar de citar que a 
influência do surgimento de um Estado liberal também muito o alcança, especificamente no que tange às 
ideias defendidas por Rosseaou, quando introduz a noção de que a relação entre governante e governados 
passaria a atuar aos moldes de um “contrato social”, e por isso mesmo, cada uma das partes contraía para 
si direitos e deveres.
Desta maneira vislumbra-se a importância de tais movimentos sociais de séculos passados de maneira 
que influenciaram o surgimento de um princípio que implicitamente haveria de “habitar” a Magna Carta, o 
Código Penal e Processual Penal brasileiro.
3 A COMPREENSÃO DE CULPABILIDADE E CO-CULPABILIDADE
Para se compreender o conceito de crime diante das diversas vertentes interpretativas que existe, 
podemos analisá-lo pela via analítica, segundo a qual o mesmo é constituído por três elementos: a tipicidade, 
a ilicitude e a culpabilidade. Dessa maneira na compreensão do que vem a ser um crime há que se pensar 
nesses três elementos como se fossem “degraus de uma escada”, na qual só posso atingir o segundo nível 
passando inicialmente pelo primeiro, e assim sucessivamente.
Vale ressaltar que quando a conceituação de crime começava a ganhar forma não o analisava-se sob o 
enfoque subjetivo, como atualmente o é, mas apenas sob o objetivo, de maneira que se uma prática delituosa 
estivesse legalmente prevista seria atribuida a quem supostamente a praticou sem o exame de elementos 
como dolo e culpa. Posteriormente com a aquisição à teoria subjetiva de análise do crime surge a figura da 
culpabilidade, como maneira de individualizar a responsabilidade, pois analisa a questão da putabilidade ou 
imputabilidade que se pode atribuir ao autor do fato.
Dito isto, agora já compreendendo esse terceiro elemento da caracterização criminal parte-se para 
a análise do conceito de co-culpabilidade, mas afinal em que consiste tal princípio? Partindo-se do ponto 
de que a importância da culpabilidade é encontrar o elemento do dolo ou culpa que resvestem a iniciativa 
do autor para uma prática criminosa, compreende-se que a co-culpabilidade leva a interpretação ainda a 
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um nível mais aprofundado, pois mediante a percepção deste nexo de ligação entre resultado e vontade de 
agir do indivíduo tal princípio sugere que seja identificado as raízes desse ato, ao propor que mediante a 
percepção do meio em que vive, das condições que possui, da oportunidade de instrução educacional, do 
acesso à serviços de saúde, proteção e cultura se possa avaliar se aquele sujeito assim agiu porque imerso 
em um ambiente de hostilidade as suas oportunidades eram demasiadamente tendentes à criminalidade, 
ou se, mesmo tendo todas as condiçoes optou pelo crime. Em contrapartida, sugere-se que ao identificar 
a primeira hipótese se admita que tal cenário de marginalização tem a contribuição do Estado, quando se 
omite em suas funções precípuas a oferecer os serviços básicos e assegurar o cumprimeiro de preceitos 
fundamentais contidos na Constituição, e por isso mesmo, aquele deve também ‘’compartilhar da culpa’’, 
não no sentido de reconhecê-lo como réu, pois como anteriormente explanado isso não é possível, mas 
como forma de já que em uma vertende (oferecimento de oportunidades mediante a intervenção Estatal 
em serviçoes como educação, saúde, proteção) não exerceu sua responsabilidade, também não seja aquele 
indivíduo penalizado como se as mesmas condições daqueles que tiveram oportunidades de estudar, ter uma 
formação moral, crescer longe de cracolândias e atividades criminosas tivesse se desenvolvido.
De início tal ideia pode incitar ao surgimento de um sentimento revoltante, como se aos delinquentes 
penais estivesse sendo atribuidas bonanças e com isso estimulando-se a impunidade e a criminalidade, 
muito pelo contrário mediante a aplicação do princípio da co-culpabilidade na dosimetria da pena não se 
busca abster o indivíduo de sofrer sanção prevista em lei mediante suas práticasdelitivas, mas pondera-se 
na aplicação, visto que mais do que uma imputação formal e cética da lei, busca-se uma análise sociológica 
e particularizada daquele ser.
4 A RELAÇÃO DA CO-CULPABILIDADE COM A CONSTITUIÇÃO DE 1988
Como característica primordial da atual constituição brasileira está a de que ela é eminentimente social 
democrática, visando com isso um maior amparo aos valores que norteiam a condepção do indivíduo como 
cidadão, e sua interação com o meio social em que vive embasada em um “leque” de direitos fundamentais.
Quanto à aparição explícita do princípio da co-culpabilidade em nossa carta maior não há que se falar, 
mas mediante a ferramenta da hermenêutica constitucional sistemática tem-se que o ordenamento jurídico 
apesar de seus diversos dispositivos legais é uno, e assim mesmo deve ser interpretado, por isso, quando 
em seu art. 5º, XLVI prevê a individualização da pena, reconhece a constituição a individualidade de cada 
ser no momento em que a sanção penal lhe cabe, e por esta individualização compreende-se a análise dos 
elementos que especificamente o cercam, ora não seria este mesmo ideal o previsto no princípio da co-
culpabilidade? Não estaria o mesmo em consonância com a beneficência ao réu? Então por que não interpretá-
lo e reconhecê-lo de mediante uma visão extensiva, naquilo que apesar de não dito nas letras da norma, 
mas compreendido como a ideia que o legislador quis emitir no espírito da lei que editou. Outro princípio 
importante que também se coaduna com a co-culpabilidade é o da igualdade, quando afirma a magna carta 
que “todos são iguais perante a lei”, essa igualdade deve ser compreendida em seu lado material, posto que 
se o fornecimento de oportunidades a cada um é diferente como aplicar os mesmos litimes da atuação da lei? 
Estar-se-ia cobrando deveres iguais, quando os direitos são assegurados de maneira diferente.
A constituição brasileira, ainda com caratacterísticas de um diploma nominativo, no qual apesar de 
ótimas previsões legais para seus governados, ainda não consolidou tais anseios na realidade fática, mas se 
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esta é, de fato, a função social democrática desse instituto, qual seja: abordar de maneira efetiva a todos com 
as garantias que lhes são inerentes, por que não reconhecer um instituto que mais do que chamar atenção 
nas funções estatais atualmente defasadas, quando no oferecimento de oportunidades básicas e indistintas 
a todos, ainda insere a consciência de que até que seja atinginda uma igualdade de chances à coletividade 
de atingir os mais diversos ambientes sociais não se pode legalmente dar-lhes a mesma interpretação, 
especificamente, no que tange ao tema deste trabalho, no âmbito penal.
Dessa maneira, resta-se comprovado que o princípio em estudo no presente trabalho é perfeitamente 
constitucional, apesar de não tido explicitamente neste instrumento, mas se revela nas entrelinhas das 
palavras ditas pelo legislador, no espírito que as norteia, e assim sendo, não vai renegada, nem desrespeitada 
aquela que está no “topo da pirâmide normativa”: a Constituição Federal.
5 A APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA CO-CULPABILIDADE NO ORDENAMENTO JURÍDICO
No que tange a inserção, de fato, do princípio da co-culpabilidade, compreende-se que é possível a sua 
explícita previsão pelo legislador em nosso ordenamento jurídico, existem artigos tanto no código penal, 
como processual penal que abrem margem para sua acepção.
No presente trabalho serão analisados dois desses artigos nos quais compreende-se haver possibilidade 
de acréscimo do princípio em questão, quais sejam: o artigo 59 do código penal, que prevê o atentamento 
do juiz “[...] aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e 
consequências do crime [...]” e por isso mesmo daria margem para na primeira fase da dosimetria da pena 
utilizar-se o magistrado da ponderação baseada nas oportunidades que tal indivíduo teve para crescimento 
humano enquanto cidadão, como também sua possibilidade de inclusão no meio social de maneira igualitária 
a todos os outros da sociedade, para então poder aplicar a pena-base a tal sujeito.
Outro artigo que empresta embasamento para a fundamentação de que o princípio da co-culpabilidade 
deveria ser expressamente previsto pelo legislador é o 187, §1º do CPP quando assegura que na primeira 
parte do interrogatório do réu será perguntado acerca de oportunidades sociais, abrindo margem com tal 
expressão para o entendimento de que há relevância de se compreender por parte do aplicador do direito a 
procedência desse indivíduo, assim como as chances que teve de ter acesso aos direitos fundamentais que 
constitucionalmente lhes são assegurados, sendo dever do Estado colocar-lhes em prática.
Pela exposição desses dois dispositivos legais já é possível vislumbrar a possibilidade de atuação 
do princípio em comento, e apesar de na jurisprudência ainda não existir um posicionamento pacificado a 
respeito desse tema, entende-se que o mesmo segue a tendência de reformulação que os códigos de direito 
vem sofrendo, adequando-se às mudanças e aos novos anseios sociais, flexibilizando a abordagem do 
Judiciário, não no sentido de perca de poder jurisdicional, mas de tornar a atuação deste mais próxima 
daqueles que lhe pedem amparo, abandonando o atrelamento extremado às formas para dar margem maior 
ao aspecto interpretativo da lei, “o espírito” da mesma.
METODOLOGIA - No que tange à METODOLOGIA empregada na construção do artigo utilizou-se 
do método hipotético-dedutivo, aplicado á revisão bibliográfica, documental e doutrinária, para através de 
uma análise contextual histórica, passando-se para a previsão da co-culpabilidade nos diplomas jurídicos 
poder ser instaurado um alicerce para reflexão acerca do instituto.
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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo com esta pesquisa científica tem-se que apesar de não previsto explicitamente o princípio da 
co-culpabilidade está presente na atuação das normas legais, dispondo a estas uma interpretação sociológica 
e crítica acerca do cenário no qual determinados indivíduos estão inseridos e do quanto isso influencia 
na sua tendência à criminalização, por isso mesmo no decorrer do texto há uma exposição histórica do 
tema, passados à explicação do conceito do instituto da co-culpabilidade e em seguida demonstrado os 
instrumentos legais nos quais há margem para sua aplicação. Dessa forma o objetivo pontual deste artigo em 
esclarecer a viabilidade tanto da presença, quanto da possibilidade de efetividade do princípio em comento 
restou-se alcaçada.
No decorrer da exposição realizada por meio deste trabalho científico demonstrou-se que o princípio 
da co-culpabilidade diz respeito ao compartilhamento da parcela de culpa pela ocorrência de um ilícito 
penal para com o Estado, visto que na relação estabelecida entre este ente e o indivíduo ambos são sujeitos 
de direitos e deveres, devendo assim a parcela de culpa ser distribuída quando não arcam com os deveres 
que lhes são inerentes.
Inicialmente foi realizada uma explanação que contextualizou o surgimento desse princípio aos ideais 
da revolução francesa, demonstrando como os ideais de .iberdade, igualdade e fraternidade influenciaram 
as sucessivas gerações dos direitos fundamentais, fazendo emergir a ideia de que as normas legais deveriam 
em determinado momento remeter a um não fazer e em outro a um fazer, posto que as necessidades de 
proteção aos direitos dos indivíduos assim requeriam que se comportassem.
Da análise conjunta do nosso ordenamento jurídico restou demonstrado que constitucionalmente o 
princípio da co-culpabilidade está implícito, o que não se confunde com inexistente, a nossa carta magna 
abarca tal instituto quando prevê, por exemplo, a individualização da pena, mas não só esta ferramenta 
máxima de nossa pirâmide legal, também o código penal abre margem para no momento de dosimetria 
da pena ser utilizado tal conceito, quando em seu artigo 59 dispõe de espaço para que a influência

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