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Fichamento do Livro Aprender Antropologia

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São Luís
2018
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO – UFMA
CURSO DE ODONTOLOGIA, 1° PERÍODO
SOCIOLOGIA
Centro de Ciências Biológicas e da Saúde – CCBS
Fernanda Belo da Fonseca Josino
FICHAMENTO
Trabalho acadêmico referente 
à disciplina de Sociologia 
administrada pelo professor 
Jarbas Couto pelo curso de 
Odontologia da Universidade 
Federal do Maranhão para 
obtenção de nota parcial 
da primeira unidade.
LAPLATINE, François. Aprender Antropologia. São Paulo: Editora Brasiliense, 1988
SÃO LUÍS
2018
INTRODUÇÃO
O Campo e a Abordagem Antropológicos
“A reflexão do homem sobre o homem e sua sociedade, e a elaboração de um saber são, portanto, tão antigos quanto a humanidade. (...). Mas o projeto de fundar uma ciência do homem – uma antropologia – é, ao contrário, muito recente” (p.7)
“De fato, apenas do final do século XVIII é que começa a se construir um saber científico (ou pretensamente científico) que toma o homem como objeto de conhecimento, e não mais a natureza; apenas nessa época é que o espírito científico pensa, pela primeira vez, em aplicar ao próprio homem os métodos até então utilizados na área da física ou da biologia.” (p. 7)
No início dos séculos, Laplatine afirma que sempre estudou o homem e sua sociedade, mas a visão do homem como um objeto de estudo surgiu apenas no século XVIII tendo o projeto alcançado ainda na metade do século seguinte, o qual o homem começa a usar a ciência e passa a tratar o homem como indivíduo e ser social, possuindo uma dualidade radical entre observador e objeto. De tal modo, os primeiros antropólogos da época estudaram as sociedades primitivas, como numa situação de laboratório, para que assim compreendessem a organização complexa de nossas próprias sociedades. 
Início no final do séc. XVIII – Ganha legitimidade na segunda metade do séc. XIX (Europa)
“(...) ela consistirá na antropologia, nessa época (...) em uma distância definitivamente geográfica. As sociedades estudadas pelos primeiros antropólogos são sociedades longínquas” (p.8)
“A antropologia acaba, portanto, de atribuir-se um objeto que lhe é próprio: o estudo das populações que não pertencem à civilização Ocidental” (p.8)
Crise de identidade no início do século XX
“O objeto teórico da antropologia não está ligado, na perspectiva na qual começamos a nos situar” (p.9)
“Pois a antropologia não senão um certo olhar, um certo enfoque que consiste em: a) o estudo do homem inteiro; b) o estudo do homem em todas as sociedades, sob todas as latitudes em todos os seus estados e em todas as épocas” (p.9)
“Nossa abordagem consiste em não parcelar o homem, mas, ao contrário, em tentar relacionar campos de investigação frequentemente separados” (p.9)
Com o desaparecimento das sociedades primitivas no início do século XX, a antropologia sofre com uma crise de identidade, na qual surge uma questão que podemos observar três respostas de acordo com o autor. A primeira é que o antropólogo aceita a sua morte e volta ao âmbito de outras ciências humanas, como a sociologia. A segunda, ele vai em busca de outra área para o estudo, assim, o camponês se torna ideal já que foi deixado de lado por outros ramos das ciências humanas. E a terceira, por fim, diz que a antropologia não está ligada a um espaço geográfico, cultural ou histórico particular, mas sim que consiste no homem por inteiro, em todas as sociedades, estados e épocas.
O estudo do homem inteiro
“ Só pode ser considerada como antropológica uma abordagem integrativa que objetive levar em consideração as múltiplas dimensões do ser humano em so-ciedade. (...) existem cinco áreas principais da antropologia, que nenhum pesquisador pode, evidentemente, dominar hoje em dia, mas as quais ele deve estar sensibilizado quando trabalha de forma profissional em algumas delas, dado que essas cinco áreas mantem relações estreitas entre si.” (p. 9)
Dito o autor, só pode ser considerada como antropológica uma abordagem que seja integrativa que objetive levar em consideração as diversas dimensões do homem em sociedade. Laplatine, então, aponta cinco áreas que mantêm relações entre si.
Antropologia biológica: “estudo das variações dos caracteres biológicos do homem no espaço do tempo. ” (p.9)
Consiste no estudo das variações dos caracteres biológicos do homem no espaço e no tempo. Estudos são realizados, nos quais são feitas observações do desenvolvimento do homem de acordo com sua cultura e genética, podendo, de certa forma, discernir o que é inerente do que é adquirido. 
Antropologia pré-histórica: “estudo do homem através dos vestígios materiais enterrados no solo” (p.10)
É dado como o estudo do homem através de vestígios materiais cravados no solo, se ligando de certa forma à arqueologia visando sociedades desaparecidas.
Antropologia linguística: “É através dela que os indivíduos que compõem uma sociedade se expressam e expressam seus valores, suas preocupações, seus pensamentos” (p.10)
Este estuda a linguagem que através da mesma podemos extrair valores, preocupações, sentimentos, pensamentos e expressões de indivíduos que compõem uma sociedade.
Antropologia psicológica: “estudo dos processos e do funcionamento do psiquismo humano” (p.11)
Fundamenta-se em estudos dos processos e do funcionamento do psiquismo humano.
Antropologia social e cultural (ou etnologia): “diz respeito a tudo que constitui uma sociedade: seus modos de produção econômica, suas técnicas, sua organização política e jurídica, seus sistemas de parentesco, seus sistemas de conhecimento, suas crenças religiosas, sua língua, sua psicologia, suas criações artísticas.” (p. 11) 
Tal antropologia social e cultural abrange tudo o que constitui uma sociedade: sua economia, técnicas, organização política e jurídica, sistemas de parentesco, sistemas de conhecimento, crenças, línguas, psicologia e suas criações artísticas. Tal estudo não objetiva o levantamento sistemático desses aspectos, mas sim evidencia a relação entre si próprio e a sociedade.
O estudo do homem em sua totalidade
“A antropologia não é apenas o estudo de tudo que compõe uma sociedade. Ela e o estudo de todas as sociedades humanas (a nossa inclusive), ou seja, das culturas da humanidade como um todo em suas diversidades históricas e geográficas. Visando constituir “arquivos” da humanidade em suas diferenças significativas, ela, inicialmente privilegiou claramente as áreas de civilização exteriores à nossa.” (p. 12)
Segundo o autor, a antropologia é o estudo de todas as sociedades humanas, as culturas da humanidade são como uma diversidade histórica e geográfica que visa constituir os “arquivos” da humanidade em suas diferenças significativas, inicialmente privilegiando as áreas de civilização exteriores à nossa. Desse modo, devemos reconhecer que o conhecimento antropológico de cada cultura passa inevitavelmente pelo conhecimento de outras culturas e que somos uma cultura possível entre muitas.
“Disso decorre a necessidade, na formação antropológica, daquilo que não hesitarei em chamar de ‘estranhamento’ (depaysement), a perplexidade provocada pelo encontro das culturas que são para nós as mais distantes, e cujo encontro vai levar a uma modificação do olhar que se tinha sobre si mesmo” (p.12)
“Aos poucos, notamos que o menor dos nossos comportamentos (gestos, mímicas, posturas, reações afetivas) não tem realmente nada de ‘natural’ (...) são, na realidade, o produto de escolhas culturais” (p.13)
Dito isto, o autor demonstra o que é a cultura. Divergindo entre sociedades, aquilo que é normal em uma comunidade pode não ser em outra. Assim, tem-se o sentimento de perplexidade causada por um estranhamento inicial, isso nos faz refletir que nossos comportamentos em geral, sendo eles gestos, mimicas, posturas ou reações afetivas não são “naturais”, tampouco são os mesmos para todos, mas sim fruto da vivência no meio social em que o indivíduo se insere.
Dificuldades
“A primeira dificuldade se manifesta, como sempre, ao nível das palavras. Mas elaé, também aqui, particularmente reveladora da juventude de nossa disciplica,6 que não sendo, como a física, uma ciência constituída, continua não tendo ainda optado definitivamente pela sua própria designação. Etnologia ou antropologia? No primeiro caso (que corresponde a tradição terminológica dos franceses), insiste-se sobre a pluralidade irredutível das etnias, isto é, das culturas. No segundo (que é mais usado nos países anglo-saxônicos), sobre a unidade do gênero humano. E optando-se por antropologia, deve-se falar (como os autores britânicos) em antropologia social – ou (com os autores americanos) de antropologia cultural – que consiste mais no estudo dos comportamentos” (p. 15-16)
A primeira dificuldade dá-se em nível de palavras. Seria etmologia ou antropologia? Diferenciando-as, etmologia insiste na pluralidade irredutível das etnias. Já a antropologia diz respeito ao estudo das instituições e costumes. 
“A segunda dificuldade diz respeito ao grau de cientificidade que convém atribuir à antropologia. O homem está em condições de estudar cientificamente o homem, isto é, um objeto que é da mesma natureza que o sujeito? E nossa prática se encontra novamente dividida entre os que pensam, com Radcli e-Brown (1968), que as sociedades são sistemas naturais que devem ser estudados segundo os métodos comprovados pelas ciências da natureza, e os que pensam, com Evans-Pritchard (1969) que é preciso tratar as sociedades não como sistemas orgânicos, mas como sistemas simbólicos. Para estes últimos, longe de ser uma ‘ciência natural da sociedade’ (Radcli e-Brown), a antropologia deve antes ser considerada como uma ‘arte’ (Evans-Pritchard).” (p. 16) 
Isso diz respeito ao grau de cientificidade que convém atribuir à antropologia, pois o objeto é da mesma natureza do sujeito que o estuda. Assim, para resolver tal questão, propôs-se encarar a sociedade como sendo um sistema natural, logo a antropologia seria uma ciência natural, já outros preferem encarar a sociedade como um sistema simbólico. Sendo assim, a antropologia seria um tipo de “arte”.
“Uma terceira dificuldade provém da relação ambígua que a antropologia mantém desde sua gênese com a História. Estreitamente veiculadas nos séculos XVIII e XIX, as duas práticas vão rapidamente se emancipar uma da outra no século XX, procurando ao mesmo tempo se reencontrar periodicamente. As rupturas manifestas se devem essencialmente a antropólogos. Evans-Pritchard: ‘O conhecimento da história das sociedades não é de nenhuma utilidade quando se procura compreender o funcionamento das instituições’. Mais categórico ainda, Leach escreve: ‘A geração de antropólogos a qual pertenço tira seu orgulho de sempre ter-se recusado a tomar a História em consideração’. Convém também lembrar aqui a distinção agora famosa de Levi-Strauss opondo as ‘sociedades frias’, isto é, ‘próximas do grau zero de temperatura histórica’, que são menos ‘sociedades sem história’ do que ‘sociedades que querem ter estórias’ (únicos objetos da antropologia clássica) a nossas próprias sociedades qualificadas de ‘sociedades quentes’.” (p. 16-17)
A terceira dificuldade provém da relação ambígua que a antropologia mantém com a história. Uns são contra uma relação muito íntima, enquanto outros alegam que esta relação pode gerar bons frutos. 
“Uma quarta dificuldade provém no fato de que nossa prática oscila sem parar entre pesquisa, e isso desde seu nascimento, entre a pesquisa que se pode qualificar de fundamentam e aquilo que é designado sob o termo de ‘antropologia aplicada’” (p. 17)
“Minha convicção é de que o antropólogo (...) não deve, pelo menos enquanto antropólogo, trabalhar para a transformação das sociedades que estuda.” (p.19)
Urgências a serem respondidas pelos antropólogos da atualidade:
“Urgência de preservação dos patrimônios culturais locais ameaçados” (p.20)
“Urgência de análise das mutações culturais impostas pelo desenvolvimento rápido de todas as sociedades contemporâneas” (p.20)
Esta dificuldade provém das oscilações da antropologia. Se ela seria útil e em que. Ela foi usada desde sempre nas colonizações. E se o antropólogo deveria transformar a sociedade em que vive, posição a qual Laplatine se mostra contrário. Porém, reconhecem-se duas urgências: a) Preservação de patrimônios culturais locais ameaçados e b) análise das mutações culturais impostas pelo desenvolvimento extremamente rápido de todas as sociedades contemporâneas. 
“Uma quinta dificuldade diz respeito, finalmente, à natureza desta obre que deve apresentar, em um número de páginas reduzido, um campo de pesquisa imenso, cujo desenvolvimento recente é extremamente especializado.” (p. 20)
“(...) a antropologia, que é a ciência do homem por excelência, pertence a todo mundo.” (p.21)
Sendo assim, a quinta dificuldade diz respeito ao tamanho de tal estudo, uma vez que a antropologia hoje é muito rica, diversificada e torna-se complicado abranger todas as suas áreas. Laplatine, então, afirma que este estudo é para a apreciação de todos, antropólogos ou não. 
PARTE III. A ESPECIFICIDADE DA PRÁTICA ANTROPOLÓGICA
CAPÍTULO 12. UMA RUPTURA METODOLÓGICA – A PRIORIDADE DADA À EXPERIÊNCIA PESSOAL DO “CAMPO”
“A abordagem antropológica de base, a que todo pesquisador considera hoje como incontornável, quaisquer que sejam por outro lado suas opções teóricas, provém de uma ruptura inicial em relação a qualquer modo de conhecimento abstrato e especulativo, isto é, que não estaria baseado na observação direta dos comportamentos sociais a partir de uma relação humana.” (p. 121)
O autor se refere a uma ruptura inicial, que seria antes um modelo especulativo, ou seja, sem muita análise e observação concreta dos fatores sociais dos indivíduos. Então, para ele a abordagem antropológica de base inicia-se com a ruptura
 
“Assim, a etnografia é antes a experiencia de uma imersão total, consistindo em uma verdadeira aculturação invertida, na qual longe de compreender uma sociedade apenas em suas manifestações ‘exteriores’ (Durkheim), devo interioriza-la nas significações que os próprios indivíduos atribuem a seus comportamentos.” (p.122)
Segundo o fragmento do texto, essa participação que seria a aculturação dita, sendo que ela não deve ser apenas externa. Assim, deve ser interiorizada para afetar os indivíduos até nos seus comportamentos e pensamentos.
“O historiador, de fato, se procura, como o etnólogo, dar conta o mais cientificamente possível da alteridade à qual é confrontado, nunca entra em contato direto com os homens e mulheres da sociedade que estuda. Recolhe e analisa os testemunhos. Nunca encontra testemunhas vivas. Quanto à prática da sociologia, pelo menos em suas principais tendências clássicas várias características a distinguem da prática etnológica considerada sob o ângulo que detém aqui nossa atenção.” (p.122)
Isso faz referência ao fato que no estudo sociológico o pesquisador não tem muito contato físico com o que será estudado. Já no estudo etnológico, o pesquisador é levado a participar e se interioriza com o estudo. Portanto, essa seria a diferença entre as duas práticas citadas.
“O etnólogo evita, não apenas por temperamento, mas também em consequência da especificidade do modo de conhecimento que persegue, uma programação estrita da sua pesquisa, bem como a utilização de protocolos bem rígidos, de que a sociologia clássica pensou poder tirar tantos benefícios científicos” (p.122)
“Pois a prática antropológica só pode se dar com uma descoberta etnográfica, isto é, com uma experiência que comporta uma parte de aventura pessoal.” (p. 123)
Como dito, o etnógrafo precisa ter contato com o que será estudado, de tal modo, como ele se envolve não somente externamente, mas também internamente. Então, a descoberta dos resultados do estudo passa a ser uma experiência de valor pessoal.
CAPÍTULO 13. UMA INVERSAO TEMATICA: O ESTUDO DO INFINITAMENTE PEQUENO E DO COTIDIANO
“A abordagem etnológica consiste precisamente em dar uma atenção toda especial a esses materiais residuais que foram durantemuito tempo considerados como indignos de uma atividade tão nobre quanto a atividade cientifica. ” (p.125)
Assim, Laplatine afirma que a abordagem etnológica oferece uma atenção mais ampla, não apenas visando o que é principal, mas analisando o todo. Justamente é chamado de “infinitamente pequeno e cotidiano”, de acordo com o autor.
“Se, de fato, o etnólogo tende a estudar as formas de comportamento e sociabilidade mais excentradas em relação à ideiologia dominante da sociedade global à qual pertenc, não há, de direito, propriamente nenhum território da etnologia. E as diferenças entre os modos de vida e de pensamento são tão localizáveis nas nossas sociedades (constituídas de múltiplos subgrupos extremamente diversificados, e nos quais várias ideologias estão em concorrência) quanto nas sociedades qualificadas de ‘tradicionais’.” (p. 126)
Para o autor, as sociedades são constituídas de subgrupos que têm costumes e características diferentes do que é interpretado pela sociedade como um todo. Desse modo, ele é levado a estudar esses costumes e comportamentos sem que haja um território específico e, assim, tende a se aculturar do estudo tanto externamente como internamente. 
CAPÍTULO 14. UMA EXIGÊNCIA: O ESTUDO DA TOTALIDADE
“Uma das características da abordagem antropológica é que se esforça em levar tudo em conta. (...). No campo, tudo deve ser observado, anotado, vivido, mesmo que não diga respeito diretamente ao assunto que pretendemos estudar de um lado, o menor fenômeno deve ser apreendido na multiplicidade de suas dimensões. (...) De outro, só adquire significação antropológica sendo relacionado à sociedade como um todo na qual se inscreve e dentro da qual constitui um sistema complexo. ” (p.129)
“A especialização científica é mais problemática para o antropólogo do que para qualquer outro pesquisador em ciências humanas. O antropólogo não pode, de fato, se tornar um especialista, isto é, um perito de tal ou tal área particular (econômica, demográfica, jurídica...) sem correr o risco de abolir o que é a base da própria especificidade de sua prática.” (p. 29)
Como evidenciado pelo autor, ele sempre tem que analisar o todo e não apenas algo específico e principal isoladamente, pois os detalhes e os secundários são de suma importância para a conclusão de seu estudo. O antropólogo não pode ou deve se especializar, uma vez que isso seria contrário à base do seu estudo, e para que tal especialização ocorra seria necessário que ele deixasse de analisar o todo para estudar algo específico. Assim, a especialização para o antropólogo é realmente mais problemática, visto que vai contra sua prática de estudo.
CAPÍTULO 15. UMA ABORDAGEM: A ANÁLISE COMPARATIVA
“Lembremos em primeiro lugar que a análise comparativa não é a primeira abordagem do antropólogo. Este deve passar pelo caminho lento e trabalhoso que conduz da coleta e impregnação etnográfica à compreensão da lógica própria da sociedade estudada (etnologia). Em seguida apenas, poderá interrogar-se sobre a logica das variações de cultura (antropologia)” (p.135)
Desse modo, nota-se que o caminho percorrido pelo antropólogo dentro de seu estudo é lento e trabalhoso, focado na coleta de dados e na compreensão dos fatos, para que em seguida, seja interrogado sobre sua lógica.
CAPÍTULO 16. AS CONDIÇÕES DE PRODUÇÃO SOCIAL DO DISCURSO ANTROPOLÓGICO
“A distância ou participação etnográfica maior ou menor está eminentemente ligada ao contexto social no qual se exerce a prática em questão, que é necessariamente a de um pesquisador pertencendo a uma época e a uma sociedade. Quando pensa estar fazendo aparecer a racionalidade imanente ao grupo que estuda, o etnólogo pode esquecer (frequentemente de boa-fé) as condições – sempre particulares – de produção de seu discurso. Mas estas nunca são histórica, política, cultural, e socialmente neutras; expressam diferentes formas da cultura ocidental quando esta encontra os outros de uma maneira teórica.” (p.138)
Além disso, se se tem razão em insistir sobre o fato de que o pesquisador deve considerar o lugar sócio-histórico a partir do qual fala, como parte integrante de seu objeto de estudo, seria errôneo concluir – como faz, por exemplo, Foucault – que, em consequência das distorções perceptivas atribuídas _a nossa relação com o social, "as ciências humanas são falsas Ciências, não são ciências.” (p.138)
CAPÍTULO 17. O OBSERVADOR, PARTE INTEGRANTE DO OBJETO DE ESTUDO
“Aquilo que o pesquisador vive, em sua relação com seus interlocutores (o que reprime ou sublima, o que detesta ou gosta) é parte integrante de sua pesquisa” (p.139)
“(...) a antropologia é também a ciência dos observadores capazes de observarem a si próprios, e visando a que uma situação de interação (sempre particular) se torna o mais consciente possível” (p.139-140)
Uma vez que o observador e o objeto de estudo são seres do mesmo âmbito, as experiências vividas pelo observador não podem ser descartadas, uma vez que é de relevância para o estudo antropológico.
 “A ideia de que se possa construir um objeto de observação independente do próprio observador provém da realidade de um modelo ‘objetivista’, que foi o da física até o final do século XIX (...) É a crença de que é possível recortar objetos, isolá-los e objetivar um campo de estudo do qual o observador estaria ausente, ou pelo menos substituível. Esse modelo de objetividade por objetivação é, sem dúvida, pertinente quando se trata de medir ou pesar.” (p.141)
Dito o autor, a ideia de ter um objeto de observação independente do observador e de forma objetiva é inerente às ciências biológicas. Quanto às ciências humanas, excluir o objeto de observação do observador em si é, de certa forma, errôneo, uma vez que ambos são convivem no mesmo meio. É possível concluir, portanto, que a relação de observador e objeto observado é de dependência.

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