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As Vantagens do Pessimismo - Roger Scruton Prefácio: O autor cita que somos condicionados a nos auto-enganar e acreditar que mesmo fazendo algo obviamente errado, pode dar certo. Que alguns desses dispositivos datam do alto paleolítico. Cap 1 - O futuro na primeira pessoa: Cita que desde sempre houveram pessoas que foram contra o avanço de certas situações com o exemplo dos trilhos. As pessoas tem medo da tecnologia, isso fica claro em livros como Frankstein e Admirável Mundo Novo. Muitas desses bizarrices são fruto do "transumanismo" quando perdemos o que temos de bom porque nos tornamos importais, como no livro O Caso Makropulos. Parte disso também ocorre porque o que entendemos como "liberdade" está em constante mudança. A tecnologia nos permite liberdades que não existiam para os antigos, por exemplo o anonimato da internet, ampliamos nossa liberdade sem ampliar as responsabilidades, conceitos que estão intrinsecamente ligados. O autor define o conceito de nós - e o pessimismo que nos faz ir com calma - e o eu, que segue apostando num futuro a seu bel prazer. Cap 2 - A Falácia das melhores hipóteses: Cita que os otimistas inescrupulosos deixam de lado suas responsabilidades, acreditando que a melhor hipótese vai acontecer. Ignoram que podem estar errados e assim colocando em risco sua família, sociedade etc. Exemplos são pais de família que perdem tudo em jogo, pessoas que acreditaram no poder das hipotecas. O que resta para essas pessoas é colocar a culpa do seu erro em outros. Apostam sempre no futuro pois o presente é muito duro, ou seja, acreditam na irrealidade do futuro. O autor cita a economia islâmica, que não permite a cobrança de juros, por achar criminoso a cobrança sobre algo que não existe. Mas deixam de analisar a necessidade de se cobrar o "risco", algo necessário na mente do otimista, que desconsidera a possibilidade de erros. Não acreditar na perfectibilidade humana era comum a todos os profetas, e se mostra necessária nos dias atuais para evitar crises econômicas. Cap 3 - A falacia do nascido livre: autores da época da Revolução Francesa dizia que a liberdade total é quando acabam as instituições que nos prendem. Nada poderia estar mais errado, quando as instituições acabam voltamos a selvageria do alto paleolítico, só duas soluções existe: você morre ou você se torna escravo. A liberdade não é o que a gente quer no imediatismo. "Liberdade verdadeira envolve não apenas fazer o que você quer, mas dar valor àquilo que você consegue". Hegel usa exemplos de escravidão, que a liberdade interior é maior do que a relação com o seu dono. Uma sociedade governada por planos otimistas dos "intelectuais" nunca será uma sociedade mais livre que aquela onde há pessimismo e controle. A "Lei Natural" da bíblia continua sendo um bom resumo disso tudo. "Liberdade pertence aos indivíduos apenas em virtude de sua associação com o 'nós'. Portanto não nascemos livres: a liberdade é algo que conquistamos. E nós a conquistamos por meio da obediência." Um exemplo da visão otimista na educação foi o Relatório Plowden, que problemas de educação e consequentemente de saúde tinham a ver com a falta de liberdade. O que ocasionou a alunos burros e doentes sendo despejados na rua. Revolução Francesa é outro bom exemplo, todos lá eram maoistas, uma revolução que politicamente não significou nada para a França mas suas consequências são vistas até hoje nos departamentos de humanas. Cap 4 - A Falácia Utópica: aqui o autor mostra vários problemas em se acreditar numa utopia. Um dos primeiros é a "imunidade de refutação" que consiste na ideia de que utopia não pode ser contestada. Isso vai contra os princípios do método cientifico, tão útil para a evolução da tecnologia e sociedade. Outro aspecto importante é que ela não pode chegar. Como o autor adianta, por exemplo na Revolução Francesa e seu slogan "igualdade, liberdade e fraternidade" os dois primeiros termos são excludentes entre si. Dentro de uma utopia, como a socialista por exemplo, não existem leis, o estado controla tudo, o que é certo e errado, então o autor cita: "trata-se de um estado em que todos os benefícios da ordem legal estão presentes, apesar de não haver leis; e no qual todos os produtos da cooperação social ainda existem, apesar de ninguém desfrutar dos direitos de propriedade que até então forneceram a única razão para a sua produção. Sarte é um dos que advoga em função dessas utopias. Ele apoiava estados totalitários contanto que servissem a um ideal utópico. Por sinal era um grande defensor da URSS e 20 anos depois de documentos mostrarem que haviam campos de concentração lá, ele ainda defendia dizendo que "o socialismo deveria ser julgado por suas intenções e não por suas ações". Como as utopias nunca podem ser realizadas, elas se tornam um "simbolo de negação" da realidade, servindo de justificativa para meios violentos. Ir contra a realidade buscando um "passado romântico" belo, destruindo tudo que foi construindo e nos domou nesse período. Tenta destruir o que temos hoje em busca de um ideal em que tem os elementos usados hoje em sua perfeição de funcionamento. Busca-se um ideal com violência, mas defende a mesma dizendo que ela só necessita ser utilizada pelo mal que a própria situação "não-ideal" impõe. A utopia se torna uma especie de vingança contra a realidade, que não está de acordo com o que a pessoa espera. O autor cita a grande utilidade de dividir a humanidade em grupos para o funcionamento de governos que defendem utopias, o massacre de judeus e outras raças, de kulaks (camponeses do estado russo), uma luta de nós contra eles. Resume- se o argumento por uma condição predisposta. Cap 5 - A Falácia da Soma de Zero Utópicos citam que os seus problemas são causados por quem tem mais que eles. Se alguém esta perdendo é porque alguém está ganhando. Neste contexto a mais-valia é apresentada, conceito marxista em que a pessoa ganha o suficiente para continuar trabalhando, assim sendo explorada e alienada. Esse conceito é pouco defendido hoje em dia. Nesta mesma linha a ideia de terceiro mundo, que surgiu depois da 2WW é apresentada, onde esses países continuam pobres porque ainda tem, em sua estrutura econômica, uma espécie de controle pelos países que os colonizaram. Só quando essas relações pós-colonialistas acabarem que esses países poderão crescer. Observou-se que no decorrer dos anos muito dinheiro foi doado para esses mesmos países, uma ideia keynesiana que não deu certo. Dar dinheiro a países com instituições fracas só premiará os políticos tribalistas que deixaram esses países na situação lamentável em que estão. O ódio contido na opinião desses pessoas que pedem o pagamento dessa divida histórica normalmente está apontada para os EUA. Justamente porque lá a economia funciona, e isso ocorre justamente porque seus governos historicamente não seguiram as teorias marxistas dos intelectuais. Adorno foi um filosofo que dizia que a riqueza dos EUA só existia por causa do alienamento do seu povo, ideia classicamente atribuída a Marx, ao conhecer o país ficou espantado por ver que não era bem assim. Esse antiamericanismo sempre encontra novos adeptos, e por sinal esses adeptos tem ideologias contrárias, como por exemplo os islâmicos e os defensores de politicas de gênero. Essa é uma estratégia perigosa, tendo em vista as historias dos nazistas e da União Soviética, onde ocorreu esse "ressentimento transferido" e ocasionou muitas mortes. De acordo com Nietzsche esse ressentimento está no fundo de nossas emoções sociais. O que não podemos é nos entregar a isso, viver uma vida de vilões e mocinhos antiprodutiva. Pensamento que está por trás da soma de zero, conceito que em inúmeros pontos está fora da realidade (economia é o exemplo mais claro e útil). Para o individuo, ninguém reclamariaque tendo em vista que um trabalhou mais que o outro, este primeiro seja mais rico, nem mesmo os intelectuais, mas quando falamos de classes a história muda. O autor cita que pode se educar bem devido a uma escola que aceitava alunos pobres com um projeto de bolsas devido a filantropia, o governo Inglês fechou esse tipo de iniciativa privada pois a discrepância de educação entre os alunos dessa escola e os de outras escolas, que não se esforçavam tanto, deixava essa lacuna "não-igualitária". Cap 6 - A Falácia do Planejamento Ele discorre de como a atuação convicta dos estados num "objetivo" é prejudicial para o país e sua sociedade. Myses é um dos que comprovou que essa ideia é uma falácia. Na economia, especificamente, é um grande erro, quando os governos fixam um preço para seus produtos, porque esse valor deixa de representar o que deveria, que são as relações de oferta e demanda do mesmo. Vale o adendo de que na economia planejada da URSS era necessário a atribuição de valor a mais de 16 milhões de produtos. Esse conceito pode ser expandido para as relações politicas, nunca um governo que acha que pensa que relações associadas a liberdades pode ser discutida da ponta do triangulo para baixo vai fazer um bom trabalho. Exemplo disso é a União Europeia, que surgiu para tentar amenizar os conflitos internos mas acabou se tornando um órgão cheio de tentáculos na vida das pessoas. Como sempre essas atitudes de planejamento foram vistas com bons olhos mas suas consequências a médio e longo prazo foram péssimos. Um desses casos foi o fim da agricultura familiar devido a uma Lei imposta pela UE de ter veterinários em todos os abates de animais. Uma ação do governo fora do contexto de livre mercado criou ao mesmo tempo prejuízo para a maioria das pessoas e doenças devido ao deslocamento dos animais. O conceito de subsidiariedade foi apresentado, que é a solução de problemas nos "pequenos pelotões" de pessoas e a expansão dessas ideias para as instituições maiores, como o estado, isso foi observado por Röpke em visita a Suíça. Boa parte das leis da EU não são respeitadas, pois estão cercadas de burocracias, o documento que mostra esse apanhado de leis já está na casa das 170000 páginas, afinal de contas são conceitos muito genéricos que esse estatuto tenta mediar, leis que poderiam ser controladas facilmente pelo livre mercado. Quando um pequeno grupo de burocratas tenta controlar todas as leis, sempre dá errado, a Revolução Russa é um exemplo disso, o Partido único tentava retificar os erros que as várias instituições de um país democrático resolviam rapidamente. Sem essa "inteligencia compartilhada" esses problemas sempre acabam sem solução. Outro grande problema é que não existe uma forma de punição a ideias aplicadas que tiveram consequências péssimas. Historicamente, quando os intelectuais puderam aplicar sua engenharia social sem punição, as consequências foram drásticas. "Quis custodiet ipsos custodes?" (Quem vigia os vigilantes?). O autor cita que a alternativa a uma organização dos Estados para o fim da guerra não deve ser baseada em objetivos, mas sim em limitações. Quando se tem conceitos abertos e excludentes como os da Revolução Francesa (liberdade, igualdade e fraternidade) permite-se um controle maior das autoridades do que elas deveriam ter. Como dizia Burke, o conhecimento de que precisamos nas circunstâncias imprevisíveis da vida humana não é e tampouco pode ser deduzido a priori de leis universais, esse conhecimento nos é concedido pelos costumes, pelas instituições e pelos hábitos de pensamento que foram sendo moldados ao longo de gerações. Cap 7 - A Falácia do Espírito Móvel O autor explica a ideia de Zeitgeist, que cada momento da história tem o seu "espirito" e que as pessoas de um desses períodos não podem imaginar coo vai ser o próximo zeitgeist. Esse ideia hegeliana segue as linhas do "fim da história" marxista, tendo em vista que essa história esta sempre evoluindo, como a ciência faz (Nota: esquecem os sociólogos que a ciência nunca evoluiu linearmente, sua transformação sempre aconteceu com altos e baixos, erros e acertos, e como dizia Newton, com os modernos subindo nas costas de gigantes). Essa ideia acaba tendo várias consequências negativas em vários ramos, ele começa os exemplos nas artes, com o barroco, que acabou desaguando nessa arte moderna que não respeita em nada as técnicas e história da arte anterior a ela. Na arte é como se qualquer coisa fora do status quo tivesse valor simplesmente não ser essa quebra de paradigma, e não por beleza ou qualquer outro motivo artístico. Seria como se os artistas não respeitassem as coisas "contemporâneas" justamente porque ao fazer coisas que chocam, estão atingindo o zeitgeist futuro. Induzindo um progresso como o cientifico que não ocorre em outras áreas, principalmente artes, história e política. Na politica essa ideia se torna extremamente perigosa, situações como a URSS e a Revolução Francesa, episódios realmente violentos, foram inspirados numa ideia de "fim da história" que nada poderia ser superior ao que já estava sendo proposto, como um zeitgeist final. Vários grupos históricos importantes e violentos como jacobinos, utilitaristas, positivistas e socialistas tinham essa ideia muito em voga em suas respectivas épocas. A visão nostálgica, de voltar a um zeigeist melhor, também é criticada pelos intelectuais contemporâneos, que cita que a história não pode ser imitada, podendo assim romper com conhecimentos funcionais. O trabalho dos críticos se torna fácil e errôneo a partir do momento que eles tem a opção de dizer que algo é abjetivo apenas porque segue as ideias contemporâneas e clássicas. O autor foca muito em arquitetura nesse capitulo, citando por exemplo que para os muçulmanos, uma arquitetura que quebra a estética de sua cultura é ofensiva, esse é um ressentimento por trás do atentado de 11 de setembro, afinal um dos articuladores era arquiteto. Diz ser um erro essa visão moderna da arquitetura que transforma os prédios em caixas de sapato e cita que boa parte das pessoas prefere uma visão mais gótica da arquitetura. Cap 8 - A Falácia da Agregação Quanto os integrantes da Revolução Francesa criaram seu slogan (liberdade, igualdade e fraternidade) eles imaginaram que, sendo essas três ideias "boas", a mistura das três seria também algo bom, não foi isso que aconteceu. A liberdade está sempre associada a responsabilidade, não a libertinagem, diferente do que muitos contemporâneos pensam. Hoje, um "liberal", nome dado no passado exclusivamente a quem desejava liberdade, hoje nos EUA é associado a pessoas que advogam por uma interferência maciça do estado na vida das pessoas. Os conceitos de liberdade e igualdade são contraditórios, e os intelectuais buscam pela supremacia do segundo, e a única entidade que pode "controlar" a busca pela igualdade acaba sendo o Estado. Como exemplo, podemos citar a falta de liberdade que um dono de sofre quando tem que contratar uma pessoa devido ao grupo social que ela se encontra (cotas) em comparação com alguém mais capacitado para o cargo. A liberdade do patrão é tolhida para que uma suposta compensação história ocorra com o individuo do grupo minoritário, que busca emponderamento. Discriminação em nome da não- discriminação. Levado ao pé da letra, o conceito de igualdade pode se tornar uma liberdade positiva, onde o Estado se encontra no direito de confiscar bens privados para manter o direito a liberdade de outros grupos. Liberdade e moralidade são dois lados da mesma moeda, só existe a primeira quando existem leis de solidariedade e obrigações do amor familiar. Porém os "liberais" buscam extirpar limitações morais, tradições, e buscam o apoio do estado para tanto. Para finalizar o autor cita que é impossível a coexistência de multiculturalismoe tradição, esse choque por vezes se torna violento. Para que uma comunidade viva em paz é necessário que os membros que nela entram se adaptem as tradições, sem se tornaram realmente membros de terminado lugar que desejam morar, seus membros e descendentes vão criar ressentimentos acabam por se tornar perigosos. Exemplos como o da Índia onde os hindus e muçulmanos conseguiram encontrar a paz e como a Inglaterra encontra-se refém de um multiculturalismo que matou suas raízes, mostram a necessidade dessas politicas. Cap 9 - A Defesa Contra a Verdade Um capitulo excelente para qualquer professor de esquerda ler. Exitem ideias que são tradicionais, que venceram a batalha contra o tempo, que numa perspectiva darwiniana, foram selecionadas pois ajudaram na manutenção da espécie. Porém intelectuais presam por derrubar essas ideias, mas não promovem isso baseado em dados, e sim em ideologia, e quando entram em choque com as ideias tradicionais, pedem para seus defensores provarem que elas estão certas, eles, os intelectuais, normalmente não se esforçam para provar que suas ideias que nunca saíram do campo da imaginação dariam errado. No exemplo é a violência familiar, uma criança tem 33 vezes mais chance de sofrer violência quando uma mãe solteira vai morar com outro pai, e os motivos são vários. Porém a intelligentsia propõe que a solução para isso seria mais Estado, mais ação do governo sobre a família, e não políticas para manter essa instituição milenar extremamente importante. Neste âmbito surge a "falsa especialização" pessoas que propõe novas ideias para resolver problemas que surgiram quando ideias tradicionais saíram de pauta. Suas especialidades nunca foram testadas, porém continuam trabalhando por um mundo que os próprios não tem ideia de onde chegará, com toda a convicção de que suas ideias funcionarão e se as mesmas derem errados, usam a estratégia da culpa transferida, condição que levará ao ressentimento proposto por Nietzsche. Essa estratégia, juntamente com a "soma de zero" reforçam as atitudes ressentidas que foram observadas, por exemplo, antes da 2WW quando os intelectuais proporam que a guerra surgia de atitudes não-pacificas do lado "pacifico". Depois da 2WW esse pensamento continuou, num antiamericanismo, sentimento que surge do ressentimento da riqueza e liberdade americana e tem como maiores propagadores os próprios intelectuais americanos. Uma última estratégia para se evitar a verdade foi a propagação de ideias mal escritas, realmente lixo intelectual indecifrável, mas que tinha como espirito a crítica ao status quo. Tendo em vista a promoção que foi feita pela mídia em cima dos intelectuais antiguerra na década de 60, os professores dessa época criaram trabalhos que não eram claros, mas que, na visão dos intelectuais, uma pessoa para escrever daquela forma barroca só conseguia tal feito porque tinha "compreendido todas as pretensões" dos autores originais. Usando obras clássicas e exemplos históricos, autores como Powell tentaram contra- argumentar aquelas ideias, sem muito sucesso. Em suas ideias que buscavam analogias na bíblia e em Platão, ele observava que o perigo de abrir as portas de sua nação para forasteiros poderia desaguar em desfragmentação da identidade nacional e violência, foi o que ocorreu com a chegada dos muçulmanos. Porém, como um jogo de tetris, as idiocrasias vão se acumulando, proibindo a crítica da religião não-secularizada a criminalizando. Ou seja, a visão atual não permite a crítica a uma verdade preestabelecida, criando artifícios como os citados anteriormente para enterrá-la. Uma forma mais "científica" de encarar os problemas é proposta, com suas refutações e testes para evitar que ideias propostas por intelectuais tomem formam e mudem a sociedade para pior. Cap 10 - Nosso Passado Tribal O autor faz um apanhado geral de como era a vida na época dos caçadores- coletores e percebe que as atitudes dele fugiam, e muito, da proposta do bom selvagem de Russeau. O "nós" era sufocado pelo eu do chefe da tribo, que detinha todo o plano de ação e atitudes da tribo, caso alguém falasse, pensasse ou fizesse algo que não seguia o plano do chefe, era visto como um inutil, pois sua ideia não ajudaria na continuidade da tribo. Não havia tempo para liberdades ou entretenimento que fizeram surgir as instituições, também não havia cooperação, era sempre guerra com outras tribos. O autor então propõe que os únicos pensamentos possíveis eram a soma de zero, porque tudo que eu conseguia vencer era tirado tanto das outras tribos quanto dos próprios membros da tribo, e a falácia da melhor hipótese, justamente porque não haveria outra hipótese, ou o plano de luta e caça dava certo, ou os membros morriam. Então o autor conclui que é muito provável que essa seja a estrutura por trás do pensamento dos intelectuais atuais, afinal de contas eles criam em sua mente toda uma estrutura que torna impossível contra-argumentá-los, por mais errados que estejam. Cap 11 - Nosso Presente Civil Os filósofos e biólogos dizem que temos uma sociedade cheia de leis pois isso foi necessário geneticamente falando para a evolução da especie, isso não é inteiramente verdade, os dispositivos que fazem um líder se jogar numa granada para salvar o pelotão não são os mesmos de uma abelha que se mata para salvar a colmeia. Existe uma "lei ágape" que surge pela razão, e não por leis naturais. Tendo em vista que nossa evolução como sociedade surgiu quando deixamos de ser caçadores-coletores e nos assentamos, sem duvida o surgimento de comunidades maiores que a tribo ou a família moldou a forma como vivemos. Um exemplo clássico dessa dicotomia é a luta de Caim contra Abel, o primeiro, um assentado, matou o irmão, um exemplo psicológico do ressentimento criado devido a exclusão da família como bastião da socialização. Um estudo mostrou que entre 800 e 400 a. C várias civilizações importantes criaram autoconsciência e espirito de liberdade, imaginasse que isso tenha ocorrido pela complexidade e exigência social do assentamento em cidades. "A cidade é uma comunidade de vizinhos que não necessariamente se conhecem, mas cujas obrigações são oriundas do assentamento". Cidades acabam se tornando, na visão do autor, símbolos de sensatez que emergem quando os costumes da tribo são deixados para trás, só com essa quebra que uma sociedade baseada em instituições pode surgir. As duas formas de governo - planejada e livre - são reflexos dessas mudanças, mas a história mostrou que claramente o planejamento não cobre os imprevistos que podem acontecer, uma visão de cima para baixo nunca é capaz de analisar essas nuances. Uma visão planejada talvez seja mais apropriada em situações emergenciais, onde a soma de zero se torna regra, como a guerra por exemplo. O islã, uma religião baseada na submissão e não no perdão, não funciona bem numa sociedade secularizada, justamente por não ver a ideia de cidade como um bem. A lei islâmica vai do "eu" - lei de deus, sharia - para o nós. Uma lei que tenta englobar o que devemos fazer, diferente das leis da Bíblia, que nos mostra o que não se deve fazer, nos deixando livre para buscarmos nossos próprios objetivos. Os muçulmanos não veem como positivo algo que saia da juridição do seu livro tribal, não permitindo a evolução das leis e o desenvolvimento de uma sociedade de mercado livre a partir disso. Essa visão segue muito as linhas que este livro trata como negativas: "plano divino, governo de cima para baixo, a luta que segue o espirito do tempo até um mundo perfeito, que é o céu". A felicidade, nesse contexto, surge nos sacrifícios, não em liberdades e busca dos prazeres. Só com o sacrifício do perdão superamos o ressentimento e conseguimos viver em paz com membros que não são da tribo. Desse principio surge a prestação de contas feitapor governos democráticos, e percebe-se, a partir dessa ideia de perdão e compensação pelos erros, porque em governos não democráticos a prestação de contas desaparece rapidamente. O autor cita a importância da ironia, que é analisar os próprios pensamentos com o cuidado de que eles surgiram numa mente limitada sob a influencia de outras mentes limitadas. Que se temos uma ideia de como o mundo pode ser melhor, ela terá que ser analisada por outras mentes tão limitadas quanto a nossa. Novamente o autor cita o terrorismo, que por si só é um fim. Não tem objetivos reais, pois é causado claramente pelo ressentimento dos que cometem, buscam destruir tudo que está entre o mundo que compensaria as maldades de quem eles lutam contra. E os estilhaços dessa luta acaba indo contra inocentes. "Os melhores não têm nenhuma convicção, enquanto os piores são tomados de uma intensidade passional". O autor com essa frase lembra a limitação de nossas mentes e o quanto pode ser perigoso para o todo a luta desenfreada por ideias não testadas. O autor propõe então se afastar das certezas e ter a consciência de que toda liberdade obtida é fruto da cooperação de pessoas tão fracas e autocentradas como nós mesmos. Cap 12 - Nosso Futuro Humano O autor conclui o livro dizendo que os transumanistas, pessoas que supõe um futuro onde os seres humanos superarão as limitações do ser vivo como tristezas e saudade, e virarão ciborgues, onde o lado "humano" é apenas uma lembrança, são tão otimistas como os citados durante o livro, que não observam a própria limitação de pensamento. E propõe que nós nos limitemos a condição humana e viver em paz com aquilo que encontramos.
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