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Psicopatologia (definição) Psico (Psyché) – alma, espírito, mente. Patologia (Pathos e logos) – doença, sofrimento, razão. Três campos de significação: passividade (sofrer ação sem qualquer papel na determinação), sofrimento e padecimento (“a paixão de Cristo”), âmbito da paixão e do passional (emoções arrebatadoras insubordinadas à razão). Psicopatologia é uma palavra de origem grega, sendo definida como o estudo das doenças mentais no que se refere à sua descrição, classificação, produção e evolução, servindo de base à escolha da psicoterapia a ser adotada. Inicialmente é necessário conhecer as funções psíquicas que constituem o ser humano. A avaliação das funções psíquicas tem sido altamente utilizada na área da enfermagem por sua grande importância na avaliação e no planejamento da assistência em saúde mental Psicopatologia e medicina. Ramo da medicina que tem como objetivo fornecer a referência, a classificação e a explicação para as modificações do modo de vida, do comportamento e da personalidade de um indivíduo, que se desviam da norma e/ou ocasionam sofrimento e são tidas como expressão de doenças mentais. Definição de normalidade Uma das primeiras, e talvez uma das mais importantes, discussões sobre psicopatologia diz respeito à questão da normalidade. Padrões de comportamento ou traços de personalidade típicos ou que estejam em conformidade com certos padrões adequados e aceitáveis de se comportar e agir. Saúde, normalidade e psicopatologia são termos altamente relacionados. A psicopatologia passa a ocorrer quando o comportamento de uma pessoa, ou eventualmente de um grupo de pessoas, foge àquilo que é esperado como referência de determinada sociedade, quando a pessoa passa a ter alterações importantes em relação ao comportamento que tinha no passado, com prejuízos significativos em seu funcionamento (comportamento), causando a si e a outros, especialmente seus familiares, acentuado grau de sofrimento. Tem-se como expectativa que a normalidade seja o tipo de comportamento que mais ocorre em qualquer cultura Considera-se a presença de alguma psicopatologia a partir de critérios diagnósticos. Esses critérios são catalogados em manuais que apresentam o conjunto de sintomas necessários e suficientes para que se possa considerar que alguém está apresentando algum tipo de transtorno mental. Os critérios variam muito de grupo de transtornos. Exemplo: transtornos de humor e transtornos de ansiedade possuem diferentes critérios gerais e dos transtornos entre si ( transtorno depressivo), exigindo muitas vezes a elaboração de um diagnóstico diferencial. Abordagens da psicopatologia Múltiplas e diferentes referências teóricos. O fenômeno psicopatológico convoca multiplicidade de enfoques e de referênciais teóricos que devem dialogar entre eles, para a construções de um diagnóstico e tratamento adequados. Impor uma solução simplista e artificial deformaria o fenômeno psicopatológico. A psicopatologia tem a avançar no debate das diferenças conceituais e teóricas. Tipos de psicopatologias Psicopatologia descritiva e psicopatologia dinâmica Para a descritiva interessa fundamentalmente a forma das alterações psíquicas, a estrutura dos sintomas, àquilo que caracteriza a vivência patológica como sintoma mais ou menos típico. Para a dinâmica interessa o conteúdo da vivência, os movimentos internos dos afetos, desejos e temores do indivíduo, sua experiência particular, pessoal, não necessariamente classificável em sintomas previamente descritos. Psicopatologia médica e psicopatologia existencial Psicopatologia médica – o adoecimento mental é visto como um mau funcionamento do cérebro, uma desregulação, uma disfunção de alguma parte do aparelho biológico. Psicopatologia existencial – paciente como uma “existencial singular”, na sua dimensão histórica e humana. Doença modo particular de existência, uma forma trágica de construir um destino e os laços com outros. Psicopatologia comportamental-cognitivista Psicopatologia comportamental-cognitivista – o homem é visto como um conjunto de comportamentos objetiváveis, regulados por estímulos específicos e gerais, bem como por certas leis e determinantes do aprendizado. Centra atenção nas representações cognitivos conscientes dos pacientes essenciais para a compreensão do funcionamento mental normal e patológico. Sintomas – comportamentos e representações cognitivas disfucionais, aprendidas e reforçadas pelo meio: família, amigos, etc. Psicopatologia psicanalítica Na visão psicanalítica, o homem é visto como ser “determinado”, dominado por forças, desejos e conflitos inconscientes. A psicanálise dá grande importância aos afetos que, segundo ela, dominam o psiquismo; Na visão psicanalítica, os sintomas e as síndromes mentais são considerados formas de expressão de conflitos, predominantemente inconscientes, de desejos que não podem ser realizados, de temores a que o indivíduo não tem acesso Psicopatologia categorial e psicopatologia dimensional Psicopatologia categorial – as entidades nosológicas ou transtornos mentais específicos, diferentes e discerníveis em sua natureza básica. Psicopatologia dimensional - visão dimensional mais adequada à realidade clínica. Haveria dimensões um caso com espectro esquizofrênico, com formas graves de “demência precoce”, formas menos agudas da esquizofrenia com sintomas afetivos, sintomas psicóticos e transtornos de humor. Psicopatologia biológica e psicopatologia sociocultural Psicopatologia biológica – enfatiza os aspectos cerebrais, neuroquímicos ou neurofisiológicos das doenças e sintomas mentais, de onde extrai as bases. Psicopatologia sociocultural – sintomas que seriam determinados por fatores sociocultural, como a discriminação, a pobreza, a migração, o estresse. Cultura importante para a classificação do normal e patológico. Definição de Transtorno Mental Os Transtornos Mentais são síndromes ou padrões comportamentais ou psicológicos clinicamente importantes, que ocorrem num indivíduo e estão associados com sofrimento ou incapacitação ou com um risco significativamente aumentado de sofrimento, morte, dor, deficiência ou perda importante da liberdade. A expressão “transtorno mental” infelizmente sugere uma distinção entre transtornos “mentais” e transtornos “físicos”, uma visão reducionista do dualismo mente/corpo. Um equívoco comum consiste em pensar que uma classificação de transtornos mentais classifica pessoas, quando na verdade o que se classifica são os transtornos que as pessoas apresentam. Diagnostico • Diagnosticar é descobrir um fenômeno patológico • Permite o estabelecimento de condutas, prognóstico, investigação científica e hipóteses explicativas. Os critérios diagnósticos visam a servir como diretrizes a serem moduladas pelo julgamento clínico, não devendo ser usados como um “livro de receitas”. Diagnóstico Mau uso do diagnóstico psiquiátrico Uso político e punitivo Instrumento de estigmatização Rótulo É formulado para ajudar a entender melhor nossos doentes e poder ajudá-los de uma maneira mais eficaz É orientado pela observação, descrição e aspectos fenomenológicos, além da evolução temporal Diagnóstico Não há sintomas patológicos específicos de um transtorno mental É o conjunto de dados clínicos que possibilita o diagnóstico psicopatológico O diagnóstico se torna consistente com a observação do curso, da evolução do transtorno É necessário aguardar a evolução para se confirmar a hipótese inicial Exame do estado mental Aparência e comportamento Estado de consciência Orientação Confiança Relacionamento com o entrevistador Afeto e humor Fala Pensamento Senso-percepção Insight Juízo crítico Sexo Mulheres: anorexia, bulimia nervosa, somatização e transtornos do humor. Homens: personalidade anti-social e abuso de álcool. Idade Pacientes jovens: anorexia nervosa e esquizofrenia. Pacientes idosos: demência degenerativa. Um paciente que parece mais velho do que sua idade pode ter uma história de abuso de drogas, transtornos cognitivos, depressão ou doença física. Estado nutricional Precário: anorexia nervosa em mulheres jovens; anorexia devido ao abuso de álcool e de outras drogas; esquizofrenia; depressão ou doenças físicas como câncer e diabete. Obesidade: transtorno da alimentação; transtorno da somatização; transtorno do humor com hiperfagia; ou uso de drogas psicotrópicas como a mirtazapina, valproato de sódio, lítio, clorpromazina, clozapina e olanzapina. Contato visual • A maioria dos pacientes mantém contato visual e segue com os olhos os movimentos e gestos do entrevistador. • Movimentos oculares aberrantes são indícios diagnósticos: olhos errantes revelam distratibilidade, alucinações visuais, mania ou deterioração cognitiva. • A evitação do contato visual pode expressar hostilidade, timidez ou ansiedade. • O rastreamento constante do olhar pode revelar desconfiança. Pensamento • Pensamento concreto (não simboliza) • Circunstancialidade (detalhes irrelevantes) • Tangencialidade (não atinge o alvo, mas se aproxima) • Perseveração (repetir a mesma coisa) • Verbigeração ou palilalia (repetir automaticamente palavras ou expressões, especialmente ao final da frase) • Associação por ressonância (associa por sons) • Taquipsiquismo • Descarrilhamento • Fuga de idéias • Divagação • Salada de palavras Classificação dos transtornos mentais As manifestações psicopatológicas podem ser classificadas de diversas maneiras, por etiologia a exemplo das orgânicas e psicológicas por tipo de alteração a exemplo da neurose e psicose que considera a relação com a consciência perda de contato com a realidade na concepção psicanalítica Entre as mais conhecidas estão a CID (Classificação Internacional das Doenças e de Problemas relacionados à Saúde que está na 10ª revisão e se iniciou em 1893) CID-10 CID-10 é o sistema classificatório da OMS apresentando 21 capítulos, dos quais o único que recebe a denominação de transtorno é o capítulo dos transtornos mentais. Nos demais capítulos são usados preferencialmente à denominação doença. Definição de Transtorno na CID-10 Descrição clínica e diretrizes diagnósticas - 1993 [1992]): O termo “transtorno” é usado por toda a classificação, de forma a evitar problemas ainda maiores inerentes ao uso de termos tais como “doença” ou “enfermidade”. “Transtorno” não é um termo exato, porém é usado aqui para indicar a existência de um conjunto de sintomas ou comportamentos clinicamente reconhecível associado, na maioria dos casos, a sofrimento e interferência com funções pessoais. De forma resumida, o capítulo V da CID-10 que corresponde aos Transtornos Mentais e Comportamentais inclui as seguintes categorias de classificação: F00-F09 - Transtornos mentais orgânicos, inclusive os sintomáticos. F10-F19 - Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de substancias psicoativas. F20-F29 - Esquizofrenia, transtornos esquizotípicos e delirantes. F30-F48 - Transtorno do humor (afetivos). F40-F48 - Transtornos neuróticos, transtornos relacionados com o estresse e transtornos somatoformes. F50-F59 - Síndromes comportamentais associadas com distúrbios fisiológicos e a fatores físicos. F60-F69 - Transtorno de personalidade e do comportamento do adulto. F70-F79 - Retardo Mental. F80-F89 - Transtornos do desenvolvimento psicológico. F90-F98 - Transtornos do comportamento e transtornos emocionais que aparecem habitualmente na infância e adolescência. DSM-IV-TR O DSM-IV-TR é um sistema diagnóstico definido como multiaxial. Isso significa que ele avalia vários fatores, ou "eixos" (axis) do comportamento, buscando uma compreensão que vai além do simples diagnóstico do transtorno mental atual Apresenta 5 eixos: I: Síndrome clínica – transtorno mental II: Transtornos de personalidade III: Transtorno ou doença física IV: Estressores psicossociais – O estresse deve ter ocorrido no último ano. V: Nível mais elevado de funcionamento no último ano MANUAL DIAGNÓSTICO E ESTATÍSTICO DE TRANSTORNOS MENTAIS - 4a EDIÇÃO – TEXTO REVISADO – 2000 – DSM-IV-TR 1. Transtornos geralmente diagnosticados pela primeira vez na infância ou adolescência 2. Delirium, demência, transtorno de amnésia e outros transtornos cognitivos 3. Transtornos mentais devido a uma condição médica geral não classificados em outro local 4. Transtornos relacionados a substâncias 5. Esquizofrenia e outros transtornos psicóticos 6. Transtornos de humor 7. Transtornos de ansiedade 8. Transtornos somatoformes 9. Transtornos factícios 10. Transtornos dissociativos 11. Transtornos sexuais e de identidade de gênero 12. Transtornos alimentares 13. Transtornos do sono 14. Transtornos do controle dos impulsos não classificados em outro local 15. Transtornos de ajustamento 16. Transtornos de personalidade 17. Outras condições que podem ser um foco de atenção clínica
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