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Plano de Aula: Ciência Grega: Pré-Socráticos FILOSOFIA DA CIÊNCIA - SDE3857 O Mito e a Filosofia A Filosofia é uma atividade que visa levar o homem ao saber Sua história tem como primeiro adversário o mito O mito aos olhos do filósofo não estaria preocupado em levar ao saber, ao conhecimento Aqui a palavra conhecimento é entendida como saber verdadeiro • não contraditório • que não busca causas em relações sobrenaturais • mas em relações naturais A palavra mito: também tem uma origem grega vem de mytheo conversação e a designação e de mytheyo narração, o contar algo para outro. O mito narra algo que é inquestionável para quem está inserido fielmente na atividade de ouvi- lo Qual a função do mito? • dizer algo que tal pessoa acredita sem que venha pensar muito de modo a colocá-lo em dúvida Seu papel é de... • informar e dar sentido à existência de quem crê nele • socializar as pessoas e criar uma comunidade que forma o "nós" os que se organizam socialmente da mesma forma • o mito é não só alguma coisa forte, mas é exatamente a narrativa (única) que diz o que é comum para este "nós" As cosmogonias • são de certa forma, narrativas sobre as origens do mundo • em geral elas estão presentes nos mitos isto quando não são a sua essência Do que falam? • De união sexual entre deuses, que geram o mundo • De união sexual entre deuses e humanos em geral criam situações complexas e dão o enredo a uma história que explica divisões, guerras, ciúmes, paixões, disputas sobre a justiça, etc As cosmologias Estão mais para o campo do pensamento filosófico do que para o pensamento mitológico • elas são a origem do pensamento filosófico • também entendidas como o início do pensamento científico • as cosmologias são teorias a respeito da natureza do mundo As cosmologias são genealogias • são conhecimento a respeito de elementos primordiais, mas naturais • o pensamento cosmológico remete à phýsis O que é physis? • palavra grega que tem a ver com o que é eterno, e de onde tudo surge, nasce, brota • trata-se de um elemento imperecível que gera todos os outros elementos naturais, que são perecíveis Os pré-socráticos Pré-socráticos - Definição Designa, na história da filosofia, os primeiros filósofos gregos Anteriores a Sócrates Também denominados fisiólogos por se ocuparem com o conhecimento do mundo natural (physis). Os pensadores pré-socráticos Viveram no "mundo grego" • mas nem todos antes de Sócrates Viveram entre o século sete e o meio do século quarto A.C. Sócrates: • nasceu em 470 e morreu em 399 A.C Obs: todas as datas, antes de Cristo, são, na sua maioria, estimativas Parte dos pensadores pré-socráticos foram, antes de tudo, COSMÓLOGOS Vários deles trabalharam em um sentido reducionista • tentaram encontrar uma substância única, ou força exclusiva, ou princípio básico capaz de ser apresentado como o... ▪ elemento efetivamente real e primordial do cosmos A filosofia dos Pré-socráticos: Filósofos da Natureza • pensamento voltado para a origem (racional) do mundo, do cosmos • dedicavam-se às investigações cosmológicas • buscando a arché O que é a arché? • o princípio fundamental de todas as coisas Os escritos pré-socráticos • quase tudo se perdeu, restando apenas poucos fragmentos Cosmologia: estudo, teoria ou descrição dos cosmos, do universo. Alguns filósofos Tales de Mileto: A água Viveu no período compreendido entre o final do século VII e meados do século VI a.C Considerado o pai da filosofia grega Famoso como matemático Famoso também pelos seus atos políticos A importância de Tales: • Advém sobretudo de ter afirmado que a água era a origem de todas as coisas ▪ a água seria o elemento primordial (a arché) de tudo o que existe A água seria a physis A physis no vocabulário da época • abrangia tanto a acepção de "fonte originária" quanto a de "processo de surgimento e de desenvolvimento" • Correspondendo perfeitamente a "gênese" Aspectos fundamentais da mentalidade científico-filosófica inaugurada por Tales: • Consistia na possibilidade de reformulação e correção das teses propostas IMPORTANTE: A partir de Tales, propõem-se uma nova visão de mundo • cuja base racional fica evidenciada na medida mesma em que ela é capaz de progredir, ser repensada e substituída Anaximandro de Mileto (610-547 a.C.): arché Para Anaximandro • o universo teria resultado de modificações ocorridas num princípio originário ou arché Que princípio seria esse princípio? • seria o ápeiron • que se pode traduzir por infinito e/ou ilimitado A ordem do mundo surgiu do caos em virtude deste princípio Assim, • o ápeiron seria o princípio original de todos os seres • tanto de seu aparecimento quanto de sua dissolução Para Anaximandro, • o ápeiron estaria animado por um movimento eterno • isso ocasionaria a separação dos pares de opostos Anaximandro afirma que, ao longo do tempo, os opostos pagam entre si as injustiças reciprocamente cometidas O que isso quer dizer? Para alguns intérpretes isso significaria a afirmação da lei do equilíbrio universal, garantida através do processo de compensação dos excessos Por exemplo: no inverno, o frio seria compensado dos excessos cometidos pelo calor durante o verão Anaxímenes de Mileto (588-524 a.C.): o ar Segundo este pensador, o elemento gerador de tudo é o ar Como surge tudo o que existe? Através da rarefação e da condensação, o ar forma tudo o que existe “Da mesma maneira que a nossa alma, que é ar, nos mantém vivos, também o sopro e o ar mantém o mundo inteiro” O universo resultaria das transformações de um ar infinito (pneuma ápeiron) Portanto, afirmava que todas as coisas seriam produzidas através do duplo processo mecânico de rarefação e condensação do ar infinito Esses pensamentos de Mileto adquiriam, assim, consistência Pois... além de se identificar qual a physis, • mostrava-se um processo capaz de tornar compreensível a passagem da unidade primordial à multiplicidade de coisas diferenciadas que constituem o universo MILETO: é uma antiga cidade da Ásia Menor, no sul da Jônia, cuja região atualmente faz parte da Turquia Heráclito de Éfeso (séc. VI- V a.C.): o fogo e o devir É conhecido como o filósofo do devir, da mudança "Este mundo, que é o mesmo para todos, nenhum dos deuses ou dos homens o fez; mas foi sempre, é e será um fogo eternamente vivo, que se acende com medida e se apaga com medida" nessa frase muitos veem uma das chaves para a decifração do pensamento de Heráclito de Efeso, que já na Antiguidade tornou-se conhecido como "o Obscuro" De acordo com Heráclito, o logos (razão/inteligência /discurso / pensamento) governa todas as coisas • está associado ao fogo O fogo: Gerador processo cósmico Tudo está em incessante transformação: “panta rei” (tudo flui) As coisas estão, pois, em constante movimento nada permanece o mesmo “não nos banhamos duas vezes no mesmorio” Todavia, não se deve deduzir dessa afirmação que Heráclito defendeu uma teoria da mudança contínua desregrada • Ao contrário, ele entendia que havia uma lógica - o logos, - governando tal mudança contínua Éfeso: foi uma cidade grega antiga na costa de Jônia Parmênides de Eléia (544-524 a.C.): o ser é uno, imóvel, eterno, imutável Para Parmênides, o ser é uno, imóvel, eterno, imutável Afirmava a unidade do ser, e, conseqüentemente, • negava a legitimidade racional da multiplicidade e do movimento Desse modo, • o devir, a mudança, seria ilusão e simples aparência O movimento É, assim, engano dos nossos sentidos “O ser é, o não-ser não é” Ou seja: o ser imutável, eterno, permanente das coisas, é o único que existe, enquanto o não-ser, que seria a mudança, não existe. Eleia: denominada Vélia na época romana, é uma antiga cidade da Magna Grécia
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