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Direito Constitucional Processual

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Direito Constitucional Processual
Prof. Rafael Cristiano Brugnerotto
rafael@brugnerotto.com.br
Construção histórica
1215: edição da Magna Charta Libertatum (Inglaterra), por meio de pressão dos nobres, detentores de capital na época, com a busca da limitação do poder do rei; regente à época: Rei João Sem Terra; instituiu o princípio do devido processo legal;
1689: Revolução Gloriosa, com a edição do documento “Bill of rights”, marcando a queda do absolutismo e o início do liberalismo e instituição do parlamento, mas ainda com o intuito de preservação do poder e propriedade dos nobres;
1776: Revolução Americana;
1789: Revolução Francesa (Liberdade, Igualdade e Fraternidade); Rosseau e Locke marcaram a construção doutrinária da época;
1917 (México) e 1919 (Alemanha, Estado de Weimar): marcam a instituição do “Wellfare State” (Estado do Bem Estar Social); foram estas as primeiras constituições a positivarem os direitos sociais;
Brasil:
Independência em 1822;
Em 1823 é convocada uma assembléia constituinte, que em pouco tempo é desfeita pelo Rei, em função das idéias liberalistas que visavam incluir no texto constitucional;
Em 1824 foi outorgada a primeira Constituição Brasileira; ainda era uma monarquia absolutista;
Em 1889 foi Proclamada a República, por pressão dos coronelistas; mudou-se o sistema para o Presidencialista;
Em 1891 foi promulgada a Constituição dos Estados Unidos do Brasil, por construção de Rui Barbosa, com forte influência da Constituição Americana; passaram a se alternar no poder os oligarquistas de São Paulo e Minas Gerais (política café-com-leite), já que a Constituição previa que a votação era aberta (voto cabresto);
Em 1930 (no mundo a política da moda era a positivação dos direitos sociais) Getúlio Vargas toma o poder;
Em 1934 foi promulgada uma nova Constituição; foi a primeira constituição brasileira que positivou direitos dos trabalhadores, além de instituir o voto feminino, prever o mandado de segurança e que as próximas eleições presidenciais seriam diretas;
Em 1937, com o intuito de manter o poder e justificando suas atitudes no “perigo”do comunismo, Getúlio Vargas outorga uma nova Constituição, fechando o Congresso, instituindo um governo absolutista;
Em 1945 Eurico Gaspar Dutra derruba o poder de Vargas através de processo eletivo;
Entre 1962 e 1964 o presidente João Goulart passa a se aproximar de governos comunistas;
Em 1964 o governo de João Goulart é derrubado pelos militares, com forte influência americana, passando-se a governar a partir de atos institucionais;
Em 1967 foi outorgada (na opinião de José Afonso da Silva) uma nova Constituição, com o intuito de institucionalizar a ditadura militar;
Em 1969, com o AI5 tornou-se o representante do executivo ainda mais poderoso, enfraquecendo os demais poderes e instituindo a EC 1, que parecia ser uma nova constituição, a de 1969;
Em 1988 foi promulgada a Constituição vigente, conhecida como a Constituição Cidadã;
Classificação das Constituições
Quanto à forma: escritas (também chamadas de formais) e não escritas (também chamadas de consuetudinárias; ex.: Constituição da Inglaterra);
Quanto ao conteúdo (diz respeito ao que está inserido na Constituição): material (cláusulas mais importantes) e formal (cláusulas menos importantes);
Quanto à Origem:
Outorgadas (impostas: 1824, 1937, 1967 e 1969);
Promulgadas (democráticas ou populares, provenientes de uma Assembleia Nacional Constituinte: 1891, 1934, 1946 e 1988);
Cesaristas (conceito de José Afonso da Silva: é uma Constituição que é imposta pelo Ditador e após segue para ratificação em consulta popular; ex.: Chile);
Quanto à estabilidade:
Rígida: só pode ser alterada por um processo solene e dificultoso; no Brasil exige voto de 3/5 dos Senadores e dos Deputados Federais em 2 votações em cada casa;
Semi-rígida: o conteúdo material é alterado pelo procedimento de EC; o conteúdo formal é alterado por Lei Ordinária; ex.: Constituição de 1824;
Flexível: Constituições que podem ser alteradas por meio de Lei Ordinária;
Alexandre de Morais traz também a classificação Super-rígida: Constituições que, em certos pontos, não podem ser modificadas; ex.: cláusulas pétreas (art. 60, § 4º, CF);
Quanto ao modo de elaboração:
Dogmáticas: Constituições que se fundam em conceitos preexistentes, como, por exemplo, o modelo de separação de poderes;
Históricas: formadas pela história, pelos costumes;
Quanto à extensão:
Analíticas: Constituições que possuem conteúdo material e formal;
Sintéticas: Constituições que trazem apenas cláusulas de conteúdo material (Direitos e Garantias Fundamentais e Organização e Estrutura do Estado);
Classificação da CF/1988: escrita; com conteúdo material e formal; promulgada; dogmática; rígida; analítica;
Aplicabilidade e Efetividade das Normas Constitucionais
Normas de eficácia plena: normas de aplicabilidade imediata, desde o momento da entrada em vigor da Constituição; ex.: art. 5º, § 1º, da CF;
Normas de eficácia contida: também chamadas de normas restringíveis, dependendo da edição de Lei que indicará as restrições; ex.: art. 5º, inc. XIII, da CF;
Normas de eficácia limitada: normas que não possuem eficácia até que uma Lei seja editada em complementação ao texto constitucional; ex.: art. 7, inc. XI, da CF;
Normas programáticas: ex.: art. 3º, da CF; para Pedro Lenza o art. 196 (saúde) é norma programática, mas, na opinião do Prof. Rafael Brugnerotto, trata-se de um equívoco este entendimento, defendendo que as normas programáticas são “subterfúgios ou desculpas jurisprudenciais para justificar a inércia e a ineficácia do Estado no cumprimento de suas obrigações”; o Prof. também critica o posicionamento de Pedro Lenza que se ampara no Princípio da Reserva do Possível para justificar a existência das normas programáticas;
Normas preceptivas: sinônimo de normas de eficácia plena;
Supremacia da Constituição
Teorias que visam à explicação da Supremacia Constitucional
Teoria Pura do Direito (Hans Kelsen): Norma Hipotética Fundamental, que é o conjunto dos principais valores que regem a vida em sociedade; Direito = Norma = Norma Hipotética Fundamental, que quer dizer que a sociedade tem que garantir que seja supremo o conjunto dos principais valores que regem a vida social; todas as normas devem estar em consonância com a norma de maior valor, que é a Constituição;
Teoria Tridimensional do Direito (Miguel Reale);
Controle de Convencionalidade: sistema que analisa a entrada no ordenamento jurídico nacional dos Tratados Internacionais; os Tratados Internacionais que versam sobre Direitos Humanos serão equivalentes às Emendas Constitucionais se submetidos ao procedimento do art. 5, § 3º, da CF; quando o Tratado, mesmo que não estando no nível de Emenda Constitucional, estiver em conflito com a Constituição, prevalecerá a norma que beneficiar mais o ser humano, de acordo com o entendimento do STF (ex.: Pacto de São José da Costa Rica, que não tem status de EC, mas estabelece a impossibilidade de prisão do infiel depositário, que é aplicado pela jurisprudência nacional);
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.
* Tratados de Direitos Humanos que não passem pelo quorum estabelecido no dispositivo acima são escalonados acima das Leis Complementares e abaixo da Constituição;
* Tratados que não se referem a Direitos Humanos tem status de Lei Ordinária;
Controle de Constitucionalidade: serve para garantir a Supremacia da Constituição, por meio da adequação das leis ao Texto Constitucional; pode ser:
Político: controle de constitucionalidade realizado pelos Entes Políticos; a regra, no Brasil, é de que este controle é preventivo (ocorre antes do vigor da lei), por meio das CCJs e do poder de veto do Presidente da República;
* a derrubada do vetopelo Congresso Nacional pode ocorrer na forma do art. 66, § 4º, da CF;
§ 4º - O veto será apreciado em sessão conjunta, dentro de trinta dias a contar de seu recebimento, só podendo ser rejeitado pelo voto da maioria absoluta dos Deputados e Senadores, em escrutínio secreto.
* há possibilidade de controle político repressivo em relação às Medidas Provisórias, que já possuem vigor quando editadas e podem vir a não ser aprovadas pelo Congresso; outra possibilidade é relacionada ao Tribunal Constitucional, se este não for pertencente ao Poder Judiciário;
Jurídico: controle de constitucionalidade realizado pelo Poder Judiciário; em regra, o controle é repressivo; pode ser Concentrado ou Difuso;
* há possibilidade de controle jurídico preventivo quando é flagrantemente inconstitucional o Projeto de Lei, por meio de Mandado de Segurança junto ao STF para interromper o trâmite do Projeto no Congresso;
Controle Difuso (sinônimos: Concreto / Via de Exceção / Incidental / Incidenter Tantum): possui efeito inter partis; pode ser exercido por qualquer juiz ou tribunal; pode ser suscitado por qualquer pessoa e em qualquer tipo de ação; há necessidade de pré-questionamento;
* exceções em que as decisões do controle difuso podem alcançar o efeito erga omnes: art. 52, inc. X, da CF (quando o Senado suspende a eficácia de lei declarada inconstitucional pelo STF em controle difuso) e edição de Súmula Vinculante pelo STF; este fenômeno é também conhecido como “abstrativização do controle difuso” ou de “objetivização do controle difuso” ou de “transcendência dos motivos determinantes da sentença do controle difuso”;
Controle Concentrado (sinônimos: Abstrato / Via de Ação) possui efeito erga omnes; pode ser exercido apenas pelos TJs (violação relacionada à Constituição Estadual) e pelo STF (violação relacionada à Constituição Federal); pode ser suscitado apenas pelos legitimados constantes no art. 103 da CF, por meio de ADIN, ADIN por omissão, ADECON ou ADPF;
 Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de constitucionalidade:
 I - o Presidente da República;
 II - a Mesa do Senado Federal;
 III - a Mesa da Câmara dos Deputados;
 IV a Mesa de Assembléia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal;
 V o Governador de Estado ou do Distrito Federal;
 VI - o Procurador-Geral da República;
 VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; 
 VIII - partido político com representação no Congresso Nacional;
 IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.
Misto: quando há a combinação entre os controles Político e Jurídico no mesmo sistema, no posicionamento de Pedro Lenza; para José Afonso da Silva, o controle de constitucionalidade brasileiro é Jurídico;
Ação Direta de Inconstitucionalidade – ADIN
É uma ação declaratória, pois tem a finalidade de declarar a inconstitucionalidade; se improcedente, declara-se a constitucionalidade;
Legitimidade passiva: o dispositivo questionado, a norma;
Lei Municipal que fere Constituição Federal não pode ser questionada por meio de ADIN; apenas pode ser questionada por meio de controle difuso ou de ADPF (neste caso proposta por um dos legitimados do art. 103 da CF);
Defesa da constitucionalidade da norma: Advogado Geral da União;
Art. 103, CF § 3º - Quando o Supremo Tribunal Federal apreciar a inconstitucionalidade, em tese, de norma legal ou ato normativo, citará, previamente, o Advogado-Geral da União, que defenderá o ato ou texto impugnado.
Manifesta-se nos autos o MPU, representado pelo Procurador Geral da República;
Art. 103, CF § 1º - O Procurador-Geral da República deverá ser previamente ouvido nas ações de inconstitucionalidade e em todos os processos de competência do Supremo Tribunal Federal.
A decisão que declarar a inconstitucionalidade terá efeitos, em regra, ex tunc; o quórum para esta decisão é de maioria absoluta dos Ministros do STF;
Em determinados casos, a decisão pode ter efeitos ex nunc; para tanto, há necessidade de se fundamentar tal posição por motivo de segurança jurídica ou relevante interesse social; o quórum para atribuir este efeito deve ser de 2/3 dos Ministros do STF; este fenômeno recebe o nome de “modulação dos efeitos determinantes da decisão no controle concentrado”;
Divide-se em duas modalidades: Interventiva e Genérica;
ADIN Interventiva
Chamada representação interventiva (introduzida na CF de 1934); em caso de violação aos princípios sensíveis da CF, a União pode intervir nos Estados e estes nos Municípios;
Obs.: o único legitimado para propor esta modalidade de ADIN é o Procurador Geral da República;
Previsão: a partir do art. 34, CF; art. 18, CF;
A decretação da intervenção é competência do Chefe do Poder Executivo; o judiciário apenas analisa os pressupostos para a decretação da intervenção; o Chefe do Poder Executivo é obrigado a decretar a intervenção nos casos de violação de princípios sensíveis da CF (art. 34, inc. VII);
Legitimidade passiva: Ente Federativo que violou os princípios sensíveis da CF;
Procedimento: Lei 4337/1964; arts. 20 e 21 da Lei 8038/1990; arts. 350 a 354 do Regimento Interno do STF;
O PGR deve indicar, na inicial, sob pena de indeferimento por inépcia:
Os princípios sensíveis violados;
O ato normativo, o ato administrativo, o ato concreto ou a omissão que violou os princípios;
Trazer a prova da violação ou da recusa da execução da Lei Federal;
O pedido pela intervenção;
Do indeferimento da inicial cabe o recurso de agravo, no prazo de 5 dias; o Ente Federativo terá o prazo de 10 dias para prestar as informações que entender pertinentes;
Cabimento de liminar: o entendimento é de que cabe, sendo previsto na Lei 12562/2011, no art. 5º;
Intervenção de terceiros (amicus curiae): é cabível, de acordo com o art. 7º, parágrafo único, da Lei 12562/2011; ex.: cientistas, especialistas em assuntos pontuais, etc.;
Com o julgamento procedente pelo STF, encaminha-se para o Presidente da República, que terá o prazo de 15 dias para nomear o interventor (art. 84, inc. X, da CF)
 Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: [...]
 X - decretar e executar a intervenção federal;
A decisão do STF é irrecorrível; também é insuscetível de impugnação por ação rescisória;
Para o julgamento o quórum mínimo é de 8 Ministros para realizar a votação; o voto da maioria absoluta dos Ministros do STF (6) é necessário para dar a procedência;
ADIN Genérica
Legitimidade Ativa:
Legitimados Neutros: presentes nos incisos I, II, III, VI, VII e VIII, do art. 103 da CF;
Legitimados Interessados: presentes nos incisos IV, V e IX, do art. 103 da CF; devem ter pertinência temática para que possam propor a ADIN;
Se o Partido deixou de ter representação no Congresso após a propositura da ação, esta continuará seu trâmite normal; o requisito é verificado apenas no momento de propositura da demanda;
Defesa do ato normativo impugnado: AGU;
Efeitos da decisão: erga omnes e vinculante a todos os órgãos da Administração Pública Direta e Indireta; o órgão que não respeitar a decisão pode sofrer uma Representação; em regra, possui efeitos ex tunc (retroage até a data da entrada em vigor da norma no ordenamento);
O STF não é restrito aos pedidos da ação; pode julgar inconstitucional o dispositivo inteiro, fragmentos deste ou simplesmente certas interpretações que possam ser feitas do dispositivo; Pedro Lenza dá o nome a este fenômeno de Princípio da Parcelaridade;
Para declaração da inconstitucionalidade requer-se maioria absoluta do STF, 6 Ministros;
Modulação dos efeitos: em virtude de Excepcional Interesse Social ou Segurança Jurídica, o STF, com voto de 2/3 de seus integrantes (8 Ministros), poderá modular os efeitos da decisão e atribuir o efeito ex nunc (os Ministros definem a partir de que data será considerada inválida a norma);
Regulamentação:Lei 9868/1999; art. 103 da CF;
Ajuizada a ação, o AGU tem o prazo de 30 dias para prestas as informações;
Ação Declaratória de Constitucionalidade – ADECON
Na ADECON não é necessária a defesa por meio do Advogado Geral da União;
Antes da EC 45/2004 (mudou o caput do art. 103 da CF), poderiam propor tal ação apenas Presidente da República, PGR, Mesa da Câmara e Mesa do Senado;
Legitimidade ativa: art. 103 da CF;
A finalidade de quem ajuíza é Declarar a Constitucionalidade do dispositivo, de forma a inibir decisões diferentes em distintos juízos ou tribunais; após a declaração da constitucionalidade, inibe-se a insegurança jurídica anteriormente instaurada;
Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão – ADO
Objeto: normas constitucionais de eficácia limitada (aquela que precisa de lei para se tornar efetivo o direito constitucional);
Instrumento do controle concentrado de constitucionalidade;
Legitimidade ativa: art. 103 da CF, ressalvada a pertinência temática;
Legitimidade passiva: Órgão responsável pela omissão legislativa;
Procedimento:
Com a procedência da ação, o STF comunica o órgão responsável pela omissão legislativa; o órgão não tem a obrigação de legislar, já que se trata de poder discricionário;
Quando a omissão legislativa for atribuída a Órgão da Administração, esta deverá suprir a omissão no prazo de 30 dias;
CF, art. 103 § 2º - Declarada a inconstitucionalidade por omissão de medida para tornar efetiva norma constitucional, será dada ciência ao Poder competente para a adoção das providências necessárias e, em se tratando de órgão administrativo, para fazê-lo em trinta dias.
Efeitos: pouco eficaz, uma vez que não obriga o órgão omisso a legislar;
Competência: de acordo com o órgão responsável pela omissão legislativa;
Não há previsão de sanar omissão de legislação municipal pela ADO, apenas por Mandado de Injunção;
Mandado de Injunção
Instrumento do controle difuso de constitucionalidade;
Legitimidade ativa: qualquer pessoa que esteja sendo prejudicada em razão da falta da norma regulamentadora;
Legitimidade passiva: órgão responsável pela omissão legislativa;
Competência: de acordo com o órgão responsável pela omissão legislativa;
Efeitos:
Posição concretista:
Geral: posição já adotada pelo STF; através de normatividade geral, o STF legisla no caso concreto e a sua decisão terá efeito erga omnes, até que sobrevenha norma do órgão omisso; ex.: greve do funcionário público aplica-se a norma da CLT enquanto não houver norma específica do órgão omisso;
Individual:
Direta: a decisão que reconhecer a falta de norma e implementar o direito valerá apenas para o autor do mandado de injunção;
Intermediária: posição adotada atualmente pelo STF; a decisão reconhece a omissão legislativa, dá prazo ao órgão omisso para legislar e, decorrido o prazo sem a legislação, o STF cria a regra para o caso concreto, com efeitos inter partis;
Posição não concretista: reconhece a inércia do legislador, mas não concretiza a norma; o STF já tomou decisão neste sentido, em relação à regulamentação da limitação dos juros a 12% ao ano (revogado art. 192, § 3º, da CF);
* ativismo judicial: quando o órgão judiciário, na inércia do órgão legislativo, cria a norma para regular os casos concretos, o que, por óbvio, fere ao Princípio da Separação dos Poderes;
Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental – ADPF
Previsão: art. 102, § 1º, CF; Lei 9882/1999;
 § 1.º A argüição de descumprimento de preceito fundamental, decorrente desta Constituição, será apreciada pelo Supremo Tribunal Federal, na forma da lei.
É o instrumento jurídico adequado para questionar a inconstitucionalidade de normas anteriores à CF/1988;
Aplicável apenas em relação a leis que ferem preceitos fundamentais;
É possível ADPF questionando Lei Municipal que fere preceito fundamental disposto na Constituição Federal;
Preceitos fundamentais: não há norma que esclarece o que é preceito fundamental; o STF já se posicionou sobre o que não é preceito fundamental;
Sugestões do que são preceitos fundamentais: princípios fundamentais, título I, arts. 1º ao 4º, art. 5º, art. 60, § 4º, princípios constitucionais sensíveis (art. 34, inc. VII), art. 170
Legitimidade ativa: art. 103 da CF, ressalvada a pertinência temática;
Legitimidade passiva: a norma impugnada;
Se julgada procedente, a ADPF declarará a inconstitucionalidade da norma impugnada (posteriores à CF/1988) ou a não recepção da norma impugnada (anteriores à CF/1988);
Habeas Corpus
Previsão: art. 5º, inc. LXVIII, da CF e art. 647 do CPP;
 LXVIII - conceder-se-á "habeas-corpus" sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;
 Art. 647. Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar na iminência de sofrer violência ou coação ilegal na sua liberdade de ir e vir, salvo nos casos de punição disciplinar.
História do instituto:
1215: poder absolutista;
1628 petition of rights: instrumento criado na Inglaterra em que constava a garantia do HC;
1679 HC act: novo documento, reafirmando o instrumento anterior;
1689 bill of rights
1776 também constou na Declaração de Direitos do Bom Povo;
1789 também constante na Declaração Universal dos Direitos Humanos e do Cidadão;
1816 HC act: outro momento em que se reafirmou o HC;
1824: a CF consagrou a garantia da liberdade em seu art. 179, § 8º, mas não definiu o instrumento para realizar tal garantia;
1832: no CPP, art. 340, surgiu no Brasil a figura do HC;
1891: previsto o HC no art. 72, § 22, da CF;
1934: a CF criou o instrumento do Mandado de Segurança, especializando a utilização do HC para questões relacionadas à liberdade;
Natureza jurídica: é uma ação; não é um recurso, mas pode ter efeito de recurso, na hipótese de ter sido, por exemplo, denegado algum dos pedidos constantes no tópico seguinte;
Outros instrumentos a serem utilizados que não o HC:
Relaxamento da prisão preventiva: situação em que a prisão é ilegal;
Pedido de liberdade provisória: situação em que há flagrante perfeito, mas o agente possui os requisitos necessários para responder a eventual processo em liberdade; não presentes os requisitos da prisão preventiva;
Pedido de revogação da prisão preventiva: quando não estão mais presentes os\
 Req’;uisitos do art. 312 do CPP;
Arbitramento de fiança: em crimes cuja pena mínima não seja superior a 2 anos;
Espécies:
Liberatório: situação em que o paciente está preso e requer-se a liberdade;
Preventivo: situação em que há risco iminente de que o paciente seja preso e requer-se sua manutenção em liberdade; o objetivo deste HC é a obtenção de um salvo conduto;
Para trancamento da ação penal ou do inquérito policial: situações em que há instauração de inquérito policial ou ajuizamento de ação penal sem suficientes indícios de autoria ou comprovação da materialidade;
Autoridade coatora X Competência para julgamento do HC:
Delegado Estadual: juiz singular; se o juiz denega o HC, cabe Recurso em Sentido Estrito para o TJ (art. 581, inc. X, CPP); se foi concedido o HC, o MP também pode interpor o recurso; o prazo para interposição é de 5 dias e para razoes é de 2 dias;
 Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença:
 X - que conceder ou negar a ordem de habeas corpus;
Delegado Federal: juiz federal singular; se o juiz denega o HC, cabe Recurso em \Sentido Estrito para o TRF (art. 581, inc. X, CPP); se foi concedido o HC, o MP também pode interpor o recurso; o prazo para interposição é de 5 dias e para razoes é de 2 dias;
Juiz singular: TJ;
Juiz Federal: TRF;
TJ ou TRF: STJ, por meio do Recurso Ordinário Constitucional (art. 105, inc. II, alínea “a”, da CF), não se admitindo a impetração de novo HC, de acordo com o posicionamento do STF e do STJ; o recurso somente pode ser propostopor advogado; o prazo para interposição do recurso é de 5 dias, de acordo com o disposto na Lei 8038/1990, art. 30;
 Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
 II - julgar, em recurso ordinário:
 a) os "habeas-corpus" decididos em única ou última instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão for denegatória;
STJ: STF, por meio de novo HC; é possível também impetrar novo HC no próprio STJ;
Tribunais Superiores: STF, por meio de Recurso Ordinário Constitucional (art. 102, inc. II, alínea “a”, da CF)
 Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:
 II - julgar, em recurso ordinário:
 a) o "habeas-corpus", o mandado de segurança, o "habeas-data" e o mandado de injunção decididos em única instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão;
Qualquer pessoa pode impetrar HC, mesmo que não possua capacidade postulatória;
Pessoa jurídica pode impetrar HC;
Habeas Data
 LXXII - conceder-se-á "habeas-data":
 a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público;
 b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo;
Previsão: CF, art. 5º, inc. LXXII; regulamentado pela Lei 9507/1997;
Trata-se de uma ação constitucional de natureza cível;
Finalidade: presta-se ao acesso, retificação ou justificação de dados existentes em bancos de dados de caráter público a respeito do autor da ação;
Requisito de admissibilidade: requisição administrativa;
Prazo inicial para impetração para Acesso à Informação: após 10 dias da data de protocolo da requisição administrativa;
Prazo inicial para impetração para Retificação ou Justificação da Informação: após 15 dias da data de protocolo da requisição administrativa;
Legitimidade ativa: é um direito personalíssimo; somente pode figurar neste pólo a pessoa relacionada aos dados; a jurisprudência tem admitido a presença dos herdeiros;
Legitimidade passiva: os órgãos (governamentais ou privadas de caráter público) que possuam registro de banco de dados de caráter público; exs.: Serasa, SCPC;
Competência: prevista no art. 20 da Lei; STF: CF, art. 102, inc. I, alínea “d”, e inc. II, alínea “a”; STJ: art. 105, inc. I, alínea “b”; TRFs: art. 108, inc. I, alínea “c”; Juízes Federais: art. 109, inc. VIII, da CF; TSE: art. 121, § 4º, inc. V, da CF; Constituição Estadual, art. 125, § 1º;
O direito do Habeas Data não se confunde com o direito de obter certidões; na hipótese de recusa de emissão de certidões, o remédio a ser utilizado é o Mandado de Segurança;
Mandado de Segurança
Previsão: art. 5º, inc. LXIX; regulamentado pela Lei 12.016/2009;
 LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por "habeas-corpus" ou "habeas-data", quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público;
É um instituto criado no Brasil, na CF de 1934;
Legitimidade ativa: qualquer pessoa que tiver violado seu direito líquido e certo, inclusive pessoa jurídica;
Legitimidade passiva: a autoridade coatora pode ser autoridade pública ou o agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público (ex.: concessionárias de pedágio);
O impetrado é o ato da autoridade coatora;
Competência: dependerá da categoria da autoridade;
Pode ser Repressivo (quando já ocorreu o ato abusivo ou ilegal) ou Preventivo (antes da ocorrência do ato abusivo ou ilegal);
Direito líquido e certo: não pode depender de dilação probatória; deve ser provado o direito de plano, no ato do ajuizamento, caso contrário não se trata de direito líquido e certo;
Prazo para ajuizamento (art. 23): 120 dias, contados da ciência inequívoca do ato abusivo ou ilegal;
Legitimados para ajuizamento do MS Coletivo: o 1 ano de funcionamento refere-se apenas à associação legalmente constituída; organização sindical ou entidade de classe não se exige que sejam de âmbito nacional;
 LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por: 
 a) partido político com representação no Congresso Nacional;
 b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados;
Art. 21. O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por partido político com representação no Congresso Nacional, na defesa de seus interesses legítimos relativos a seus integrantes ou à finalidade partidária, ou por organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há, pelo menos, 1 (um) ano, em defesa de direitos líquidos e certos da totalidade, ou de parte, dos seus membros ou associados, na forma dos seus estatutos e desde que pertinentes às suas finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial.
Ação Popular
Previsão: art. 5º, inc. LXXIII, da CF;
 LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência;
Legitimidade ativa: qualquer cidadão, devendo ter título eleitoral, podendo ser a partir dos 16 anos; pode ajuizar ação em qualquer local do Brasil;
Legitimidade passiva: qualquer pessoa que esteja relacionada ao dinheiro público;
Exige-se capacidade postulatória para ajuizamento da Ação Popular;
Não há custas para proposição; a condenação em custas e honorários haverá em hipótese de condenação (parte ré) ou de comprovada má-fé do autor;
É possível pedido liminar;
Se julgada improcedente por ser infundada a ação, gera coisa julgada;
Se julgada improcedente por falta de provas, é possível novo ajuizamento; este julgamento faz apenas coisa julgada formal;

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