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AULA 4 DIREITOS DA PERSONALIDADE 12 03 2014

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CENTRO UNIVERSIÁRIO ESTÁCIO DE BRASÍLIA Campus Estácio Brasília
CURSO DE
DIREITO
DISCIPLINA 
DIREITO CIVIL I (ESTACIO)
Plano de Aula: Introdução do Direito Civil
DIREITO CIVIL I
Título
Introdução do Direito Civil
Número de Aulas por Semana
Número de Semana de Aula
Aula 4 
(4) AULA 4 - DIREITOS DA PERSONALIDADE
1.1 Teorias dos direitos da personalidade;
1.2 O direito geral de personalidade; 
1.3 Direitos de personalidade na constituição Federal de 1988; 
1.4 Direitos de personalidade  no Código Civil Brasileiro.
1. Personalidade jurídica é a aptidão genérica para adquirir direitos e contrair deveres. Ideia ligada à de pessoa, é reconhecida atualmente a todo ser humano e independe da consciência ou vontade do indivíduo: recém-nascidos, loucos e doentes inconscientes possuem, todos, personalidade jurídica. Esta é, portanto, um atributo inseparável da pessoa, à qual o direito reconhece a possibilidade de ser titular de direitos e obrigações.
Também é atribuída a entes morais, constituídos por agrupamentos de indivíduos que se associam para determinado fim (associações e afins) ou por um patrimônio que é destinado a uma finalidade específica (fundações e congêneres): as chamadas pessoas jurídicas (ou morais), por oposição aos indivíduos, pessoas naturais (ou físicas).
O direito não concede personalidade a seres vivos que não sejam humanos, nem a seres inanimados, o que os impede de adquirir direitos.
2. Natureza Jurídica. Os doutrinadores não costumam considerar a personalidade jurídica como um direito em si, mas entendem que dela derivam direitos e obrigações. O patrimônio - conjunto das situações jurídicas individuais economicamente apreciáveis -, por exemplo, é uma projeção econômica da personalidade. Há também os chamados "direitos da personalidade", relativos ao indivíduo e somente a ele, como o seu nome, estado civil, condições familiares e a sua qualidade de cidadão.
Em geral, entende-se que a personalidade jurídica tem início com o nascimento com vida. A este binômio, alguns países acrescentam a exigência de que o nascido com vida seja viável (isto é, esteja apto a continuar a viver), ou que tenha "forma humana". A personalidade das pessoas jurídicas começa com a sua constituição, geralmente feita mediante registro junto às autoridades competentes.
3. A personalidade do indivíduo extingue-se com a morte. A das pessoas jurídicas, com a sua dissolução.
4. Constituição Federal. A Constituição Federal de 1988 assenta oS direitos da personalidade no respeito à dignidade humana (art.1, III) consagrada como princípio fundamental da República Federativa do Brasil que, assim, situa esses direitos em plano superior.
Art. 5, X – Constituição Federal:
 “São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”.
4.1. Os direitos da personalidade são os direitos subjetivos da pessoa de defender o que lhe é próprio, ou seja, a sua integridade física (vida, alimentos, próprio corpo vivo ou morto, corpo alheio vivo ou morto, partes separadas do corpo vivo ou morto); a sua integridade intelectual (liberdade de pensamento, autoria científica, artística e literária); e a sua integridade moral (honra, imagem, recato, segredo profissional e doméstico, identidade pessoal, familiar e social). (Lenza, 2011, p.888). 
Os direitos de personalidade, por não terem conteúdo econômico imediato e não se destacarem da pessoa de seu titular, distinguem-se dos direitos de ordem patrimonial. Os direitos de personalidade são inerentes à pessoa humana, estando a ela ligados de maneira perpétua, não podendo sofrer limitação voluntária.
5) CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE
Os direitos da personalidade são:
a) Intransmissíveis
b) Irrenunciáveis
c) Inalienáveis
d) Imprescritíveis
e) vitalícios
Com exceção aos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são irrenunciáveis e intransmissíveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária (art. 11 – CC). 
Não podem os seus titulares, deles dispor, transmitindo a terceiros, renunciando ao seu uso ou abandonando-os, pois nascem e se extinguem com eles, dos quais são inseparáveis. Admite-se, no entanto, o uso do direito por seu titular (exemplo: cessão de direitos de imagem). O que não se admite é a transmissão, alienação do direito a terceiros.
Os direitos da personalidade não são suscetíveis de desapropriação, por se ligarem à pessoa humana de modo indestacável. Os direitos da personalidade são imprescritíveis pois não se extinguem pelo não uso, nem pela inércia da pretensão em defendê-los.
Os direitos da personalidade são adquiridos no instante da concepção e acompanham a pessoa até a sua morte. Por isso, são vitalícios.
Todavia, mesmo após a morte, alguns desses direitos são resguardados, como o respeito ao morto, à sua honra ou memória, por exemplo.
6. DISCIPLINA NO CÓDIGO CIVIL SOBRE OS DIREITOS DA PERSONALIDADE
6.1. ATOS DE DISPOSIÇÃO DO PRÓPRIO CORPO – salvo por exigência médica, é defeso dispor do próprio corpo, quando importar diminuição permanente da integridade física ou contrariar os bons costumes, exceto na hipótese de transplante. 
A disposição do corpo para depois da morte é válida, com objetivo científico ou altruístico, admitindo-se a disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte, com a possibilidade de revogação do ato de disposição a qualquer tempo (art. 14 - CC)
6.2. A Lei 9434/97 – Transplantes – Permite que a pessoa juridicamente capaz disponha gratuitamente de tecidos, órgãos e partes do próprio corpo vivo para fins de transplante, desde que o ato não represente risco para a sua integridade física e mental e não cause mutilação ou deformação inaceitável. 
6.3 É expressamente vedada pela Constituição Federal a comercialização de órgãos (art. 199, §4º, CF). Pela redação do art. 13 do Código Civil, é vedada a ablação de órgãos do corpo humano realizada em transexuais, embora a norma seja razoavelmente inócua, na medida em que a legitimidade para reclamar do ato e de suas consequências, em juízo, seja exclusivamente do paciente, que dispõe do próprio corpo e poderá dar-se por satisfeito com o resultado.
6.3. Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou intervenção cirúrgica (art. 15 - CC). 
A regra supramencionada obriga os médicos, nos casos mais graves, a não atuarem sem prévia autorização do paciente, que tem a prerrogativa de se recusar a submeter-se a um tratamento perigoso, sob pena do médico responder pelo ato praticado e seu resultado.
6.4. A divulgação de escritos, a transmissão da palavra ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a requerimento do autor e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama, a respeitabilidade ou se destinarem-se a fins comerciais. 
A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a requerimento do interessado, adotará as providências necessárias para impedir ou fazer cessar ato contrário a essa norma (art. 21 - CC). O dispositivo, em consonância com o art. 5º, X, CF, abrange todos os aspectos da intimidade da pessoa.
6.4.1. Admite-se exceção a esta regra se autorizado pelo titular, ou se necessário à administração da Justiça ou da ordem pública. Morto – Legitimidade – nesta hipótese, são partes legítimas para requerer a proteção apenas o cônjuge, os ascendentes ou os descendentes.
6.4.2. Aplica-se à pessoa jurídica, no que couber, a proteção dos direitos de personalidade (art. 52 - CC). Pode-se exigir que cesse a ameaça ou a lesão a direito de personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei (art.12 - CC). Em se tratando de morto, terá legitimidade para a adoção das medidas cabíveis o cônjuge sobrevivente ou qualquer parente emlinha reta ou colateral até o quarto grau.
Caso Concreto
O britânico George Garratt solicitou alteração do seu nome para “Captain Fantastic Faster than Superman Spiderman Batman Wolverine The Hulk And The Flash Combined”. Caso fosse brasileiro, poderia realizar a alteração de seu nome original para este? Justifique sua resposta em no máximo 5 linhas.
Gabarito: No Brasil, a lei apenas em situações excepcionalíssimas (como exposição ao vexame, proteção de testemunha e adoção) autoriza a alteração do prenome (sendo este considerado em regra imutável). Aparentemente o britânico não se enquadra nas exceções além de estar pleiteando a alteração para nome que expõe ao ridículo o que não poderia ser feito no Brasil.
Questão objetiva 1
(MP-SE 2013) É correto afirmar: 
a.     Salvo os casos previstos em lei, os direitos da personalidade são livremente transmissíveis e renunciáveis.
b.     É irrevogável o ato de disposição gratuita do próprio corpo, para depois da morte do doador. 
c.      Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo, quando importar diminuição permanente da integridade física, ou contrariar os bons costumes. 
d.     O pseudônimo adotado, ainda que para atividades lícitas, não goza da mesma proteção que se dá ao nome da pessoa natural.
e.     A exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa são direitos personalíssimos do ofendido, não se transmitindo a qualquer herdeiro a possibilidade de sua proteção jurídica.
Gabarito: C - art. 13, CC
 Questão objetiva 2
(AL-PB 2013) A respeito dos direitos da personalidade, é INCORRETO afirmar que: 
a.     o cônjuge ou qualquer parente em linha reta ou colateral até o quarto grau poderá exigir que cesse a lesão a direito de personalidade do morto, bem como reclamar perdas e danos. 
b.     é defeso, salvo por exigência médica, o ato de disposição do próprio corpo, quando importar diminuição permanente da integridade física ou contrariar os bens costumes. 
c.      independe de prova do prejuízo a indenização, pela publicação não autorizada de imagem de pessoa, com fins econômicos ou comerciais. 
d.     a proteção do pseudônimo de autor de obra artística, literária ou científica só goza de proteção legal quando constar do registro civil da pessoa que o utilizar.
e.     sem autorização, não se pode usar o nome alheio em propaganda comercial.
Gabarito: D - 19, CC
Brasília, DF,
Prof. René Dellagnezze
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