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Decisão sobre Vínculo Empregatício em Igreja

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Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho
 
 
 
 
 
 
PROCESSO Nº TST-AIRR-1611-11.2010.5.02.0081 
 
Firmado por assinatura digital em 05/02/2014 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, nos termos da 
Lei nº 11.419/2006, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira. 
A C Ó R D Ã O 
6ª Turma 
ACV/pr 
 
AGRAVO DE INSTRUMENTO. IGREJA 
PRESBITERIANA. PASTOR. NATUREZA 
VOCACIONAL E RELIGIOSA DAS ATIVIDADES 
DESENVOLVIDAS. VÍNCULO EMPREGATÍCIO – 
NÃO CARACTERIZAÇÃO. DESPROVIMENTO. 
Diante da ausência de violação dos 
dispositivos indicados, não há como 
admitir o recurso de revista. Agravo de 
instrumento desprovido. 
 
 
Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo 
de Instrumento em Recurso de Revista n° TST-AIRR-1611-11.2010.5.02.0081, 
em que é Agravante MÁRCIO PEREIRA DE SOUZA e Agravadas IGREJA 
PRESBITERIANA INDEPENDENTE DO BRASIL E OUTRA. 
 
Agravo de instrumento interposto com o fim de 
destrancar despacho que negou seguimento ao recurso de revista. 
Contraminutas e contrarrazões apresentadas às fls. 
277/283. 
Sem manifestação do d. Ministério Público do Trabalho. 
É o relatório. 
 
V O T O 
 
I - CONHECIMENTO 
Conheço do agravo de instrumento interposto na 
vigência da Lei nº 12.275/10, uma vez que se encontra regular e 
tempestivo, sendo desnecessário o preparo, pois interposto pela parte 
reclamante. 
 
 
 
 
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II – MÉRITO 
IGREJA PRESBITERIANA. PASTOR. NATUREZA VOCACIONAL E 
RELIGIOSA DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS. VÍNCULO EMPREGATÍCIO – NÃO 
CARACTERIZAÇÃO. 
O eg. Tribunal Regional, quando do exame do recurso 
ordinário interposto pelas reclamadas, deu-lhe provimento, para afastar 
a declaração de vínculo empregatício, julgando improcedente a pretensão 
deduzida na petição inicial. 
Eis os termos do v. acórdão regional: 
 
“Vínculo empregatício: 
Inconformam-se as reclamadas com a decisão de origem que deferiu o 
pedido de reconhecimento de vínculo empregatício. Argumenta que a 
atividade de ensino em seminário da Igreja ré fazia parte dos misteres 
religiosos confiados ao Pastor. 
Pois bem. 
O demandante era pastor da primeira reclamada no presbitério de 
Santana desde 1986. A partir de 1995, passou a ensinar História da Igreja no 
seminário da primeira reclamada de uma a duas vezes por semana. É o que 
informou em depoimento pessoal (fls.180). 
A despeito de serem religiosas ou didáticas as tarefas, eram todas 
desempenhadas em favor da Igreja, da comunidade que pertencia. 
Discute-se, então, se a prestação de serviços de natureza não religiosa ao ente 
religioso, no caso a IGREJA PRESBITERIANA INDEPENDENTE DO 
BRASIL, seria capaz de atrair a aplicação do Direito do Trabalho. 
Entendo que não. 
As funções mencionadas foram confiadas ao autor, como um ofício da 
Igreja. Ao contrário do que considerou a origem, não existia, em verdade, 
separação entre as atividades religiosas e não religiosas por ele 
desempenhadas. 
O artigo 29, da Constituição da Igreja (fls.164), estabelece como 
atividade relacionada aos presbíteros docentes ou ministros a pregação, o 
ensino, governo, disciplina, beneficência e administração de sacramentos, 
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portanto, a atividade de ministrar aulas desenvolvida pelo autor, insere-se 
dentre as atividades de Pastor. 
A elucidar a questão a lição de Alice Monteiro de Barros: ‘As 
múltiplas funções confiadas ao religioso constituem um único ministério 
sacerdotal, pois a vocação se concebe em uma perspectiva capaz de englobar, 
por sua finalidade, uma atividade profissional’ (Curso de Direito do 
Trabalho. São Paulo: LTr, 2009, p. 470). 
Os misteres no Seminário tinham relação direta com o cumprimento 
dos votos impostos pelas regras da ordem religiosa da reclamada, 
circunstância que afasta a configuração da relação de emprego. 
Mesmo que tais tarefas pudessem ser realizadas por um laico, isto não 
quer dizer que, confiadas ao reclamante, estavam fora de seu ministério 
sacerdotal. 
Irrelevante também que recebesse certa importância mensalmente, 
porquanto esta visava garantir-lhe a sobrevivência e, por certo, oferecer-lhe 
maior disponibilidade para se dedicar aos trabalhos na Igreja, até em vista do 
ofício que desenvolvia. 
Ao se vincular a Igreja, o pastor se obriga a aceitar as missões 
confiadas pela autoridade eclesiástica, pertencente à mesma comunidade, e 
se submete à organização e às regras desta comunidade, o que não significa 
que se coloque aquele como empregado. 
Mesmo porque a vinculação se dá por questão de fé, não na expectativa 
de receber salário. 
A jurisprudência trabalhista tem reiteradamente afastado a 
possibilidade de reconhecimento do vínculo, nestes casos, pela ausência 
justamente do requisito da onerosidade. O religioso não atua com vistas a 
receber a correspondente contraprestação, mas sim se vincula à instituição 
religiosa por convicção de fé. E justamente por fundamentar-se em valores 
de índole espiritual, baseados na fé (‘certeza das coisas que se esperam, mas 
que ainda não se veem’ – Hb 11:1), cuja esperança repousa na certeza da 
recompensa divina, e não na contrapartida salarial ou nos padrões contratuais 
convencionais, a hipótese escapa completamente às raias do Direito do 
Trabalho. 
Veja-se que o religioso atuou perante a Igreja por uma questão de fé. 
Atuou perante a Igreja em razão de seus votos. Não houve, portanto, uma 
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relação sinalagmática, em que o pastor prestou seus serviços na expectativa 
de receber o correspondente pagamento. É uma situação, portanto, em que 
não há o animus contrahendi para a formação de um contrato de emprego. 
Isto é, as partes não pretenderam a formação de uma relação empregatícia. A 
intenção de ambos estavajungida pela fé e compromisso com o Evangelho. 
O reclamante, como presbítero docente desenvolvia ofício na Igreja, 
cujo artigo 30 da Constituição da Igreja afirma ser uma vocação, um 
‘chamado de Deus’: ‘Art. 30 – Vocação ordinária para um ofício na igreja é o 
chamado de Deus, pelo Espírito Santo, por meio de testemunho interno de 
uma boa consciência, aprovação manifesta do povo de Deus e o concurso do 
juízo de um concílio legítimo.’ (fls.164) 
De outra parte, a atividade de ensino era voltada para a formação do 
próprio corpo da Igreja, não havia o intuito de formação acadêmica, as aulas 
eram ministradas no Seminário e eram destinadas à formação de pastores. 
Não havia a subordinação própria da relação empregatícia. 
A despeito do fato de o Seminário ter se tornado uma Faculdade de 
Teologia, a partir de 2009, quando a segunda reclamada assumiu a gestão, o 
fato é que o reclamante não trabalhou para a faculdade, apenas no seminário, 
conforme o depoimento do preposto da segunda ré às fls. 181, não elidido 
por outras provas em sentido contrário. 
Finalizo, acrescentando que beira a má-fé a conduta adotada pelo 
reclamante. Pretendeu o reconhecimento de uma relação de trabalho, na 
condição de professor, mas não fez constar uma única linha em sua prefacial 
acerca da sua condição de pastor. 
E não constou justamente por saber o autor que são circunstâncias que 
se excluem. Pastor não é empregado. 
Neste contexto, dou provimento ao recurso da reclamada para julgar 
improcedente a reclamatória. Custas em reversão, na forma da lei, das quais 
fica isento o reclamante, eis que beneficiário da justiça gratuita 
(fls.185-verso).” 
 
O reclamante defende a configuração de vínculo 
empregatício com a primeira reclamada (Igreja Presbiteriana Independe 
do Brasil), ao argumento de que prestou serviços de natureza não eventual, 
com subordinação e mediante pagamento de salários. Afirma que os 
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prepostos confessaram que as atividades desenvolvidas não tinham 
envolvimento com os ofícios religiosos. Aduz que o não reconhecimento 
do vínculo importa afronta aos princípios da dignidade da pessoa humana 
e da valorização do trabalho. Assevera que sua convicção religiosa não 
se confunde com o trabalho prestado em favor da primeira reclamada. Aponta 
violação dos arts. 1º, III e IV, 5º, VIII, da Constituição Federal, 348, 
350 e 354 do CPC, 2º, § 1º, 3º e 9º da CLT. 
O eg. Regional Tribunal, após exame da prova, 
consignou que o reclamante, na qualidade de pastor, desempenhava tarefas, 
religiosas ou didáticas, em favor da Igreja Presbiteriana Independente 
do Brasil (primeira reclamada), ao argumento de que, no caso, inexiste 
separação entre tais atividades. Consignou, ainda, que a atividade de 
ministrar aulas, nos termos do art. 29 da Constituição da Igreja, 
insere-se no ministério sacerdotal. 
Registrou, também, que a importância repassada 
mensalmente objetivava garantir a sobrevivência do reclamante, 
oferecendo-lhe “maior disponibilidade para se dedicar aos trabalhos na 
Igreja, até em vista do ofício que desenvolvia”, o que materializa a 
vinculação por convicção de fé, “cuja esperança repousa na certeza da 
recompensa divina, e não na contrapartida salarial ou nos padrões 
contratuais convencionais”. 
Além disso, a eg. Corte Regional registrou que a 
atividade de ensino tinha como foco a formação do próprio corpo da Igreja, 
não havendo o intuito de formação acadêmica, na medida em que as aulas 
eram ministradas no seminário, objetivando a formação de pastores, sem 
qualquer “subordinação própria da relação empregatícia”. 
Extrai-se, por fim, que a transformação do seminário 
em Faculdade de Teologia, no ano de 2009, não altera o ofício religioso 
do reclamante, pois não chegou a trabalhar “para a faculdade, apenas no 
seminário, conforme o depoimento do preposto da segunda ré às fls. 181, 
não elidido por outras provas em sentido contrário”. 
Diante desse contexto, tem-se que as atividades 
exercidas pelo reclamante eram de natureza eclesiástica, sem vinculação 
empregatícia, portanto, de natureza vocacional e religiosa. Assim, 
somente em caso de desvirtuamento da própria instituição religiosa é que 
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se poderia enquadrar a Igreja como empresa e o pastor como empregado, 
o que não restou demonstrado no caso concreto. 
Nesse sentido, os seguintes precedentes desta c. 
Corte: 
 
“VÍNCULO EMPREGATÍCIO. PASTOR EVANGÉLICO. FATOS E 
PROVAS. O Tribunal Regional decidiu com base no exame dos fatos e da 
prova insertos nos autos, sendo contundente ao concluir pela inexistência de 
relação de emprego entre as partes, bem como de ter restado configurada a 
prestação de serviços religiosos, o que não formava vínculo empregatício 
entre as partes. Desse modo, somente com o reexame da moldura fática 
delineada no acórdão regional, seria possível reconhecer a veracidade das 
alegações produzidas no recurso de revista. Incidência da Súmula nº 126 do 
TST.” (RR-93000-38.2008.5.17.0014, Relator Min. Emmanoel Pereira, 5ª 
Turma, DEJT 19/04/2011) 
 
“AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. 
VÍNCULO DE EMPREGO. ENTIDADE RELIGIOSA. ÔNUS DA 
PROVA. O Tribunal Regional do Trabalho concluiu, com base na valoração 
da prova produzida, que não restaram preenchidos os pressupostos 
fáticos-jurídicos que autorizariam o reconhecimento do vínculo de natureza 
empregatícia, porquanto a relação existente entre as partes não era de cunho 
patrimonial/trabalhista, mas sim filantrópico/religioso. Nesse contexto, o 
processamento do recurso de revista revela-se inviável, uma vez que o 
quadro fático-probatório delineado no acórdão regional não viabiliza o 
enquadramento jurídico pretendido pela reclamante, havendo correta 
distribuição do encargo da prova quanto ao fato impeditivo de seu direito. 
Ilesos os arts. 2º e 3º da CLT, 333, II, do CPC e 16, I, do Código Civil 
pretérito. Agravo de instrumento a que se nega provimento.” (AIRR - 
9644400-72.2003.5.04.0900 , Relator Ministro: Walmir Oliveira da Costa, 
Data de Julgamento: 11/02/2009, 1ª Turma, Data de Publicação: 
20/02/2009). 
 
“AGRAVO DE INSTRUMENTO - PASTOR EVANGÉLICO - 
RELAÇÃO DE EMPREGO - NÃO-CONFIGURAÇÃO - REEXAME DE 
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PROVA VEDADO PELA SÚMULA 126 DO TST. O vínculo que une o 
pastor à sua igreja é de natureza religiosa e vocacional, relacionado à 
resposta a uma chamada interior e não ao intuito de percepção de 
remuneração terrena. A subordinação existente é de índole eclesiástica, e não 
empregatícia, e a retribuição percebida diz respeito exclusivamente ao 
necessário para a manutenção do religioso. Apenas no caso de 
desvirtuamento da própria instituição religiosa, buscando lucrar com a 
palavra de Deus, é que se poderia enquadrar a igreja evangélica como 
empresa e o pastor como empregado. No entanto, somente mediante o 
reexame da prova poder-se-ia concluir nesse sentido, o que não se admite em 
recurso de revista, nos termos da Súmula 126 do TST, pois as premissas 
fáticas assentadas pelo TRT revelam que a função exercida pelo Reclamante 
estava estritamente ligada à intimidade da consciência religiosa e à 
assistência espiritual desde a adesão à função de pastor por livre 
manifestação de vontade, não sendo hipótese de vínculo de emprego” (AIRR 
- 74040-42.2005.5.05.0024 , Relator Ministro: Ives Gandra Martins Filho, 
Data de Julgamento: 27/08/2008, 7ª Turma, Data de Publicação: 
05/09/2008). 
 
“AGRAVO DE INSTRUMENTO. VÍNCULO EMPREGATÍCIO. 
DESPROVIMENTO. Inadmissível o Recurso de Revista quando o Tribunal 
Regional afastou expressamente os requisitos de subordinação e 
onerosidade, descaracterizando a natureza remuneratória da ajuda financeira 
recebida, por decorrer de doações dos fiéis, e concluiu, com base na prova 
testemunhal, que se tratava do exercício das funções de pastor, à qual o 
reclamante aderira de forma consciente e voluntária; não demonstrada ofensa 
à literalidade do art. 3º, CLT e dissenso pretoriano, por inespecificidade dos 
arestos citados (Súmula nº 296 do Tribunal Superior do Trabalho). Agravo 
de Instrumento desprovido” (AIRR - 72740-90.2004.5.03.0103 , Relatora 
Juíza Convocada: Maria do Perpétuo Socorro Wanderley de Castro, Data de 
Julgamento: 16/11/2005, 1ª Turma, Data de Publicação: 03/02/2006) 
 
Assim, constatado o exercício de ministério religioso 
por parte do autor, de acordo sua convicção filosófica, sem ingerência 
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por parte da Igreja, controle ou subordinação, inexiste lastro para o 
reconhecimento de vínculo empregatício. 
Intactos, portanto, os dispositivos invocados. 
Por esses fundamentos, nego provimento ao agravo de 
instrumento. 
 
 
 
ISTO POSTO 
 
ACORDAM os Ministros da Sexta Turma do Tribunal 
Superior do Trabalho, por unanimidade, negar provimento ao agravo de 
instrumento. 
Brasília, 05 de fevereiro de 2014. 
 
 
Firmado por assinatura digital (Lei nº 11.419/2006) 
ALOYSIO CORRÊA DA VEIGA 
Ministro Relator 
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