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Contabilidade Geral - Estácio

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Contabilidade geral
 
 A contabilidade é uma das principais fer-
ramentas que auxiliam no processo de tomada 
de decisão. É por meio dela que os resultados das 
ações e estratégias adotadas são demonstrados e trans-
formados em valores monetários. Mesmo aqueles ges-
tores que não possuem relação direta com o departamento 
financeiro percebem a necessidade de entender os “números” 
da empresa, para terem condições de discutir e avaliar esses 
resultados.
Diante disso, esse material busca, principalmente, apresentar 
uma metodologia moderna e de linguagem simples e acessível ao 
iniciante em contabilidade. Desenvolvido com base em autores da 
moderna escola da área, apresenta os conceitos e aplicações, os princí-
pios e convenções, a estruturação e classificação das contas contábeis 
e o processo de escrituração dos lançamentos contábeis a partir de uma 
visão conjunta dos relatórios contábeis, com especial ênfase nas demons-
trações contábeis e apuração de resultado na demonstração de resultado 
do exercício. 
A disciplina é apresentada numa sequência de exploração gradativa do 
assunto para despertar o interesse do aluno na sua aprendizagem.
É de fundamental importância o aprimoramento dessa ciência e que o 
aluno a veja com maior interesse, pois ela oferece excelentes condições 
de trabalho e um amplo campo de atuação, muitas vezes com mais de 
uma função, enquanto outras profissões estão em fase de saturação. 
A
pr
es
en
ta
çã
o
 
U
nU
Ua
Ue
 U
 
U
nU
Ua
Ue
 U
Conceitos e aplicações
Nesta primeira unidade, apresentaremos 
os aspectos introdutórios da profissão con-
tábil, bem como a origem da ciência, seu objeto 
de estudo, campo de atuação e carreira profissional 
em que se exercitará a função contábil.
Objetivos da sua aprendizagem
Após o estudo desta unidade, você será capaz de:
conhecer a origem da ciência contábil;•	
compreender a necessidade da contabilidade como lingua-•	
gem homogênea no atual ambiente globalizado de negócios;
conhecer os diversos fatores que impactam na diversidade das •	
práticas contábeis de país para país.
Você se lembra?
Você se lembra de ter ouvido em aula que muitas empresas filiais no 
Brasil tinham de publicar suas demonstrações contábeis seguindo as nor-
mas brasileiras e as normas do país onde a matriz estivesse localizada? 
Recentemente esse cenário está mudando. Com a intenção de convergir 
para as normas internacionais e reduzir o trabalho das empresas, as nor-
mas brasileiras de contabilidade sofreram alterações. Algumas dessas 
alterações você conhecerá nesta unidade.
16
Contabilidade geral
IntroUução
O homem atual tornou-se vítima da sua própria evolução em rela-
ção aos números: horário para todo tipo de atividade, salários, contas a 
pagar, telefones, impostos, produção, transportes, informática, mercado 
financeiro, balanços, câmbio etc. A partir de um ponto de vista lógico, 
perguntamo-nos: alguém conseguiria viver sem números no mundo? 
Com o passar do tempo, a sociedade se desenvolveu e surgiram no-
vos tipos de relações econômicas e também a propriedade privada, o que 
exigiu a criação de novas formas de controle empresarial. As primeiras 
notícias que se tem em relação a sistemas de controle remontam à Antiga 
Mesopotâmia, onde os registros eram grafados em pequenos tijolos. A 
contabilidade mais próxima da que se conhece hoje surgiu na Idade Mé-
dia, mais precisamente no século XV, por volta de 1494, quando o Frei 
Franciscano Luca Pacioli, a pedido do papa, foi encarregado de organizar 
uma enciclopédia que continha o conhecimento humano relativo à época, 
inclusive um sistema que era usado pelos mercadores de Veneza e que 
consistia na escrituração de livro caixa, de livro de inventário e no uso da 
Partida Dobrado. Coube a ele a divulgação dos primeiros princípios con-
tábeis – princípios básicos do Método das Partidas Dobradas. Por esse 
método, cada crédito corresponde a um débito de igual valor.
Grandes nomes, como o de Vicenzo Mazi (Teoria Patrimonialista – 
que reflete o pensamento mais moderno sobre a classificação das contas), 
Fábio Besta e Gino Zappa (Teoria Materialista), Francesco Marci e Giuse-
ppe Cerboni (Teoria Per-
sonalista), estão ligados 
à origem e evolução da 
contabilidade, cabendo a 
Luca Pacioli o mérito de 
preconizador.
A contabilidade 
tem por objeto o patri-
mônio e por finalida-
de registrar os fatos e 
produzir informações, 
propiciando possibilida-
des de planejamento e 
controle dele.
W
ikim
edia
Figura 1 – Luca Pacioli
17
Conceitos e aplicações - Unidade 1
EA
D
-1
0-
C
C
 2
.2
Conceitos e aplicações - Unidade 1
A partir dessa definição, propõe-se a questão: Se a contabilidade tem 
por objeto o patrimônio e sua finalidade, o registro dos fatos e a produção 
de informações visando ao controle, ao desempenharem suas atividades 
os pastores não estavam, de forma primitiva, controlando seu patrimônio? 
Não foi inevitável a contagem e o controle de objetos? Pode-se expor com 
precisão que tal circunstância, apesar de primitiva, consiste nos primeiros 
passos da contabilidade?
Da mesma forma que a matemática utilizou os números, a contabi-
lidade também o fez. Assim, pode-se afirmar que a contabilidade surgiu 
paralela à matemática, ou seja, de uma necessidade do homem de contar e 
controlar o produto de seu trabalho.
ContabUlUUaUe: teorUa básUca
DefUnUção Ue contabUlUUaUeU.U 
No Brasil, de 17 a 27 de agosto de 1924, foi realizado o lº C.B.C., 
na cidade do Rio de Janeiro. Naquela oportunidade, a contabilidade foi 
definida da seguinte forma:
Contabilidade é a ciência que estuda e pratica as funções de orienta-
ção, de controle e de registro relativas à administração econômica.
Nesse mesmo sentido, Osni Moura Ribeiro, no seu livro Contabili-
dade básica, Editora Saraiva, definiu a contabilidade do seguinte modo:
A contabilidade é uma ciência que permite, através de suas técnicas, 
manter um controle permanente do patrimônio da sociedade.
Por outro lado, Hilário Franco, no seu livro Contabilidade geral, 
assim a definiu:
É a ciência (ou técnica, segundo alguns) que estuda, controla e in-
terpreta os fatos ocorridos no patrimônio das entidades, mediante o 
registro, a demonstração expositiva e a revelação desses fatos, com 
o fim de oferecer informações sobre a composição do patrimônio, 
suas variações e o resultado econômico decorrente da gestão da ri-
queza patrimonial.
18
Contabilidade geral
A contabilidade permite o controle da movimentação do patrimônio 
das sociedades. O patrimônio de uma sociedade é movimentado em 
função dos acontecimentos diários, tais como compras, vendas, pa-
gamentos, recebimentos etc.
Registrando esses acontecimentos, a contabilidade terá condições 
de fornecer informações sobre a situação do patrimônio, sempre que soli-
citada.
Observa-se que os autores até aqui citados deram contribuições 
significativas, pontuando os diferentes estágios da evolução do conceito 
da contabilidade. Entretanto, o estágio atual dos cenários econômico, po-
lítico e sociológico nos quais a contabilidade tem de atuar exigiu que os 
seus profissionais pudessem prover os diferentes tipos de usuários com 
informações seguras e eficazes que servissem de base para o processo 
decisório.
Com essa visão foi que o Ibracon, em seu pronunciamento aprovado 
pela CVM, através da Deliberação CVM nº 29/86, definiu contabilidade 
da seguinte maneira:
A contabilidade é, objetivamente, um sistema de informação e ava-
liação destinado a prover seus usuários com demonstrações e análises de 
natureza econômica, financeira, física e de produtividade, com relação à 
entidade objeto de contabilização.
ObjetUvo Uo estuUoU.U.U 
O objetivo do estudo da contabilidade é o patrimônio. O patrimô-
nio é um conjunto de bens,direitos e obrigações vinculados a uma pessoa 
física ou jurídica. É o elemento sobre o qual se exercitará a função contá-
bil.
Sobre esse conjunto de valores é que a contabilidade atuará acompa-
nhando sua evolução, suas variações e os efeitos da ação administrativa.
Do patrimônio: a contabilidade estudará os aspectos econômicos ou 
qualitativos e os aspectos estatísticos ou quantitativos quando estão sen-
do analisados os elementos que compõem um dado patrimônio e as suas 
diversas espécies de bens, direitos e obrigações quando se está estudando 
o seu aspecto qualitativo ou específico. Assim, quando dizemos que um 
patrimônio qualquer é composto de imóveis, dinheiro, máquinas ou mer-
cadorias, estamos observando seus aspectos qualitativos ou específicos.
19
Nome da unidade - Unidade 2
EA
D
-1
0-
C
C
 2
.2
Nome da unidade - Unidade 2
Já o aspecto quantitativo ou estatístico trata das quantidades, como 
seu próprio nome diz. As expressões imóveis (R$ 10.000,00), contas a 
pagar (R$ 5.000,00), mercadorias (R$ 100.000,00) ou contas a receber 
(R$ 18.000.00) demonstram quantidades, portanto aspectos quantitativos 
estatísticos.
Funções
As principais funções da contabilidade são: registrar, organizar, 
demonstrar, analisar e acompanhar as modificações do patrimônio em vir-
tude da atividade econômica ou social que a sociedade exerce no contexto 
econômico.
Registrar todos os fatos que ocorrem e podem ser representados em 
valor monetário.
Organizar um sistema de controle adequado à sociedade.
Demonstrar, com base nos registros realizados, expor periodica-
mente, por meio de demonstrativos, a situação econômica, patrimonial e 
financeira da sociedade.
Analisar os demonstrativos com a finalidade de apuração dos resul-
tados obtidos pela sociedade.
Acompanhar a execução dos planos econômicos da sociedade, pre-
vendo os pagamentos a serem realizados e as quantias a serem recebidas 
de terceiros, alertando para eventuais problemas.
Finalidades
A finalidade básica da contabilidade é o acompanhamento das ati-
vidades realizadas pela sociedade, no sentido indispensável de controlar o 
comportamento de seus patrimônios, na função elaboração e comparação 
dos resultados obtidos entre períodos analisados.
A contabilidade faz o registro metódico e ordenado dos negócios 
realizados e a verificação sistemática dos resultados obtidos. Ela deve 
identificar, classificar e anotar as operações da entidade e de todos os 
fatos que, de alguma forma, afetam sua situação econômica, financeira e 
patrimonial. 
Com essa acumulação de dados, convenientemente classificados, a 
contabilidade procura apresentar de forma ordenada o histórico das ativi-
dades da sociedade, a interpretação dos resultados e produzir, através de 
relatórios, as informações que se fizerem precisas para o atendimento das 
diferentes necessidades.
20
Contabilidade geral
As finalidades fundamentais da contabilidade referem-se à orienta-
ção da administração das sociedades no exercício de suas funções. Por-
tanto, a contabilidade é o controle e o planejamento de toda e qualquer 
entidade socioeconômica.
Controle: a administração, através das informações contábeis via 
relatórios, pode se certificar, na medida do possível, de que a organização 
está agindo em conformidade com os planos e políticas determinados.
Planejamento: a informação contábil, principalmente no que se 
refere ao estabelecimento de padrões, ao inter-relacionamento da contabi-
lidade e aos planos orçamentários, é de grande utilidade no planejamento 
sociedaderial, ou seja, no processo de decisão sobre que curso de ação 
deverá ser tomado para o futuro.
Todo e qualquer levantamento de informações administrativas e 
gerenciais deve ter como alicerce a contabilidade. Relatórios baseados 
em informações, as quais não são provenientes dos livros contábeis, são 
meros especulativos, pois não refletem a realidade da sociedade, não 
têm consistência, não têm amparo na escrituração, não podem ser usados 
como prova contábil, são inexatos. 
Somente os dados retirados dos livros contábeis merecem boa-fé, 
tanto para fins comerciais, tributários e civis quanto para decisões judi-
ciais.
Campo Ue atuação Ua contabUlUUaUeU.U.2 
É muito amplo o campo de atuação da contabilidade visto que a 
complexidade das atividades industriais, agrícolas, comerciais, bancárias 
ou de prestação de serviços no mundo de hoje fez com que inúmeros re-
gistros e controles fossem criados.
A contabilidade capta, registra e interpreta fatos que afetam as situ-
ações patrimoniais, financeiras ou econômicas de 
qualquer entidade.
Assim, a pessoa física, a sociedade, a 
entidade de fins não lucrativos, as pessoas de 
direito público como os órgãos pertencentes 
à administração direta, não controlarão seus 
patrimônios. Não atingirão seus fins e não 
serão passíveis de uma boa administração se 
não utilizarem a contabilidade para tal.
 
Conexão: 
Para conhecer e utilizar 
a aplicação das mudanças 
contábeis, leia o CPC 13 – Ado-
ção Inicial da Lei nº. 11.638/07 e da 
Lei nº. 11941/2009, disponível em: 
http://www.cpc.org.br/pronuncia-
mentosIndex.php.
21
Nome da unidade - Unidade 2
EA
D
-1
0-
C
C
 2
.2
 O que é patrUmônUo?U.2 
O patrimônio constitui objeto da contabilidade, ou seja, é um con-
junto de bens, direitos e obrigações mensuradas em moeda corrente e per-
tencente a uma entidade contábil.
Bens – Satisfazem as necessidades de uma entidade 
contábil, podendo ser mensurados economicamente. Contabilmente, eles 
podem ser de dois tipos: tangíveis e intangíveis.
O Código Civil Brasileiro distingue os bens em:
Bens imóveis:•	 são aqueles vinculados ao solo, que não podem ser 
retirados sem destruição ou danos, como edifícios, construções, ár-
vores etc. 
Bens móveis:•	 são aqueles que podem ser removidos por si próprios 
ou por outras pessoas, como animais, máquinas, equipamentos, es-
toques de mercadorias etc.
Direitos – São todos valores que a entidade contábil tem 
para receber de terceiros, como duplicatas a receber, promissórias a rece-
ber, aluguéis a receber etc.
Alguns exemplos ilustrativos:
Salário do trabalhador•	
Vendas a prazo•	
Depósitos em bancos•	
Obrigações – Abrangem os valores que a sociedade tem de 
pagar a terceiros, isto é, compromissos que serão exigidos no futuro, como 
resultado de eventos ou transações passadas. 
Alguns exemplos ilustrativos:
Salário a pagar•	
Duplicatas a pagar•	
Impostos a recolher•	
22
Contabilidade geral
Contribuições e encargos a recolher•	
Aluguéis a pagar•	
Luz, água e telefone•	
Fornecedores a pagar etc.•	
 Aspectos qualitativo e quantitativo 1.2.1 
Todos os relatórios elaborados a partir da escrita contábil deverão 
ressaltar esses dois aspectos:
a) Qualitativo – consiste em qualificar, dar nomes aos elementos 
componentes do respectivo relatório, permitindo que se conheça a nature-
za de cada um;
b) Quantitativo – consiste em atribuir, aos respectivos elementos, 
seus valores em moeda. 
Representação gráfica do Patrimônio
Bens + Direitos Valores (R$) Obrigações exigíveis Valores (R$)
Bens Obrigações
Dinheiro Empréstimos a pagar
Mercadorias em 
estoque Salários a pagar
Veículos Fornecedores (Duplicatas a pagar)
Imóveis Financiamentos
Máquinas Impostos a pagar
Ferramentas Encargos sociais a pagar
Móveis e utensílios Aluguéis a pagar
Marcas e patentes Títulos a pagar
Promissórias a pagar
Direitos Contas a pagar
Depósitos em bancos
Duplicatas a receber
Títulos a receber
Aluguéis a receber
Ações
23
Nome da unidade - Unidade 2
EA
D
-1
0-
C
C
 2
.2
Da análise do quadro anterior se pode inferir que, no lado esquerdo, 
também denominado ativo, são classificados os elementos positivos do 
patrimônio, ou seja, os bens e os direitos. No ladodireito, denominado 
passivo, são classificados os elementos negativos, ou seja, as obrigações. 
Veja tabela a seguir:
PATRIMÔNIO
ATIVO PASSIVO
Bens Obrigações
Direitos
Equação patrUmonUalU.2.2 
Conforme foi observado anteriormente no presente estudo, o gráfico 
em forma de “T”, também utilizado para representar a situação patrimo-
nial de uma sociedade, denomina-se balanço patrimonial.
A expressão balanço patrimonial pressupõe uma situação de igual-
dade, ou seja, de equilíbrio entre o total do ativo e o total do passivo. 
Entretanto, na vida real, nem sempre a soma dos bens e direitos é igual à 
soma das obrigações. A diferença apurada entre o ativo (bens e direitos) e 
o passivo (obrigações), que se denomina situação líquida, ou patrimô-
nio líquido, será evidenciada sempre do lado do passivo, como se fosse 
um peso no prato da balança para manter o equilíbrio entre os dois lados.
Situação líquida – Conceito
Situação líquida é a diferença entre o ativo e o passivo:
SL = A – P
Conforme já tivemos a oportunidade de discutir, os bens, direitos e 
obrigações que compõem o patrimônio são avaliados em moeda e, quando 
do seu registro, serão contabilizados pelo valor correspondente da moeda 
do local onde a entidade contábil estiver funcionando.
Portanto, adicionando os valores dos bens e dos direitos, teremos o 
total do ativo. Por outro lado, somando os valores das obrigações, tere-
mos o total do passivo. Veja o exemplo da tabela a seguir:
24
Contabilidade geral
PATRIMÔNIO
ATIVO PASSIVO
Bens Obrigações
Caixa 18 Fornecedores 8
Móveis 27 Impostos a recolher 1
Aluguéis a pagar 2
Direitos Salários a pagar 4
Clientes 20
TOTAL 65 TOTAL 15
BENS + DIREITOS – OBRIGAÇÕES = SITUAÇÃO LÍQUIDA
PATRIMONIAL
Situação líquida = (R$ 65 – R$ 15) = R$ 50
SUtuações líquUUas patrUmonUaUs possíveUsU.2.2.U 
Os componentes patrimoniais devidamente equacionados poderão 
apresentar três situações líquidas patrimoniais diferentes:
Ativo maior que o passivo
BALANÇO PATRIMONIAL
ATIVO PASSIVO
Bens 90 Obrigações 100
Direitos 60 Situação líquida 50
TOTAL 150 TOTAL 150
Situação líquida = (R$ 150 – R$ 100) = R$ 50
Diferentes formas de se referir a essa situação líquida:
Situação líquida positiva;•	
Situação líquida ativa;•	
Situação líquida superavitária;•	
A = P + SL;•	
P = A – SL;•	
25
Nome da unidade - Unidade 2
EA
D
-1
0-
C
C
 2
.2
SL = A – P;•	
Ativo maior que zero e passivo maior que zero: situação líquida •	
maior que zero.
Ativo
>
Passivo
→
Situação 
líquida 
positivaBens + direitos Obrigações
Figura 2 – Situação líquida maior que zero
Ativo menor que o passivo
BALANÇO PATRIMONIAL
ATIVO PASSIVO
Bens 90 Obrigações 170
Direitos 60 Situação líquida 20
TOTAL 150 TOTAL 150
Situação líquida = (R$ 150 – R$ 170) = (R$ 20)
Diferentes formas de se referir a essa situação líquida:
Situação líquida negativa;•	
Situação líquida passiva;•	
Situação líquida deficitária;•	
Passivo a descoberto;•	
A = P – SL;•	
P = A + SL;•	
SL = P – A;•	
Ativo maior que zero, passivo maior que zero e situação líquida me-•	
nor que zero (desde que o ativo seja menor que o passivo).
Ativo
<
Passivo
→
Situação 
líquida 
negativa
Bens + direitos Obrigações
Figura 3 – Situação líquida menor que zero
26
Contabilidade geral
Ativo igual ao passivo
Balanço patrimonial
Ativo passivo
Bens 90 Obrigações 150
Direitos 60 Situação líquida 0
TOTAL 150 TOTAL 150
Situação líquida = (R$ 150 – R$ 150) = R$ 0
Diferentes formas de se referir a essa situação líquida:
Situação líquida nula;•	
Situação líquida inexistente;•	
A = P;•	
P = A;•	
SL = Zero;•	
Ativo maior que zero, passivo maior que zero e situação líquida •	
igual a zero (desde que o ativo seja igual ao passivo).
Ativo
=
Passivo
→
Situação 
líquida nulaBens + direitos Obrigações
Figura 4 – Situação líquida igual a zero
Outras informações importantes
Observa-se que, nas três situações apresentadas, ativo e passivo 
sempre foram maiores que zero. Em raras ocasiões, porém, poderão ser 
iguais a zero. Nesses casos, teremos:
Ativo igual à situação líquida (passivo = zero)a) 
Balanço patrimonial
Ativo Passivo
Bens 10 Obrigações 0
Direitos 20 Situação líquida 30
TOTAL 30 TOTAL 30
Situação líquida = (R$ 30 – R$ 0) = R$ 30
27
Nome da unidade - Unidade 2
EA
D
-1
0-
C
C
 2
.2
Na prática, o momento da constituição da entidade contábil é uma 
das raras ocasiões em que essa situação poderá ocorrer. 
Situação líquida igual ao passivo (ativo = zero)b) 
Balanço Patrimonial
Ativo Passivo
Bens 0 Obrigações 25
Direitos 0 (-) Situação líquida (25)
TOTAL 0 TOTAL 0
Situação líquida = (R$ 0 – R$ 25) = (R$ 25)
O momento do encerramento de atividades é uma das raras ocasiões 
em essa situação poderá ocorrer. 
Patrimônio líquido
Patrimônio líquido é a diferença apurada entre o ativo e o passivo 
de uma determinada entidade contábil. Convém ressaltar que atualmente a 
expressão patrimônio líquido é mais utilizada do que a expressão situação 
líquida.
A Lei 6.404/76, em seu artigo 178, estabelece que, no balanço, as 
contas serão classificadas nos seguintes grupos:
a) – ATIVO
Ativo circulante;•	
Ativo não circulante, dividido em: ativo realizável a longo prazo, •	
investimentos, imobilizado e intangível.
b) – PASSIVO
Passivo circulante;•	
Passivo não circulante;•	
Patrimônio líquido, dividido em capital social, reservas de capital, •	
ajustes de avaliação patrimonial, reservas de lucros, ações em tesou-
raria e prejuízos acumulados.
28
Contabilidade geral
Diante disso, pode-se inferir que em determinado momento é mais 
adequado utilizarmos o termo patrimônio líquido e, em outro, é mais ade-
quado o uso da expressão situação líquida. Vejamos estas situações.
Quando da elaboração do balanço patrimonial não podemos de-
nominar de situação líquida o grupo de contas que representa o capital 
próprio da entidade contábil, uma vez que, de acordo com a Lei 6.404/76, 
elas devem receber a denominação de patrimônio líquido.
Por outro lado, se desejarmos nos referir ao estado patrimonial de 
uma determinada entidade contábil, é mais adequado dizer que a entidade 
contábil se encontra em situação líquida positiva, negativa ou nula.
Portanto, para se obter o valor da situação líquida de uma entidade 
contábil, com base num balanço patrimonial, temos dois caminhos segu-
ros:
Primeiro: subtrair o valor das obrigações do total do ativo; e
Segundo: simplesmente considerar o total do grupo patrimônio lí-
quido.
Equação fundamental do patrimônio
ATIVO – PASSIVO = SITUAÇÃO LÍQUIDA
Note-se que a equação fundamental do patrimônio é a que demons-
tra o patrimônio em situação normal, ou seja, numa situação líquida posi-
tiva.
Formação do patrimônio
Para se constituir uma sociedade é preciso que se tenha, inicialmen-
te, um capital. Quando a sociedade está sendo constituída, a palavra capi-
tal é usada para representar o conjunto de elementos que o proprietário da 
sociedade possui para iniciar suas atividades.
Por exemplo:
Lúcia vai abrir uma butique. Ela possui, para esse fim, R$ 60.000 
em dinheiro. Logo, esses R$ 60.000 em dinheiro constituem o seu capital 
inicial
 O capital inicial pode ser composto por:
dinheiro;•	
móveis;•	
29
Nome da unidade - Unidade 2
EA
D
-1
0-
C
C
 2
.2
veículos;•	
imóveis;•	
promissórias a receber etc.•	
Suponhamos que uma pessoa deseje 
iniciar suas atividades (abrir uma loja) e 
possua R$ 5.000 em dinheiro e um cami-
nhão no valor de R$ 60.000. Nesse caso, seu 
capital inicial é R$ 65.000, sendo: 
em dinheiro .......................... R$ 5.000 •	
em veículos ........................... R$ •	 60.000
Total do capital....................... R$ 65.000•	
Esse capital é conhecidopor:
capital;•	
capital inicial;•	
capital nominal;•	
capital subscrito.•	
A nova leU Ue falêncUas – LeU UU.U0U/2005 U.3 
obrUga a escrUturação
Conforme art. 51 da Lei 11.101, de 9/2/2005, para o pedido e o pro-
cessamento da recuperação judicial serão necessárias as demonstrações 
contábeis relativas aos 3 (três) últimos exercícios sociais e as levantadas 
especialmente para instruir o pedido, confeccionadas com estrita obser-
vância da legislação societária aplicável e compostas obrigatoriamente 
de:
 
balanço patrimonial; •	
demonstração de resultados acumulados;•	
demonstração do resultado desde o último exercício social;•	
relatório gerencial de fluxo de caixa e de sua projeção.•	
O Art. 105, da Lei 11.101/2005, define que o devedor em crise 
econômico--financeira que julgue não atender aos requisitos para pleitear 
sua recuperação judicial deverá requerer ao juízo sua falência, expondo as 
razões da impossibilidade de prosseguimento da atividade sociedaderial, 
acompanhadas dos seguintes documentos:
 
Conexão: 
Para se atualizar e 
conhecer mais sobre as 
mudanças da Lei Societária, leia 
a Lei 6.404/76, atualizada pela 
11.638/07, disponível em: http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/
Leis/L6404consol.htm.
30
Contabilidade geral
I. demonstrações contábeis referentes aos 3 (três) últimos exercícios 
sociais e as levantadas especialmente para instruir o pedido, confecciona-
das com estrita observância da legislação societária aplicável e compostas 
obrigatoriamente de:
balanço patrimonial;a) 
demonstração de resultados acumulados;b) 
demonstração do resultado desde o último exercício social;c) 
relatório do fluxo de caixa.d) 
 
II. os livros obrigatórios e documentos contábeis que lhe forem exi-
gidos por lei.
Fraude a credores
O art. 168, da mesma lei, dispõe que se trata de praticar, antes ou de-
pois da sentença que decretar a falência, conceder a recuperação judicial 
ou homologar a recuperação extrajudicial, ato fraudulento de que resulte 
ou possa resultar prejuízo aos credores, com o fim de obter ou assegurar 
vantagem indevida para si ou para outrem.
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
A pena aumenta de 1/6 (um sexto) a 1/3 (um terço) se o agente:
I. elabora escrituração contábil ou balanço com dados inexatos;
II. omite, na escrituração contábil ou no balanço, lançamento que 
deles deveria constar, ou altera escrituração ou balanço verdadeiros;
III. destrói, apaga ou corrompe dados contábeis ou negociais arma-
zenados em computador ou sistema informatizado;
IV. simula a composição do capital social;
V. destrói, oculta ou inutiliza, total ou parcialmente, os documentos 
de escrituração contábil obrigatórios.
Contabilidade paralela
A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até metade se o devedor man-
teve ou movimentou recursos ou valores paralelamente à contabilidade 
exigida pela legislação.
Concurso de pessoas
Nas mesmas penas incidem os contadores, técnicos contábeis, audito-
res e outros profissionais que, de qualquer modo, concorrerem para as con-
dutas criminosas descritas no artigo 168, na medida de sua culpabilidade.
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Lembrando que a Lei 11.101/2005 passou a vigorar a partir de 
10/6/2005.
INADIMPLÊNCIA FISCAL É DIFERENTE DE SONEGA-
ÇÃO
O simples não pagamento de tributos, isto é, a inadimplência fiscal 
não passa de um descumprimento administrativo de natureza não crimi-
nal. Deixar de pagar tributo não é crime, ou seja, não equivale à sonega-
ção fiscal. 
Entretanto, na hipótese de o contribuinte deixar de repassar aos co-
fres públicos valores descontados ou retidos, pode se dar a tipificação de 
prática delituosa, que, em última análise, evoca a prática da apropriação 
indébita (art. 2º da Lei 8.137/1990). 
A inadimplência fiscal não é delito criminal e conduz tão somente à 
aplicação das penalidades administrativas cabíveis e à inscrição em dívida 
para fins da extração da certidão de dívida ativa (CDA), que é o título exe-
cutivo extrajudicial que irá aparelhar a execução fiscal a ser promovida 
pela Fazenda Pública.
Para ser caracterizada a inadimplência e não a sonegação fiscal, os 
tributos não recolhidos devem ser declarados aos órgãos públicos compe-
tentes:
Os tributos federais a recolher devem ser declarados na DCTF, Da-•	
con e DIPJ e suas bases de cálculos retiradas da contabilidade.
O INSS devido e não pago deve ser informado na GFIP.•	
Os tributos estaduais a recolher devem ser declarados nas informa-•	
ções mensais apresentadas aos Estados e Distritos Federais e cons-
tantes nos livros de apuração do ICMS, conforme os lançamentos 
contábeis.
Os tributos municipais devem constar do Livro de Registro de pres-•	
tação de serviços e estar em conformidade com os registros contá-
beis.
O valor apresentado na DCTF, Dacon, DIPJ e a menor das bases 
de cálculos retiradas da contabilidade poderão ser considerados como 
sonegação fiscal. Assim, a sociedade é inadimplente quando declara os 
impostos a pagar nas respectivas declarações e esses valores declarados 
têm como base a contabilidade.
Até final de 2004, a Receita Federal vinha emitindo Autos de Infra-
ção com multa de 75%, para os tributos declarados em DCTF e não pagos. 
32
Contabilidade geral
Um absurdo, pois o tributo declarado e não pago deve ser inscrito em Dívi-
da Ativa e cobrado pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional.
Em recentes decisões, a própria Delegacia de Julgamento da Receita 
Federal vem espontaneamente reduzindo a multa de 75% para o percentu-
al máximo de 20%, alegando o seguinte:
Uma vez que referidos débitos foram informados em DCTF, por 
força no art. 18 da Lei nº. 10.833/2003, com redação dada pelo art. 
25 da Lei 11.051/2004, e da retroatividade benigna estabelecida no 
art. 106 do CTN, a multa de 75% não pode subsistir, sendo mais 
própria para a espécie a multa de mora no percentual máximo de 
20%. (art. 61, da Lei nº. 9.430/96)
Essa decisão vale para qualquer período, mesmo anterior ao da edi-
ção do art. 25 da Lei 11.051/2004, em função da retroatividade benigna 
constante no art. 106 do CTN.
Os tributos (federais) declarados na DCTF, Dacon, dentre outras, e 
tendo suas bases de cálculo em conformidade com a contabilidade, mes-
mo que não pagos têm incidência da multa de mora de no máximo 20% 
sobre o valor do tributo declarado. Finalmente a própria Receita Federal 
reparando um abuso de poder.
Contudo, os crimes contra a ordem tributária praticados por par-
ticulares, denominados crimes de sonegação fiscal (lei nº. 4.729/65), 
encontram-se definidos na Lei nº. 8.137, de 27 de dezembro de 1990, que 
assim dispõe: 
Art. 1º Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir 
tributo, ou contribuição social e qualquer acessório, mediante as seguintes 
condutas: 
I. omitir informação, ou prestar declaração falsa às autoridades fa-
zendárias; 
II. fraudar a fiscalização tributária, inserindo elementos inexatos, ou 
omitindo operação de qualquer natureza, em documento ou livro exigido 
pela lei fiscal; 
III. falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, duplicata, nota de venda, 
ou qualquer outro documento relativo à operação tributável; 
IV. elaborar, distribuir, fornecer, emitir ou utilizar documento que 
saiba ou deva saber falso ou inexato; 
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V. negar ou deixar de fornecer, quando obrigatório, nota fiscal, ou 
documento equivalente, relativa à venda de mercadoria ou prestação de 
serviço, efetivamente realizada, ou fornecê-la em desacordo com a legis-
lação. 
VI. Pena – reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. 
Parágrafo único. A falta de atendimento da exigência da autoridade, 
no prazo de 10 (dez) dias, que poderá ser convertido em horas emrazão 
da maior ou menor complexidade da matéria ou da dificuldade quanto ao 
atendimento da exigência, caracteriza a infração prevista no inciso V. 
Art. 2º Constitui crime da mesma natureza: 
I. fazer declaração falsa ou omitir declaração sobre rendas, bens ou 
fatos, ou empregar outra fraude, para eximir-se, total ou parcialmente, de 
pagamento de tributo; 
II. deixar de recolher, no prazo legal, valor de tributo ou de contri-
buição social, descontado ou cobrado, na qualidade de sujeito passivo de 
obrigação e que deveria recolher aos cofres públicos; 
III. exigir, pagar ou receber, para si ou para o contribuinte benefi-
ciário, qualquer percentagem sobre a parcela dedutível ou deduzida de 
imposto ou de contribuição como incentivo fiscal; 
IV. deixar de aplicar, ou aplicar em desacordo com o estatuído, in-
centivo fiscal ou parcelas de imposto liberadas por órgão ou entidade de 
desenvolvimento; 
V. utilizar ou divulgar programa de processamento de dados que 
permita ao sujeito passivo da obrigação tributária possuir informação con-
tábil diversa daquela que é, por lei, fornecida à Fazenda Pública. 
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
 ContabUlUUaUe como prova em autuações fUscaUsU.4 
A prova no processo Administrativo Fiscal é de fundamental im-
portância e deve ser observada criteriosamente pelo contribuinte, através 
da prova o julgador forma sua convicção a favor ou contra a sociedade. 
“Quem alega e não prova não alegou”, alegação sem prova transforma-se 
em uma denúncia vazia. 
Por exemplo, o contribuinte alega na sua impugnação que 
não é devedor do tributo, pois já o pagou, no entanto não apresen-
ta cópia do comprovante de recolhimento na peça impugnatória. 
34
Contabilidade geral
Seu argumento é inválido, não é acolhido, não está devidamente compro-
vado, é nesse sentido que as provas devem ser consideradas.
A produção de provas fortes e irrefutáveis deve ser preparada pelo 
contribuinte na ocasião da realização do ato jurídico (negociação: compra 
ou venda). A prova nada mais é do que um documento hábil (aceito pelo 
fisco) que suporta o lançamento contábil. Muitas vezes, os responsáveis 
pelas sociedades apresentam documentos parcialmente hábeis, documen-
tos considerados não hábeis (pedido, rascunho de compras, sem identifi-
cação) ou não apresentam documentos. 
O contador, por sua vez, cobra os devidos documentos, mas como 
a sociedade é dinâmica e já está envolvida em outras negociações não se 
preocupa com a documentação anterior. Então o lançamento contábil é 
feito com base na cópia de cheque sem a documentação comprobatória. 
O tempo passa, substitui-se o contador, o administrador ou até mesmo os 
sócios, a falta do documento só vai ser observada quando solicitado pelo 
fiscal, quase cinco anos após a data que deveria ser emitido.
A administração sai correndo atrás da documentação, inútil, pois o 
fornecedor que vendeu fechou, até mesmo não é mais fornecedor da so-
ciedade, não vai ter nenhuma vontade de procurar documentos ou, ainda, 
não foi emitido o respectivo documento fiscal naquela ocasião. São fatos 
lamentáveis, mais que normalmente ocorrem em nossas sociedades, é 
uma questão de cultura, pois são os sócios que administram suas próprias 
sociedades e acreditam que não é necessário manter toda a documentação 
em ordem. 
Todos os lançamentos contábeis necessitam de comprovantes há-
beis, sejam eles de receitas, despesas ou variação patrimonial. A produção 
de provas é estabelecida pelos documentos que dão suporte aos lançamen-
tos contábeis. Qualquer fragilidade expõe a sociedade em um processo de 
fiscalização.
Várias são as formas de provas que acompanham o lançamento con-
tábil:
O próprio documento é o comprovante do lançamento contábil. a) 
Exemplo: nota fiscal de compras de peça, no diário consta o número 
da nota fiscal e o nome da sociedade, bem como o valor do docu-
mento;
Diferente é uma provisão de férias, na qual devem constar todos os b) 
funcionários que têm direito a férias. Em sociedades com 20, 100, 
500, 1.000 ou mais funcionários, não é possível lançar na contabili-
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dade individualmente a provisão por funcionários. A prova consiste, 
neste caso, em os saldos contábeis estarem em conformidade com 
o total do relatório da provisão de férias e encargos, o qual é for-
necido pelo setor pessoal da sociedade. No relatório de provisão de 
férias consta individualmente o nome de cada funcionário, a data de 
admissão, o período aquisitivo de férias, o número de meses a que 
tem direito a férias, o terço constitucional, bem como os encargos 
de FGTS (8,5%) e INSS (em torno de 28,8% - sociedade, SAT, ter-
ceiros e aposentadoria especial), requisitos constantes no artigo 337 
do Decreto 3.000/99 (RIR/99). Além disso, esse relatório é emitido 
pelo sistema do Setor de Pessoal, que possui cadastrados todos os 
funcionários da sociedade ou pode ser confeccionado em planilhas 
de acordo com a realidade da sociedade, sendo despesa dedutível 
em função da lei permitir.
Se a sociedade, por ocasião do lançamento contábil, não efetuar a c) 
produção de provas, mediante o relatório de provisão de férias indi-
vidualizado por funcionários, a despesa será glosada, devendo o va-
lor ser adicionado ou lucro real. Fica difícil confeccionar essas pro-
vas quando a sociedade for autuada, pois já se passou muito tempo 
e o período de defesa é de apenas 30 dias da data da ciência do auto 
de infração. A contabilidade levada a sério serve como instrumento 
de filtro da documentação, bem como de prova no PAF.
“Os impostos ainda que não pagos e/ou a pagar são dedutíveis d) 
pelo período de competência”. (Parágrafo 2º, artigo 41 da Lei nº. 
8981/95 e Artigo 1º da Lei nº. 9.316/96). Para isso, o contador deve 
elaborar demonstrativo, mês a mês, demonstrando a base de cálculo, 
a alíquota e outros valores que servirão de suporte para o cálculo do 
imposto, bem como declará-lo na DCTF. Se o fiscal não constatar 
subsídios necessários que comprovem o lançamento contábil, a des-
pesa poderá ser glosada.
Lançamentos Globais na Contabilidade – É um “prato cheio” para 
a fiscalização quando localiza na contabilidade despesas lançadas 
englobadamente, isto é, várias despesas (pagas ou a pagar) que são 
somadas e lançadas. Esse procedimento acaba facilitando o trabalho 
de investigação, pois o lançamento é facilmente identificado e de-
pois porque se constitui provisão de lançamentos englobados, sem 
a devida comprovação, sendo indedutível a provisão para fins de 
IRPJ e CSSL (inciso I, do Art. 13, da Lei 9.249/95). 
36
Contabilidade geral
O raciocínio é o mesmo do item anterior: se na data do lançamento 
não estiver discriminado, passados de três a cinco anos fica quase impos-
sível chegar à conclusão de quais documentos compõem o lançamento. 
Conforme matéria abaixo, a diferença entre Provisão e Contabilização 
pelo Regime de Competência:
Diferentemente são os lançamentos pelos totais que estão individu-e) 
alizados em livros auxiliares de contabilização, que ficam à disposi-
ção da fiscalização e lastreados por documentos hábeis.
Outras contabilizações – principalmente planejamentos tributários f) 
e outras contabilizações, os quais são feitos utilizando-se de con-
sultas, acórdãos ou interpretação da lei a favor da sociedade, devido 
a um provável questionamento em uma fiscalização – devem ser 
arquivados juntamente com os documentos contábeis, em formato 
de dossiê, explicando e comprovando o raciocínio que justificou o 
lançamento contábil.
Especificar no histórico contábil os dados do lançamento. Exemplo: g) 
no ano de 2000, por um lapso a sociedade, esta não contabilizou a 
sua NF nº 1.111, relativa à receita, porém lançou-a no ano posterior, 
em 2001, quando detectou a incorreção. Se não efetuar olançamen-
to de forma discriminada no diário e em separado das demais notas 
fiscais, o lançamento não poderá ser identificado no livro diário, 
consequentemente, se detectado o valor não lançado em 2000, o 
fisco autuará e a sociedade não poderá compensar o lançamento 
efetuado em 2001, bem como será configurada a omissão de receita 
e crime contra a ordem tributária.
A exposição deste assunto tem como objetivo alertar os contri-
buintes e seus contadores de que a produção de prova deve ser feita por 
ocasião da realização do negócio e da contabilização, cabendo até uma 
indagação mental (tanto para o contribuinte como para o contador): Em 
uma fiscalização, esse documento será aceito pelo fisco? É um documen-
to suficientemente hábil ou é necessário um laudo e outros documentos 
subsidiários que comprovem a transação? Quais as probabilidades de o 
julgador aceitar o documento? Tomando todas as precauções possíveis, 
no momento adequado, não será uma tarefa difícil convencer o fiscal ou 
o julgador. São filtros que facilitarão a defesa do contribuinte em autua-
ções fiscais, pois produzir provas, passados anos, em tempo curto (30 dias 
para a impugnação), tende a ser uma prova fraca e sem poder probatório 
suficiente de convencimento dos julgadores, pelos fatos expostos, bem 
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como uma contabilidade com suporte documental torna-se prova a favor 
da sociedade, provando a boa-fé do contribuinte e exigindo a prova em 
contrário do fisco. Veja a seguir o resultado de um julgamento que ratifica 
o comentado anteriormente:
ACÓRDÃO 108-07.816 
Órgão: 1º Conselho de Contribuintes / 8ª Câmara
1º Conselho de Contribuintes / 8ª Câmara / ACÓRDÃO 108-
07.816 em 13/5/2004 
IRPJ e OUTROS/SIMPLES – Ex.: 1998 e 1999 
PAF – APURAÇÃO CONTÁBIL – A ciência contábil é formada 
por uma estrutura única composta de postulados e orientada por princí-
pios. Sua produção deve ser a correta apresentação do patrimônio, com 
apuração de suas mutações e análise das causas de suas variações. A apu-
ração contábil observará as três dimensões na qual está inserida e as quais 
deve servir: comercial – a Lei 6404/1976; contábil – Resolução 750/1992 
e fiscal, que implica em chegar ao cálculo da renda, obedecendo a cri-
térios constitucionais com fins tributários. A regência da norma jurídica 
originária de registro contábil tem a sua natureza dupla: descrever um 
fato econômico em linguagem contábil sob forma legal e um fato jurídico 
imposto legal e prescritivamente. Feito o registro contábil, como deter-
mina a lei, torna-se norma jurídica individual e concreta, observada 
por todos, inclusive a administração, fazendo prova a favor do sujeito 
passivo. Caso contrário, faz prova contra. 
Recurso negado. Por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao 
recurso. 
Dorival Padovan – Presidente 
Publicado no DOU em: 20/7/2004 
Relator: Ivete Malaquias Pessoa Monteiro 
Recorrente: URBAPI URBANIZADORA DO PIAUÍ LTDA. 
AtUvUUaUes
Identifique a alternativa que contém o conceito mais correto de patri-01. 
mônio:
( ) Conjunto de bens e direitos
( ) Conjunto de bens e obrigações
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Contabilidade geral
( ) Conjunto de bens, direitos e obrigações
( ) Conjunto de bens, direitos e obrigações, avaliados em moeda e per-tencentes a uma entidade contábil
Enquanto o aspecto qualitativo do patrimônio refere-se à espécie de 02. 
cada elemento que o compõe, o aspecto quantitativo refere-se:
( ) à quantidade física dos bens e dos direitos.
( ) aos valores em moeda dos componentes do patrimônio.
( ) à quantidade dos estoques existentes.
( ) ao total dos valores existentes em caixa.
Assinale as alternativas que contêm apenas obrigações:03. 
Fornecedores, duplicatas a receber, dinheiroa) 
Móveis, clientes, fornecedoresb) 
Fornecedores, duplicatas a pagar, salários a pagarc) 
Assinale a alternativa que contém apenas bens móveis:04. 
Fornecedores, duplicatas a receber, dinheiroa) 
Móveis, veículos, máquinas e equipamentosb) 
Fornecedores, duplicatas a pagar, salários a pagar.c) 
Coloque (V) para verdadeiro e (F) para falso:05. 
Elementos positivos são as obrigações. )(
 Elementos positivos são os bens e as obrigações. )(
 O ativo é composto por bens e direitos. )(
O passivo é composto por elementos negativos. )(
Ativo e passivo compõem o patrimônio da sociedade. )(
Este exercício está muito fácil. )(
Responda às questões a seguir.06. 
Qual é o conceito de Patrimônio?a) 
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O que são bens? Cite cinco exemplos de bens.b) 
O que são bens materiais e como se dividem?c) 
O que são bens móveis e imóveis? Cite três exemplos.d) 
O que são bens imateriais? Cite dois exemplos.e) 
O que você entende por direitos? E por obrigações? Cite três exem-f) 
plos.
Quais são os elementos componentes do patrimônio?g) 
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Contabilidade geral
Exercício prático07. 
Represente graficamente e apure a situação líquida:
Caso 1 (já resolvido):
Itens R$
Caixa 200
Móveis e utensílios 300
Duplicatas a pagar 170
Veículos 30
Salários a pagar 20
Duplicatas a receber 70
 BALANÇO PATRIMONIAL
ATIVO PASSIVO
Caixa 200 Duplicatas a pagar 170
Móveis e utensílios 300 Salários a pagar 20
Veículos 30 Soma 190
Duplicatas a receber 70 (+) Situação líquida 410
TOTAL 600 TOTAL 600
Resultado: a situação líquida é positiva em $ 410.
O gráfico em “T” utilizado para representar a situação patrimonial de 08. 
uma sociedade, evidenciando os bens, direitos e obrigações devidamente 
agrupados em ativo e passivo, denomina-se:
( ) balança.
( ) balanço.
( ) ativo e passivo.
( ) balanço patrimonial.
A diferença entre ativo (bens e direitos) e passivo (obrigações) deno-09. 
mina-se:
( ) balanço patrimonial.
( ) situação líquida.
( ) situação líquida positiva.
( ) situação líquida negativa.
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Situação líquida ativa é o mesmo que:10. 
( ) positiva ou deficitária.
( ) passiva ou negativa.
( ) positiva ou superavitária.
( ) positiva e passivo a descoberto.
Situação líquida passiva é o mesmo que:11. 
( ) passivo a descoberto.
( ) negativo ou superavitária.
( ) ativa ou superavitária.
( ) nula ou inexistente.
A equação ativo maior que zero, passivo maior que zero e situação 12. 
líquida menor que zero evidencia:
( ) situação líquida positiva.
( ) situação líquida negativa.
( ) situação líquida superavitária.
( ) situação líquida nula.
A equação ativo maior que zero, passivo maior que zero e situação 13. 
líquida igual a zero evidencia:
( ) situação líquida positiva.
( ) situação líquida negativa.
( ) passivo a descoberto.
( ) situação líquida nula ou inexistente.
Reflexão
Muitos profissionais da área não conhecem os aspectos introdu-
tórios da profissão contábil, bem como a origem da ciência, seu objeto de 
estudo, campo de atuação e carreira profissional. Tais aspectos são bases 
para compreender a evolução da profissão.
42
Contabilidade geral
Com o advento da convergência contábil, o país passa por um pro-
cesso de transição em que o profissional precisa atualizar-se – o que já era 
da natureza das ciências contábeis –, porém, nesta fase, com maior afinco. 
Neste processo e diante das mudanças que surgem, a profissão contábil 
torna-se mais valorizada, e o profissional com mais domínio do conheci-
mento contábil mais procurado.
Desse modo, é importante que esse profissional conheça a origem 
da ciência contábil; compreenda a necessidade da contabilidade como lin-
guagem homogênea no atual ambiente de negócios globalizado e conheça 
os diversos fatores que impactam na diversidade das práticas contábeis de 
país para país.
LeUturas recomenUaUas
FRANCO, Hilário.Contabilidade geral. São Paulo: Atlas.
RIBEIRO, Osni M. Contabilidade básica. 27. ed. São Paulo: Saraiva.
ReferêncUas bUblUográfUcas
ASSAF NETO, Alexandre. Finanças corporativas e valor. 2. ed. São 
Paulo: Atlas, 2005.
IUDÍCIBUS, Sérgio (Coord.) & Equipe de Professores da FEA/USP. 
Contabilidade introdutória. 9. ed. São Paulo: Atlas, 1998.
IUDÍCIBUS, Sérgio; MARION, José Carlos. Contabilidade comer-
cial: atualizado conforme o Novo Código Civil. 7. ed. São Paulo: 
Atlas, 2006.
IUDÍCIBUS, Sérgio; MARTINS, Eliseu; GELBECKE, Ernesto R. 
Manual de contabilidade das sociedades por ações. 5. ed. São Paulo: 
Atlas, 2007.
______. Manual de contabilidade das sociedades por ações: aplicá-
vel às demais sociedades. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2007.
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MARION, José Carlos. Contabilidade básica. 7. ed. São Paulo: Atlas, 
2004.
PADOVEZE, Clóvis Luis. Manual de contabilidade básica: uma in-
trodução à prática contábil. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2004. 
TREVISAN, Antoninho M. Como entender balanços. 2. ed. Editora 
Universitária.
Na próxUma unUUaUe
 Na próxima unidade, você conhecerá os princípios e convenções 
contábeis, tais como: Postulado da Entidade, Postulado da Continuida-
de, Princípio da Realização da Receita, Princípio da Confrontação da 
Despesa, Princípio do Denominador Comum Monetário, Princípio da 
Competência, Convenção da Objetividade, Convenção da Consistência, 
Convenção do Conservadorismo, demonstrando a importância deles na 
uniformização da contabilidade aplicada em nosso país.
A unidade será importante para que você, além de conhecer a ori-
gem dos princípios e convenções pertinentes à contabilidade, entenda a 
aplicação de cada princípio e aprenda a encerrar um balancete e fazer a 
transferência do resultado apurado para as contas do balanço patrimonial.
Veremos que toda a ciência tem seus princípios, também chamados 
de postulados ou convenções, que funcionam como pilares ou norteadores 
e direcionam a interpretação. Então, como a contabilidade é uma ciência, 
entendê-los é fundamental para a adequação das demonstrações contá-
beis.
Além disso, trataremos dos objetivos da contabilidade, das infor-
mações geradas pela contabilidade (ou geração de informações, a serem 
utilizadas por determinados usuários em decisões que buscam a realização 
de interesses e objetivos próprios) e falaremos a respeito dos usuários da 
contabilidade.
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Contabilidade geral
U
nU
Ua
Ue
 2
 
MUnhas anotações:
U
nU
Ua
Ue
 2
 
Princípios e 
convenções contábeis
Processo de ensino-aprendizagem
Nesta segunda unidade, apresentaremos os 
princípios e as convenções que regem a contabi-
lidade, bem como a sua aplicação.
Objetivos da sua aprendizagem
Após o estudo desta unidade, você será capaz de:
conhecer postulados contábeis, princípios e convenções;
compreender a necessidade da contabilidade como linguagem 
homogênea no atual ambiente de negócios globalizado;
aplicar na práticas os princípios contábeis.
Você se lembra?
Você se lembra de ter ouvido em aula que muitas empresas filiais no 
Brasil deveriam publicar suas demonstrações contábeis seguindo as 
normas brasileiras e as normas do país onde a matriz está localizada? 
Recentemente esse cenário está mudando. Com a intenção de conver-
gir para as normas internacionais e reduzir o trabalho das empresas, as 
normas brasileiras de contabilidade sofreram alterações. Algumas dessas 
alterações vocês conhecerão nesta unidade.
46
Contabilidade geral
IntroUução
Toda a ciência tem seus princípios, também chamados de postu-
lados ou convenções, os quais funcionam como pilares ou norteadores 
que direcionam a sua interpretação. Então, como a contabilidade é uma 
ciência, entendê-los é fundamental para a adequação das demonstrações 
contábeis. A seguir citamos os mais usuais.
PostulaUos Ua contabUlUUaUe2.U 
Na lógica tradicional, um axioma ou postulado é uma sentença ou 
proposição que não é provada ou demonstrada, sendo considerada óbvia 
ou como um consenso inicial necessário para a construção ou aceitação 
de uma teoria. Por essa razão, é aceito como verdade e serve como ponto 
inicial para a dedução e as inferências de outras verdades (dependentes de 
teoria).
Nas teorias das ciências naturais, um axioma é considerado uma 
verdade evidente, que é aceita como tal mas que, no rigor da palavra, não 
pode ser demonstrada ou provada como uma verdade absoluta dentro do 
domínio de sua aplicação; um axioma é geralmente derivado de intuição 
ou de conhecimento empírico, os quais apoiam-se em todos os fatos cien-
tíficos até então conhecidos e relevantes à área em estudo. A viabilidade 
ou utilidade de tais teorias e a classificação delas como teorias científicas 
válidas ou já aprimoradas, todas sempre logicamente derivadas de forma 
correta de suas premissas (dos axiomas), dependem das escolhas acura-
das de seus axiomas e da corroboração deles frente aos fatos científicos 
conhecidos na época em que foram propostos, bem como frente aos que 
forem gradualmente descobertos em épocas futuras às suas proposições. 
Fatos novos, ao serem descobertos, podem levar à evolução das teorias 
mediante necessidade explícita de modificações em seus axiomas, que, 
conforme propostos no paradigma científico evoluído e ora válido, devem 
se manter sempre corroborados pela íntegra dos fatos científicos conheci-
dos até a data em questão.
Na contabilidade isso não difere. Os postulados da contabilidade di-
zem que a existência das ciências contábeis necessita da presença de dois 
fatores: a entidade e a continuidade desta. Para a contabilidade, para que 
haja a ação da ciência contábil, faz-se necessário que exista uma entidade, 
que esta possua um patrimônio e que este patrimônio esteja trabalhando. 
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Princípios e convenções contábeis - Unidade 2
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PostulaUo Ua EntUUaUe2.U.U 
Postulado Contábil da Entidade: define 
a entidade contábil, dando a esta vida e per-
sonalidade próprias. A entidade (sociedade) 
não se confunde com a pessoa física do só-
cio (pessoas distintas).
PostulaUo Ua ContUnuUUaUe2.2 
Postulado Contábil da Continuidade: determina que a entidade é um 
empreendimento em andamento, com intenção de existência indefinida, 
ou por tempo de duração indeterminado, devendo sobreviver aos seus 
próprios fundadores e ter seu patrimônio avaliado pela sua potencialidade 
de gerar benefícios futuros (lucros), e não pela sua capacidade imediata de 
ser útil somente à entidade. 
 PrUncípUos Ue ContabUlUUaUe2.3 
Os princípios e sua observância
Os Princípios de Contabilidade, nova denominação dada aos Prin-
cípios fundamentais de Contabilidade pela Resolução CFC nº 1.282/10, 
foram fixados pelo Conselho Federal de Contabilidade por meio da Reso-
lução n° 750/93, cujos dispositivos passamos a comentar.
Anterior a esta resolução, os princípios eram chamados de Princí-
pios fundamentais de Contabilidade.
 
Conexão: 
Para você se atualizar 
e conhecer a aplicação 
das mudanças contábeis, leia 
o CPC 13 – Adoção Inicial da 
Lei nº. 11.638/07 e da Lei nº. 
11941/2009, disponível em: 
http://www.cpc.org.br/pronun-
ciamentosIndex.php
Resolução CFC nº 750/93 – Dispõe sobre os Princípios de Conta-
bilidade (PC).
O Conselho Federal de Contabilidade, no exercício de suas atribuições 
legais e regimentais, considerando a necessidade de prover fundamentação 
apropriada para interpretação e aplicação das Normas Brasileiras de Conta-
bilidade, 
resolve:
Princípios e convenções contábeis - Unidade 2
48
Contabilidade geral
Art. 1º Constituem Princípios de Contabilidade (PC) os enunciados 
por esta
Resolução.
§ 1º A observância dos Princípios de Contabilidade é obrigatória no 
exercício da profissão e constituicondição de legitimidade das Normas 
Brasileiras de Contabilidade (NBC).
§ 2º Na aplicação dos Princípios de Contabilidade a situações con-
cretas, a essência das transações deve prevalecer sobre seus aspectos for-
mais.
A Resolução CFC nº 750, de 29 de dezembro de 1993, em sua re-
dação original adotava a denominação “Princípios Fundamentais de Con-
tabilidade”. Todavia, com a edição da Resolução CFC nº 1.282, de 28 de 
maio de 2010, essa denominação foi substituída por “Princípios de Conta-
bilidade”, expressão que, segundo o Conselho Federal de Contabilidade, é 
“suficiente para o perfeito entendimento dos usuários das demonstrações 
contábeis e dos profissionais da Contabilidade”. 
Como justificativas para alterar amplamente a Resolução CFC nº 
750/93 por meio da Resolução CFC nº 1.282/10, o conselho considerou:
1 – que, por conta do processo de convergência às normas interna-
cionais de contabilidade, o Conselho Federal de Contabilidade emitiu a 
NBC T 1 – Estrutura Conceitual para a Elaboração e Apresentação das 
Demonstrações Contábeis, que discute a aplicabilidade dos Princípios de 
Contabilidade contidos na Resolução CFC nº 750/93;
2 – a necessidade de manutenção da Resolução CFC nº 750/93, que 
foi e continua
sendo referência para outros organismos normativos e reguladores 
brasileiros;
3 – a importância do conteúdo doutrinário apresentado na Resolu-
ção CFC nº 750/93, que continua sendo, nesse novo cenário convergido, o 
alicerce para o julgamento profissional na aplicação das Normas Brasilei-
ras de Contabilidade;
4 – que, para assegurar a adequada aplicação das Normas Brasilei-
ras de Contabilidade à luz dos Princípios de Contabilidade, há a necessi-
dade de harmonização dos dois documentos vigentes (Resolução CFC nº 
750/93 e NBC T 1); Na nova redação dada à Resolução CFC nº 750/93, 
deixou de constar o princípio do registro pelo valor original, revogado 
pela Resolução CFC nº 1.282/10. Na verdade, a atualização monetária não 
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foi abolida pela resolução citada, já que passou a ser tratada, dentro do 
princípio do registro pelo valor original (art. 7º, § 1º, II, “e”), como uma 
das espécies das variações do custo histórico. Vale dizer que a atualiza-
ção monetária perdeu o status de princípio, mas continua a ter aplicação 
como elemento das bases de mensuração dos componentes patrimoniais. 
Os profissionais da área contábil são obrigados a adotar, em suas ativida-
des, os conceitos enunciados pela Resolução CFC nº 750/93, sob pena de 
multa e de suspensão do exercício profissional (art. 11). Além disso, para 
o contabilista, a observância dos princípios significa prestigiar a entidade 
reguladora de sua profissão, o Conselho Federal de Contabilidade, respon-
sável por baixar as Normas Brasileiras de Contabilidade. A essência das 
transações, quer dizer, o que de fato elas representam para o patrimônio, 
deve predominar sobre seus aspectos formais ou aparentes. Independente 
da forma jurídica, a contabilidade deve traduzir primordialmente o efeito 
econômico da transação. Por exemplo, quando uma entidade adquire bens 
com financiamento bancário, um artifício empregado pela instituição 
financeira para garantir o recebimento do valor financiado é a alienação 
fiduciária em garantia. Desse modo, o bem comprado é transferido para 
a propriedade da instituição financeira, embora permaneça na posse di-
reta da entidade compradora, que assume a condição de depositária do 
bem e pode utilizá-lo normalmente. Essa transferência da propriedade é 
transitória, tornando-se sem efeito após a quitação da dívida. Apesar de o 
bem, dentro do período de duração do contrato de alienação fiduciária, ser 
de propriedade da instituição financeira, ele é registrado contabilmente 
no ativo da entidade compradora, quando da sua entrega pelo vendedor. 
Nesse caso, prevalece a essência da transação (que se assemelha à compra 
e venda a prazo) sobre os aspectos formais, ou seja, legais. Se prevaleces-
sem os aspectos formais, o bem deveria estar registrado no ativo da insti-
tuição financeira, que é sua proprietária. 
ConceUtuação, amplUtuUe e enumeração2.3.U 
Art. 2º Os Princípios de Contabilidade representam a essência das 
doutrinas e teorias relativas à ciência da contabilidade, consoante o en-
tendimento predominante nos universos científico e profissional de nosso 
país. Concernem, pois, à contabilidade no seu sentido mais amplo de ciên-
cia social, cujo objeto é o patrimônio das entidades.
50
Contabilidade geral
Art. 3º São Princípios de Contabilidade:
I) o da entidade;
II) o da continuidade;
III) o da oportunidade;
IV) o do registro pelo valor original;
V) o da atualização monetária;
VI) o da competência; e
VII) o da prudência.
Por ser uma ciência social, portanto não exata, a contabilidade ne-
cessita de princípios por meio dos quais sejam convencionados critérios 
uniformes de adoção obrigatória na sua execução. Se, por exemplo, uma 
empresa adotasse o regime de competência e outra o regime de caixa, 
seria impraticável a comparação de seus resultados nos períodos conside-
rados. Assim, os princípios funcionam como um padrão a ser seguido por 
todos os que se ocupam da contabilidade, pois possibilitam que as técni-
cas contábeis sejam desenvolvidas uniformemente.
Os princípios são decorrentes da observância da aplicação das téc-
nicas contábeis, da prática contábil e têm como objetivo tornar as infor-
mações contábeis divulgadas uniformes, confiáveis e úteis para o público 
nelas interessado.
PrUncípUo Ua EntUUaUe2.3.U.U 
Art. 4º O Princípio da Entidade reconhece o patrimônio como ob-
jeto da contabilidade e afirma a autonomia patrimonial, a necessidade da 
diferenciação de um patrimônio particular no universo dos patrimônios 
existentes, independentemente de pertencer a uma pessoa, um conjunto de 
pessoas, uma sociedade ou instituição de qualquer natureza ou finalidade, 
com ou sem fins lucrativos. Por consequência, nessa acepção, o patrimô-
nio não se confunde com aqueles dos seus sócios ou proprietários, no caso 
de sociedade ou instituição.
Parágrafo único. O patrimônio pertence à entidade, mas a recí-
proca não é verdadeira. A soma ou agregação contábil de patrimônios 
autônomos não resulta em nova entidade, mas numa unidade de natureza 
econômico-contábil.
 
Conexão: 
Para você se atualizar 
e conhecer a aplicação das 
mudanças contábeis, acesse o 
site do CRC do seu estado e veja a 
adoção Inicial da Lei nº. 11.638/07 
e da Lei nº. 11941/2009, dispo-
nível em: http://www.cpc.org.
br/pronunciamentosIn-
dex.php
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O objeto da contabilidade ou assunto do qual ela trata é o patrimô-
nio. É preciso, porém, delimitar-se o patrimônio que será objeto da orien-
tação, do controle e do registro contábeis. Em se tratando de sociedade, 
é necessário reconhecer diferenças entre o patrimônio dos sócios e o da 
pessoa jurídica, pois esta e aqueles são sujeitos de direitos e obrigações 
legais diferentes. Uma ação trabalhista, por exemplo, deve ser proposta 
pelo empregado contra a pessoa jurídica empregadora, e não contra seus 
sócios, ainda que eles, por disposição contratual, pratiquem atos em nome 
da pessoa jurídica.
No caso da pessoa física que desenvolve atividades comerciais, 
industriais, de produção rural etc., há necessidade da segregação dos 
bens, direitos e obrigações afetados por essas atividades. A pessoa 
física que utiliza parte de sua residência na exploração de atividade 
comercial, a rigor, deve manter registros contábeis separados para o 
controle dos bens, direitos e obrigações vinculados à atividade empre-
sarial.
Por determinação do Código Civil, o titular de um patrimônio é, 
necessariamente, pessoa física ou jurídica,uma vez que só quem tem per-
sonalidade pode ser titular de direitos e obrigações jurídicas. Isso explica 
o fato de o patrimônio pertencer à entidade, mas a entidade não pertencer 
ao patrimônio. 
A entidade é o sujeito dos direitos e obrigações que constituem o 
patrimônio. A soma ou agregação contábil de patrimônios autônomos 
não resulta em nova entidade. Da consolidação das demonstrações da 
controladora e de suas controladas, por exemplo, não surge uma nova 
entidade, mas apenas uma unidade de natureza econômico-contábil. A 
unidade decorre do fato de as entidades envolvidas pertencerem a uma 
mesma pessoa (a sociedade controladora), apesar de serem pessoas 
distintas do ponto de vista legal, cada uma com seus direitos e obriga-
ções.
PrUncípUo Ua ContUnuUUaUe2.3.U.2 
Art. 5º O Princípio da Continuidade pressupõe que a entidade con-
tinuará em operação no futuro e, portanto, a mensuração e a apresentação 
dos componentes do patrimônio levam em conta esta circunstância.
52
Contabilidade geral
Salvo disposição legal, contratual ou evidências em contrário, 
presume-se que a vida da entidade é contínua e que ela deverá desempe-
nhar suas atividades por um período indeterminado. Pode ocorrer de o 
contrato ou a lei, em caso excepcional, determinarem o prazo de duração 
da entidade, ou de as evidências nos levarem à conclusão de que ela não 
continuará a desenvolver suas operações por muito tempo. É o caso de 
uma entidade com falência decretada ou em fase de liquidação (situação 
anterior à extinção da sociedade, em que se promove a realização do ativo 
e o pagamento do passivo exigível – o acervo líquido, se houver, será di-
vidido entre os acionistas).
Os ativos de uma entidade normalmente sofrem efeitos negativos em 
função da descontinuidade das suas operações. Para ilustrar se uma com-
panhia entra em liquidação, como regra o valor apurado por seus ativos é 
significativamente menor que o valor normal de realização dos bens, em 
virtude das circunstâncias em que estão sendo vendidos. O passivo tam-
bém pode ser afetado. Na liquidação, por exemplo, não há distinção entre 
dívidas vencidas e vincendas, exceto pelo desconto aplicável ao valor 
dessas. Se uma entidade trabalha com a presunção de descontinuidade de 
suas operações, não há sentido na aplicação do princípio da competência 
no registro das suas transações. O diferimento de uma receita por vários 
exercícios, por exemplo, não pode ser aplicado a uma entidade que terá 
suas atividades encerradas no curto prazo. O mais adequado, nesse caso, 
será a adoção do regime de caixa e a avaliação pelo valor presente. 
PrUncípUo Ua OportunUUaUe2.3.U.3 
Art. 6º O Princípio da Oportunidade refere-se ao processo de men-
suração e apresentação dos componentes patrimoniais para produzir infor-
mações íntegras e tempestivas.
Parágrafo único. A falta de integridade e tempestividade na produ-
ção e na divulgação da informação contábil pode ocasionar a perda de sua 
relevância, por isso é necessário ponderar a relação entre a oportunidade e 
a confiabilidade da informação.
O princípio da oportunidade exige o registro de todas as variações 
sofridas pelo patrimônio da entidade no momento em que elas ocorrerem, 
ainda que sejam considerados valores estimados. Um exemplo é o registro 
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da depreciação. O tempo de vida útil de um bem é baseado numa hipóte-
se mais ou menos fundamentada tecnicamente e dependente de diversos 
fatores aleatórios. Apesar disso, a depreciação deve ser registrada no 
momento em que há a perda de valor do bem. Como é difícil determinar 
o valor exato dessa perda, os cálculos são feitos por estimativas. A inte-
gridade diz respeito à necessidade de os registros serem confiáveis, isto 
é, sem faltas ou excessos. A tempestividade determina que as variações 
sejam registradas no momento oportuno, mesmo na hipótese de alguma 
incerteza de valor. 
A informação divulgada fora do momento adequado e/ou que não 
seja confiável normalmente deixa de ser importante para o público nela 
interessado. Por exemplo, no mercado de ações o investidor não pode 
esperar um relatório contábil por muito tempo antes de tomar decisões. 
Portanto, é preciso haver agilidade na divulgação da informação, sem 
se perder de vista a segurança quanto à sua veracidade. Nesse sentido, 
é importante agir com precaução para evitar que do uso de estimativas 
resultem ativos e receitas superestimados e passivos e despesas subesti-
mados, como reza o princípio da prudência (art. 10, parágrafo único). A 
esse respeito, eis o que diz o item 43 da Deliberação CVM nº 539/08, que 
aprova o Pronunciamento Conceitual Básico do CPC que dispõe sobre a 
Estrutura Conceitual para a Elaboração e Apresentação das Demonstra-
ções Contábeis:
Quando há demora indevida na divulgação de uma informação, 
é possível que ela perca a relevância. A administração da entidade 
necessita ponderar os méritos relativos entre a tempestividade da divul-
gação e a confiabilidade da informação fornecida. Para fornecer uma 
informação na época oportuna pode ser necessário divulgá-la antes que 
todos os aspectos de uma transação ou evento sejam conhecidos, pre-
judicando assim a sua confiabilidade. Por outro lado, se para divulgar 
a informação a entidade aguardar até que todos os aspectos se tornem 
conhecidos, a informação pode ser altamente confiável, porém de pouca 
utilidade para os usuários que tenham tido necessidade de tomar deci-
sões nesse ínterim. Para atingir o adequado equilíbrio entre a relevân-
cia e a confiabilidade, o princípio básico consiste em identificar qual a 
melhor forma para satisfazer às necessidades do processo de decisão 
econômica dos usuários.
54
Contabilidade geral
PrUncípUo Uo RegUstro pelo Valor OrUgUnal2.3.U.4 
Art. 7º O Princípio do Registro pelo Valor Original determina que 
os componentes do patrimônio devem ser inicialmente registrados pelos 
valores originais das transações, expressos em moeda nacional.
§ 1º As seguintes bases de mensuração devem ser utilizadas em 
graus distintos e combinadas, ao longo do tempo, de diferentes formas:
I – Custo histórico. Os ativos são registrados pelos valores pagos 
ou a serem pagos em caixa ou equivalentes de caixa ou pelo valor justo 
dos recursos que são entregues para adquiri-los na data da aquisição. Os 
passivos são registrados pelos valores dos recursos que foram recebidos 
em troca da obrigação ou, em algumas circunstâncias, pelos valores em 
caixa ou equivalentes de caixa, os quais serão necessários para liquidar o 
passivo no curso normal das operações; e
II – Variação do custo histórico. Uma vez integrados ao patrimônio, 
os componentes patrimoniais, ativos e passivos, podem sofrer variações 
decorrentes dos seguintes fatores:
a) Custo corrente. Os ativos são reconhecidos pelos valores em 
caixa ou equivalentes de caixa, os quais teriam de ser pagos se esses ati-
vos ou ativos equivalentes fossem adquiridos na data ou no período das 
demonstrações contábeis. Os passivos são reconhecidos pelos valores em 
caixa ou equivalentes de caixa, não descontados, que seriam necessários 
para liquidar a obrigação na data ou no período das demonstrações contá-
beis;
b) Valor realizável. Os ativos são mantidos pelos valores em caixa 
ou equivalentes
de caixa, os quais poderiam ser obtidos pela venda em uma forma 
ordenada. Os passivos são mantidos pelos valores em caixa e equivalentes 
de caixa, não descontados, que se espera seriam pagos para liquidar as 
correspondentes obrigações no curso normal das operações da entidade;
c) Valor presente. Os ativos são mantidos pelo valor presente, des-
contado do fluxo futuro de entrada líquida de caixa que se espera seja 
gerado pelo item no curso normal das operações da entidade. Os passivos 
são mantidos pelo valor presente,descontado do fluxo futuro de saída 
líquida de caixa que se espera seja necessário para liquidar o passivo no 
curso normal das operações da entidade;
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d) Valor justo. É o valor pelo qual um ativo pode ser trocado, ou um 
passivo liquidado, entre partes conhecedoras, dispostas a isso, em uma 
transação sem favorecimentos; e
e) Atualização monetária. Os efeitos da alteração do poder aquisi-
tivo da moeda nacional devem ser reconhecidos nos registros contábeis 
mediante o ajustamento da expressão formal dos valores dos componentes 
patrimoniais.
§ 2º São resultantes da adoção da atualização monetária:
I – a moeda, embora aceita universalmente como medida de valor, 
não representa unidade constante em termos do poder aquisitivo;
II – para que a avaliação do patrimônio possa manter os valores 
das transações originais, é necessário atualizar sua expressão formal em 
moeda nacional, a fim de que permaneçam substantivamente corretos os 
valores dos componentes patrimoniais e, por consequência, o do patrimô-
nio líquido; e
III – a atualização monetária não representa nova avaliação, mas tão 
somente o ajustamento dos valores originais para determinada data, me-
diante a aplicação de indexadores ou outros elementos aptos a traduzir a 
variação do poder aquisitivo da moeda nacional em um dado período. Os 
elementos que compõem o patrimônio de uma entidade podem ter origem 
em transações com os sócios ou com terceiros. São as quantias contrata-
das nessas transações que representam os valores originais. No caso de 
aquisição de um ativo, por exemplo, deve-se adotar o seu custo histórico 
para efeito de registro, ou seja, o valor pago ou a pagar em dinheiro ou 
o valor justo dos recursos a serem transferidos ao fornecedor na data da 
aquisição.
Uma vez integrado ao ativo, o valor do bem (seu custo histórico) 
pode sofrer variações em razão destes fatores:
Custo corrente – O ativo (um equipamento, por exemplo) inicial-
mente registrado pelo custo histórico terá seu valor corrente representado 
pelo desembolso necessário para adquiri-lo no mercado caso seja tomada 
como base a data das demonstrações. Todavia, é preciso considerar o ati-
vo no estado em que se encontra, e não o custo de um bem novo igual ou 
semelhante. De forma idêntica, um passivo registrado contabilmente pelo 
custo histórico terá valor corrente equivalente ao que seria desembolsado 
para quitá-lo na data das demonstrações, sem desconto a valor presente.
56
Contabilidade geral
Valor realizável – Consiste no valor que seria apurado na hipótese 
de o ativo ser vendido em condições normais. Já o valor realizável (ou 
exigível) de um passivo é o que seria desembolsado, sem desconto a valor 
presente, para quitá-lo.
Valor presente – É o valor atual do fluxo futuro de caixa que o ativo 
vai gerar. É o que acontece, por exemplo, no caso do ajuste a valor pre-
sente de contas a receber realizáveis a longo prazo. No caso do passivo é o 
valor atual dos pagamentos que serão necessários para saldá-lo.
Valor justo – Trata-se do valor pelo qual o ativo poderia ser trocado 
ou o passivo quitado sem favorecimento entre as partes. Assim, não pode 
ser um preço acima ou abaixo do mercado, em benefício ou prejuízo de 
uma das partes, como é possível acontecer nas transações entre pessoas 
ligadas.
Atualização monetária – Eis aqui o extinto princípio do registro pelo 
valor original, agora como um dos critérios para registro das variações do 
custo histórico. A atualização monetária não representa aumento real de 
valor, e sim um mecanismo de manutenção do poder aquisitivo original 
dos valores registrados contabilmente. Com os efeitos da inflação, se não 
for adotada a atualização monetária, os valores registrados pela contabili-
dade deixam de representar o poder de compra original. Se considerarmos 
um determinado valor em moeda em duas datas diferentes, teoricamente, 
o valor em moeda na data 1 terá poder de compra igual a esse valor em 
moeda na data 2 acrescido da correção monetária. Isso significa que o 
valor na data 1 e o valor corrigido monetariamente na data 2 deveriam 
possibilitar a compra dos mesmos bens.
Quanto a alguns bens, o mercado possui mecanismos de atualiza-
ção. Uma parte significativa da alteração dos preços dos bens no mercado 
corresponde à correção de seus valores em virtude da inflação. Se imagi-
narmos essa correção aplicada a todos os bens, verificaremos que ela não 
representa um aumento real de valor, mas a atualização dos preços em 
virtude dos efeitos da inflação. O problema é que alguns grupos sociais 
não conseguem repassar os efeitos da inflação para os preços de seus bens 
e serviços.
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PrUncípUo Ua CompetêncUa2.3.U.5 
Art. 9º O Princípio da Competência determina que os efeitos das 
transações e outros eventos sejam reconhecidos nos períodos a que se re-
ferem, independentemente do recebimento ou pagamento.
Parágrafo único. O Princípio da Competência pressupõe a simulta-
neidade da confrontação de receitas e de despesas correlatas.
Conforme o princípio da competência, as receitas e despesas devem 
ser registradas no período ao qual pertencem, ainda que não tenham sido 
recebidas ou pagas. Segundo esse raciocínio, a receita de venda é realiza-
da quando da efetiva entrega da mercadoria e a receita de serviço, quando 
da sua efetiva prestação. Os valores recebidos antecipadamente, por conta 
da entrega de mercadoria ou prestação futura de serviço, devem ser regis-
trados no passivo exigível.
Por definição, despesa é um sacrifício patrimonial necessário à 
realização de receita. Trata-se da redução de um ativo ou do aumento de 
um passivo com a finalidade de gerar receita. Portanto, o resultado deve 
ser formado pelas receitas realizadas, segundo o regime de competência, 
e pelas despesas necessárias à geração das receitas correspondentes, vale 
dizer, pela confrontação das receitas e despesas correlatas. Por exemplo, 
realizada a receita da venda de mercadoria ou da prestação de serviços, 
devem ser consideradas incorridas, simultaneamente, as despesas relati-
vas aos custos das mercadorias vendidas ou serviços prestados.
PrUncípUo Ua PruUêncUa2.3.U.6 
Art. 10. O Princípio da Prudência determina a adoção do menor va-
lor para os componentes do ativo e do maior para os do passivo, sempre 
que se apresentem alternativas igualmente válidas para a quantificação 
das mutações patrimoniais que alterem o patrimônio líquido.
Parágrafo único. O Princípio da Prudência pressupõe o emprego 
de certo grau de precaução no exercício dos julgamentos necessários às 
estimativas em certas condições de incerteza, no sentido de que ativos e 
receitas não sejam superestimados e que passivos e despesas não sejam 
subestimados, atribuindo maior confiabilidade ao processo de mensura-
ção e apresentação dos componentes patrimoniais.
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Contabilidade geral
O Princípio da Prudência deve ser considerado quando o contabi-
lista tiver de avaliar o provável efeito de um evento sobre o patrimônio, 
diante de duas ou mais alternativas que ele julgue igualmente possíveis de 
se materializar. Nesse caso, deve ser adotada a opção da qual resulte me-
nor valor para o ativo ou maior valor para o passivo exigível. É importante 
observar que as alternativas consideradas devem ser equivalentes, ou seja, 
envolver um grau semelhante de incerteza. Se uma for mais provável que 
a outra, não será o caso da aplicação da opção que resulte em menor ou 
maior valor, e sim da mais provável. Por exemplo, se a companhia é acio-
nada judicialmente, isso não é suficiente para seu contabilista constituir 
provisão. Com base na avaliação de casos semelhantes, caso se conclua 
que a Justiça tende a dar ganho de causa

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