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Corrente eléctrica 1 16ª aula Sumário: Introdução ao estudo das correntes eléctricas Introdução ao estudo das correntes eléctricas Temos até agora visto e analisado situações de equilíbrio electrostático, que são caracterizadas por as cargas eléctricas estarem em repouso. Vamos seguidamente abordar situações em que as cargas eléctricas estão em movimento originado uma corrente eléctrica. Na realidade as cargas estão sempre em movimento devido à agitação térmica. Mas para haver corrente eléctrica é necessário que haja um movimento orientado de cargas eléctricas. Os electrões são as partículas carregadas responsáveis por muitos fenómenos com correntes eléctricas que ocorrem em sólidos. Em particular, nos metais, que são bons condutores, a corrente eléctrica é devida ao movimento orientado de electrões. Um átomo é constituído pelo núcleo e pelos electrões à sua volta. Os electrões da última camada podem interagir com os de outros átomos formando ligações químicas. Porém, num metal, cada átomo “perde” os seus electrões mais periféricos em benefício de todos os átomos que constituem o material. A Fig. 16.1 mostra o esquema de um metal. Os átomos que perdem electrões ficam iões positivos que estão dispostos regularmente, formando uma “rede cristalina”. Os electrões que se desacoplaram dos átomos (chamados electrões de condução) são partilhados por todos estes iões positivos. Podemos pois falar num mar de electrões sobreposto à rede cristalina. ++++ ++++ ++++ ++++ ++++ ++++ ++++ ++++ ++++ ++++ ++++ ++++ ++++ ++++ ++++ ++++ ++++ ++++ ++++ ++++ ++++ ++++ ++++ ++++ ++++ ++++ ++++ ++++ ++++ ++++ ++++ ++++ Figura 16.1 Os iões da rede cristalina vibram em torno das suas posições de equilíbrio. Esta vibração é tanto maior quanto maior for a temperatura. Contudo os iões não abandonam as suas posições de equilíbrio (sítios da rede) e, por isso, não se deslocam grandes distâncias dentro do metal. Os electrões têm essa liberdade, experimentando, contudo, colisões entre si e com os iões positivos. Na situação representada na Fig. 16.1 (que é uma representação em duas dimensões, embora a realidade seja a três), os electrões movimentam-se mas não há corrente eléctrica. A sua velocidade média é nula. Claro que esta média deve ser tomada sobre um número muito grande de partículas. Para haver corrente eléctrica é necessário que esta velocidade média seja diferente de zero. Quando tal acontece, não significa que todos os electrões tenham essa velocidade! O que é necessário é que a sua velocidade média (soma vectorial de todas as velocidades a dividir pelo número de partículas ) já não se anule. Individualmente, um electrão pode até ter velocidade oposta a essa velocidade média mas o que importa para que ocorra corrente eléctrica é o comportamento global e não um ou outro Metal = electrões “livres” + iões Não há corrente!�⇤v⇥ = 1 Ne Ne� i ⇤vi = 0 Corrente eléctrica Aplicando um campo eléctrico ao condutor, os electrões adquirem uma velocidade média não nula 1 16ª aula Sumário: Introdução ao estudo das correntes eléctricas Introdução ao estudo das correntes eléctricas Temos até agora visto e analisado situações de equilíbrio electrostático, que são caracterizadas por as cargas eléctricas estarem em repouso. Vamos seguidamente abordar situações em que as cargas eléctricas estão em movimento originado uma corrente eléctrica. Na realidade as cargas estão sempre em movimento devido à agitação térmica. Mas para haver corrente eléctrica é necessário que haja um movimento orientado de cargas eléctricas. Os electrões são as partículas carregadas responsáveis por muitos fenómenos com correntes eléctricas que ocorrem em sólidos. Em particular, nos metais, que são bons condutores, a corrente eléctrica é devida ao movimento orientado de electrões. Um átomo é constituído pelo núcleo e pelos electrões à sua volta. Os electrões da última camada podem interagir com os de outros átomos formando ligações químicas. Porém, num metal, cada átomo “perde” os seus electrões mais periféricos em benefício de todos os átomos que constituem o material. A Fig. 16.1 mostra o esquema de um metal. Os átomos que perdem electrões ficam iões positivos que estão dispostos regularmente, formando uma “rede cristalina”. Os electrões que se desacoplaram dos átomos (chamados electrões de condução) são partilhados por todos estes iões positivos. Podemos pois falar num mar de electrões sobreposto à rede cristalina. ++++ ++++ ++++ ++++ ++++ ++++ ++++ ++++ ++++ ++++ ++++ ++++ ++++ ++++ ++++ ++++ ++++ ++++ ++++ ++++ ++++ ++++ ++++ ++++ ++++ ++++ ++++ ++++ ++++ ++++ ++++ ++++ Figura 16.1 Os iões da rede cristalina vibram em torno das suas posições de equilíbrio. Esta vibração é tanto maior quanto maior for a temperatura. Contudo os iões não abandonam as suas posições de equilíbrio (sítios da rede) e, por isso, não se deslocam grandes distâncias dentro do metal. Os electrões têm essa liberdade, experimentando, contudo, colisões entre si e com os iões positivos. Na situação representada na Fig. 16.1 (que é uma representação em duas dimensões, embora a realidade seja a três), os electrões movimentam-se mas não há corrente eléctrica. A sua velocidade média é nula. Claro que esta média deve ser tomada sobre um número muito grande de partículas. Para haver corrente eléctrica é necessário que esta velocidade média seja diferente de zero. Quando tal acontece, não significa que todos os electrões tenham essa velocidade! O que é necessário é que a sua velocidade média (soma vectorial de todas as velocidades a dividir pelo número de partículas ) já não se anule. Individualmente, um electrão pode até ter velocidade oposta a essa velocidade média mas o que importa para que ocorra corrente eléctrica é o comportamento global e não um ou outro ⇥E �⌃v = � e m ⌃E�t Corrente eléctrica 2 comportamento individual. Quando há corrente eléctrica, experimentalmente os electrões têm velocidades diferentes mas, de facto, é como se cada um tivesse uma mesma velocidade (velocidade média v ) como se representa na Fig. 16.2. ++++ ++++ ++++ ++++ ++++ ++++ ++++ ++++ ++++ ++++ ++++ ++++ ++++ ++++ ++++ ++++ ++++ ++++ ++++ ++++ ++++ ++++ ++++ ++++ ++++ ++++ ++++ ++++ ++++ ++++ ++++ ++++ v Figura 16.2 Para que os electrões tenham uma velocidade média diferente de zero é necessário que sobre eles se exerça uma força, ou, por outras palavras, que fiquem sob a acção de um campo eléctrico. Para haver corrente eléctrica terá então de haver um campo eléctrico no interior do condutor e, portanto, uma diferença de potencial entre dois pontos desse condutor1. Num circuito a diferença de potencial consegue-se à custa de um gerador (ou bateria). Voltarmos a este assunto na próxima aula. Apesar de num condutor serem os electrões os responsáveis pela corrente eléctrica, convencionou-se há muito que o sentido da corrente eléctrica é sentido contrário. Haver deslocamento de cargas negativas num sentido é equivalente ao movimento de cargas positivas no sentido oposto2. Aquela convenção foi estabelecida antes da descoberta do electrão, ou seja, antres de se conhecerem os mecanismos de condução eléctrica em metais. O facto de o sentido convencional da corrente ser contrário ao sentido real não levanta qualquer dificuldade de ordem conceptual ou prática na análise de situações físicas e, em particular de circuitos eléctricos. ++++ ++++ −−−− −−−− ΙΙ Figura 16.3 Na Figura 6.3 as duas correntes são iguais mas só a da figura de cima corresponde ao sentido convencional da corrente eléctrica. A grandeza indicada na figura representada 1 Vimos antes que o campo eléctrico era nulo no interior de um condutor se houvesse equilíbrio electrostático. Não é este o caso presente. 2 Uma excepção é o chamado efeito Hall em que importa saber o sinal das cargas que em concreto se deslocam. Convenciona-se que o sentido positivo da corrente é o sentido do movimento das cargas positivas Com esta convenção, a corrente flui no sentido dos potenciais decrescentes Corrente eléctrica Nem sempre os electrões são os responsáveis pela corrente 3 por I designa-se por corrente (ou intensidade de corrente) e será introduzida formalmente na próxima aula. Há vantagens em considerar o sentido convencional da corrente eléctrica como o sentido do movimento das cargas positivas. Assim, as cargas flúem dos potenciais mais elevados para os mais baixos, o que permite fazer analogias com o movimento de um fluido dentro de um tubo inclinado. Nem sempre os electrões são os responsáveis pela corrente eléctrica. Num electrólito, por exemplo, são os iões positivos que se movem numa direcção e os negativos na outra. Neste caso, de que se mostra um exemplo na Fig. 16.4, não há electrões individualmente envolvidos. A figura mostra em esquema os movimentos dos iões numa solução aquosa de cloreto de sódio em que se mergulham dois eléctrodos. Os iões positivos (de sódio) dirigem-se para o cátodo (eléctrodo negativo) e os iões positivos (de cloro) para o ânodo (eléctrodo positivo) Figura 16.4 Num acelerador de partículas (de electrões, de positrões, de protões, de antiprotões, etc.) há corrente eléctrica devida ao movimento destas partículas carregadas. Estes feixes de partículas movem-se em tubos onde é feito o vazio. Solução de NaCl Iões negativos movem-se para o ânodo Iões positivos movem-se para o cátodo Intensidade de corrente 1 17ª aula Sumário: Intensidade da corrente. Resistência. Lei de Ohm Intensidade da corrente A Fig. 17.1 representa um material condutor. Imagine-se esse material − um fio de cobre, por exemplo − seccionado por um plano. Α Figura 17.1 Quando passa corrente eléctrica, há uma carga líquida Q∆ que atravessa a secção indicada na Fig. 17.1, num certo sentido, num intervalo de tempo, t∆ . A intensidade ou corrente média é definida por t QI ∆ ∆ =m . (17.1) Mas pode a corrente não ser estacionária, ou seja, pode Q∆ não ser sempre o mesmo para um mesmo intervalo de tempo. Neste caso a corrente varia com o tempo e define-se a corrente instantânea como o limite da corrente média quando 0→∆t : t QI d d = . (17.2) A corrente eléctrica é a taxa a que passa a carga eléctrica através de uma superfície que secciona um condutor. Inversamente, dada a corrente I a carga líquida que atravessa uma secção de um condutor é Im = �Q �t I = dQ dt I = � A ⇧J · d⇧S Densidade de corrente 2 = t tIQ 0 d . (17.3) A unidade de corrente no SI é o ampere (símbolo A) em homenagem ao francês André Marie Ampère, um figura de vulto na construção do electromagnetismo. É evidente que se pode estabelecer uma relação directa entre a corrente e as propriedades das partículas que microscopicamente são responsáveis pela corrente. Estas propriedades são a carga eléctrica, q, e a sua velocidade média, ou velocidade de deriva, no sentido referido na última aula (ver Fig. 16.2), v . Para simplificar a discussão vamos supor que só há electrões a deslocarem-se e, portanto, são estas as partículas responsáveis pela existência de corrente eléctrica. Se houver N electrões de condução num volume de material V, o número de electrões por unidade de volume ou densidade de electrões é V N n = . (17.4) Logo, o número de electrões de condução num troço de um circuito de comprimento l e secção A (Fig. 17.2) é nlA e a carga eléctrica total é nlAeQ =∆ , (17.5) sendo e a carga do electrão. A v l Figura 17.2 O tempo necessário para que a carga Q∆ atravesse a secção sombreada na Fig. 17.2 é v l t =∆ . (17.6) Dividindo (17.5) por (17.6) encontra-se a corrente média enAvI = . (17.7) Define-se a densidade de corrente média como o vector que se obtém dividindo a corrente pela área e tomando o vector velocidade v em vez de se considerar somente o seu valor. Assim, por definição, l �Q = Nee = nlAe �t = l v ⇧J = ne⇧v n = Ne V I = �Q �t = neAv Densidade de corrente ⇧J = ne⇧v I = dQ dt 1 A = 1 C/s I = � S ⇧J · d⇧S C/s/m2 Que velocidade é esta? Corrente de 1 A num fio de 1 mm2 de cobre: v = I neS = 1 8, 46� 1028 � 1, 6� 10�19 � 10�6 = 0, 22 mm/s Lei de Ohm ⌅J = � ⌅EPara campos eléctricos pouco intensos: E = �J V l = � I S V I = � l S R = � l S S ⇥E � Condutividade Resistividade � � 1 ⇥ � � (T, I, . . .) Condutores óhmicos R = V I Resistência: 5 Lei de Ohm Verifica-se experimentalmente, pelo menos para correntes pequenas, que há uma proporcionalidade entre V e I o que se exprime por IRV = (17.17) Esta equação parece ser simplesmente uma maneira diferente de escrever a Eq. (17.15). Contudo, para R constante a equação exprime a chamada lei de Ohm que se enuncia assim: a diferença de potencial entre dois pontos de um circuito é proporcional à corrente que o percorre. Assim, para se verificar a lei de Ohm a resistência terá de ser constante, ou seja independente da diferença de potencial, V, ou da corrente, I. A expressão (17.12), para ρ constante, é uma outra possível formulação da lei de Ohm: é a forma “microscópica” da lei de Ohm. Neste contexto, dizer que ρ é constante significa que não depende nem de J nem de E . Um condutor para o qual se verifica a lei de Ohm diz-se óhmico. Quando se verifica a lei de Ohm, a relação entre V e I traduz-se graficamente por uma linha recta num diagrama (I,V) que passa pela origem como se mostra na Fig. 17.4. I V Figura 17.4 O caso de um condutor não-óhmico está expresso na Fig. 17.5. A Eq. 17.15 permite, em cada ponto definir a resistência como a razão IV / , mas isso não significa que o material verifique a lei de Ohm. I V Figura 17.5 Condutor óhmico 5 Lei de Ohm Verifica-se experimentalmente, pelo menos para correntes pequenas, que há uma proporcionalidade entre V e I o que se exprime por IRV = (17.17) Esta equação parece ser simplesmente uma maneira diferente de escrever a Eq. (17.15). Contudo, para R constante a equação exprime a chamada lei de Ohm que se enuncia assim: a diferença de potencial entre dois pontos de um circuito é proporcional à corrente que o percorre. Assim, para se verificar a lei de Ohm a resistência terá de ser constante, ou seja independente da diferença de potencial, V, ou da corrente, I. A expressão (17.12), para ρ constante, é uma outra possível formulação da lei de Ohm: é a forma “microscópica” da lei de Ohm. Neste contexto, dizer que ρ é constante significa que não depende nem de J nem de E . Um condutor para o qual se verifica a lei de Ohm diz-se óhmico. Quando se verifica a lei de Ohm, a relação entre V e I traduz-se graficamente por uma linha recta num diagrama (I,V) que passa pela origem como se mostra na Fig. 17.4. I V Figura 17.4O caso de um condutor não-óhmico está expresso na Fig. 17.5. A Eq. 17.15 permite, em cada ponto definir a resistência como a razão IV / , mas isso não significa que o material verifique a lei de Ohm. I V Figura 17.5 Condutor não-óhmico Lei de Ohm: R é constante Resistividade a 20˚C Material Resistividade (μΩ·cm) Prata 1,6 Cobre 1,7 Ouro 2,2 Alumínio 2,7 Níquel 6,9 Ferro 10,1 Constantan 49 Manganésio 160 Grafite 3000 Modelo de Drude • Electrões livres deslocam-se no fundo iónico, colidindo com os iões • As interacções dos electrões são apenas “colisões” instantâneas • Os electrões “ressaltam” em direcções aleatórias após as colisões • O intervalo de tempo médio entre duas colisões é τ Condutividade Modelo de Drude ~J = �neh~vi = ne2⌧ m ~E h�~pi = �e ~E⌧ Entre duas colisões... h~pi = �e ~E⌧ O momento logo após a colisão é aleatório... h~vi = h~pi m = �ne�e ~E⌧ m Força electromotriz 1 18ª aula Sumário: Força electromotriz. Leis de Kirchhoff Força electromotriz Quando uma bateria é ligada a resistências, estabelece-se uma corrente estacionária no circuito, ou seja uma corrente que não varia no tempo. A Fig. 18.1 representa um circuito com uma bateria e uma resistência. A bateria impõe a entrada no circuito (ponto A, pólo positivo da bateria) de uma determinada carga, Q∆ , num certo intervalo de tempo. Messe mesmo intervalo de tempo a mesma carga “desaparece” na outra extremidade do circuito1 (ponto B, pólo negativo da bateria). Assim, o fio condutor tem sempre carga líquida nula. A B Figura 18.1 O potencial do ponto A é maior do que o do ponto B. Os processos (reacções químicas) que têm lugar na bateria têm como consequência o armazenamento de cargas positivas a um potencial mais elevado. O papel da bateria é semelhante ao de uma bomba de água no circuito de água fechado representado na Fig. 18.2. Bomba de água A B Figura 18.2 1 Recordamos que o sentido convencional da corrente é o do movimento das cargas positivas. ΔQ −ΔQ � = VA � VB R I 1 18ª aula Sumário: Força electromotriz. Leis de Kirchhoff Força electromotriz Quando uma bateria é ligada a resistências, estabelece-se uma corrente estacionária no circuito, ou seja uma corrente que não varia no tempo. A Fig. 18.1 representa um circuito com uma bateria e uma resistência. A bateria impõe a entrada no circuito (ponto A, pólo positivo da bateria) de uma determinada carga, Q∆ , num certo intervalo de tempo. Messe mesmo intervalo de tempo a mesma carga “desaparece” na outra extremidade do circuito1 (ponto B, pólo negativo da bateria). Assim, o fio condutor tem sempre carga líquida nula. A B Figura 18.1 O potencial do ponto A é maior do que o do ponto B. Os processos (reacções químicas) que têm lugar na bateria têm como consequência o armazenamento de cargas positivas a um potencial mais elevado. O papel da bateria é semelhante ao de uma bomba de água no circuito de água fechado representado na Fig. 18.2. Bomba de água A B Figura 18.2 1 Recordamos que o sentido convencional da corrente é o do movimento das cargas positivas. 3 Se designarmos por ir a resistência interna da bateria, os terminais desta são os pontos A e B no esquema da Fig. 8.4. ε riI A B Figura 18.4 A diferença de potencial entre A e B é iBA rIVV −=− ε . (18.4) Leis de Kirchhoff Não é preciso desmontarmos um computador, um telefone ou uma televisão para nos apercebermos que os circuitos eléctricos podem ser muito complexos. Contudo, a análise desses circuitos pode fazer-se mediante a consideração de leis muito simples. São as chamadas leis de Kirchhoff que assim se enunciam: − Lei dos nodos (ou dos nós): a soma das correntes que entram num ponto de um circuito é igual à soma das correntes que de lá saem. − Lei da malhas: a soma de todas as diferenças de potencial ao longo de um percurso fechado qualquer que se considere num circuito é nulo. Na Fig. 18.5, representa-se um nó de um circuito para onde convergem e de onde divergem correntes. De acordo com a lei dos nodos, 3241 IIII +=+ . I1 I2 I3 I4 Figura 18.5 De uma maneira geral, a lei dos nodos pode exprimir-se através da expressão = = N 1 0 j jI , (18.5) ri : Resisteˆncia interna VA � VB = �� riI X Leis de Kirchhoff Ramos Nodos Malhas Leis de Kirchhoff Lei dos nodos: a soma das correntes que entra num nodo é igual à soma das correntes que dele saem Lei das malhas: a soma das diferenças de potencial ao longo de qualquer circuito fechado é nula Leis de Kirchhoff I1 I2 I3 I3 = I1 + I2 Leis de Kirchhoff I1 I2 I3 R1 R2 R3 ε1 ε2 ��1 +R1I1 � �2 = 0 Leis de Kirchhoff I1 I2 I3 R1 R2 R3 ε1 ε2 ��2 +R2I2 +R3I2 = 0 Leis de Kirchhoff ��1 +R1I1 � �2 = 0 ��2 +R2I2 +R3I2 = 0 I3 = I1 + I2 I1 = �1 + �2 R1 I2 = �2 R2 +R3 Associação de resistências em série 1 19ª aula Sumário: Associação de resistências. Potência dissipada numa resistência. Circuitos RC Associação de resistências As leis de Kirchhoff podem ser utilizadas para encontrar a resistência equivalente a associações de resistências em série e em paralelo. No circuito da Fig. 19.1 (lado esquerdo) há duas resistências ligadas em série, nas quais passa a mesma corrente I. Do lado direito da mesma figura mostra-se o circuito equivalente com uma bateria com a mesma f.e.m., ε , e a mesma corrente no circuito, I. R2 ε R1 ε Req I I Figura 19.1 Como relacionar a resistência equivalente, Req com as resistências R1 e R2? Aplicando directamente a lei das malhas ao circuito original tem-se 021 =−+ εIRIR , donde ( )21 RRI +=ε . (19.1) A aplicação da lei das malhas ao circuito equivalente permite concluir que eqRI=ε e portanto 21eq RRR += . (19.2) Esta expressão generaliza-se para um número arbitrário de resistências em série (Fig. 19.2). R1 R2 Rn Figura 19.2 A resistência equivalente é dada por = = n 1 eq i iRR . (19.3) 1 19ª aula Sumário: Associação de resistências. Potência dissipada numa resistência. Circuitos RC Associação de resistências As leis de Kirchhoff podem ser utilizadas para encontrar a resistência equivalente a associações de resistências em série e em paralelo. No circuito da Fig. 19.1 (lado esquerdo) há duas resistências ligadas em série, nas quais passa a mesma corrente I. Do lado direito da mesma figura mostra-se o circuito equivalente com uma bateria com a mesma f.e.m., ε , e a mesma corrente no circuito, I. R2 ε R1 ε Req I I Figura 19.1 Como relacionar a resistência equivalente, Req com as resistências R1 e R2? Aplicando directamente a lei das malhas ao circuito original tem-se 021 =−+ εIRIR , donde ( )21 RRI +=ε . (19.1) A aplicação da lei das malhas ao circuito equivalente permite concluir que eqRI=ε e portanto 21eq RRR += . (19.2) Esta expressão generaliza-se para um número arbitrário de resistências em série (Fig. 19.2). R1 R2 Rn Figura 19.2 A resistência equivalente é dada por = = n 1 eq i iRR . (19.3) � = (R1 +R2) I � = ReqI Req = R1 +R2 + . . .+Ri + . . .+RN Req =R1 +R2 Associação de resistências em paralelo 2 No circuito da Fig. 19.3 (lado esquerdo) há agora duas resistências ligadas em paralelo. A corrente em cada uma delas é I1 e I2, como se indica, e a corrente no circuito principal é I. De acordo com as leis de Kirchhoff, 21 III += . (19.3) ε R1 I R2 ε Req I I1 I2 Figura 19.3 Do lado direito da mesma figura mostra-se o circuito equivalente com uma bateria com a mesma f.e.m., ε , que é, de resto, a diferença de potencial em cada uma das resistências (a 1, a 2, ou a equivalente): ,,, 2211eq RIRIIR === εεε (19.4) Combinando as eqs. (19.3) e (19.4) podemos concluir que 21eq 111 RRR += . (19.5) Esta expressão generaliza-se para um número arbitrário de resistências em paralelo (Fig. 19.4). R1 R2 Rn Figura 19.4 A resistência equivalente é dada por = = n 1eq 11 i iRR . (19.6) 2 No circuito da Fig. 19.3 (lado esquerdo) há agora duas resistências ligadas em paralelo. A corrente em cada uma delas é I1 e I2, como se indica, e a corrente no circuito principal é I. De acordo com as leis de Kirchhoff, 21 III += . (19.3) ε R1 I R2 ε Req I I1 I2 Figura 19.3 Do lado direito da mesma figura mostra-se o circuito equivalente com uma bateria com a mesma f.e.m., ε , que é, de resto, a diferença de potencial em cada uma das resistências (a 1, a 2, ou a equivalente): ,,, 2211eq RIRIIR === εεε (19.4) Combinando as eqs. (19.3) e (19.4) podemos concluir que 21eq 111 RRR += . (19.5) Esta expressão generaliza-se para um número arbitrário de resistências em paralelo (Fig. 19.4). R1 R2 Rn Figura 19.4 A resistência equivalente é dada por = = n 1eq 11 i iRR . (19.6) 1 Req = 1 R1 + 1 R2 + . . .+ 1 Ri + . . .+ 1 RN �⇤⇥ � = R1I1� = R2I2 I = I1 + I2 � = ReqI 1 Req = 1 R1 + 1 R2 Voltímetro I R 3 Uma diferença de potencial mede-se com um voltímetro, aparelho de medida que se deve colocar em paralelo num circuito. Na prática um voltímetro tem uma resistência interna, ir , que, dependendo do seu valor, altera mais ou menos as condições do circuito. Na Fig. 19.5, o voltímetro, cuja resistência interna se explicita ao lado do símbolo que representa o aparelho, mede a diferença de potencial entre os pontos A e B, entre os quais há uma resistência R. ri R V A B I I' i Figura 19.5 A resistência equivalente entre os pontos A e B é tal que [ver Eq. (19.5)] iAB 111 rRR += . (19.7) A condição para o voltímetro não introduzir alterações no circuito é ∞→ir . Neste caso RR =AB , como se não existisse voltímetro. Mas, na prática, a resistência interna do voltímetro não é infinita e alguma corrente é “roubada” ao circuito original (corrente i na Fig. 19.5). Um amperímetro mede a corrente e deve ser intercalado em série num circuito. Idealmente, o amperímetro deveria ter resistência interna nula, mas, na prática, isso não acontece. Na Fig. 19.6 mostra-se uma parte do circuito com a resistência R onde se intercalou um amperímetro. ri R A B I' A Figura 19.6 Devido à resistência interna do amperímetro, a corrente no circuito ( 'I ) diminui relativamente ao seu valor antes da colocação do amperímetro. A resistência equivalente entre os pontos A e B é iAB rRR += . (19.8) A condição para não haver alteração no circuito é 0i =r . Na verdade tal não acontece pelo que ao introduzir-se um amperímetro no circuito, a corrente medida vai ser menor do que a corrente que existia sem o aparelho de medida. 1 RAB = 1 R + 1 ri ri �⇤⇥ RAB = R Amperímetro I R 3 Uma diferença de potencial mede-se com um voltímetro, aparelho de medida que se deve colocar em paralelo num circuito. Na prática um voltímetro tem uma resistência interna, ir , que, dependendo do seu valor, altera mais ou menos as condições do circuito. Na Fig. 19.5, o voltímetro, cuja resistência interna se explicita ao lado do símbolo que representa o aparelho, mede a diferença de potencial entre os pontos A e B, entre os quais há uma resistência R. ri R V A B I I' i Figura 19.5 A resistência equivalente entre os pontos A e B é tal que [ver Eq. (19.5)] iAB 111 rRR += . (19.7) A condição para o voltímetro não introduzir alterações no circuito é ∞→ir . Neste caso RR =AB , como se não existisse voltímetro. Mas, na prática, a resistência interna do voltímetro não é infinita e alguma corrente é “roubada” ao circuito original (corrente i na Fig. 19.5). Um amperímetro mede a corrente e deve ser intercalado em série num circuito. Idealmente, o amperímetro deveria ter resistência interna nula, mas, na prática, isso não acontece. Na Fig. 19.6 mostra-se uma parte do circuito com a resistência R onde se intercalou um amperímetro. ri R A B I' A Figura 19.6 Devido à resistência interna do amperímetro, a corrente no circuito ( 'I ) diminui relativamente ao seu valor antes da colocação do amperímetro. A resistência equivalente entre os pontos A e B é iAB rRR += . (19.8) A condição para não haver alteração no circuito é 0i =r . Na verdade tal não acontece pelo que ao introduzir-se um amperímetro no circuito, a corrente medida vai ser menor do que a corrente que existia sem o aparelho de medida. RAB = R+ ri ri � 0⇥ RAB = R Potência dissipada numa resistência I R ΔQ V W=VΔQ P=VΔQ/Δt P=VI=RI2=V2/R Lei de Joule Circuito RC R C ε I ++++ −−−− q C = 0RI+ �� I = dq dt I(t) = � R e� t RC t = 0� I = � R q C +R dq dt � � = 0 q(t) = �C � 1� e� tRC ⇥ Circuito RC 7 A corrente inicial ou a carga final não dependem da constante de tempo mas o tempo de carga do condensador (ou da corrente transitória) depende. Na Fig. 19.9 as curvas tanto para a carga como para a corrente referem-se a duas constantes de tempo diferentes. Quanto maior for a constante de tempo mais tempo demora o condensador a carregar. qf t I I0 τ1 τ2 τ1> t q τ1 τ2 τ1> Figura 19.9 Suponhamos que o condensador foi carregado com carga q0, e depois ligado a uma resistência, tal como se mostra na Fig. 19.10, através da qual descarrega. RI C q −q + + + - - - Figura 19.10 A análise da situação é ainda mais simples do que no caso anterior pois não há bateria. Aplicando a lei das malhas de Kischhoff, começando pela resistência e no sentido horário [ou, simplesmente, fazendo 0=ε na Eq, (19.12)], temos 0=+ C qIR (19.18) ou ainda )(1 d )(d tq RCt tq −= (19.19) cuja solução é a função exponencial [é a função que derivada dá a própria função, à parte um factor, como exige a Eq. (19.19)]: RC t qtq − = e)( 0 (19.20) � = RCConstante de tempo: Circuito RC 7 A corrente inicial ou a carga final não dependem da constante de tempo mas o tempo de carga do condensador (ou da corrente transitória) depende. Na Fig. 19.9 as curvas tanto para a carga como para a corrente referem-se a duas constantes de tempo diferentes. Quanto maior for a constante de tempo mais tempo demora o condensador a carregar. qf t I I0 τ1 τ2 τ1> t q τ1 τ2 τ1> Figura 19.9 Suponhamos que o condensador foi carregado com carga q0, e depois ligado a uma resistência,tal como se mostra na Fig. 19.10, através da qual descarrega. RI C q −q + + + - - - Figura 19.10 A análise da situação é ainda mais simples do que no caso anterior pois não há bateria. Aplicando a lei das malhas de Kischhoff, começando pela resistência e no sentido horário [ou, simplesmente, fazendo 0=ε na Eq, (19.12)], temos 0=+ C qIR (19.18) ou ainda )(1 d )(d tq RCt tq −= (19.19) cuja solução é a função exponencial [é a função que derivada dá a própria função, à parte um factor, como exige a Eq. (19.19)]: RC t qtq − = e)( 0 (19.20) RI + q C = 0 q(t) = q0e� t RC I(t) = � q0 RC e� t RC 8 (o factor constante 0q é a carga no instante inicial). Se derivarmos esta função − lado esquerdo da equação (19.19) − obtemos o lado direito da Eq. (19.19). Logo (19.20) é solução de (19.19). A corrente é RC t RC t I RC q tI −− −=−= ee)( 00 . (19.21) O facto de esta corrente ser negativa significa simplesmente que tem sentido contrário ao escolhido na Fig. 9.10. Agora, à medida que a carga diminui, a corrente também diminui em valor absoluto. A maior ou menor rapidez a que esta diminuição da carga e o módulo da corrente se processa é governada pela mesma constante de tempo, RC=τ [ver (19.17)], anteriormente introduzida. Na Fig. 9.11 representa-se a carga no condensador e o módulo da corrente no circuito em função do tempo. t |I| I0 τ1 τ2 τ1> t q q0 τ2 τ1> τ1 Figura 9.11 Finalmente, tornemos o significado da constante de tempo mais preciso. Para um condensador que descarregue como o da Fig 10.10, τ é o tempo ao fim do qual a carga é 0 1 0 37,0e qqq == − ou seja é 37% da carga inicial (Fig. 9.12). t q q0 0,37 q0 τ Figura 9.12
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