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cespeUnB Centro de Seleção e de Promoção de Eventos ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E DIREITOS E DEVERES DO SERVIDOR SECRETARIA DA EDUCAÇÃO DO ESTADO DO CEARÁ CONCURSO PÚBLICO PARA PROVIMENTO NO CARGO DE PROFESSOR PLENO I PROGRAMA DE CAPACITAÇÃO PROFISSIONAL cespeUnB Centro de Seleção e de Promoção de Eventos Autora Daniela de Macedo Britto Ribeiro Trindade de Sousa SECRETARIA DA EDUCAÇÃO DO ESTADO DO CEARÁ CONCURSO PÚBLICO PARA PROVIMENTO NO CARGO DE PROFESSOR PLENO I PROGRAMA DE CAPACITAÇÃO PROFISSIONAL 2010 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E DIREITOS E DEVERES DO SERVIDOR 4 Módulo 2 - Administração Pública e Direitos e Deveres do Servidor Reitor José Geraldo de Sousa Junior Vice-Reitor João Batista de Souza Centro de Seleção e de Promoção de Eventos (CESPE) Ricardo Carmona Diretor-Geral Rosalina Pereira Diretora-Executiva Roger Werkhäuser Escalante Coordenadoria de Educação Corporativa e Eventos Roberta Freitas Soares Gerência de Formação de Pessoas Equipe Técnico-Pedagógica Ana Maria da Silva Peixoto Danielle Xabregas Pamplona Nogueira Lady Sakay Luís Fernando Tavares Santos Michelle Galdino da Silva Milene de Fátima Soares Nayara César Santos de Morais Vera Lúcia de Jesus Endereço Campus Universitário Darcy Ribeiro Edifício Sede CESPE/UnB Caixa Postal 04488 CEP: 70904-970 – Asa Norte, Brasília/DF Telefone: (61) 3448-0100 Fax: (61) 3448-0110 Site: www.cespe.unb.br E-mail: sac@cespe.unb.br Autora: Daniela de Macedo Britto Ribeiro Trindade de Sousa Mestre em Direito, Estado e Constituição pela Universidade de Brasília. Professora universitária de Direito Constitucional. Analista judiciária do Supremo Tribunal Federal. Tem experiência de docência em cursos de formação profissional promovidos pelo CESPE/UnB. cespeUnB Centro de Seleção e de Promoção de Eventos 5Unidade I - Administração Pública: Princípios da Administração Apresentação Olá, futuro professor, muito prazer! Estaremos juntos durante este módulo. Espero que as informações aqui disponíveis sejam úteis para que você desempenhe da melhor maneira possível sua importante missão. Missão? Sim, depois eu explico... Em primeiro lugar, gostaria de agradecer por estar participando deste Programa de Capacitação Profissional do Concurso Público para Provimento no Cargo de Professor Pleno I. Por onde ando sempre digo a mesma coisa: ser professor é uma das atividades mais bonitas que o ser humano pode desempenhar. Eu, particularmente, sou apaixonada pela vida docente. Sei que não é uma fácil tarefa... Mas, é sim maravilhosa! Apesar dos desafios diários e da imensa dedicação que exige, não há como acreditar num mundo melhor sem acreditar na educação. Por isso, docente do futuro, esteja certo de que sua missão é uma das mais importantes que alguém pode ter. Obrigada, mais uma vez, por estar aqui! O Brasil, o Ceará e os jovens precisam muito do seu empenho e do seu trabalho. Com a sua criatividade e com a sua dedicação será possível despertar nos adolescentes a importância da aprendizagem para um futuro com dignidade e boas perspectivas. Aprender e ensinar devem ser projeto de vida. Meu, seu, dos adultos, dos jovens... enfim, de todos nós! Este módulo pretende ajudá-lo a aprender um pouco mais sobre a Administração Pública, servidor público, seus direitos, seus deveres e suas responsabilidades para que você possa ser um professor nota dez! Um abraço e boas aulas! 6 Módulo 2 - Administração Pública e Direitos e Deveres do Servidor Sumário Apresentação 5 Unidade I - Administração Pública: Princípios da Administração 7 Administração Pública 7 Princípios da Administração Pública 10 Unidade II - Poderes da Administração Pública. Serviço Público 14 Poderes da Administração Pública 14 Serviço Público 18 Unidade III - Servidores Públicos. Cargo, Emprego e Função Pública. 20 Provimento, Vacância e Estágio Probatório Servidores Públicos 20 Cargo, Emprego e Função Pública 20 Provimento, Vacância de Cargo Público 22 Estágio Probatório 24 Unidade IV - Carreira e Direitos 26 Carreira 26 Direitos 28 Unidade V - Deveres, Responsabilidades, Sindicância e Processo Administrativo 32 Deveres 32 Responsabilidades 34 Sindicância e Processo Administrativo Disciplinar 35 Resumo do Módulo 38 Referências Bibliográficas 40 Referências Legislativas 41 7Unidade I - Administração Pública: Princípios da Administração UNIDADE I ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO Apresentação da Unidade I Professor, Espero que você esteja bastante interessado em refletir comigo sobre a Administração Pública. Falaremos um pouco do conceito de Estado, de Administração e de quais são seus princípios. Esta Unidade é muito importante para que você tenha uma noção geral da estrutura de que fará parte. Gosto muito de lembrar aos meus alunos que o Estado é um ente abstrato que funciona com o suor de muitos servidores públicos. Nossa, como é importante ser um deles! Espero que, em breve, você também seja um! Objetivo O objetivo é fazer com que você tenha, ao final desta Unidade, uma idéia ampla do que é administração pública e quais os princípios que a norteiam. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Vocês sabiam que vivemos num Estado Democrático de Direito? Isso mesmo. A nossa Constituição Federal de 1988 nos diz logo em seu artigo 1º que a República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito. Vamos tentar descobrir o sentido das expressões Estado Democrático de Direito e República Federativa? Para começar, é possível dizer que o Estado é pessoa jurídica territorial soberana, formada pelos elementos povo, território e governo. Esses três elementos são indissociáveis e necessários para a noção de Estado independente: o povo, num dado território, organizado segundo sua livre e soberana vontade. Assim, podemos dizer que o Estado Democrático de Direito é o Estado que vivencia a experiência democrática e que observa e respeita a Constituição Federal e todas as demais leis. 8 Módulo 2 - Administração Pública e Direitos e Deveres do Servidor Só para relembrar: a Constituição Federal é a norma mais importante do Brasil. Todas as Constituições Estaduais, todas as leis federais, todas as leis estaduais e municipais devem observar os princípios e as regras que estão na nossa Constituição de 1988. Por isso, se ainda não a conhecem, está passando da hora de ter a sua Constituição em mãos! É nela que estão dispostos os nossos direitos fundamentais, a organização administrativa do nosso país, a distribuição do poder e das competências, além de outros temas importantes que nela também estão tratados. Voltaremos nesta super norma algumas vezes durante nosso módulo, ok? Como eu já havia citado, o Estado brasileiro também se organiza em uma República Federativa. Ser uma República, em poucas palavras, significa que reconhecemos a necessidade de que o governo seja exercido por períodos pré-definidos e de que haja alternância no poder. Ser uma Federação, simplificadamente, representa a união indissolúvel dos estados (Ceará, São Paulo, Minas Gerais, Maranhão, Piauí, Tocantins, Paraná etc.), municípios e Distrito Federal, sendo que cada um deles tem autonomia político-administrativa e atua dentro dos limites de competências definidos na nossa Constituição Federal. A nossa Constituição Federal também nos diz que são poderes harmônicos e independentes o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. Temos essa divisão tripla do poder no âmbito federal e também no âmbito estadual, não é mesmo? Noseu Estado, como se dá essa divisão do poder? Há um Poder Judiciário? Há um Poder Legislativo? Há um Poder Executivo? Mas vamos lá, aguardo sua resposta! Os Estados que compõem a nossa federação organizam-se e regem-se por suas respectivas Constituições Estaduais, mas devem ser observados os princípios da Constituição Federal. Você sabia que o Ceará tem sua própria Constituição? Ela diz em seu artigo 1º que o Estado do Ceará, unidade integrante da República Federativa do Brasil, com os seus Municípios, exprime a sua autonomia política na esfera de competências remanescentes, mediante a Constituição e as leis que adotar. Diz também que são Poderes do Estado do Ceará, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. Olha aí a resposta à minha pergunta! 9Unidade I - Administração Pública: Princípios da Administração A cada um dos Poderes foi atribuída determinada função. Ao Poder Legislativo, como regra, compete a função de elaborar e aprovar as leis; ao Poder Judiciário, como regra, compete a função de julgar; ao Poder Executivo, como regra, compete a função administrativa. Você deve ter percebido que falei: como regra. Como regra porque não há exclusividade no exercício das funções, mas há predominância de determinada atividade. Quer um exemplo? Olha só: o Poder Judiciário tem a função predominante de julgar, não é isso? Então, como regra ele é o Poder que julga, que exerce a função jurisdicional. Ok, isso nós já sabíamos. Mas, para funcionar, o Poder Judiciário precisa de uma organização administrativa. É necessário ter servidores, uma estrutura física, uma rotina organizacional, alguém que cuide de férias, pagamento, material, controle interno, etc. Essas últimas atividades que citei são julgamentos? O que você acha? Não. Tais atividades não são as atividades típicas que o Poder Judiciário exerce. São atividades administrativas, de gestão. PODER JUDICIÁRIO DO CEARÁ http://www.tjce.jus.br/principal/default.asp PODER LEGISLATIVO DO CEARÁ http://www25.ceara.gov.br/guia/info_livre_resp.asp?txt_ pesquisa=poder%20legislativo PODER EXECUTIVO DO CEARÁ http://www.ceara.gov.br Naveguem nas páginas e saibam mais! 10 Módulo 2 - Administração Pública e Direitos e Deveres do Servidor Um grande jurista alemão do século passado, Otto Mayer, dizia que a atividade administrativa “é a atividade do Estado para realizar seus fins, debaixo da ordem jurídica”. Em síntese, para realizar sua função principal, qualquer poder deve ter uma atividade administrativa mínima. Isso serve para a esfera federal, estadual e municipal, ok? Vamos então pensar um pouco sobre o conceito de Administração Pública. O que vem à sua mente quando lê ou escuta a expressão Administração Pública? Segundo José dos Santos Carvalho Filho, “há um consenso entre os autores no sentido de que a expressão ‘administração pública’ é de certo modo duvidosa, exprimindo mais de um sentido”. Para facilitar a compreensão do tema, o autor divide o sentido da expressão em sentido objetivo (consistente na própria atividade administrativa) e sentido subjetivo (consistente nos executores da atividade administrativa). Em seu sentido objetivo, administração pública é a própria atividade administrativa exercida pelo Estado por seus órgãos e agentes. Trata-se da própria gestão dos interesses públicos executada pelo Estado, seja através da prestação de serviços públicos, seja por sua organização interna. Ainda de acordo com o autor antes mencionado, administração pública nesse sentido objetivo deve ser grafada com iniciais minúsculas. Além disso, é claro que a última destinatária dessa gestão é a própria sociedade, já que não se pode conceber o objetivo da função pública que não seja voltado à sociedade. Administração Pública, em seu sentido subjetivo, é o conjunto de órgãos, agentes e pessoas jurídicas que têm a incumbência de executar as atividades administrativas. Nessa concepção subjetiva, a expressão é grafada com letras iniciais maiúsculas. Todos os órgãos e agentes integrantes dos três poderes do Estado que estejam exercendo função administrativa serão integrantes da Administração Pública. Assim, é possível dizer que a Administração Pública compreende: Administração Pública Direta e Indireta. Vamos aos conceitos? Administração Pública Direta – conjunto de órgãos e serviços diretamente vinculados aos poderes do Estado. Por exemplo, no Poder Executivo do Estado são os órgãos da Governadoria, as Secretarias de Estados e as Diretorias, Departamentos e Divisões das Secretarias. Administração Pública Indireta – conjunto de entidades vinculadas à administração direta organizadas sob estatuto próprio, dotadas de autonomia administrativa e financeira. As autarquias, as empresas públicas, as sociedades de economia mista e as fundações públicas constituem a Administração Indireta. Você, futuro professor, enquanto servidor público, já identificou onde se encaixará na estrutura do Estado? Vá pensando... PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Já conversamos um pouco sobre Administração Pública. Que tal refletirmos um pouco sobre os princípios que devem orientar a própria atividade administrativa? Antes de falarmos sobre quais são os princípios, que tal pensarmos sobre o que são 11Unidade I - Administração Pública: Princípios da Administração princípios? Você já deve ter ouvido por aí: “Fulano é alguém de princípios”. Ou então: “Beltrano foi corrompido, abriu mão de seus princípios”. É, parece que ter princípios é algo muito importante. Em um sentido jurídico, podemos dizer que os princípios são idéias centrais de um sistema. São eles que estabelecem as diretrizes e conferem a ele um sentido lógico, harmonioso e racional. Os princípios determinam o alcance e o sentido das regras de um dado subsistema do ordenamento jurídico, norteando a interpretação e até mesmo a produção normativa. A Constituição Federal, em seu artigo 37, dispõe que a Administração Pública Direta ou Indireta, de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. E o que podemos entender por cada um desses princípios? Princípio da Legalidade A Administração Pública só pode agir de acordo com a lei. É importante realçar que deve ser observado o disposto nas leis, mas também nos princípios jurídicos e no ordenamento jurídico como um todo. Ah! E tem mais, a Administração está sujeita a seus próprios atos normativos, como decretos e regulamentos, expedidos para assegurar o fiel cumprimento das leis. Tudo isso significa que, na prática de um ato, o agente público está obrigado a observar não só a lei e os princípios jurídicos, mas também os decretos, as portarias, as instruções normativas, os regulamentos. Agora, lembre-se: a Constituição Federal assegura que ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei – artigo 5º, inciso II. Assim, na relação Administração x Servidor, o Estado somente poderá implementar medidas e políticas de pessoal que estejam consubstanciadas e autorizadas por lei. 12 Módulo 2 - Administração Pública e Direitos e Deveres do Servidor Princípio da Impessoalidade Ninguém poderá ser discriminado ou beneficiado pela Administração, ou seja, as ações administrativas se destinam a fins públicos e coletivos e não para beneficiar pessoas em particular. Os autores que escrevem sobre o princípio da impessoalidade o fazem sob dois prismas: a) como determinante da finalidade de toda a atuação administrativa; b) como vedação a que o agente público valha-se das atividades desenvolvidas pela Administração para obter promoção pessoal. O primeiro prisma é a acepção mais tradicional do princípio da impessoalidade, e traduz aidéia de que toda atuação da Administração deve ter como finalidade a satisfação do interesse público. A impessoalidade da atuação administrativa impede, portanto, que o ato administrativo seja praticado visando o interesse do agente ou de terceiros, devendo ficar restrito ao que dispõe a lei. Tudo para impedir perseguições, favorecimentos, discriminações benéficas ou prejudiciais aos administrados. Qualquer ato praticado com objetivo diverso da satisfação do interesse público será nulo por desvio de finalidade. O segundo prisma do princípio da impessoalidade está ligado à idéia de vedação à pessoalização das realizações da Administração Pública, à promoção pessoal do agente público. Vamos pensar num exemplo? Se uma nova escola for construída pelo Governo do Estado do Maranhão, o princípio da impessoalidade impõe que o realizador da obra seja divulgado como “Governo do Estado do Maranhão”, jamais como Fulano de Tal, Governador. Princípio da Moralidade A moralidade administrativa está relacionada ao conceito de bom administrador. O princípio da moralidade torna jurídica a exigência de atuação ética dos agentes da Administração Pública. A denominada moral administrativa difere da moral comum, justamente por ser jurídica e pela possibilidade de invalidação dos atos administrativos que sejam praticados com inobservância deste princípio. A moralidade administrativa também está vinculada ao conceito de probidade e de boa-fé. 13Unidade I - Administração Pública: Princípios da Administração Considerações finais Conhecer a importância da Administração e seus princípios é indispensável para que você, futuro servidor, possa ser um agente desse processo de colaboração para o desenvolvimento do nosso país. Isso mesmo, o professor é o lançador das sementes que germinarão num futuro muito próximo. Está na hora de checar se você compreendeu o conteúdo desta Unidade. Para isso, vá até o ambiente virtual e responda ao Questionário da Unidade Temática I – Administração Pública e Princípios. Se for preciso, releia o texto e reflita... Só então responda às questões! Princípio da Publicidade O princípio da publicidade exige ampla divulgação dos atos praticados pela Administração Pública, ressalvadas as hipóteses de sigilo previstas em lei. O princípio da publicidade está expresso no artigo 37 da Constituição Federal. Esse princípio geralmente é tratado sob dois aspectos. São eles: a) exigência de publicação em órgão oficial (normalmente o Diário Oficial da União ou do Estado) dos atos administrativos que produzam efeitos externos ou onerem o patrimônio público - enquanto não for publicado, o ato não pode produzir efeitos; b) exigência de transparência da atuação administrativa. Princípio da Eficiência Toda a atividade administrativa deve ser realizada com presteza, perfeição e rendimento funcional, exigindo resultados positivos para o serviço público. A idéia de eficiência aproxima-se da idéia de economicidade. É preciso que os objetivos sejam atingidos com uma boa prestação de serviços, do modo mais simples, mais rápido e mais econômico, melhorando a relação custo x benefício da atividade da administração pública. O administrador deve sempre procurar a solução que melhor atenda ao interesse público, levando em conta o ótimo aproveitamento dos recursos públicos. Refletindo... “A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo.” Nelson Mandela cespeUnB Centro de Seleção e de Promoção de Eventos 14 Módulo 2 - Administração Pública e Direitos e Deveres do Servidor PODERES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. SERVIÇO PÚBLICO Apresentação da Unidade II Bom dia! Boa tarde! Boa noite! São muitas as saudações para você. Torço para que nossas aulas sejam proveitosas. Vamos retomar nosso trabalho? Nesta segunda unidade temática daremos continuidade às nossas reflexões sobre a Administração Pública. Falaremos agora um pouco sobre poderes da Administração e serviço público. Mãos à obra! Objetivo O objetivo principal desta temática é proporcionar a você mais informações sobre a Administração Pública. Preciso que compreenda os poderes que possui a Administração e o que podemos chamar de serviço público. PODERES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA É preciso mais do que boa vontade da Administração Pública para um bom desempenho de suas atribuições. Para isso, alguns poderes são concedidos pelo ordenamento jurídico e destinam-se a possibilitar o alcance do fim maior da Administração Pública: a satisfação do interesse público. Tais poderes têm, portanto, natureza instrumental. Os poderes são: poder vinculado e discricionário, poder hierárquico, poder normativo ou regulamentar, poder disciplinar e poder de polícia. Vejamos cada um deles. Poder Vinculado: O poder vinculado determina que a administração execute o ato nas estritas hipóteses legais, observando o conteúdo rigidamente estabelecido na lei. Pode-se dizer, então, UNIDADE II Aprendendo mais Os poderes administrativos são prerrogativas conferidas a determinados agentes públicos apenas na estrita medida em que necessárias à realização dos fins públicos, cuja busca o próprio ordenamento jurídico lhes impõe. O exercício desses poderes só é legítimo quando observados os termos e limites estabelecidos em lei, respeitados os princípios jurídicos e os direitos e garantias fundamentais. 15Unidade II - Poderes da Administração Pública. Serviço Público que o poder vinculado é aquele em que o administrador se encontra inteiramente preso ao enunciado da lei que estabelece previamente um único comportamento possível a ser adotado em situações concretas, sem espaço para juízo de conveniência e oportunidade. Vou citar um famoso exemplo: aposentadoria por atingir o limite máximo de idade. Quando o servidor completar 70 anos, o administrador tem que aposentá-lo, pois a lei prevê esse único comportamento. Poder Discricionário: O poder discricionário é a prerrogativa legal conferida à administração pública, de modo explícito ou implícito, para a prática de atos administrativos com liberdade de escolha de sua conveniência, oportunidade e conteúdo, segundo a tradicional lição de Hely Lopes Meirelles. Há, portanto, um juízo de conveniência e oportunidade. Vamos ao exemplo. Uma situação em que se aplica o poder discricionário é a hipótese de pedido de afastamento para tratar de interesses particulares sem remuneração. A lei diz que o servidor poderá obter autorização de afastamento, o que destaca o poder discricionário da administração para avaliar a conveniência e oportunidade para autorizar o afastamento. Mais uma hipótese em que a administração tem o poder discricionário: pedido de porte de arma junto à Administração. O administrador poderá conceder ou não, dependendo do caso. Poder Hierárquico: Poder hierárquico é o poder conferido à Administração para distribuir as funções dos seus órgãos e fiscalizar a atuação dos seus agentes. As prerrogativas exercidas pelo superior sobre seus subordinados de dar ordens, fiscalizar, controlar, aplicar sanções e delegar competências são decorrências do poder hierárquico. Futuro servidor, aqui também está ressaltada a importância de se conhecer bem a estrutura da Administração: é fundamental que você saiba quem é seu superior hierárquico. Fique antenado! Ainda veremos que o servidor tem a obrigação de cumprir as determinações de seu superior hierárquico. Mas, atenção, a lei excepciona as ordens que forem manifestamente ilegais! Isso significa que o servidor não precisa praticar um ato ilegal solicitado pelo chefe. Cuidado: só não precisa cumprir determinação MANIFESTAMENTE ilegal! 16 Módulo 2 - Administração Pública e Direitos e Deveres do Servidor Poder Disciplinar: Poder disciplinar é o poder atribuído à Administração Pública para puniras infrações funcionais dos servidores e demais pessoas sujeitas à disciplina dos seus órgãos e serviços. Na verdade, devemos falar em poder-dever disciplinar. Tal poder possibilita à Administração: a) punir internamente as infrações funcionais de seus servidores; e b) punir infrações administrativas cometidas por particulares a ela ligados mediante algum vínculo jurídico específico (por exemplo, a punição pela administração de um particular que com ela tenha celebrado um contrato administrativo e descumpra as obrigações contratuais que assumiu). Vou exemplificar. Imagine um servidor da Secretaria de Transportes que tenha recebido propina ou vantagem indevida em razão das suas atribuições. Tal conduta é notoriamente ilegal, não é mesmo? A Administração, tomando conhecimento da irregularidade por denúncia escrita e identificada, pode deixar de instaurar processo administrativo disciplinar? O que você acha? De acordo com o que acabamos de aprender sobre poder disciplinar, a Administração tem o poder-dever de apurar o fato e aplicar a sanção disciplinar cabível. Quando a Administração constata que um servidor público, ou um particular que com ela possua vinculação jurídica específica, praticou uma infração administrativa, ela é obrigada a puni-lo; não há discricionariedade quanto a punir ou não alguém que comprovadamente tenha praticado uma infração disciplinar. O que pode existir é discricionariedade na graduação da penalidade disciplinar, ou mesmo no enquadramento da conduta como infração sujeita a uma ou outra penalidade dentre as previstas em lei, mas não há discricionariedade quanto ao dever de punir o infrator. Se já quiser saber um pouco mais... 17 Poder Normativo ou Regulamentar: Poder normativo ou regulamentar é o poder privativo do chefe do Poder Executivo (Presidente, Governador ou Prefeito) para expedir decretos e regulamentos compatíveis com a lei e visando desenvolvê-la. Tais regulamentos (ou decretos regulamentares) não podem criar direitos ou obrigações que não estejam previstos na lei. Teoricamente, o regulamento apenas detalha, complementa ou explicita aquilo que já está na lei, sem ir além das suas disposições, muito menos contrariá-las. Um exemplo que se aplica a você, futuro servidor público do Estado do Ceará, é o Decreto 25.581/00. O governador do Estado do Ceará regulamentou o afastamento de servidores públicos estaduais para a realização de estudos pós-graduados. Tal afastamento já estava previsto no artigo 110, inciso I, letra b da Lei Estadual nº 9.826/74 e apenas foi regulamentado pelo Poder Executivo. Poder de Polícia: Poder de polícia é o poder conferido à Administração para restringir, condicionar, limitar o exercício de direitos e atividades individuais dos particulares para preservar os interesses da coletividade. Encontra fundamento na supremacia do interesse público sobre o interesse particular e é inerente à atividade administrativa. O poder de polícia pode se apresentar, por exemplo, em uma portaria proibindo venda de bebidas alcoólicas a menores, e em embargo de uma obra por estar sendo construída de forma irregular. É competente para exercer poder de polícia administrativa sobre uma dada atividade o ente federado ao qual a Constituição da República atribui competência para legislar e regular sobre essa atividade. E você, futuro professor, qual sua participação nisso tudo? O ato de aplicação da penalidade deverá sempre ser motivado. Essa regra não comporta exceção: toda e qualquer aplicação de sanção administrativa (não só as sanções disciplinares) exige motivação, sobretudo porque, impreterivelmente, deve ser a todos assegurado o direito ao contraditório e à ampla defesa. Conheça seus direitos! Unidade II - Poderes da Administração Pública. Serviço Público 18 Módulo 2 - Administração Pública e Direitos e Deveres do Servidor SERVIÇO PÚBLICO Serviço público é a atividade exercida pelo Poder Público, direta ou indiretamente, sob normas e controles estatais, para realizar o que está de acordo com os seus fins e atribuições. Alguns serviços são de prestação obrigatória pelo Estado, por exemplo, os serviços de educação, saúde e assistência social. Mas, não basta prestar o serviço público. É preciso que a prestação seja de qualidade. Todos nós sabemos quando um serviço é mal prestado, não é? Para orientar a atuação administrativa, foram estabelecidos requisitos mínimos para que o serviço seja considerado adequado ao pleno atendimento dos usuários. É preciso que satisfaça condições de regularidade, continuidade, eficiência, segurança, atualidade, generalidade, cortesia na prestação, modicidade das tarifas – nas hipóteses em que são cabíveis. A União, os Estados e os Municípios são competentes para prestar serviços públicos, sendo a divisão dessas competências definidas pela Constituição Federal. Neste módulo estamos muito interessados num serviço público específico: educação. O texto constitucional define que a União, os Estados e os Municípios devem proporcionar os meios de acesso à educação, mas compete à União e aos Estados legislar sobre o tema. Além disso, também determina que os sistemas de ensino sejam organizados em regime de colaboração, mas define que os Estados atuarão prioritariamente no ensino fundamental e médio. Vamos ver o que diz a Constituição sobre o belíssimo direito fundamental à educação? A Constituição também destaca a valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos das redes públicas (art. 206, inciso V). Agora uma importante questão: qual a força necessária para que a Administração consiga prestar seus serviços públicos? Serão máquinas? Serão papéis? Acho que você já percebeu sua importância... Artigo 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo pra o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. A educação é para a alma o que a escultura é para um bloco de mármore . Addison , Joseph 19 Considerações Finais Estou na torcida para que você tenha compreendido a importância da Administração Pública para a sociedade. Já que nos organizamos em comunidade, precisamos daquilo que nosso acordo de convivência pode nos proporcionar: melhores condições de existência e de prosperidade. É nesse contexto que devemos inserir todo aparato estatal que dá suporte à prestação de serviços públicos e à estrutura administrativa. Tudo isso só faz sentido se lembrarmos que a administração pública não deve existir como um fim em si mesmo. Mas como uma estratégia para a realização daquilo que podemos chamar de “bem comum”. É para isso que a Administração tem alguns poderes específicos. É por isso que o Estado presta serviços. Caro aluno, que tal refletir mais um pouco sobre estes temas? Você deverá ir ao ambiente virtual das atividades e buscar o Fórum da Unidade Temática II – Poderes da Administração e Serviço Público. Bom trabalho! SERVIDORES PÚBLICOS. CARGO, EMPREGO E FUNÇÃO PÚBLICA. PROVIMENTO, VACÂNCIA E ESTÁGIO PROBATÓRIO cespeUnB Centro de Seleção e de Promoção de Eventos Unidade II - Poderes da Administração Pública. Serviço Público 20 Módulo 2 - Administração Pública e Direitos e Deveres do Servidor SERVIDORES PÚBLICOS. CARGO, EMPREGO E FUNÇÃO PÚBLICA. PROVIMENTO, VACÂNCIA E ESTÁGIO PROBATÓRIO Apresentação da Unidade III “Não sabendo que era impossível, ele foi lá e fez.” Adoro esta frase de Jean Cocteau. Tenho-a colada no meu computador. Tudo para que eu não me esqueça de sonhar e ousar. Isso mesmo, ousar! Se eu ficar acomodada na minha tarefa rotineira, certamente não terei condições deir além... Escrevo isso para te pedir que jamais desista dos seus sonhos. Não deixe que digam que é impossível - simplesmente faça. Se o Brasil ainda precisa melhorar muito para que as nossas promessas constitucionais sejam cumpridas, dependemos do esforço de milhares de servidores públicos. Por isso falaremos nesta unidade temática sobre aquele que move toda a estrutura administrativa: o servidor! Objetivo O objetivo desta unidade é apresentar alguns conceitos de servidor público, cargo público, emprego público e função pública. É dar noções iniciais sobre provimento de cargo público, vacância e um importante instrumento avaliativo do novo servidor: o estágio probatório. SERVIDORES PÚBLICOS Vamos lá! Para que os serviços públicos sejam prestados, para que a máquina administrativa do Estado possa funcionar é imprescindível o trabalho dos servidores públicos. E a quem podemos chamar de servidor público? Servidor Público é todo aquele que se vincula ao Estado ou às entidades de sua Administração Indireta por relações de natureza profissional, sujeito à hierarquia funcional e ao regime jurídico da entidade estatal a que serve. Vou lançar uma questão: como alguém se torna servidor público? Antes de responder, que tal algumas noções sobre cargo, emprego e função pública? CARGO, EMPREGO E FUNÇÃO PÚBLICA Os estudiosos do tema divergem sobre nomes e classificações das pessoas que mantêm vínculo de natureza funcional com o Estado. Mas, para facilitar a compreensão do tema, vamos tentar estabelecer algumas distinções. UNIDADE III 21 Servidores públicos são os agentes administrativos sujeitos a regime jurídico- administrativo, de caráter estatutário (isto é, de natureza legal, e não contratual); são os titulares de cargos públicos de provimento efetivo e de provimento em comissão. E o que são cargos públicos? Cargo público é o conjunto de atribuições, deveres e responsabilidades de natureza permanente a ser exercido por um servidor público. O cargo é criado por lei, tem denominação própria, número certo e pagamento pelos cofres públicos. Pode ser de provimento em caráter efetivo ou em comissão. Atenção! É vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto quando houver compatibilidade de horários: - dois cargos de professor; - um cargo de professor com outro, técnico ou científico; - dois cargos privativos de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas. Essa proibição também se aplica a empregos e funções públicas, ok? Retomando: são servidores públicos efetivos ou comissionados os titulares de cargo efetivo ou em comissão. Empregados públicos são os ocupantes de empregos públicos, sujeitos a regime jurídico contratual trabalhista; têm contrato de trabalho e são regidos basicamente pela Consolidação das Leis do Trabalho – CLT (são chamados de celetistas). E o que são empregos públicos? Empregos públicos são núcleos de encargos de trabalho permanentes a serem preenchidos por agentes contratados para desempenhá- los, sob relação trabalhista. O regime jurídico é trabalhista (contratual), mas deve observar as normas que diretamente constam do texto constitucional. Mas, o que são funções públicas? Para Maria Sylvia Di Pietro, funções públicas são as funções de confiança e as exercidas pelos agentes públicos contratados por tempo determinado, para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público. Servidores temporários são, portanto, aqueles contratados por tempo determinado para atender à citada necessidade temporária de excepcional interesse público, nos termos do art. 37, IX, da Constituição. O temporário não tem cargo nem emprego público; exerce uma função pública remunerada temporária e o seu vínculo funcional com a Administração Pública é contratual, mas se trata de um contrato de direito público, de caráter jurídico-administrativo, e não trabalhista; por essa razão são considerados agentes públicos estatutários, embora tenham seu próprio estatuto de regência (isto é, a lei que determina o seu regime jurídico), diferente daquele dos ocupantes de cargos públicos. Agora uma dúvida. Como faço para me tornar um servidor público? A Constituição Federal afirma que os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, também na forma da lei. Exige aprovação prévia em concurso público para o acesso a cargo efetivo e emprego público. Ressalva a livre nomeação para cargo em comissão. Tudo isso está previsto no artigo 37 e incisos da Constituição. O concurso público deve ser de provas ou de provas e títulos. É proibida a contratação para cargos efetivos ou empregos públicos Unidade III - Servidores Públicos.Cargo, Emprego e Função Pública. Provimento, Vacância e Estágio Probatório 22 Módulo 2 - Administração Pública e Direitos e Deveres do Servidor baseada exclusivamente em análise de títulos ou currículos, ou quaisquer outros procedimentos que não incluam a realização de provas. Cabe mencionar que o inciso V do art. 206 da Constituição, desde a sua redação original, exige concurso público de provas e títulos para o ingresso no magistério público. Também é preciso que sejam reservadas vagas nos concursos aos candidatos portadores de necessidades especiais. Eis o que diz a nossa Constituição: a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas portadoras de deficiência e definirá os critérios de sua admissão. PROVIMENTO E VACÂNCIA DE CARGO PÚBLICO De acordo com a natureza dos cargos, o seu provimento pode ser em caráter efetivo ou em comissão. Provimento é o ato administrativo pelo qual se efetua o preenchimento do cargo público, com a designação de seu titular. Existem diferentes formas de provimento dos cargos públicos (nomeação, promoção, reintegração, aproveitamento, reversão). Neste módulo vamos analisar brevemente o provimento por nomeação, que é o provimento inicial, originário, de todo cargo público. Já falamos que o cargo público pode ser de provimento efetivo ou em comissão, não foi mesmo? A nomeação é o ato formal pelo qual é atribuído a uma pessoa um cargo público, efetivo ou em comissão. A nomeação para cargo em comissão não depende de concurso público, podendo tanto recair sobre quem já seja integrante da Administração Pública ou sobre pessoa sem qualquer vínculo anterior com a Administração. Já a nomeação em caráter efetivo, como visto anteriormente, depende da prévia aprovação em concurso público compatível com a natureza e a complexidade do cargo a ser provido. A posse é o ato que completa a investidura em cargo público e ocorre com a assinatura do respectivo termo. O nomeado somente se torna servidor com a posse. Em regra, o nomeado tem o prazo de trinta dias, contados da publicação da nomeação no órgão oficial, para tomar posse, salvo nos casos de licença ou afastamento, hipótese em que se inicia a contagem a partir do término do impedimento. Se o concursado já nomeado no Diário Oficial não tomar posse no prazo legal, a Administração Pública tornará o ato de nomeação sem efeito. Resumindo: o prazo estabelecido para posse em cargo público é de 30 (trinta) dias da publicação do ato de nomeação no órgão oficial. A requerimento do interessado ou de seu representante legal, a autoridade competente para dar posse poderá prorrogar o prazo de 30 (trinta) dias previsto para posse, até o máximo de 60 (sessenta) dias contados do seu término. É o que diz a Lei Estadual nº 9.826/74, art.18 e art. 25. Quando se tratar de concursado ausente do País ou do Estado, ou ainda, em casos especiais, poderá haver posse por procuração, a juízo da autoridade competente. Para que o nomeado possa ser empossado em cargo público, é preciso atender 23 alguns requisitos: - ser brasileiro; - ter completado 18 anos de idade;estar no gozo dos direitos políticos; - estar quite com as obrigações militares e eleitorais; - ter boa conduta; - gozar saúde, comprovada em inspeção médica, na forma legal e regulamentar; - possuir aptidão para o cargo; - ter-se habilitado previamente em concurso, exceto nos casos de nomeação para cargo em comissão; - ter atendido às condições especiais, prescritas em lei ou regulamento para determinados cargos ou categorias funcionais. No ato da posse, é obrigatória a apresentação da declaração dos bens e valores que constituem o patrimônio do empossado, nos termos da regulamentação própria. O concursado não poderá ser empossado em cargo efetivo sem declarar, previamente, que não ocupa outro cargo ou exerce função ou emprego público da União, dos Estados, Municípios, do Distrito Federal, dos Territórios, de Autarquias, Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista, ou apresentar comprovante de exoneração ou dispensa do outro cargo que ocupava, ou da função ou emprego que exerce, ou, ainda, nos casos de acumulação legal, comprovante de ter sido a mesma julgada lícita pelo órgão competente. Exercício é o momento em que se inicia o efetivo desempenho das atividades inerentes a um cargo público. O servidor público do Estado do Ceará deverá entrar em exercício no prazo de 30 (trinta) dias contados da posse. Como o nomeado passa a ser servidor a partir da posse, se não entrar em exercício dentro do prazo legal, ocorrerá sua exoneração, ou seja, será desfeito o vínculo jurídico formado no momento da posse entre ele e a Administração. Acabamos de estudar um pouco sobre o provimento por nomeação de cargos públicos. Para que uma pessoa preencha o cargo é preciso que ele esteja vago. Como será que acontecem as vacâncias? Em primeiro lugar, digo que vacância é a abertura de vagas em cargo público. A vacância pode resultar, por exemplo, de exoneração, de demissão, de aposentadoria, de falecimento. Há outras formas de provimento de cargos públicos. No momento estamos interessados na nomeação dos aprovados em concurso público. Se estiver interessado em conhecer outras formas de provimento, dê uma olhadinha na Lei Estadual n. 9.826/74 (Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do Estado do Ceará). Só para registrar! Unidade III - Servidores Públicos.Cargo, Emprego e Função Pública. Provimento, Vacância e Estágio Probatório 24 Módulo 2 - Administração Pública e Direitos e Deveres do Servidor ESTÁGIO PROBATÓRIO Estágio probatório é o triênio de efetivo exercício no cargo de provimento efetivo, contado do início do exercício funcional, durante o qual é observado o atendimento dos requisitos necessários à confirmação do servidor nomeado em virtude de concurso público. É o que diz o artigo 27 da Lei nº 9.826/74, atualizado com a Emenda Constitucional nº 19 de 1998. Constituem requisitos para avaliação do servidor durante o estágio probatório: idoneidade moral; assiduidade; pontualidade; disciplina; produtividade; qualidade do trabalho; adaptação ao trabalho; responsabilidade; capacidade de iniciativa. O estágio probatório corresponderá a uma complementação do processo seletivo, devendo o servidor em exercício ser obrigatoriamente supervisionado pelo Conselho Técnico Administrativo. No estágio probatório, os cursos de treinamento para formação profissional ou aperfeiçoamento do servidor são de caráter competitivo e eliminatório. O servidor não aprovado no estágio probatório será exonerado ou, se estável, reconduzido ao cargo anteriormente ocupado. É proibida qualquer espécie de afastamento dos servidores em estágio probatório, ressalvados os casos previstos no art. 68, da Lei n. 9.826/74. Enquanto estiver em estágio probatório, o profissional do Grupo Ocupacional Magistério da Educação Básica – MAG não poderá ser movimentado de sua unidade nem fará jus à Ascensão Funcional. Durante o estágio, o profissional do magistério não poderá ser afastado de suas funções de docência, salvo para ocupar cargos em comissão no Núcleo Gestor das Escolas da Rede Oficial de Ensino Estadual, neste caso o estágio será disciplinado por decreto, e para ocupar cargos em comissão na sede da SEDUC ou das Coordenadorias Regionais de Desenvolvimento da Educação. Cuidado! Não se deve confundir aprovação em estágio probatório com aquisição de estabilidade. Segundo o artigo 41 da Constituição Federal, são estáveis após 3 (três) anos de exercício os servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de concurso público. Como condição para a aquisição da estabilidade, é obrigatória a avaliação especial de desempenho por comissão instituída para essa finalidade. O ato administrativo declaratório da estabilidade do servidor no cargo de provimento efetivo, após cumprimento do estágio probatório e aprovação na avaliação especial de desempenho, será expedido pela autoridade competente para nomear, retroagindo seus efeitos à data do término do período do estágio probatório. Considerações finais Ufa, foram tantas informações! É isso mesmo. De agora em diante iremos trabalhar com informações que vocês precisam conhecer. Lembre-se de uma coisa: as leis que disciplinam os temas aqui abordados são muito detalhadas. Temos um limite de tempo que não permite o estudo completo das leis que nos interessam. Por isso, não hesite 25 em ser um autodidata! No final do nosso módulo eu indico todas as normas que são relevantes para você, ok? De qualquer modo, espero que você tenha tido noções introdutórias importantes sobre os assuntos que você ainda poderá pesquisar melhor. Como você já percebeu, é hora de mais uma atividade. O caminho você já conhece! Vá até o ambiente virtual e resolva o Questionário relativo a esta Unidade Temática IV – Servidor Público. Boa sorte! É isso... “Quem ama ler tem nas mãos as chaves do mundo” Rubem Alves Unidade III - Servidores Públicos.Cargo, Emprego e Função Pública. Provimento, Vacância e Estágio Probatório cespeUnB Centro de Seleção e de Promoção de Eventos 26 Módulo 2 - Administração Pública e Direitos e Deveres do Servidor CARREIRA E DIREITOS Apresentação da Unidade IV E aqui estamos nós novamente. Nosso quarto encontro! Espero que você ainda esteja muito disposto, com saúde e alegria por estar participando deste processo seletivo tão importante para o Estado do Ceará. Que tal falar um pouco sobre a carreira de professor e alguns direitos? Acredito que antes de chegar até aqui você já deva ter pesquisado alguma coisa sobre o assunto. Neste momento, portanto, traremos informações muito interessantes. Mais um lembrete: o material não é exaustivo! É fundamental que você conheça o texto das leis e os regulamentos que dispõem sobre tudo aquilo a que tem direito, ok? Ao final do nosso módulo indico os principais textos normativos. Objetivo O objetivo desta unidade é apresentar conceitos introdutórios sobre a carreira e sobre os direitos do servidor público professor do Estado do Ceará. CARREIRA Agora vamos falar um pouco sobre a carreira do Grupo Ocupacional do Magistério – MAG. Lembre-se que a Lei 14.431/09 redenominou o Grupo Ocupacional Magistério de 1º e 2º Graus – MAG para Grupo Ocupacional Magistério da Educação Básica, ok? Não temos tempo suficiente para detalhar todo o sistema de carreira. Se estiver interessado nos detalhes e desdobramentos, consulte a Lei 12.066/93, com suas alterações posteriores. UNIDADE IV Vejamos alguns conceitos importantes: Classe - conjunto de cargos/funções da mesma natureza funcional e semelhantes quanto aos graus de complexidade e nível de responsabilidade. Carreira - conjunto de classes da mesma natureza funcional e hierarquizadas segundo o grau de responsabilidade e complexidade a elas inerentes, para desenvolvimento do servidor nas classes dos cargos/funções que a integram. Referência - nível vencimentalintegrante da faixa de vencimentos fixado para a classe e atribuído ao ocupante do cargo/função em decorrência do seu progresso salarial. Não deixe de ler... 27 Em primeiro lugar, vamos definir o que é ascensão funcional – situação vetada durante o estágio probatório. Ascensão Funcional é o desenvolvimento da carreira do servidor, desde que atenda determinados requisitos legais para sua implementação (consulte a Lei 12.066/93 se quiser saber quais são os casos restritivos). A ascensão funcional ocorre de duas formas: por progressão e por promoção. Progressão é a passagem do servidor de uma referência para outra imediatamente superior dentro da faixa vencimental da mesma classe. As formas de progressão a que o servidor tem direito são: - Vertical (para o Grupo Ocupacional Magistério); - Horizontal (para os Grupos Ocupacionais: Magistério, Atividades de Nível Superior e Atividades de Apoio Administrativo e Operacional). Progressão vertical para o grupo Magistério é a elevação do Profissional de uma para outra classe dentro da mesma série de classes integrantes da carreira e dar-se-á mediante comprovação de habilitação legal para exercício do cargo/função integrante da classe (se quiser saber mais, consulte a Lei n. 12.066/93, art. 23). Progressão horizontal é a elevação de uma referência para outra imediatamente superior, dentro da faixa vencimental da mesma classe (se quiser saber mais, consulte: Lei n. 12.066/93; Lei n. 12.503/95; Lei n. 12.386/94; Decreto n. 22.793/93; Decreto n. 28.304/06). Os critérios a serem observados para a concessão da progressão horizontal são: - desempenho – compreende fatores subjetivos (desempenho profissional) e fatores objetivos (capacitação e experiência profissional); - antiguidade. Observação: para a progressão horizontal, deve ser observado o cumprimento do interstício de 365 (trezentos e sessenta e cinco) dias corridos e ininterruptos. Promoção é a elevação do servidor de uma para outra classe imediatamente superior dentro da mesma carreira, em razão de título de nova habilitação profissional. Podem ascender através da promoção, os servidores pertencentes aos Grupos Ocupacionais: Magistério e Atividades de Nível Superior. Lembramos que a lotação da SEDUC é constituída pelos seguintes Grupos Ocupacionais: - Atividades de Nível Superior – ANS; - Atividades de Apoio Administrativo e Operacional – ADO; - Magistério – Ensino Fundamental e Médio – MAG que compreende: Pessoal Docente (Professor) e Especialista (Orientador Educacional, Professor Coordenador de Ensino e Auditor Escolar). Falaremos agora sobre outro assunto importante: carga horária. A carga horária dos servidores públicos técnicos e administrativos é de trinta horas semanais de trabalho, a serem prestadas em período e tempo corrido das segundas às sextas- feiras. Já o Grupo Ocupacional Magistério da Educação Básica, tem carga horária assim: - Professor em efetiva regência de classe: de 20 (vinte) ou 40 (quarenta) horas aula semanais; - Professor que não esteja exercendo atividade docente: mesmo que Unidade IV - Carreira e Direitos 28 Módulo 2 - Administração Pública e Direitos e Deveres do Servidor os servidores públicos mencionados acima, ou seja, 30 horas semanais de trabalho; - Especialistas: carga horária idêntica a do Professor. A carga horária, em nenhuma hipótese, poderá ser reduzida em detrimento de menor vencimento para o cargo do magistério, salvo se a pedido do interessado. DIREITOS Além de professora, também sou servidora pública. Veremos que temos muitos deveres e responsabilidades, mas também muitos direitos! Um dos direitos mais desejados por todos que pretendem ingressar no serviço público é a famosa estabilidade. Estabilidade é o direito do servidor efetivo de não ser exonerado ou demitido, senão em virtude de sentença judicial ou inquérito administrativo, em que se lhe tenha sido assegurada ampla defesa. Essa segurança é adquirida pelo servidor concursado após 3 anos de exercício em cargo efetivo, aprovação no estágio probatório e em avaliação de desempenho feita por comissão instituída para essa finalidade. Outro direito importante é a remuneração. É com ela que pagamos nossas contas e levamos nossa vida. A remuneração do professor integrante do Grupo MAG, segundo a Lei 14.431/09, é composta de: - vencimento base; - gratificação por efetiva regência de classe, no percentual de 10% sobre o vencimento base; - parcela nominalmente identificável – PNI, para aqueles professores que ingressaram no serviço público até 31 de julho de 2009, data da publicação da Lei nº 14.431. “Eu diria que os educadores são como as velhas árvores. Possuem uma face, um nome, uma ‘estória’ a ser contada. Habitam um mundo em que o que vale é a relação que os liga aos alunos, sendo que cada aluno é uma ‘entidade’ sui generis, portador de um nome, também de uma ‘estória’, sofrendo tristezas e alimentando esperanças. E a educação é algo para acontecer nesse espaço invisível e denso, que se estabelece a dois. Espaço artesanal.” Rubem Alves Para refletir... PNI – o que é isso? A Parcela Nominalmente Identificável consiste no valor decorrente da diferença entre a soma do Vencimento Base com a Gratificação de Efetiva Regência de Classe, nos valores e percentuais definidos na Lei 14.431/09 e a remuneração do mês de junho de 2009, projetada com a progressão horizontal do professor do Grupo Ocupacional MAG em junho de 2009, excluídas, desta remuneração projetada, a vantagem pessoal incorporada pelo exercício de cargo em comissão e a Gratificação de Representação. Saiba mais! 29 Aqueles professores que lecionam para crianças e adolescentes excepcionais também têm direito a uma gratificação de 20% sobre o vencimento base. Se houver qualquer dúvida adicional, é importante consultar o art. 62, inciso IV da Lei 10.884/84, alterado pela Lei 14.431/09. Além da estabilidade e da remuneração, o servidor público tem direito às merecidas férias. Em geral, o servidor regido pelo Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do Estado do Ceará tem direito a 30 (trinta) dias de férias por ano, de acordo com a escala organizada. O Profissional do Magistério da Educação Básica - MAG lotado em unidade de ensino tem direito a 30 (trinta) dias de férias anuais após o 1° semestre letivo e 15 dias após o 2° período letivo. Muito bom! No período de recesso escolar, após o 2° semestre letivo, o professor ficará à disposição da unidade de trabalho onde atua, para treinamento e/ou para realização de trabalhos didáticos. O profissional do Grupo Ocupacional Magistério – MAG que exerce atividade na sede da SEDUC/ CREDE ou em outros setores da Administração Pública Estadual gozará apenas 30 dias de férias, na forma que dispõe o Estatuto do Servidor Público do Estado. Além da estabilidade, da remuneração e das férias, o servidor tem direito aos seguintes afastamentos e licenças: - casamento, até oito dias; - luto, até oito dias, por falecimento de cônjuge ou companheiro, parentes, consanguíneos ou afins, até o 2° grau, inclusive madrasta, padrasto e pais adotivos; - luto, até dois dias, por falecimento de tio e cunhado; - exercício das atribuições de outro cargo estadual de provimento em comissão, inclusive da Administração Indireta do Estado; - convocação para o Serviço Militar; - júri e outros serviços obrigatórios; - desempenho de função eletiva federal, estadual ou municipal, observada quanto a esta, a legislação pertinente; - exercício das atribuições de cargo ou função de Governo ou direção, por nomeação do Governador do Estado; - licença por acidente no trabalho, agressão não provocada ou doença profissional; - licença à gestante; - licença paternidade; - licença à adotante; - licença para tratamento de saúde; - licença para tratamento de moléstias que impossibilitem o funcionário definitivamentepara o trabalho, nos termos em que estabelecer Decreto do Chefe do Poder Executivo; - doença, devidamente comprovada, até 36 dias por ano e não mais de 3 (três) dias por mês; - missão ou estudo noutras partes do território nacional ou no estrangeiro, quando o afastamento houver sido expressamente autorizado pelo Governados do Estado, ou pelos Chefes dos Poderes Legislativo e Judiciário; - decorrente de período de trânsito, de viagem do funcionário que mudar de sede, contado da data do desligamento e até o máximo de 15 dias; - prisão do funcionário, absolvido por sentença transitada em julgado; - suspensão preventiva, e o período de suspensão, neste último caso, quando o funcionário for reabilitado em processo de revisão; - disponibilidade. Unidade IV - Carreira e Direitos 30 Módulo 2 - Administração Pública e Direitos e Deveres do Servidor O servidor também tem direito a algumas vantagens e indenizações: diária; ajuda de custo; auxílio-alimentação; vale-transporte; décimo terceiro salário; premiação. Um possível afastamento bastante interessante para a capacitação do servidor é para fins de estudos pós-graduados. O Decreto 25.851/00 define critérios para a autorização para o afastamento de servidor com o objetivo de realizar cursos de especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado, no Brasil e no exterior. É muito importante que o servidor conheça os termos do referido Decreto. Após três anos de efetivo exercício e após declaração de aquisição de estabilidade no cargo de provimento efetivo, o servidor poderá obter autorização de afastamento para trato de interesses particulares (por período não superior a quatro anos e sem percepção de remuneração). Tal afastamento está previsto na Lei n. 9.826/74, artigo 110, inciso II e artigo 115. Ainda são assegurados alguns benefícios previdenciários. Aos servidores: aposentadoria, salário-família, salário-maternidade, auxílio-doença. Aos dependentes: pensão por morte, auxílio-reclusão. Assegura-se ainda a prestação de serviços aos servidores e aos seus dependentes: - assistência médica; - assistência hospitalar; - assistência odontológica; - assistência social; - auxílio funeral. Professor, é importante que você conheça um detalhe quanto à sua futura aposentadoria: a legislação pertinente à matéria estabelece que os professores de ensino básico, fundamental e médio, têm uma regra diferenciada, em que o tempo de contribuição mínimo e a idade, são reduzidos em cinco anos, desde que provem exclusivamente tempo de efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio. Interessante destacar que as atividades de direção, coordenação e assessoramento pedagógico de unidade escolar de educação infantil, ensino fundamental e médico são funções de magistério para fins de aposentadoria especial – conforme disposto na Lei nº 14.188/08. Futuro servidor, não temos tempo para detalhar tantos direitos. Se quiser saber mais, consulte as seguintes normas: Constituição Federal, Constituição Estadual, Lei nº 9.826/74, art. 68 e seguintes (Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do Estado); Lei nº 10.985/84 (Servidora Adotante); Decreto nº 23.651/95 (Diárias e Ajuda de Custo); Decreto nº 26.478/01 (Diárias e Ajuda de Custo); Decreto nº 28.305/06 (Auxílio Alimentação); Lei nº 13.363/03 (Auxílio Alimentação); Decreto nº 26.390/01 (Benefício Alimentação); Decreto nº 23.673/95 (Vale Transporte); Lei nº 14.484/09 (Prêmio Aprender pra Valer). Para saber mais! 31 É também assegurado ao servidor o direito de petição, que significa poder requerer, representar, pedir reconsideração e recorrer perante a Administração Pública. Importante! Mas tenho certeza que você já sabe: o dia 15 de outubro é consagrado aos integrantes do magistério e será comemorado oficialmente. Considerações Finais Gente, eu disse para vocês que é uma maravilha ser servidor público, não disse? É isso mesmo. Servir à sociedade é uma tarefa muito nobre, além disso, temos uma série de garantias que normalmente os colegas da iniciativa privada não têm. Claro, para que sejamos merecedores dos direitos apresentados é indispensável que nosso trabalho seja desempenhado com eficiência, dedicação, responsabilidade, honestidade, respeito e amor! Após ter conhecido pontos importantes para sua atividade e seus direitos, o convidamos para pensar um pouco mais sobre tudo isso. Corra ao ambiente virtual e veja o que preparamos para você no Fórum desta Unidade Temática IV – Carreira e Direitos. Boas reflexões! “Por que se tornar um educador? Essa pergunta parece, de saída, impertinente. Não há coisa mais nobre do que educar. Sou educador porque sou apaixonado pelo homem. Desejo criar condições para que cada indivíduo atualize todas as suas potencialidades.” Rubem Alves Que bonito... Unidade IV - Carreira e Direitos cespeUnB Centro de Seleção e de Promoção de Eventos 32 Módulo 2 - Administração Pública e Direitos e Deveres do Servidor DEVERES, RESPONSABILIDADES, SINDICÂNCIA E PROCESSO ADMINISTRATIVO Apresentação da Unidade Temática V Queridos futuros colegas, estamos chegando ao final do nosso módulo! Esta já é nossa última unidade temática. Preciso que vocês fiquem bastante atentos às informações que vou transmitir. Sei que o conteúdo desta temática é denso. Temos muitos deveres! Além disso, somos absolutamente controlados por tudo o que fazemos enquanto servidores. É por isso que, mais uma vez, peço muita atenção. Para que você seja um servidor público eficiente será necessário conhecer muito bem todas as expectativas da sociedade e da Administração Pública. Vou precisar ser bem direta para conseguir apresentar todos os seus deveres, ok? Também vou apresentar as responsabilidades e algumas noções gerais sobre sindicância e processo administrativo disciplinar. Objetivo O objetivo principal desta parte final é apresentar os principais deveres e responsabilidades do servidor público e algumas noções básicas sobre sindicância e processo administrativo disciplinar. O objetivo será atingido se o candidato terminar esta unidade conhecedor dos seus deveres, das suas responsabilidades e das principais sanções se descumpridor das normas apresentadas. DEVERES No desempenho de suas funções, o professor deverá integrar-se à moderna filosofia de ensino, visando a proporcionar ao educando a formação necessária ao desenvolvimento de suas potencialidades como elemento de autorrealização, preparação para o trabalho e para o exercício consciente da cidadania. Os principais deveres do servidor público são: dever de agir – desempenhar a tempo as atribuições do cargo, função ou emprego público de que é titular; dever de eficiência – realizar as atribuições com rapidez, perfeição e rendimento; dever de probidade – desempenhar as atribuições sobre pautas que indicam atitudes retas, leais, justas e honestas, notas marcantes da integridade do caráter do homem; dever de prestar contas – prestar contas sobre a gestão de um patrimônio à coletividade. Para que seja possível atingir esse nobre objetivo, o professor em regência de classe terá carga horária de trabalho de 20 (vinte) ou de 40 (quarenta) horas semanais. UNIDADE V 33 Da carga horária semanal do docente, 1/5 (um quinto) será utilizada em atividades extraclasse na escola, exceto os docentes que atuam nas séries iniciais do 1º Grau (do Pré-Escolar à 4ª Série) e no Sistema de Telensino (art. 12 da Lei 12.066/93). É vedado ao professor utilizar as horas de atividades extraclasse em serviços estranhos às suas funções. O docente em regência de classe é obrigado ao cumprimento do número de horas-aula, segundo o calendário escolar, devendo recuperá-las quando, por motivo de força maior, estiver impossibilitado de comparecer ao estabelecimento, exceto se afastado por força dedispositivo legal. As horas-aula não recuperadas no decorrer de cada ano letivo serão passíveis de desconto no vencimento. Vamos conhecer agora quais são os deveres gerais de todo servidor público? São os seguintes: - lealdade e respeito às instituições constitucionais e administrativas a que servir; - observância das normas constitucionais, legais e regulamentares; - obediência às ordens de seus superiores hierárquicos; - continência de comportamento, tendo em vista o decoro funcional e social; - levar, por escrito, ao conhecimento da autoridade superior irregularidades administrativas de que tiver ciência em razão do cargo que ocupa, ou da função que exerça; – assiduidade; - pontualidade; - urbanidade; - discrição; - guardar sigilo sobre a documentação e os assuntos de natureza reservada de que tenha conhecimento em razão do cargo que ocupa, ou da função que exerça; - zelar pela economia e conservação do material que lhe for confiado; - atender às notificações para depor ou realizar perícias ou vistorias, tendo em vista procedimentos disciplinares; - atender, nos prazos de lei ou regulamentares, as requisições para defesa da Fazenda Pública; - atender, nos prazos que lhe forem assinados por lei ou regulamento, os requerimentos de certidões para defesa de direitos e esclarecimentos de situações; - providenciar para que esteja sempre em ordem, no assentamento individual, sua declaração de família; - atender, prontamente, e na medida de sua competência, os pedidos de informação do Poder Legislativo e às requisições do Poder Judiciário; - cumprir, na medida de sua competência, as decisões judiciais ou facilitar-lhes a execução. É vedado ao professor utilizar as horas de atividades extraclasse em serviços estranhos às suas funções. Não esqueça! Unidade V - Deveres, Responsabilidades, Sindicância e Processo Administrativo 34 Módulo 2 - Administração Pública e Direitos e Deveres do Servidor Além dos deveres mencionados, o pessoal de magistério, em face de sua missão de educar, deve preservar os valores morais e intelectuais que representa perante a sociedade, além de cumprir as obrigações inerentes à profissão, como por exemplo: - incutir, pelo exemplo, no educando, o espírito de respeito à autoridade, os princípios de justiça, de solidariedade humana e de amor à pátria; - guardar sigilo sobre assuntos de sua Unidade Escolar, que não devam ser divulgados; - esforçar-se pela formação integral do educando; - apresentar-se nos locais de seu trabalho em trajes condizentes com a profissão e conforme o estabelecido no Regimento de sua Unidade Escolar; - proceder na vida pública e na particular de forma que dignifique a classe a que pertence; - tratar com educação e respeito a todos os que o procurem notadamente em suas atividades profissionais; - sugerir em tempo, providências que visem à melhoria da Educação; - participar na elaboração de programas de ensino e assistir às reuniões pedagógicas de sua Unidade Escolar; - participar de cursos, seminários e solenidades, quando para eles convocado ou convidado; - cumprir todas as determinações regimentais de sua Unidade Escolar ou do setor onde estiver em exercício, bem como as emanadas da Secretaria de Educação. RESPONSABILIDADES Todos nós sabemos que as normas devem ser cumpridas. Somos absolutamente responsáveis por tudo aquilo que fazemos, não somos? Por isso, há previsão normativa de responsabilização de todo servidor público pelas irregularidades e ilícitos que cometer. Futuro professor, muita atenção com seus atos e omissões! O servidor público poderá responder administrativa, civil e penalmente pelos ilícitos O servidor poderá deixar de cumprir ordem de autoridade superior quando: I - a autoridade de quem emanar a ordem for incompetente; II - não se contiver a ordem na área da competência do órgão a que servir o funcionário seu destinatário, ou não se referir a nenhuma das atribuições do servidor; III - for a ordem expedida sem a forma exigida por lei; IV - não tiver sido a ordem publicada, quando tal formalidade for essencial à sua validade; V - não tiver a ordem como causa uma necessidade administrativa ou pública, ou visar a fins não estipulados na regra de competência da autoridade da qual promanou ou do funcionário a quem se dirige; VI - a ordem configurar abuso ou excesso de poder ou de autoridade. Em qualquer dos casos referidos, o servidor representará contra a ordem, fundamentadamente, à autoridade imediatamente superior a que ordenou. Atenção! 35 que praticar. Considera-se ilícito administrativo a conduta comissiva ou omissiva do servidor que importe em violação de dever geral ou especial, ou de proibição, fixado em lei, ou que constitua comportamento incompatível com o decoro funcional ou social. O ilícito administrativo é punível, independentemente de acarretar resultado perturbador do serviço estadual. A apuração da responsabilidade funcional será promovida, de ofício, ou mediante representação, pela autoridade de maior hierarquia no órgão ou na entidade administrativa em que tiver ocorrido a irregularidade. No caso de se tratar de ilícito administrativo praticado fora do local de trabalho, a apuração da responsabilidade será promovida pela autoridade de maior hierarquia no órgão ou na entidade a que pertencer o funcionário a quem se imputar a prática da irregularidade. A responsabilidade civil decorre de conduta funcional, comissiva – praticada com uma ação - ou omissiva, dolosa ou culposa, que acarrete prejuízo para o patrimônio do Estado, de suas entidades ou de terceiros. O servidor indenizará os prejuízos que causar ao Estado, às suas entidades e a terceiros. A responsabilidade penal abrange os crimes e contravenções imputados, por lei, ao funcionário, nesta qualidade. As sanções civis, penais e administrativas poderão cumular-se, sendo independentes entre si. SINDICÂNCIA E PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCPLINAR. A autoridade que tiver ciência de indícios de irregularidades no serviço público deve promover a sua apuração imediata, mediante sindicância ou inquérito administrativo, assegurada ampla defesa ao acusado. A sindicância é o procedimento sumário através do qual o Estado ou suas autarquias reúnem elementos informativos para determinar a verdade em torno de possíveis irregularidades que possam configurar, ou não, ilícitos administrativos, aberta pela autoridade de maior hierarquia, no órgão em que ocorreu a irregularidade. A sindicância será realizada por funcionário estável, designado pela autoridade que determinar a sua abertura. A sindicância precede o inquérito administrativo, quando for o caso, sendo-lhe anexada como peça informativa e preliminar. O inquérito administrativo é o procedimento através do qual os órgãos e as autarquias do Estado apuram a responsabilidade disciplinar do funcionário. O inquérito administrativo será realizado por Comissões Permanentes, instituídas por atos do Governador, do Presidente da Assembléia Legislativa, do Presidente do Tribunal de Contas, do Presidente do Conselho de Contas dos Municípios, dos dirigentes das Autarquias e dos demais órgãos da Administração, permitida a delegação de poder, no caso do Governador, ao Secretário de Administração. Fixada a responsabilidade administrativa do funcionário, a autoridade competente aplicará a sanção que entender cabível, ou a que for tipificada para determinados ilícitos. Na aplicação da sanção, a autoridade levará em conta os antecedentes do funcionário, as circunstâncias em que o ilícito ocorreu, a gravidade da infração e os danos que dela provierem para o serviço estatal de terceiros. Unidade V - Deveres, Responsabilidades, Sindicância e Processo Administrativo 36 Módulo 2 - Administração Pública e Direitos e Deveres do Servidor A legítima defesa e o estado de necessida de excluem a responsabilidadeadministrativa. Mas cuidado com o exagero! O exercício da legítima defesa e de atividades em virtude do estado de necessidade não serão excludentes de responsabilidade administrativa quando houver excesso, imoderação ou desproporcionalidade, culposos ou dolosos, na conduta do funcionário. A alienação mental, comprovada através de perícia médica oficial excluirá, também, a responsabilidade administrativa, comunicando o sindicante ou a Comissão Permanente de Inquérito à autoridade competente o fato, a fim de que seja providenciada a aposentadoria do funcionário. É assegurada ampla defesa ao servidor no procedimento disciplinar, consistente, sobretudo: - no direito de prestar depoimento sobre a imputação que lhe é feita e sobre os fatos que a geraram; - no direito de apresentar razões preliminares e finais, por escrito, nos termos da legislação pertinente; - no direito de ser defendido por advogado, de sua indicação, ou por defensor público, também advogado, designado pela autoridade competente; - no direito de arrolar e inquirir, reinquirir e contraditar testemunhas, e requerer acareações; - no direito de requerer todas as provas em direito permitidas, inclusive as de natureza pericial; - no direito de arguir prescrição; - no direito de levantar suspeições e arguir impedimentos. Os profissionais do magistério submetem-se ao regime disciplinar estabelecido no Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do Estado, nas condições nele estipuladas, inclusive no que se refere à sindicância e ao inquérito administrativo. As penalidades ou sanções aplicáveis ao servidor público são as seguintes: a) repreensão: aplicada sempre por escrito ao servidor, que em caráter primário, a juízo da autoridade, cometer falta leve, não cominável pelo Estatuto dos Servidores Públicos Civis do Estado do Ceará com outro tipo de sanção; b) suspensão: aplicada através de ato escrito, por prazo não superior a 90 (noventa) dias, nos casos de reincidência de falta leve, e nos de ilícito grave, salvo a expressa previsão, por lei, de outro tipo de sanção; c) demissão: aplicada ao servidor nos seguintes casos: *crime contra administração pública; *crime comum praticado em detrimento de dever inerente à função pública ou ao cargo público, quando de natureza grave, a critério da autoridade competente; * abandono de cargo; * incontinência pública e escandalosa e prática de jogos proibidos; * insubordinação grave em serviço; * ofensa física ou moral em serviço contra funcionário ou terceiros; * aplicação irregular do dinheiro público, que resultem em lesão para o erário estadual ou dilapidação do seu patrimônio; * quebra do dever de sigilo funcional; * corrupção passiva, nos termos da lei penal; * falta de atendimento ao requisito do estágio probatório; * desídia (descaso) funcional; * descumprimento de dever especial inerente a cargo em comissão. 37 Observação importante! A demissão do servidor só poderá ser efetivada em virtude de sentença judicial transitada em julgado, mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa e mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma de lei complementar, assegurada ampla defesa. d) cassação de aposentadoria e cassação de disponibilidade: a cassação da aposentadoria ou da disponibilidade extingue o vínculo do aposentado ou do disponível com o Estado ou suas entidades autárquicas. Será cassada a aposentadoria ou disponibilidade se ficar provado, em inquérito administrativo, que o aposentado ou disponível praticou, quando no exercício funcional, ilícito punível com demissão; aceitou cargo ou função que, legalmente, não poderia ocupar, ou exercer, provada a má-fé; não assumiu o disponível, no prazo legal, o lugar funcional em que foi aproveitado salvo motivo e força maior. A qualquer tempo poderá ser requerida a revisão do procedimento administrativo de que resultou sanção disciplinar, quando se aduzam fatos ou circunstâncias que possam justificar a inocência do requerente, mencionados ou não no procedimento original. Não constitui fundamento para a revisão a simples alegação de injustiça da sanção. Considerações finais Nossa, até eu fiquei cansada com tantas informações! Mas é isso mesmo. É fundamental que você termine este módulo conhecendo seus deveres, suas responsabilidades e as possíveis consequências dos seus atos e omissões. Estou certa de que o cumprimento dos deveres mencionados fará de você um servidor respeitado, querido, bem avaliado, com um potencial maravilhoso de contribuir para a formação de muitos jovens, adolescentes e crianças que tiverem a alegria de poder chamá-lo de professor. A sua função, ou melhor, a sua missão é indispensável para o futuro do Estado do Ceará e do nosso Brasil. Estamos chegando ao fim! Prepare-se para a última atividade deste módulo. Você deverá ir ao ambiente virtual e procurar o Questionário da Unidade Temática V – Deveres, responsabilidades, inquérito, sindicância e processo administrativo. Leia, estude e reflita antes de responder as questões. Boa atividade! Unidade V - Deveres, Responsabilidades, Sindicância e Processo Administrativo cespeUnB Centro de Seleção e de Promoção de Eventos 38 Módulo 2 - Administração Pública e Direitos e Deveres do Servidor RESUMO DO MÓDULO Futuro professor. Ao longo deste módulo nós trabalhamos com conceitos importantes para situá-lo no contexto da educação pública. Em primeiro lugar, apresentamos a você noções gerais sobre a Administração Pública. Falamos sobre os princípios que a regem. Também procuramos mostrar quais são os poderes que a Administração tem para realizar sua tarefa de atingir o bem comum. A Constituição Federal nos diz que a Administração deve prestar alguns serviços, chamados de serviços públicos. Mostramos que a educação é um desses nobres serviços que devem ser oferecidos gratuitamente pelo Estado. Aqui você se encaixa! Para a prestação do serviço público e para a atuação administrativa do Estado é necessário que pessoas trabalhem para esse fim. Por isso falamos dos servidores públicos. Fizemos algumas distinções entre cargo, emprego e função pública. Tentamos mostrar algumas formas de se fazer parte do rol de servidores públicos do Estado. O concurso público é a forma mais importante! Por isso você está aqui, não é isso? Também indicamos as etapas para o ingresso no serviço público em cargo efetivo: concurso, nomeação, posse, exercício... Falamos brevemente que para serem preenchidos os cargos devem estar vagos – vacância. Discorremos rapidamente sobre o estágio probatório. Tratamos da carreira e dos direitos do professor. Além de tudo isso, apontamos os deveres e as responsabilidades do servidor. Por último, traçamos noções gerais sobre a sindicância e o processo administrativo disciplinar. Instrumentos que dispõe a Administração para apurar os atos irregulares que supostamente possam ter sido praticados por servidores públicos (que isso não aconteça!). Fizemos 5 atividades com a intenção de estabelecer um espaço propício à interação entre o candidato e as informações aqui disponíveis. Apresentamos abaixo as principais normas que devem ser de conhecimento dos servidores públicos do Estado do Ceará. Foi isso! Espero que este módulo tenha sido proveitoso. Que você obtenha sucesso em sua vida e seja um instrumento de transformação da vida de milhares de jovens que terão em seu trabalho a esperança de um futuro e de uma vida melhor. Parabéns por estar aqui! Meus abraços e desejos de felicidade e saúde. 39 “Tanto posso saber o que ainda não sei como posso saber melhor o que já sei.” Paulo Freire Bela constatação do mestre Paulo Freire. Não há limites para o conhecimento. Assim, para que você exerça sua atividade docente da melhor maneira possível, é importante que você conheça o quanto puder as leis que a disciplinam.
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