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Shopping Pátio Batel

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https://arcoweb.com.br/finestra/arquitetura/coutinho-diegues-cordeiro-shopping-patio-batel-curitiba
Ficha Técnica
Obra Shopping Pátio Batel
Cliente Grupo Soifer 
Local Curitiba, PR
Projeto setembro de 2007
Conclusão da obra setembro de 2013
Área do terreno 31.500 m²
Área construida 137.595,84 m²
Arquitetura Coutinho Diegues Cordeiro Arquitetos
Construção EBR - Eugênio Bayer Reichmann (engenheiro responsável)
Fachada de vidro estrutural QMD - Igor Alvin (consultoria); Raimundo Calixto de Melo Neto (cálculo estrutural); Andrade Rezende - Jeferson Luiz Andrade (detalhamento); Hedron - Ricardo Antunes de Macedo (fabricação e montagem) 
Estrutura metálica Andrade Rezende (projeto); Roca (fabricação e montagem)
Estrutura de concreto As Estruturas Engenheiros Associados (projeto); EBR - Eugênio Bayer Reichmann (execução)
Acústica Relacus - Geraldo Cavalcante
Fotos Celso Brando
Fornecedores
GlassecViracon (vidro: especificação, processamento e logística)
Cebrace (fornecimento das chapas de vidro)
Dupont (PVB)
Sapa Aluminium Brasil (perfis de alumínio)
Dow Corning (silicone)
3M (fita isolante)
Projetoall (painel de alumínio composto)
SGE (fachada)
Perfilor/ArcelorMittal (telhas termoacústicas)
Gerdau Açominas (estrutura)
Manusa (portas automatizadas)
VIDRO É PROTAGONISTA EM CENTRO DE COMPRAS
TEMPLO DAS GRIFES NACIONAIS E INTERNACIONAIS EM CURITIBA, O SHOPPING CENTER PÁTIO BATEL TEM UMA SOFISTICADA COBERTURA DE NOVE MIL METROS QUADRADOS, QUE EXPÕE A MAIS ALTA TECNOLOGIA APLICADA AO VIDRO, PARA A EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E O CONTROLE DE LUMINOSIDADE, E FACHADAS TRANSPARENTES INTEGRANDO VISUALMENTE AMBIENTES INTERNOS E EXTERNOS.
Referência internacional em sustentabilidade e mobilidade urbana, Curitiba tem o segundo melhor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do país. A capital paranaense está também entre as cinco mais luxuosas do Brasil e é a segunda com maior concentração de membros da classe A. Esses atributos incentivaram o Grupo Soifer a investir na construção do shopping Pátio Batel e dar à cidade um requintado polo comercial destinado às luxuosas grifes internacionais e nacionais e também ao entretenimento, cultura e lazer.
A arquitetura acolhe a visão de futuro do empreendedor, criando um edifício permeado pela luz natural, unido à natureza através de jardins na cobertura e vistas para um bosque vizinho e com amplos espaços para contemplação da arte. A transparência é o grande diferencial do projeto. Através dos vastos panos envidraçados de cobertura e de fachada é possível a integração das áreas internas com as externas. São 14 mil metros quadrados de vidro, dos quais 8.820 metros quadrados estão nas claraboias e 4.900 metros quadrados nas áreas de fachadas.
A cobertura projeta uma área envidraçada de 9 mil metros quadrados sobre todo o piso superior, incluindo a praça de alimentação e compondo recantos acolhedores no último pavimento do shopping. Essa área exigiu detalhado estudo de insolação, para o controle da luminosidade e a eficiência energética. A combinação entre vários tipos de vidros - insulado laminado, temperado low-e na cor verde, insulado laminado transparente e insulado serigrafado com espessuras de 30 e 32 milímetros - diminui a troca de calor e controla a entrada de luz, filtrando os raios ultravioleta. Para se ter uma ideia, os vidros serigrafados têm superfícies com 100% e 50% de serigrafia.
Os vidros foram definidos pela sequência de desempenho energético, atendendo aos requisitos de conforto térmico e ambiental, e pelo design desejado pela arquitetura. Foram desenvolvidas várias soluções, com a obtenção de vários tipos de produtos, otimização de matériaprima, dimensões especiais e prazo de entrega. Devido à dimensão das peças, que chegavam a 4,50 metros, a logística para os vidros foi concebida exclusivamente para esta obra, segundo a arquiteta Cláudia Mitne, gerente de marketing da GlassecViracon. A empresa foi responsável pelo trabalho de especificação, desde a fase de projeto, envolvendo, para isso, profissionais da Soifer e equipes do escritório de arquitetura, consultorias e construtora. Foram muitos estudos e análises até se chegar à configuração final, que apontou a melhor solução para responder às demandas de performance e design.
Além de considerar as questões térmicas, o projeto de arquitetura privilegiou a estética da cobertura recortando em diagonal os diferentes tipos de vidros. O sistema de caixilhos foi adaptado a essa geometria, sendo utilizado o sistema Hedron Tak, constituído de vidros colados com silicone estrutural em perfis de alumínio, fixados com parafusos de aço inox austenítico sobre as estruturas metálicas. A fixação é feita com calços e as ancoragens têm dimensões variáveis que garantem o plano perfeito de apoio de cada vidro; isso impede que ele fique tensionado e sujeito a pressões capazes de provocar sua quebra. Para evitar corrosão, na interface da estrutura metálica com a caixilharia foi utilizada fita isolante.
“A cobertura é levemente inclinada e possui ângulos variáveis, solução planejada em função da incidência solar, do escoamento da água e da redução do acúmulo de resíduos”, explica o engenheiro Ricardo Antunes de Macedo, diretor e responsável técnico da Hedron, que, sob consultoria da QMD, foi responsável pela execução dos projetos da cobertura e das fachadas. Para garantir a estanqueidade da cobertura foi utilizado silicone de cura neutra DC 791, aplicado sobre calços de apoio de polietileno. O sistema de caixilharia possui perfis com calhas internas nos próprios perfis de alumínio, para captar a água de condensação. A água da chuva, ao cair sobre os vidros, é levada até as calhas de captação ou o exterior nas áreas onde há beirais.
Ao lado da cobertura de vidro no último pavimento, o volume correspondente aos cinemas foi revestido com painéis de alumínio composto na cor vinho, tendo internamente proteção acústica em lã de rocha de 50 milímetros. Nesse mesmo andar, terraços com livre acesso para os visitantes abrigam jardins, que proporcionam isolamento térmico às lajes de cobertura do terceiro andar. As áreas verdes estão inseridas no entorno do terraço aberto, que cria espaço ventilado para proteção térmica das lajes. “Perto da área central da laje do quarto piso, onde o pano envidraçado da cobertura se rompe, foram inseridas árvores, que formam clima de umidade e temperatura”, explica o engenheiro Eugênio Bayer Reichmann, sócio-administrador da EBR Engenharia, construtora responsável pela obra.
A expectativa plástica da arquitetura, em deixar evidenciado o vidro da cobertura e ter uma estrutura esbelta, foi um dos desafios para o escritório Andrade Rezende, responsável pelos projetos das estruturas metálicas do edifício e das coberturas. De acordo com o engenheiro Jeferson Luiz Andrade, diretor técnico comercial da empresa, “trata-se de uma grelha plana com comportamento espacial, mas que não deve ser confundida com treliça espacial”. A estrutura metálica possui vãos da grelha de 45 e 40 metros e a malha losangular que dá origem à forma geométrica. A estrutura é composta por pilares em tubos circulares e duas grelhas. A principal com malha de 10 e 6,40 metros, constituída por perfis soldados em seção tipo caixa transversal trapezoidal, de difícil confecção e acabamento. A grelha secundária é formada por perfis tubulares retangulares com malha de 5 e 3,20 metros.
Para o dimensionamento da estrutura metálica foram consideradas as cargas de peso próprio dos materiais - aço, vidro, alumínio -, os efeitos de variação térmica, as sobrecargas de cobertura e, principalmente, as ações de vento previstas nas normas técnicas. As placas de vidro estão apoiadas sobre caixilhos de alumínio, que por sua vez se apoiam na grelha metálica secundária e são fixados por parafusos. Os esforços do painel composto por vidro e caixilho são absorvidos por essa grelha metálica secundária, que se apoia sobre a grelha losangular principal. Por último, a carga da grelha é transferida aos pilares metálicos ancorados sobrea estrutura de concreto do edifício, explica Andrade.
Os trechos de cobertura e de fechamento são independentes da estrutura principal de concreto armado. Mas parte da edificação, cerca de 4 mil metros quadrados, foi executada em aço para atender aos grandes balanços dessa área. A fixação e o travamento da estrutura metálica são feitos através de chumbadores e insertos metálicos, embutidos previamente na estrutura de concreto. Para a confecção da cobertura foram utilizadas, aproximadamente, 1,2 mil toneladas de aço patinável resistente a corrosão atmosférica de 350 MPa. A superfície das peças recebeu acabamento de jateamento com granalha de aço no padrão Sa 2 ½, emassamento para correção de imperfeições, primer com tinta à base de resina epóxi e tinta à base de poliuretano.
FACHADA-VITRINE
Para a envoltória foram adotados os sistemas structural glazing, stick e fachada ventilada. A face principal, voltada para a avenida do Batel, tem 1.980 metros quadrados de envidraçamento estrutural instalado com o sistema de fixação pontual dos vidros através de ferragens de aço inox. Projetada pela empresa RCM Estrutura Metálica e detalhada para fabricação e execução pelo escritório Andrade Rezende, a fachada estrutural de vidro é composta por pilares de aço em chapa maciça a cada cinco metros, vigas de vidro de 20 milímetros nos travamentos e contraventamentos horizontais, tirantes, barras rígidas e ferragens de conexão dos vidros de aço inox escovado.
“Por exigência do projeto arquitetônico, a estrutura da fachada deveria ser o mais transparente possível. Assim, na concepção estrutural primária foram utilizados elementos de aço e vidro de tal forma que o dimensionamento deles resultasse em esbeltez e adequação estética às exigências da arquitetura”, explica o engenheiro Raimundo Calixto, do escritório RCM.
Para essa fachada foram associados elementos tracionados (pendurais) que transferem as cargas gravitacionais a estruturas no topo da fachada, do tipo treliça, as quais levam as cargas para colunas de aço constituídas pela associação de chapas, resultando em uma composição leve e elegante. As cargas transversais são transferidas para as colunas através de vigas de vidro com ligações simplesmente apoiadas, sem furação. » Para os painéis de vidro, optou-se por adotar uma fixação pontual, não sendo feitas furações, pelo fato de o apoio ser em conexão do tipo clamp. Tais conexões conferem a transparência desejada, além de facilitar a montagem dos painéis, pelo fato de permitirem maiores tolerâncias.
“Todo o sistema foi projetado e detalhado de forma que os componentes fossem fabricados separadamente e depois instalados. O fato de as peças estarem prontas antes da execução exigiu operação de alto grau de precisão, pois as peças de inox foram feitas sob encomenda e os vidros não poderiam mais ser recortados ou ajustados”, lembra Macedo.
Os vãos livres são ancorados nos níveis dos andares, com peças de aço com regulagens para absorver as diferenças de planos da fachada ventilada, constituída de pedra limestone importada de Portugal, com grande inércia térmica. Na interface da pedra com o vidro foram utilizados conectores ajustáveis.
No recuo da fachada principal, entre a laje de cada pavimento e o pano envidraçado foi instalado um teto de vidro para isolamento entre os andares e os ambientes das lojas. O sistema de vidro estrutural composto por vidros extraclear temperados e laminados de 20 milímetros está equidistante três metros do corpo do edifício. No topo, a fachada tem continuidade no plano horizontal, formando uma cobertura com o mesmo vidro. Na frente de laje foi utilizado vidro laminado com PVB branco opaco.
As áreas de fachada, exceto o sistema estrutural, consumiram 2,9 mil metros quadrados de esquadrias de alumínio pintadas na cor branca RAL 9.003. As diversas espessuras de vidro instalado em toda a obra geraram perfis com bitolas e espessuras diferenciadas, projetados caso a caso. Executada em 12 meses, a obra consumiu 130 toneladas de alumínio, do qual 70% fornecido pela Hydro.
OBRA COMPLEXA
Aço e concreto armado compõem a estrutura do edifício. “Para garantir a versatilidade de instalação e longevidade de uso com as mudanças futuras dos espaços comerciais, o edifício recebeu estrutura de concreto armado convencional. A metálica foi usada a partir do primeiro subsolo, sobre a área da doca, para vencer os grandes vãos de manobra dos veículos de carga. A estrutura de cobertura do último pavimento, bem como o espaço utilizado pelo cinema, foi executada em aço”, explica Reichmann.
A implantação desse megaempreendimento foi executada em seis etapas, ao longo de cinco anos. E não faltaram desafios. Reichmann conta que um deles foi a escavação de cinco pavimentos de subsolo, sendo cerca de 15% em rocha, sem afetar a rotina diária do entorno, principalmente a do hospital vizinho. A cortina de contenção dos subsolos, com aproximadamente 500 metros de extensão e profundidade de até 18 metros, exigiu cuidados especiais; para atender à logística de material no canteiro, instalaram-se seis gruas que alcançaram toda a projeção da construção.
A verticalização do shopping se deu em função das características do terreno encaixado no tecido urbano, no meio de uma quadra entre a avenida do Batel e as ruas Hermes Fontes, Carneiro Lobo e Francisco Rocha, em área nobre de Curitiba. A edificação se desenvolve em nove pavimentos - cinco subsolos e quatro pisos de lojas -, privilegiando um circuito interno mais compacto, com ampla possibilidade de trocas de ambientes em função da quantidade de escadas rolantes e elevadores. No total são 32 escadas rolantes e sete elevadores que atendem a todos os pavimentos, incluindo os de estacionamento, com capacidade para 2,3 mil vagas.

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