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TOPICOS ESPECIAIS EM DIREITO I EIXO DE DIREITOS HUM E DIREITO CONSTITUCIONAL- (EAD_20) - 202120 FMU-105903 06

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TÓPICOS ESPECIAIS DE DIREITO ITÓPICOS ESPECIAIS DE DIREITO I
EIXO DE DIREITOSEIXO DE DIREITOS
HUMANOS E DIREITOHUMANOS E DIREITO
CONSTITUCIONALCONSTITUCIONAL
Autor: Me. Thiago Cesar Giazzi
Revisor : Lar issa Gonçalves
IN IC IAR
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introduçãoIntrodução
Esta unidade trata do Direito Constitucional e dos Direitos Humanos. É sabido que
nossa Constituição Federal possui muitas normas oriundas de internalização de
pactos de direitos humanos, portanto o estudo conjunto cumpre uma lógica de
aprendizado. Serão abordados os principais pontos sobre organização do Estado,
Direitos Fundamentais, Controle de Constitucionalidade, Remédios
Constitucionais, assim como o Pacto de San José da Costa Rica e a Declaração
Universal de Direitos Humanos.
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Neste momento, serão tratados os direitos e deveres individuais e coletivos e os
direitos políticos positivos e negativos, incluindo o direito de cidadania.
Direitos e Deveres Individuais e
Coletivos
No título relativo aos direitos e às garantias fundamentais, a Constituição Federal
(CF) prevê normas que atribuem alguma vantagem ou algum bem ao indivíduo, a
grupos sociais ou à coletividade (direitos), bem como normas que asseguram o
exercício desses direitos (garantias). Por vezes, as garantias podem ser
processuais, como no caso do habeas corpus ou do mandado de segurança,
chamados de remédios constitucionais. Em outras situações, há garantias que não
têm relação com o processo. Seria o caso, por exemplo, da liberdade de culto, um
dos meios para assegurar a liberdade de crença.
Para �ns de prova, a leitura atenta de todo o art. 5º da CF é essencial. Há alguns
pontos, porém, que merecem menção especial:
DireitoDireito
Constitucional - 1ªConstitucional - 1ª
ParteParte
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a) Abrangência do art. 5º
No caput do dispositivo, a
Constituição estipula que todos são
iguais perante a lei, sem distinção
de qualquer natureza, garantindo-
se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no país a
inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança
e à propriedade, nos termos dos
incisos. Note que o constituinte
disse menos do que deveria, pois
esses direitos são garantidos a
todos os brasileiros e a todos os
estrangeiros, não apenas os que
residam no Brasil. Há proteção,
também, às pessoas jurídicas,
desde que os direitos sejam
compatíveis com a sua condição.
b) Liberdade de consciência
(inciso VI)
Garante que todos tenham
liberdade de pensamento. Por
conta disso, o indivíduo pode,
também, crer naquilo que quiser,
bem como expressar seu
pensamento livremente,
independentemente de censura ou
licença (incisos IV e IX). Veda-se
apenas o anonimato, assegurando-
se também o direito de resposta,
em caso de ofensas, bem como
indenização por dano material,
moral ou à imagem (inciso V). Além
disso, ninguém pode ser privado de
direitos em razão de sua crença ou
convicção, exceto se as invocar
para eximir-se de obrigação legal a
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todos imposta e recusar-se a
cumprir prestação alternativa
�xada em lei (inciso VIII – é o caso,
por exemplo, do serviço militar
obrigatório).
c) Inviolabilidade domiciliar
(inciso XI)
Sem o consentimento do morador,
é possível ingressar na casa, a
qualquer momento, em razão de
�agrante delito, desastre ou para
prestar socorro. Durante o dia, o
ingresso também é permitido
mediante autorização judicial. Note
que o conceito de casa é extenso,
abrangendo também quartos de
hotel, escritórios etc.
d) Liberdade de pro�ssão (inciso
XIII)
É o exemplo de norma
constitucional de e�cácia contida,
pois, na ausência de regramentos
legais, a liberdade é plena.
e) Liberdade de reunião (inciso
XVI)
A reunião em locais abertos ao
público independe de autorização
do Estado. Porém, deve haver
prévio aviso à autoridade
competente, de modo que o seu
exercício não frustre outra reunião
anteriormente convocada para o
local. Além disso, a reunião deve
ser pací�ca e sem armas.
f) Direitos de petição e certidão
(inciso XXXIV)
Atente-se para a imunidade
tributária presente no dispositivo.
g) Tratados e convenções sobre
direitos humanos (§ 3º)
Se versarem sobre essa matéria e
forem aprovados, em cada casa do
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Quadro 3.1 - Principais direitos fundamentais individuais do art. 5º
Fonte: Elaborado pelo autor.
#PraCegoVer: o quadro traz os direitos e as garantias individuais
reiteradamente cobrados nos exames. A primeira linha informa a
abrangência do art. 5º: “no caput do dispositivo, a Constituição estipula que
todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos dos incisos. Note que o constituinte disse menos do
que deveria, pois esses direitos são garantidos a todos os brasileiros e a
todos os estrangeiros, não apenas os que residam no Brasil. Há proteção,
também, às pessoas jurídicas, desde que os direitos sejam compatíveis com a
sua condição”. Na segunda linha, traz a liberdade de consciência (inciso VI):
“garante que todos tenham liberdade de pensamento. Por conta disso, o
indivíduo pode, também, crer naquilo que quiser, bem como expressar seu
pensamento livremente, independentemente de censura ou licença (incisos IV
e IX). Veda-se apenas o anonimato, assegurando-se também o direito de
resposta, em caso de ofensas, bem como indenização por dano material,
moral ou à imagem (inciso V). Além disso, ninguém pode ser privado de
direitos em razão de sua crença ou convicção, exceto se as invocar para
eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação
alternativa �xada em lei (inciso VIII – é o caso, por exemplo, do serviço militar
obrigatório)”. A terceira linha mostra a inviolabilidade domiciliar (inciso XI):
Congresso Nacional, em duplo
turno, por 3/5 dos membros, os
tratados terão a mesma força de
emendas constitucionais. Farão
parte, assim, do chamado bloco de
constitucionalidade, podendo servir
de parâmetro de controle na
jurisdição constitucional. O
exemplo é a Convenção de Nova
Iorque sobre os Direitos das
Pessoas com De�ciência.
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“sem o consentimento do morador, é possível ingressar na casa, a qualquer
momento, em razão de �agrante delito, desastre ou para prestar socorro.
Durante o dia, o ingresso também é permitido mediante autorização judicial.
Note que o conceito de casa é extenso, abrangendo também quartos de
hotel, escritórios etc.”. Na quarta linha, aparece a liberdade de pro�ssão
(inciso XIII): “é exemplo de norma constitucional de e�cácia contida, pois, na
ausência de regramentos legais, a liberdade é plena”. A quinta linha mostra a
liberdade de reunião (inciso XVI): “a reunião em locais abertos ao público
independe de autorização do Estado. Porém, deve haver prévio aviso à
autoridade competente, de modo que o seu exercício não frustre outra
reunião anteriormente convocada para o local. Além disso,a reunião deve ser
pací�ca e sem armas”. Na sexta linha, vem os direitos petição e certidão
(inciso XXXIV): “atente-se para a imunidade tributária presente no dispositivo”.
Na sétima e última linha, estão os tratados e as convenções sobre direitos
humanos (§ 3º): “se versarem sobre essa matéria e forem aprovados, em cada
casa do Congresso Nacional, em duplo turno, por 3/5 dos membros, os
tratados terão a mesma força de emendas constitucionais. Farão parte,
assim, do chamado bloco de constitucionalidade, podendo servir de
parâmetro de controle na jurisdição constitucional. O exemplo é a Convenção
de Nova Iorque sobre os Direitos das Pessoas com De�ciência”.
Direitos Políticos
Democracia signi�ca um governo em que há a participação do povo na tomada
das decisões políticas de uma sociedade. Quanto ao modo de exercício, a
democracia pode ser direta ou indireta. A democracia direta é aquela em que o
povo participa da vida política de uma sociedade sem intermediários
(representantes); o povo por si exercerá o poder. Já a democracia indireta ocorre
quando o poder em uma sociedade é exercido por meio dos representantes do
povo. Nesse caso, o povo escolherá os seus representantes para atuarem em seu
nome. Atente-se ao fato de que o Brasil adota a democracia semidireta, que é
concomitante à democracia representativa e que também possui mecanismos de
participação direta, como iniciativa de leis, plebiscito e referendo, segundo a
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previsão do art. 14 da Constituição (BRASIL, 1988). Observe que se pode
acrescentar, entre outros, a ação popular como instrumento de participação do
povo.
Aquisição de Cidadania
A cidadania designa o indivíduo dotado de capacidade eleitoral ativa, ou seja,
aquele que pode votar, e também o indivíduo dotado de capacidade eleitoral
passiva, aquele que pode ser votado caso preencha as exigências legais.
A aquisição da cidadania, segundo a Constituição, ocorre por meio do alistamento
eleitoral: o indivíduo deve fazer sua inscrição como eleitor perante a Justiça
Eleitoral (título eleitoral). Isso pressupõe nacionalidade brasileira (estrangeiros não
podem se alistar como eleitores), idade mínima de 16 anos e não ser conscrito
durante o serviço militar obrigatório.
Direitos Políticos Positivos
Os direitos políticos positivos referem-se à alistabilidade e à elegibilidade. A
alistabilidade diz respeito à capacidade eleitoral ativa, segundo a qual há a
possibilidade de o indivíduo ser eleitor. O alistamento é obrigatório para os
brasileiros de ambos os sexos, maiores de 18 anos de idade, e facultativo para os
analfabetos, os maiores de 70 anos de idade e os maiores de 16 e menores de 18
anos de idade (art. 14, § 1º, I e II, da CF).
Não podem se alistar como eleitores os estrangeiros e os conscritos durante o
serviço militar obrigatório (art. 14, § 2º, CF). Os conscritos são os nacionais
convocados para o serviço militar obrigatório – porém, caso se trate de serviço
militar permanente, há a obrigação de realizar o alistamento eleitoral.
A elegibilidade diz respeito à capacidade eleitoral passiva, a qual prevê a
possibilidade de ser eleito. Deve-se observar que nem sempre da alistabilidade
decorre a elegibilidade. Isso porque a Constituição (art. 14, § 3º) é expressa quanto
às condições de elegibilidade, sendo elas: a nacionalidade brasileira; o pleno
exercício dos direitos políticos; o alistamento eleitoral; o domicílio eleitoral na
circunscrição; a �liação partidária e a idade mínima para os cargos de presidente e
vice-presidente da República e senador (35 anos), governador e vice-governador
de Estado e do Distrito Federal (30 anos), deputado federal (21 anos), deputado
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estadual ou distrital (21 anos), prefeito e vice-prefeito (21 anos) e juiz de paz (21
anos).
Ressalta-se que a Constituição (art. 14, § 4º) prevê que os inalistáveis e os
analfabetos são inelegíveis.
Direitos Políticos Negativos
Os direitos políticos negativos são relativos às inelegibilidades, que são as
circunstâncias, constitucionais ou previstas em lei, que impedem o cidadão de se
eleger, restringindo o exercício total ou parcial da capacidade eleitoral passiva.
As normas constitucionais sobre inelegibilidades estão previstas no art. 14, do § 4º
ao § 7º da Constituição. Inelegibilidades absolutas dizem respeito àquelas
pessoas que não podem concorrer à eleição alguma (art. 14, § 4º, CF). Desse modo,
não podem exercer a capacidade eleitoral passiva os inalistáveis (estrangeiros,
conscritos durante o serviço militar obrigatório, menores de 16 anos e menores de
18 anos não alistados) e os analfabetos (lembre-se de que o analfabeto tem direito
à alistabilidade e, portanto, direito de votar, mas não pode ser eleito, pois não
possui capacidade eleitoral passiva).
Inelegibilidades relativas são restrições especí�cas a certos tipos de cargos ou
funções em que o cidadão se encontra no momento da eleição.
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Restrição por motivos funcionais
Para o mesmo cargo, o presidente
da República, os governadores de
Estado e do Distrito Federal, os
prefeitos e quem os houver
sucedido ou substituído no curso
dos mandatos poderão ser
reeleitos para um único período
subsequente (art. 14, § 5º, CF). Para
concorrerem a outros cargos,
devem renunciar aos respectivos
mandatos até seis meses antes do
pleito (art. 14, § 6º, CF). Trata-se da
desincompatibilização, por meio da
qual o candidato se desvencilha de
alguma circunstância que o impede
de se eleger.
Restrição por motivo de
casamento, parentesco ou
a�nidade
São inelegíveis, no território de
jurisdição do titular, o cônjuge e os
parentes consanguíneos ou a�ns,
até o segundo grau ou por adoção,
do presidente da República, do
governador de Estado ou Território,
do Distrito Federal, de prefeito ou
de quem os haja substituído dentro
dos seis meses anteriores ao pleito,
salvo se já titular de mandato
eletivo e candidato à reeleição (art.
14, § 6º, CF). Como exemplo, o
cônjuge e os parentes até o
segundo grau consanguíneos ou
a�ns de governador não poderão
se candidatar a qualquer cargo
eletivo no Estado (vereador,
prefeito, deputado estadual,
deputado federal, senador e
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Quadro 3.2 - Restrições aos direitos políticos: inelegibilidade relativa
Fonte: Elaborado pelo autor.
governador do mesmo Estado).
Fique atento à Súmula Vinculante
nº 18/2009, que dispõe que “[...] a
dissolução da sociedade ou do
vínculo conjugal, no curso do
mandato, não afasta a
inelegibilidade prevista no § 7º do
art. 14 da Constituição Federal”.
Restrição dos militares
O militar alistável é elegível, desde
que, se contar com menos de dez
anos de serviço, afaste-se da
atividade; e se contar com mais de
dez anos de serviço, será agregado
pela autoridade superior; e, se
eleito, passará automaticamente,
no ato da diplomação, para a
inatividade (art. 14, § 8º, CF).
Restrição por previsões de ordem
legal
A Constituição Federal autorizou a
criação de outros casos de
inelegibilidades relativas e os
prazos de sua cessação por Lei
Complementar, a �m de proteger a
probidade administrativa, a
moralidade para o exercício do
mandato, considerada a vida
pregressa do candidato, e a
normalidade e legitimidade das
eleições contra a in�uência do
poder econômico ou o abuso do
exercício de função, cargo ou
emprego na administração direta
ou indireta.
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#PraCegoVer: o quadro traz restrições ao exercício dos direitos políticos. Na
primeira linha, a restrição por motivos funcionais proíbe, para o mesmo
cargo, o presidente da República, os governadores de Estado e do Distrito
Federal, os prefeitos e quem os houver sucedido ou substituído no curso dos
mandatos poderão ser reeleitos para um único período subsequente (art. 14,
§ 5º, CF). Para concorrerem a outros cargos, devem renunciar aos respectivos
mandatos até seis meses antes do pleito (art. 14, § 6º, CF). Trata-se da
desincompatibilização, por meio da qual o candidato se desvencilha de
alguma circunstância que o impede de se eleger. Na segunda linha, a
restrição por motivo de casamento, parentesco ou a�nidade diz que são
inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes
consanguíneos ou a�ns, até o segundo grau ou por adoção, do presidente da
República, do governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, de
prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao
pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição (art. 14, §
6º, CF). Como exemplo, o cônjuge e os parentes até o segundo grau
consanguíneos ou a�ns de governador não poderão se candidatar a qualquer
cargo eletivo no Estado (vereador, prefeito, deputado estadual, deputado
federal, senador e governador do mesmo Estado). Fique atento à Súmula
Vinculante nº 18/2009, que dispõe que “[...] a dissolução da sociedade ou do
vínculo conjugal, no curso do mandato, não afasta a inelegibilidade prevista
no § 7º do art. 14 da Constituição Federal”. A terceira linha fala da restrição
dos militares: o militar alistável é elegível, desde que, se contar com menos de
dez anos de serviço, afaste-se da atividade; e se contar com mais de dez anos
de serviço, será agregado pela autoridade superior; e, se eleito, passará
automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade (art. 14, § 8º, CF).
Na quarta linha, a restrição por previsões de ordem legal diz que a
Constituição Federal autorizou a criação de outros casos de inelegibilidades
relativas e os prazos de sua cessação por Lei Complementar, a �m de
proteger a probidade administrativa, a moralidade para o exercício do
mandato, considerada a vida pregressa do candidato, e a normalidade e
legitimidade das eleições contra a in�uência do poder econômico ou o abuso
do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou
indireta.
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A Lei Complementar nº 135/2010, conhecida como Lei da Ficha Limpa, inova com o
amparo da constitucionalidade já a�rmada pelo STF em relação às inelegibilidades
relativas. A partir da referida lei, entende-se que é inelegível o cidadão que tenha
decisão condenatória proferida por órgão judicial colegiado, mesmo que ainda
não tenha ocorrido o trânsito em julgado. Outra novidade é a inelegibilidade
daquele que for condenado, em decisão proferida por órgão colegiado da Justiça
Eleitoral, por corrupção eleitoral, por captação ilícita de sufrágio, por doação,
captação ou gastos ilícitos de recursos de campanha ou por conduta vedada aos
agentes públicos em campanhas eleitorais que impliquem cassação do registro ou
do diploma.
A perda ou suspensão de direitos políticos refere-se aos casos em que,
respectivamente, há a privação de�nitiva ou temporária dos direitos políticos. A
Constituição elenca os casos em seu art. 15, sem apontar quais são os de perda e
de suspensão. Contudo, a doutrina procura esclarecer, reconhecendo como casos
de suspensão:
a. incapacidade civil absoluta (inciso II);
b. condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos
(inciso III);
c. recusa em cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos
termos do art. 5º, VIII, da CF (inciso IV);
d. improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º da CF.
Desse modo, seria hipótese de perda dos direitos políticos apenas o cancelamento
da naturalização por sentença transitada em julgado.
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A reaquisição dos direitos políticos suspensos se dará automaticamente com a
cessação dos motivos que determinaram a suspensão. Quanto à hipótese de
perda dos direitos políticos por cancelamento da naturalização, só será possível
por meio de ação rescisória (prazo de dois anos do trânsito em julgado).
Conhecimento
Teste seus Conhecimentos 
(Atividade não pontuada) 
(Exame Uni�cado XXX) Em março de 2017, o Supremo Tribunal Federal, em decisão
de�nitiva de mérito proferida no âmbito de uma Ação Declaratória de
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Constitucionalidade, com e�cácia contra todos (erga omnes) e efeito vinculante, declarou
que a lei federal, que autoriza o uso de determinado agrotóxico no cultivo de soja, é
constitucional, desde que respeitados os limites e os parâmetros técnicos estabelecidos
pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Inconformados com tal decisão, os congressistas do partido Y apresentaram um projeto
de lei perante a Câmara dos Deputados visando proibir, em todo o território nacional, o
uso do referido agrotóxico e, com isso, “derrubar” a decisão da Suprema Corte. Em
outubro de 2017, o projeto de lei é apresentado para ser votado.
Diante da hipótese narrada, assinale a a�rmativa correta.
a) A superação legislativa das decisões de�nitivas de mérito do Supremo Tribunal
Federal, no âmbito de uma ação declaratória de constitucionalidade, deve ser
feita pela via da emenda constitucional, ou seja, como fruto da atuação do poder
constituinte derivado reformador; logo, o projeto de lei proposto deve ser
impugnado por mandado de segurança em controle prévio de
constitucionalidade.
b) Embora as decisões de�nitivas de mérito proferidas pelo Supremo Tribunal
Federal nas ações declaratórias de constitucionalidade não vinculem o Poder
Legislativo em sua função típica de legislar, a Constituição de 1988 veda a
rediscussão de temática já analisada pela Suprema Corte na mesma sessão
legislativa, de modo que o projeto de lei apresenta vício formal de
inconstitucionalidade.
c) Como as decisões de�nitivas de mérito proferidas pelo Supremo Tribunal
Federal em sede de controle concentrado de constitucionalidade gozam de
e�cácia contra todos e efeito vinculante, não poderia ser apresentado projeto de
lei que contrariasse questão já paci�cada pela Suprema Corte, cabendo sua
impugnação pela via da reclamação constitucional.
d) O Poder Legislativo, em sua função típica de legislar, não �ca vinculado às
decisões de�nitivas de mérito proferidas pelo Supremo Tribunal Federal no
controle de constitucionalidade, de modo que o projeto de lei apresentado em
data posterior ao julgamento poderá ser regularmente votado e, se aprovado,
implicará a superação ou reação legislativa da jurisprudência.
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Disciplina reiterada na cobrança dos exames da Ordem, os Remédios
Constitucionais são ações previstas no texto constitucional que possuem função
de garantia de cumprimento dos direitos individuais e coletivos opostos contra o
representante estatal, de poder, ou pessoa que esteja ferindo direitos
fundamentais individuais ou coletivos, conforme o tipo do remédio.
Habeas Corpus
O habeas corpus tem seu nascimento com a Magna Carta (1215) e, também, com o
Habeas Corpus Act (1679). Desde a Constituição Brasileira de 1824, protege-se a
liberdade de locomoção, mas o habeas corpus, como instrumento constitucional,
teve sua proteção primeiramente garantida com aConstituição Brasileira de 1891.
Desde então, foi mantida pelos demais diplomas constitucionais criados
posteriormente (BRANCO, 2019). Na atual Constituição, encontra sua previsão no
art. 5º, LXVIII, segundo o qual: “[...] conceder-se-á habeas corpus sempre que
RemédiosRemédios
Constitucionais eConstitucionais e
Organização doOrganização do
EstadoEstado
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alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua
liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder” (BRASIL, 1988).
Tem como objeto a proteção da liberdade de locomoção do indivíduo, cuja
�nalidade é fazer cessar violência ou coação da liberdade, decorrente de abuso de
poder e de ilegalidade. Nesse sentido, é uma garantia individual que tem por
objeto de proteção a liberdade de ir e vir das pessoas. As hipóteses de cabimento
referem-se a: a. ato lesivo ou sua ameaça à liberdade de locomoção; b. ameaça ou
lesão decorrente de violência ou coação e que estas tenham origem na ilegalidade
ou no abuso do poder.
Quanto aos aspectos formais, salienta-se que essa garantia não exige
formalidades para sua impetração. Não há exigência de capacidade postulatória
nem dependência de representação por advogado. É uma ação gratuita (art. 5º,
LXXVII, CF). Contudo, deve-se ressaltar que, apesar da informalidade que rege esse
instrumento, não há possibilidade de impetração apócrifa, não assinada pelo
impetrante e que não contenha qualquer autenticação. Trata-se de ação
sumaríssima e que, por isso, exige prova pré-constituída.
São duas as modalidades dessa garantia: repressiva e preventiva (GONZAGA,
2017). A modalidade repressiva, também chamada de liberatória, ocorre com o
objetivo de afastar constrangimento ilegal à liberdade de locomoção. Já na
modalidade preventiva, o objetivo é afastar a ameaça à liberdade de locomoção,
hipótese em que é possível expedir, por autoridade competente, um salvo
conduto para garantir o livre trânsito de ir e vir.
O autor do habeas corpus denomina-se impetrante; o indivíduo em favor do qual
se impetra, paciente – observa-se que o paciente pode ser o próprio impetrante.
Denomina-se autoridade coatora, ou impetrado, a autoridade que pratica a
ilegalidade ou abuso de poder.
Quanto à legitimidade ativa: qualquer pessoa física (nacional ou
estrangeira), em seu favor ou de outrem, bem como pelo Ministério
Público (art. 654, CPP) ou pessoa jurídica em favor de pessoa física. Outra
situação é a possibilidade de juiz competente, que pode expedir de ofício
o habeas corpus, e, também, escrevente judicial ou funcionário público,
no caso de estarem sendo impedidos de postular em juízo, no
desempenho de suas funções. Observe que o art. 192 do Regimento
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Interno do STF aponta que impetrado o habeas corpus por estranho, dele
não se conhecerá se desautorizado pelo paciente.
Quanto à legitimidade passiva: é a autoridade ou o agente público.
Trata-se do coator, aquele que exerce ou ameaça exercer o
constrangimento ilegal, sendo omissivo ou comissivo. Alerta-se para a
possibilidade de o habeas corpus ser impetrado em face de particular, por
exemplo, um hospital psiquiátrico que priva o paciente de sua liberdade
de ir e vir, ilegalmente, atendendo aos pedidos desumanos de �lhos que
abandonam seus pais.
O órgão competente para apreciar a ação de habeas corpus será determinado de
acordo com a autoridade coatora.
O prazo para a impetração é o período em que o indivíduo sofrer ou se achar
ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por
ilegalidade ou abuso de poder.
Habeas Data
O habeas data é garantia constitucional, instituída pela Constituição de 1988, que
encontra previsão no seu art. 5º, LXXII, segundo o qual, regulamentado pela Lei nº
9.507/1997:
[...] conceder-se-á habeas data: a. para assegurar o conhecimento de
informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros
ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter
público; b. para a reti�cação de dados, quando não se pre�ra fazê-lo
por processo sigiloso, judicial ou administrativo (BRASIL, 1997).
São hipóteses de cabimento: a. para assegurar o conhecimento de informações
relativas à pessoa do impetrante, constantes de registro ou banco de dados de
entidades governamentais ou de caráter público; b. para a reti�cação de dados,
quando não se pre�ra fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo; c.
para a anotação nos assentamentos do interessado, de contestação ou explicação
sobre dado verdadeiro, mas justi�cável e que esteja sob pendência judicial ou
amigável.
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Como condição de procedibilidade, observa-se que deve haver a recusa por parte
dos bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público e,
também, a inexistência de sigilo que comprometa a segurança do Estado e da
sociedade. É importante frisar que, havendo decisão de indeferimento por parte
da autoridade no prazo legal, o requerente deve exigir a formalização da negativa
do pleito. Isso signi�ca que esse documento será fundamental para a interposição
do habeas data no poder judiciário, sem o qual o juízo ou tribunal não dará
andamento ao processo, indeferindo liminarmente a peça inicial.
Por força do art. 5º, LXXVII, da Constituição (BRASIL, 1988), o requerimento
administrativo e a ação de habeas data são inteiramente gratuitos.
Legitimidade ativa: qualquer pessoa, física ou jurídica, poderá ajuizar a
ação constitucional de habeas data para ter acesso às informações a seu
respeito.
Legitimidade passiva: dependerá da natureza jurídica do banco de
dados. Lembre-se de que pode ser impetrado contra entidade
governamental ou entidades privadas prestadoras de serviço público, por
exemplo, as empresas de serviço de proteção ao crédito (SPC).
Competência: dependerá da qualidade da autoridade que tem as
informações armazenadas.
Prazo para a impetração: não há prazo para impetração. Entretanto,
uma vez dada a entrada com a ação de habeas data, o juiz noti�cará a
autoridade para que ela preste a(s) informação(s) no prazo improrrogável
de 10 dias.
Mandado de Segurança
O Mandado de Segurança nasceu com a Constituição de 1934, sendo mantido
pelos diplomas constitucionais que vieram em sequência. Na atual Constituição,
encontra sua previsão no art. 5º, LXIX, segundo o qual:
[...] conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido
e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o
responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública
ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder
Público (BRASIL, 1988).
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O Mandado de Segurança encontra-se regulamentado pela Lei nº 12.016/2009
(BRASIL, 2009). As hipóteses de cabimento são:
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Direito líquido e certo
É aquele que pode ser comprovado,
pelo julgador, tão logo a
impetração do mandado de
segurança, não cabendo, assim,
comprovação posterior, pois não
seria líquido e certo. Cabe salientar
que o Mandado de Segurança deve
apresentar-se com prova pré-
constituída, ou seja, rea�rmando o
fato de não haver possibilidade de
se juntar prova aos autos após sua
impetração. Nesse sentido, é o
direito comprovado junto com a
petição inicial. Também se observa
que a liquidez e a certeza se
referem a fatos (Súmula 625, STF).
 Entretanto,nada impede que o
interessado procure outros meios
judiciais, tendo em vista que o
Mandado de Segurança não obsta o
acesso a possíveis vias judiciais.
Direito não amparável por
habeas corpus ou habeas data
A utilização do Mandado de
Segurança é residual.
Ilegalidade ou abuso de poder A ilegalidade con�gura-se com os
desvios de padrões de legalidade
(relacionada aos atos vinculados),
enquanto o abuso de poder revela-
se quando há extrapolação de
determinada competência, assim
entendida como o desvio de sua
�nalidade (relacionada aos atos
discricionários) Há duas
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discricionários). Há duas
modalidades de Mandado de
Segurança: repressivo e
preventivo. Mandado de
Segurança Repressivo é quando já
tiver ocorrido a ilegalidade ou o
abuso de poder. Ao contrário,
haverá Mandado de Segurança
Preventivo quando a intenção for
prevenir a violação de direito
líquido e certo.
Legitimidade ativa
É o impetrante do Mandado de
Segurança o detentor do direito
líquido e certo não amparado por
habeas corpus e habeas data.
Podem ser: pessoas físicas
(brasileiras ou não, residentes ou
não, domiciliadas ou não), jurídicas,
órgãos públicos despersonalizados,
porém com capacidade processual
(che�as do Executivo, mesas do
Legislativo), universalidades de
bens e direitos (espólio, massa
falida, condomínio), agentes
políticos (governadores,
parlamentares), Ministério Público,
entre outros.
Legitimidade passiva
É a autoridade coatora, a qual pode
ser integrante do Poder Público em
qualquer grau, seja da
Administração Direta ou Indireta,
assim como delegatários de
funções públicas ou particulares
que executem, a qualquer título,
atividades, serviços e obras
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públicas. Por exemplo:
universidades privadas.
Competência O órgão competente para apreciar
o Mandado de Segurança será
determinado de acordo com a
autoridade coatora e sua sede
funcional.
Prazo para a impetração
O prazo é decadencial de 120 dias,
a contar da data em que o
interessado tiver conhecimento
o�cial do ato a ser impugnado. Não
há suspensão ou interrupção desse
prazo.
Mandado de Segurança Coletivo
O Mandado de Segurança Coletivo
diferencia-se do Mandado de
Segurança Individual apenas
quanto à legitimidade ativa e seu
objeto de proteção. Sua hipótese
de cabimento se refere à proteção
aos direitos transindividuais, sejam
eles coletivos ou individuais
homogêneos. Os direitos coletivos
são aqueles de natureza indivisível,
de que seja titular grupo ou
categoria de pessoas ligadas entre
si ou com a parte contrária por uma
relação jurídica básica. Já os
individuais homogêneos são os
decorrentes de origem comum e da
atividade ou situação especí�ca da
totalidade ou de parte dos
associados ou membros do
impetrante.
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Quadro 3.3 - Hipóteses de cabimento do Mandado de Segurança
Fonte - Elaborado pelo autor.
#PraCegoVer: o quadro trata dos requisitos de cabimento do Mandado de
Segurança. A primeira linha traz o direito líquido e certo, como aquele que
pode ser comprovado, pelo julgador, tão logo a impetração do mandado de
segurança, não cabendo, assim, comprovação posterior, pois não seria
líquido e certo. Cabe salientar que o Mandado de Segurança deve apresentar-
se com prova pré-constituída, ou seja, rea�rmando o fato de não haver
possibilidade de se juntar prova aos autos após sua impetração. Nesse
sentido, é o direito comprovado junto com a petição inicial. Também se
observa que a liquidez e a certeza se referem a fatos (Súmula 625, STF).
Entretanto, nada impede que o interessado procure outros meios judiciais,
tendo em vista que o Mandado de Segurança não obsta o acesso a possíveis
vias judiciais. A segunda linha informa sobre a necessidade de o direito ser
não amparável por habeas corpus ou habeas data, pois a utilização do
Mandado de Segurança é residual. Na terceira linha, está a ilegalidade ou
abuso de poder: a ilegalidade con�gura-se com os desvios de padrões de
legalidade (relacionada aos atos vinculados), enquanto o abuso de poder
revela-se quando há extrapolação de determinada competência, assim
entendida como o desvio de sua �nalidade (relacionada aos atos
discricionários). Há duas modalidades de Mandado de Segurança: repressivo
e preventivo. Mandado de Segurança Repressivo é quando já tiver ocorrido a
ilegalidade ou o abuso de poder. Ao contrário, haverá Mandado de Segurança
Preventivo quando a intenção for prevenir a violação de direito líquido e
certo. A quarta linha cita a legitimidade ativa, sendo esta do impetrante do
Mandado de Segurança o detentor do direito líquido e certo não amparado
Legitimidade ativa Partido político com representação
no Congresso Nacional, na defesa
de seus interesses legítimos
relativos a seus integrantes ou à
�nalidade partidária, ou por
organização sindical, entidade de
classe ou associação legalmente
constituída e em funcionamento
há, pelo menos, um ano, em defesa
dos interesses de seus membros ou
associados.
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por habeas corpus e habeas data. Podem ser: pessoas físicas (brasileiras ou
não, residentes ou não, domiciliadas ou não), jurídicas, órgãos públicos
despersonalizados, porém com capacidade processual (che�as do Executivo,
mesas do Legislativo), universalidades de bens e direitos (espólio, massa
falida, condomínio), agentes políticos (governadores, parlamentares),
Ministério Público, entre outros. Na quinta linha, está a legitimidade passiva,
que diz que o Mandado de Segurança é impetrado contra a autoridade
coatora, a qual pode ser integrante do Poder Público em qualquer grau, seja
da Administração Direta ou Indireta, assim como delegatários de funções
públicas ou particulares que executem, a qualquer título, atividades, serviços
e obras públicas. Por exemplo: universidades privadas. Na sexta linha, está a
competência, que diz que o órgão competente para apreciar o Mandado de
Segurança será determinado de acordo com a autoridade coatora e sua sede
funcional. A sétima linha mostra o prazo para a impetração, que é
decadencial de 120 dias, a contar da data em que o interessado tiver
conhecimento o�cial do ato a ser impugnado. Não há suspensão ou
interrupção desse prazo. A sétima linha traz algumas diferenças sobre o
Mandado de Segurança Coletivo. O Mandado de Segurança Coletivo
diferencia-se do Mandado de Segurança Individual apenas quanto à
legitimidade ativa e seu objeto de proteção. Sua hipótese de cabimento se
refere à proteção aos direitos transindividuais, sejam eles coletivos ou
individuais homogêneos. Os direitos coletivos são aqueles de natureza
indivisível, de que seja titular grupo ou categoria de pessoas ligadas entre si
ou com a parte contrária por uma relação jurídica básica. Já os individuais
homogêneos são os decorrentes de origem comum e da atividade ou
situação especí�ca da totalidade ou de parte dos associados ou membros do
impetrante. A oitava linha traz a legitimidade ativa do Mandado de Segurança
Coletivo, sendo exercida por partido político com representação no
Congresso Nacional, na defesa de seus interesses legítimos relativos a seus
integrantes ou à �nalidade partidária, ou por organização sindical, entidade
de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há, pelo
menos, um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados.
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Mandado de Injunção
O Mandado de Injunção é novidade da Constituição de 1988 e tem por �nalidade
assegurar a fruição de direitos garantidos constitucionalmente. Encontra-se
previsto no art. 5º, LXXI, nos seguintes termos: “Conceder-se-á mandado de
injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício
dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à
nacionalidade, à soberania e à cidadania” (BRASIL, 1988).
Veri�ca-se, como hipótese de cabimento, que essa garantia constitucional tem por
�nalidade efetivar direitos e liberdades constitucionais que não podem ser
usufruídos em razão da falta de norma regulamentadora (GONZAGA, 2017). Em
outras palavras, é utilizado quando há omissão normativa de norma constitucional
de e�cácia limitada, impedindo o exercício de um direito em caso concreto.
Ademais, deve-se lembrar que a omissão poderá ser parcial, sendo aquela em que
a regulamentação for insu�ciente.
Legitimidade ativa: qualquer pessoa (física ou jurídica). Alerta-se que a
pessoa jurídica de direito público também tem legitimidade ativa para a
propositura de Mandado de Injunção, e é necessária a atuação do
advogado.
Legitimidade passiva: em face de órgão ou poder incumbido de
elaborar a norma. Portanto, nunca em relação ao particular.
Competência: será determinada com base na fonte de onde deveria ter
emanado a norma faltante (art. 102, I, “q”, II, “a”; art. 105, I, “h”; art. 125,
CF).
Prazo para a impetração: enquanto persistir a omissão normativa. Não
há prazo de prescrição ou decadência.
Efeitos da decisão: reconhecido o estado de mora legislativa, será
deferida a injunção para: a. determinar prazo razoável para que o
impetrado promova a edição da norma regulamentadora (será
dispensada essa determinação quando comprovado que o impetrado
deixou de atender, em mandado de injunção anterior, ao prazo
estabelecido para a edição da norma); b. estabelecer as condições em
que se dará o exercício dos direitos, das liberdades ou das prerrogativas
reclamados ou, se for o caso, as condições em que poderá o interessado
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promover ação própria visando exercê-los, caso não seja suprida a mora
legislativa no prazo determinado.
Observar a evolução da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal quanto à sua
posição em relação às decisões proferidas em mandado de injunção. São elas: a.
posição não concretista; b. posição concretista individual intermediária; c. posição
concretista direta; d. posição concretista geral.
Já o Mandado de Injunção Coletivo é aquele que pode ser promovido: a. pelo
Ministério Público, quando a tutela requerida for especialmente relevante para a
defesa da ordem jurídica, do regime democrático ou dos interesses sociais ou
individuais indisponíveis; b. por partido político com representação no Congresso
Nacional, para assegurar o exercício de direitos, liberdades e prerrogativas de seus
integrantes ou relacionados com a �nalidade partidária; c. por organização
sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em
funcionamento há pelo menos um ano, para assegurar o exercício de direitos,
liberdades e prerrogativas em favor da totalidade ou de parte de seus membros
ou associados, na forma de seus estatutos e desde que pertinentes a suas
�nalidades, dispensada, para tanto, autorização especial; d. pela Defensoria
Pública, quando a tutela requerida for especialmente relevante para a promoção
dos direitos humanos e a defesa dos direitos individuais e coletivos dos
necessitados.
Ação Popular
A Ação Popular encontra previsão no art. 5º, LXXIII, segundo o qual:
Qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a
anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o
Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao
patrimônio histórico cultural, �cando o autor, salvo comprovada má-fé,
isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência (BRASIL, 1988).
Encontra-se regulamentada pela Lei nº 4.717/1965.
Tem como hipótese de cabimento: é utilizada na proteção de interesses difusos.
Isso signi�ca que é garantia voltada a impugnar atos lesivos ao patrimônio público
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ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio
ambiente e ao patrimônio histórico e cultural. Por lesividade, deve-se entender,
também, ilegalidade. Cumpre observar que não é possível a sua utilização na
defesa de interesses particulares, contra atos jurisdicionais, contra lei em tese e
tendo como �nalidade o controle de constitucionalidade. São duas as
modalidades: repressiva e preventiva. Trata-se de Ação Popular Repressiva
quando visa corrigir os atos danosos consumados. Ao contrário, será Ação Popular
Preventiva quando ajuizada antes da consumação dos efeitos do ato lesivo.
Legitimidade ativa: é do cidadão. Compreende os brasileiros natos ou
naturalizados e, também, os portugueses equiparados. É necessária a
atuação de advogado. 
Legitimidade passiva: o agente público que praticou ato lesivo ao
patrimônio público, a entidade lesada e os bene�ciários de tal ato.
Competência: dependerá da autoridade que poderá desfazer o ato
impugnado. Assim, deve-se veri�car a origem do ato impugnado, sendo a
regra o juízo de primeiro grau.
Prazo para a impetração: a Ação Popular prescreve em cinco anos.
saibamaisSaiba mais
A questão da Ação Popular é relacionada com a
disciplina de Direito Ambiental, em razão de ser
importante meio de garantia contra ações que
atinjam a prevenção ou precaução contra bem
ambiental protegido. Aconselho estudar e
realizar a leitura do art. 225, da Constituição,
relacionando os cabimentos da Ação Popular.
ACESSAR
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
21/10/2021 17:30 Ead.br
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Ação Civil Pública
A Ação Civil Pública foi introduzida no Brasil pela Lei nº 7.347/1985. Contudo, a
Constituição de 1988 a incorporou em seu art. 129, III, o qual prevê que: “São
funções institucionais do Ministério Público: [...] III – promover o inquérito civil e a
ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio
ambiente e de outros interesses difusos e coletivos” (BRASIL, 1988).
Atualmente, a Lei nº 7.347/1985 (modi�cada pela Lei nº 8.078/1990) possui apenas
caráter processual. Inclusive, posteriormente, também foram criadas outras leis
com o objetivo de ampliar seu âmbito de proteção.
Hipótese de cabimento: trata-se de instrumento utilizado para impedir danos ao
meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético,
histórico, turístico e paisagístico e por infrações da ordem econômica, à ordem
urbanística e à honra e dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos,
protegendo-se, assim, os interesses difusos, coletivos e individuais homogêneos,
desde que socialmente relevantes.
Inquérito civil: é um procedimento administrativo preliminar para a
apuração dos atos lesivos. Assim, se houver provas su�cientes para a
ação, o inquérito civil será dispensável.
Legitimidade ativa: Ministério Público, Defensoria Pública, União,
estados, Distrito Federal, municípios, autarquias, empresas públicas,
fundações, sociedades de economia mista ou associações constituídas há
pelo menos um ano, nos termos da Lei Civil, que tenham por �m a
proteção de interesses difusos e coletivos.
Legitimidade passiva: em face da Administração Pública ou de
particular.
Competência: a Ação Civil Pública deve ser proposta no foro do local
onde ocorrer o dano. Trata-se de natureza funcional e, portanto, absoluta
e improrrogável. A Ação Civil Pública pode ser utilizadacomo instrumento
de controle de constitucionalidade das leis, desde que seja
incidentalmente, ou seja, no curso de um processo concreto. Nesse caso,
os efeitos estarão vinculados às partes do processo. Cabe observar que,
se a questão constitucional for o objeto principal da demanda, não se
admitirá a Ação Civil Pública, pois seus efeitos são erga omnes, e desse
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modo haveria equiparação aos efeitos do controle concentrado e
usurpação da competência do Supremo Tribunal Federal (RCL 633-6, SP).
Organização do Estado (Arts. 18 a 36,
CF)
A Constituição Federal, dentro de sua função política, organiza as estruturas de
formação do Estado, sua forma de governo, de organização. Dessa forma, age
como liame entre diversas ciências, especialmente a jurídica e as ciências políticas.
Federação
No estudo das formas de Estado, distingue-se claramente o Estado unitário do
Estado federal. No primeiro, existe um único centro de poder político, que pode
criar e extinguir, de acordo com a vontade de seus titulares, pessoas jurídicas para
gerir serviços públicos locais, por exemplo. No segundo, por sua vez, o poder
político é descentralizado por força da Constituição Federal, que prevê a existência
de entes federativos autônomos, todos integrantes da federação, que repartem
competências entre eles.
A origem próxima da Federação pode ser encontrada na formação dos Estados
Unidos da América, quando as treze colônias britânicas da América do Norte,
lutando contra o que consideravam arbítrio do rei inglês, declaram independência
da metrópole (1776), tornando-se estados soberanos. A partir daí, unem esforços
para vencer de�nitivamente a guerra estabelecida contra os ingleses, formando,
por exemplo, um exército comum. Ocorre que toda a atuação conjunta estava
regida por um tratado internacional (Artigos de Confederação), o qual poderia ser
rompido a qualquer momento pelos signatários (SARLET; MARINONI; MITIDIERO,
2019).
Algum tempo depois do �m da guerra, buscando aprofundar e trazer maior
estabilidade ao vínculo entre eles, os treze novos estados abrem mão da
soberania e retêm a autonomia para editar a Constituição dos Estados Unidos da
América. Com isso, há a criação de um novo Estado (EUA), uma Federação
composta pelos Estados-membros que aderiram, bem como por um novo ente, a
União, criada para desempenhar de modo centralizado certas tarefas.
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Dos Estados Unidos da América, a Federação se espalhou pelo mundo, alcançando
inclusive o Brasil, conforme será analisado a seguir. Desse processo histórico,
porém, são extraídos dois conceitos diversos e muito relevantes para o estudo da
Federação.
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Quadro 3.4 - Soberania e autonomia
Fonte: Elaborado pelo autor.
#PraCegoVer: o quadro consistem em duas colunas. Na primeira, está o
conceito de soberania, que é o poder supremo de todo Estado independente,
abrangendo a capacidade ilimitada de criação do próprio ordenamento
jurídico. Ideologicamente, o titular do poder soberano nas democracias é o
povo, que pode optar, por exemplo, pela edição de nova Constituição.
Estados soberanos podem estabelecer relações entre si por meio de tratados
internacionais, formando confederações das quais podem voluntariamente
sair (direito de denúncia ao tratado). Justamente em razão da soberania,
jamais formarão federações. Na segunda coluna, está o conceito de
autonomia, que é o poder atribuído aos entes federativos, abrangendo a
capacidade de criação do próprio ordenamento jurídico, limitada aos ditames
da Constituição Federal. É, portanto, um poder menor do que a soberania.
Nesse sentido, os Estados-membros de uma federação estão submetidos à
Constituição e não podem sair do novo Estado ao qual pertencem (não há
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direito de secessão – vide art. 1º da Constituição Federal, que fala da “união
indissolúvel dos Estados, Municípios e do Distrito Federal”).
Entes Federativos
Toda federação tem como partes componentes, ou seja, como entes federativos,
no mínimo a União e os Estados. No Brasil, porém, há entes adicionais. De fato,
nos termos do artigo 18 da Constituição Federal, “A organização político-
administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados,
o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta
Constituição” (BRASIL, 1988). Note que, além da União e dos Estados, o poder
constituinte optou pela inserção do Distrito Federal e dos Municípios no pacto
federativo, o que não é comum nas federações clássicas.
a) Características gerais dos entes federativos
Todos eles são pessoas jurídicas de direito público interno: entes
federativos são pessoas jurídicas – capazes, portanto, de direitos e
deveres –, compostas por órgãos, como o Legislativo, o Executivo, o
Judiciário e o Ministério Público. Juntos, os entes federativos formam a
federação.
Todos eles são autônomos: União, Estados, Municípios e Distrito Federal
têm poder para criar as próprias normas jurídicas, nos limites dados pela
Constituição Federal. A autonomia atribui aos entes federativos três
capacidades: 
- auto-organização: capacidade de edição da própria Constituição. Isso é
bastante nítido em relação aos Estados-membros, que editam
Constituições Estaduais. Já no que diz respeito aos demais entes, a União
não editou a Constituição Federal, mas tem competência para alterar o
seu teor por meio do Congresso Nacional, que exerce o poder
constituinte derivado reformador realizando emendas à Constituição. Por
sua vez, a organização dos Municípios e do Distrito Federal está
disciplinada por meio de Leis Orgânicas, que versam sobre matéria
constitucional.
- autogoverno: capacidade de editar as próprias leis e de tomar as
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próprias decisões políticas, por meio de representantes eleitos pelo povo
respectivo. Todos os entes federativos legislam, nos termos da
Constituição Federal, e repartem as competências. 
- autoadministração: capacidade de edição dos próprios atos
administrativos. Todos os entes federativos têm a própria Administração
Pública.
Atenção: nenhum ente federativo é soberano, nem a União, que também é
autônoma. A soberania é reconhecida apenas à federação, ou seja, à República
Federativa do Brasil como um todo. Nesse sentido, o artigo 1º, inciso I, do texto
constitucional traz explicitamente a soberania como fundamento da República
Federativa do Brasil. Não se pode confundir a União (parte) com a federação (todo),
nem mesmo se utilizar do fato de que a Constituição Federal confere à União
competência para exercer as relações exteriores (art. 21, I, CF) para sustentar sua
soberania. A União, nesse aspecto, representa a República Federativa do Brasil. Esta
é, por exemplo, a signatária do tratado internacional, �igurando como pessoa
jurídica de direito público externo.
Não há subordinação hierárquica entre eles: todos têm poderes dados
pela Constituição Federal, que reparte as competências nos moldes que
estudaremos adiante. Assim, apesar de a ordem jurídica da União ser
aplicada no território brasileiro inteiro, isso não signi�ca que ela é
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hierarquicamente superior aos Estados e aos Municípios, já que cada um
dessesentes trabalha com competências distintas.
b) Características individuais dos entes federativos
União 
- Ente federativo incumbido das atividades de interesse geral. 
- Regida pela Constituição Federal. 
- Dotada pelo Poder Legislativo, Executivo, Judiciário, Ministério Público e
Tribunal de Contas. 
- Bens disciplinados no art. 20, CF.
Estados
- Entes federativos incumbidos das atividades de interesse regional. 
- Regidos pelas Constituições Estaduais, que devem obediência aos
princípios da Constituição Federal. 
- Dotados de Poder Legislativo, Executivo, Judiciário, Ministério Público e
Tribunal de Contas. 
- Bens disciplinados no art. 26, CF, de modo residual aos da União.
Municípios 
- Entes federativos incumbidos das atividades de interesse local. 
- Regidos pelas Leis Orgânicas Municipais, que devem obediência aos
princípios �xados na Constituição Estadual e na Constituição Federal. 
- Dotados de Poder Legislativo e Executivo.
ATENÇÃO: não há Judiciário nem Ministério Público Municipal. Municípios que,
antes de 1988, tinham Tribunais ou Conselhos de Contas, podem mantê-los, sendo
proibida a criação de novos. Assim, nos Municípios que não tiverem Tribunais de
Contas, a função será desempenhada pelo Tribunal de Contas estadual (art. 31, §§ 2º
e 4º, CF).
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Distrito Federal (art. 32) 
- Ente federativo incumbido de sediar Brasília, a capital federal, abrigando
o centro de poder da União. 
- Regido pela Lei Orgânica do Distrito Federal, que deve obediência aos
princípios da Constituição Federal. 
- Dotado de Poder Legislativo, Executivo, Judiciário, Ministério Público e
Tribunal de Contas.
- Não se confunde com Estados nem com Municípios, constituindo outra
espécie de ente federativo. 
- Não pode se dividir em Municípios, embora tenha cidades (como
Brasília), que não têm personalidade jurídica.
ATENÇÃO: cabe à União organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Público,
a Polícia Civil, a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros militar do Distrito Federal e
dos Territórios (art. 21, XIII e XIV, e art. 22, XVII, CF).
c) Operações territoriais do art. 18, CF
Operações com Estados: a Constituição Federal prevê que os Estados
podem incorporar-se entre si (fusão), subdividir-se (cisão) ou
desmembrar-se (partes que saem podem formar outro Estado ou se
anexar a Estado existente). O procedimento envolve três etapas: 
- aprovação da população diretamente interessada, por plebiscito:
note que a Constituição fala em aprovação, de modo que a rejeição
impede a continuidade do processo; 
- oitiva das Assembleias Legislativas dos Estados envolvidos (art. 48,
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VI, CF): observe que é obrigatório ouvir as Assembleias, mas a posição do
órgão estadual não vincula o Congresso Nacional; 
- aprovação do Congresso Nacional, mediante lei complementar:
existe ampla discricionariedade do Congresso, não está vinculado às
etapas anteriores, podendo não editar a lei complementar mesmo se
houver ampla aceitação popular no plebiscito, por exemplo.
Operações com Municípios: de modo semelhante aos Estados, a
Constituição Federal fala em criação, incorporação, fusão e
desmembramento de Municípios. Há diferença, porém, no que diz
respeito ao procedimento, com etapas diversas. 
- Realização e divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal, na forma
da lei. 
- Consulta à população dos Municípios envolvidos mediante plebiscito. 
- Efetivação da operação mediante lei estadual, dentro do período
determinado por lei complementar federal.
ATENÇÃO: a redação original do texto constitucional não exigia a atuação
normativa da União nesse aspecto. Porém, com a EC nº 15/1996, a legislação
complementar federal passou a ser imprescindível no que tange à regulação do
processo de criação de Municípios. Existe, porém, omissão normativa da União a
esse respeito, de modo que o Supremo Tribunal Federal declarou a
inconstitucionalidade de Municípios criados após 1996. Modulando os efeitos da
decisão, o STF não declarou a nulidade das leis estaduais que criaram os novos
Municípios por 24 meses, prazo no qual a União poderia suprir a ausência
normativa. Isso não ocorreu e acabou sendo editada a EC nº 57/2008, que inseriu o
art. 96 no ADCT para convalidar Municípios criados até a decisão do Supremo.
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Portanto, até que a lei complementar seja editada, a criação de novos Municípios no
Brasil é inválida.
Territórios Federais: assim como textos constitucionais anteriores, a
Constituição Federal permite a criação de Territórios Federais, que
podem ser transformados em novos Estados ou reintegrados ao Estado
de origem. Desde 1988, quando todos os Territórios Federais foram
extintos, não houve a criação de novos. Todavia, seu estudo tem
relevância, e suas principais características são: 
- processo de criação: a ser regulado por meio de lei complementar
federal, deve envolver, necessariamente, a oitiva das Assembleias
Legislativas dos Estados envolvidos (art. 48, VI, CF); 
- natureza jurídica: autarquia federal. Os Territórios Federais pertencem
à Administração Pública descentralizada da União. Assim, embora sejam
pessoas jurídicas de direito público, não são entes federativos; 
- há Poder Legislativo (Câmara Territorial, com competência e eleições
de�nidas em lei – art. 33, CF), Poder Executivo (o governador é escolhido
e nomeado pelo presidente da República – art. 84, XIV, CF), Judiciário e
Ministério Público (organizados e mantidos pela União); 
- podem se dividir em Municípios, diferentemente do Distrito Federal.
Repartição de Competências
A ausência de hierarquia entre os entes federativos faz com que seja necessária a
existência de repartição constitucional de competências. É que todos eles têm
capacidade para criar o próprio Direito, havendo quatro ordens jurídicas parciais
(União, Estados, Municípios e Distrito Federal) que, juntas, formam a ordem
jurídica total, o ordenamento jurídico da federação. A forma de evitar graves e
recorrentes antinomias entre as ordens jurídicas das diferentes esferas
federativas é prever, na Constituição Federal, campos de atuação especí�cos para
cada um deles. Se todos os entes estão subordinados à Constituição Federal, a
invasão de competência atribuída a outro gera inconstitucionalidade da norma
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editada. Atribuir competência é conferir poder. Quanto mais competência o ente
federativo tiver, maior será sua capacidade de participação na construção da
ordem jurídica total. (SARLET, MARINONI; MITIDIERO, 2019). A repartição
constitucional de competências está estritamente ligada, assim, à maior ou menor
autonomia dos entes federativos, e, por tudo isso, é o tema mais importante a
respeito de federação na preparação para exames, sendo sempre objeto de
questões.
A análise desse tema será feita com duas abordagens: primeiro, veri�cando os
tipos de Estado federal que podem existir, a depender da forma como as
competências são distribuídas entre os entes federativos. Segundo, estudando o
modelo positivado na Constituição Federal de 1988.
a) Classi�cação – tipos de Estado federal (federalismo)
Quanto à formação
- Federalismo por agregação: re�ete o processo de formação dos
Estados Unidos da América, tal como descrito anteriormente. Estados
soberanos se associam e abrem mão de sua soberania em prol da criação
de um novo Estado soberano, que é a federação (EUA). Os Estados que se
associaram perdem a condição de verdadeiros Estados, uma vez que
deixam de ter um de seuselementos essenciais: a soberania. Isso não
signi�ca, porém, que os Estados-membros terão pouco poder. É que, na
elaboração da Constituição Federal, cedem à União parcela de suas
atribuições, retendo a maior parte dos poderes para si. No federalismo
por agregação, a autonomia estadual, portanto, é maior.
- Federalismo por segregação (desagregação): retrata o processo de
formação da federação no Brasil. Durante o Império, o Estado brasileiro
era unitário, havendo forte centralização. Com a Proclamação da
República, em 1889, a federação é implantada por decisão do poder
central, que transforma as províncias em Estados-membros da federação
e atribui a eles alguns poderes, retendo a maior parte para si. Essa é uma
das razões pelas quais, historicamente, a União tem muito mais
competências que os Estados na federação brasileira. No federalismo por
segregação, a autonomia estadual é menor.
Quanto à distribuição de competências 
- Federalismo dual: o termo vem da federação norte-americana, que
tem como entes federativos apenas a União e os Estados. Duas esferas,
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portanto, que exercem seus poderes sem que as normas jurídicas
produzidas por elas se comuniquem, já que tratam de matérias distintas.
A Constituição prevê temas que serão completamente trabalhados pela
União, sem a interferência dos Estados, e temas que serão integralmente
normatizados pelos Estados, sem atuação da União. Há, assim,
competências privativas (técnica conhecida como “repartição horizontal
de competências”). 
- Federalismo cooperativo: nesse tipo de federalismo, inaugurado junto
com o Estado Social de Direito, a cooperação, inerente às federações, é
acentuada para possibilitar maior intervenção estatal em áreas como
saúde, educação e previdência, que demandam ação conjunta de todos
os entes federativos em face dos investimentos necessários. O
mecanismo para isso é a previsão, na Constituição Federal, de
competências concorrentes, matérias que, simultaneamente, são
tratadas por todos os entes federativos, com diferentes graus de
profundidade (por isso, essa técnica é conhecida como “repartição
vertical de competências”).
b) Modelo de repartição de competências adotado pela Constituição Federal de
1988:
Na Constituição Federal, há uma mescla dos sistemas horizontal e vertical de
repartição de competências, de modo que há tanto competências privativas como
concorrentes. É importante analisar cada uma delas, dedicando especial atenção à
letra dos arts. 21 a 25 e 30 do texto constitucional.
Competências privativas
Conceito: são as atribuídas com exclusividade a determinado ente
federativo, de tal maneira que, naquela matéria, só ele possa legislar ou
atuar materialmente.
Distinção: parcela da doutrina distingue competências privativas de
exclusivas, nos termos seguintes: 
- privativas: atribuídas com exclusividade, mas delegáveis a outro ente
federativo (exemplo: art. 22, parágrafo único, CF); 
- exclusivas: atribuídas com exclusividade e indelegáveis a outro ente
federativo (exemplo: art. 21, CF).
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Repartição: a Constituição Federal lista expressamente o que compete à
União e menciona o que cabe aos Municípios; o que restar será
competência privativa dos Estados. É por isso que, em relação aos
Estados, costuma-se usar a expressão “competência residual”. Em síntese,
cabe: 
- à União: aquilo que estiver listado especialmente nos arts. 21
(competências materiais, de execução) e 22 (competências legislativas) da
CF. A leitura atenta desses dispositivos é extremamente relevante e
mostra a vastidão da competência da União, que cria praticamente todo
o direito material e processual do Brasil; 
- aos Municípios: aquilo que estiver listado no art. 30 da CF, que liga a
competência legislativa e material dos Municípios aos assuntos e serviços
públicos de interesse local (observe os incisos I e V). O interesse, aqui,
não precisa ser exclusivamente local, bastando que seja
predominantemente local. É o caso, por exemplo, de transporte coletivo
nos limites do Município, de coleta de resíduos, de concessão de licenças
para funcionamento do comércio, bem como �xação do horário de
funcionamento do comércio local (Súmula Vinculante 38, STF).
ATENÇÃO: a �ixação do horário bancário é exceção a essa regra, sendo tema de
competência legislativa privativa da União (Súmula 19, STJ, e jurisprudência do STF).
aos Estados: aquilo que não couber à União nem aos Municípios, mais a
exploração de serviços locais de canalizado, mais a instituição de regiões
metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões (art. 25, CF);
ao Distrito Federal: tudo aquilo que couber aos Estados e aos
Municípios, tendo em vista que não há Municípios no Distrito Federal (art.
32, § 1º, CF).
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Competências concorrentes
Conceito: são as atribuídas concomitantemente a mais de um ente
federativo. Assim, todos os que tiverem poder nas matérias desse tipo de
competência poderão atuar ou legislar a respeito delas.
Nomenclatura: o texto constitucional traz diferenciações quanto ao
nome dessas competências, associando-as a expressões que, na verdade,
são sinônimas. Assim, é preciso cuidado com a nomenclatura.
- Competências comuns (art. 23, CF): competências materiais, de
execução, atribuídas simultaneamente a mais de um ente federativo.
- Competências concorrentes (art. 24, CF): competências legislativas
atribuídas simultaneamente a mais de um ente federativo.
Regulamentação constitucional
- Competências comuns
  - Entes competentes: União, Estados, Distrito Federal e Municípios.
    - Funcionamento: leis complementares federais devem �xar normas
para a cooperação entre todos os entes federativos, “[...] tendo em vista o
equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional” (art.
23, parágrafo único) (BRASIL, 1988).
- Competências concorrentes
  - Entes competentes: União, Estados e Distrito Federal.
  - Funcionamento: todos os entes legislarão sobre os temas listados no
art. 24, porém, o farão em profundidades diferentes. 
a. União: traz normas gerais sobre a matéria, ou seja, traz princípios,
inicia o tratamento do tema, não podendo esgotá-lo.
b. Estados e DF: suplementam as normas gerais, ou seja, trazem os
detalhamentos que completam a regulamentação sobre o tema.
ATENÇÃO: Os Municípios não foram inseridos no art. 24. Todavia, o art. 30, inciso II,
da CF dá a eles competência para suplementar a legislação federal e a estadual no
que couber. Se a União não editar as normas gerais que lhe competem, os Estados
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exercerão competência legislativa plena. Assim, eles trarão as normas gerais e as
suplementares. O mesmo pode fazer o Distrito Federal, apesar da ausência de
previsão constitucional no art. 24. Se, após essa atuação dos Estados, a União editar
normas gerais a respeito daquele tema, a lei federal suspenderá a e�icácia da lei
estadual, no que for contrário. A lei estadual, portanto, não será revogada (art. 24, §§
3º e 4º, CF). Observe que, se a lei estadual contrariar a lei federal, ela será
inconstitucional, não ilegal, uma vez que não existe hierarquia entre elas, assim
como não há entre os entes federativos.
Intervenção Federal e Estadual
Na federação, a regra é a autonomia. Assim, na normalidade institucional, os entes
federativos não interferem na ação uns dos outros. Porém, de modo excepcional,
nas hipóteses previstas taxativamente na Constituição Federal (arts. 34 a 36), é
possível a intervenção de um ente sobre outro. Isso ocorrepara preservar a
subsistência da própria federação ou de valores essenciais à Constituição (BRASIL,
1988).
A intervenção pode ser:
Federal – efetuada nos Estados e no DF, bem como nos Municípios
localizados em Território Federal. Tendo em vista que, hoje, os Territórios
Federais não existem, não é possível intervenção federal em Municípios.
Suas hipóteses e seus procedimentos serão analisados a seguir.
Estadual – efetuada nos Municípios situados no território do Estado.
Suas hipóteses estão previstas no art. 35 da CF. O procedimento é
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semelhante aos da intervenção federal. Porém, a decretação compete ao
governador do Estado, e o controle político, à Assembleia Legislativa.
Tipos de intervenção federal:
I) Espontânea (de ofício)
Hipóteses: listadas no art. 34, I, II, III e V, CF.
Procedimento: 
- Decreto do presidente da República: decretar e executar a
intervenção federal é competência privativa do Chefe do Poder Executivo
da União (art. 84, X, CF). O presidente ouvirá o Conselho da República e o
Conselho de Defesa Nacional, órgãos consultivos previstos nos arts. 89/91
da CF. Note, porém, que os Conselhos emitem opiniões não vinculantes
sobre o tema, cabendo a decisão exclusivamente ao presidente da
República. O decreto interventivo, cuja e�cácia se inicia com a publicação,
deverá:
 - especi�car a amplitude, as condições de execução e o prazo da medida,
que é sempre temporária, porquanto a regra é a autonomia; 
 - nomear interventor, se couber. Nesse caso, as autoridades locais serão
afastadas. Cessados os motivos da intervenção, os afastados retornam
aos cargos, salvo impedimento legal (art. 36, § 1º e 4º, CF).
 - Controle político do Congresso Nacional sobre o decreto, em 24 horas.
Sendo o decreto editado durante o período de recesso, haverá
convocação extraordinária em 24 horas (o controle político só pode ser
dispensado na hipótese do art. 36, § 3º, CF). Se o Congresso aprovar o
decreto (art. 49, IV, CF), a intervenção continua. Se não aprovar, o
presidente da República deve encerrar a intervenção, sob pena de crime
de responsabilidade.
II) Provocada
Por solicitação (art. 36, I, CF) 
- Hipótese (art. 34, IV, CF): garantir o livre exercício do Poder Legislativo e
do Poder Executivo nas unidades da federação. 
- Procedimento: exige-se solicitação do Poder coacto ou impedido. No
restante, o procedimento é igual ao da intervenção federal espontânea,
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tendo o presidente da República, em face da solicitação,
discricionariedade para decretar a medida.
Por requisição 
- Hipóteses:
- art. 34, IV + art. 36, I, CF: garantir o livre exercício do Poder Judiciário
estadual que estiver coagido. Depende de requisição do Supremo
Tribunal Federal. Nesse caso, como existe ordem, a decretação da
intervenção pelo presidente da República é vinculada. O restante do
procedimento será idêntico ao da intervenção espontânea; 
- art. 34, VI + art. 36, II, CF: para prover execução de ordem ou decisão
judicial. Depende de requisição do Supremo Tribunal Federal, do Superior
Tribunal de Justiça ou do Tribunal Superior Eleitoral. Havendo requisição,
a decretação pelo presidente da República é vinculada, sendo o restante
do procedimento igual ao da intervenção espontânea.
Por provimento de representação
- Hipóteses: 
- art. 34, VII + art. 36, III, CF: por violação aos princípios constitucionais
sensíveis ou recusa de execução de lei federal. Depende de provimento,
pelo Supremo Tribunal Federal, de representação interventiva
apresentada pelo Procurador Geral da República. Se provida a
representação.
Conhecimento
Teste seus Conhecimentos 
(Atividade não pontuada) 
(EXAME UNIFICADO XXXI) Alfa, entidade de classe de abrangência regional, legalmente
constituída e em funcionamento há mais de 1 ano, ingressa, perante o Supremo Tribunal
Federal, com mandado de segurança coletivo para tutelar os interesses jurídicos de seus
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representados. Considerando a urgência do caso, Alfa não colheu autorização dos seus
associados para a impetração da medida.
Com base na narrativa acima, assinale a a�rmativa correta.
a) Alfa não tem legitimidade para impetrar mandado de segurança coletivo, de
modo que a defesa dos seus associados em juízo deve ser feita pelo Ministério
Público ou, caso evidenciada situação de vulnerabilidade, pela Defensoria Pública.
b) Alfa goza de ampla legitimidade para impetrar mandado de segurança coletivo,
inclusive para tutelar direitos e interesses titularizados por pessoas estranhas à
classe por ela representada.
c) Alfa possui legitimidade para impetrar mandado de segurança coletivo em
defesa dos interesses jurídicos dos seus associados, sendo, todavia,
imprescindível a prévia autorização nominal e individualizada dos representados,
em assembleia especialmente convocada para esse �m.
d) Alfa possui legitimidade para impetrar mandado de segurança coletivo em
defesa dos interesses jurídicos da totalidade ou mesmo de parte dos seus
associados, independentemente de autorização.
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O controle de constitucionalidade é a veri�cação da adequação de um ato
normativo com a Constituição, tomando por base requisitos formais e materiais.
Sua existência lastreia-se no fato de que a Constituição �xa o modo de se produzir
o Direito e as bases estruturais sobre as quais se assenta todo o ordenamento
jurídico. Para preservar a supremacia do texto constitucional em face das demais
normas (garantindo, além disso, sua rigidez), deve haver �scalização e sanção pela
sua desobediência.
Não fosse assim, normas infraconstitucionais contrárias à Constituição
subsistiriam no ordenamento jurídico, e não haveria razão para sustentar sua
inferioridade hierárquica em relação às normas constitucionais. Com isso, as
bases do constitucionalismo, movimento voltado à limitação do poder estatal,
estariam minadas (GONZAGA, 2017).
Existem vários tipos de inconstitucionalidade e de controle de constitucionalidade.
Assim, antes de estudar em mais detalhes a estruturação do modelo brasileiro de
controle jurisdicional de constitucionalidade, tema muito relevante na preparação
para as provas, é preciso analisar algumas classi�cações.
a) Tipos de inconstitucionalidade
Controle deControle de
ConstitucionalidadeConstitucionalidade
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Inconstitucionalidade formal: vício na formação do ato, no processo de
elaboração da norma, não no seu conteúdo. Tem, por sua vez, tipos.
Subjetiva/orgânica
- Vício de iniciativa: violação à iniciativa privativa de projetos de lei
prevista na Constituição. Note que a sanção do projeto de lei não sana o
vício no caso de a iniciativa ser privativa do Chefe do Poder Executivo.
- Ato normativo editado por sujeito diverso do previsto pela CF (ex.: lei
editada pela União, quando a competência para isso é do Estado).
Objetiva
- Vício veri�cado em outras fases do processo legislativo, depois da
iniciativa (ex.: falta de observância do quórum, inobservância do
bicameralismo etc.).
Inconstitucionalidade material: é a incompatibilidade do conteúdo da
norma com a Constituição. Não é só a incompatibilidade direta, mas
também o excesso do Poder Legislativo, que pode violar a
proporcionalidade e a razoabilidade (devido processo legal substantivo).
Inconstitucionalidade por ação: ocorre em razão da edição de ato
normativo com algum dos vícios descritos acima.

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