Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
¹ Graduando do Curso de História da UEMG, unidade Carangola. E-mail: ederlucas20@gmail.com ² Graduando do Curso de História da UEMG, unidade Carangola. E-mail: brunojesusalmeyda@gmail.com ARTIGO IGREJA MATRIZ DO BOM JESUS Eder Lucas De Souza Amorim Bruno Jesus Simões de Almeida RESUMO: Este artigo aborda o trabalho de atividade prática da Disciplina Patrimônio Histórico e Cultural do Curso de História da UEMG, unidade Carangola. Essa atividade consistiu numa visita a Igreja Matriz do Bom Jesus, patrimônio material da cidade de Manhumirim, Minas Gerais. A Igreja possui arquitetura em estilo gótico e sua construção foi concluída pelo Padre Júlio Maria. beatificada em 2017. A Igreja recebe anualmente a festa centenária, que recebeu o nome de Jubileu do Bom Jesus. PALAVRAS-CHAVE: Patrimônio material; Jubileu; Igreja Católica 1. INTRODUÇÃO A cidade de Manhumirim, Minas Gerais era povoada por índios no século XIX, o português Manoel Francisco de Paula Cunha foi o primeiro a se estabelecer na cidade, em homenagem ao Bom Jesus, de quem tinha devoção, doou um terreno para a construção de uma capela, que se deu nome Bom Jesus do Pirapitinga. Em 1930, o padre belga Júlio Maria de Lombaerd, que se tornou grande desenvolvedor da cidade ao construir edifícios de arquitetura marcante como o hospital, o Seminário Apostólico Romano e o Colégio Santa Terezinha, concluiu as obras da Igreja Matriz do Bom Jesus, no local onde existia a capela do bom Jesus de Pirapitinga. De 7 a 14 de setembro, ocorre Jubileu do Bom Jesus, tradição desde 1917, na Igreja Matriz do Bom Jesus. 2. O JUBILEU DO BOM JESUS Anualmente, no mês de setembro, dentre os dias 7 e 14 ocorre o Jubileu do Bom Jesus, tradição desde 1917, no Santuário do Bom Jesus. Em 1917, o Jubileu foi criado para comemorar o dia de Santa Cruz de Jesus crucificado, no dia 14 de setembro. Inicialmente comemorava-se na véspera do dia de Santa Cruz, porém pelo grande número de fiéis que vinham de outras cidades da região, os dias foram estendidos para oito dias de comemoração, de 7 a 14 de setembro. A palavra Jubileu significa entre os católicos, significa indulgência plenária concedida pelo papa a intervalos e por vezes, em ocasiões de aniversários e fatos religiosos importantes. 3. A IGREJA CATÓLICA COMO PATRIMÔNIO O patrimônio material pesquisado está localizado em Manhumirim, cidade situada na Zona da Mata de Minas Gerais, considerada Patrimônio Público Religioso, beatificada em 10 de maio de 2017, assinada por Emanuel Messias de Oliveira, declarando a igreja como Santuário Diocesano. Igreja foi construída em estilo gótico, com seu interior toda ilustrada com pinturas que retratam a Bíblia Sagrada. Foi a primeira igreja toda construída de concreto armado em toda a América Latina. O Jubileu é considerado como patrimônio cultural da cidade de Manhumirim, por ser uma festa tradicional de mais de 100 anos. Acontece todos os anos com grande quantidade de fiéis e visitantes de outras cidades da região. 4.COMO A IGREJA PODE SER CONSIDERADA COMO FONTE DE CATEGORIA DE PENSAMENTO Quando nos deparamos com um patrimônio material como uma igreja, em primeiro momento ela nos remete a um pensamento, uma lembrança do passado pela sua forte fisionomia, em seu interior pelas figuras, imagens e de principal a bíblia. Assim o pensamento se transforma em uma viagem ao passado e surgindo assim um patrimônio de pensamento. “É através do colecionamento que surge o Patrimônio e assim a categoria de pensamento por meios de objetos conservados é que se caracteriza a qualidade de um patrimônio trazendo contigo a capacidade de se viajar e interpretar o passado.” (MEMÓRIA E PATRIMÔNIO ENSAIOS CONTEMPORÂNEOS-Pág. 25) Mais que uma categoria de pensamento, o patrimônio leva a construir um processo de caracterização de uma sociedade, assim acaba por criar um processo de interação do presente com o passado que permite mostrar e identificar determinados costumes, rituais, de determinada sociedade. Neste contexto o patrimônio tem por se ser um fator de caracterização de uma sociedade, assim ressalta a importância de se cristalizar uma memória para o futuro, para que além de uma categoria de pensamento se torne também um meio de se unir as novas gerações com as antigas tornando-se assim todos humanos em um só. “O pstrimônio é usado não apenas para simbolizar, representar ou comunicar :é bom para agir. Essa categoria faz a mediação sensível entre seres humanos e divindades, entre mortos e vivos, entre passado e presente, entre o céu e a terra e entre outras oposições. Não existe apenas para representar ideias e valores abstratos e ser contemplado. O patrimônio, de certo modo, constói, forma as pessoas.”(MEMÓRIA E PATRIMÔNIO ENSAIOS CONTEMPORÂNEOS. REGINA ABREU. PAG.31) 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Considerando-se o patrimônio “IGREJA MATRIZ DE BOM JESUS” conclui-se que é de fundamental importância em relação a cidade localizada, já que além de patrimônio é de essencial importância para caracterizar a sociedade e um meio de auto renovação das novas gerações pelo forte conteúdo nela depositado e guardado. Constata-se também a forte importância do “JUBILEU DE BOM JESUS,” além de festa cultural um forte meio de alimentar as novas gerações e também um excelente processo para se preservar o patrimônio local juntamente com fotos, documentos, dossiês e etc. Além do mais deve se considerar o patrimônio como um excelente e meio de pesquisa que propõe instigar uma viagem no passado para que se compreenda os instintos e fatos a serem pesquisado e retratado, tornando-se além de uma categoria de pensamento, uma categoria de estudo. ANEXOS RELATÓRIO No dia 06/04/2018, estive na Igreja Matriz do Bom Jesus para realizar a atividade de campo sobre patrimônio, na qual pude observar: Fizemos a visita ao patrimônio religioso Santuário do Bom Jesus de Manhumirim, onde se encontra o bem apresentado no artigo, a Igreja Católica Matriz do Bom Jesus, concluímos pesquisas sobre as histórias da igreja e seus antepassados, pudemos ver que foi um bem construído pouco tempo depois que a cidade de Manhumirim foi construída. Poder compreender e visualizar um pouco mais sobre os estilos de arquitetura como a de estilo gótico apresentado no artigo, e também do patrimônio religioso e patrimônio cultural. Identificando também além da arquitetura, as artes apresentadas no interior da Igreja retratando a Bíblia Sagrada, confirmando ser um bem construído com seriedade e fé. ALUNOS Eder Lucas De Souza Amorim Bruno Jesus Simões de Almeida PATRIMÔNIO HISTÓRICO PROFESSORA ERIKA OLIVEIRA AMORIM ALUNOS: EDER LUCAS DE SOUZA AMORIM E BRUNO JESUS SIMÕES DE ALMEIDA 1° SEMESTRE DE 2018 José Reginaldo Santos. MEMÓRIA E PATRIMÔNIO: O Patrimônio Como Categoria de Pensamento. Páginas 22,29. O estudo das categorias de pensamento é uma contribuição original da tradição antropológica, no caso, estamos focalizando uma categoria não exótica, mas bastante familiar ao moderno pensamento ocidental. Muitos são os estudos que afirmam constituir-se a categoria de Patrimônio em fins doséculo XVIII, omite-se no encontro seu caráter milenar e não é simplesmente uma emulsão moderna. A noção de Patrimônio confunde-se com a de propriedade, porém constituem de certo modo extensões morais de seus proprietários, e estes por sua vez, são partes inseparáveis de totalidades sociais e cômicos que transcendem sua condição de indivíduo. [...] Se a noção de espírito nos pareceu ligada à de propriedade, imersamente esta se liga aquela propriedade e força são dois termos inseparáveis; propriedade e espírito se confundem. (id, ib, p.133) Discute-se a presença ou ausência do patrimônio, a necessidade ou não de preservá-lo, porém não se discute sua existência. Essa categoria é um lado de nossa consciência e de nossa linguagem, um pressuposto que dirige nossos julgamentos e raciocínios. Ainda que passamos a usar a categoria patrimônio em conteúdos muito diversos, é necessário adotar certas preocupações, pois recentemente constitui-se uma nova qualificação: O “patrimônio imaterial” ou “intangível” opondo-se ao chamado “patrimônio de pedra e cal”. Nessa nova categoria estão constadas lugares, gestos, religiões, música, dança, culinária e etc. A proposta existe no sentido de registrar essas práticas e representações para verificar sua permanência e suas transformações. A originalidade da contribuição dos antropólogos a construção e ao entendimento da categoria “patrimônio”, reside talvez na ambiguidade da noção antropológica de cultura, permanentemente exposto as mais diversas concepções. Explorando a direção de pensamento, é a própria categoria “patrimônio” que vem a ser pensado etnograficamente, tornando-se como referência o ponto de vista do outro. Ao que parece, estamos diante de um problema bem mais complexo do que sugerem aos debates políticos e ideológicos sobre o tema do patrimônio. • A categoria “colecionamento” talvez de certo modo, o processo de formação de patrimônio. P.24 • É possível transmitir outra cultura com a categoria “patrimônio”. P.24 • Trata-se também de um “fato social total”, na medida em que envolve arquitetura, culinária, música, religião e etc. p.26 PATRIMÔNIO HISTÓRICO PROFESSORA ERIKA OLIVEIRA AMORIM ALUNOS: EDER LUCAS DE SOUZA AMORIM E BRUNO JESUS SIMÕES DE ALMEIDA 1° SEMESTRE DE 2018 Lippi Lúcia Oliveira, Cidade: História e desafios, aprendendo com o patrimônio, Rio de Janeiro, 2002, pág. 140 a 155. O projeto Corredor Cultural, de iniciativa da prefeitura do Rio, surgiu em 1979, para proteger um importante acervo arquitetônico, histórico e ambiental do Centro da cidade, num contexto em que a maioria das pessoas pensava que a antiga capital não guardava mais nenhum patrimônio, além do que já havia sido tombado pelos órgãos federal e estadual. O que existia eram velhas e sem interesse, fadadas à demolição e ao desaparecimento. Esta era, mais ou menos o cenário das discussões. O principal conjunto que se identificou naquele momento como importante de se proteger. Assim era, portanto, o contexto geral: abertura política e o início das preocupações ambientais mais amplas e complexas, embora elas ainda não permeassem, sobremaneira, a questão do patrimônio histórico e se voltassem mais para a questão do patrimônio natural, que no Rio de Janeiro é extremamente significativo devido à presença avassaladora da natureza: montanhas, lagoas, praias, isso era o que incomodava notadamente a população. O descontentamento com a lenta, mas persistente, destruição da memória da cidade já continha o germe de uma visão mais abrangente do patrimônio: a preocupação com a destruição do ambiente em que as pessoas viviam, com as referências nas quais elas se reconheciam, com a forma como elas se guiavam e se relacionavam dentro da e com a cidade. Passadas mais de duas décadas, aparentemente o caminho valeu a pena. Nós temos os nossos políticos, administradores e associações de moradores hoje discutindo entre si e disputando sobre a melhor maneira de proteger a nossa cidade, os bairros da cidade, as ruas da cidade. A população se debruça sobre o assunto, se manifesta apaixonadamente sobre ele. O assunto pauta discussões de órgãos de representação, instituições públicas, matérias de jornais, de televisão, novelas e inclusive debates políticos. Há apenas que se tomar cuidado para que a apropriação política do assunto não venha a descaracterizar o próprio fundamento, transformando a questão do patrimônio numa arena de discussão política onde o que menos importa é o conteúdo. E foi nesse período, ainda bem no iníciodo projeto Corredor Cultural, que se criou uma outra situação também interessante, que foi a de abordá-lo por meio de dois olhares diferentes. De um lado, a visão técnica, mais pragmática, arquitetônica, dos planejadores que estão mais acostumados a ver a cidade como superfícies e volumes de uma maneira geral. Por mais sensibilidade que os arquitetos tenham, seu olhar é um olhar físico, quase exclusivamente espacial. De outro lado, uma visão mais fluida, da cidade como espaço de vivências e sentidos, mais simbólica, portanto. As discussões pareciam um pouco com o que Mário de Andrade preconizara nos tempos da criação do órgão federal de patrimônio: que das cidades se deveria tombar a atmosfera. Hoje parece fácil, mas na época foi necessário criar uma legislação específica para essa proteção. O primeiro desafio foi delimitar o que era o centro que se queria preservar. A meta essencial era trazer para a cidade a idéia de que o patrimônio que se estava preservando era um patrimônio. Uma questão que colocou certa dificuldade foi conceituar o instrumento legal a ser utilizado para a preservação. Como proteger aquele patrimônio, partindo do conjunto edificado e não da edificação isolada, já que ainda não existia nada parecido com isso na prefeitura da cidade. O que se conhecia era o instrumento do tombamento, amplamente aplicado no Brasil inteiro. Partiu-se então para utilizar o conceito de valor ambiental, preservando os conjuntos de edificações antigas, que mantinham ainda um alto grau de continuidade no espaço urbano. Decidiu-se também que, se era para valer mesmo, a proteção não deveria partir de um simples decreto do Poder Executivo, muito frágil e fácil de ser revogado. E o que se aprendeu, ao longo desse tempo todo? Em primeiro lugar, talvez, que foi possível preservar a memória num contexto até então avesso às coisas do passado e comprometido com os ideais do futuro. Respeitar a visão das pessoas que, de forma particular, apreendem essa memória e a vivenciam. Entender que é possível, portanto, preservar um ambiente urbano dotado de significado, que é percebido como parte de uma identidade, que tem interesse para um determinado grupo social ou bairro, ou mesmo uma determinada rua, e que é obrigação do Estado estar atento a isso. A maneira como o local será apropriado, se os moradores vão pintar as casas de cores diferentes um dia, ou se vão emprestar um significado simbólico diferente do que era ao início, isso não interessa mais a partir do momento em que o espaço está preservado e o processo está em andamento. Então, preservar é possível, é necessário e é muito importante. • iniciativa para proteger um importante acervo arquitetônico. • O descontentamento com a lenta, mas persistente, destruição da memória da cidade já continha o germe de uma visão mais abrangente do patrimônio. • Há apenas que se tomar cuidado para que a apropriação política do assunto não venha a descaracterizaro próprio fundamento, transformando a questão do patrimônio numa arena de discussão política onde o que menos importa é o conteúdo. • Uma questão que colocou certa dificuldade foi conceituar o instrumento legal a ser utilizado para a preservação. • Partiu-se então para utilizar o conceito de valor ambiental, preservando os conjuntos de edificações antigas. • Foi então possível preservar a memória num contexto até então avesso às coisas do passado e comprometido com os ideais do futuro.
Compartilhar