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Teoria da Contabilidade Marilda Sant’anna Maciel 1ª edição Brasília/dF - 2018 Autores XXXX_nOMe_dO_aUtOr_XXXX Produção equipe técnica de avaliação, revisão linguística e editoração Sumário Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa ......................................................................................................4 Introdução ..............................................................................................................................................................................6 Aula 1 Evolução Histórica e Doutrinas da Contabilidade .............................................................................................7 Aula 2 Princípios Contábeis e Estrutura Conceitual ..................................................................................................... 21 Aula 3 Patrimônio das Entidades ........................................................................................................................................ 36 Aula 4 Plano de Contas .......................................................................................................................................................... 47 Aula 5 Escrituração Contábil ................................................................................................................................................ 60 Aula 6 Elementos das Demonstrações Contábeis ......................................................................................................... 73 Referências .......................................................................................................................................................................... 88 4 Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar sua leitura mais agradável. ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares. a seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos cadernos de estudos e Pesquisa. Atenção chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a síntese/conclusão do assunto abordado. Cuidado importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado. Importante indicado para ressaltar trechos importantes do texto. Observe a Lei conjunto de normas que dispõem sobre determinada matéria, ou seja, ela é origem, a fonte primária sobre um determinado assunto. 5 ORgAnIzAçãO DO CADERnO DE ESTuDOS E PESquISA Para refletir Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. as reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões. Provocação textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor conteudista. Saiba mais informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões sobre o assunto abordado. Sintetizando trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos. Sugestão de estudo complementar Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso. Posicionamento do autor importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado. 6 Introdução Seja bem-vindo à disciplina teoria da contabilidade. É com grande satisfação que iniciamos esta jornada junto com você. antes de começarmos nossa disciplina, permita que me apresente: Meu nome é Marilda Sant’anna Maciel, Mestre em ciências contábeis pela Universidade estadual do rio de Janeiro (UerJ) e Graduada em ciências contábeis pela Universidade Federal do rio de Janeiro (UFrJ). Sou ex-contadora da companhia estadual de Água e esgoto (cedae). e atualmente, atuo como analista de Planejamento e Orçamento da Secretaria de Planejamento e Gestão do estado do rio de Janeiro (Sefaz/rJ), Professora Universitária e Palestrante pelo conselho regional de contabilidade do rio de Janeiro (crc/rJ). durante nosso estudo, vamos percorrer alguns séculos de história e perceber que o registro contábil é mais antigo do que imaginávamos. Vamos entender os princpipais mecanismos que norteiam e regulamentam a profissão contábil no País e no mundo. em seguida, aprofundaremos nosso estudo sobre os ativos, passivos, despesas, receitas e patrimônio líquido, visto que são os instrumentos contábeis que produzem a informação para tomada de decisões. Portanto, “é importante entender bem o que é teoria, bem como seus vários enfoques e metodologias, a fim de os contadores poderem dar respostas ou interpretações satisfatórias para uma série de novos fenômenos que estão a desafiar nossa profissão.” (iUdÍciBUS, 1997). logo, a finalidade de estudar a teoria da contabilidade é obter subsídios suficientes para a aplicação do conhecimento no processo prático contábil. Objetivos » apreender o processo da evolução histórica da contabilidade. » conhecer as escolas e doutrinas na história da contabilidade. » Perceber os princípíos de contabilidade e analisar a estrutura conceitual. conceito e objetivos. » reconhecer as características qualitativas da informação contábil. » aprofundar o conhecimento no patrimoônio das entidades. » comprender sobre o conceito de contas e, consequentemente, a importância do plano de contas para evidenciar as informações. » conhecer a escritura contábil e os elementos das demonstrações contábeis. 7 Introdução a introdução da nossa primeira aula iniciará com algumas indagações. e você? Já imaginou como seria o mundo sem a contabilidade? como seriam controladas as organizações, sejam financeiras ou não? como gestores, governos e sócios poderiam ter a compreensão dos seus investimentos e riqueza? como seria possível tomar decisões em um ambiente cada vez mais competitivo, se a contabilidade não existisse? Por meio dessas indagações, começamos o estudo da nossa disciplina, a teoria da contabilidade. logo, para comprender melhor o que a contabilidade representa para as organizações hoje, precisamos dar um “pulinho” no passado, onde tudo começou. Objetivos » abordar as origens e a evolução da história da contabilidade. » conhecer as datas e eventos importantes da evolução contábil. » aprender sobre as escolas ou doutrinas da contabilidade. » conhecer a história da contabilidade no Brasil. Evolução histórica conhecer a origem das coisas é importante para a sociedade, pois informa como esta, bem como grupos específicos, chegaram aos seus status quo, sendo fundamental para orientar e servir de suporte instrumentalizando a sociedade para as tomadas de decisões futuras, seja inspirando- se nos exemplos passados ou rejeitando-os, dependendo dos seus poderes de aplicabilidade na sociedade atual. 1 AulA EvOluçãO HISTóRICA E DOuTRInAS DA COnTAbIlIDADE 8 AulA 1 • EvOluçãO HISTóRICA E DOuTRInAS DA COnTAbIlIDADE Para iudícibus (2010), a contabilidade é tão remota quanto o homem que pensa e conta, pois a sua necessidade de acompanhar a evolução dos patrimônios foi o grande motivo para o seu desenvolvimento. Marion (2011, p. 7) complementa que “como naturalmente o homem é ambicioso, a contabilidade existe desde o início da civilização. alguns historiadores preferem dizer que essa ciência existe desde4000 a.c, outros informam em 6000 a.c”. não se sabe com exatidão quem criou a contabilidade, todavia é percebido que é uma ciência nobre e tem muito relação com a evolução histórica humana, visto que vários historiadores, afirmam os rudimentares registros contábeis. conforme iudícibus (2010) afirma, a contabilidade é tão antiga quanto a origem do Homo Sapiens, os primeiros sinais de atividades comerciais nasceram a 4500 a.c., em que culturas, civilizações e sumérios da Mesopotâmia se voltaram à agricultura, fizeram aparecer cidades e ampliaram as vendas comerciais. alguns historiadores acreditam que os primeiros sinais objetivos da existência da contabilidade remetem a aproximadamente 2000 anos a.c. O apontamento dessas barganhas era feito em placas de argila, nas quais eram verificados os resultados obtidos numa colheita, os elementos trocados, os impostos e taxas arrecadadas pelas seitas religiosas. Para lima, Santos e Barbais (2007), a contabilidade já podia ser percebida pela maneira de contar do homem primitivo, que era um modo de inventário, pois tinha como objetivo o controle do seu patrimônio, como rebanhos, fardos de alimentos, instrumentos de caça e pesca e outros bens quantitativos. O que mostra que o homem da antigüidade já tinha a preocupação com a riqueza e a propriedade (como acontece atualmente). desde os primórdios o homem teve que ir aperfeiçoando sua maneira de contabilizar, na medida em que as atividades se tornavam mais complexas. de acordo com a história da contabilidade, primeiramente esse processo de conta era feito na memória dos homens, logo após surgiram as gravuras, no término da era da Pedra Polida. nas gravuras continham figuras e numerais. Figura 1. Primeiros Registros de Contabilidade. Fonte: <http://www.viarapida.sp.gov.br/>. 9 EvOluçãO HISTóRICA E DOuTRInAS DA COnTAbIlIDADE • AulA 1 Foram encontrados, no Brasil e França, pedaços de ossos de rena com inscrições (desenhos) sobre objetos e animais. esses desenhos representam as conquistas desse homem primitivo e demonstravam a quantidade existente. (iUdÍciBUS, 2010, p. 22). alguns historiadores afirmam que, surgiram diversos registros de transações contábeis na china, egito, assíria, Fenícia, Pérsia. Para Hendriksen e Van Breda (1999), independentemente da data exata da descoberta dos primeiros fatos ou registro contábeis, verifica-se que desde os primórdios o homem objetiva buscar de alguma forma, algum conhecimento que pudessem atender as suas necessidades da época como, por exemplo, o pagamento de tributos feitos pelos agricultores egípcios aos coletores de tributos do egito nas margens do rio nilo através de produtos como linhaça e cereais para pudessem ter o direito de usar aquelas águas do rio ou a ideia rudimentar de controle de bens, método adotado para contagem de rebanhos, metais, escravos etc., bem assemelhada à técnica de controle que conhecemos hoje como inventário. Para lima, Santos e Barbais (2007), os egípcios representam a primeira evolução da contabilidade, foram os primeiros povos a utilizar um valor monetário em seus registros. as escriturações eram feitas em papiros, e o sistema contábil tornava-se dinâmico com registros diários. Sá (1998, p. 26) complementa afirmando que, aproximadamente 3550 a.c, os egípcios já possuíam escrita hieroglífica, uma escrita de sinais, para eles, sagrados, em que somente sacerdotes, membros da alta realeza, altos cargos tinham o privilégio de conhecer tal arte e o aperfeiçoamento da escrita, de modo a simplificá-lo proporcionaram um meio eficaz para a racionalidade da escrita contábil. após os egípcios, os povos que mais evoluíram a forma de contabilizar foram os gregos, em 2000 a.c. Há relatos de que já havia a apuração de confrontação de contas de custos e receitas e estenderam a escrituração contábil para a administração Pública e Bancária. nesse momento da história, o controle era o principal objetivo da contabilidade, principalmente para ampliar o comércio, que até então era realizado por meio de escambo, troca de bens. após o surgimento dos sistemas monetários, tal ciência teve seus objetivos ampliados. À medida que as operações econômicas se tornam complexas, o seu controle se refina. as escritas governamentais da república romana (200 a.c.) já traziam receitas de caixa classificadas em rendas e lucros, e as despesas compreendidas nos itens salários, perdas e diversões. 10 AulA 1 • EvOluçãO HISTóRICA E DOuTRInAS DA COnTAbIlIDADE Mercantilismo Figura 2. Mercantilismo Fonte: <https://pt.slideshare.net/andreslozanomolares/o-mercantilismo-53838798>. a história evidencia que o surgimento do mercantilismo, entre o século XV e o final do século XViii, que tinha como um dos objetivos ampliar o desenvolvimento do comércio com as Índias e as práticas econômicas desenvolvidas na europa, provocou um ambiente favorável à expansão da contabilidade, pois estados burgueses precisavam de um método de escrituração das transações comerciais que demonstrasse a relação de causa e efeito das operações. essa expansão comercial impulsionou os primeiros registros contábeis pelo método das partidas dobradas, que foi desenvolvido pelo Frei luca Pacioli, que provocou uma verdadeira revolução na forma de controle e escrituração, especialmente por reconhecer na contabilidade de cada uma das entidades envolvidas, as relações de débito e crédito, ou, em outra ótica, as fontes e as aplicações de recursos. Os principais fatores que proporcionaram o surgimento do método das partidas dobradas, de acordo com lamberti e Sperandio (2012) são: » A escrita: o desenvolvimento da comunicação por meio da escrita (impressa) foi, talvez, o fato que provocou maior reflexo em toda a história da humanidade, pois o acesso ao conhecimento foi a alavanca propulsora do desenvolvimento econômico e social. » O surgimento da moeda: a moeda, como instrumento de troca, veio substituir o escambo e fez surgir um campo fértil para a compilação de valores e suas análises frente às operações realizadas. » A aritmética: a utilização dos fundamentos da aritmética na busca de soluções para problemas de controle contábil deu origem ao método das partidas dobradas, cuja 11 EvOluçãO HISTóRICA E DOuTRInAS DA COnTAbIlIDADE • AulA 1 evolução da escrita e da moeda proporcionou condições favoráveis à expansão da contabilidade em todo o mundo. Para os referidos autores, a aritmética teve grande influência no desenvolvimento da contabilidade, pois a obra de luca Pacioli, Summa de Arithmetica, Geometria, Proportioni et Proportionalita, editada em 1494, em que se apresenta toda a fundamentação sobre o método das partidas dobradas, é basicamente um tratado de Matemática. assim, a criação do método das partidas dobradas, pode-se afirmar, é o principal fator da nova contabilidade, diferenciando-se das técnicas antigas e rudimentares. Revolução industrial Figura 3. Revolução Industrial Fonte: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Revolu%C3%A7%C3%A3o_Industrial>. com a chegada das indústrias, a contabilidade ampliou seus métodos de registros de custos, pois, devido aos novos processos de produção, impulsionados pela revolução industrial, no século XViii, surgiu a necessidade de registros mais complexos, pois até a era mercantilista, o custo era basicamente o valor de aquisição de mercadorias, isto é: estoque inicial + compras – estoque final = custo das Mercadorias Vendidas. Para lamberti e Sperandio (2012), na era industrial surge uma nova característica de empresa: a indústria. essa nova modalidade de empreendimento modifica substancialmente o cenário contábil, especialmente no tocante à formação de custos, na medida em que, ao invés de comprar a mercadoria ou o produto acabado, passa a adquirir a matéria-prima, sobre a qual agrega a mão 12 AulA 1 • EvOluçãO HISTóRICA E DOuTRInAS DA COnTAbIlIDADE de obra e os custos indiretos de fabricação, de forma a gerar um novo produto com características próprias e específicas.após o período industrial, muitas maneiras inteligentes de se conduzir e contabilizar nasceram. nesse período entendeu-se que gerava um menor custo industrializar certo produto ao invés de importar de outros continentes. ainda sobre o desenvolvimento da revolução industrial e a elevação econômica norte-americana, e toda a contribuição que o pensamento contábil voltado para os estados Unidos, que alguns chamam de escola contábil norte-americana, ofereceu para a contabilidade, é importante destacar a apresentação do conceito principal, desde o seu surgimento, no início da existência humana: controlar o patrimônio. Marion (2011, p. 12) informa que: quadro 1. Razões da queda da escola italiana e ascensão da escola norte-americana. Algumas Razões da Queda da Escola Europeia (especificamente Italiana) 1. Excessivo culto à personalidade: grandes mestres e personalidades da Contabilidade ganharam tanta notoriedade que passaram a ser vistos como “oráculos” da verdade contábil. 2. Ênfase sobre uma Contabilidade Teórica: as mentes privilegiadas produziam trabalhos excessivamente teóricos, apenas pelo gosto de serem teóricos, difundindo ideias com pouca aplicação prática. 3. Pouca importância à auditoria: principalmente na legislação italiana, o grau de confiabilidade e a importância da auditagem não eram enfatizados. 4. queda do nível das principais faculdades: principalmente as faculdades italianas, superpovoadas de alunos. Algumas Razões da Ascensão da Escola Norte-Americana 1.Ênfase ao usuário da informação contábil: Contabilidade é apresentada como algo útil para a tomada de decisões, evitando-se endeusar demasiadamente a Contabilidade; atender os usuários é o grande objetivo. 2. Ênfase sobre Contabilidade Aplicada: principalmente a Contabilidade gerencial. Ao contrário dos europeus, não havia uma preocupação com a teoria das contas, ou querer provar que a Contabilidade é uma ciência. 3. bastante importância à auditoria: como herança dos ingleses e transparência para os investidores de Sociedade Anônima (e outros usuários) nos relatórios contábeis, a auditoria é muito enfatizada. 4. universidades em busca de qualidade: grandes quantias para as pesquisas no campo contábil, o professor em dedicação exclusiva e o aluno em período integral valorizaram o ensino nos Estados unidos. Fonte: Marion (2011, p. 12) dessa forma, percebemos que o processo de evolução da contabilidade ao longo da história, difere em cada época, cada momento procurando gerar determinada informação à demanda do usuário. O desafio, agora, não eram mais os custos dos produtos, surge a necessidade de compreender e de como determinar os custos dos serviços. como contabilizar e avaliar o capital intelectual? São questões relevantes para as entidades em que a contabilidade precisa encontrar. lima (2006), aborda, no quadro a seguir, as quatro etapas da evolução da contabilidade. 13 EvOluçãO HISTóRICA E DOuTRInAS DA COnTAbIlIDADE • AulA 1 quadro 2. As quatro etapas da evolução da Contabilidade. Período Características Contabilidade do Mundo Antigo Período que se inicia com a civilização do homem e vai até 1202 da Era Cristã, quando apareceu o Líber Abaci,de autoria de leonardo Fibonaci, o Pisano. Contabilidade do Mundo Medieval Período que vai de 1202 da Era Cristã até 1494, quando apareceu o Tratactus de Computis et Seriptures (Contabilidade por Partidas Dobradas), de Frei luca Pacioli, publicado em 1494; enfatizando que a teoria contábil do débito e do crédito corresponde à teoria dos números positi-vos e negativos, essa obra contribui para inserir a Contabilidade entre os ramos do conhecimento humano. Contabilidade do Mundo Moderno Período que vai de 1494 até 1840, com o aparecimentoda obra La Contabilità Applicatta Alle Amninistrazioni Private e Pubbliche, de Francesco villa, premiada pelo governo da Áustria. Obra marcante na história da Contabilidade. Contabilidade do Mundo Científico Período que se inicia em 1840 e continua até os dias de hoje. Fonte: lima (2006). breve história da contabilidade no brasil Figura 4. História da Contabilidade no brasil Fonte: <http://crcmt.org.br/novo/www/noticias/concurso-resgata-historia-contabilidade-brasil,40561.html>. de acordo com reis e Silva (2007), o surgimento da contabilidade no Brasil inicia-se com o período colonial, motivado pelas transações comerciais, tornaram-se necessários os controles contábeis para o desenvolvimento das primeiras alfândegas. Os referidos autores complementam que no dia 16 de julho de 1679, por meio da carta régia é criada a casa dos contos, órgão incumbido de processar e fiscalizar as receitas e despesas de estado, ganhando autonomia somente no reinado de João i. esse fato é respaldado pela chegada da Família real ao Brasil, em 1808, proporcionando um desenvolvimento socioeconômico e cultural mais efetivo na colônia, devido a diversas ocorrências, tais como a abertura dos portos às nações amigas, a colônia passou a comercializar produtos 14 AulA 1 • EvOluçãO HISTóRICA E DOuTRInAS DA COnTAbIlIDADE de outros países, além de Portugal; a criação do Banco do Brasil, originando a emissão do papel-moeda, mas devido ao déficit dos cofres públicos fechou no ano seguinte; a criação da imprensa régia, permitindo a atividade impressora (somente o governo tinha permissão para imprimir), sendo publicado o primeiro jornal do Brasil e criação do Museu nacional e da Biblioteca real, atualmente Biblioteca nacional. a doutrina contábil é recente no Brasil, e até a primeira metade do século XX sofreu grandes influências da cultura contábil da itália, país que é considerado o berço da contabilidade e que deu origem ao método das partidas dobradas. a primeira doutrina contábil surgiu pelo Professor antonio lopes de Sá, que ampliou os conceitos do Patrimonialismo de Masi, dando origem à escola neopatrimonialista, baseado na teoria Geral da contabilidade. Segundo reis e Silva (2007), essa teoria Geral da contabilidade foi fundamentada por teorias anteriores desenvolvidas pelo próprio lopes de Sá, como a teoria de equilíbrio, teoria dinâmica de circulação, teoria das Funções Sistemáticas do Patrimônio aziendal. Segundo lopes de Sá (1998, p. 160), o fenômeno patrimonial, sob a ótica do neopatrimonialismo, classifica-se em três grandes grupos de relações lógicas: as essenciais detectam-se as relações íntimas de necessidade, finalidade, meio patrimonial, função; as dimensionais relações de causa, efeito, tempo, espaço, qualidade, quantidade; ambientais relações de naturezas: administrativas, psíquicas do pessoal, sociais, econômicas, ecológicas, culturais, políticas, legais etc. Segundo Martins e Silva (2007, p. 172), o neopatrimonialismo é a primeira doutrina a adotar valores axiomáticos de forma organizada e sistemática, ou seja, dentro dos rigores da filosofia das ciências. O neopatrimonialismo evoluiu a corrente Patrimonialista de Masi, aprofundou-se sem desmerecê-lo. essa escola ainda está em fase de implantação, mas já está disseminada em vários países como argentina, Portugal e espanha. conheceremos um pouco mais sobre esta teoria no próximo item, escolas ou doutrinas contábeis. Sugestão de estudo recomendo a leitura do artigo A História da Contabilidade no Brasil, das autoras aline de Jesus reis, Selma leal da Silva e cleide carneiro alves da Silva. esse artigo apresenta a evolução da contabilidade no Brasil, desde a época colonial até os dias atuais. nesse artigo são relatadas importantes datas, além de leis e decretos que ajudaram no desenvolvimento do tema preposto, visando transmitir o conhecimento da história da contabilidade brasileira. disponível em: <https://www.revistas.unifacs.br%2Findex.php%2Fsepa%2Farticle%2Fdownload%2F299%2F247..&us g=aOvVaw0utfUP75OgUww4Oa-ac4S6>. 15 EvOluçãO HISTóRICA E DOuTRInAS DA COnTAbIlIDADE • AulA 1 Escolas ou doutrinas contábeis Figura 5. Pensadores Fonte: <https://twitter.com/citandopensador>. afinal, oque são escolas de pensamento contábil? São correntes filosóficas acerca da contabilidade (conceitos, proposições e metodologias contábeis) e fundamentaram a ciência contábil como conhecemos hoje. após 1840, surgem grandes pensadores contábeis com as diversas correntes de pensamento. assim, segue um breve resumo das escolas contábeis mais conhecidas que influenciaram a contabilidade por coelho e lins (2010): Escola Contista: surgiu no século XV, com a obra de luca Pacioli, e foi impulsionada pelos primeiros livros impressos de contabilidade. Suas teorias ficaram inalteradas até o século XViii, que ficou conhecido como a era da estagnação contábil. a preocupação central era explicar o funcionamento das contas, esquecendo-se que as contas eram apenas consequência das operações que ocorreram na entidade. degranges enumera as cinco principais contas (teoria das cincos contas): 1o mercadorias; 2o dinheiro; 3o efeito a receber; 4o efeito a pagar, e 5o lucros e perdas. Escola Personalista: essa escola do pensamento contábil é conhecida, também, como escola toscana, e surge em reação aos conceitos e propostas da escola contista. essa corrente tem como objetivo explicar as relações de direitos e obrigações. Para defender suas teses, os autores dessa época criaram os axiomas, que são premissas que admitem serem verdades sem exigência de demonstração. essa linha de pensamento foi amplamente analisada pela escola aziendalista, como será visto mais adiante. Seguem os axiomas: 16 AulA 1 • EvOluçãO HISTóRICA E DOuTRInAS DA COnTAbIlIDADE » 1o axioma: toda azienda (conjunto de obrigações, bens materiais e direitos que constituem um patrimônio) deve ser administrada; todas possuem um ou mais proprietários, e estes não podem conseguir uma gestão se não entrarem em contato com agentes e correspondentes; » 2o axioma: uma coisa é desfrutar a propriedade, outra é administrá-la; » 3o axioma: uma coisa é administrar a azienda, e outra custodiar sua substância e por ela responder materialmente; » 4oaxioma: não se pode criar um devedor sem, simultaneamente, criar-se um credor e vice-versa; » 5o axioma: o proprietário, administrando ou não, da azienda, é, de fato, credor da substância e devedor das passividades pertinentes àquela, ao contrário do que ocorre com os agentes e com os correspondentes; » 6o axioma: o débito e o crédito do proprietário não variam senão em razão de perdas ou lucros, ou, ainda, por acréscimos ou reduções do capital originário. Portanto, nesta teoria, cada conta (bancos, duplicatas a receber, fornecedores, receitas, despesas) assume o papel de uma pessoa no seu relacionamento com a entidade. assim, podemos concluir que as obrigações e o Patrimônio líquido (Pl) são pessoas credoras em relação à sociedade. a classificação das contas, segundo esta teoria, pode ser: » Agentes consignatários: valores materiais e imateriais (são bens da sociedade); » Agentes correspondentes: representam os direitos e obrigações; » Proprietário: são as contas do Pl e suas variações, inclusive receitas e despesas. Escola Materialista: essa se opôs à teoria personalista, defendendo que as contas representam entradas e saídas de valores e não simples relações de débito e crédito entre pessoas (excluídas as relações com terceiros). esta é uma visão mais econômica do que vem a ser a conta, a relação entre as contas e a entidade é uma relação material e não pessoal, de sorte que a conta só deve existir enquanto houver, também, o elemento material por ela representado. as contas dividem-se em: » Integrais (ou elementares): são as representativas dos bens, dos direitos e das obrigações da entidade, ou seja, ativo e Passivo exigível. » Diferenciais (ou derivadas): são as representativas do Patrimônio líquido, das receitas e das despesas da entidade. 17 EvOluçãO HISTóRICA E DOuTRInAS DA COnTAbIlIDADE • AulA 1 Escola Administrativa: vários são os nomes para nomear essa escola de pensamento contábil: escola administrativa, lombarda, materialista ou ainda materialista substancial. essa escola originou-se no norte da itália, no século XiX, e a administração das entidades passou a ser o foco dos estudos. aqui nasce a ideia de que todo empreendimento deve ser precedido de um estudo de viabilidade econômica. dessa forma, nota-se que a contabilidade ligada à administração, destinada a interpretar a dinâmica das empresas. Escola Controlista: os estudiosos dessa época entendiam a contabilidade como a ciência do controle econômico. a administração econômica era dividida em: gestão (que visa à administração do patrimônio); direção (que harmoniza a administração econômica e as relações internas e externas da entidade); e controle (que visa impedir o desperdício). Escola Reditualista: era o pensamento contábil que enunciava ser o resultado (lucro ou prejuízo) o objeto de estudo da contabilidade. Fato é que os estudiosos dessa corrente estudavam a dinâmica da riqueza patrimonial, sem se preocupar com os elementos desse mesmo patrimônio. a grande contribuição feita por essa corrente foi a dinâmica do movimento patrimonial associada ao ciclo operacional e não ao ano-calendário. Escola Matemática: surgiu em 1901, por meio de um estudioso italiano chamado Giovani rossi. Para esse autor, a contabilidade era uma ciência matemática na sua essência. Escola Norte-Americana: com a criação da american association of Public accountants (aaPa) em 1887, que centrou a melhoria da informação contábil, na padronização dos processos contábeis. essa escola procurava metodologias que permitissem uma clara visão dos relatórios contábeis e dos lançamentos que lhe deram origem, a fim de facilitar o entendimento dos conceitos e teorias contábeis. Escola Neocontista ou Moderna Escola Francesa: o neocontismo do início do século XX procurou restituir à contabilidade o seu verdadeiro objeto: a riqueza patrimonial e, em consequência, trouxe grande avanço para o estudo da análise patrimonial e dos fenômenos decorrentes da gestão empresarial. Escola Alemã: surgiu na alemanha a partir de 1919, concentrando-se em duas visões: teoria econômica das empresas e o sistema de cálculo. a contabilidade era considerada como o conjunto de registros para fornecer elemento de gestão. Escola Aziendalista: nessa corrente, que surgiu em 1922, a contabilidade é considerada como a ciência da administração econômica das entidades e estuda não só os resultados de uma gestão, mas, também, seus princípios e constituição harmônica das pessoas da organização. nessa concepção, a azienda se constitui de dois elementos: pessoas (elemento humano) e riqueza (patrimônio). 18 AulA 1 • EvOluçãO HISTóRICA E DOuTRInAS DA COnTAbIlIDADE Escola Patrimonialista: a primeira proposta de formulação de uma corrente contábil, que defendia a contabilidade como ciência do patrimônio. Seu grande autor foi Vicenzo Masi, que começou a escrever teorias em 1923. Os principais fundamentos dessa escola, que são referência da contabilidade, são: » a contabilidade é uma ciência social. » O objeto da contabilidade é o patrimônio aziendal. » Os fenômenos patrimoniais são fenômenos contábeis e podem ser divididos em: estática patrimonial, dinâmica patrimonial e levantamento patrimonial. » O patrimônio deve ser observado em seus aspectos qualitativos e quantitativos. » O fenômeno patrimonial conceitua-se como todo acontecimento que se verifica no patrimônio. É a teoria usualmente adotada no Brasil. Segundo essa teoria, criada por Vincenzo Masi, o objeto de estudo da ciência contábil é o Patrimônio de uma entidade. a contabilidade tem como finalidade controlar esse patrimônio e apurar o resultado das empresas. estas contas classificam-se da seguinte forma: » Contas Patrimoniais: são as contas representativas dos bens e dos direitos (ativo), das obrigações (Passivo) e do Patrimônio líquido (Pl) da entidade. » Contas de Resultado: são as contas que representam as receitas e as despesas da entidade. EscolaNeopatrimonialista: pode-se dizer que é a primeira escola de pensamento contábil originada no Brasil. Seu início ocorreu em 1978, a partir dos estudos de antonio lopes de Sá, que foram expostos pela primeira vez em 1987 na Universidade de Sevilha, na espanha. tem o mesmo enfoque a teoria patrimonialista, mas com claro objetivo de torná-la mais atual face às mudanças tecnológicas e científicas do nosso mundo. a teoria de lopes de Sá, cuja divulgação tem aumentado significativamente, assenta-se na definição de diversos teoremas baseados em cinco “grandes axiomas da contabilidade: transformação, eficácia, relações lógicas, sistemas e prosperidade social, cuja caracterização resumimos no quadro seguinte: 19 EvOluçãO HISTóRICA E DOuTRInAS DA COnTAbIlIDADE • AulA 1 quadro 3. “Os Cinco grandes Axiomas da Contabilidade”, de Antonio lopes de Sá Axioma (Título) Caracterização do Axioma 1. Transformação » Inspira-se nas razões lógicas fundamentais de que o patrimônio sempre se movimenta e também sempre se modifica. Ou seja, a modificação patrimonial é uma vocação natural. » Partindo do princípio de que a célula social se compõe de pessoas e de meios patrimoniais, agindo de forma constante e com finalidades definidas, a riqueza contida em tal célula segue essa tendência de movimentos permanentes e logo, também, de mutações constantes. 2. Eficácia » Quando os meios patrimoniais satisfazem à necessidade, a eficácia se opera. » A eficácia é fim natural para o qual o património se constitui. Ela é a meta que se persegue, mas só existe se, e somente se, a necessidade se anula. » A meta é a eficácia, mas só pode ser obtida com uma função eficaz, ou seja, com o uso adequado dos meios patrimoniais, (...). 3. Relações lógicas » Existem grupos de fenômenos característicos que ocorrem de forma simultânea e em regime de interação, gerando as relações lógicas estruturais do fato patrimonial. Tais grupos, são: (1) o da essência dos fatos; (2) os das dimensões dos mesmos fatos; e (3) o dos ambientes que envolvem o patrimônio, como periferias agentes. 4. Sistemas » Sendo as funções do patrimônio que promovem a eficácia, todavia, tais funções se organizam em sistemas definidos de utilidades. » Esses sistemas são reconhecidos como relevantes, autônomos e independentes. » Dentre eles identificam-se os da resultabilidade, estabilidade, economicidade (básicos), produtividade, invulnerabilidade (auxiliares) e elasticidade (complementar). 5. Prosperidade Social » Sendo a Contabilidade a ciência da riqueza e que tal conhecimento tem por finalidade a obtenção da eficácia, quando todas as células sociais forem eficazes, a sociedade, por decorrência natural, também o será. Fonte: Antonio lopes de Sá (2008). Seculo XXI Figura 6. International Accounting Standards Board no início do seculo XXi, o Brasil iniciou o processo de convergência às normas internacionais de contabilidade, que teve início com as alterações da lei das Sociedades anônimas, no 6.404/1976, alteradas pelas leis nos 11.638/2007 e 11.941/2009. O objetivo dessa convergência era padronizar as normas brasileiras de acordo com o cenário mundial. dessa forma, o País, por meio do conselho de contabilidade que criou o comitê de Pronuncimentos contábeis (cPc), iniciou o processo de adequação às normas expedidas pelo International Accounting Standards Board (iaSB). O iaSB foi formado por um conselho de Membros, com 20 AulA 1 • EvOluçãO HISTóRICA E DOuTRInAS DA COnTAbIlIDADE representantes de mais de 140 entidades de classe de todo o mundo, que, segundo niyama e Silva (2013), tem como objetivos: » desenvolver normas contábeis globais de qualidade, inteligíveis e exequíveis para ajudar os participantes do mercado de capital e outros usuários a tomar decisões econômicas; » Promover o uso e aplicação dessas normas; » Promover a convergência entre as normas locais e as normas internacionais; » Política flexível na elaboração e publicação das normas; » em alguns casos, mais de um procedimento contábil válido; atualmente, o iaSB tem recebido muitas críticas, pois alguns entendem que as normas expedidas estão ferindo a soberania nacional; que existe uma politização da contabilidade e sobrecarga de normas. na próxima aula, conversaremos um pouco mais sobre esse assunto. Para fechar, qual é o desafio agora que estamos vivendo? Vimos, na história, que mensurar os custos dos produtos era uma preocupação, agora surge a necessidade de determinar os custos dos serviços. como mensurar e registrar esses custos? como contabilizar e avaliar o capital intelectual? São questões relevantes para as entidades em que a contabilidade precisa encontrar. Conclusão Portanto, nesta aula, concluímos que a história da contabilidade foi marcada por um conjunto de diversas culturas e, que a evolução desta ciência foi parte fundamental para a evolução da humanidade, pois foi a partir do sistema de contas que o homem se organizou, proporcionou um crescimento mais acelerado das atividades econômicas, deixando de ser primitivo e passando a raciocinar de maneira organizada. a contabilidade tornou-se o pilar vital para um mundo capitalista, podendo ser um instrumento de controle e avaliação para qualquer tipo de organização. Sendo assim, ótimo estudo para você! Sintetizando Vimos até agora: » a evolução da história da contabilidade. » a história da contabilidade no Brasil. » as escolas ou doutrinas contábeis. » conhecemos sobre o iaSB. 21 Introdução O conselho Federal de contabilidade (cFc), criado pelo decreto-lei no 9.295, de 27 de maio de 1946, sistematiza e delibera sobre todos os conselhos regionais de contabilidade, formando o Sistema nacional de registro e Fiscalização do exercício da profissão contábil. O cFc é composto por 15 conselheiros efetivos e 15 suplentes, sendo 2/3 contadores e 1/3 técnicos em contabilidade, eleitos por um colégio eleitoral composto de um delegado-eleitor de cada crc, com mandato de quatro anos. Os conselhos regionais de contabilidade foram criados com as finalidades de registro e fiscalização do exercício da profissão de contabilista; a profissão está regulamentada e somente podem exercer a profissão os contadores e técnicos contábeis registrados no crc da sua região. atualmente, são 27 conselhos regionais, com sede nas capitais dos estados e no distrito Federal. Figura 7. Conselho Federal de Contabilidade Fonte: <www.crcpi.com.br>. nesta aula, aprenderemos os Princípios contábeis que foram criados pelo cFc, que são instrumentos utilizados em todo o processo contábil das organizações, bem como, a estrutura conceitual regulamentada pelo cPc 00. 2 AulA PRInCíPIOS COnTÁbEIS E ESTRuTuRA COnCEITuAl 22 AulA 2 • PRInCíPIOS COnTÁbEIS E ESTRuTuRA COnCEITuAl Objetivos » aprender sobre os Princípios de contabilidade. » Perceber a importância dos princípios nas organizações. » conhecer a estrutura conceitual e as características qualitativas da informação contábil útil. Origem e conceito agora que você já conheceu as funções do cFc e dos crcs, afinal, o que são princípios de contabilidade? Para entender o que são princípios de contabilidade, precisamos compreender o significado da própria palavra princípios, que, de acordo com o site Jus.com.br (disponível em: <https://jus.com.br/artigos/45194/o-que-sao-principios-suas-fases-distincoes-e-juridicidade>) são: os alicerces da norma, são o seu fundamento em essência, são o refúgio em que a norma encontra sustentação para racionalizar a sua legitimação, são a base de onde se extrai o norte a ser seguido por um ordenamento, seja em sentido lato – como é possível observar-se de princípios constitucionais, no caso do princípio da legalidade, por exemplo – em que todos devem obediência à lei (não só os indivíduos, mas também o estado), seja em ramos específicos do direito, como o trabalhista – em que o princípio da proteção do trabalhador serve de alicerce para a construção de todos os outrosprincípios dessa área do direito e de sua legislação não codificada. Pela definição acima, percebemos que princípios são o “norte”, a orientação a ser adotada. assim, de acordo com o art. 2o da resolução do cFc no 750/1993, atualizada pela resolução cFc no 1.282/2010, os Princípios de contabilidade representam a essência das doutrinas e teorias relativas à ciência da contabilidade, consoante o entendimento predominante nos universos científico e profissional de nosso país. concernem, pois, à contabilidade o seu sentido mais amplo de ciência social, cujo objeto é o patrimônio das entidades. Os princípios são regulamentados pela resolução cFc no 750/1993, que são de observância obrigatória no exercício da profissão contábil, constituindo condição de legitimidade das normas Brasileiras de contabilidade. Os seis os Princípios de contabilidade são: i. entidade; ii. continuidade; 23 PRInCíPIOS COnTÁbEIS E ESTRuTuRA COnCEITuAl • AulA 2 iii. Oportunidade; iV. registro pelo valor original; V. competência; Vi. Prudência. Princípio da entidade O princípio da entidade reconhece o Patrimônio como objeto da contabilidade e afirma a autonomia patrimonial, bem como a necessidade da diferenciação de um Patrimônio particular no universo dos patrimônios existentes, independentemente de pertencer a uma pessoa, um conjunto de pessoas, uma sociedade ou instituição de qualquer natureza ou finalidade, com ou sem fins lucrativos. Por consequência, nesta acepção, o Patrimônio não se confunde com aqueles dos seus sócios ou proprietários, no caso de sociedade ou instituição. na prática, como exemplo: despesas particulares de pessoas físicas (gestores, funcionários e terceiros) não devem ser consideradas como despesas da empresa; bens particulares dos sócios ou acionistas não devem ser confundidos ou registrados na empresa. Princípio da continuidade O princípio da continuidade pressupõe que a entidade continuará em operação no futuro e, portanto, a mensuração e a apresentação dos componentes do patrimônio levam em conta essa circunstância. este princípio influencia o valor econômico dos ativos, dos passivos, principalmente quando a empresa estiver com previsão de extinção. a equipe de professores da USP (2010) complementa que todas as vezes que forem apresentadas as demonstrações contábeis (Balanço Patrimonial, dre etc.) e, nessa data, ser conhecido um fato relevante que irá Importante » O patrimônio de uma entidade não se confunde com o dos seus sócios. » O patrimônio pertence à entidade, mas a recíproca não é verdadeira. » a soma ou agregação contábil de patrimônios autônomos não resulta em nova entidade, mas em uma unidade de natureza econômico-contábil. 24 AulA 2 • PRInCíPIOS COnTÁbEIS E ESTRuTuRA COnCEITuAl influenciar na continuidade normal da empresa, esse fato deverá ser divulgado através de nota explicativa. a aplicação desse princípio está intimamente ligada à correta aplicação do Princípio da competência, pois se relaciona diretamente à quantificação dos componentes patrimoniais e à formação do resultado, e de constituir dado importante para aferir a capacidade futura de geração de resultado (equipe de professores da USP, 2010). Princípio da oportunidade O princípio da oportunidade refere-se ao processo de mensuração e apresentação dos componentes patrimoniais para produzir informações íntegras e tempestivas. a falta de integridade e tempestividade na produção e na divulgação da informação contábil pode ocasionar a perda de sua relevância, por isso é necessário ponderar a relação entre a oportunidade e a confiabilidade da informação. Quando se tratar de um fato futuro, o registro deverá ser feito desde que tecnicamente estimável mesmo existindo razoável certeza de sua ocorrência. São os casos de Provisões para Férias, para contingências etc. (equipe de professores da USP, 2010). Princípio do registro pelo valor original O princípio do registro pelo valor original determina que os componentes do patrimônio devem ser, inicialmente, registrados pelos valores originais das transações, expressos em moeda nacional. as seguintes bases de mensuração devem ser utilizadas em graus distintos e combinadas, ao longo do tempo, de diferentes formas: I. Custo histórico. Os ativos são registrados pelos valores pagos ou a serem pagos em caixa ou equivalentes de caixa ou pelo valor justo dos recursos que são entregues para adquiri-los na data da aquisição. Os passivos são registrados pelos valores dos recursos que foram recebidos em troca da obrigação ou, em algumas circunstâncias, pelos valores em caixa ou equivalentes de caixa, os quais serão necessários para liquidar o passivo no curso normal das operações; e Atenção não se confunde com o princípio da competência: » competência enfatiza as transações que afetam o Pl (receitas e despesas). » Oportunidade = abrange todas as variações. 25 PRInCíPIOS COnTÁbEIS E ESTRuTuRA COnCEITuAl • AulA 2 II. Variação do custo histórico. Uma vez integrados ao patrimônio, os componentes patrimoniais, ativos e passivos, podem sofrer variações decorrentes dos seguintes fatores: a. Custo corrente. Os ativos são reconhecidos pelos valores em caixa ou equivalentes de caixa, os quais teriam de ser pagos se esses ativos ou ativos equivalentes fossem adquiridos na data ou no período das demonstrações contábeis. Os passivos são reconhecidos pelos valores em caixa ou equivalentes de caixa, não descontados, que seriam necessários para liquidar a obrigação na data ou no período das demonstrações contábeis; b. Valor realizável. Os ativos são mantidos pelos valores em caixa ou equivalentes de caixa, os quais poderiam ser obtidos pela venda de forma ordenada. Os passivos são mantidos pelos valores em caixa e equivalentes de caixa, não descontados, que se espera seriam pagos para liquidar as correspondentes obrigações no curso normal das operações da entidade; c. Valor presente. Os ativos são mantidos pelo valor presente, descontado do fluxo futuro de entrada líquida de caixa que se espera seja gerado pelo item no curso normal das operações da entidade. Os passivos são mantidos pelo valor presente, descontado do fluxo futuro de saída líquida de caixa que se espera seja necessário para liquidar o passivo no curso normal das operações da entidade; d. Valor justo. É o valor pelo qual um ativo pode ser trocado, ou um passivo liquidado, entre partes conhecedoras, dispostas a isso, em uma transação sem favorecimentos; e e. Atualização monetária. Os efeitos da alteração do poder aquisitivo da moeda nacional devem ser reconhecidos nos registros contábeis mediante o ajustamento da expressão formal dos valores dos componentes patrimoniais. São resultantes da adoção da atualização monetária: » a moeda, embora aceita universalmente como medida de valor, não representa unidade constante em termos do poder aquisitivo; » para que a avaliação do patrimônio possa manter os valores das transações originais, é necessário atualizar sua expressão formal em moeda nacional, a fim de que permaneçam substantivamente corretos os valores dos componentes patrimoniais e, por consequência, o do Patrimônio líquido; e » a atualização monetária não representa nova avaliação, mas tão somente o ajustamento dos valores originais para determinada data, mediante a aplicação de indexadores ou outros elementos aptos a traduzir a variação do poder aquisitivo da moeda nacional em um dado período. 26 AulA 2 • PRInCíPIOS COnTÁbEIS E ESTRuTuRA COnCEITuAl Princípio da competência O princípio da competência determina que os efeitos das transações e outros eventos sejam reconhecidos nos períodos a que se referem, independentemente do recebimento ou pagamento. O princípio da competência pressupõe a simultaneidade da confrontação de receitas e de despesas correlatas. a equipe de professores da USP demonstra essa confrontação da seguinte forma a seguir: as Receitas são consideradas realizadas (ocorridas):a. nas vendas a terceiros de bens ou serviços, quando estes efetuarem o pagamento ou assumirem o compromisso firme de efetivá-lo, quer pela investidura na propriedade do bem vendido, quer pela fruição (usufruto) do serviço prestado; b. quando do desaparecimento parcial ou total de um passivo, qualquer que seja o motivo; c. pela geração natural de novos ativos independentemente da intervenção de terceiros. as Despesas são consideradas incorridas: a. Quando deixar de existir o correspondente valor ativo, por transferência de sua propriedade para terceiro; b. pela diminuição ou extinção do valor econômico do ativo; c. pelo surgimento de um passivo, sem o correspondente ativo. Princípio da prudência O princípio da prudência determina a adoção do menor valor para os componentes do ativo e do maior para os do Passivo, sempre que se apresentem alternativas igualmente válidas para a quantificação das mutações patrimoniais que alterem o patrimônio líquido. O princípio da prudência pressupõe o emprego de certo grau de precaução no exercício dos julgamentos necessários às estimativas em certas condições de incerteza, no sentido de que ativos e receitas não sejam superestimados e que passivos e despesas não sejam subestimados, atribuindo maior confiabilidade ao processo de mensuração e apresentação dos componentes patrimoniais. Sempre que se apresentarem alternativas igualmente válidas para a quantificação das mutações que alteram o Patrimônio líquido, deve-se adotar o menor valor para os componentes do ativo e o maior valor para os componentes do Passivo. Portanto, este princípio propõe que havendo a necessidade de escolha, o Patrimônio líquido deverá ser o menor. Geralmente as hipóteses de escolhas ocorrem em projeções de valores futuros. 27 PRInCíPIOS COnTÁbEIS E ESTRuTuRA COnCEITuAl • AulA 2 alguns autores criticam este princípio, pois, pela sua aplicação, poderá ocorrer confronto com outros princípios, o que impede que as demonstrações sejam mais fidedignas, aumenta a interferência e é utilizada de forma arbitrária. concluindo, havendo a condição de incerteza, a aplicação será: » ativos e receitas superestimados; » Passivo e despesas subestimadas. Estrutura conceitual e as características qualitativas as demonstrações contábeis são elaboradas e apresentadas para usuários externos em geral, tendo em vista suas finalidades distintas e necessidades diversas. Governos, órgãos reguladores ou autoridades tributárias, por exemplo, podem determinar especificamente exigências para atender aos seus próprios interesses. assim, as demonstrações contábeis elaboradas de acordo com a estrutura conceitual objetivam fornecer informações que sejam úteis na tomada de decisões econômicas e avaliações por parte dos usuários em geral, não tendo o propósito de atenderà finalidade ou necessidade específica de determinados grupos de usuários. nesta aula, entenderemos o conceito de estrutura conceitual, objetivos, usuários e os diversos ramos aplicados. Origem e conceito com o processo da globalização, houve a necessidade de harmonizar as normas contábeis. tal processo inicia-se com o international accounting Standards Board (iaSB), que tem como objetivo desenvolver, com base em princípios claramente articulados, um conjunto único de normas de contabilidade de alta qualidade, compreensíveis, exequíveis e aceitáveis globalmente. Para implementação dessas normas no Brasil, foi criado o comitê de Pronunciamentos contábeis (cPc) que, de acordo com a resolução cFc no 1.055/2005, tem como objetivos, o estudo, o preparo e a emissão de Pronunciamentos técnicos sobre procedimentos de contabilidade e a divulgação de informações dessa natureza, para permitir a Observe a lei a inobservância dos Princípios de contabilidade constitui infração nas alíneas c, d e e do art. 27 do decreto-lei no 9.295, de 27 de maio de 1946 e, quando aplicável, ao código de Ética Profissional do contabilista. 28 AulA 2 • PRInCíPIOS COnTÁbEIS E ESTRuTuRA COnCEITuAl emissão de normas pela entidade reguladora brasileira, visando à centralização e uniformização do seu processo de produção, levando sempre em conta a convergência da contabilidade Brasileira aos padrões internacionais. dessa forma, em 2008, foi aprovado o primeiro pronunciamento, cPc 00 – estrutura conceitual para elaboração e divulgação de relatório contábil-Financeiro. após três anos, ocorreram algumas alterações, revogando o pronuciamento aprovado anteriormente, e atualizando com novos entendimentos e atualizações, que estão em vigor até a presente data. a estrutura conceitual tem o propósito de apresentar, por meios conceituais, um conjunto de princípios que possam subsidiar o estabelecimento de normas ou padrões contábeis, a fim de atingir os objetivos da contabilidade, disponibilizando a seus usuários informações de natureza econômica, financeira, física e de produtividade. Finalidade e status a estrutura conceitual foi desenvolvida de forma a ser aplicável a uma gama de modelos contábeis e conceitos de capital e sua manutenção. essa estrutura conceitual estabelece os conceitos que fundamentam a elaboração e a apresentação de demonstrações contábeis destinadas a usuários externos. a finalidade dessa estrutura conceitual é: » dar suporte ao desenvolvimento de novos Pronunciamentos técnicos, interpretações e Orientações e à revisão dos já existentes, quando necessário; » dar suporte à promoção da harmonização das regulações, das normas contábeis e dos procedimentos relacionados à apresentação das demonstrações contábeis, provendo uma base para a redução do número de tratamentos contábeis alternativos permitidos pelos Pronunciamentos, interpretações e Orientações; » dar suporte aos órgãos reguladores nacionais; » auxiliar os responsáveis pela elaboração das demonstrações contábeis na aplicação dos Pronunciamentos técnicos, interpretações e Orientações e no tratamento de assuntos que ainda não tenham sido objeto desses documentos; » auxiliar os auditores independentes a formar sua opinião sobre a conformidade das demonstrações contábeis com os Pronunciamentos técnicos, interpretações e Orientações; » auxiliar os usuários das demonstrações contábeis na interpretação de informações nelas contidas, elaboradas em conformidade com os Pronunciamentos técnicos, interpretações e Orientações; e 29 PRInCíPIOS COnTÁbEIS E ESTRuTuRA COnCEITuAl • AulA 2 » proporcionar aos interessados informações sobre o enfoque adotado na formulação dos Pronunciamentos técnicos, das interpretações e das Orientações. Pode haver um número limitado de casos em que seja observado um conflito entre essa estrutura conceitual e um pronunciamento técnico, uma interpretação ou uma orientação. nesses casos, as exigências do pronunciamento técnico, da interpretação ou da orientação específicos devem prevalecer sobre esta estrutura conceitual. entretanto, à medida que futuros pronunciamentos técnicos, interpretações ou orientações sejam desenvolvidos ou revisados tendo como norte essa estrutura conceitual, o número de casos de conflito entre esta estrutura conceitual e eles tende a diminuir. Alcance a estrutura conceitual aborda: a. O objetivo da elaboração e divulgação de relatório contábil-financeiro; b. as características qualitativas da informação contábil-financeira útil; c. a definição, o reconhecimento e a mensuração dos elementos a partir dos quais as demonstrações contábeis são elaboradas; e d. Os conceitos de capital e de manutenção de capital. Figura 8. Estrtutura Conceitual para Elaboração e Apresentação das Demonstrações Contábeis Premissa Subjacente Restrição ao Custo Características Fundamentais Características de Melhorias Relevância Representação Fidedigna Comparabilidade Verificabilidade Tempestividade Compreensibilidade Completa Neutra Livre de Erros Fonte: ni yama e Silva (2013). Importante esta estrutura conceitual não é um Pronunciamento técnico propriamente dito e, portanto,não define normas ou procedimentos para qualquer questão particular sobre aspectos de mensuração ou divulgação. nada nessa estrutura conceitual substitui qualquer Pronunciamento técnico, interpretação ou Orientação. 30 AulA 2 • PRInCíPIOS COnTÁbEIS E ESTRuTuRA COnCEITuAl Premissa subjacente Continuidade as demonstrações contábeis normalmente são elaboradas tendo como premissa que a entidade está em atividade e irá manter-se em operação por um futuro previsível. desse modo, parte- se do pressuposto de que a entidade não tem a intenção, nem tampouco a necessidade, de entrar em processo de liquidação ou de reduzir materialmente a escala de suas operações. Por outro lado, se essa intenção ou necessidade existir, as demonstrações contábeis podem ter que ser elaboradas em bases diferentes e, nesse caso, a base de elaboração utilizada deve ser divulgada. Características qualitativas as características qualitativas da informação contábil-financeira útil, discutidas nesta aula, identificam os tipos de informação que muito provavelmente são reputadas como as mais úteis para investidores, credores por empréstimos e outros credores, existentes e em potencial, para tomada de decisões acerca da entidade que reporta com base na informação contida nos seus relatórios contábil-financeiros (informação contábil-financeira). Os relatórios contábeis-financeiros fornecem informação sobre os recursos econômicos da entidade que reporta a informação sobre reivindicações contra a entidade que reporta a informação e os efeitos de transações e outros eventos e condições que modificam esses recursos e reivindicações. alguns relatórios contábil-financeiros também incluem material explicativo sobre as expectativas da administração e sobre as estratégias para a entidade que reporta a informação, bem como outros tipos de informação sobre o futuro (forward-looking information). dessa forma, as características qualitativas da informação contábil-financeira útil devem ser aplicadas à informação contábil-financeira fornecida pelas demonstrações contábeis, assim como à informação contábil-financeira fornecida por outros meios. Informação contábil-financeira útil Para a informação contábil-financeira ser útil ela deve ser relevante e representada com fidedignidade. Sendo essa informação de melhor teor se for: comparável, Verificável, tempestiva e compreensível. logo, podemos classificar as características qualitativas da informação em fundamentais, isto é, aquelas que são utéis, e as características qualitativas de melhorias, que possibilitam melhor compreensão das informações contábeis. a figura a seguir sintetiza as classificações. 31 PRInCíPIOS COnTÁbEIS E ESTRuTuRA COnCEITuAl • AulA 2 Figura 9. Fonte: Autora (2017). as características qualitativas fundamentais (mais críticas) são relevância e representação fidedigna a informação contábil é relevante quando é capaz de fazer a diferença na tomada de decisão dos usuários. a informação pode ser considerada relevante quando for capaz de influenciar significativamente o cumprimento dos objetivos da elaboração e da divulgação da informação contábil. e um fator que pode ser considerado relevante é a materialidade. a informação é material se sua omissão ou divulgação distorcida puder influenciar decisões. a outra caracteristica qualititativa fundamental é a representação fidedigna, que, para ser útil, a informação deve ser confiável, livre de erros materiais ou vieses e refletir adequadamente aquilo que se propõe a representar. a informação contábil é fidedigna se possuir três atributos: » Ser completa: o usuário compreende o fenômeno retratado, incluindo todas as descrições e explicações; » Neutra: desprovida de viés de seleção; » Livre de erro: o processo utilizado, para produzir a informação reportada, foi selecionado e foi aplicado livre de erros. a representação fidedigna, por si só, não resulta necessariamente em informação útil. Por exemplo, a entidade que reporta a informação pode receber um item do imobilizado por meio 32 AulA 2 • PRInCíPIOS COnTÁbEIS E ESTRuTuRA COnCEITuAl de subvenção governamental. Obviamente, a entidade, ao reportar que adquiriu um ativo sem custo retrataria com fidedignidade o custo desse ativo, porém essa informação provavelmente não seria muito útil. Outro exemplo mais sutil seria a estimativa do montante por meio do qual o valor contábil do ativo seria ajustado para refletir a perda por desvalorização no seu valor. essa estimativa pode ser uma representação fidedigna se a entidade que reporta a informação tiver aplicado com propriedade o processo apropriado, tiver descrito com propriedade a estimativa e tiver revelado quaisquer incertezas que afetam significativamente a estimativa. entretanto, se o nível de incerteza de referida estimativa for suficientemente alto, a estimativa não será particularmente útil. em outras palavras, a relevância do ativo que está sendo representado com fidedignidade será questionável. Se não existir alternativa para retratar a realidade econômica que seja mais fidedigna, a estimativa, nesse caso, deve ser considerada a melhor informação disponível. O processo mais eficiente e mais efetivo para aplicação das características qualitativas fundamentais usualmente seria o que segue (sujeito aos efeitos das características de melhoria e à restrição do custo, que não são considerados neste exemplo). Primeiro, identificar o fenômeno econômico que tenha o potencial de ser útil para os usuários da informação contábil-financeira reportada pela entidade. Segundo, identificar o tipo de informação sobre o fenômeno que seria mais relevante se estivesse disponível e que poderia ser representado com fidedignidade. terceiro, determinar se a informação está disponível e pode ser representada com fidedignidade. dessa forma, o processo de satisfazer as características qualitativas fundamentais chega ao seu fim. caso contrário, o processo deve ser repetido a partir do próximo tipo de informação mais relevante. comparabilidade, verificabilidade, tempestividade e compreensibilidade são características qualitativas que melhoram a utilidade da informação que é relevante e que é representada com fidedignidade. as características qualitativas de melhoria podem também auxiliar a determinar qual de duas alternativas, que seja considerada equivalente em termos de relevância e fidedignidade de representação, deve ser usada para retratar um fenômeno. Comparabilidade as decisões de usuários implicam escolhas entre alternativas, como, por exemplo, vender ou manter um investimento, ou investir em uma entidade ou noutra, consequentemente, a informação acerca da entidade que reporta informação será mais útil caso possa ser comparada com informação similar sobre outras entidades e com informação similar sobre a mesma entidade para outro período ou para outra data. comparabilidade é a característica qualitativa que permite que os usuários identifiquem e compreendam similaridades dos itens e diferenças entre eles. diferentemente de outras características qualitativas, a comparabilidade não está relacionada com um único item. a comparação requer no mínimo dois itens. 33 PRInCíPIOS COnTÁbEIS E ESTRuTuRA COnCEITuAl • AulA 2 Consistência, embora esteja relacionada com a comparabilidade, não significa o mesmo. esta refere-se ao uso dos mesmos métodos para os mesmos itens, tanto de um período para outro, considerando a mesma entidade que reporta a informação, quanto para um único período entre entidades. Comparabilidade é o objetivo; a consistência auxilia a alcançar esse objetivo. Comparabilidade também não pode ser confundida com uniformidade. Para que a informação seja comparável, coisas iguais precisam parecer iguais e coisas diferentes precisam parecer diferentes. a comparabilidade da informação contábil-financeira não é aprimorada ao se fazer com que coisas diferentes pareçam iguais ou, ainda, ao se fazer coisas iguais parecerem diferentes. algumgrau de comparabilidade é possivelmente obtido por meio da satisfação das características qualitativas fundamentais. a representação fidedigna de um fenômeno econômico relevante deve possuir naturalmente algum grau de comparabilidade com a representação fidedigna de fenômeno econômico relevante similar de outra entidade que reporta a informação. Muito embora um fenômeno econômico singular possa ser representado com fidedignidade de múltiplas formas, a discricionariedade na escolha de métodos contábeis alternativos para o mesmo fenômeno econômico diminui a comparabilidade. Verificabilidade a verificabilidade ajuda a assegurar aos usuários que a informação representa fidedignamente com o fenômeno econômico que se propõe a representar. a verificabilidade significa que diferentes observadores, cônscios e independentes, podem chegar a um consenso, embora não cheguem necessariamente a um completo acordo, quanto ao retrato de uma realidade econômica em particular ser uma representação fidedigna. informação quantificável não necessita ser um único ponto estimado para ser verificável. Uma faixa de possíveis montantes com suas probabilidades respectivas pode, também, ser verificável. a verificação pode ser direta ou indireta. Verificação direta significa verificar um montante ou outra representação por meio de observação direta, como, por exemplo, por meio da contagem de caixa. Verificação indireta significa checar os dados de entrada do modelo, fórmula ou outra técnica e recalcular os resultados obtidos por meio da aplicação da mesma metodologia. Um exemplo é a verificação do valor contábil dos estoques por meio da checagem dos dados de entrada (quantidades e custos) e por meio do recálculo do saldo final dos estoques utilizando a mesma premissa adotada no fluxo do custo (por exemplo, utilizando o método PePS). Pode não ser possível verificar algumas explicações e alguma informação contábil-financeira sobre o futuro (forward-looking information) até que o período futuro seja totalmente alcançado. Para ajudar os usuários a decidir se desejam usar dita informação, é normalmente necessário divulgar as premissas subjacentes, os métodos de obtenção da informação e outros fatores e circunstâncias que suportam a informação. 34 AulA 2 • PRInCíPIOS COnTÁbEIS E ESTRuTuRA COnCEITuAl Tempestividade Tempestividade significa ter informação disponível para tomadores de decisão a tempo de poder influenciá-los em suas decisões. em geral, a informação mais antiga é a que tem menos utilidade. contudo, certa informação pode ter o seu atributo tempestividade prolongado após o encerramento do período contábil, em decorrência de alguns usuários, por exemplo, necessitarem identificar e avaliar tendências. Compreensibilidade classificar, caracterizar e apresentar a informação com clareza e concisão torna-a compreensível. certos fenômenos são inerentemente complexos e não podem ser facilmente compreendidos. a exclusão de informações sobre esses fenômenos dos relatórios contábil-financeiros pode tornar a informação constante em referidos relatórios mais facilmente compreendida. contudo, referidos relatórios seriam considerados incompletos e potencialmente distorcidos (misleading). relatórios contábil-financeiros são elaborados para usuários que têm conhecimento razoável de negócios e de atividades econômicas e que revisem e analisem a informação diligentemente. Por vezes, mesmo os usuários bem informados e diligentes podem sentir a necessidade de procurar ajuda de consultor para compreensão da informação sobre um fenômeno econômico mais complexo. Aplicação das características qualitativas de melhoria características qualitativas de melhoria devem ser maximizadas na extensão possível. entretanto, as características qualitativas de melhoria, quer sejam individualmente ou em grupo, não podem tornar a informação útil se dita informação for irrelevante ou não for representação fidedigna. a aplicação das características qualitativas de melhoria é um processo interativo que não segue uma ordem preestabelecida. algumas vezes, uma característica qualitativa de melhoria deve ser diminuída para maximização de outra. Por exemplo, a redução temporária na comparabilidade como resultado da aplicação prospectiva de uma nova norma contábil- financeira pode ser vantajosa para o aprimoramento da relevância ou da representação fidedigna no longo prazo. divulgações apropriadas podem parcialmente compensar a não comparabilidade. Finalizamos nosso estudo da aula 2. Bons estudos! 35 PRInCíPIOS COnTÁbEIS E ESTRuTuRA COnCEITuAl • AulA 2 Sugestão de estudo Para aprimorar mais o seu o conhecimento, assista ao vídeo do Professor Sergio iudícibus – Teoria da Contabilidade – Parte 1. disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=msnbsafi188>. Sintetizando Vimos até agora: » nesta aula aprendemos sobre o conselho Federal de contabilidade, órgão que regulamenta as normas e a profissão de contabilidade. » em seguida, estudamos os seis princípios de contabilidade que são os norteadores da profissão contábil. » após, conhecemos a estrutura conceitual de contabilidade, normatizada pelo comitê de Pronunciamentos contábeis, com o objetivo de uniformizar as normas internacionais de contabilidade. » destaque desta estrutura conceitual são a Premissa Subjacente, a continuidade e as características Qualitativas da informação contábil Útil. 36 Introdução contabilidade é a ciência que estuda, interpreta e registra os fenômenos que afetam o patrimônio de uma entidade. ela alcança sua finalidade por meio do registro e análise de todos os fatos relacionados com a formação, a movimentação e as variações do patrimônio administrativo, vinculado à entidade, com o fim de assegurar seu controle e fornecer a seus administradores as informações necessárias à ação administrativa, bem como a seus titulares (proprietários do patrimônio) e demais pessoas com ele relacionadas, as informações sobre o estado patrimonial e o resultado das atividades desenvolvidas pela entidade para alcançar os seus fins. (Professores da USP, 2010) Por meio da citação acima, percebemos que a existência da contabilidade está intrinsecamente ligada ao Patrimônio, principal objeto da contabilidade. dessa forma, nesta aula aprofundaremos nosso estudo nessa temática. Figura 10. Patrimônio Fonte: Autora (2018). 3AulAPATRIMônIO DAS EnTIDADES 37 PATRIMônIO DAS EnTIDADES • AulA 3 Objetivos » aprofundar os conhecimentos acerca do Patrimônio das entidades. » aprender sobre a composição do Patrimônio. » conhecer a origem e a aplicação dos recursos. » estudar sobre os atos e fatos administrativos e suas classificações. Patrimônio a riqueza de uma pessoa física ou jurídica é dada pela sua situação patrimonial, por seu patrimônio. Segundo Marion (2009), o patrimônio é um conjunto de bens, direitos e obrigações de uma entidade. Os bens e direitos pertencentes a uma entidade geram obrigações, e uma forma de representar graficamente esse patrimônio seria apresentar, de um lado, os bens e direitos e, do outro, as obrigações de uma entidade. do ponto de vista contábil, são considerados apenas os bens, direitos e obrigações que podem ser avaliados em moeda. Os bens e direitos são denominados de ativos, enquanto as obrigações são os Passivos. Figura 11. Representação do Patrimônio da Entidade PATRIMÔNIO ATIVO BENS E DIREITOS (APLICAÇÕES) PASSIVO ObRIgAçÕES (ORIGENS) Fonte: Autora (2018). bens São representados por itens úteis à entidade objetos de propriedade da empresa avaliados monetariamente. São divididos em bens tangíveis e intangíveis. Os bens tangíveis possuem forma física, são palpáveis, tais como: dinheiro, estoques, veículos, imóveis, móveis e utensílios, terrenos, ferramentas, entre outros. Os bens intangíveis não possuem forma física. Podem ser adquiridos ou podem ser elaborados pela entidade. exemplos de bens intangíveis são: softwares, fundo de comércio, marcas, patentes de invenção,entre outros, até o capital intelectual disponível em uma entidade. nem sempre 38 AulA 3 • PATRIMônIO DAS EnTIDADES pode ser mensurado, pois sua avaliação é subjetiva. esse conteúdo será aprofundado na disciplina contabilidade Societária. Direitos representam o poder de exigir alguma coisa. São valores de propriedade da empresa que estão em poder de terceiros. Por exemplo, o valor que uma empresa receberá decorrente de uma venda a prazo. O comprador já levou a mercadoria, porém ainda não pagou, então a empresa tem o direito de receber o valor correspondente. Exemplos: depósitos bancários, contas a receber, duplicatas a receber (clientes), títulos a receber, empréstimos a diretores, adiantamento a fornecedores etc. Obrigações São dívidas que uma entidade tem com outras e representam o poder que essas outras entidades possuem em exigir alguma coisa. São os valores de propriedade de terceiros que estão em poder da empresa, originando um compromisso futuro de pagamento. Quando se compra um bem a prazo, ele se integra ao patrimônio a partir do momento em que o fornecedor o entrega. como foi uma venda a prazo, a empresa passa a ter uma obrigação com o fornecedor, representada por “uma conta a pagar” equivalente ao preço do bem. assim como aumenta de um lado, o ativo (bem) da empresa; de outro lado, aumenta o Passivo (obrigação) da empresa. Exemplos: empréstimos e financiamentos a pagar, salários a pagar, duplicatas a pagar (fornecedores), títulos a pagar, impostos a recolher, aluguéis a pagar: obrigações decorrentes de contratos de locação. Representação gráfica O gráfico do patrimônio é representado pelo Balanço Patrimonial, no qual do lado esquerdo se encontram os valores ativos e do lado direito os valores passivos. a palavra balanço decorre do equilíbrio: ativo = Passivo + Pl, ou da igualdade: aplicações = Origens. Parte-se da ideia de uma balança, em que sempre encontramos a igualdade. Mas em vez de se denominar balança (como balança comercial) denomina-se balanço. 39 PATRIMônIO DAS EnTIDADES • AulA 3 O termo patrimonial tem origem no patrimônio da empresa, ou seja, conjunto de bens, direitos e obrigações. daí o termo patrimonial. O princípio básico da contabilidade determina que os valores finais das contas do Ativo devem ser iguais às contas do Passivo. Quadro 4. Representação Gráfica do Balanço Patrimonial BALANÇO PATRIMONIAL ATIvO PASSIvO BENS OBRIGAÇÕES Dinheiro em caixa Fornecedores Estoques de Mercadorias Salários a pagar veículos Empréstimos a pagar Máquinas e Equipamentos Impostos a recolher Ferramentas Contas a Pagar Softwares Encargos Sociais a Pagar Marcas e Patentes Aluguéis a Pagar Imóveis PATRIMÔNIO LÍQUIDO Terrenos Capital Social DIREITOS Reservas de lucros Depósitos bancários Ajustes Clientes Prejuízos Acumulados Empréstimos a diretores Fonte: Autora (2018). dessa forma, se determinada entidade empresarial possui os seguintes elementos: » dinheiro – 1.000,00 » Veículos – 14.000,00 » contas a receber – 30.000,00 » Salários a Pagar – 12.000,00 » impostos a recolher – 3.000,00 » contas a Pagar – 5.000,00 Sobre esse patrimônio, pode-se afirmar que essa entidade possui: » total de Bens no valor de 15.000,00. » total de direitos no valor de 30.000,00. » total de Obrigações exigíveis no valor de 20.000,00. Patrimônio Líquido = Bens + Direitos – Obrigações Exigíveis 40 AulA 3 • PATRIMônIO DAS EnTIDADES Patrimônio líquido = 15.000,00 + 30.000,00 – 20.000,00 Patrimônio líquido = 25.000,00 Pode-se afirmar que essa entidade empresarial deve a terceiros 20.000,00 e possui recursos (bens + direitos) de 45.000,00. aplicando a equação citada do patrimônio líquido anteriormente, o patrimônio líquido ou a riqueza líquida dessa entidade é, portanto, 25.000,00. Origens x Aplicações Origens todos os recursos que entram em uma empresa passam pelo passivo exigível e patrimônio líquido. Os recursos (financeiros ou materiais) são originados dos proprietários (patrimônio líquido), fornecedores, governo, bancos, financeiras etc. Por meio do passivo e do patrimônio líquido, portanto, identificam-se as origens dos recursos. Aplicações O ativo, por sua vez, evidencia todas as aplicações de recursos: aplicação no caixa, em estoque, em máquinas, em imóveis etc. a empresa, na verdade, só pode aplicar (ativo) aquilo que tem origem (passivo e Pl). evidentemente, havendo origem de r$ 200.000,00, a aplicação deve ser de r$ 200.000,00. dessa forma, fica bastante simples entender por que o ativo será sempre igual ao Passivo + Pl. Quadro 5. Representação Gráfica – Aplicações e Origens BALANÇO PATRIMONIAL Ativo (Aplicações) Passivo Exigível e Patrimônio líquido (Origens) Aplicações Capital Terceiros + Capital Próprio Fonte: Autora (2018). Equação fundamental O patrimônio, por si só, não mede a efetiva riqueza de uma entidade. a parte que sobra para a entidade quando as obrigações são subtraídas dos bens e direitos representa a riqueza líquida (MariOn, 2009). 41 PATRIMônIO DAS EnTIDADES • AulA 3 em outras palavras, para se conhecer a efetiva riqueza líquida de uma entidade, é necessário conhecer o seu Patrimônio líquido, que é a diferença entre a soma dos bens e direitos e a soma das obrigações exigíveis e é representada pela seguinte equação: Patrimônio Líquido = Bens + Direitos - Obrigações Ativo Passivo a partir dessa equação fundamental, pode-se deduzir que em dado momento, o patrimônio assume, invariavelmente, um dos três estados a saber: Situação líquida positiva 1. Quando o ativo é maior que o passivo exigível, teremos patrimônio líquido maior do que zero, revelando a existência de riqueza patrimonial (a > P). Tabela 1. Situação líquida Positiva. ATIVO PASSIVO + PL Caixa 15.000 Passivo Exigível(1) 20.000 Estoques 12.000 Salários a Pagar 12.000 Duplicatas a receber 23.000 Fornecedores 8.000 Patrimônio Líquido 30.000 Capital Social 25.000 lucro do Período 5.000 Total 50.000 Total 50.000 Fonte: Autora (2018). nota(1): Passivo exigível, neste exemplo, compreendeu o somatório da conta salários a pagar mais fornecedores. Situação líquida negativa 2. Quando o ativo é menor que o passivo exigível, teremos patrimônio líquido menor do que zero, revelando má situação financeira e existência de “passivo a descoberto” (a < P). Tabela 2. Situação líquida negativa. ATIVO PASSIVO + PL Caixa 15.000 Passivo Exigível(1) 75.000 Estoques 12.000 Salários a Pagar 10.000 Duplicatas a receber 23.000 Fornecedores 5.000 Financiamentos 60.000 Patrimônio Líquido (25.000) Capital Social 25.000 Prejuízo do Período (50.000) Total 50.000 Total 50.000 Fonte: Autora (2018). 42 AulA 3 • PATRIMônIO DAS EnTIDADES nota(1): Passivo exigível neste exemplo, compreendeu o somatório da conta salários a pagar mais fornecedores mais financiamentos. Situação líquida nula 3. Quando o ativo é igual ao passivo exigível, teremos patrimônio líquido igual a zero, revelando inexistência de riqueza própria (a = P). Tabela 3. Situação líquida nula. ATIVO PASSIVO + PL Caixa 15.000 Passivo Exigível(1) 50.000 Estoques 12.000 Salários a Pagar 10.000 Duplicatas a receber 23.000 Fornecedores 5.000 Financiamentos 35.000 Patrimônio Líquido 0 Capital Social 25.000 Prejuízo do Período (25.000) Total 50.000 Total 50.000 Fonte: Autora (2018). nota(1): Passivo exigível, neste exemplo, compreendeu o somatório da conta salários a pagar mais fornecedores mais financiamentos. Atos e fatos administrativos Atos administrativos São acontecimentos em geral que ocorrem nas entidades, mas não provocam alterações de imediato no patrimônio. Exemplos: nomeação de diretoria, admissão de empregados, assinaturas de contratos de compras ou vendas etc. Fatos administrativos São acontecimentos dos quais decorrem mutações no patrimônio da entidade, sendo de interesse contábil. Provocam variações nos valores patrimoniais, podendo ou não alterar o patrimônio líquido.
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