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Aula 18 - INTRODUÇÃO A DRENAGEM SUPERFICIAL E BACIAS URBANIZADAS Hidrologia & Drenagem Urbana Profa. Dra. Monica Soares Resio Zuffo Outubro - 2017 Técnicas de Minimização da Drenagem de Águas Pluviais Efeito da Urbanização Sobre O Comportamento Hidrológico Efeito da Urbanização Sobre o Escoamento Superficial O Problema dos Mananciais n A bacia hidrográfica é ocupada de forma desordenada, processo favorecido por legislação omissa/equivocada ou por falta de planejamento urbano ou controle de ocupação; n Nos mananciais superficiais, o impacto se agrava pela falta de tratamento de esgotos e pela poluição difusa rural, etc; n Nos mananciais subterrâneos, ocorre contaminação e perda de áreas de recarga; n Reservatórios urbanos: eutrofização e contaminação; n Redução da disponibilidade de água devido à qualidade. Abastecimento Carga doméstica e industrial Drenagem Urbana Mananciais Ciclo de inundação e contaminação Inundações n Drenagem urbana: escoamento em áreas urbanizadas, geralmente pequenas bacias (a urbanização amplia as vazões devido à canalização e à impermeabilização); n Inundação ribeirinha: processos naturais resultado do aumento da vazão dos rios durante os períodos secos e chuvosos (as inundações podem ser ampliadas ou terem maiores efeitos em função da ação do homem). n Uso do sistema de drenagem para esgotamento sanitário doméstico e industrial; n Ocupação das áreas de inundação pela população depois de anos de cheias menores; n Aumento da produção de sedimentos; n Geralmente, as áreas mais atingidas são de populações pobres; n Não existe tradição em medidas preventivas nas áreas de inundação; n Concepção antiquada nos projetos de drenagem. Drenagem e Inundações: questões associadas Efeitos das Inundações em Áreas Urbanas n Bacias de pequeno porte, onde se concentra a área impermeabilizada; n Aumento do pico e antecipação da ocorrência; n Aumento do volume do escoamento superficial; n Diminuição da evaporação e da recarga subterrânea; n Aumento da poluição de origem pluvial; n Aumento da produção de sedimentos. Impactos n Aumento da vazão média de cheia ( 6 a 7 vezes) DEVIDO À IMPERMEABILIZAÇÃO n Redução do tempo de concentração e aumento das áreas impermeáveis DEVIDO À CANALIZAÇÃO Vazão e Volumes n Fase 1 : crescimento da urbanização: grande produção de sedimentos (construções, superfícies desprotegidas); n Fase 2 : transição com sedimentos e resíduos sólidos; n Fase 3: quando a área urbana está estabelecida, a veiculação de resíduos sólidos na drenagem é alta. Fator agravante: resíduos sólidos Fatores Agravantes das Inundações Canalização de córregos sem a devida análise de impactos a jusante (transferência de inundações de um ponto a outros); Fonte: SEMADS, 2001. Poluição das Águas Pluviais n Carga equivalente ao esgotamento sanitário; n Composição orgânica: DBO, N, P; n Composição com metais: Chumbo, Ferro, etc; n Grande carga no início da precipitação. A Atual Política de Controle da Drenagem “A melhor drenagem é a que escoa o mais rapidamente possível a precipitação. “ – Conceito Higienista ∇ consequência direta = inundações A política se baseia na canalização do escoamento, apenas transferindo para jusante as inundações. A população perde duas vezes: custo mais alto e maiores inundações. ➨ Canais e condutos podem produzir custos 10 vezes maiores que o controle na fonte; ➨ A canalização aumenta os picos para jusante. Típica Evolução na Drenagem Efeitos (sobre ou de) novas urbanizações n Se a nova urbanização está a jusante em bacias urbanizadas – ela pode sofrer inundações n Se a nova urbanização está a montante – ela pode causar inundações a jusante n Se na nova urbanização há pequenas bacias – a implantação da nova urbanização pode acarretar problemas na própria área Princípios Modernos do Controle da Drenagem n Novos desenvolvimentos não podem aumentar ou acelerar a vazão de pico das condições naturais (ou prévias aos novos loteamentos); n Considerar o conjunto da bacia hidrográfica para controle da drenagem urbana; n Buscar evitar a transferência dos impactos para jusante; n Valorizar as medidas não-estruturais (educação tem papel fundamental); n Implementar medidas de regulamentação; n Implementar instrumentos econômicos. Medidas de Drenagem Urbana n Soluções Estruturais: atacam os efeitos. Obras de engenharia: § Canalizações; § Barragens; § Galerias; § Retificação de córregos e rios outras melhorias em córregos e rios; § Dragagem (desassoreamento); § Obras de retenção e detenção (reservatórios); § Drenagem forçada em áreas baixas; § Bombeamento; § Túneis; § Micro drenagem. n Soluções Não-Estruturais: atacam as causas. § Planejamento de Macro e Micro Drenagem Urbana; § Leis de Uso e Ocupação do Solo (preservação das áreas marginais, manutenção de áreas verdes, disciplinamento da ocupação urbana, etc.); § Integração da drenagem urbana com outras intervenções urbanas; § Regras Operativas de Obras Hidráulicas para Controle de Cheias; § Detenção do escoamento superficial gerado pela ocupação (parcela de solo impermeável) no próprio lote; § Adoção de pavimentos permeáveis; § Fiscalização Intensa; § Educação Ambiental. Controle da Drenagem Urbana nControle na fonte: = OSD (on site detention): planos de infiltração e trincheiras, pavimentos permeáveis e detenção. nNa micro e macrodrenagem: detenção ou retenção no sistema de drenagem; nAumento da capacidade de drenagem, minimizando os impactos de jusante. Controle na Fonte n Pavimento permeável; n Trincheiras e planos de infiltração; n Detenção; n Sem ligação direta com o pluvial. Pavimentos Permeáveis Trincheira de Percolação Estruturas de ArmazenamentoBacias de Percolação, de Retenção e de Detenção Estruturas de Armazenamento Sem ligação direta com o pluvial É preciso: Organizar o espaço urbano para integrar e harmonizar os diferentes sistemas de infraestrutura. Isso requer um esforço coletivo (nas esferas técnica, política, legislativa, de participação da comunidade, entre outros). Dificuldades..... n Desgaste político do administrador público, resultante do controle não-estrutural (a população espera sempre por obras hidráulicas). n Falta de conhecimento da população sobre o controle de cheias. n Falta de conhecimento sobre controle de cheias por parte dos planejadores urbanos. n Desorganização, nas esferas Estadual e Municipal, sobre o controle de inundações. n Pouca informação técnica sobre o assunto nos cursos de graduação em arquitetura e engenharia. Além disso não se pode esquecer de que: n Não existe solução puramente tecnológica ou econômica. n Não existe solução simplista. n Não existe solução instantânea. n Não existe solução que seja de responsabilidade de um único ator social. n Não existe solução possível de ser copiada. Regras “básicas” para novas urbanizações n Escolha de um sítio pouco suscetível a impactos de eventuais urbanizações a montante; n Proteção das áreas de cabeceiras; n Desenvolvimento de projeto integrado – com objetivo de não alterar a drenagem natural nos trechos a jusante da rede de drenagem; n Integrar soluções de esgotamento sanitário, de coleta e disposição de resíduos sólidos e de drenagem urbana; n Promover a gestão da drenagem urbana sempre sob a perspectiva da bacia hidrográfica; n Promover ações de educação e informação do usuário para a gestão integrada em saneamento ambiental. História da Drenagem Urbana n Século XIX: Sistemasunificados n Menor investimento inicial em bacias pequenas; n Tamanhos incompatíveis para grandes bacias; n Problemas no tratamento das águas residuárias; n Controle de descargas combinadas. n Primeira metade de século XX: Sistemas separados n Similar ao sistema de águas para abastecimento; n Soluções baseadas em coletores; n Desenvolvido por empresas de saneamento; n O crescimento urbano cria obsolescência; n Dificultades para o tratamento de águas pluviais. n Segunda metade de século XX: BMP*, TGEU, TecAlt,… n Evitar as externalidades da urbanização; n Tratamento local da contaminação (controle de poluição difusa); n Enfase na infiltração e no armazenamento; n Não gerar mais vazões máximas. n Século XXI: Urbanizações de Baixo Impacto n Manter as condições hidrológicas naturais; n Assumir os custos da drenagem na urbanização; n Usar BMP distribuídas e de baixo impacto. *BMP = Best Management Practices História da Drenagem Urbana A urbanização afeta a hidrologia § Diminui a infiltração e a umidade do solo; § Aumentam: § o volume de escoamento superficial; § as vazões máximas; § a frequência das cheias; § a quantidade e a concentração de poluentes. Consequências importantes: Efeito da impermeabilização e das soluções para o escoamento § A área urbanizada incrementa os volumes; § As soluções de coletores tradicionais incrementa a vazão máxima; § A curva de frequência de vazões máximas se modifica: § Aumento da vazão para igual frequência; § Aumento da frequência para a mesma vazão. Bases para um novo enfoque n As águas pluviais são um recurso e, assim, não são águas residuárias; n O responsável é quem gera o excesso, não quem sofre com a inundação; n Evitar os problemas de onde se produzem e não trasladados bacia abaixo; n Evitar a obsolescência do sistema pelo crecimento das cidades; n Tratar a contaminação in loco; n Manter as condições naturais. Ações para um novo enfoque n Urbanizações de baixo impacto: n Minimizar a impermeabilização efetiva: n Participar no projeto de urbanização; n Obras pequenas e distribuídas. n Tratamento local da contaminação: n Utilizar técnicas de BMP; n Captar volume para controle de qualidade. n Conservar e melhorar a rede natural de drenagem: n Não urbanizar zonas inundáveis; n Uso conjunto com áreas verdes; n Projeto de canais urbanos como coletores principais. Literatura técnica disponivel 1- Minimizar o escoamento urbano (ou efetivo) n Reprojetar as urbanizações; n Favorecer a infiltração local; n Favorecer o armazenamento no local; n Desconectar as áreas impermeáveis; n Reprojetar as ruas e lugares públicos; n Uso conjunto de áreas verdes. Novos projetos de urbanização § Manutenção de canais e vias de drenagem natural; § Corredores contínuos de áreas verdes; § Priorizar zonas baixas e lugares de maior umidade; § Minimizar áreas de ruas e zonas impermeáveis. Favorecer a infiltração: Uso de pavimentos permeáveis § Materiais distintos: asfalto, paralelepípedos, concreto; § Diferentes Tipos: Infiltram no solo, evacuam para a rede; § Reduzem a vazão máxima, o volume e a contaminação. Projeto adequado de ruas e avenidas vereda vereda Calzada de 3 pistas Za nj a de in fil tra ció n Za nj a de in fil tra ció nCalzada de 3 pistas Pavimento poroso Solera discontinua Solera discontinua Pavimento poroso vereda vereda Calzada de 3 pistas Za nj a de in fil tra ció n Za nj a de in fil tra ció nCalzada de 3 pistas Pavimento poroso Solera discontinua Solera discontinua Pavimento poroso vereda vereda Calzada de 3 pistas Za nj a de in fil tra ció n Za nj a de in fil tra ció nCalzada de 3 pistas Pavimento poroso Solera discontinua Solera discontinua Pavimento poroso Projeto adequado de vias públicas 2 - Tratamento local da contaminação Uso de Best Management Practices n Dificuldade de tratamento águas a jusante como no caso de águas residuárias: n Grande variabilidade dos investimentos necessários; n Dificuldades para atribuir custos; n Operação temporal muito variável. n Efeito da lavagem inicial em polutograma; n Ideia de volume de captura; n Obras de retenção: eliminação de contaminantes por sedimentação; n Obras típicas: Valas, Reservatórios, Lagoas, Filtros… Lavagem inicial Uma proporção importante da contaminação está na primera parte do hidrograma. 0 10 20 30 40 50 60 70 80 23/07/99 16:00 23/07/99 20:00 24/07/99 0:00 24/07/99 4:00 24/07/99 8:00 24/07/99 12:00 24/07/99 16:00 C au da l ( l/s ) 0 200 400 600 800 1000 1200 C on ce nt ra ci ón Q (l/seg) SS (mg/l) 0 10 20 30 40 50 60 70 80 23/07/99 16:00 23/07/99 20:00 24/07/99 0:00 24/07/99 4:00 24/07/99 8:00 24/07/99 12:00 24/07/99 16:00 C au da l ( l/s ) 0 200 400 600 800 1000 1200 C on ce nt ra ci ón Q (l/seg) SS (mg/l) Volume de captura para Qualidade n Captar localmente uma parte fixa de cada chuva, da ordem de 10 a 20 mm, preferencialmente do inicio; n Significa uma proporção importante de volume anual, da ordem de 70 a 90%; n Representa uma grande proporção dos contaminantes, 90 a 98%; nO volume de captura para a laminação de cheias. Estimação do Volume de Captura para Controle de Qualidade: VCCC n Depende das chuvas locais; n Resultam volumes modestos. 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 Volumen Tratado (mm) Re du cc ió n Pr om ed io d e la E sc or re nt ía A nu al (% ) Com VCCC = 20 mm, Coef. de Escoamento de 0,70 Requer 140 m3 por hectare. Obras típicas de retenção e armazenamento Obras típicas de retenção e armazenamento Obras típicas de retenção e armazenamento Obras típicas de retenção e armazenamento Obras típicas de retenção e armazenamento Obras típicas de retenção e armazenamento Armazenamentos de Baixo Impacto Armazenamentos de Baixo Impacto 3 - Respeitar a Rede de Drenagem Natural n Manter e melhorar os canais naturais; n Não urbanizar zonas inundáveis; n Uso de coletores abertos em conjunto com áreas verdes. n coletores fechados: tradicional, abaixo ao solo. n conduzir a vazão de projeto para um período de retorno à máxima capacidade. Podem conduzir águas residuárias. n coletores abertos: rios urbanos naturais. n projeto para transporte da vazão habitual em zona de fluxos menores (60% da vazão de 2 anos); n Verificados para plena capacidade para um período de retorno importante (100 anos); n Evitar canais típicos para outros usos: projeto de canais urbanos; n Não conduzem águas residuárias. 3 - Respeitar a Rede de Drenagem Natural Canais urbanos de águas pluviais Uso da Rede de Drenagem Natural Uso da Rede de Drenagem Natural Uso da Rede de Drenagem Natural Uso da Rede de Drenagem Natural Uso da Rede de Drenagem Natural Uso da Rede de Drenagem Natural Canais de drenagem urbana Dissipadores de energia Canais de drenagem urbana Dissipadores de energia Coletores Abertos em Zonas Áridas Coletores Abertos em Zonas Áridas Parques Inundáveis em Áreas Centrais Parques Inundáveis em Áreas Centrais Parques Inundáveis em Áreas Centrais Conclusões n A urbanização é responsávelpor alterar as condições hidrológicas; n As externalidades negativas (maiores vazões, mais contaminação, …) devem ser assumidas por quem as provocam; n É possível, tecnicamente, desenvolver uma urbanização de mínimo impacto; n Novo paradigma de drenagem urbana; n Requer-se uma regulação adequada que evite as obsolescências do crescimento das cidades.
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