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FACULDADES INTEGRADAS RUI BARBOSA CURSO DE ENGENHARIA – CEG – TURMA B 3º PERÍODO CARLOS RANGEL WIEZEL DHONATAN DE SOUZA TEIXEIRA ALVES EDUARDO MOREIRA BEZERRA THIAGO CHRISTIAN PRADO FERNANDES CORROSÃO E DEGRADAÇÃO DOS MATERIAIS ANDRADINA 2016 CARLOS RANGEL WIEZEL DHONATAN DE SOUZA TEIXEIRA ALVES EDUARDO MOREIRA BEZERRA THIAGO CHRISTIAN PRADO FERNANDES CORROSÃO E DEGRADAÇÃO DOS MATERIAIS Trabalho escrito apresentado para a disciplina de Ciências dos Materiais como requisito parcial de avaliação. Faculdades Integradas Rui Barbosa Orientador: Prof.ª. Ellen Maria Machado Santos. ANDRADINA 2016 “O que sabemos é uma gota; o que ignoramos é um oceano.” Isaac Newton. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1. Ferrugem em carroceria de um automóvel........................................................... 10 Figura 2. Verificação da suscetibilidade a corrosão intergranular dos aços inoxidáveis ...... 10 Figura 3. Sentido dos elétrons em pilhas eletroquímicas diferentes .................................... 13 Figura 4. Experimento para verificação do gás hidrogênio em solução ácida ..................... 15 Figura 5. Pilha de eletrodo de zinco e hidrogênio ............................................................... 15 Figura 6. Ilustração da camada passiva em aço inox .......................................................... 19 Figura 7. Ferrugem generalizada no aço, ferro e o escurecimento de pratarias .................. 21 Figura 8. Corrosão galvânica .............................................................................................. 22 Figura 9. Típica corrosão por frestas entre o suporte e tubulação....................................... 24 Figura 10. Ilustração esquemática do mecanismo da corrosão ........................................... 25 Figura 11. Corrosão por pite em aço inoxidável .................................................................. 25 Figura 12. Pequenas cavidades em superfície metálica de inox ......................................... 26 Figura 13. Corrosão intergranular por micrografia ............................................................... 26 Figura 14. Corrosão intergranular em aço inoxidável na proximidade do cordão de solda .. 27 Figura 15. Efeitos forças mecânicas em regiões tensionadas ............................................. 29 Figura 16. Aspecto de corrosão sob tensão em aços inoxidáveis ....................................... 30 Figura 17. Fragilização por hidrogênio em metais ............................................................... 30 Figura 18. Exposição da armadura de um pilar de concreto por corrosão ........................... 40 Figura 19. Contaminação do material cerâmico (concreto) em meio ambiente corrosivo .... 41 Figura 20. Degradação de tampa plástica de garrafas ........................................................ 43 Figura 21. Polímero com ligações cruzadas seco e um polímero inchado em um solvente 44 Figura 22. Pneu seco/ velho trincado .................................................................................. 47 LISTA DE QUADROS Quadro 1. Ordem crescente de ação oxidante e redutora de potencias de eletrodo 16 Quadro 2. Série galvânica ........................................................................................ 22 Quadro 3. Resumo esquemático do processo de oxidação ..................................... 34 LISTA DE SÍMBOLOS 𝐴 Área superficial exposta da amostra 𝐴M Peso atômico do metal M 𝐴O Peso fórmula do óxido do metal M 𝔉 Constante de Faraday (96.500 C mol⁄ ) 𝑇𝑃𝐶 Taxa de Penetração da Corrosão (mpa ou mm ano⁄ ) 𝐾 Constate da 𝑇𝑃𝐶: 534 para [𝑇𝑃𝐶] = mpa ou 87,6 para [𝑇𝑃𝐶] = mm ano⁄ 𝑅 Constante dos gases (8,31 J mol⁄ ⋅K) 𝑇 Temperatura (K) 𝐸1 0, 𝐸2 0 Potenciais de eletrodo de semipilha-padrão para os metais 1 e 2 [𝑀1 𝑛+], [𝑀2 𝑛+] Concentrações iônicas molares para os metais 1 e 2 𝐾1, 𝐾2, 𝐾3, 𝐾4, 𝐾5, 𝐾6 Constantes independentes do tempo 𝑊 Perda/ ganho de peso por unidade de área 𝜌 Massa específica 𝜌M Massa específica do metal M 𝜌O Massa específica do óxido do metal M 𝑡 Tempo de exposição 𝑟 Taxa de corrosão (mol m2⁄ ⋅s) 𝑖 Densidade da corrente 𝑛 Número de elétrons associados à ionização de cada átomo metálico SUMÁRIO 1 OBJETIVOS ........................................................................................................... 08 2 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 09 3 CORROSÃO EM METAIS ..................................................................................... 10 3.1 Princípio da corrosão em metais ..................................................................... 11 3.1.1 Considerações eletroquímicas ............................................................... 12 3.1.2 Oxirredução ........................................................................................... 12 3.1.3 Potencias de eletrodo ............................................................................ 13 3.1.4 Potencias de eletrodo-padrão ................................................................ 15 3.1.5 Equação de Nernst ................................................................................ 16 3.1.6 Série galvânica ...................................................................................... 17 3.2 Taxas de corrosão .......................................................................................... 17 3.3 Passivação ...................................................................................................... 18 3.4 Efeitos do ambiente ........................................................................................ 19 3.5 Formas de corrosão ........................................................................................ 19 3.5.1 Corrosão uniforme ................................................................................. 20 3.5.2 Corrosão galvânica ................................................................................ 21 3.5.3 Corrosão em frestas .............................................................................. 23 3.5.4 Corrosão por pites ................................................................................. 24 3.5.5 Corrosão intergranular ........................................................................... 26 3.5.6 Lixivia seletiva ........................................................................................ 27 3.5.7 Erosão-corrosão .................................................................................... 28 3.5.8 Corrosão sob tensão .............................................................................. 28 3.5.9 Fragilização por hidrogênio .................................................................... 30 3.6 Ambientes de corrosão ................................................................................... 31 3.7 Prevenção da corrosão ................................................................................... 32 3.8 Oxidação ......................................................................................................... 34 3.8.1 Incrustações .............................................................................................35 3.8.2 Cinética .................................................................................................... 36 3.8.3 Óxidos protetores ..................................................................................... 37 3.8.4 Processos especiais de oxidação ............................................................ 39 4 CORROSÃO DE MATERIAIS CERÂMICOS ......................................................... 40 5 DEGRADAÇÃO DE POLÍMEROS ......................................................................... 43 5.1 Inchamento e dissolução................................................................................. 43 5.2 Ruptura da ligação .......................................................................................... 45 5.2.1 Efeitos da radiação ................................................................................ 45 5.2.2 Efeitos das reações químicas ................................................................ 46 5.2.3 Efeitos térmicos ..................................................................................... 48 5.3 Intemperismo .................................................................................................. 48 6 RESUMO ................................................................................................................ 49 6.1 Considerações eletroquímicas ........................................................................ 49 6.2 Taxa de corrosão ............................................................................................ 49 6.3 Estimativa das taxas de corrosão ................................................................... 50 6.4 Passividade ..................................................................................................... 50 6.5 Formas de corrosão ........................................................................................ 51 6.6 Prevenção da corrosão ................................................................................... 52 6.7 Oxidação ......................................................................................................... 52 6.8 Corrosão de materiais cerâmicos .................................................................... 52 6.9 Degradação de polímeros ............................................................................... 53 7 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 54 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 55 8 1 OBJETIVOS O presente trabalho tem por objetivo, expor e analisar os princípios e causas da deterioração dos materiais. Estudaremos três tipos deterioração, sendo elas a corrosão em metais, deterioração dos cerâmicos e a degradação em polímeros. Conhecendo os tipos de corrosão e de degradação e compreendendo suas causas, tornando assim possível tomar medidas para prevenir a ocorrência desses fenômenos ou até mesmo usar o processo a favor de si próprio. Serão apresentados neste trabalho: Distinção entre as reações eletroquímicas de oxidação e redução; Descrição do par galvânico, semipilha-padrão e eletrodo padrão de hidrogênio; Direção espontânea da reação eletroquímica para dois metais puros que estejam conectados eletricamente e também submersos em soluções de seus respectivos íons; Verificação de taxa de oxidação de um metal por densidade de corrente de reação; Tipos de polarização diferentes e especificação do controle de taxa de reação; Formas de corrosão e de fragilização por hidrogênio: mecanismos e descrição a natureza do processo; Medidas comumente consideradas pra prevenção da corrosão; Explicar porque os materiais cerâmicos são muito resistentes a corrosão; Degradação de materiais poliméricos quando a exposição a agentes químicos e físicos e as causas e consequências da ruptura da cadeia molecular. 9 2 INTRODUÇÃO A maioria dos materiais apresenta algum tipo de interação com um grande número de ambientes diferentes. Com frequência, tais interações comprometem a utilidade de um material como resultado a deterioração de suas propriedades mecânicas como a ductilidade e resistência, e outras propriedades físicas ou de sua aparência. Para um engenheiro de projetos é importante à compreensão do comportamento de um material e sua forma de degradação. Aos três tipos de materiais, ou seja, os metais, a cerâmica e polímeros, os mecanismos de deterioração são deferentes. Nos metais existe uma efetiva perda de material, quer ela por dissolução (corrosão) ou pela formação de uma incrustação ou filme metálico (oxidação). Os materiais cerâmicos são relativamente resistentes a deterioração, que ocorre geralmente sob temperaturas elevadas ou ambientes extremos, com frequência este processo também é chamado de corrosão. Para os polímeros os mecanismos e as consequências são diferentes daqueles exibidos pelos metais e cerâmicas, o termo degradação é empregado com maior frequência. Os polímeros podem se dissolver quando expostos a um solvente líquido, ou podem absorver solvente e inchar, além disso, a radiação eletromagnética (principalmente a ultravioleta) o calor podem ocasionar alterações em suas estruturas moleculares. A deterioração de cada um desses tipos de materiais, o mecanismo a resistência ao ataque causado por vários ambientes e as medidas para prevenção ou redução da degradação e o tema que será abordado neste presente trabalho. 10 3 CORROSÃO EM METAIS A definição de corrosão se dá com o ataque destrutivo e não intencional de um metal. Esse ataque é eletroquímico e começa normalmente na superfície. O problema da corrosão metálica e de proporções significativas em termos econômicos que se estima cerca de 5% das receitas de uma nação industrializada sejam gastos na prevenção da corrosão e na manutenção ou substituição dos produtos perdidos em ou contaminados como resultado de rações de corrosão. As consequências de corrosão são muito comuns. Um exemplo é a ferrugem em carrocerias, radiadores e componentes de exaustão de automóveis. Figura 1. Ferrugem em carroceria de um automóvel. Fonte: http://carroceria.blogspot.com.br/2008/10/corroso.html No processo de corrosão são aplicados também ocasionalmente para obtenção de algum proveito. Por exemplo, em procedimento de ataque químico que se faz o uso da reatividade química seletiva dos contornos dos grãos ou dos vários constituintes microestruturais. Figura 2. Verificação da suscetibilidade a corrosão intergranular dos aços inoxidáveis. Fonte: http://www.unimep.br/phpg/mostraacademica/anais/9mostra/1/429.pdf 11 Um metal pode ser definido como sendo um aglomerado de átomos com caráter metálico em que os elétrons da camada de valência fluem livremente. A maioria dos metais é sólida à temperatura ambiente (25°C), com exceção do Mercúrio (Hg), que é o único metal encontrado na natureza no estado líquido, e possui cor prateada e um brilho característico denominado “aspecto metálico”. Os ametais são mais abundantes na natureza do que os metais, mas os metais de fato constituem a maioria da tabela periódica, os mais conhecidos são: ouro, ferro, prata, alumínio, cobre, zinco. As principais características dos metais: Maleabilidade: Capacidade que os metais têm de produzir lâminas e chapas muito finas. Ductibilidade: Se aplicarmos uma pressão adequada em regiões específicas na superfície de ummetal, esse pode se transformar em fios e lâminas. Condutibilidade: Os metais são excelentes condutores de corrente elétrica e de calor. Os metais possuem a capacidade de conduzir calor e eletricidade de 10 a 100 vezes mais rápido do que outras substâncias. Exemplos: Os fios de transmissão elétrica são feitos de alumínio ou cobre, panelas que usamos para cozinhar alimentos são feitas de alumínio. Brilho: Os elétrons livres localizados na superfície dos objetos de metal absorvem e irradiam a luz, por isso os objetos metálicos, quando polidos, apresentam um brilho característico. 3.1 Principio da corrosão em metais De maneira geral, normalmente, a corrosão pode ser definida como qualquer reação química que leve a deterioração de um material. No entanto neste capitulo, vamos priorizar a corrosão dos metais que, por terem altas condutividades elétricas ocorrem por processos eletroquímicos. A grande maioria dos metais é encontrada na natureza, na forma combinada (óxidos, sulfetos, carbonatos, silicatos, etc.). Através de processo não espontâneos, eles são convertidos a forma metálica. Mas, quando exposto ao ambiente, eles tendem a voltar à sua forma combinada menos energética (mais estável). 12 Na maioria das vezes, a corrosão é causada pela umidade do ar e pelo oxigênio atmosférico, porem, também pode ocorrer por ataque químico direto de soluções acidas básica ou salina. Do ponto de vista econômico, a corrosão é um processo destrutivo e representa grandes perdas. Por isso, é preciso tomar providencias quando ao controle e a prevenção da corrosão. 3.1.1 Considerações eletroquímicas Eletroquímica é uma área da química que estuda as reações que produzem corrente elétricas através de reações chamadas de oxidação e redução. Também estuda as reações que ocorrem por intermédio do fornecimento de corrente elétrica, conhecidas como eletrólise. 3.1.2 Oxirredução O processo de oxirredução e basicamente um processo eletroquímico que consiste na corrosão e redução dos elementos, na qual a transferência de elétrons. A oxidação caracteriza pela perca ou doação de elétrons. A semirreação abaixo o Zinco (Zn) submerso em uma solução acida, ele estando no seu estado metálico Zn0, cedeu 2 elétrons ficando carregado positivamente podendo ser chamado de anodo. Zn0 → Zn+2 + 2e- Os elétrons gerados em cada processo de oxidação devem ser transferidos para outra espécie química e torna-se parte dela, no que e dominado reação de redução podendo ser chamado de catodo. A redução caracteriza pelo recebimento de um elétron. O exemplo abaixo de semirreação, o Zinco (Zn) mergulhado a uma solução acida. Onde a grande concentração do cátion H+, onde o mesmo e reduzido liberando o gás Hidrogênio (H2) após receber um elétron do Zinco (Zn). 2H+ + 2e- → H2 As reações de reduções são possíveis dependendo da natureza da solução a qual tiver exposto o metal. É importante frisar que esses processos são concomitantes, isto é, nunca ocorre somente oxidação ou somente reação. 13 Tendo-se as duas semirreações teremos assim a reação eletroquímica, onde pode ser demonstrada na equação global abaixo, onde consiste entre as somas da reação de oxidação e a reação de redução. Zn0 → Zn+2 + 2e- semirreação de oxidação 2H+ + 2e- → H2(gás) semirreação de redução Zn + 2H+ → Zn+2 + H2 (gás) equação global 3.1.3 Potencias de eletrodo Nem todos os elementos metálicos se oxidam e reduzem com o mesmo grau de facilidade, logo vamos analisar os pares galvânicos ou pilhas, para comparar qual elemento oxida e qual reduz com a tal facilidade. Isso quer dizer que cada metal possui uma capacidade própria de doar elétrons, diferente da capacidade de outros metais. Essa diferença de reatividade pode ser vista, por exemplo, ao compararmos a oxidação do ferro e a do ouro. O ferro se oxida facilmente com o ar, enferrujando ao longo do tempo, já o ouro dificilmente se oxida. Por essa grande resistência às substâncias corrosivas, o ouro é indicado para obturações ou para implantes de dentes; pois ele resiste à corrosão de substâncias presentes na saliva. Além disso, sarcófagos das múmias dos faraós que datam de 1.400 a.C. foram recobertos por ouro e podem ser vistos assim até hoje. Isso também pode ser visualizado quando analisamos pilhas de diferentes metais. Por exemplo, observe duas pilhas diferentes em que se utiliza o mesmo eletrodo de cobre (placa de cobre mergulhada em um recipiente contendo uma solução de sulfato de cobre (CuSO4)): Figura 3. Sentido dos elétrons em pilhas eletroquímicas diferentes. Fonte: http://brasilescola.uol.com.br/quimica/pilhas.htm 14 Na primeira pilha (à esquerda), o eletrodo de Zinco (Zn) está agindo como ânion (polo negativo da pilha), pois ele está oxidando e assim doando elétrons para o Cobre (Cu), que é o cátodo (polo positivo), e que está reduzindo. Isso é mostrado pelas semirreações que ocorrem nessa pilha e por sua reação global, escritas abaixo: Zn0(s) → Zn +2 (aq) + 2e - semirreação de oxidação Cu+2(aq) + 2e - → Cu(s) semirreação de redução Zn0(s) + Cu +2 (aq) → Zn +2 (aq) + Cu(s) equação global Como o Zinco (Zn), está oxidando seu potencial do eletrodo é maior do que o do Zinco (Zn). Já no segundo caso, com o auxílio da tabela de potencial de eletrodo padrão, notamos que o potencial da Prata (Ag) é maior do que a do Cobre (Cu) conforme abaixo: Ag+2(aq) + 2e - → Ag(s) E = 0,80 e -V Cu+2(aq) + 2e - → Cu(s) E = 0,34 e -V Logo o Eletrodo da Prata (Ag) tende a reduzir (receber elétrons), fazendo com que o eletrodo Cobre (Cu) tende a (oxidar doar elétrons). Usando a equação global e a equação geral da pilha, temos: Cu0(s) → Cu +2 (aq) + 2e - semirreação de oxidação Ag+2(aq) + 2e - → Ag(s) semirreação de redução Cu0(s) + 2Ag +2 (aq) → Cu 2 (aq) + Ag(s) equação global Isso nos ajuda a perceber que o Zinco (Zn) é o que tem mais facilidade para oxidar-se em relação ao cobre e à Prata (Ag). Já a Prata (Ag) é a que tem mais facilidade para se reduzir. Sendo assim o metal mais reativo é aquele que tem maior tendência de doar elétrons, e a espécie com maior potencial de redução (Ered) é onde sofrera a redução. Para sabermos o potencial dos eletrodos é preciso saber consultar a serie de potenciais de eletrodo padrão, onde estudaremos abaixo. 15 3.1.4 Potencias de eletrodo-padrão Para poder calcular a força eletromotriz de uma pilha, convencionou-se medir o potencial (de redução e de oxidação) de cada eletrodo em relação a um eletrodo padrão, isto é, um eletrodo que estivesse em condições padrão e que serviria de referência para se comparar com os demais eletrodos. O escolhido foi o eletrodo de hidrogênio, que é formado por um fio de platina (Pt) com uma placa de platina na ponta dentro de um tubo de vidro que está preenchido com gás hidrogênio (H2) sob pressão de 1 atm. O gás hidrogênio fica adsorvido na placa de platina, que é inerte e não participa da reação. Esse conjunto fica mergulhado numa solução de ácido sulfúrico de concentração 1 mol/L, em temperatura de 25 ºC ou 298 K. Figura 4. Experimento para verificação do gás hidrogênio em solução ácida. Fonte: http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/quimica/potencialpadrao-reducao-das-pilhas.htm Adotou-se por convenção que os potenciais-padrão de redução e de oxidação normais do hidrogênio, medidos em condições padrão, são iguais à zero. Portanto, ligando o eletrodo de hidrogênio com um eletrodo de outro metal, medimos a diferençade potencial dessa pilha formada com um voltímetro e, então, sabemos o valor do potencial-padrão do metal. Por exemplo, digamos que formemos uma pilha em que um eletrodo é de zinco e o outro é o de hidrogênio. O valor medido no voltímetro é igual a -0,76 V. Figura 5. Pilha de eletrodo de zinco e hidrogênio. Fonte: http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/quimica/potencialpadrao-reducao-das-pilhas.htm 16 O R D E M C R E S C E N T E D E A Ç Ã O O X ID A N T E O R D E M C R E S C E N T E D E A Ç Ã O R E D U T O R A Dando a origem o quadro padrão de potenciais de eletrodos, conforme abaixo: Quadro 1. Ordem crescente de ação oxidante e redutora de potencias de eletrodo. Potencial de redução (𝑬𝐑𝐞𝐝 𝟎 ) Estado reduzido Estado oxidado Potencial de oxidação (𝑬𝐎𝐱𝐢𝐝 𝟎 ) -3,04 Li ⇌ Li+ + e- +3,04 -2,92 K ⇌ K+ + e- +2,92 -2,90 Ba ⇌ Ba2+ + 2e- +2,90 -2,89 Sr ⇌ Sr2+ + 2e- +2,89 -2,87 Ca ⇌ Ca2+ + 2e- +2,87 -2,71 Na ⇌ Na+ + e- +2,71 -2,37 Mg ⇌ Mg2+ + 2e- +2,37 -1,66 Al ⇌ Al3+ + 3e- +1,66 -1,18 Mn ⇌ Mn2+ + 2e- +1,18 -0,83 H2 2(OH) - ⇌ 2H2O + 2e - +0,83 -0,76 Zn ⇌ Zn2+ + 2e- +0,76 -0,74 Cr ⇌ Cr3+ + 3e- +0,74 -0,48 S2- ⇌ S + 2e- +0,48 -0,44 Fe ⇌ Fe2+ + 2e- +0,44 -0,28 Co ⇌ Co2+ + 2e- +0,28 -0,23 Ni ⇌ Ni2+ + 2e- +0,23 -0,13 Pb ⇌ Pb2+ + 2e- +0,13 0,00 H2 ⇌ 2H + + 2e- 0,00 +0,15 Cu+ ⇌ Cu2+ + e- -0,15 +0,34 Cu ⇌ Cu2+ + 2e- -0,34 +0,40 2(OH)- ⇌ H2O + ½O2 + 2e - -0,40 +0,52 Cu ⇌ Cu+ + e- -0,52 +0,54 2I- ⇌ I2 + 2e - -0,54 +0,77 Fe2+ ⇌ Fe3+ + e- -0,77 +0,80 Ag ⇌ Ag+ + e- -0,80 +0,85 Hg ⇌ Hg2+ + 2e- -0,85 +1,09 2Br- ⇌ Br2 + 2e - -1,09 +1,23 H2O ⇌ 2H + + ½O2 + 2e - -1,23 +1,36 2Cl- ⇌ Cl2 + 2e - -1,36 +2,87 2F- ⇌ F2 + 2e - -2,87 3.1.5 Equação de Nernst Equação de Nernst, relação quantitativa que permite calcular a força eletromotriz de uma pilha, para concentrações de íons diferentes e da temperatura de uma pilha e também usado para cálculos em titulação de oxirredução. 17 De acordo com a equação de Nernst temos: ∆𝐸 = (𝐸2 0 + 𝐸1 0) − 𝑅𝑇 𝑛𝔉 In [𝑀1 𝑛+] [𝑀2 𝑛+] 3.1.6 Série galvânica A série galvânica (ou série eletropotencial) determina a nobreza dos metais e semimetais. Metais (e suas ligas) podem ser dispostos em uma série galvânica específica que representa o potencial que eles desenvolvem em um dado eletrólito contra um eletrodo de referência padrão. A posição relativa dos dois metais em tal série dá uma boa indicação de qual o metal seja mais provável de ser corroído mais rapidamente. 3.2 Taxas de corrosão Vimos até agora equações que servem para determinar as direções das reações e a magnitude de um diferencial de potencial, mas não fornecem a taxa de corrosão. Neste capitulo estamos interessados em estimar as taxas nas quais os sistemas corroem, isso requer a utilização de outros parâmetros. A taxa de corrosão é um importante parâmetro de corrosão e pode ser expressa como a “Taxa de Penetração da Corrosão”, ou seja, a perda de espessura por unidade de tempo, dada como: 𝑇𝑃𝐶 = 𝐾𝑊 𝜌𝐴𝑡 Uma vez que existe corrente elétrica associada às reações de corrosão, podemos expressar a taxa de corrosão em termos dessa corrente por unidade de área superficial do material corroído, expressa por: 𝑟 = 𝑖 𝑛𝔉 18 3.3 Passivação É a modificação do potencial de um eletrodo no sentido de menor atividade (mais catódico ou mais nobre) devido à formação de uma película de produto de corrosão, podemos usar como exemplo o aço inoxidável que é capaz de resistir à corrosão, graças a uma camada passiva, rica em óxido de cromo que se forma na sua superfície. A formação desta capa protetora é chamada de camada passiva, no entanto, a abrasão mecânica, tratamento térmico, soldagem, sal, ácido forte e contaminação galvânica danificam a camada de óxido de cromo e causam oxidação indesejada. Para restaurar completamente a proteção anticorrosiva do aço inoxidável, a descoloração e outros contaminantes devem ser removidos da superfície, a fim de evitar qualquer interferência no processo de passivação. Esses são alguns exemplos de como funciona a passivação em diferentes materiais. Cromo, níquel, titânio, aço inoxidável, a liga monel que se passivam na grande maioria dos meios corrosivos, especialmente na atmosfera. Chumbo que se passiva na presença de ácido sulfúrico; Ferro que se passiva na presença de ácido nítrico concentrado e não se passiva na presença de ácido nítrico diluído; A maioria dos metais e ligas passivam-se na presença de meios básicos, com exceção dos metais anfóteros (Al, Zn, Pb, Sn e Sb), a liga Monel é a denominação de um conjunto de ligas metálicas de alta resistência mecânica e alta resistência à corrosão atmosférica, aos ácidos e álcalis e à água salgada têm ponto de fusão bastante elevado, por volta de 2.400 °C. São basicamente ligas de 65-70% Ni (níquel) e 20-30% Cu (cobre), com adição de diversos outros elementos como ferro, manganês, silício, enxofre, titânio e alumínio, dependendo das propriedades necessárias. As ligas Monel são utilizadas em substituição aos aços inox em inúmeras aplicações na indústria química, indústria petrolífera, construção naval, etc. A capacidade do aço inoxidável de resistir à corrosão é atribuída à formação de um filme de superfície passivo insolúvel, relativamente não reativo enriquecido de óxido-hidróxido de cromo que se forma naturalmente na presença de oxigênio (auto passivação). 19 Figura 6. Ilustração da camada passiva em aço inox. Fonte: http://elinox.com.br/o-inox/ 3.4 Efeitos do ambiente As variáveis no ambiente de corrosão, que incluem velocidade de fluido, temperatura e composição, pode ter uma decidida influência sobre as propriedades de corrosão dos materiais que estão em contato com ele. Em muitas instâncias, crescente velocidade de fluido aumenta da taxa de corrosão devido aos efeitos erosivos. As taxas de muitas reações químicas aumentam com o aumento da temperatura; isto também vale para a grande maioria de situações de corrosão. O aumento da concentração das espécies de corrosão (por exemplo, íons H+ em ácidos) em muitas situações produz uma maior taxa de corrosão. Entretanto, para materiais capazes de passivação, o aumento do conteúdo corrosivo pode resultar em uma transição ativo-passivo, com uma considerável redução em corrosão. Trabalho a frio ou a deformação plástica de metais dúcteis é usada para aumentar a sua resistência mecânica; entretanto, um metal trabalhado a frio é mais suscetível à corrosão do que o mesmo material num estado recozido. Por exemplo, processos de deformação são usados para conformar a cabeça e a ponta de um prego; consequentemente, estas posições são anódicas com respeito à região intermediária do prego. Assim trabalho a frio diferencial numa estrutura deveria ser considerada quando um ambiente corrosivo pode ser encontrado durante o serviço. 3.5 Formas de corrosão É conveniente classificar a corrosão de acordo com a maneira pela qual ela si manifesta. A corrosão metálica é algumas vezes classificada em oito formas diferentes. 20 1) Uniforme 2) Galvânica 3) Em frestas 4) Por pites 5) Intergranular 6) Por lixívia seletiva 7) Erosão-corrosão 8) Corrosão sob tensão 3.5.1 Corrosão uniforme O ataque uniforme é aforma mais comum de corrosão, é normalmente caracterizado por uma reação química ou eletroquímica que ocorre uniformemente sobre toda a superfície exposta ou sobre uma grande área. O metal se torna mais fino e eventualmente quebra. Por exemplo, um pedaço de aço ou zinco imerso em ácido sulfúrico diluído irá se dissolver em uma taxa uniforme sobre toda a sua superfície. Uma chapa de ferro de um telhado apresentará o mesmo grau de ferrugem sobre toda a sua superfície externa esta forma de ataque representa a maior causa de destruição de metal em termos de toneladas. No entanto, não é tão preocupante do ponto de vista técnico porque a vida útil dos equipamentos pode ser precisamente estimada com base em testes relativamente simples. A simples imersão dos espécimes no fluido envolvido pode ser suficiente o ataque uniforme pode ser prevenido ou reduzido por: material adequado incluindo coberturas; inibidores; ou proteção catódica, ou ainda a combinação destes fatores. A maioria das outras formas de corrosão é de natureza traiçoeira e são consideravelmente mais difíceis de prever. Elas são localizadas, ou seja, o ataque é limitado a áreas específicas ou partes de uma estrutura. Como resultado, estas tendem a causar defeitos prematuros ou inesperados em plantas, máquinas ou ferramentas. 21 Figura 7. Ferrugem generalizada no aço, ferro e o escurecimento de pratarias. Fonte: http://wwwo.metalica.com.br/corrosao-em-estruturas-metalicas 3.5.2 Corrosão galvânica Quando dois metais diferentes são imersos em uma solução corrosiva ou condutiva, normalmente uma diferença de potencial existirá entre os mesmos. Se estes metais estiverem em contato (ou estiverem eletricamente conectados de alguma outra forma) esta diferença de potencial irá causar um fluxo de elétrons entre eles a corrosão do metal menos resistente à corrosão geralmente aumenta e o ataque ao metal mais resistente diminui, comparado ao comportamento destes dois metais quando os mesmos não se encontram em contato. O metal menos resistente se torna o ânodo e o metal mais resistente o cátodo, normalmente o cátodo ou metal catódico não é ou é muito pouco corroído neste tipo de ligação. Devido as correntes elétricas e aos metais distintos envolvidos, esta forma de corrosão é chamada de corrosão galvânica ou duplo metal. É uma corrosão eletroquímica, no entanto, convencionalmente, deve-se restringir o termo galvânica aos efeitos em a força motriz para surgimento da corrente e corrosão é a diferença de potencial existente entre os dois metais a chamada bateria seca é um bom exemplo deste tipo de corrosão. O eletrodo de carbono age como um metal nobre ou resistente à corrosão o cátodo e o zinco como o ânodo, o qual é corroído. A umidade que passa através dos eletrodos é o meio corrosivo que carrega a corrente. O magnésio também pode ser utilizado como material anódico em alguns casos. Diversas medidas podem ser tomadas para reduzir significativamente os efeitos da corrosão galvânica, que incluem: Se for necessário a junção de metais diferentes, selecione dois metais que estejam próximos um do outro na série galvânica. 22 Evite uma razão desfavorável entre as áreas de superfícies do anodo e do catodo, utilize uma área superficial de anodo que seja tão grande quanto possível. Isole eletricamente uns dos outros os metais diferentes. Figura 8. Corrosão galvânica. Fonte: http://wwwo.metalica.com.br/corrosao-em-estruturas-metalicas Quadro 2. Série galvânica. Progressivamente mais inerte (catódico) Platina Ouro Grafita Prata [ Aço inoxidável 316 (passivo) Aço inoxidável 304 (passivo) [ Inconel (80Ni-13Cr-7Fe) (passivo) Níquel (passivo) [ Monel (70Ni-30Cu) Ligas cobre-níquel Bronzes (ligas Cu-Sn) Cobre Latões (ligas Cu-Zn) [ Inconel (ativo) Níquel (ativo) Estanho Chumbo Progressivamente mais ativo (anódico) [ Aço inoxidável 316 (ativo) Aço inoxidável 304 (ativo) [ Ferro fundido Ferro e aço Ligas de alumínio Cádmio Alumínio comercialmente puro Zinco Magnésio e ligas de magnésio 23 Essa tabela representa as reatividades relativas de diversos metais e ligas comerciais na água do mar. As ligas próximas ao topo da lista são catódicas e não reativas, enquanto aquelas na parte de baixo são mais anódicas, nenhuma voltagem é fornecida. Uma comparação entre os potenciais de eletrodo-padrão e a série galvânica revela alto grau de correspondência entre as posições relativas dos metais puros. A maioria dos metais e ligas está sujeita a oxidação ou à corrosão em maior ou menor grau em uma ampla variedade de ambientes; ou seja eles são mais estáveis em um estado iônico que como metais. Em termos termodinâmicos, há uma diminuição liquida na energia livre ao ir de um estado metálico para estados oxidados. Consequentemente, essencialmente todos os metais ocorrem na natureza como compostos- por exemplo, óxidos, hidróxidos, carbonatos, silicatos, sulfetos e sulfatos. Duas notáveis exceções são os metais nobres ouro e platina. Para eles, na maioria dos ambientes, a oxidação não é favorável, portanto, eles podem existir na natureza no estado metálico. 3.5.3 Corrosão em frestas As frestas estão sujeitas a formação de pilhas de aeração diferencial e de concentração iônica diferencial. Quando o meio é líquido, ocorre preferencialmente as pilhas de concentração iônica diferencial e quando o meio é gasoso tende a ocorrer às pilhas de aeração diferencial. Frestas ocorrem normalmente em juntas soldadas com chapas sobrepostas, em juntas rebitadas, em ligações flangeadas, em ligações roscadas, em revestimentos com chapas aparafusadas, dentre outras situações geradores de frestas. De qualquer forma as frestas deverão ser evitadas ou eliminadas por serem regiões preferenciais de corrosão A corrosão em frestas consiste em uma das formas de ataque mais incidente e menos reconhecida. Este tipo de corrosão localizada é um problema que em geral envolve os metais passiváveis e, portanto, materiais relativamente resistentes à corrosão, como, por exemplo, aços inoxidáveis, titânio e alumínio. Por esta razão, a corrosão em frestas é frequentemente negligenciada, levando a falhas prematuras de estruturas e equipamentos, algumas vezes com consequências catastróficas. 24 Figura 9. Típica corrosão por frestas entre o suporte e tubulação. Fonte: http://inspecaoequipto.blogspot.com.br/2014/01/caso-055-corrosao-por-fresta-em.html Este tipo de corrosão também ocorre com metais ferrosos e outras ligas menos resistentes à corrosão, expostos a ambientes altamente oxidantes ou passivantes. Em todos os casos, a ocorrência deste problema limita-se a frestas muito estreitas que são formadas quando são utilizadas gaxetas, parafusos e arruelas, estando presente também em juntas sobrepostas e depósitos de superfície (deposição de areia, produtos de corrosão permeáveis, incrustações marinhas e outros sólidos), além de outras heterogeneidades superficiais, como trincas, borrifos de solda, e outros defeitos metalúrgicos. 3.5.4 Corrosão por pites A corrosão por pites é uma forma de corrosão localizada que consiste na formação de cavidades de pequena extensão e razoável profundidade. Ocorre em determinados pontos da superfície enquanto que o restante pode permanecer praticamente sem ataque. É um tipo de corrosão muito característica dos materiais metálicos formadores de películas protetoras (passiváveis) e resulta, de modogeral, da atuação da ilha ativa-passiva nos pontos nos quais a camada passiva é rompida. É um tipo de corrosão de mais difícil acompanhamento quando ocorre no interior de equipamentos e instalações já que o controle da perda de espessura não caracteriza o desgaste verificado. Veja abaixo a ilustração esquemática do mecanismo da corrosão em frestas entre duas lâminas rebitadas 25 Figura 10. Ilustração esquemática do mecanismo da corrosão. Fonte: M.G.Fontana, Corrosion Engineering.3.ed.Copyright1986 por McGraw-Hill Book Company Nos materiais passiváveis a quebra da passividade ocorre em geral pela ação dos chamados íons halogenetos (Cl-, Br-, I-, F-) e esta dissolução localizada da película gera uma área ativa que diante do restante passivado provoca uma corrosão muito intensa e localizada. Uma grandeza importante neste caso é o potencial em que haja a quebra de passividade. Na verdade, o que ocorre é a alteração na curva de polarização anódica. A presença dos íons halogenetos provoca alteração nas curvas de polarização anódica, tornando a quebra da passividade mais provável. Outro aspecto importante é o mecanismo de formação dos pites já que a falha se inicia em pontos de fragilidade da película passivante (defeitos de formação) e o pH no interior do pite se altera substancialmente no sentido ácido o que dificulta a restituição da passivação inicial. Resulta daí que a pequena área ativa formada diante de uma grande área catódica provoca a corrosão intensa e localizada. Figura 11. Corrosão por pite em aço inoxidável. Fonte: http://www.engquimicasantossp.com.br/2015/06/diferentes-tipos-e-formas-de-corrosao.html 26 Figura 12. Pequenas cavidades em superfície metálica de inox. Fonte: http://www.materia.coppe.ufrj.br/sarra/artigos/artigo10923/ 3.5.5 Corrosão intergranular Os efeitos dos contornos de grão apresentam consequências pequenas na maioria das aplicações e usos de metais. Se um metal é corroído, um ataque uniforme acontece, visto que os contornos de grão são, normalmente, apenas ligeiramente mais reativos que a matriz. No entanto, sob determinadas condições, as interfaces do grão são mais reativas e a corrosão intergranular ocorre. O ataque localizado nos contornos dos grãos e adjacências, com pequena corrosão dos grãos, é denominado corrosão intergranular. As ligas se desintegram (esfarelam) e/ou perdem sua força. A corrosão intergranular pode ser causada por impurezas no contorno de grão, enriquecimento de um dos elementos da liga, ou falta de um desses elementos nas áreas do contorno de grão. Têm sido relatadas que pequenas quantidades de ferro em alumínio, onde a solubilidade do ferro é baixa, causa segregação do contorno de grão e consequentemente corrosão intergranular. Baseado em estudos de tensão superficial, observa-se que o conteúdo de zinco de um bronze é mais alto nos contornos de grão. O esgotamento de cromo nas regiões de contorno de grão resulta em corrosão intergranular em aços inoxidáveis. Figura 13. Corrosão intergranular por micrografia. Fonte: http://docplayer.com.br/6648982-Aula-12-corrosao-definicao-tipos-de-corrosao-prevencao-a-corrosao.html 27 3.5.6 Lixivia seletiva A lixivia seletiva é encontrada em ligas por solução sólida e ocorre quando um elemento ou constituinte é removido preferencialmente como consequência de processos de corrosão. Temos na imagem abaixo um exemplo de degradação de solda em aço inoxidável. As propriedades mecânicas da liga são significativamente prejudicadas, de vez que apenas uma massa porosa de cobre remanesce na região que foi deszincada. Em adição, o material muda de amarelo para uma cor vermelha ou de cobre. Lixiviação seletiva pode também ocorrer com outros sistemas de ligas nos quais alumínio, ferro, cobalto, cromo e outros elementos são vulneráveis a uma remoção preferencial As regiões ao longo das quais as ranhuras si formaram foram sensibilizadas conforme a solda esfriava. Figura 14. Corrosão intergranular em aço inoxidável na proximidade do cordão de solda. Fonte: slideplayer.com.br Mais comum é a dezinficação do latão, em que o zinco é lixiviado seletivamente de um latão (liga cobre-zinco). As propriedades mecânicas da liga são significamente comprometidas, uma vez que somente uma massa porosa de cobre permanece na região que dezincificada. Além disso, o material muda de uma coloração amarela para avermelhada ou semelhante a do cobre. A lixivia seletiva também pode ocorrer com outros sistemas de ligas nos quais alumínio, ferro, cobalto, cromo e outros elementos são vulneráveis a uma remoção preferencial. 28 3.5.7 Erosão-corrosão A corrosão por erosão é a aceleração ou aumento da taxa de deterioração ou ataque em um metal devido ao movimento relativo entre o fluido corrosivo e a superfície do metal. Normalmente este movimento é bastante rápido, e efeitos mecânicos ou abrasão estão envolvidos. O metal é removido da superfície na forma de íons dissolvidos, ou produtos sólidos de corrosão são formados e arrastados mecanicamente da superfície do metal. Algumas vezes o movimento do ambiente diminui a corrosão, especialmente quando um ataque localizado ocorre em condições estagnantes, porém isto não é corrosão, pois a deterioração não é aumentada. A corrosão por erosão é caracterizada por sulcos, ondas, buracos arredondados e vales e estes normalmente exibem um padrão direcional. A maioria dos metais e ligas é susceptível a corrosão por erosão. Muitos dependem do desenvolvimento de uma película superficial (passividade) para resistir à corrosão. Exemplos são alumínio, chumbo, e aços inox. A corrosão por erosão acontece quando estas superfícies protetoras são danificadas ou desgastadas e o metal e a liga são atacados em uma taxa muito alta. Metais macios e facilmente danificáveis ou desgastáveis mecanicamente, tais como cobre e chumbo, são bastante susceptíveis a corrosão por erosão. Muitos tipos de meios corrosivos podem provocar corrosão por erosão estes incluem gases, gases quentes, soluções aquosas, sistemas orgânicos e metais líquidos. Todo tipo de equipamento exposto a fluidos em movimento, está sujeito à corrosão por erosão. Alguns destes são: tubulações, cotovelos, tês, válvulas, bombas, sopradores, impulsores, agitadores, tanques com agitação, tubulações de trocadores de calor, tais como aquecedores e condensadores, medidores de vazão, bocais, dutos e linhas de vapor, moinhos, entre outros. 3.5.8 Corrosão sob tensão A corrosão sob tensão se referem às trincas causadas pela presença simultânea de uma tensão e um meio corrosivo especifico. Muitos pesquisadores classificam todos os tipos de falhas por trincas, que ocorrem em meios corrosivos, 29 como trinca por corrosão sob tensão, incluindo falhas devido à fragilização pelo hidrogênio. No entanto, estes dois tipos de danos respondem de forma diferente as variáveis ambientais. Para ilustrar, a proteção catódica é um método eficaz na prevenção de trincas causadas por corrosão sob tensão, enquanto que este acelera rapidamente os efeitos da fragilização pelo hidrogênio. Isto demonstra a importância de se considerar estes dois fenômenos separadamente. Por esta razão estes serão discutidos separadamente neste capítulo. Durante a trinca por corrosão sobtensão, o metal ou liga é não é praticamente atacado em sua superfície, enquanto que trincas finas se espalham sobre a mesma. Este fenômeno tem sérias consequências visto que o mesmo pode ocorrer em forças dentro da faixa típica de projeto. As forças requeridas para corrosão sobtensão são comparadas com a faixa total de força suportada pelo aço inox tipo 304. A exposição do material em MgCl2 a 310 ºF (154 ºC) parece reduzir a resistência à tensão para aproximadamente aquela apresentada a 1.220 ºF. Nem todos os ambientes metálicos são susceptíveis a trincas por tensão. Um bom exemplo é a comparação entre bronzes e aços inox austeníticos. Figura 15. Efeitos forças mecânicas em regiões tensionadas. Fonte: http://docplayer.com.br/6648982-Aula-12-corrosao-definicao-tipos-de-corrosao-prevencao-a-corrosao.html Os aços inox racham em ambientes contendo cloreto, mas não em ambientes contendo amônia, enquanto que os bronzes apresentam comportamento contrário. Além disso, o número de ambientes distintos nos quais uma determinada liga irá rachar é geralmente pequeno. Por exemplo, os aços inox não racham em ácido sulfúrico, ácido nítrico, ácido acético, ou água pura, mas racham em cloretos e soda. As variáveis importantes que afetam a trinca por tensão são temperatura, composição da solução, composição do metal, tensão, e estrutura do metal. 30 Figura 16. Aspecto de corrosão sob tensão em aços inoxidáveis. Fonte: http://www.ebah.com.br/content/ABAAAfxfUAE/formas-gerais-corrosao 3.5.9 Fragilização por hidrogênio Várias ligas metálicas, especificamente alguns aços, apresentam uma redução significativa na ductibilidade e no limite de resistência à tração quando o hidrogênio atômico (H) penetra no material, esse fenômeno é chamado apropriadamente de fragilização por hidrogênio, os termos trincamento induzido pelo hidrogênio e trincamento sob tensão devido ao hidrogênio também são por vezes empregados. O mecanismo exato da fragilização pelo hidrogênio não é tão bem conhecido como o do empolamento pelo hidrogênio. Causa inicial é a mesma: penetração de hidrogênio atômico na estrutura do metal. Para titânio e outros metais formadores de hidretos, hidrogênio dissolvido reage para formar compostos hidretos quebradiços. Figura 17. Fragilização por hidrogênio em metais. Fonte: http://www.manutencaoesuprimentos.com.br/conteudo/4192-fragilizacao-por-hidrogenio/ 31 Em outros materiais, tais como ferro e aço, a interação entre os átomos de hidrogênio dissolvido e o metal não é completamente conhecida. A fragilização pelo hidrogênio difere das trincas causadas pela corrosão sob tensão geralmente pelas interações com correntes aplicadas. Em casos onde a corrente aplicada torna a amostra mais anódica e acelera a trinca são considerados como sendo trincas de corrosão sob tensão, sendo que o processo de dissolução anódica contribui para o progresso da trinca. Por outro lado, casos onde a trinca é acentuada por corrente na direção oposta, a qual acelera a reação de evolução do hidrogênio, são considerados como sendo fragilização pelo hidrogênio 3.6 Ambientes de corrosão Os ambientes corrosivos incluem atmosfera, soluções aquosas, solos, ácidos, bases, solventes inorgânicos, sais fundidos, metais líquidos e por fim, mas não menos importante, o corpo humano. Em uma base ponderada, a corrosão atmosférica é responsável pelas maiores perdas. A umidade contendo oxigênio dissolvido é o principal agente corrosivo, mas outras substâncias, incluindo os compostos à base de enxofre e o cloreto de sódio, também podem contribuir. Isso é especialmente verdadeiro em atmosferas marinhas, altamente corrosivas devido à presença do cloreto de sódio. Soluções de ácido sulfúrico diluído (chuva acida) em ambientes industriais também podem causar problemas de corrosão. Os metais comumente utilizados em aplicações atmosféricas incluem as ligas de alumínio e de cobre e o aço galvanizado. Os ambientes aquosos também podem apresentar uma variedade de composições e de características de corrosão. A água doce contém normalmente oxigênio dissolvido, assim como minerais, vário dos quais são responsáveis pela dureza da água. A água do mar contem aproximadamente 3,5% de sal (predominantemente cloreto de sódio), assim como alguns minerais e matérias orgânicas. A água do mar é em geral, mais corrosiva que a água doce, produzindo com frequência as corrosões por pites e em frestas. Ferro fundido, aço, alumínio, cobre latão e alguns aços inoxidáveis são, em geral, adequados para o uso em água doce, 32 enquanto titânio latão, alguns bronzes, ligas de cobre e níquel e ligas níquel cromo molibdênio são altamente resistentes à corrosão em água do mar. Os solos apresentam ampla variedade de composições e suscetibilidade à corrosão. As variáveis de composição incluem a umidade o teor de oxigênio, os teores de sais, a alcalinidade e a acidez, assim como presença de varias formas de bactérias. O ferro fundido e os aços carbono comuns, tanto com ou sem revestimentos superficiais de proteção, são os materiais mais econômicos para estruturas subterrâneas. 3.7 Prevenção da corrosão A forma mais comum e mais fácil para prevenir a corrosão seja por meio de uma seleção criteriosa dos materiais, após o ambiente corrosivo ter sido caracterizado. As referencias padrão sobre corrosão são uteis nesse sentido. Nesse caso, o custo pode ser um fator significativo. Nem sempre é viável economicamente empregar o material que proporciona a resistência ótima à corrosão; algumas vezes, ou outra liga ou alguma outra medida deve ser empregada. A mudança na natureza do ambiente, se possível, também pode influenciar significativamente a corrosão. A redução na Temperatura do fluido ou a sua velocidade produz, geralmente, uma redução da taxa na qual a corrosão ocorre. Muitas vezes um aumento ou uma diminuição na concentração de alguma espécie na solução terá um efeito positivo, por exemplo, o metal pode apresentar passivação. Uma das formas para a prevenção da corrosão é os inibidores que são substancias que quando adicionada ao ambiente em concentrações relativamente baixas, diminuem sua corrosividade. Obviamente, um inibidor especifico depende tanto da liga quanto do ambiente corrosivo. Vários mecanismos podem responsáveis pela eficácia dos inibidores. Alguns reagem e virtualmente eliminam uma espécie quimicamente ativa presente na solução tal como o oxigênio dissolvido. Outras moléculas de inibidores se fixam a superfície que está sendo corroída e interferem, ou com a redução, ou formam um revestimento protetor muito fino. Os inibidores são usados normalmente em ambientes fechados tais como radiadores de automóveis e caldeiras a vapor. 33 Outra forma para prevenir a corrosão são barreiras físicas a corrosão que nada mais que a aplicação de revestimento metálica e não metálicos, é essencial que o revestimento mantenha um alto grau de adesão á superfície, o que sem duvida requer um tratamento da superfície anterior à aplicação, na maioria dos casos o revestimento deve ser não reativo ao ambiente corrosivo e resistente a danos mecânicos que exponham o metal ao ambiente corrosivo, os três tipos de materiais para revestimento são metais, cerâmicas e polímeros onde cada um apresenta suas características para inibir a corrosão. Um do meio mais eficaz para prevenção da corrosão é a proteção catódica, ela pode ser usada para prevenir todas as oito diferentes formas de corrosão e pode em alguns casos interromper por completo a corrosão. A proteção catódica envolve simplesmente o suprimento a partir de uma fonte externa de elétrons para o metal ser protegido tornando um catodo, a reação anterior é dessa forma forçada a prosseguir na direção inversa. Outra técnica de proteção catódica emprega um par galvânico o metal a ser protegido é conectado eletricamentea outro metal que é mais reativo naquele ambiente específico, este último metal apresenta oxidação e ao ceder elétrons, protege o primeiro metal contra corrosão. O metal oxidado é chamado com frequência de anodo de sacrifício, e o magnésio e o zinco são comumente usados para essa finalidade, visto que estão localizados na extremidade anódica da serie galvânica. O processo de galvanização é simplesmente aquele no qual a camada de zinco é aplicada sobre a superfície do aço por imersão a quente. Na atmosfera e na maioria dos ambientes aquosos o zinco é anódico e dessa forma protegera catodicamente o aço se houver qualquer dano superficial. Qualquer corrosão do revestimento de zinco prosseguirá a uma taxa extremamente lenta, pois a razão entre as áreas das superfícies do anodo e do catodo é bastante grande. Em outro método de proteção catódica, a fonte dos elétrons é uma corrente imposta a partir de uma fonte de energia externa de corrente continua. O terminal negativo da fonte de energia está conectado á estrutura a ser protegida. O outro terminal está ligado a um anodo inerte, o qual, nesse caso, está enterrado no solo; um material de aterro de alta condutividade proporciona um bom contato elétrico entre o anodo e o solo ao seu redor. Existe um percurso de corrente entre o catodo e o anodo através do solo, completando o circuito elétrico. A proteção catódica é 34 especialmente útil na prevenção da corrosão em aquecedores de água, tubulações e tanques subterrâneos e equipamentos marinhos. 3.8 Oxidação A oxidação e a redução são fenômenos que ocorrem simultaneamente em reações em que há transferência de elétrons entre os átomos. Esses fenômenos também são chamados de oxirredução ou redox. A oxidação ocorre quando o elemento perde elétrons e o seu número de oxidação (Nox) aumenta. O Nox é a carga elétrica que o elemento adquire quando faz uma ligação iônica ou o caráter parcial que ele adquire quando faz uma ligação predominantemente covalente. Já a redução ocorre quando o elemento ganha elétrons e o seu número de oxidação diminui. Veja um exemplo: na formação do sal de cozinha (cloreto de sódio – NaCl), o sódio cede definitivamente um elétron para o cloro, formando o cátion Na+, ou seja, ele sofre oxidação, pois perdeu um elétron e seu Nox aumentou de zero para +1. Simultaneamente, o cloro recebe um elétron, formando o ânion cloreto (Cl-), ou seja, sofre redução, pois seu Nox passou de zero para -1. 2Na(s) + 1Cl2(g) → 2NaCl(s) Nesse exemplo, o sódio é chamado de agente redutor, pois foi ele quem forneceu o elétron para o cloro, provocando a sua redução. Já o cloro é o agente oxidante, pois ele provocou a oxidação do sódio, recebendo o elétron dele. Resumidamente, temos o quadro: Quadro 3. Resumo esquemático do processo de oxidação. Reação de oxirredução Há transferência de elétrons Oxidação Per elétrons e o NOx aumenta Redução Ganha elétrons e o NOx diminui Agente redutor Provoca a redução e sofre oxidação Agende oxidante Provoca oxidação e sofre redução 35 As reações de oxirredução são bastante comuns em nosso cotidiano, como quando um prego enferruja. O prego é feito de ferro, que com o tempo se oxida em contato com o oxigênio e com a água, formando o Fe2O3⋅3H2O, que é a ferrugem: Fe(s) → Fe 2+ + 2e- (oxidação do ferro) O2 + 2H2O + 4e - → 4OH- (redução do oxigênio) 2Fe + O2 + 2H2O → 2Fe(OH)2 ou Fe2O3⋅3H2O (equação geral da formação da ferrugem) Portanto, nessa reação, o ferro sofre oxidação, sendo o agente redutor; e o oxigênio sofre redução, sendo o agente oxidante. 3.8.1 Incrustações Uma camada inicial da película de óxido forma-se muito rapidamente sobre as superfícies de metal limpo exposto a oxigênio. Dois tipos gerais de comportamento são observados nos metais, cujos óxidos são estáveis. Os metais alcalinos e alcalinos terrosos (sódio, potássio, magnésio etc.), formam uma camada porosa do óxido. Outros metais, como ferro, cobre e níquel formam películas mais densas. A espessura e a velocidade do crescimento dessas películas determinam o grau com que o óxido protege o metal abaixo dele. O fato de ser o óxido formado denso ou poroso pode ser correlacionado com a relação do volume de óxido produzido, dividido pelo volume do metal consumido na oxidação. Esta equação empírica, conhecida como equação de Pilling- Bedworth, é assim expressa. 𝑉Óxido 𝑉Metal = 𝑀𝜌O 𝑎𝐴M𝜌M Em que 𝑉Óxido é o volume do óxido e 𝑉Metal é o volume do metal, 𝑀 é o peso molecular do óxido, cuja formula química genérica é 𝑀𝑒𝑎𝑂𝑏, 𝜌O é a densidade do óxido, 𝐴M é o peso atômico do metal, cuja densidade é 𝜌M. O número de átomos do metal por molécula do óxido é dado por 𝑎. Deve-se notar que os valores das duas densidades apenas não são suficientes para expressar a razão relativa do volume. Se a razão de volumes na equação é menor que um, forma-se um volume de óxido que é menor que o volume do metal oxidado. Por esta razão, o óxido tende a 36 ser poroso e não protetor. Se a razão é próxima de ou maior que um, o óxido não será poroso. Desde que critérios adicionais sejam satisfeitos, a razão dos volumes oxido/metal próxima da unidade indica que o óxido deverá ser protetor, enquanto uma razão muito maior que um indica que tensões de compressão serão produzidas, e o óxido poderá empenar-se ou rachar, num processo de lascamento. 3.8.2 Cinética À medida que prossegue a oxidação, a camada de óxido aumenta sua espessura e diminui a espessura do metal. Para alguns poucos casos limites, podemos calcular o aumento da camada do óxido com o tempo (ou o decréscimo da espessura do metal), considerando-se o caso simplificado de oxidação numa superfície plana. Se o óxido é não protetor, ocorre ataque direto na superfície do metal, numa velocidade mais ou menos constante e, então, se 𝑥 é a espessura do óxido. 𝑑𝑥 𝑑𝑦 = 𝑎 integrando, obteremos 𝑥 = 𝑏𝑦 + 𝑐 onde 𝑎, 𝑏 e 𝑐 são constantes. Se a camada de óxido é protetora, é necessário difusão de alguma espécie, íons do metal, oxigênio ou elétrons, a fim de se transferir material através da película. As composições nas faces do óxido são constantes e podemos aplicar a primeira lei de Fick da difusão, assim, se. 𝑑𝑥 𝑑𝑦 = 𝑎 integrando, obteremos 𝑥2 = 𝑏𝑦 + 𝑐 onde 𝑎, 𝑏 e 𝑐 são constantes. Se o óxido é muito protetor e tem condutividade elétrica relativamente baixa, uma terceira lei cinética se aplica. 𝑥 = 𝑎 log(𝑏𝑦 + 𝑐) onde 𝑎, 𝑏 e 𝑐 são constantes. 37 Este comportamento é atribuído à formação de uma camada imóvel de cargas positivas ou negativas, de elétrons ou íons, que retardam posterior difusão. Películas de óxidos de ferro e de níquel (NiO) seguem esta lei de crescimento em temperaturas muito baixas, não excedendo, depois de tempos muito longos, espessuras de 100 a 200 Å (angstroms). Os óxidos do alumínio e do berílio (BeO) também crescem logaritmicamente. O óxido de cromo conduz facilmente elétrons, mas não íons. Consequentemente agrupam-se os íons de metal no óxido, do que resulta um crescimento logarítmico, apesar da alta condutividade para elétrons. Existe ainda o caso da oxidação intermitente que ocorre quando existe fratura, lascamento e/ ou arrancamento de uma camada oxida protetora. 3.8.3 Óxidos protetores Com a influência da porosidade e da condutividade das películas de óxido sobre a velocidade de oxidação. Estes fatores estão, portanto, relacionados com a natureza protetora de um óxido. Se um óxido for protetor, a razão do volumedeve estar próxima da unidade e sua condutividade deve ser baixa. Do ponto de vista prático, a aderência de um óxido protetor é tão importante quanto a sua impermeabilidade. A natureza protetora das películas de óxido sobre alumínio (Al), por exemplo, é devida ao fato de o óxido de alumínio formar uma carepa, que é conectada com o metal subjacente. De fato, alguns átomos da carepa de alumina fazem parte ao mesmo tempo do óxido e do metal. Uma forte aderência é também útil em casos de grande razão volumétrica, onde a tensão é a principal responsável pela ruptura da película. Se o volume do óxido não tensionado é maior que o volume do metal do qual foi formado, esta película de óxido recém-formada se acha num estado de considerável compressão lateral e poderá romper-se pela formação de empolas, rachaduras de cisalhamento ou lascamento. A forma da superfície metálica, os coeficientes de dilatação do óxido e do metal, e a velocidade de aquecimento e resfriamento do metal influem na aderência e, portanto no caráter protetor da película. Para ser protetor, o óxido também não pode ser volátil e reativo com o ambiente. Em temperaturas elevadas, molibdênio (Mo) e tungstênio (W) formam óxidos voláteis e oxidam-se catastroficamente ao ar. Cloro (Cl), bromo (Br), iodo (I) e 38 flúor (F) também formam produtos de corrosão voláteis com muitos metais, em temperaturas relativamente baixas. A temperatura influi na natureza protetora de um óxido. As velocidades de crescimento de muitos óxidos metálicos, que seguem a lei parabólica, são descritas pela equação de Arrhenius 𝑣 = 𝐶𝑒− 𝐸 𝑅𝑇 Onde 𝑣 é a velocidade da reação, 𝐶 é uma constante, 𝐸 é a energia de ativação do processo, expressa em cal mol⁄ , 𝑅 é a constante dos gases (1,98 cal mol⁄ ⋅K) e 𝑇 é a temperatura absoluta em K. Como a oxidação parabólica implica em difusão e o coeficiente de 𝑡 contém uma constante de difusão, a energia de ativação para oxidação pode revelar-se como sendo a mesma de difusão. Em tal caso, um metal durável por um longo período em baixa temperatura pode oxidar-se de modo extremamente rápido, caso a temperatura seja aumentada. A natureza da velocidade de crescimento do óxido pode também variar com a mudança de temperatura. Os óxidos de alguns metais crescem segundo uma lei logarítmica, em baixas temperaturas, lei parabólica em temperaturas intermediárias e lei linear em temperaturas elevadas. As faixas de temperatura, nas quais ocorrem mudanças das leis que governam o crescimento, dependem tanto do metal base, como do ambiente. A transição para a Iei linear de velocidade está usualmente associada à ruptura da película de óxido. O grau de proteção que um óxido oferece ao metal base dependerá, em todos os casos, da temperatura e do ambiente e deve ser observado experimentalmente. Algumas observações permitem a especificação de condições nas quais um dado metal pode ser empregado, e sugerem vários meios de protegê-lo contra oxidação. Recobrimentos superficiais por outros metais ou compostos podem ser empregados para separar o metal base do ambiente oxidante. A ruptura desse recobrimento pode ser provocada por abrasão, choque térmico ou outros meios e é a causa mais frequente de falha dessa parte. Podem adicionar-se ao metal base outros materiais que alterem os volumes relativos de óxido e metal, a condutividade elétrica e a difusividade do óxido, ou, como no caso do cromo, que possibilitem a formação de uma superfície rica em oxigênio. A técnica é útil ao se desenvolver ligas resistentes à oxidação, mas em muitos casos ela é limitada por ser excessiva a quantidade de liga requerida. 39 3.8.4 Processos especiais de oxidação Ocorre oxidação seletiva quando um componente ou constituinte estrutural de uma liga oxida-se mais rapidamente que os outros. Do ponto de vista da teoria da termodinâmica isto ocorre quando, em soluções sólidas de ligas binárias, um dos componentes tiver energia livre de formação de óxido muito mais negativa que o outro. A oxidação seletiva pode ser benéfica. A presença do cromo (Cr) em muitas ligas para alta temperatura garante a elevada resistência à oxidação dessas ligas. Analogamente, o silício em ferro fundido aumenta sua resistência à oxidação. Ligas de cobre (Cu) contendo alumínio podem ser oxidadas internamente para produzir partículas Al2O3. O compósito resultante é endurecido pelo óxido disperso e é excepcionalmente forte em temperaturas próximas ao ponto de fusão do metal base. A oxidação seletiva, entretanto, pode também ser prejudicial. Por exemplo, o carbono no aço-carbono oxida-se mais rapidamente que o ferro; então, em altas temperaturas, a superfície torna-se descarbonetada e é então menos dura. Em muitas ligas, os contornos de grão são frequentemente oxidados seletivamente, antes que os grãos mesmos sejam atacados. Essa oxidação intergranular pode afinar a seção transversal de uma parte metálica e causar então falha mecânica em altas temperaturas. Materiais não metálicos também podem oxidar-se. Peças de resistências elétricas de carbeto de silício (SiC), para aquecimento de fornos elétricos, podem ser operados ao ar e em temperaturas nas quais se possa formar uma película de SiO2. Se estes elementos forem operados abaixo de 1.100 °C ou acima de 1.500 °C, os produtos de oxidação ficam sujeitos a reações com o ambiente, semelhantes àquelas que os óxidos metálicos sofrem. Na temperatura adequada, alguns óxidos sólidos em contato podem fluir um sobre o outro, formando um líquido eutético de mais baixo ponto de fusão. Os polímeros estão também sujeitos a ataque destrutivo pelo oxigênio. A borracha, exemplo, torna-se quebradiça, por degradação, mesmo em temperaturas baixas, por causa da reação do oxigênio com ligações não saturadas da cadeia do polímero. A maioria dos polímeros decompõe-se e queimam quando mantidos em temperaturas suficientemente altas em presença de oxigênio. 40 4 CORROSÃO DE MATERIAIS CERÂMICOS Corrosão em materiais cerâmicos se dá por dissolução química (deterioração) ou degradação. Exemplos como o mármore de concreto por ação do HS (ácido sulfídrico) e H2SO4 (ácido sulfúrico) e refratários em fornos (altas temperaturas e ambientes severos). Os materiais cerâmicos, por serem compostos entre elementos metálicos e não metálicos, podem ser considerados como já tendo sido corroídos. Dessa forma, eles não extremamente imunes á corrosão por quase todos os ambientes, especialmente à temperatura ambiente. A corrosão dos materiais cerâmicos envolve, geralmente, uma simples dissolução química ao contrário dos processos eletroquímicos encontrados nos metais. Os materiais cerâmicos são utilizados com frequência em virtude de sua resistência a corrosão. Por sua razão, o vidro é empregado frequentemente para armazenar líquidos. As cerâmicas refratárias não devem resistir apenas a temperaturas elevadas e proporcionar isolamento térmico, mas, em muitas situações, também devem resistir ao ataque em temperaturas elevadas por metais, ais, escórias e vidros fundidos. Algumas das novas tecnologias voltadas para a conservação de energia de uma forma em outra mais útil requerem temperaturas relativamente altas, atmosféricas corrosivas e pressões acima da ambiente. Os materiais cerâmicos são muito mais adequados que os para suportar a maioria desses ambientes durante períodos e tempo razoáveis. Figura 18. Exposição da armadura de um pilar de concreto por corrosão. Fonte: http://www.clubedoconcreto.com.br/2014/06/durabilidade-do-concreto-processo-de.html 41 Fatores que influencia a deterioração em cerâmicas: mecânicos: vibrações e erosão; físicos: variações de temperaturas; biológicos: bactérias; químicos: produtos químicos. Entre os fatores mecânicos, as vibrações podem ocasionar fissuras no caso do concreto (mistura de cimento, areia e pedra) facilitando o contato da armadura de metal em com meio corrosivo. Erosão pode resultar do atrito de partículas em suspensão em líquidos em movimento ou como consequência da cavitação quando o líquido está sujeito a regiões de grande velocidade com a formação de bolhas de vapor que sofrem implosão (canais e vertedouros de barragens). Se os líquidos tivessem substancias químicas dissolvidas têm-se fatores combinados lixiviação- erosão. Como as cerâmicas apresentam baixo coeficiente de expansão térmica, fatores físicos com elevado gradiente de temperatura, por exemplo, nos refratários (materiais que suportam elevadas temperaturas sem deformação apreciável, fabricados de argila contendo proporções de SiO2, Al2O3, MgO, etc., pode provocar expansão na superfície dos tijolos em relação as camadas internas frias podendo ocorrer estilhaçamento ou desfolhação da superfície com a variação de temperatura. Figura 19. Contaminação do material cerâmico (concreto) em meio ambiente corrosivo. Fonte: http://www.clubedoconcreto.com.br/2014/06/durabilidade-do-concreto-processo-de.html Os vidros de silicatos comuns sofrem fadiga estática pela ação da água na temperatura ambiente. Ao agir com a rede de silicato, uma molécula de água gera 42 duas unidades de Si-OH que não estão conectadas entre si provocando o rompimento da rede. Quando acontece este fenômeno no inicio da trinca e a mesma se prolonga um passo na escala atômica (analogia com metais seria a corrosão e fragilização por hidrogênio). Os mecanismos de corrosão química, também pode exemplificar-se pelo ataque do concreto pelo HCl como formação de cloreto de cálcio e sílica gel. Fatores biológicos podem provocar biodegradação, por exemplo, rede de esgoto. Microrganismos podem criar meios corrosivos como aqueles criados por bactérias oxidantes de enxofre ou de sulfetos que aceleram a oxidação dessas substâncias para ácido sulfúrico. 43 5 DEGRADAÇÃO DE POLÍMEROS Os materiais poliméricos também apresentam deterioração como consequência de interações com o ambiente. No entanto, uma interação indesejável é especificada como uma degradação, em vez de corrosão, pois esses processos são basicamente diferentes. Enquanto a maioria das reações de corrosão nos metais é eletroquímica, a degradação dos polímeros é, ao contrário, um processo físico-químico, ou seja, envolve fenômenos físicos assim como os químicos. Além disso, é possível uma grande variedade de reações e de consequências adversas para a degradação dos polímeros. Os polímeros podem deteriorar-se por inchamento e dissolução. Também é possível a ruptura de ligações covalentes como resultado de energia térmica, de reações químicas e de radiação, normalmente com a redução concomitante na integridade mecânica. Devido a complexidade química dos polímeros, seus mecanismos de degradação não são bem compreendidos. É possível citar no exemplo de degradação de polímeros, o polietileno. Se exposto a temperaturas elevadas em uma atmosfera rica em oxigênio, sofre uma deterioração das suas propriedades mecânicas, tornando-se frágil. Também, a utilidade do cloreto de polivinila pode ficar limitada pelo fato de esse material pode deslocar enquanto exposto a temperaturas elevadas, embora tais ambientes possam nem afetar suas características mecânicas. 5.1 Inchamento e dissolução Os polímeros são expostos a líquidos, as principais formas de degradação são o inchamento e a dissolução. Figura 20. Degradação de tampa plástica de garrafas. Fonte: http://turma2bcontrolo.blogspot.com.br/ 44 Com o inchamento, o líquido ou o soluto difunde-se e é absorvido no polímero, as pequenas moléculas de soluto ajuntam-se no interior do polímero e ocupam posições entre as moléculas. Isso força uma separação das macromoléculas, tal que a amostra se expande ou incha. Além, disso esse aumento na separação entre as cadeias resulta em uma redução das forças de ligação secundárias intermoleculares, como consequência, o material torna-se menos resistente e mais dúctil. O soluto líquido também diminui a temperatura de transição vítrea, e se essa temperatura for reduzida para abaixo da temperatura ambiente, um material antes resistente deverá perder resistência e tornar-se borrachoso. Transição vítrea (Tg) é uma das propriedades térmicas fundamentais e pode ser usada para distinguir duas categorias de polímeros: os plásticos e os elastômeros (borrachas). Entende-se por Tg a temperatura abaixo da qual um polímero amorfo se torna duro e frágil (estado vítreo), e acima da qual o mesmo polímero é macio (estado “borrachoso”). Figura 21. Polímero com ligações cruzadas seco e um polímero inchado em um solvente. Fonte: http://www.scranton.edu/faculty/cannm/green-chemistry/portuguese/polymermodule.shtml O inchamento pode ser considerado um processo de dissolução parcial, na qual existe apenas uma solubilidade limitada do polímero no solvente. A dissolução, que ocorre quando o polímero é completamente solúvel, pode ser considerada apenas uma continuação do inchamento. Como regra geral, quanto maior for a semelhança entre as estruturas químicas do solvente e do polímero, maior será a probabilidade de haver inchamento e/ ou dissolução. Por exemplo, muitas borrachas à base de hidrocarbonetos absorvem de imediato, hidrocarbonetos líquidos, tais como a gasolina. 45 O comportamento ao inchamento e a dissolução também são afetados pela temperatura, assim domo pelas características da estrutura molecular. Em geral, o aumento da massa molar, o aumento do grau de ligações cruzadas e de cristalinidade e também a diminuição da temperatura resultam em uma redução desses processos de deterioração. Em geral, polímeros são muito mais resistentes a ataques por soluções ácidas e alcalinas do que os metais. Por exemplo, ácido fluorídrico (HF) ocorrerá muitos metais, assim como atacará quimicamente e dissolverá o vidro, tal que ele é armazenado em frascos plásticos. Os materiais que exibem uma resistência excepcional ao ataque por ambos os tipos de solução incluem o politetrafluoroetileno (e outros fluorocarbonos) e a poliéster-étercetona. 5.2 Ruptura da ligação Os polímeros também podem sofrer degradação por um processo denominado cisão. Cisão é o rompimento ou quebra de ligações nas cadeias moleculares. Isso causa uma separação dos seguimentos da cadeia no ponto de cisão e a redução na massa molar. Há várias propriedades dos materiais poliméricos, incluindo a resistência mecânica e a resistência a ataques químicos, depende da massa molar. Consequentemente, algumas das propriedades físicas e químicas dos polímeros podem ser afetadas de maneira adversa por esse tipo de degradação. A ruptura da ligação pode resultar da exposição à radiação ou ao calor, assim como uma reação química. 5.2.1 Efeitos da radiação Certos tipos de radiação (feixes de elétrons, raios X, raios 𝛽 e 𝛾 e a radiação ultravioleta (UV)), têm energia suficiente para penetrar em uma atmosfera de polímero e interagir com os átomos constituintes e seus elétrons. Uma dessas reações é a ionização, em que a radiação remove um elétron de um orbital de um átomo específico, convertendo aquele
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