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Contabilidade geral A contabilidade é uma das principais fer- ramentas que auxiliam no processo de tomada de decisão. É por meio dela que os resultados das ações e estratégias adotadas são demonstrados e trans- formados em valores monetários. Mesmo aqueles ges- tores que não possuem relação direta com o departamento financeiro percebem a necessidade de entender os “números” da empresa, para terem condições de discutir e avaliar esses resultados. Diante disso, esse material busca, principalmente, apresentar uma metodologia moderna e de linguagem simples e acessível ao iniciante em contabilidade. Desenvolvido com base em autores da moderna escola da área, apresenta os conceitos e aplicações, os princí- pios e convenções, a estruturação e classificação das contas contábeis e o processo de escrituração dos lançamentos contábeis a partir de uma visão conjunta dos relatórios contábeis, com especial ênfase nas demons- trações contábeis e apuração de resultado na demonstração de resultado do exercício. A disciplina é apresentada numa sequência de exploração gradativa do assunto para despertar o interesse do aluno na sua aprendizagem. É de fundamental importância o aprimoramento dessa ciência e que o aluno a veja com maior interesse, pois ela oferece excelentes condições de trabalho e um amplo campo de atuação, muitas vezes com mais de uma função, enquanto outras profissões estão em fase de saturação. A pr es en ta çã o U nU Ua Ue U U nU Ua Ue U Conceitos e aplicações Nesta primeira unidade, apresentaremos os aspectos introdutórios da profissão con- tábil, bem como a origem da ciência, seu objeto de estudo, campo de atuação e carreira profissional em que se exercitará a função contábil. Objetivos da sua aprendizagem Após o estudo desta unidade, você será capaz de: conhecer a origem da ciência contábil;• compreender a necessidade da contabilidade como lingua-• gem homogênea no atual ambiente globalizado de negócios; conhecer os diversos fatores que impactam na diversidade das • práticas contábeis de país para país. Você se lembra? Você se lembra de ter ouvido em aula que muitas empresas filiais no Brasil tinham de publicar suas demonstrações contábeis seguindo as nor- mas brasileiras e as normas do país onde a matriz estivesse localizada? Recentemente esse cenário está mudando. Com a intenção de convergir para as normas internacionais e reduzir o trabalho das empresas, as nor- mas brasileiras de contabilidade sofreram alterações. Algumas dessas alterações você conhecerá nesta unidade. 16 Contabilidade geral IntroUução O homem atual tornou-se vítima da sua própria evolução em rela- ção aos números: horário para todo tipo de atividade, salários, contas a pagar, telefones, impostos, produção, transportes, informática, mercado financeiro, balanços, câmbio etc. A partir de um ponto de vista lógico, perguntamo-nos: alguém conseguiria viver sem números no mundo? Com o passar do tempo, a sociedade se desenvolveu e surgiram no- vos tipos de relações econômicas e também a propriedade privada, o que exigiu a criação de novas formas de controle empresarial. As primeiras notícias que se tem em relação a sistemas de controle remontam à Antiga Mesopotâmia, onde os registros eram grafados em pequenos tijolos. A contabilidade mais próxima da que se conhece hoje surgiu na Idade Mé- dia, mais precisamente no século XV, por volta de 1494, quando o Frei Franciscano Luca Pacioli, a pedido do papa, foi encarregado de organizar uma enciclopédia que continha o conhecimento humano relativo à época, inclusive um sistema que era usado pelos mercadores de Veneza e que consistia na escrituração de livro caixa, de livro de inventário e no uso da Partida Dobrado. Coube a ele a divulgação dos primeiros princípios con- tábeis – princípios básicos do Método das Partidas Dobradas. Por esse método, cada crédito corresponde a um débito de igual valor. Grandes nomes, como o de Vicenzo Mazi (Teoria Patrimonialista – que reflete o pensamento mais moderno sobre a classificação das contas), Fábio Besta e Gino Zappa (Teoria Materialista), Francesco Marci e Giuse- ppe Cerboni (Teoria Per- sonalista), estão ligados à origem e evolução da contabilidade, cabendo a Luca Pacioli o mérito de preconizador. A contabilidade tem por objeto o patri- mônio e por finalida- de registrar os fatos e produzir informações, propiciando possibilida- des de planejamento e controle dele. W ikim edia Figura 1 – Luca Pacioli 17 Conceitos e aplicações - Unidade 1 EA D -1 0- C C 2 .2 Conceitos e aplicações - Unidade 1 A partir dessa definição, propõe-se a questão: Se a contabilidade tem por objeto o patrimônio e sua finalidade, o registro dos fatos e a produção de informações visando ao controle, ao desempenharem suas atividades os pastores não estavam, de forma primitiva, controlando seu patrimônio? Não foi inevitável a contagem e o controle de objetos? Pode-se expor com precisão que tal circunstância, apesar de primitiva, consiste nos primeiros passos da contabilidade? Da mesma forma que a matemática utilizou os números, a contabi- lidade também o fez. Assim, pode-se afirmar que a contabilidade surgiu paralela à matemática, ou seja, de uma necessidade do homem de contar e controlar o produto de seu trabalho. ContabUlUUaUe: teorUa básUca DefUnUção Ue contabUlUUaUeU.U No Brasil, de 17 a 27 de agosto de 1924, foi realizado o lº C.B.C., na cidade do Rio de Janeiro. Naquela oportunidade, a contabilidade foi definida da seguinte forma: Contabilidade é a ciência que estuda e pratica as funções de orienta- ção, de controle e de registro relativas à administração econômica. Nesse mesmo sentido, Osni Moura Ribeiro, no seu livro Contabili- dade básica, Editora Saraiva, definiu a contabilidade do seguinte modo: A contabilidade é uma ciência que permite, através de suas técnicas, manter um controle permanente do patrimônio da sociedade. Por outro lado, Hilário Franco, no seu livro Contabilidade geral, assim a definiu: É a ciência (ou técnica, segundo alguns) que estuda, controla e in- terpreta os fatos ocorridos no patrimônio das entidades, mediante o registro, a demonstração expositiva e a revelação desses fatos, com o fim de oferecer informações sobre a composição do patrimônio, suas variações e o resultado econômico decorrente da gestão da ri- queza patrimonial. 18 Contabilidade geral A contabilidade permite o controle da movimentação do patrimônio das sociedades. O patrimônio de uma sociedade é movimentado em função dos acontecimentos diários, tais como compras, vendas, pa- gamentos, recebimentos etc. Registrando esses acontecimentos, a contabilidade terá condições de fornecer informações sobre a situação do patrimônio, sempre que soli- citada. Observa-se que os autores até aqui citados deram contribuições significativas, pontuando os diferentes estágios da evolução do conceito da contabilidade. Entretanto, o estágio atual dos cenários econômico, po- lítico e sociológico nos quais a contabilidade tem de atuar exigiu que os seus profissionais pudessem prover os diferentes tipos de usuários com informações seguras e eficazes que servissem de base para o processo decisório. Com essa visão foi que o Ibracon, em seu pronunciamento aprovado pela CVM, através da Deliberação CVM nº 29/86, definiu contabilidade da seguinte maneira: A contabilidade é, objetivamente, um sistema de informação e ava- liação destinado a prover seus usuários com demonstrações e análises de natureza econômica, financeira, física e de produtividade, com relação à entidade objeto de contabilização. ObjetUvo Uo estuUoU.U.U O objetivo do estudo da contabilidade é o patrimônio. O patrimô- nio é um conjunto de bens,direitos e obrigações vinculados a uma pessoa física ou jurídica. É o elemento sobre o qual se exercitará a função contá- bil. Sobre esse conjunto de valores é que a contabilidade atuará acompa- nhando sua evolução, suas variações e os efeitos da ação administrativa. Do patrimônio: a contabilidade estudará os aspectos econômicos ou qualitativos e os aspectos estatísticos ou quantitativos quando estão sen- do analisados os elementos que compõem um dado patrimônio e as suas diversas espécies de bens, direitos e obrigações quando se está estudando o seu aspecto qualitativo ou específico. Assim, quando dizemos que um patrimônio qualquer é composto de imóveis, dinheiro, máquinas ou mer- cadorias, estamos observando seus aspectos qualitativos ou específicos. 19 Nome da unidade - Unidade 2 EA D -1 0- C C 2 .2 Nome da unidade - Unidade 2 Já o aspecto quantitativo ou estatístico trata das quantidades, como seu próprio nome diz. As expressões imóveis (R$ 10.000,00), contas a pagar (R$ 5.000,00), mercadorias (R$ 100.000,00) ou contas a receber (R$ 18.000.00) demonstram quantidades, portanto aspectos quantitativos estatísticos. Funções As principais funções da contabilidade são: registrar, organizar, demonstrar, analisar e acompanhar as modificações do patrimônio em vir- tude da atividade econômica ou social que a sociedade exerce no contexto econômico. Registrar todos os fatos que ocorrem e podem ser representados em valor monetário. Organizar um sistema de controle adequado à sociedade. Demonstrar, com base nos registros realizados, expor periodica- mente, por meio de demonstrativos, a situação econômica, patrimonial e financeira da sociedade. Analisar os demonstrativos com a finalidade de apuração dos resul- tados obtidos pela sociedade. Acompanhar a execução dos planos econômicos da sociedade, pre- vendo os pagamentos a serem realizados e as quantias a serem recebidas de terceiros, alertando para eventuais problemas. Finalidades A finalidade básica da contabilidade é o acompanhamento das ati- vidades realizadas pela sociedade, no sentido indispensável de controlar o comportamento de seus patrimônios, na função elaboração e comparação dos resultados obtidos entre períodos analisados. A contabilidade faz o registro metódico e ordenado dos negócios realizados e a verificação sistemática dos resultados obtidos. Ela deve identificar, classificar e anotar as operações da entidade e de todos os fatos que, de alguma forma, afetam sua situação econômica, financeira e patrimonial. Com essa acumulação de dados, convenientemente classificados, a contabilidade procura apresentar de forma ordenada o histórico das ativi- dades da sociedade, a interpretação dos resultados e produzir, através de relatórios, as informações que se fizerem precisas para o atendimento das diferentes necessidades. 20 Contabilidade geral As finalidades fundamentais da contabilidade referem-se à orienta- ção da administração das sociedades no exercício de suas funções. Por- tanto, a contabilidade é o controle e o planejamento de toda e qualquer entidade socioeconômica. Controle: a administração, através das informações contábeis via relatórios, pode se certificar, na medida do possível, de que a organização está agindo em conformidade com os planos e políticas determinados. Planejamento: a informação contábil, principalmente no que se refere ao estabelecimento de padrões, ao inter-relacionamento da contabi- lidade e aos planos orçamentários, é de grande utilidade no planejamento sociedaderial, ou seja, no processo de decisão sobre que curso de ação deverá ser tomado para o futuro. Todo e qualquer levantamento de informações administrativas e gerenciais deve ter como alicerce a contabilidade. Relatórios baseados em informações, as quais não são provenientes dos livros contábeis, são meros especulativos, pois não refletem a realidade da sociedade, não têm consistência, não têm amparo na escrituração, não podem ser usados como prova contábil, são inexatos. Somente os dados retirados dos livros contábeis merecem boa-fé, tanto para fins comerciais, tributários e civis quanto para decisões judi- ciais. Campo Ue atuação Ua contabUlUUaUeU.U.2 É muito amplo o campo de atuação da contabilidade visto que a complexidade das atividades industriais, agrícolas, comerciais, bancárias ou de prestação de serviços no mundo de hoje fez com que inúmeros re- gistros e controles fossem criados. A contabilidade capta, registra e interpreta fatos que afetam as situ- ações patrimoniais, financeiras ou econômicas de qualquer entidade. Assim, a pessoa física, a sociedade, a entidade de fins não lucrativos, as pessoas de direito público como os órgãos pertencentes à administração direta, não controlarão seus patrimônios. Não atingirão seus fins e não serão passíveis de uma boa administração se não utilizarem a contabilidade para tal. Conexão: Para conhecer e utilizar a aplicação das mudanças contábeis, leia o CPC 13 – Ado- ção Inicial da Lei nº. 11.638/07 e da Lei nº. 11941/2009, disponível em: http://www.cpc.org.br/pronuncia- mentosIndex.php. 21 Nome da unidade - Unidade 2 EA D -1 0- C C 2 .2 O que é patrUmônUo?U.2 O patrimônio constitui objeto da contabilidade, ou seja, é um con- junto de bens, direitos e obrigações mensuradas em moeda corrente e per- tencente a uma entidade contábil. Bens – Satisfazem as necessidades de uma entidade contábil, podendo ser mensurados economicamente. Contabilmente, eles podem ser de dois tipos: tangíveis e intangíveis. O Código Civil Brasileiro distingue os bens em: Bens imóveis:• são aqueles vinculados ao solo, que não podem ser retirados sem destruição ou danos, como edifícios, construções, ár- vores etc. Bens móveis:• são aqueles que podem ser removidos por si próprios ou por outras pessoas, como animais, máquinas, equipamentos, es- toques de mercadorias etc. Direitos – São todos valores que a entidade contábil tem para receber de terceiros, como duplicatas a receber, promissórias a rece- ber, aluguéis a receber etc. Alguns exemplos ilustrativos: Salário do trabalhador• Vendas a prazo• Depósitos em bancos• Obrigações – Abrangem os valores que a sociedade tem de pagar a terceiros, isto é, compromissos que serão exigidos no futuro, como resultado de eventos ou transações passadas. Alguns exemplos ilustrativos: Salário a pagar• Duplicatas a pagar• Impostos a recolher• 22 Contabilidade geral Contribuições e encargos a recolher• Aluguéis a pagar• Luz, água e telefone• Fornecedores a pagar etc.• Aspectos qualitativo e quantitativo 1.2.1 Todos os relatórios elaborados a partir da escrita contábil deverão ressaltar esses dois aspectos: a) Qualitativo – consiste em qualificar, dar nomes aos elementos componentes do respectivo relatório, permitindo que se conheça a nature- za de cada um; b) Quantitativo – consiste em atribuir, aos respectivos elementos, seus valores em moeda. Representação gráfica do Patrimônio Bens + Direitos Valores (R$) Obrigações exigíveis Valores (R$) Bens Obrigações Dinheiro Empréstimos a pagar Mercadorias em estoque Salários a pagar Veículos Fornecedores (Duplicatas a pagar) Imóveis Financiamentos Máquinas Impostos a pagar Ferramentas Encargos sociais a pagar Móveis e utensílios Aluguéis a pagar Marcas e patentes Títulos a pagar Promissórias a pagar Direitos Contas a pagar Depósitos em bancos Duplicatas a receber Títulos a receber Aluguéis a receber Ações 23 Nome da unidade - Unidade 2 EA D -1 0- C C 2 .2 Da análise do quadro anterior se pode inferir que, no lado esquerdo, também denominado ativo, são classificados os elementos positivos do patrimônio, ou seja, os bens e os direitos. No ladodireito, denominado passivo, são classificados os elementos negativos, ou seja, as obrigações. Veja tabela a seguir: PATRIMÔNIO ATIVO PASSIVO Bens Obrigações Direitos Equação patrUmonUalU.2.2 Conforme foi observado anteriormente no presente estudo, o gráfico em forma de “T”, também utilizado para representar a situação patrimo- nial de uma sociedade, denomina-se balanço patrimonial. A expressão balanço patrimonial pressupõe uma situação de igual- dade, ou seja, de equilíbrio entre o total do ativo e o total do passivo. Entretanto, na vida real, nem sempre a soma dos bens e direitos é igual à soma das obrigações. A diferença apurada entre o ativo (bens e direitos) e o passivo (obrigações), que se denomina situação líquida, ou patrimô- nio líquido, será evidenciada sempre do lado do passivo, como se fosse um peso no prato da balança para manter o equilíbrio entre os dois lados. Situação líquida – Conceito Situação líquida é a diferença entre o ativo e o passivo: SL = A – P Conforme já tivemos a oportunidade de discutir, os bens, direitos e obrigações que compõem o patrimônio são avaliados em moeda e, quando do seu registro, serão contabilizados pelo valor correspondente da moeda do local onde a entidade contábil estiver funcionando. Portanto, adicionando os valores dos bens e dos direitos, teremos o total do ativo. Por outro lado, somando os valores das obrigações, tere- mos o total do passivo. Veja o exemplo da tabela a seguir: 24 Contabilidade geral PATRIMÔNIO ATIVO PASSIVO Bens Obrigações Caixa 18 Fornecedores 8 Móveis 27 Impostos a recolher 1 Aluguéis a pagar 2 Direitos Salários a pagar 4 Clientes 20 TOTAL 65 TOTAL 15 BENS + DIREITOS – OBRIGAÇÕES = SITUAÇÃO LÍQUIDA PATRIMONIAL Situação líquida = (R$ 65 – R$ 15) = R$ 50 SUtuações líquUUas patrUmonUaUs possíveUsU.2.2.U Os componentes patrimoniais devidamente equacionados poderão apresentar três situações líquidas patrimoniais diferentes: Ativo maior que o passivo BALANÇO PATRIMONIAL ATIVO PASSIVO Bens 90 Obrigações 100 Direitos 60 Situação líquida 50 TOTAL 150 TOTAL 150 Situação líquida = (R$ 150 – R$ 100) = R$ 50 Diferentes formas de se referir a essa situação líquida: Situação líquida positiva;• Situação líquida ativa;• Situação líquida superavitária;• A = P + SL;• P = A – SL;• 25 Nome da unidade - Unidade 2 EA D -1 0- C C 2 .2 SL = A – P;• Ativo maior que zero e passivo maior que zero: situação líquida • maior que zero. Ativo > Passivo → Situação líquida positivaBens + direitos Obrigações Figura 2 – Situação líquida maior que zero Ativo menor que o passivo BALANÇO PATRIMONIAL ATIVO PASSIVO Bens 90 Obrigações 170 Direitos 60 Situação líquida 20 TOTAL 150 TOTAL 150 Situação líquida = (R$ 150 – R$ 170) = (R$ 20) Diferentes formas de se referir a essa situação líquida: Situação líquida negativa;• Situação líquida passiva;• Situação líquida deficitária;• Passivo a descoberto;• A = P – SL;• P = A + SL;• SL = P – A;• Ativo maior que zero, passivo maior que zero e situação líquida me-• nor que zero (desde que o ativo seja menor que o passivo). Ativo < Passivo → Situação líquida negativa Bens + direitos Obrigações Figura 3 – Situação líquida menor que zero 26 Contabilidade geral Ativo igual ao passivo Balanço patrimonial Ativo passivo Bens 90 Obrigações 150 Direitos 60 Situação líquida 0 TOTAL 150 TOTAL 150 Situação líquida = (R$ 150 – R$ 150) = R$ 0 Diferentes formas de se referir a essa situação líquida: Situação líquida nula;• Situação líquida inexistente;• A = P;• P = A;• SL = Zero;• Ativo maior que zero, passivo maior que zero e situação líquida • igual a zero (desde que o ativo seja igual ao passivo). Ativo = Passivo → Situação líquida nulaBens + direitos Obrigações Figura 4 – Situação líquida igual a zero Outras informações importantes Observa-se que, nas três situações apresentadas, ativo e passivo sempre foram maiores que zero. Em raras ocasiões, porém, poderão ser iguais a zero. Nesses casos, teremos: Ativo igual à situação líquida (passivo = zero)a) Balanço patrimonial Ativo Passivo Bens 10 Obrigações 0 Direitos 20 Situação líquida 30 TOTAL 30 TOTAL 30 Situação líquida = (R$ 30 – R$ 0) = R$ 30 27 Nome da unidade - Unidade 2 EA D -1 0- C C 2 .2 Na prática, o momento da constituição da entidade contábil é uma das raras ocasiões em que essa situação poderá ocorrer. Situação líquida igual ao passivo (ativo = zero)b) Balanço Patrimonial Ativo Passivo Bens 0 Obrigações 25 Direitos 0 (-) Situação líquida (25) TOTAL 0 TOTAL 0 Situação líquida = (R$ 0 – R$ 25) = (R$ 25) O momento do encerramento de atividades é uma das raras ocasiões em essa situação poderá ocorrer. Patrimônio líquido Patrimônio líquido é a diferença apurada entre o ativo e o passivo de uma determinada entidade contábil. Convém ressaltar que atualmente a expressão patrimônio líquido é mais utilizada do que a expressão situação líquida. A Lei 6.404/76, em seu artigo 178, estabelece que, no balanço, as contas serão classificadas nos seguintes grupos: a) – ATIVO Ativo circulante;• Ativo não circulante, dividido em: ativo realizável a longo prazo, • investimentos, imobilizado e intangível. b) – PASSIVO Passivo circulante;• Passivo não circulante;• Patrimônio líquido, dividido em capital social, reservas de capital, • ajustes de avaliação patrimonial, reservas de lucros, ações em tesou- raria e prejuízos acumulados. 28 Contabilidade geral Diante disso, pode-se inferir que em determinado momento é mais adequado utilizarmos o termo patrimônio líquido e, em outro, é mais ade- quado o uso da expressão situação líquida. Vejamos estas situações. Quando da elaboração do balanço patrimonial não podemos de- nominar de situação líquida o grupo de contas que representa o capital próprio da entidade contábil, uma vez que, de acordo com a Lei 6.404/76, elas devem receber a denominação de patrimônio líquido. Por outro lado, se desejarmos nos referir ao estado patrimonial de uma determinada entidade contábil, é mais adequado dizer que a entidade contábil se encontra em situação líquida positiva, negativa ou nula. Portanto, para se obter o valor da situação líquida de uma entidade contábil, com base num balanço patrimonial, temos dois caminhos segu- ros: Primeiro: subtrair o valor das obrigações do total do ativo; e Segundo: simplesmente considerar o total do grupo patrimônio lí- quido. Equação fundamental do patrimônio ATIVO – PASSIVO = SITUAÇÃO LÍQUIDA Note-se que a equação fundamental do patrimônio é a que demons- tra o patrimônio em situação normal, ou seja, numa situação líquida posi- tiva. Formação do patrimônio Para se constituir uma sociedade é preciso que se tenha, inicialmen- te, um capital. Quando a sociedade está sendo constituída, a palavra capi- tal é usada para representar o conjunto de elementos que o proprietário da sociedade possui para iniciar suas atividades. Por exemplo: Lúcia vai abrir uma butique. Ela possui, para esse fim, R$ 60.000 em dinheiro. Logo, esses R$ 60.000 em dinheiro constituem o seu capital inicial O capital inicial pode ser composto por: dinheiro;• móveis;• 29 Nome da unidade - Unidade 2 EA D -1 0- C C 2 .2 veículos;• imóveis;• promissórias a receber etc.• Suponhamos que uma pessoa deseje iniciar suas atividades (abrir uma loja) e possua R$ 5.000 em dinheiro e um cami- nhão no valor de R$ 60.000. Nesse caso, seu capital inicial é R$ 65.000, sendo: em dinheiro .......................... R$ 5.000 • em veículos ........................... R$ • 60.000 Total do capital....................... R$ 65.000• Esse capital é conhecidopor: capital;• capital inicial;• capital nominal;• capital subscrito.• A nova leU Ue falêncUas – LeU UU.U0U/2005 U.3 obrUga a escrUturação Conforme art. 51 da Lei 11.101, de 9/2/2005, para o pedido e o pro- cessamento da recuperação judicial serão necessárias as demonstrações contábeis relativas aos 3 (três) últimos exercícios sociais e as levantadas especialmente para instruir o pedido, confeccionadas com estrita obser- vância da legislação societária aplicável e compostas obrigatoriamente de: balanço patrimonial; • demonstração de resultados acumulados;• demonstração do resultado desde o último exercício social;• relatório gerencial de fluxo de caixa e de sua projeção.• O Art. 105, da Lei 11.101/2005, define que o devedor em crise econômico--financeira que julgue não atender aos requisitos para pleitear sua recuperação judicial deverá requerer ao juízo sua falência, expondo as razões da impossibilidade de prosseguimento da atividade sociedaderial, acompanhadas dos seguintes documentos: Conexão: Para se atualizar e conhecer mais sobre as mudanças da Lei Societária, leia a Lei 6.404/76, atualizada pela 11.638/07, disponível em: http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/ Leis/L6404consol.htm. 30 Contabilidade geral I. demonstrações contábeis referentes aos 3 (três) últimos exercícios sociais e as levantadas especialmente para instruir o pedido, confecciona- das com estrita observância da legislação societária aplicável e compostas obrigatoriamente de: balanço patrimonial;a) demonstração de resultados acumulados;b) demonstração do resultado desde o último exercício social;c) relatório do fluxo de caixa.d) II. os livros obrigatórios e documentos contábeis que lhe forem exi- gidos por lei. Fraude a credores O art. 168, da mesma lei, dispõe que se trata de praticar, antes ou de- pois da sentença que decretar a falência, conceder a recuperação judicial ou homologar a recuperação extrajudicial, ato fraudulento de que resulte ou possa resultar prejuízo aos credores, com o fim de obter ou assegurar vantagem indevida para si ou para outrem. Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. A pena aumenta de 1/6 (um sexto) a 1/3 (um terço) se o agente: I. elabora escrituração contábil ou balanço com dados inexatos; II. omite, na escrituração contábil ou no balanço, lançamento que deles deveria constar, ou altera escrituração ou balanço verdadeiros; III. destrói, apaga ou corrompe dados contábeis ou negociais arma- zenados em computador ou sistema informatizado; IV. simula a composição do capital social; V. destrói, oculta ou inutiliza, total ou parcialmente, os documentos de escrituração contábil obrigatórios. Contabilidade paralela A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até metade se o devedor man- teve ou movimentou recursos ou valores paralelamente à contabilidade exigida pela legislação. Concurso de pessoas Nas mesmas penas incidem os contadores, técnicos contábeis, audito- res e outros profissionais que, de qualquer modo, concorrerem para as con- dutas criminosas descritas no artigo 168, na medida de sua culpabilidade. 31 Nome da unidade - Unidade 2 EA D -1 0- C C 2 .2 Lembrando que a Lei 11.101/2005 passou a vigorar a partir de 10/6/2005. INADIMPLÊNCIA FISCAL É DIFERENTE DE SONEGA- ÇÃO O simples não pagamento de tributos, isto é, a inadimplência fiscal não passa de um descumprimento administrativo de natureza não crimi- nal. Deixar de pagar tributo não é crime, ou seja, não equivale à sonega- ção fiscal. Entretanto, na hipótese de o contribuinte deixar de repassar aos co- fres públicos valores descontados ou retidos, pode se dar a tipificação de prática delituosa, que, em última análise, evoca a prática da apropriação indébita (art. 2º da Lei 8.137/1990). A inadimplência fiscal não é delito criminal e conduz tão somente à aplicação das penalidades administrativas cabíveis e à inscrição em dívida para fins da extração da certidão de dívida ativa (CDA), que é o título exe- cutivo extrajudicial que irá aparelhar a execução fiscal a ser promovida pela Fazenda Pública. Para ser caracterizada a inadimplência e não a sonegação fiscal, os tributos não recolhidos devem ser declarados aos órgãos públicos compe- tentes: Os tributos federais a recolher devem ser declarados na DCTF, Da-• con e DIPJ e suas bases de cálculos retiradas da contabilidade. O INSS devido e não pago deve ser informado na GFIP.• Os tributos estaduais a recolher devem ser declarados nas informa-• ções mensais apresentadas aos Estados e Distritos Federais e cons- tantes nos livros de apuração do ICMS, conforme os lançamentos contábeis. Os tributos municipais devem constar do Livro de Registro de pres-• tação de serviços e estar em conformidade com os registros contá- beis. O valor apresentado na DCTF, Dacon, DIPJ e a menor das bases de cálculos retiradas da contabilidade poderão ser considerados como sonegação fiscal. Assim, a sociedade é inadimplente quando declara os impostos a pagar nas respectivas declarações e esses valores declarados têm como base a contabilidade. Até final de 2004, a Receita Federal vinha emitindo Autos de Infra- ção com multa de 75%, para os tributos declarados em DCTF e não pagos. 32 Contabilidade geral Um absurdo, pois o tributo declarado e não pago deve ser inscrito em Dívi- da Ativa e cobrado pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional. Em recentes decisões, a própria Delegacia de Julgamento da Receita Federal vem espontaneamente reduzindo a multa de 75% para o percentu- al máximo de 20%, alegando o seguinte: Uma vez que referidos débitos foram informados em DCTF, por força no art. 18 da Lei nº. 10.833/2003, com redação dada pelo art. 25 da Lei 11.051/2004, e da retroatividade benigna estabelecida no art. 106 do CTN, a multa de 75% não pode subsistir, sendo mais própria para a espécie a multa de mora no percentual máximo de 20%. (art. 61, da Lei nº. 9.430/96) Essa decisão vale para qualquer período, mesmo anterior ao da edi- ção do art. 25 da Lei 11.051/2004, em função da retroatividade benigna constante no art. 106 do CTN. Os tributos (federais) declarados na DCTF, Dacon, dentre outras, e tendo suas bases de cálculo em conformidade com a contabilidade, mes- mo que não pagos têm incidência da multa de mora de no máximo 20% sobre o valor do tributo declarado. Finalmente a própria Receita Federal reparando um abuso de poder. Contudo, os crimes contra a ordem tributária praticados por par- ticulares, denominados crimes de sonegação fiscal (lei nº. 4.729/65), encontram-se definidos na Lei nº. 8.137, de 27 de dezembro de 1990, que assim dispõe: Art. 1º Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo, ou contribuição social e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas: I. omitir informação, ou prestar declaração falsa às autoridades fa- zendárias; II. fraudar a fiscalização tributária, inserindo elementos inexatos, ou omitindo operação de qualquer natureza, em documento ou livro exigido pela lei fiscal; III. falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, duplicata, nota de venda, ou qualquer outro documento relativo à operação tributável; IV. elaborar, distribuir, fornecer, emitir ou utilizar documento que saiba ou deva saber falso ou inexato; 33 Nome da unidade - Unidade 2 EA D -1 0- C C 2 .2 V. negar ou deixar de fornecer, quando obrigatório, nota fiscal, ou documento equivalente, relativa à venda de mercadoria ou prestação de serviço, efetivamente realizada, ou fornecê-la em desacordo com a legis- lação. VI. Pena – reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. Parágrafo único. A falta de atendimento da exigência da autoridade, no prazo de 10 (dez) dias, que poderá ser convertido em horas emrazão da maior ou menor complexidade da matéria ou da dificuldade quanto ao atendimento da exigência, caracteriza a infração prevista no inciso V. Art. 2º Constitui crime da mesma natureza: I. fazer declaração falsa ou omitir declaração sobre rendas, bens ou fatos, ou empregar outra fraude, para eximir-se, total ou parcialmente, de pagamento de tributo; II. deixar de recolher, no prazo legal, valor de tributo ou de contri- buição social, descontado ou cobrado, na qualidade de sujeito passivo de obrigação e que deveria recolher aos cofres públicos; III. exigir, pagar ou receber, para si ou para o contribuinte benefi- ciário, qualquer percentagem sobre a parcela dedutível ou deduzida de imposto ou de contribuição como incentivo fiscal; IV. deixar de aplicar, ou aplicar em desacordo com o estatuído, in- centivo fiscal ou parcelas de imposto liberadas por órgão ou entidade de desenvolvimento; V. utilizar ou divulgar programa de processamento de dados que permita ao sujeito passivo da obrigação tributária possuir informação con- tábil diversa daquela que é, por lei, fornecida à Fazenda Pública. Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. ContabUlUUaUe como prova em autuações fUscaUsU.4 A prova no processo Administrativo Fiscal é de fundamental im- portância e deve ser observada criteriosamente pelo contribuinte, através da prova o julgador forma sua convicção a favor ou contra a sociedade. “Quem alega e não prova não alegou”, alegação sem prova transforma-se em uma denúncia vazia. Por exemplo, o contribuinte alega na sua impugnação que não é devedor do tributo, pois já o pagou, no entanto não apresen- ta cópia do comprovante de recolhimento na peça impugnatória. 34 Contabilidade geral Seu argumento é inválido, não é acolhido, não está devidamente compro- vado, é nesse sentido que as provas devem ser consideradas. A produção de provas fortes e irrefutáveis deve ser preparada pelo contribuinte na ocasião da realização do ato jurídico (negociação: compra ou venda). A prova nada mais é do que um documento hábil (aceito pelo fisco) que suporta o lançamento contábil. Muitas vezes, os responsáveis pelas sociedades apresentam documentos parcialmente hábeis, documen- tos considerados não hábeis (pedido, rascunho de compras, sem identifi- cação) ou não apresentam documentos. O contador, por sua vez, cobra os devidos documentos, mas como a sociedade é dinâmica e já está envolvida em outras negociações não se preocupa com a documentação anterior. Então o lançamento contábil é feito com base na cópia de cheque sem a documentação comprobatória. O tempo passa, substitui-se o contador, o administrador ou até mesmo os sócios, a falta do documento só vai ser observada quando solicitado pelo fiscal, quase cinco anos após a data que deveria ser emitido. A administração sai correndo atrás da documentação, inútil, pois o fornecedor que vendeu fechou, até mesmo não é mais fornecedor da so- ciedade, não vai ter nenhuma vontade de procurar documentos ou, ainda, não foi emitido o respectivo documento fiscal naquela ocasião. São fatos lamentáveis, mais que normalmente ocorrem em nossas sociedades, é uma questão de cultura, pois são os sócios que administram suas próprias sociedades e acreditam que não é necessário manter toda a documentação em ordem. Todos os lançamentos contábeis necessitam de comprovantes há- beis, sejam eles de receitas, despesas ou variação patrimonial. A produção de provas é estabelecida pelos documentos que dão suporte aos lançamen- tos contábeis. Qualquer fragilidade expõe a sociedade em um processo de fiscalização. Várias são as formas de provas que acompanham o lançamento con- tábil: O próprio documento é o comprovante do lançamento contábil. a) Exemplo: nota fiscal de compras de peça, no diário consta o número da nota fiscal e o nome da sociedade, bem como o valor do docu- mento; Diferente é uma provisão de férias, na qual devem constar todos os b) funcionários que têm direito a férias. Em sociedades com 20, 100, 500, 1.000 ou mais funcionários, não é possível lançar na contabili- 35 Nome da unidade - Unidade 2 EA D -1 0- C C 2 .2 dade individualmente a provisão por funcionários. A prova consiste, neste caso, em os saldos contábeis estarem em conformidade com o total do relatório da provisão de férias e encargos, o qual é for- necido pelo setor pessoal da sociedade. No relatório de provisão de férias consta individualmente o nome de cada funcionário, a data de admissão, o período aquisitivo de férias, o número de meses a que tem direito a férias, o terço constitucional, bem como os encargos de FGTS (8,5%) e INSS (em torno de 28,8% - sociedade, SAT, ter- ceiros e aposentadoria especial), requisitos constantes no artigo 337 do Decreto 3.000/99 (RIR/99). Além disso, esse relatório é emitido pelo sistema do Setor de Pessoal, que possui cadastrados todos os funcionários da sociedade ou pode ser confeccionado em planilhas de acordo com a realidade da sociedade, sendo despesa dedutível em função da lei permitir. Se a sociedade, por ocasião do lançamento contábil, não efetuar a c) produção de provas, mediante o relatório de provisão de férias indi- vidualizado por funcionários, a despesa será glosada, devendo o va- lor ser adicionado ou lucro real. Fica difícil confeccionar essas pro- vas quando a sociedade for autuada, pois já se passou muito tempo e o período de defesa é de apenas 30 dias da data da ciência do auto de infração. A contabilidade levada a sério serve como instrumento de filtro da documentação, bem como de prova no PAF. “Os impostos ainda que não pagos e/ou a pagar são dedutíveis d) pelo período de competência”. (Parágrafo 2º, artigo 41 da Lei nº. 8981/95 e Artigo 1º da Lei nº. 9.316/96). Para isso, o contador deve elaborar demonstrativo, mês a mês, demonstrando a base de cálculo, a alíquota e outros valores que servirão de suporte para o cálculo do imposto, bem como declará-lo na DCTF. Se o fiscal não constatar subsídios necessários que comprovem o lançamento contábil, a des- pesa poderá ser glosada. Lançamentos Globais na Contabilidade – É um “prato cheio” para a fiscalização quando localiza na contabilidade despesas lançadas englobadamente, isto é, várias despesas (pagas ou a pagar) que são somadas e lançadas. Esse procedimento acaba facilitando o trabalho de investigação, pois o lançamento é facilmente identificado e de- pois porque se constitui provisão de lançamentos englobados, sem a devida comprovação, sendo indedutível a provisão para fins de IRPJ e CSSL (inciso I, do Art. 13, da Lei 9.249/95). 36 Contabilidade geral O raciocínio é o mesmo do item anterior: se na data do lançamento não estiver discriminado, passados de três a cinco anos fica quase impos- sível chegar à conclusão de quais documentos compõem o lançamento. Conforme matéria abaixo, a diferença entre Provisão e Contabilização pelo Regime de Competência: Diferentemente são os lançamentos pelos totais que estão individu-e) alizados em livros auxiliares de contabilização, que ficam à disposi- ção da fiscalização e lastreados por documentos hábeis. Outras contabilizações – principalmente planejamentos tributários f) e outras contabilizações, os quais são feitos utilizando-se de con- sultas, acórdãos ou interpretação da lei a favor da sociedade, devido a um provável questionamento em uma fiscalização – devem ser arquivados juntamente com os documentos contábeis, em formato de dossiê, explicando e comprovando o raciocínio que justificou o lançamento contábil. Especificar no histórico contábil os dados do lançamento. Exemplo: g) no ano de 2000, por um lapso a sociedade, esta não contabilizou a sua NF nº 1.111, relativa à receita, porém lançou-a no ano posterior, em 2001, quando detectou a incorreção. Se não efetuar olançamen- to de forma discriminada no diário e em separado das demais notas fiscais, o lançamento não poderá ser identificado no livro diário, consequentemente, se detectado o valor não lançado em 2000, o fisco autuará e a sociedade não poderá compensar o lançamento efetuado em 2001, bem como será configurada a omissão de receita e crime contra a ordem tributária. A exposição deste assunto tem como objetivo alertar os contri- buintes e seus contadores de que a produção de prova deve ser feita por ocasião da realização do negócio e da contabilização, cabendo até uma indagação mental (tanto para o contribuinte como para o contador): Em uma fiscalização, esse documento será aceito pelo fisco? É um documen- to suficientemente hábil ou é necessário um laudo e outros documentos subsidiários que comprovem a transação? Quais as probabilidades de o julgador aceitar o documento? Tomando todas as precauções possíveis, no momento adequado, não será uma tarefa difícil convencer o fiscal ou o julgador. São filtros que facilitarão a defesa do contribuinte em autua- ções fiscais, pois produzir provas, passados anos, em tempo curto (30 dias para a impugnação), tende a ser uma prova fraca e sem poder probatório suficiente de convencimento dos julgadores, pelos fatos expostos, bem 37 Nome da unidade - Unidade 2 EA D -1 0- C C 2 .2 como uma contabilidade com suporte documental torna-se prova a favor da sociedade, provando a boa-fé do contribuinte e exigindo a prova em contrário do fisco. Veja a seguir o resultado de um julgamento que ratifica o comentado anteriormente: ACÓRDÃO 108-07.816 Órgão: 1º Conselho de Contribuintes / 8ª Câmara 1º Conselho de Contribuintes / 8ª Câmara / ACÓRDÃO 108- 07.816 em 13/5/2004 IRPJ e OUTROS/SIMPLES – Ex.: 1998 e 1999 PAF – APURAÇÃO CONTÁBIL – A ciência contábil é formada por uma estrutura única composta de postulados e orientada por princí- pios. Sua produção deve ser a correta apresentação do patrimônio, com apuração de suas mutações e análise das causas de suas variações. A apu- ração contábil observará as três dimensões na qual está inserida e as quais deve servir: comercial – a Lei 6404/1976; contábil – Resolução 750/1992 e fiscal, que implica em chegar ao cálculo da renda, obedecendo a cri- térios constitucionais com fins tributários. A regência da norma jurídica originária de registro contábil tem a sua natureza dupla: descrever um fato econômico em linguagem contábil sob forma legal e um fato jurídico imposto legal e prescritivamente. Feito o registro contábil, como deter- mina a lei, torna-se norma jurídica individual e concreta, observada por todos, inclusive a administração, fazendo prova a favor do sujeito passivo. Caso contrário, faz prova contra. Recurso negado. Por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso. Dorival Padovan – Presidente Publicado no DOU em: 20/7/2004 Relator: Ivete Malaquias Pessoa Monteiro Recorrente: URBAPI URBANIZADORA DO PIAUÍ LTDA. AtUvUUaUes Identifique a alternativa que contém o conceito mais correto de patri-01. mônio: ( ) Conjunto de bens e direitos ( ) Conjunto de bens e obrigações 38 Contabilidade geral ( ) Conjunto de bens, direitos e obrigações ( ) Conjunto de bens, direitos e obrigações, avaliados em moeda e per-tencentes a uma entidade contábil Enquanto o aspecto qualitativo do patrimônio refere-se à espécie de 02. cada elemento que o compõe, o aspecto quantitativo refere-se: ( ) à quantidade física dos bens e dos direitos. ( ) aos valores em moeda dos componentes do patrimônio. ( ) à quantidade dos estoques existentes. ( ) ao total dos valores existentes em caixa. Assinale as alternativas que contêm apenas obrigações:03. Fornecedores, duplicatas a receber, dinheiroa) Móveis, clientes, fornecedoresb) Fornecedores, duplicatas a pagar, salários a pagarc) Assinale a alternativa que contém apenas bens móveis:04. Fornecedores, duplicatas a receber, dinheiroa) Móveis, veículos, máquinas e equipamentosb) Fornecedores, duplicatas a pagar, salários a pagar.c) Coloque (V) para verdadeiro e (F) para falso:05. Elementos positivos são as obrigações. )( Elementos positivos são os bens e as obrigações. )( O ativo é composto por bens e direitos. )( O passivo é composto por elementos negativos. )( Ativo e passivo compõem o patrimônio da sociedade. )( Este exercício está muito fácil. )( Responda às questões a seguir.06. Qual é o conceito de Patrimônio?a) 39 Nome da unidade - Unidade 2 EA D -1 0- C C 2 .2 O que são bens? Cite cinco exemplos de bens.b) O que são bens materiais e como se dividem?c) O que são bens móveis e imóveis? Cite três exemplos.d) O que são bens imateriais? Cite dois exemplos.e) O que você entende por direitos? E por obrigações? Cite três exem-f) plos. Quais são os elementos componentes do patrimônio?g) 40 Contabilidade geral Exercício prático07. Represente graficamente e apure a situação líquida: Caso 1 (já resolvido): Itens R$ Caixa 200 Móveis e utensílios 300 Duplicatas a pagar 170 Veículos 30 Salários a pagar 20 Duplicatas a receber 70 BALANÇO PATRIMONIAL ATIVO PASSIVO Caixa 200 Duplicatas a pagar 170 Móveis e utensílios 300 Salários a pagar 20 Veículos 30 Soma 190 Duplicatas a receber 70 (+) Situação líquida 410 TOTAL 600 TOTAL 600 Resultado: a situação líquida é positiva em $ 410. O gráfico em “T” utilizado para representar a situação patrimonial de 08. uma sociedade, evidenciando os bens, direitos e obrigações devidamente agrupados em ativo e passivo, denomina-se: ( ) balança. ( ) balanço. ( ) ativo e passivo. ( ) balanço patrimonial. A diferença entre ativo (bens e direitos) e passivo (obrigações) deno-09. mina-se: ( ) balanço patrimonial. ( ) situação líquida. ( ) situação líquida positiva. ( ) situação líquida negativa. 41 Nome da unidade - Unidade 2 EA D -1 0- C C 2 .2 Situação líquida ativa é o mesmo que:10. ( ) positiva ou deficitária. ( ) passiva ou negativa. ( ) positiva ou superavitária. ( ) positiva e passivo a descoberto. Situação líquida passiva é o mesmo que:11. ( ) passivo a descoberto. ( ) negativo ou superavitária. ( ) ativa ou superavitária. ( ) nula ou inexistente. A equação ativo maior que zero, passivo maior que zero e situação 12. líquida menor que zero evidencia: ( ) situação líquida positiva. ( ) situação líquida negativa. ( ) situação líquida superavitária. ( ) situação líquida nula. A equação ativo maior que zero, passivo maior que zero e situação 13. líquida igual a zero evidencia: ( ) situação líquida positiva. ( ) situação líquida negativa. ( ) passivo a descoberto. ( ) situação líquida nula ou inexistente. Reflexão Muitos profissionais da área não conhecem os aspectos introdu- tórios da profissão contábil, bem como a origem da ciência, seu objeto de estudo, campo de atuação e carreira profissional. Tais aspectos são bases para compreender a evolução da profissão. 42 Contabilidade geral Com o advento da convergência contábil, o país passa por um pro- cesso de transição em que o profissional precisa atualizar-se – o que já era da natureza das ciências contábeis –, porém, nesta fase, com maior afinco. Neste processo e diante das mudanças que surgem, a profissão contábil torna-se mais valorizada, e o profissional com mais domínio do conheci- mento contábil mais procurado. Desse modo, é importante que esse profissional conheça a origem da ciência contábil; compreenda a necessidade da contabilidade como lin- guagem homogênea no atual ambiente de negócios globalizado e conheça os diversos fatores que impactam na diversidade das práticas contábeis de país para país. LeUturas recomenUaUas FRANCO, Hilário.Contabilidade geral. São Paulo: Atlas. RIBEIRO, Osni M. Contabilidade básica. 27. ed. São Paulo: Saraiva. ReferêncUas bUblUográfUcas ASSAF NETO, Alexandre. Finanças corporativas e valor. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2005. IUDÍCIBUS, Sérgio (Coord.) & Equipe de Professores da FEA/USP. Contabilidade introdutória. 9. ed. São Paulo: Atlas, 1998. IUDÍCIBUS, Sérgio; MARION, José Carlos. Contabilidade comer- cial: atualizado conforme o Novo Código Civil. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2006. IUDÍCIBUS, Sérgio; MARTINS, Eliseu; GELBECKE, Ernesto R. Manual de contabilidade das sociedades por ações. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2007. ______. Manual de contabilidade das sociedades por ações: aplicá- vel às demais sociedades. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2007. 43 Nome da unidade - Unidade 2 EA D -1 0- C C 2 .2 MARION, José Carlos. Contabilidade básica. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2004. PADOVEZE, Clóvis Luis. Manual de contabilidade básica: uma in- trodução à prática contábil. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2004. TREVISAN, Antoninho M. Como entender balanços. 2. ed. Editora Universitária. Na próxUma unUUaUe Na próxima unidade, você conhecerá os princípios e convenções contábeis, tais como: Postulado da Entidade, Postulado da Continuida- de, Princípio da Realização da Receita, Princípio da Confrontação da Despesa, Princípio do Denominador Comum Monetário, Princípio da Competência, Convenção da Objetividade, Convenção da Consistência, Convenção do Conservadorismo, demonstrando a importância deles na uniformização da contabilidade aplicada em nosso país. A unidade será importante para que você, além de conhecer a ori- gem dos princípios e convenções pertinentes à contabilidade, entenda a aplicação de cada princípio e aprenda a encerrar um balancete e fazer a transferência do resultado apurado para as contas do balanço patrimonial. Veremos que toda a ciência tem seus princípios, também chamados de postulados ou convenções, que funcionam como pilares ou norteadores e direcionam a interpretação. Então, como a contabilidade é uma ciência, entendê-los é fundamental para a adequação das demonstrações contá- beis. Além disso, trataremos dos objetivos da contabilidade, das infor- mações geradas pela contabilidade (ou geração de informações, a serem utilizadas por determinados usuários em decisões que buscam a realização de interesses e objetivos próprios) e falaremos a respeito dos usuários da contabilidade. 44 Contabilidade geral U nU Ua Ue 2 MUnhas anotações: U nU Ua Ue 2 Princípios e convenções contábeis Processo de ensino-aprendizagem Nesta segunda unidade, apresentaremos os princípios e as convenções que regem a contabi- lidade, bem como a sua aplicação. Objetivos da sua aprendizagem Após o estudo desta unidade, você será capaz de: conhecer postulados contábeis, princípios e convenções; compreender a necessidade da contabilidade como linguagem homogênea no atual ambiente de negócios globalizado; aplicar na práticas os princípios contábeis. Você se lembra? Você se lembra de ter ouvido em aula que muitas empresas filiais no Brasil deveriam publicar suas demonstrações contábeis seguindo as normas brasileiras e as normas do país onde a matriz está localizada? Recentemente esse cenário está mudando. Com a intenção de conver- gir para as normas internacionais e reduzir o trabalho das empresas, as normas brasileiras de contabilidade sofreram alterações. Algumas dessas alterações vocês conhecerão nesta unidade. 46 Contabilidade geral IntroUução Toda a ciência tem seus princípios, também chamados de postu- lados ou convenções, os quais funcionam como pilares ou norteadores que direcionam a sua interpretação. Então, como a contabilidade é uma ciência, entendê-los é fundamental para a adequação das demonstrações contábeis. A seguir citamos os mais usuais. PostulaUos Ua contabUlUUaUe2.U Na lógica tradicional, um axioma ou postulado é uma sentença ou proposição que não é provada ou demonstrada, sendo considerada óbvia ou como um consenso inicial necessário para a construção ou aceitação de uma teoria. Por essa razão, é aceito como verdade e serve como ponto inicial para a dedução e as inferências de outras verdades (dependentes de teoria). Nas teorias das ciências naturais, um axioma é considerado uma verdade evidente, que é aceita como tal mas que, no rigor da palavra, não pode ser demonstrada ou provada como uma verdade absoluta dentro do domínio de sua aplicação; um axioma é geralmente derivado de intuição ou de conhecimento empírico, os quais apoiam-se em todos os fatos cien- tíficos até então conhecidos e relevantes à área em estudo. A viabilidade ou utilidade de tais teorias e a classificação delas como teorias científicas válidas ou já aprimoradas, todas sempre logicamente derivadas de forma correta de suas premissas (dos axiomas), dependem das escolhas acura- das de seus axiomas e da corroboração deles frente aos fatos científicos conhecidos na época em que foram propostos, bem como frente aos que forem gradualmente descobertos em épocas futuras às suas proposições. Fatos novos, ao serem descobertos, podem levar à evolução das teorias mediante necessidade explícita de modificações em seus axiomas, que, conforme propostos no paradigma científico evoluído e ora válido, devem se manter sempre corroborados pela íntegra dos fatos científicos conheci- dos até a data em questão. Na contabilidade isso não difere. Os postulados da contabilidade di- zem que a existência das ciências contábeis necessita da presença de dois fatores: a entidade e a continuidade desta. Para a contabilidade, para que haja a ação da ciência contábil, faz-se necessário que exista uma entidade, que esta possua um patrimônio e que este patrimônio esteja trabalhando. 47 Princípios e convenções contábeis - Unidade 2 EA D -1 0- C C 2 .2 PostulaUo Ua EntUUaUe2.U.U Postulado Contábil da Entidade: define a entidade contábil, dando a esta vida e per- sonalidade próprias. A entidade (sociedade) não se confunde com a pessoa física do só- cio (pessoas distintas). PostulaUo Ua ContUnuUUaUe2.2 Postulado Contábil da Continuidade: determina que a entidade é um empreendimento em andamento, com intenção de existência indefinida, ou por tempo de duração indeterminado, devendo sobreviver aos seus próprios fundadores e ter seu patrimônio avaliado pela sua potencialidade de gerar benefícios futuros (lucros), e não pela sua capacidade imediata de ser útil somente à entidade. PrUncípUos Ue ContabUlUUaUe2.3 Os princípios e sua observância Os Princípios de Contabilidade, nova denominação dada aos Prin- cípios fundamentais de Contabilidade pela Resolução CFC nº 1.282/10, foram fixados pelo Conselho Federal de Contabilidade por meio da Reso- lução n° 750/93, cujos dispositivos passamos a comentar. Anterior a esta resolução, os princípios eram chamados de Princí- pios fundamentais de Contabilidade. Conexão: Para você se atualizar e conhecer a aplicação das mudanças contábeis, leia o CPC 13 – Adoção Inicial da Lei nº. 11.638/07 e da Lei nº. 11941/2009, disponível em: http://www.cpc.org.br/pronun- ciamentosIndex.php Resolução CFC nº 750/93 – Dispõe sobre os Princípios de Conta- bilidade (PC). O Conselho Federal de Contabilidade, no exercício de suas atribuições legais e regimentais, considerando a necessidade de prover fundamentação apropriada para interpretação e aplicação das Normas Brasileiras de Conta- bilidade, resolve: Princípios e convenções contábeis - Unidade 2 48 Contabilidade geral Art. 1º Constituem Princípios de Contabilidade (PC) os enunciados por esta Resolução. § 1º A observância dos Princípios de Contabilidade é obrigatória no exercício da profissão e constituicondição de legitimidade das Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC). § 2º Na aplicação dos Princípios de Contabilidade a situações con- cretas, a essência das transações deve prevalecer sobre seus aspectos for- mais. A Resolução CFC nº 750, de 29 de dezembro de 1993, em sua re- dação original adotava a denominação “Princípios Fundamentais de Con- tabilidade”. Todavia, com a edição da Resolução CFC nº 1.282, de 28 de maio de 2010, essa denominação foi substituída por “Princípios de Conta- bilidade”, expressão que, segundo o Conselho Federal de Contabilidade, é “suficiente para o perfeito entendimento dos usuários das demonstrações contábeis e dos profissionais da Contabilidade”. Como justificativas para alterar amplamente a Resolução CFC nº 750/93 por meio da Resolução CFC nº 1.282/10, o conselho considerou: 1 – que, por conta do processo de convergência às normas interna- cionais de contabilidade, o Conselho Federal de Contabilidade emitiu a NBC T 1 – Estrutura Conceitual para a Elaboração e Apresentação das Demonstrações Contábeis, que discute a aplicabilidade dos Princípios de Contabilidade contidos na Resolução CFC nº 750/93; 2 – a necessidade de manutenção da Resolução CFC nº 750/93, que foi e continua sendo referência para outros organismos normativos e reguladores brasileiros; 3 – a importância do conteúdo doutrinário apresentado na Resolu- ção CFC nº 750/93, que continua sendo, nesse novo cenário convergido, o alicerce para o julgamento profissional na aplicação das Normas Brasilei- ras de Contabilidade; 4 – que, para assegurar a adequada aplicação das Normas Brasilei- ras de Contabilidade à luz dos Princípios de Contabilidade, há a necessi- dade de harmonização dos dois documentos vigentes (Resolução CFC nº 750/93 e NBC T 1); Na nova redação dada à Resolução CFC nº 750/93, deixou de constar o princípio do registro pelo valor original, revogado pela Resolução CFC nº 1.282/10. Na verdade, a atualização monetária não 49 Princípios e convenções contábeis - Unidade 2 EA D -1 0- C C 2 .2 foi abolida pela resolução citada, já que passou a ser tratada, dentro do princípio do registro pelo valor original (art. 7º, § 1º, II, “e”), como uma das espécies das variações do custo histórico. Vale dizer que a atualiza- ção monetária perdeu o status de princípio, mas continua a ter aplicação como elemento das bases de mensuração dos componentes patrimoniais. Os profissionais da área contábil são obrigados a adotar, em suas ativida- des, os conceitos enunciados pela Resolução CFC nº 750/93, sob pena de multa e de suspensão do exercício profissional (art. 11). Além disso, para o contabilista, a observância dos princípios significa prestigiar a entidade reguladora de sua profissão, o Conselho Federal de Contabilidade, respon- sável por baixar as Normas Brasileiras de Contabilidade. A essência das transações, quer dizer, o que de fato elas representam para o patrimônio, deve predominar sobre seus aspectos formais ou aparentes. Independente da forma jurídica, a contabilidade deve traduzir primordialmente o efeito econômico da transação. Por exemplo, quando uma entidade adquire bens com financiamento bancário, um artifício empregado pela instituição financeira para garantir o recebimento do valor financiado é a alienação fiduciária em garantia. Desse modo, o bem comprado é transferido para a propriedade da instituição financeira, embora permaneça na posse di- reta da entidade compradora, que assume a condição de depositária do bem e pode utilizá-lo normalmente. Essa transferência da propriedade é transitória, tornando-se sem efeito após a quitação da dívida. Apesar de o bem, dentro do período de duração do contrato de alienação fiduciária, ser de propriedade da instituição financeira, ele é registrado contabilmente no ativo da entidade compradora, quando da sua entrega pelo vendedor. Nesse caso, prevalece a essência da transação (que se assemelha à compra e venda a prazo) sobre os aspectos formais, ou seja, legais. Se prevaleces- sem os aspectos formais, o bem deveria estar registrado no ativo da insti- tuição financeira, que é sua proprietária. ConceUtuação, amplUtuUe e enumeração2.3.U Art. 2º Os Princípios de Contabilidade representam a essência das doutrinas e teorias relativas à ciência da contabilidade, consoante o en- tendimento predominante nos universos científico e profissional de nosso país. Concernem, pois, à contabilidade no seu sentido mais amplo de ciên- cia social, cujo objeto é o patrimônio das entidades. 50 Contabilidade geral Art. 3º São Princípios de Contabilidade: I) o da entidade; II) o da continuidade; III) o da oportunidade; IV) o do registro pelo valor original; V) o da atualização monetária; VI) o da competência; e VII) o da prudência. Por ser uma ciência social, portanto não exata, a contabilidade ne- cessita de princípios por meio dos quais sejam convencionados critérios uniformes de adoção obrigatória na sua execução. Se, por exemplo, uma empresa adotasse o regime de competência e outra o regime de caixa, seria impraticável a comparação de seus resultados nos períodos conside- rados. Assim, os princípios funcionam como um padrão a ser seguido por todos os que se ocupam da contabilidade, pois possibilitam que as técni- cas contábeis sejam desenvolvidas uniformemente. Os princípios são decorrentes da observância da aplicação das téc- nicas contábeis, da prática contábil e têm como objetivo tornar as infor- mações contábeis divulgadas uniformes, confiáveis e úteis para o público nelas interessado. PrUncípUo Ua EntUUaUe2.3.U.U Art. 4º O Princípio da Entidade reconhece o patrimônio como ob- jeto da contabilidade e afirma a autonomia patrimonial, a necessidade da diferenciação de um patrimônio particular no universo dos patrimônios existentes, independentemente de pertencer a uma pessoa, um conjunto de pessoas, uma sociedade ou instituição de qualquer natureza ou finalidade, com ou sem fins lucrativos. Por consequência, nessa acepção, o patrimô- nio não se confunde com aqueles dos seus sócios ou proprietários, no caso de sociedade ou instituição. Parágrafo único. O patrimônio pertence à entidade, mas a recí- proca não é verdadeira. A soma ou agregação contábil de patrimônios autônomos não resulta em nova entidade, mas numa unidade de natureza econômico-contábil. Conexão: Para você se atualizar e conhecer a aplicação das mudanças contábeis, acesse o site do CRC do seu estado e veja a adoção Inicial da Lei nº. 11.638/07 e da Lei nº. 11941/2009, dispo- nível em: http://www.cpc.org. br/pronunciamentosIn- dex.php 51 Princípios e convenções contábeis - Unidade 2 EA D -1 0- C C 2 .2 O objeto da contabilidade ou assunto do qual ela trata é o patrimô- nio. É preciso, porém, delimitar-se o patrimônio que será objeto da orien- tação, do controle e do registro contábeis. Em se tratando de sociedade, é necessário reconhecer diferenças entre o patrimônio dos sócios e o da pessoa jurídica, pois esta e aqueles são sujeitos de direitos e obrigações legais diferentes. Uma ação trabalhista, por exemplo, deve ser proposta pelo empregado contra a pessoa jurídica empregadora, e não contra seus sócios, ainda que eles, por disposição contratual, pratiquem atos em nome da pessoa jurídica. No caso da pessoa física que desenvolve atividades comerciais, industriais, de produção rural etc., há necessidade da segregação dos bens, direitos e obrigações afetados por essas atividades. A pessoa física que utiliza parte de sua residência na exploração de atividade comercial, a rigor, deve manter registros contábeis separados para o controle dos bens, direitos e obrigações vinculados à atividade empre- sarial. Por determinação do Código Civil, o titular de um patrimônio é, necessariamente, pessoa física ou jurídica,uma vez que só quem tem per- sonalidade pode ser titular de direitos e obrigações jurídicas. Isso explica o fato de o patrimônio pertencer à entidade, mas a entidade não pertencer ao patrimônio. A entidade é o sujeito dos direitos e obrigações que constituem o patrimônio. A soma ou agregação contábil de patrimônios autônomos não resulta em nova entidade. Da consolidação das demonstrações da controladora e de suas controladas, por exemplo, não surge uma nova entidade, mas apenas uma unidade de natureza econômico-contábil. A unidade decorre do fato de as entidades envolvidas pertencerem a uma mesma pessoa (a sociedade controladora), apesar de serem pessoas distintas do ponto de vista legal, cada uma com seus direitos e obriga- ções. PrUncípUo Ua ContUnuUUaUe2.3.U.2 Art. 5º O Princípio da Continuidade pressupõe que a entidade con- tinuará em operação no futuro e, portanto, a mensuração e a apresentação dos componentes do patrimônio levam em conta esta circunstância. 52 Contabilidade geral Salvo disposição legal, contratual ou evidências em contrário, presume-se que a vida da entidade é contínua e que ela deverá desempe- nhar suas atividades por um período indeterminado. Pode ocorrer de o contrato ou a lei, em caso excepcional, determinarem o prazo de duração da entidade, ou de as evidências nos levarem à conclusão de que ela não continuará a desenvolver suas operações por muito tempo. É o caso de uma entidade com falência decretada ou em fase de liquidação (situação anterior à extinção da sociedade, em que se promove a realização do ativo e o pagamento do passivo exigível – o acervo líquido, se houver, será di- vidido entre os acionistas). Os ativos de uma entidade normalmente sofrem efeitos negativos em função da descontinuidade das suas operações. Para ilustrar se uma com- panhia entra em liquidação, como regra o valor apurado por seus ativos é significativamente menor que o valor normal de realização dos bens, em virtude das circunstâncias em que estão sendo vendidos. O passivo tam- bém pode ser afetado. Na liquidação, por exemplo, não há distinção entre dívidas vencidas e vincendas, exceto pelo desconto aplicável ao valor dessas. Se uma entidade trabalha com a presunção de descontinuidade de suas operações, não há sentido na aplicação do princípio da competência no registro das suas transações. O diferimento de uma receita por vários exercícios, por exemplo, não pode ser aplicado a uma entidade que terá suas atividades encerradas no curto prazo. O mais adequado, nesse caso, será a adoção do regime de caixa e a avaliação pelo valor presente. PrUncípUo Ua OportunUUaUe2.3.U.3 Art. 6º O Princípio da Oportunidade refere-se ao processo de men- suração e apresentação dos componentes patrimoniais para produzir infor- mações íntegras e tempestivas. Parágrafo único. A falta de integridade e tempestividade na produ- ção e na divulgação da informação contábil pode ocasionar a perda de sua relevância, por isso é necessário ponderar a relação entre a oportunidade e a confiabilidade da informação. O princípio da oportunidade exige o registro de todas as variações sofridas pelo patrimônio da entidade no momento em que elas ocorrerem, ainda que sejam considerados valores estimados. Um exemplo é o registro 53 Princípios e convenções contábeis - Unidade 2 EA D -1 0- C C 2 .2 da depreciação. O tempo de vida útil de um bem é baseado numa hipóte- se mais ou menos fundamentada tecnicamente e dependente de diversos fatores aleatórios. Apesar disso, a depreciação deve ser registrada no momento em que há a perda de valor do bem. Como é difícil determinar o valor exato dessa perda, os cálculos são feitos por estimativas. A inte- gridade diz respeito à necessidade de os registros serem confiáveis, isto é, sem faltas ou excessos. A tempestividade determina que as variações sejam registradas no momento oportuno, mesmo na hipótese de alguma incerteza de valor. A informação divulgada fora do momento adequado e/ou que não seja confiável normalmente deixa de ser importante para o público nela interessado. Por exemplo, no mercado de ações o investidor não pode esperar um relatório contábil por muito tempo antes de tomar decisões. Portanto, é preciso haver agilidade na divulgação da informação, sem se perder de vista a segurança quanto à sua veracidade. Nesse sentido, é importante agir com precaução para evitar que do uso de estimativas resultem ativos e receitas superestimados e passivos e despesas subesti- mados, como reza o princípio da prudência (art. 10, parágrafo único). A esse respeito, eis o que diz o item 43 da Deliberação CVM nº 539/08, que aprova o Pronunciamento Conceitual Básico do CPC que dispõe sobre a Estrutura Conceitual para a Elaboração e Apresentação das Demonstra- ções Contábeis: Quando há demora indevida na divulgação de uma informação, é possível que ela perca a relevância. A administração da entidade necessita ponderar os méritos relativos entre a tempestividade da divul- gação e a confiabilidade da informação fornecida. Para fornecer uma informação na época oportuna pode ser necessário divulgá-la antes que todos os aspectos de uma transação ou evento sejam conhecidos, pre- judicando assim a sua confiabilidade. Por outro lado, se para divulgar a informação a entidade aguardar até que todos os aspectos se tornem conhecidos, a informação pode ser altamente confiável, porém de pouca utilidade para os usuários que tenham tido necessidade de tomar deci- sões nesse ínterim. Para atingir o adequado equilíbrio entre a relevân- cia e a confiabilidade, o princípio básico consiste em identificar qual a melhor forma para satisfazer às necessidades do processo de decisão econômica dos usuários. 54 Contabilidade geral PrUncípUo Uo RegUstro pelo Valor OrUgUnal2.3.U.4 Art. 7º O Princípio do Registro pelo Valor Original determina que os componentes do patrimônio devem ser inicialmente registrados pelos valores originais das transações, expressos em moeda nacional. § 1º As seguintes bases de mensuração devem ser utilizadas em graus distintos e combinadas, ao longo do tempo, de diferentes formas: I – Custo histórico. Os ativos são registrados pelos valores pagos ou a serem pagos em caixa ou equivalentes de caixa ou pelo valor justo dos recursos que são entregues para adquiri-los na data da aquisição. Os passivos são registrados pelos valores dos recursos que foram recebidos em troca da obrigação ou, em algumas circunstâncias, pelos valores em caixa ou equivalentes de caixa, os quais serão necessários para liquidar o passivo no curso normal das operações; e II – Variação do custo histórico. Uma vez integrados ao patrimônio, os componentes patrimoniais, ativos e passivos, podem sofrer variações decorrentes dos seguintes fatores: a) Custo corrente. Os ativos são reconhecidos pelos valores em caixa ou equivalentes de caixa, os quais teriam de ser pagos se esses ati- vos ou ativos equivalentes fossem adquiridos na data ou no período das demonstrações contábeis. Os passivos são reconhecidos pelos valores em caixa ou equivalentes de caixa, não descontados, que seriam necessários para liquidar a obrigação na data ou no período das demonstrações contá- beis; b) Valor realizável. Os ativos são mantidos pelos valores em caixa ou equivalentes de caixa, os quais poderiam ser obtidos pela venda em uma forma ordenada. Os passivos são mantidos pelos valores em caixa e equivalentes de caixa, não descontados, que se espera seriam pagos para liquidar as correspondentes obrigações no curso normal das operações da entidade; c) Valor presente. Os ativos são mantidos pelo valor presente, des- contado do fluxo futuro de entrada líquida de caixa que se espera seja gerado pelo item no curso normal das operações da entidade. Os passivos são mantidos pelo valor presente,descontado do fluxo futuro de saída líquida de caixa que se espera seja necessário para liquidar o passivo no curso normal das operações da entidade; 55 Princípios e convenções contábeis - Unidade 2 EA D -1 0- C C 2 .2 d) Valor justo. É o valor pelo qual um ativo pode ser trocado, ou um passivo liquidado, entre partes conhecedoras, dispostas a isso, em uma transação sem favorecimentos; e e) Atualização monetária. Os efeitos da alteração do poder aquisi- tivo da moeda nacional devem ser reconhecidos nos registros contábeis mediante o ajustamento da expressão formal dos valores dos componentes patrimoniais. § 2º São resultantes da adoção da atualização monetária: I – a moeda, embora aceita universalmente como medida de valor, não representa unidade constante em termos do poder aquisitivo; II – para que a avaliação do patrimônio possa manter os valores das transações originais, é necessário atualizar sua expressão formal em moeda nacional, a fim de que permaneçam substantivamente corretos os valores dos componentes patrimoniais e, por consequência, o do patrimô- nio líquido; e III – a atualização monetária não representa nova avaliação, mas tão somente o ajustamento dos valores originais para determinada data, me- diante a aplicação de indexadores ou outros elementos aptos a traduzir a variação do poder aquisitivo da moeda nacional em um dado período. Os elementos que compõem o patrimônio de uma entidade podem ter origem em transações com os sócios ou com terceiros. São as quantias contrata- das nessas transações que representam os valores originais. No caso de aquisição de um ativo, por exemplo, deve-se adotar o seu custo histórico para efeito de registro, ou seja, o valor pago ou a pagar em dinheiro ou o valor justo dos recursos a serem transferidos ao fornecedor na data da aquisição. Uma vez integrado ao ativo, o valor do bem (seu custo histórico) pode sofrer variações em razão destes fatores: Custo corrente – O ativo (um equipamento, por exemplo) inicial- mente registrado pelo custo histórico terá seu valor corrente representado pelo desembolso necessário para adquiri-lo no mercado caso seja tomada como base a data das demonstrações. Todavia, é preciso considerar o ati- vo no estado em que se encontra, e não o custo de um bem novo igual ou semelhante. De forma idêntica, um passivo registrado contabilmente pelo custo histórico terá valor corrente equivalente ao que seria desembolsado para quitá-lo na data das demonstrações, sem desconto a valor presente. 56 Contabilidade geral Valor realizável – Consiste no valor que seria apurado na hipótese de o ativo ser vendido em condições normais. Já o valor realizável (ou exigível) de um passivo é o que seria desembolsado, sem desconto a valor presente, para quitá-lo. Valor presente – É o valor atual do fluxo futuro de caixa que o ativo vai gerar. É o que acontece, por exemplo, no caso do ajuste a valor pre- sente de contas a receber realizáveis a longo prazo. No caso do passivo é o valor atual dos pagamentos que serão necessários para saldá-lo. Valor justo – Trata-se do valor pelo qual o ativo poderia ser trocado ou o passivo quitado sem favorecimento entre as partes. Assim, não pode ser um preço acima ou abaixo do mercado, em benefício ou prejuízo de uma das partes, como é possível acontecer nas transações entre pessoas ligadas. Atualização monetária – Eis aqui o extinto princípio do registro pelo valor original, agora como um dos critérios para registro das variações do custo histórico. A atualização monetária não representa aumento real de valor, e sim um mecanismo de manutenção do poder aquisitivo original dos valores registrados contabilmente. Com os efeitos da inflação, se não for adotada a atualização monetária, os valores registrados pela contabili- dade deixam de representar o poder de compra original. Se considerarmos um determinado valor em moeda em duas datas diferentes, teoricamente, o valor em moeda na data 1 terá poder de compra igual a esse valor em moeda na data 2 acrescido da correção monetária. Isso significa que o valor na data 1 e o valor corrigido monetariamente na data 2 deveriam possibilitar a compra dos mesmos bens. Quanto a alguns bens, o mercado possui mecanismos de atualiza- ção. Uma parte significativa da alteração dos preços dos bens no mercado corresponde à correção de seus valores em virtude da inflação. Se imagi- narmos essa correção aplicada a todos os bens, verificaremos que ela não representa um aumento real de valor, mas a atualização dos preços em virtude dos efeitos da inflação. O problema é que alguns grupos sociais não conseguem repassar os efeitos da inflação para os preços de seus bens e serviços. 57 Princípios e convenções contábeis - Unidade 2 EA D -1 0- C C 2 .2 PrUncípUo Ua CompetêncUa2.3.U.5 Art. 9º O Princípio da Competência determina que os efeitos das transações e outros eventos sejam reconhecidos nos períodos a que se re- ferem, independentemente do recebimento ou pagamento. Parágrafo único. O Princípio da Competência pressupõe a simulta- neidade da confrontação de receitas e de despesas correlatas. Conforme o princípio da competência, as receitas e despesas devem ser registradas no período ao qual pertencem, ainda que não tenham sido recebidas ou pagas. Segundo esse raciocínio, a receita de venda é realiza- da quando da efetiva entrega da mercadoria e a receita de serviço, quando da sua efetiva prestação. Os valores recebidos antecipadamente, por conta da entrega de mercadoria ou prestação futura de serviço, devem ser regis- trados no passivo exigível. Por definição, despesa é um sacrifício patrimonial necessário à realização de receita. Trata-se da redução de um ativo ou do aumento de um passivo com a finalidade de gerar receita. Portanto, o resultado deve ser formado pelas receitas realizadas, segundo o regime de competência, e pelas despesas necessárias à geração das receitas correspondentes, vale dizer, pela confrontação das receitas e despesas correlatas. Por exemplo, realizada a receita da venda de mercadoria ou da prestação de serviços, devem ser consideradas incorridas, simultaneamente, as despesas relati- vas aos custos das mercadorias vendidas ou serviços prestados. PrUncípUo Ua PruUêncUa2.3.U.6 Art. 10. O Princípio da Prudência determina a adoção do menor va- lor para os componentes do ativo e do maior para os do passivo, sempre que se apresentem alternativas igualmente válidas para a quantificação das mutações patrimoniais que alterem o patrimônio líquido. Parágrafo único. O Princípio da Prudência pressupõe o emprego de certo grau de precaução no exercício dos julgamentos necessários às estimativas em certas condições de incerteza, no sentido de que ativos e receitas não sejam superestimados e que passivos e despesas não sejam subestimados, atribuindo maior confiabilidade ao processo de mensura- ção e apresentação dos componentes patrimoniais. 58 Contabilidade geral O Princípio da Prudência deve ser considerado quando o contabi- lista tiver de avaliar o provável efeito de um evento sobre o patrimônio, diante de duas ou mais alternativas que ele julgue igualmente possíveis de se materializar. Nesse caso, deve ser adotada a opção da qual resulte me- nor valor para o ativo ou maior valor para o passivo exigível. É importante observar que as alternativas consideradas devem ser equivalentes, ou seja, envolver um grau semelhante de incerteza. Se uma for mais provável que a outra, não será o caso da aplicação da opção que resulte em menor ou maior valor, e sim da mais provável. Por exemplo, se a companhia é acio- nada judicialmente, isso não é suficiente para seu contabilista constituir provisão. Com base na avaliação de casos semelhantes, caso se conclua que a Justiça tende a dar ganho de causa
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