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relatorio Emile Durkheim pt 1

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Émile Durkheim (Parte 1)
 Émile Durkheim (1858-1917) tem uma visão diferente de Auguste Comte, uma vez que parte do
entendimento sobre o que mudou em relação as sociedades tradicionais para a sociedade a qual
vivia, chamada orgânica. Entretanto, tem as mesma preocupações que Comte sobre a explicação
dos processos de intensas transformações que vinham ocorrendo desde a Revolução Industrial e 
todas as suas consequências que assolavam a sociedade da época, porém abordava essas questões
de maneira diferente, dialogando com os conhecimentos antropológicos e históricos do período
(ciências que serão fortemente influenciadas por Durkheim).
 A sociologia de Durkheim vai além de uma crítica ao pensamento positivista e conservador,
entende-la como uma das etapas do pensamento sociológico é fundamental para conceber esta
visão da sociologia como uma ciência nascente nos séculos XIX e XX.
 Em sua obra "As regras do método sociológico", fundamental para o seu entendimento como um manual
para a compreensão de sua proposta, Durkheim traz a definição do conceito de Fato social, que seria a
matéria-prima, o objeto fundamental do estudo da sociologia, tudo que ela estuda. Tem por característica:
*requer uma abordagem rigorosa, metodológica, devendo ser analisado como "coisa" (é externo ao individuo) - 
deve ser observado de forma objetiva, a subjetividade não deve influenciar a definição do fato social. Desse
modo, nas explicações individuais e psicológicas do fato social não interessam ao filósofo, uma vez que este 
não ocorre desta forma, mas sim por causas sociais, externas aos interesses individuais (divergência entre as
perspectivas psicológicas e sociológicas, apesar de coexistirem). Não há compreensão individual dos problemas
sociológicos (são impessoais), desse modo, o fato social não é responsabilidade de uma só pessoa.
*o conhecimento sociológico é externo ao observador ("O sociólogo deve se portar como um olho boiando na 
sociedade" - para que este produza um conhecimento científico, deve realizar um processo de externalização 
social, observando-a de fora, para compreender melhor a relação de causa e consequência de um fato social). 
Não depende de opiniões.
*O fato social deve ser analisado com objetividade (diferença entre Comte e Durkheim: Comte vê a sociedade 
europeia como modelo de progresso, já Durkheim defende que primeiro é necessário entendimento, compreensão e
descrição do fato social para somente depois propôr soluções - as normas a serem seguidas não são determinantes
na compreensão do fato social).
*o fato social existe na sociedade e não nos indivíduos, e esta não é um simples recorte ou a soma dos indivíduos
que a compõem. Há nela elementos que extrapolam a simples coletividade dos indivíduos. Portanto, analisar cada um
dos individuos que a compõe não da ao sociólogo elementos sufiencientes para compreender a sociedade. 
*As intituições sociais compõem o principal tipo de fato social, uma vez que Durkheim afirma que a sociologia é o 
estudo das instituições sociais. O conceito de instituição social tem caracteríticas próprias: as mesmas do fato 
social, são coercitivas, coletivas, conservadoras e impositivas (possuem um conjunto de regras que não devem ser 
violadas visando manter a ordem de um grupo de pessoas). A ordem social é composta por um conjunto de 
instituições sociais que, por meio de suas características, conseguem ordenar os indivíduos - esse pensamento
coloca a sociologia de Durkheim dentro da corrente positivista.
 Uma vez que a sociedade é composta por um conjunto de indivíduos unidos pelo poder coercitivo das instituições
sociais (família, religião, escola), estas criam um tipo de consciência que se impõem aos indivíduos, age a partir e através deles mas não é 
possível ser compreendida em uma análise exclusivamente individual. Esta é a chamada Consciência social, um 
elemento de ligação entre os indivíduos em uma sociedade que se dá por meio das instituições sociais, dessa forma,
quanto mais forte for o êxito de uma instituição, mais forte será o êxito da consciência social que manterá a 
coerência e a funcionalidade da sociedade (a tessitura social). 
 Segundo o funcionalismo de Durkheim, a sociedade funciona bem quando cada indivíduo cumpre bem a sua função e, para que 
isso aconteça, é necessária que a consciência funcione bem, o que ocorrerá quando as instituições sociais exercerem 
adequadamente seus papéis. A consciência coletiva depende de valores, funções e mecanismos de reconhecimento das regras 
das funções sociais e recompensa que chegam aos indivíduos por meio das instituições sociais (sei qual é a função, entendo 
suas exigências e demandas mas devo ser recompensado por cumpri-la). Se tudo acontecer de forma adequada, as instituições
sociais funciona, a consciência social se torna forte e os indivíduos desenvolver uma grande sentimento de pertencimento e
responsabilidade para com a sociedade, colocando suas caracteristicas sociais em segundo plano e a sociedade como um todo 
em primeiro lugar e desenvolvendo, assim, a solidariedade social (sentimento de pertencimento a um dterminado tipo de sociedade
a partir das instituições sociais e da consciência coletiva - "Ela é independente das condições particulares em que se situam
os indivíduos"). A consciência coletiva permite maior ou menor solidariedade em uma sociedade.
 Dessa forma, Durkheim analisa dois tipos de solidariedade social:
*Mecânica: ocorre em sociedades anteriores a sua, não é tipica da sociedade industrial, sendo mais comum às sociedades
agrárias, tradicionais. Apresenta um alto grau de consciência coletiva (sentimento de pertencimento). Os indivíduos dessa
sociedade entendem claramente suas funções sociais, as quais são práticas e socialmente objetivas e devem ser cumpridas 
independentemente das vontades pessoais, caso contrário, punições devem ser aplicadas (predomínio da coletividade sobre a 
individualidade - cada indivíduo reconhece seu papel na sociedade e se sente recompensado a cumpri-lo). Isso gera um alto 
nível de integração das partes sociais (sociedades religiosas: recompensa vem dos deuses). O indivíduo, portanto, acaba se
dissolvendo no grupo, se enxergando dentro da sociedade, nunca acima dela. Nessas sociedades há um alto sentimeto de 
justiça uma vez que os indivíduos se sentem justos, pois se encaixam perfeitamente nela, entendem o seu funcionamento, 
são recompensados se seguem as regras das instituições e punidos se as descomprirem. A sociedade mecânica tem um alto 
grau de consciência coletiva e um alto grau de sentimento de justiça.
*Orgânica: após a Revolução Industrial e suas consequencias, as sociedades mudaram e agora temos uma solidariedade social 
orgânica, que apresentam um baixo grau de consciência coletiva uma vez que os indivíduos que a compõem não entendem como 
ela funciona, as regras que devem respeitar para que sejam recompensados, já que, na maioria as vezes, não se sentem desse 
modo. As funções sociais são específicas, complexas e sem clareza social, o que gera um baixo sentimento de pertencimento,
incompreensão da importância de sua função e um sentimento de frustração, já que os indivíduos não se sentem recompensados 
pela sociedade. Assim, a consciencia coletiva se desfia, o tecido social não se mantém e as instituições sociais perdem sua
eficiência. Desse modo, a sociedade é vista como um elemento disciplinador e injusto, resultando em um sentimento de anomias
(patologias sociais - por influência da biologia e da medicina, se torna uma doença social). O individuo não se vê mais como
parte fundamental da sociedade, passando a vê-la como algo que o limita, algo ruim e, consequentemente, algo que ele não mais
se identifica, algo que ele não quer mais fazer parte (alto sentimento de injustiça).
 Assim, Durkheim traz a divisão social do trabalho como a solução para a vida em sociedade industrial na solidariedade orgânica, 
com o objetivo de deixar claro aos indivíduos a sua função
dentro dela . As causas dessa divisão são:
*Causa social: não possui origem nos fatores individuais (não se baseia nos desejos de cada um, mas sim no que é melhor para todos)
*Densidade material: aumento da densidade demográfica (aumento do número de pessoas que vivem em uma região)
*Densidade moral: por consequencia do aumento da densidade demográfica, a intensidade das comunicações das pessoas aumenta também. 
Agora, com um maior número de pessoas vivendo nas cidades grandes, maior é a diversidade entre elas, as funções sociais exercidas 
por elas, pode haver conflitos se os motivos e as vantagem desse modelo de sociedade não forem explicados, objetivos e claros 
para todos os indivíduos que a compõem. Desse modo, a forma de funcionamento da solidariedade mecânica não será eficiente para
garantir a coesão social na sociedade orgânica pois a alta densidade material e moral torna os mecanismos instucionais anteriores
ineficientes, é necessário novas instituições sociais que exerçam essa coesão.
*Darwinismo: na sociedade industrial, a luta pela vida é muito maior uma vez que a consciência de que há muito mais indivíduos 
disputando os meios de sobrevivência traz um sentimento maior de urgência, que não consegue ser aplacado somente pelas instituições
que antes exerciam a coesão social, aumentando, assim, as tensões sociais. 
 Para Durkheim, o que esta mudando não é o indivíduo, mas
sim a configuração social derivada de uma revolução industrial, de um novo tipo de configuração material da sociedade que levou a 
novos tipos de comunicações entre as pessoas criando uma nova consiência de que há mais pessoas disputando a sobrevivência, isso
faz que a preocupação com a sobrevivência seja maior que a preocupação com a sociedade, gerando uma tensão social e um desgaste no 
tecido social. 
 Assim, inicia-se uma luta entre o indivíduo e a sociedade. Segundo o sociólogo, nesse momento há um individualismoo crescente, cada
vez mais aumenta-se a consciência individual, de forma que os indivíduos têm maior consciência de seus direitos e exigem tudo o que 
julgam ter direito, o problema é que isso faz com que estes sintam como a sociedade os limitasse e que a tolerância aos privilégios
diminuam; passam a exigir a justiça. As sociedades modernas serão estáveis se respeitarem a justiça. Para que a sociedade funcione 
de maneira correta, deve-se equacionar a liberdade individual com a igualdade entre seus componentes. Desse modo, é preciso criar novas
instituições sociais que exerçam a justiça e a disciplina para que a sociedade continue funcionando e não tome uma condição anômica 
patológica que leve-a a seu fim.

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