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As Vantagens do Pessimismo Roger Scruton Resenha

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As Vantagens do Pessimismo - Roger Scruton 
 
Prefácio: O autor cita que somos condicionados a nos auto-enganar e 
acreditar que mesmo fazendo algo obviamente errado, pode dar certo. Que 
alguns desses dispositivos datam do alto paleolítico. 
 
Cap 1 - O futuro na primeira pessoa: Cita que desde sempre houveram 
pessoas que foram contra o avanço de certas situações com o exemplo dos 
trilhos. As pessoas tem medo da tecnologia, isso fica claro em livros 
como Frankstein e Admirável Mundo Novo. Muitas desses bizarrices são 
fruto do "transumanismo" quando perdemos o que temos de bom porque nos 
tornamos importais, como no livro O Caso Makropulos. Parte disso também 
ocorre porque o que entendemos como "liberdade" está em constante 
mudança. A tecnologia nos permite liberdades que não existiam para os 
antigos, por exemplo o anonimato da internet, ampliamos nossa liberdade 
sem ampliar as responsabilidades, conceitos que estão intrinsecamente 
ligados. O autor define o conceito de nós - e o pessimismo que nos faz ir 
com calma - e o eu, que segue apostando num futuro a seu bel prazer. 
 
Cap 2 - A Falácia das melhores hipóteses: Cita que os otimistas 
inescrupulosos deixam de lado suas responsabilidades, acreditando que a 
melhor hipótese vai acontecer. Ignoram que podem estar errados e assim 
colocando em risco sua família, sociedade etc. Exemplos são pais de 
família que perdem tudo em jogo, pessoas que acreditaram no poder das 
hipotecas. O que resta para essas pessoas é colocar a culpa do seu erro 
em outros. Apostam sempre no futuro pois o presente é muito duro, ou 
seja, acreditam na irrealidade do futuro. O autor cita a economia 
islâmica, que não permite a cobrança de juros, por achar criminoso a 
cobrança sobre algo que não existe. Mas deixam de analisar a necessidade 
de se cobrar o "risco", algo necessário na mente do otimista, que 
desconsidera a possibilidade de erros. Não acreditar na perfectibilidade 
humana era comum a todos os profetas, e se mostra necessária nos dias 
atuais para evitar crises econômicas. 
 
Cap 3 - A falacia do nascido livre: autores da época da Revolução 
Francesa dizia que a liberdade total é quando acabam as instituições que 
nos prendem. Nada poderia estar mais errado, quando as instituições 
acabam voltamos a selvageria do alto paleolítico, só duas soluções 
existe: você morre ou você se torna escravo. A liberdade não é o que a 
gente quer no imediatismo. "Liberdade verdadeira envolve não apenas fazer 
o que você quer, mas dar valor àquilo que você consegue". Hegel usa 
exemplos de escravidão, que a liberdade interior é maior do que a relação 
com o seu dono. Uma sociedade governada por planos otimistas dos 
"intelectuais" nunca será uma sociedade mais livre que aquela onde há 
pessimismo e controle. A "Lei Natural" da bíblia continua sendo um bom 
resumo disso tudo. "Liberdade pertence aos indivíduos apenas em virtude 
de sua associação com o 'nós'. Portanto não nascemos livres: a liberdade 
é algo que conquistamos. E nós a conquistamos por meio da obediência." Um 
exemplo da visão otimista na educação foi o Relatório Plowden, que 
problemas de educação e consequentemente de saúde tinham a ver com a 
falta de liberdade. O que ocasionou a alunos burros e doentes sendo 
despejados na rua. Revolução Francesa é outro bom exemplo, todos lá eram 
maoistas, uma revolução que politicamente não significou nada para a 
França mas suas consequências são vistas até hoje nos departamentos de 
humanas. 
 
Cap 4 - A Falácia Utópica: aqui o autor mostra vários problemas em se 
acreditar numa utopia. Um dos primeiros é a "imunidade de refutação" que 
consiste na ideia de que utopia não pode ser contestada. Isso vai contra 
os princípios do método cientifico, tão útil para a evolução da 
tecnologia e sociedade. Outro aspecto importante é que ela não pode 
chegar. Como o autor adianta, por exemplo na Revolução Francesa e seu 
slogan "igualdade, liberdade e fraternidade" os dois primeiros termos são 
excludentes entre si. Dentro de uma utopia, como a socialista por 
exemplo, não existem leis, o estado controla tudo, o que é certo e 
errado, então o autor cita: "trata-se de um estado em que todos os 
benefícios da ordem legal estão presentes, apesar de não haver leis; e no 
qual todos os produtos da cooperação social ainda existem, apesar de 
ninguém desfrutar dos direitos de propriedade que até então forneceram a 
única razão para a sua produção. Sarte é um dos que advoga em função 
dessas utopias. Ele apoiava estados totalitários contanto que servissem a 
um ideal utópico. Por sinal era um grande defensor da URSS e 20 anos 
depois de documentos mostrarem que haviam campos de concentração lá, ele 
ainda defendia dizendo que "o socialismo deveria ser julgado por suas 
intenções e não por suas ações". Como as utopias nunca podem ser 
realizadas, elas se tornam um "simbolo de negação" da realidade, servindo 
de justificativa para meios violentos. Ir contra a realidade buscando um 
"passado romântico" belo, destruindo tudo que foi construindo e nos domou 
nesse período. Tenta destruir o que temos hoje em busca de um ideal em 
que tem os elementos usados hoje em sua perfeição de funcionamento. 
Busca-se um ideal com violência, mas defende a mesma dizendo que ela só 
necessita ser utilizada pelo mal que a própria situação "não-ideal" 
impõe. A utopia se torna uma especie de vingança contra a realidade, que 
não está de acordo com o que a pessoa espera. O autor cita a grande 
utilidade de dividir a humanidade em grupos para o funcionamento de 
governos que defendem utopias, o massacre de judeus e outras raças, de 
kulaks (camponeses do estado russo), uma luta de nós contra eles. Resume-
se o argumento por uma condição predisposta. 
 
Cap 5 - A Falácia da Soma de Zero 
Utópicos citam que os seus problemas são causados por quem tem mais que 
eles. Se alguém esta perdendo é porque alguém está ganhando. Neste 
contexto a mais-valia é apresentada, conceito marxista em que a pessoa 
ganha o suficiente para continuar trabalhando, assim sendo explorada e 
alienada. Esse conceito é pouco defendido hoje em dia. Nesta mesma linha 
a ideia de terceiro mundo, que surgiu depois da 2WW é apresentada, onde 
esses países continuam pobres porque ainda tem, em sua estrutura 
econômica, uma espécie de controle pelos países que os colonizaram. Só 
quando essas relações pós-colonialistas acabarem que esses países poderão 
crescer. Observou-se que no decorrer dos anos muito dinheiro foi doado 
para esses mesmos países, uma ideia keynesiana que não deu certo. Dar 
dinheiro a países com instituições fracas só premiará os políticos 
tribalistas que deixaram esses países na situação lamentável em que 
estão. O ódio contido na opinião desses pessoas que pedem o pagamento 
dessa divida histórica normalmente está apontada para os EUA. Justamente 
porque lá a economia funciona, e isso ocorre justamente porque seus 
governos historicamente não seguiram as teorias marxistas dos 
intelectuais. Adorno foi um filosofo que dizia que a riqueza dos EUA só 
existia por causa do alienamento do seu povo, ideia classicamente 
atribuída a Marx, ao conhecer o país ficou espantado por ver que não era 
bem assim. Esse antiamericanismo sempre encontra novos adeptos, e por 
sinal esses adeptos tem ideologias contrárias, como por exemplo os 
islâmicos e os defensores de politicas de gênero. Essa é uma estratégia 
perigosa, tendo em vista as historias dos nazistas e da União Soviética, 
onde ocorreu esse "ressentimento transferido" e ocasionou muitas mortes. 
De acordo com Nietzsche esse ressentimento está no fundo de nossas 
emoções sociais. O que não podemos é nos entregar a isso, viver uma vida 
de vilões e mocinhos antiprodutiva. Pensamento que está por trás da soma 
de zero, conceito que em inúmeros pontos está fora da realidade (economia 
é o exemplo mais claro e útil). Para o individuo, ninguém reclamariaque 
tendo em vista que um trabalhou mais que o outro, este primeiro seja mais 
rico, nem mesmo os intelectuais, mas quando falamos de classes a história 
muda. O autor cita que pode se educar bem devido a uma escola que 
aceitava alunos pobres com um projeto de bolsas devido a filantropia, o 
governo Inglês fechou esse tipo de iniciativa privada pois a discrepância 
de educação entre os alunos dessa escola e os de outras escolas, que não 
se esforçavam tanto, deixava essa lacuna "não-igualitária". 
 
Cap 6 - A Falácia do Planejamento 
Ele discorre de como a atuação convicta dos estados num "objetivo" é 
prejudicial para o país e sua sociedade. Myses é um dos que comprovou que 
essa ideia é uma falácia. Na economia, especificamente, é um grande erro, 
quando os governos fixam um preço para seus produtos, porque esse valor 
deixa de representar o que deveria, que são as relações de oferta e 
demanda do mesmo. Vale o adendo de que na economia planejada da URSS era 
necessário a atribuição de valor a mais de 16 milhões de produtos. Esse 
conceito pode ser expandido para as relações politicas, nunca um governo 
que acha que pensa que relações associadas a liberdades pode ser 
discutida da ponta do triangulo para baixo vai fazer um bom trabalho. 
Exemplo disso é a União Europeia, que surgiu para tentar amenizar os 
conflitos internos mas acabou se tornando um órgão cheio de tentáculos na 
vida das pessoas. Como sempre essas atitudes de planejamento foram vistas 
com bons olhos mas suas consequências a médio e longo prazo foram 
péssimos. Um desses casos foi o fim da agricultura familiar devido a uma 
Lei imposta pela UE de ter veterinários em todos os abates de animais. 
Uma ação do governo fora do contexto de livre mercado criou ao mesmo 
tempo prejuízo para a maioria das pessoas e doenças devido ao 
deslocamento dos animais. O conceito de subsidiariedade foi apresentado, 
que é a solução de problemas nos "pequenos pelotões" de pessoas e a 
expansão dessas ideias para as instituições maiores, como o estado, isso 
foi observado por Röpke em visita a Suíça. Boa parte das leis da EU não 
são respeitadas, pois estão cercadas de burocracias, o documento que 
mostra esse apanhado de leis já está na casa das 170000 páginas, afinal 
de contas são conceitos muito genéricos que esse estatuto tenta mediar, 
leis que poderiam ser controladas facilmente pelo livre mercado. Quando 
um pequeno grupo de burocratas tenta controlar todas as leis, sempre dá 
errado, a Revolução Russa é um exemplo disso, o Partido único tentava 
retificar os erros que as várias instituições de um país democrático 
resolviam rapidamente. Sem essa "inteligencia compartilhada" esses 
problemas sempre acabam sem solução. Outro grande problema é que não 
existe uma forma de punição a ideias aplicadas que tiveram consequências 
péssimas. Historicamente, quando os intelectuais puderam aplicar sua 
engenharia social sem punição, as consequências foram drásticas. "Quis 
custodiet ipsos custodes?" (Quem vigia os vigilantes?). O autor cita que 
a alternativa a uma organização dos Estados para o fim da guerra não deve 
ser baseada em objetivos, mas sim em limitações. Quando se tem conceitos 
abertos e excludentes como os da Revolução Francesa (liberdade, igualdade 
e fraternidade) permite-se um controle maior das autoridades do que elas 
deveriam ter. Como dizia Burke, o conhecimento de que precisamos nas 
circunstâncias imprevisíveis da vida humana não é e tampouco pode ser 
deduzido a priori de leis universais, esse conhecimento nos é concedido 
pelos costumes, pelas instituições e pelos hábitos de pensamento que 
foram sendo moldados ao longo de gerações. 
 
Cap 7 - A Falácia do Espírito Móvel 
O autor explica a ideia de Zeitgeist, que cada momento da história tem o 
seu "espirito" e que as pessoas de um desses períodos não podem imaginar 
coo vai ser o próximo zeitgeist. Esse ideia hegeliana segue as linhas do 
"fim da história" marxista, tendo em vista que essa história esta sempre 
evoluindo, como a ciência faz (Nota: esquecem os sociólogos que a ciência 
nunca evoluiu linearmente, sua transformação sempre aconteceu com altos e 
baixos, erros e acertos, e como dizia Newton, com os modernos subindo nas 
costas de gigantes). Essa ideia acaba tendo várias consequências 
negativas em vários ramos, ele começa os exemplos nas artes, com o 
barroco, que acabou desaguando nessa arte moderna que não respeita em 
nada as técnicas e história da arte anterior a ela. Na arte é como se 
qualquer coisa fora do status quo tivesse valor simplesmente não ser essa 
quebra de paradigma, e não por beleza ou qualquer outro motivo artístico. 
Seria como se os artistas não respeitassem as coisas "contemporâneas" 
justamente porque ao fazer coisas que chocam, estão atingindo o zeitgeist 
futuro. Induzindo um progresso como o cientifico que não ocorre em outras 
áreas, principalmente artes, história e política. Na politica essa ideia 
se torna extremamente perigosa, situações como a URSS e a Revolução 
Francesa, episódios realmente violentos, foram inspirados numa ideia de 
"fim da história" que nada poderia ser superior ao que já estava sendo 
proposto, como um zeitgeist final. Vários grupos históricos importantes e 
violentos como jacobinos, utilitaristas, positivistas e socialistas 
tinham essa ideia muito em voga em suas respectivas épocas. A visão 
nostálgica, de voltar a um zeigeist melhor, também é criticada pelos 
intelectuais contemporâneos, que cita que a história não pode ser 
imitada, podendo assim romper com conhecimentos funcionais. O trabalho 
dos críticos se torna fácil e errôneo a partir do momento que eles tem a 
opção de dizer que algo é abjetivo apenas porque segue as ideias 
contemporâneas e clássicas. O autor foca muito em arquitetura nesse 
capitulo, citando por exemplo que para os muçulmanos, uma arquitetura que 
quebra a estética de sua cultura é ofensiva, esse é um ressentimento por 
trás do atentado de 11 de setembro, afinal um dos articuladores era 
arquiteto. Diz ser um erro essa visão moderna da arquitetura que 
transforma os prédios em caixas de sapato e cita que boa parte das 
pessoas prefere uma visão mais gótica da arquitetura. 
 
Cap 8 - A Falácia da Agregação 
Quanto os integrantes da Revolução Francesa criaram seu slogan 
(liberdade, igualdade e fraternidade) eles imaginaram que, sendo essas 
três ideias "boas", a mistura das três seria também algo bom, não foi 
isso que aconteceu. A liberdade está sempre associada a responsabilidade, 
não a libertinagem, diferente do que muitos contemporâneos pensam. Hoje, 
um "liberal", nome dado no passado exclusivamente a quem desejava 
liberdade, hoje nos EUA é associado a pessoas que advogam por uma 
interferência maciça do estado na vida das pessoas. Os conceitos de 
liberdade e igualdade são contraditórios, e os intelectuais buscam pela 
supremacia do segundo, e a única entidade que pode "controlar" a busca 
pela igualdade acaba sendo o Estado. Como exemplo, podemos citar a falta 
de liberdade que um dono de sofre quando tem que contratar uma pessoa 
devido ao grupo social que ela se encontra (cotas) em comparação com 
alguém mais capacitado para o cargo. A liberdade do patrão é tolhida para 
que uma suposta compensação história ocorra com o individuo do grupo 
minoritário, que busca emponderamento. Discriminação em nome da não-
discriminação. Levado ao pé da letra, o conceito de igualdade pode se 
tornar uma liberdade positiva, onde o Estado se encontra no direito de 
confiscar bens privados para manter o direito a liberdade de outros 
grupos. Liberdade e moralidade são dois lados da mesma moeda, só existe a 
primeira quando existem leis de solidariedade e obrigações do amor 
familiar. Porém os "liberais" buscam extirpar limitações morais, 
tradições, e buscam o apoio do estado para tanto. Para finalizar o autor 
cita que é impossível a coexistência de multiculturalismoe tradição, 
esse choque por vezes se torna violento. Para que uma comunidade viva em 
paz é necessário que os membros que nela entram se adaptem as tradições, 
sem se tornaram realmente membros de terminado lugar que desejam morar, 
seus membros e descendentes vão criar ressentimentos acabam por se tornar 
perigosos. Exemplos como o da Índia onde os hindus e muçulmanos 
conseguiram encontrar a paz e como a Inglaterra encontra-se refém de um 
multiculturalismo que matou suas raízes, mostram a necessidade dessas 
politicas. 
 
Cap 9 - A Defesa Contra a Verdade 
Um capitulo excelente para qualquer professor de esquerda ler. Exitem 
ideias que são tradicionais, que venceram a batalha contra o tempo, que 
numa perspectiva darwiniana, foram selecionadas pois ajudaram na 
manutenção da espécie. Porém intelectuais presam por derrubar essas 
ideias, mas não promovem isso baseado em dados, e sim em ideologia, e 
quando entram em choque com as ideias tradicionais, pedem para seus 
defensores provarem que elas estão certas, eles, os intelectuais, 
normalmente não se esforçam para provar que suas ideias que nunca saíram 
do campo da imaginação dariam errado. No exemplo é a violência familiar, 
uma criança tem 33 vezes mais chance de sofrer violência quando uma mãe 
solteira vai morar com outro pai, e os motivos são vários. Porém a 
intelligentsia propõe que a solução para isso seria mais Estado, mais 
ação do governo sobre a família, e não políticas para manter essa 
instituição milenar extremamente importante. Neste âmbito surge a "falsa 
especialização" pessoas que propõe novas ideias para resolver problemas 
que surgiram quando ideias tradicionais saíram de pauta. Suas 
especialidades nunca foram testadas, porém continuam trabalhando por um 
mundo que os próprios não tem ideia de onde chegará, com toda a convicção 
de que suas ideias funcionarão e se as mesmas derem errados, usam a 
estratégia da culpa transferida, condição que levará ao ressentimento 
proposto por Nietzsche. Essa estratégia, juntamente com a "soma de zero" 
reforçam as atitudes ressentidas que foram observadas, por exemplo, antes 
da 2WW quando os intelectuais proporam que a guerra surgia de atitudes 
não-pacificas do lado "pacifico". Depois da 2WW esse pensamento 
continuou, num antiamericanismo, sentimento que surge do ressentimento da 
riqueza e liberdade americana e tem como maiores propagadores os próprios 
intelectuais americanos. Uma última estratégia para se evitar a verdade 
foi a propagação de ideias mal escritas, realmente lixo intelectual 
indecifrável, mas que tinha como espirito a crítica ao status quo. Tendo 
em vista a promoção que foi feita pela mídia em cima dos intelectuais 
antiguerra na década de 60, os professores dessa época criaram trabalhos 
que não eram claros, mas que, na visão dos intelectuais, uma pessoa para 
escrever daquela forma barroca só conseguia tal feito porque tinha 
"compreendido todas as pretensões" dos autores originais. Usando obras 
clássicas e exemplos históricos, autores como Powell tentaram contra-
argumentar aquelas ideias, sem muito sucesso. Em suas ideias que buscavam 
analogias na bíblia e em Platão, ele observava que o perigo de abrir as 
portas de sua nação para forasteiros poderia desaguar em desfragmentação 
da identidade nacional e violência, foi o que ocorreu com a chegada dos 
muçulmanos. Porém, como um jogo de tetris, as idiocrasias vão se 
acumulando, proibindo a crítica da religião não-secularizada a 
criminalizando. Ou seja, a visão atual não permite a crítica a uma 
verdade preestabelecida, criando artifícios como os citados anteriormente 
para enterrá-la. Uma forma mais "científica" de encarar os problemas é 
proposta, com suas refutações e testes para evitar que ideias propostas 
por intelectuais tomem formam e mudem a sociedade para pior. 
 
Cap 10 - Nosso Passado Tribal 
O autor faz um apanhado geral de como era a vida na época dos caçadores-
coletores e percebe que as atitudes dele fugiam, e muito, da proposta do 
bom selvagem de Russeau. O "nós" era sufocado pelo eu do chefe da tribo, 
que detinha todo o plano de ação e atitudes da tribo, caso alguém 
falasse, pensasse ou fizesse algo que não seguia o plano do chefe, era 
visto como um inutil, pois sua ideia não ajudaria na continuidade da 
tribo. Não havia tempo para liberdades ou entretenimento que fizeram 
surgir as instituições, também não havia cooperação, era sempre guerra 
com outras tribos. O autor então propõe que os únicos pensamentos 
possíveis eram a soma de zero, porque tudo que eu conseguia vencer era 
tirado tanto das outras tribos quanto dos próprios membros da tribo, e a 
falácia da melhor hipótese, justamente porque não haveria outra hipótese, 
ou o plano de luta e caça dava certo, ou os membros morriam. Então o 
autor conclui que é muito provável que essa seja a estrutura por trás do 
pensamento dos intelectuais atuais, afinal de contas eles criam em sua 
mente toda uma estrutura que torna impossível contra-argumentá-los, por 
mais errados que estejam. 
 
Cap 11 - Nosso Presente Civil 
Os filósofos e biólogos dizem que temos uma sociedade cheia de leis pois 
isso foi necessário geneticamente falando para a evolução da especie, 
isso não é inteiramente verdade, os dispositivos que fazem um líder se 
jogar numa granada para salvar o pelotão não são os mesmos de uma abelha 
que se mata para salvar a colmeia. Existe uma "lei ágape" que surge pela 
razão, e não por leis naturais. Tendo em vista que nossa evolução como 
sociedade surgiu quando deixamos de ser caçadores-coletores e nos 
assentamos, sem duvida o surgimento de comunidades maiores que a tribo ou 
a família moldou a forma como vivemos. Um exemplo clássico dessa 
dicotomia é a luta de Caim contra Abel, o primeiro, um assentado, matou o 
irmão, um exemplo psicológico do ressentimento criado devido a exclusão 
da família como bastião da socialização. Um estudo mostrou que entre 800 
e 400 a. C várias civilizações importantes criaram autoconsciência e 
espirito de liberdade, imaginasse que isso tenha ocorrido pela 
complexidade e exigência social do assentamento em cidades. "A cidade é 
uma comunidade de vizinhos que não necessariamente se conhecem, mas cujas 
obrigações são oriundas do assentamento". Cidades acabam se tornando, na 
visão do autor, símbolos de sensatez que emergem quando os costumes da 
tribo são deixados para trás, só com essa quebra que uma sociedade 
baseada em instituições pode surgir. As duas formas de governo - 
planejada e livre - são reflexos dessas mudanças, mas a história mostrou 
que claramente o planejamento não cobre os imprevistos que podem 
acontecer, uma visão de cima para baixo nunca é capaz de analisar essas 
nuances. Uma visão planejada talvez seja mais apropriada em situações 
emergenciais, onde a soma de zero se torna regra, como a guerra por 
exemplo. O islã, uma religião baseada na submissão e não no perdão, não 
funciona bem numa sociedade secularizada, justamente por não ver a ideia 
de cidade como um bem. A lei islâmica vai do "eu" - lei de deus, sharia - 
para o nós. Uma lei que tenta englobar o que devemos fazer, diferente das 
leis da Bíblia, que nos mostra o que não se deve fazer, nos deixando 
livre para buscarmos nossos próprios objetivos. Os muçulmanos não veem 
como positivo algo que saia da juridição do seu livro tribal, não 
permitindo a evolução das leis e o desenvolvimento de uma sociedade de 
mercado livre a partir disso. Essa visão segue muito as linhas que este 
livro trata como negativas: "plano divino, governo de cima para baixo, a 
luta que segue o espirito do tempo até um mundo perfeito, que é o céu". A 
felicidade, nesse contexto, surge nos sacrifícios, não em liberdades e 
busca dos prazeres. Só com o sacrifício do perdão superamos o 
ressentimento e conseguimos viver em paz com membros que não são da 
tribo. Desse principio surge a prestação de contas feitapor governos 
democráticos, e percebe-se, a partir dessa ideia de perdão e compensação 
pelos erros, porque em governos não democráticos a prestação de contas 
desaparece rapidamente. O autor cita a importância da ironia, que é 
analisar os próprios pensamentos com o cuidado de que eles surgiram numa 
mente limitada sob a influencia de outras mentes limitadas. Que se temos 
uma ideia de como o mundo pode ser melhor, ela terá que ser analisada por 
outras mentes tão limitadas quanto a nossa. Novamente o autor cita o 
terrorismo, que por si só é um fim. Não tem objetivos reais, pois é 
causado claramente pelo ressentimento dos que cometem, buscam destruir 
tudo que está entre o mundo que compensaria as maldades de quem eles 
lutam contra. E os estilhaços dessa luta acaba indo contra inocentes. "Os 
melhores não têm nenhuma convicção, enquanto os piores são tomados de uma 
intensidade passional". O autor com essa frase lembra a limitação de 
nossas mentes e o quanto pode ser perigoso para o todo a luta desenfreada 
por ideias não testadas. O autor propõe então se afastar das certezas e 
ter a consciência de que toda liberdade obtida é fruto da cooperação de 
pessoas tão fracas e autocentradas como nós mesmos. 
 
Cap 12 - Nosso Futuro Humano 
O autor conclui o livro dizendo que os transumanistas, pessoas que supõe 
um futuro onde os seres humanos superarão as limitações do ser vivo como 
tristezas e saudade, e virarão ciborgues, onde o lado "humano" é apenas 
uma lembrança, são tão otimistas como os citados durante o livro, que não 
observam a própria limitação de pensamento. E propõe que nós nos 
limitemos a condição humana e viver em paz com aquilo que encontramos.

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