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Maria Cecília S. Bennini Eng. Ambiental – Poli USP 18 P2 (Aulas 5 a 12) Aula 5 – 20/04/2018 Processos de formação das rochas: Superfície: processos exógenos Interior da Crosta: processos endógenos Rochas Sedimentares: • São rochas originadas do acúmulo e consolidação ou precipitação de materiais provenientes da desagregação/decomposição de rochas (intemperismo) ou de materiais de origem biogênica preexistentes. - Processo Sedimentar: Maria Cecília S. Bennini Eng. Ambiental – Poli USP 19 • Intemperismo: Processo ou conjunto de processos combinados causados por agentes geológicos diversos junto à superfície da crosta terrestre que provocam a desintegração e/ou degradação e decomposição de rochas. o Tipos de intemperismo: § Químico § Físico • Transporte: Os sedimentos, posteriormente a sua formação, podem ser transportados de diversos modos: § Vento (eólico) § Água (fluvial/marinho) § Gelo (glacial) o O tamanho de material clástico transportado depende tanto da energia quanto da viscosidade do agente transportador. § (¯ viscosidade) Ar Þ Água Þ Lama Þ Gelo ( viscosidade) o Cada agente transportador apresenta também diferentes condições de selecionar o tamanho dos grãos transportados. § O ar é o agente mais seletivo. o Os sedimentos são depositados quando a energia do agente transportador diminui: § (¯ energia) Ar Þ Água Þ Lama Þ Gelo ( energia) o Aspectos texturais importantes das rochas sedimentares: § Tamanho dos grãos. Com relação ao tamanho, o sedimento é classificado em: • argila (< 4 μm) • silte (> 4 μm; < 64 μm) • areia (> 64 μm; < 2 mm) • grânulo (> 2 mm; < 4 mm) • seixo (> 4 mm; < 64 mm) • bloco ou calhau (> 64 mm; < 256 mm) • matacão (> 256 mm) § Arredondamento (angulosidade da partícula); § Esfericidade (quão circular é a partícula); § Grau de seleção dos grãos; Observações importantes: Ø Quanto mais uniforme for o tamanho dos grãos depositados, mais seletivo é o agente de transporte que depositou os grãos naquele local; Ø Quanto mais arredondados/esféricos estiverem os grãos, mais longe eles foram transportados da sua área-fonte; Ø Uma praia de areia grossa possui o mar mais agitado que carrega a areia fina, não deixando ela se depositar; enquanto em praias de mar calmo, a areia fina consegue se depositar; Maria Cecília S. Bennini Eng. Ambiental – Poli USP 20 • Deposição/ Sedimentação: Os principais ambientes de deposição/ sedimentação são: § Oceano § Lagos § Desertos § Rios § Geleiras o Em cada um desses ambientes serão formadas rochas sedimentares típicas, tanto com relação ao tamanho dos sedimentos quanto a sua composição química e mineralógica. o Os sedimentos são acumulados em pacotes sedimentares típicos: § depósitos clásticos: fragmentos depositados por gravidade; § depósitos químicos: material dissolvido e precipitado na água (e.g., carbonatos e haletos ); § depósitos orgânicos/biogênicos: acumulação de material de origem orgânica (e.g. plantas, conchas etc). o Os sedimentos transportados depositam-se em bacias de deposição (continentais, litorâneas ou marinhas). o Ambientes sedimentares: (exemplos) § Água • Rio meandrante • Rio entrelaçado • Oceano • Lagos § Gelo • Geleira com morainas (lateral e central) § Vento • Dunas • Litificação/ Diagênese: Processo geológico de baixa temperatura que converte um sedimento inconsolidado (clástico, químico ou biogênico) em rocha sedimentar. o Os processos geológicos associados são do tipo: § físico: compactação, redução do espaço/ porosidade; § químico: desidratação, recristalizações dos minerais, cristalização de novos minerais, deposição de cimento químico nos poros. o Cimentação: processo de fechamento de poros, espaços e fissuras da rocha pela precipitação e/ou cristalização de minerais. Os cimentos mais comuns são silicosos, carbonáticos e férricos/ferrosos. Maria Cecília S. Bennini Eng. Ambiental – Poli USP 21 - Estrutura Sedimentar: • A estratificação ou acamamento é a estrutura sedimentar típica e é formada pela superposição de camadas (ou lâminas) durante a deposição. As camadas podem em geral apresentar diferenças composicionais, texturais, de espessura, cor etc e podem apresentar orientação paralela (estratificação plano-paralela), ou inclinada de suas camadas (estratificação cruzada). o Lâmina é o menor agregado tabular macroscopicamente discernível nas rochas sedimentares, planos separados por menos de 1 cm. • Tipos de estrutura sedimentar: o Estratificada: planos de acamamento preservados (lâminas visíveis); o Maciça: sem orientação (cálcario, evaporito); o Estruturas de crescimento: em rochas biogênicas (e.g., corais são seres vivos que edificam estruturas calcárias sob a forma de recifes). • Classificação das rochas sedimentares: o Clásticas: As rochas sedimentares clásticas são formadas pela deposição de fragmentos de outras rochas e classificadas principalmente com relação ao tamanho dos fragmentos: o Químicas: As rochas sedimentares químicas são formadas pela precipitação do material em solução puro ou em meio aos sedimentos clásticos e são classificadas principalmente com base na composição do precipitado químico que as compõem: Maria Cecília S. Bennini Eng. Ambiental – Poli USP 22 o Biogênicas: As rochas sedimentares biogênicas são formadas pela ação direta ou indireta de organismos (detritos orgânicos ou materiais resultantes de ação bioquímica). - Porosidade x Permeabilidade das rochas sedimentares: o O nível freático aflora nos rios, lagos e várzeas. • Porosidade: volume de poros na rocha; relação entre o volume de poros e o volume total (em %). • Permeabilidade: habilidade do material geológico de permitir o fluxo de água subterrânea (em m/s ou m/dia). Maria Cecília S. Bennini Eng. Ambiental – Poli USP 23 - Recursos minerais obtidos a partir de rochas sedimentares: • Hidrocarbonetos (gás, petróleo): transformação de biomassa em bacias sedimentares; acumulação em rochas sedimentares (trapas ou armadilhas). • Carvão Mineral: camadas de biomassa transformada em bacia sedimentar. • Calcários e Dolomitos: matéria prima para correção da acidez de solos para a agricultura. • Águas Subterrâneas: os aqüíferos mais importantes são sedimentos e rochas sedimentares clásticas de granulação média a grossa. • Evaporitos (sal gema): obtenção de sal de cozinha. - Importância das rochas sedimentares na Construção Civil/ Indústria: • Areias e cascalhos: agregado graúdo e miúdo para concreto. • Argilitos, calcários: matéria prima para a produção de clínquer (concreto) e cal. • Solos argilosos: materiais para aterros e nivelamentos. • Rochas químicas evaporíticas: gipsita (fabricação de gesso). • Folhelho e arenito: pedras de revestimento. • Argilas como matéria prima para cerâmicas diversas: peças de louça de cozinha e banheiro, tijolos e telhas. • Argilas para núcleos impermeáveis de barragens. • Areias para fundição de vidro; e areias para filtro de barragens. - Riscos ambientais causados por rochas sedimentares: • Solos, sedimentos e rochas sedimentares finas: presença de argilas expansivas (danos a fundações, trincas em calçamento, desnivelamento de terrenos). • Solos, sedimentos e rochas sedimentares variadas: compactação diferencial (grandes obras) – adernamento de prédios (prédios inclinados de Santos). • Materiais sedimentares porosos: esvaziamentode represas. • Movimento gravitacional de massa (sedimentos inconsolidados e solos): deslizamentos. • Dissolução de rochas sedimentares de origens químicas (ex. terrenos cártiscos) – provocando colapso e subsidência (“Buraco de Cajamar”). Maria Cecília S. Bennini Eng. Ambiental – Poli USP 24 Aula 6 – 27/04/2018 Rochas Metamórficas: • Metamorfismo: Transformação de uma rocha em outra, através de mudanças mineralógicas, estruturais, composicionais e/ou texturais que ocorrem no estado sólido, em virtude de mudanças, principalmente, de temperatura e pressão. o Do grego, meta = mudança, morfo = forma. o Transformações no estado sólido: a rocha não funde e não sofre desagregação; as transformações ocorrem no estado sólido através das reações metamórficas; as reações metamórficas ocorrem através da difusão dos átomos. § Paragênese: combinações estáveis de minerais. o O metamorfismo ocorre em condições de temperatura superiores às da diagênese (processo de formação da rocha sedimentar; entre 150 – 200˚C) e inferiores à do magmatismo (700 – 1000˚C). • Rochas metamórficas são produzidas pela transformação de rochas: § ígneas § sedimentares § outras rochas metamórficas - Fatores físicos e químicos que controlam o metamorfismo: • Temperatura: A temperatura é o agente mais importante do metamorfismo (a estabilidade dos minerais varia com a temperatura); o aumento da temperatura promove: § a recristalização, que resulta em novos minerais estáveis (reações metamórficas); § as reações metamórficas, que modificam os campos de estabilidade: fases em desequilíbrio são consumidas, novas fases em equilíbrio produzidas; § a agitação térmica dos átomos no retículo cristalino ao ponto de quebrar as ligações químicas. o A temperatura aumenta com a profundidade, segundo uma razão denominada de gradiente geotérmico § O aumento é da ordem de 15 – 30˚C por km. o Fontes de calor na litosfera: § Calor do residual do manto e núcleo; § Fluxo de calor do manto para a base da crosta (convecção+condução); § Calor gerado por decaimento radioativo; § Calor transportado por intrusões magmáticas e fluídos hidrotermais; § Atrito entre placas (cinética ® termal) Maria Cecília S. Bennini Eng. Ambiental – Poli USP 25 • Pressão: Existem dois tipos de pressão atuante na crosta: litostática (confinante) e a dirigida (tensão ou esforço). § Pressão litostática (ou confinante): não apresenta direção preferencial; é decorrente do peso da coluna de rochas suprajacente; atua semelhante à pressão hidrostática. • Depende de h (altura da coluna de rocha): P = ρ · g · h (densidade x gravide x altura). § Pressão dirigida (ou tectônica): causada por esforços tectônicos; promove a deformação nas rochas e orientação de minerais segundo direção perpendicular à de máxima pressão; atua de forma vetorial. • O estiramento é perpendicular à compressão tectônica. o A pressão aumenta com a profundidade; o aumento de pressão diminui o espaço disponível para crescimento de minerais. § ~ 1 kbar para cada 3 km o Minerais metamórficos tendem a ser mais densos e estáveis em altas pressões. • Composição da rocha original: A composição mineralógica e química da rocha metamórfica depende da rocha precursora, também chamada de rocha protólito. o Pelito (rocha sedimentar rica em silte e argila) o Rocha máfica (ex. basalto) o Rocha ultramáfica (ex. peridotito) o Calcário impuro o Gnaisse/Granito Maria Cecília S. Bennini Eng. Ambiental – Poli USP 26 • Tempo: A recristalização dos minerais é realizada ao durante longos períodos de tempo (milhões de anos). o Ex.: Taxa de crescimento da granada, em determinadas condições, é de 1,4 milímetros por milhão de anos. • Presença de e composição do fluído: Fluidos ocorrem nos minerais hidratados e nos interstícios dos grãos § Espécies principais: H2O, CO2, CH4, S (O2, N, H). o Facilitam as reações metamórficas, pois facilitam: § Estabilidade da associação mineral; § Aporte de calor por advecção; § Transferência de massa – alteram a composição da rocha; - Tipos de metamorfismo: • Regional (ou dinamotermal/orogênico): Metamorfismo que ocorre nas regiões de confronto de placas tectônicas. o Rochas próximas à superfície são levadas para profundidades muito maiores que aquelas onde originalmente estavam estáveis. • De Soterramento (burial): Ocorrem mudanças graduais de temperatura e pressão, em resposta à sucessivos soterramentos (regional). Maria Cecília S. Bennini Eng. Ambiental – Poli USP 27 • De Contato (ou termal): Metamorfismo que ocorre nas encaixantes de corpos intrusivos fortemente aquecidos. • Hidrotermal: o Metassomatismo é um processo em que as composições da rocha são alteradas através do intercâmbio com os íons em solução. • Dinâmico (ou cataclástico): Metamorfismo dúctil: brechas e milonitos. Maria Cecília S. Bennini Eng. Ambiental – Poli USP 28 • De Impacto (ou choque): Ex.: cratera de um meteoro. - Exemplos de rochas metamórficas: Maria Cecília S. Bennini Eng. Ambiental – Poli USP 29 Maria Cecília S. Bennini Eng. Ambiental – Poli USP 30 Aula 8 – 11/05/2018 Estruturas Geológicas: • As rochas ocorrem como corpos ou maciços rochosos, com limites (contatos) com outros corpos rochosos. Mostram estruturas internas, resultado dos processos geológicos. • Estruturas Primárias: são estruturas formadas durante o processo de geração da rocha. o Estruturas primárias ígneas: estrutura vesicular e/ou amigdaloidal; estrutura maciça; estrutura fluidal (quando aparece orientação por fluxo de magma). o Estruturas primárias sedimentares: estrutura estratificada (ou laminada, quando fina) e outras estruturas registradas durante a deposição e litificação de sedimentos (ex.: marcas onduladas, gotas de chuva, pegadas e rastros de fósseis). • Atitude (direção e mergulho) das camadas: o Direção: A direção da camada é dada pelo ângulo formado entre a linha de intersecção entre a camada e um plano horizontal com o Norte geográfico. o Mergulho: O mergulho de uma camada é dado pelo ângulo de inclinação da mesma em relação a um plano horizontal § A linha que marca o mergulho (linha de maior caimento) é perpendicular à direção da camada • Estruturas Secundárias: são geradas por deformação de rochas pré-existentes. - Minerais Metamórficos: • As rochas metamórficas apresentam forte estruturação, ou seja, seus minerais apresentam orientação preferencial. • Em geral, as micas estão dispostas com certa orientação que gera a foliação nas rochas. • Isso ocorre, porque as rochas foram submetidas a tensões no interior da crosta terrestre e quando os minerais metamórficos são formados, eles tendem a se cristalizar perpendicularmente à direção do esforço. Maria Cecília S. Bennini Eng. Ambiental – Poli USP 31 - Tipos de deformações: • Deformação: Tensão deviatória (ou diferencial) causa a mudança de forma de um corpo; controla o tipo de estrutura que as rochas apresentam. o Tração causa o estiramento do corpo; o Compressão causa o achatamento do corpo; o Cisalhamento causa translação e deslizamentos internos do/no corpo; è Pressão litostática confinante: • Por que há deformação nas rochas? As placas tectônicas, que constituem a parte superior do planeta, estão em constante movimento, comprimindo, contraindo e cisalhando as rochas na superfíciedo planeta. • O tipo de deformação que uma rocha sofre é controlado por vários fatores, sendo os mais importantes: o Pressão confinante (profundidade) § Pressão confinante ou litostática (não tectônica): quando σ1 = σ2 = σ3 . Resultado: compactação, minerais e rochas mais densos... § Pressão dirigida (tectônica): quando σ1 ≥ σ2 > σ3 . Resultado: deformação de rochas, ruptura, foliação... o Temperatura o Características composicionais do próprio material (minerais quebradiços x maleáveis) Maria Cecília S. Bennini Eng. Ambiental – Poli USP 32 o Deformação elástica: reversível; assim que a tensão for retirada o corpo volta ao estado original. o Deformação plástica (ou dúctil): irreversível; forma estruturas internas (foliação ou xistosidade de rochas metamórficas) e dobras. è É controlada por altas pressões confinantes e altas temperaturas. o Deformação rúptil: os corpos rochosos são quebrados; forma juntas e falhas. è É controlada por baixas pressões confinantes e baixas temperaturas. • Se a deformação não exceder o limite de elasticidade a rocha retorna ao tamanho original; • Se a deformação exceder o limite de elasticidade a rocha sofre uma deformação permanente; • Se a deformação exceder o limite de fraturamento a rocha se rompe; - Tipos principais de estruturas resultantes das deformações: Maria Cecília S. Bennini Eng. Ambiental – Poli USP 33 - Dobras (resultantes de deformação dúctil): • Dobras são flexões das camadas e podem ocorrer como leves ondulações até dobras fechadas. o Formadas em temperaturas mais elevadas e/ ou materiais mais maleáveis. o Formadas por compressão ou cisalhamento. • Elementos geométricos das dobras: o Eixo: linha que movimentada no espaço origina o desenho da dobra; medimos sua atitude na ápice ou na bacia da dobra. o Flancos: são os lados da camada dobrada e que ligam as charneiras. o Charneira: zona de maior inflexão da dobra; comum que o eixo esteja contido na charneira. o Plano axial: plano que contém os eixos de cada uma das camadas dobradas em uma dobra; muitas vezes funciona como plano de simetria da dobra. • Classificação das dobras: o Sinforme: quando a concavidade da dobra esta virada para cima § sinclinal – quando as camadas mais antigas envolvem as camadas mais novas o Antiforme: quando a concavidade da dobra esta virada para baixo § anticlinal – quando as camadas mais novas envolvem as camadas mais antigas è Chamo de Anticlinal ou Sinclinal apenas se conheço as idades das camadas. Maria Cecília S. Bennini Eng. Ambiental – Poli USP 34 o Ângulo entre os flancos: o Orientação do plano axial: - Falhas (resultantes de deformação rúptil): • Falhas são formadas por movimentos abruptos e são marcadas por fraturas ao longo das quais ocorre movimento. o Formadas em temperaturas mais baixas e/ ou materiais mais quebradiços. o As falhas podem envolver pequenos movimentos, cujo rejeito varia entre poucos centímetros até centenas de quilômetros. Maria Cecília S. Bennini Eng. Ambiental – Poli USP 35 • Elementos geométricos das falhas: o Plano de falha: plano onde ocorre a fratura e o deslocamento; separa os dois blocos do corpo rochoso. o Capa (ou Tecto): bloco sobre o plano de falha. o Lapa (ou Muro): bloco sob o plano de falha. o Estrias de falha: estrias formadas pela fricção e pela movimentação no plano da falha. o Rejeito: deslocamento medido ao longo do plano da falha. o Rejeito aparente: medido em relação a horizontal ou a vertical. • Classificação das falhas: o Normal: quando a capa desce em relação à lapa. o Reversa: quando a capa sobe em relação à lapa. è Falha de empurrão (ou cavalgamento) é um tipo especial de falha reversa; o plano de falha é de baixo ângulo e essas falhas podem envolver transportes de dezenas a centenas de quilômetros. o Direcional ou Transcorrente: quando o movimento é horizontal, a capa se desloca paralelamente à direção do plano da falha. Maria Cecília S. Bennini Eng. Ambiental – Poli USP 36 - Juntas (resultantes de deformação rúptil): • Juntas são fraturas sem movimentação dos blocos. o Formadas em temperaturas mais baixas e/ ou materiais mais quebradiços. - Contatos entre as camadas: • Limites entre corpos ou maciços rochosos • Tipos de contatos: Maria Cecília S. Bennini Eng. Ambiental – Poli USP 37 Aula 9 – 25/05/2018 Estratigrafia e Tempo Geológico: • Objetivo: Reconstruir a história geológica da Terra. o História Geológica: sequência de eventos físicos e biológicos ordenados cronologicamente, a partir do mais antigo. • Tempo Geológico: é o tempo decorrido desde a formação da Terra (4.560 Ma) até hoje. o Sua divisão (Éons, Eras, Períodos e Épocas) é marcada por eventos geológicos registrados nas rochas e cada divisão é caracterizada por um conjunto de rochas e fósseis. • Eventos Geológicos: deposição de camadas de rochas sedimentares; formação de montanhas; vulcanismo; falhamentos, terremotos e mudanças ambientais. o Datação de Eventos Geológicos: § Datação relativa: quão velha é uma rocha comparada às rochas em volta. (fósseis, estruturas e relações de intersecção) Utiliza os princípios: • da superposição (camadas mais velhas em baixo), • da sucessão faunística (fósseis) e • das relações de intersecção (falhas e intrusões). § Datação absoluta: número de anos desde que a rocha se formou. (isotópica, anéis de árvores, decaimento radioativo etc.) • Eventos Biológicos: surgimento e/ou extinção de espécies; mudanças evolutivas, dispersão geográfica de organismos e crises biológicas. - Princípios Estratigráficos: 1) Lei da SUPERPOSIÇÃO: Em uma sequência de rochas sedimentares, as mais velhas estão em baixo; permite estabelecer idades relativas. 2) Lei da HORIZONTALIDADE ORIGINAL: Camadas de sedimentos são geralmente depositadas horizontalmente; permite identificar deformações e falhas. è Camadas de rochas dobradas e falhadas indicam eventos tectônicos, posteriores à deposição dos sedimentos. 3) Lei da CONTINUALIDADE LATERAL: Camadas sedimentares estendem-se lateralmente; permite a correlação entre partes desmembradas das camadas. - Paleontologia: • Estudo da vida passada baseada em fósseis de plantas e animais. • Fósseis que são preservados em rochas sedimentares são utilizados para determinar: a idade relativa e o ambiente de deposição. Maria Cecília S. Bennini Eng. Ambiental – Poli USP 38 o Bons fósseis-índice (ou fósseis-guia) para a datação relativa são aqueles com curta distribuição estratigráfica (geológica) e ampla distribuição geográfica, o contrário dos bons indicadores ambientais. § Exemplo: animais que só existiram em um certo período geológico, cujos fósseis se encontram espalhados em todo o globo nas mesmas camadas geológicas. - Descontinuidades: • A idade relativa também pode ser determinada através de discordâncias ou inconformidades entre as camadas, que indicam um hiato temporal. • Essas descontinuidades geralmente são indicadas por superfícies de erosão ou de não- deposição. o Desconformidade: Superfície irregular de erosão que separa duas camadas sedimentares horizontais distintas - representa uma pausa na deposição de sedimentos o Discordância angular: Corpos rochosos dobrados ou inclinados tectonicamente são erodidos e recobertos por camadas sedimentares horizontais. o Não-conformidade (Discordância lítica): Superfície quecoloca em contato rochas sedimentares depositadas sobre rochas ígneas ou metamórficas erodidas (“embasamento cristalino”). Maria Cecília S. Bennini Eng. Ambiental – Poli USP 39 • Princípio das Relações de Intersecção: Relações de corte entre corpos de rochas e estruturas que permitem definir a sua ordem cronológica relativa. Intrusões e falhas são mais jovens que as rochas intrudidas ou falhadas. • Coluna Estratigráfica: Diagrama ou quadro que explicita a relação cronológica das rochas de uma região, mostrando o empilhamento de unidades estratigráficas, as superfícies de discordância e as feições intrusivas, entre outras. Exemplos: Pelo Princípio de Superposição, que diz que as camadas de deposição sedimentar mais antigas estão embaixo, determinou-se que, cronologicamente: C > B > A. Como há a falha E que corta as três camadas A, B e C, pelo Princípio das Relações de Intersecção, a falha é uma formação mais recentes que as camadas falhadas, portanto, C > B > A > E. A camada D é uma camada intrusiva que atravessa todas as outras camadas sedimentares e, inclusive, a falha E. Dessa forma, também pelo Princípio das Relações de Intersecção, A > B > C > E > D, pois as camadas intrudidas são mais antigas que a própria Intrusão. Portanto, conclui-se pelos métodos de datação relativa que: A > B > C > E > D. Maria Cecília S. Bennini Eng. Ambiental – Poli USP 40 Pelo Princípio da Superposição, determinou-se que, cronologicamente, B > D > J > F > K > L > I > E. Como há uma Desconformidade entre K e L e entre H e L, e há a Intrusão H somente a partir de K mergulhando para baixo, conclui-se que K > H > L, pois, pelo Princípio das Relações de Intersecção, intrusões são mais recentes que as rochas intrudidas. Portanto, primeiramente foram formadas as camadas B > D > J > F > K > H, depois ocorreu a erosão superficial que acarretou na desconformidade destacada entre K, H e L e, após isso, depositaram-se as camadas L > I > E. Depois da deposição, ocorreu primeiro a Intrusão da camada G (mais antiga – 30 milhões de anos) e depois a Intrusão da camada C (mais recente – 3 milhões de anos). Dessa forma, conclui-se que: B > D > J > F > K > H } > L > I > E > G > C. Maria Cecília S. Bennini Eng. Ambiental – Poli USP 41 Aula 10 – 08/06/2018 Mapas e Perfis Geológicos: • Mapa Topográfico: variedade de mapas que se caracterizam pela detalhada representação do relevo, principalmente por meio de curvas de nível. o Curvas de nível: linhas equidistantes que ligam pontos com mesma altitude (cota). o Equidistância: diferença de cota (valor constante) entre as curvas de nível. • Perfil topográfico (escala vertical): é um corte vertical que mostra a subsuperfície do terreno. o Sobrelevação (S): é a ampliação da escala vertical do perfil. S = Escala Vertical / Escala Horizontal Maria Cecília S. Bennini Eng. Ambiental – Poli USP 42 • Mapa Geológico: Representa as rochas de uma região com suas posições (atitude) e seus relacionamentos (contatos). o O Mapa Geológico apresenta: § Direção de referência: linha que indica a direção Norte (NV/NM). § Escala horizontal: relação de distâncias entre o mapa e o terreno. § Legenda: resumo da história geológica com rochas, estrutura e feições da região. • Perfil Geológico: A partir da união do Mapa Geológico com o Mapa Topográfico, é possível criar o Perfil Geológico, que nada mais é que o Perfil Topográfico contendo as características geológicas do perfil (direção e mergulho das camadas, tipo/composição de rocha, contatos etc.). - Desenhando o Perfil Geológico a partir do Mapa Geológico: • Os contatos das rochas se relacionam com as curvas de nível (CN): Maria Cecília S. Bennini Eng. Ambiental – Poli USP 43 • Direção e mergulho das camadas: o Definição da atitude (direção e mergulho) da camada: § OBS: o ângulo do mergulho e a direção da camada são determinados experimentalmente em campo e devem ser dados. A linha do mergulho é sempre perpendicular à linha da direção, indicando o sentido do mergulho. Exemplo: Maria Cecília S. Bennini Eng. Ambiental – Poli USP 44 • Regra dos Vês: caso a atitude das camadas não seja fornecida no Mapa Geológico, é possível deduzi-la através da “Regra dos Vês” quando a direção e a inclinação da camada estiverem atravessando um vale ou colina. o Ainda valem as relações entre os contatos e as curvas de nível vertical e horizontal: § Se o contato corta as CN em linha reta -> camada vertical § Se o contato é paralelo às CN -> camada horizontal o No caso dos contatos sinuosos em relação às CN: § Se o “V” que a camada forma com a superfície topográfica abre no mesmo sentido da linha de drenagem do vale, o sentido de inclinação da camada é o mesmo da direção de drenagem do vale. § Se o “V” que a camada forma com a superfície topográfica abre no sentido contrário da linha de drenagem do vale, o sentido de inclinação da camada é contrário ao sentido de drenagem do vale. Maria Cecília S. Bennini Eng. Ambiental – Poli USP 45 Aula 11 – 15/06/2018 Palestra – Geologia e as obras subterrâneas: • Objetivos das obras subterrâneas: o Menor impacto ambiental; o Menor interferência com a superfície; o Formas inteligentes de utilização; § Transporte público (metrôs); infra urbana (telecomunicação, esgoto, energia etc.); facilitadores urbanos (estacionamentos), estratégicos (riquezas minerais, água etc.) etc. - Métodos de execução de obras subterrâneas: 1) VCA – Vales a Céu Aberto (cut & cover): o Grande impacto durante a fase de obra (desvios de tráfego, remanejamento de redes de utilidades públicas, restrições de acesso, etc...); o Grandes áreas desapropriadas (impacto sócial e ambiental); o Maior volume de escavação; o Maior consumo de materiais; o Maior poluição (ruído; poeira; etc...), o Maiores custos de obra. è Taludes, contenções com tirantes ou estroncas metálicas, poços em concreto projetado etc. 2) NATM – New Austrian Tunneling Method: o Método observacional baseado no alívio de tensões do maciço; o Grande influência da geologia durante a construção; o Processo semi-mecanizado; o Possibilidade de ajuste da forma geométrica da escavação; o Produções médias da ordem de 1,0 a 2,0m/ dia por frente de escavação; o Maiores riscos inerentes ao processo construtivo (deformações, estabilidades, consumo de materiais, etc), o Necessidade de ampla e minunciosa investigação geológica e geotécnica. 3) Tuneladora “SHIELD”: o Equipamento de escavação mecanizada com couraça metálica de proteção; o Necessidade de precisos conhecimentos prévios da geologia; o Processo altamente mecanizado (fábrica de fazer túneis/ fábrica de aneis); o Necessidade de ampla infra-estruturas de apoio; o Logística operacional; o Armazenamento de insumos necessários à operação; o Menores riscos inerentes (deformações, estabilidade); o Grandes produções (até 35m diários!), o Maior desembolso inicial. Maria Cecília S. Bennini Eng. Ambiental – Poli USP 46 • Para todos os métodos, é necessário conhecer: o Modelo geológico conceitual (fase de projeto): estratigrafia, hidrogeologia, etc. o Modelo geológico real (fase de obra): refinamento dos dados, esclarecimento de dúvidas. o Condicionantes geológicos e geotécnicos: falhas, dobras, foliação, acamamento, sistemas de juntas e fraturas, solos moles e compressíveis, rochas com minerais expansivos,rochas friáveis, rochas de resistência elevada, contorno do topo rochoso, pressões e vazões de águas subterrâneas, ocorrência de áreas contaminadas, etc. • Importância do estudo geológico/ geotécnico em obras subterrâneas: o Você investe relativamente pouco nas investigações preliminares (cerca de 2% do custo total do projeto) e tem um retorno/ economia muito grande no custo final do projeto (o projeto sai por cerca de 80% do valor orçado inicialmente). o Em 2008, cerca de 75% das causas de insucesso parcial em obras rodoviárias (águas subterrâneas adversas e contaminação, contatos geológicos mal delineados, solos ou rochas com propriedades comprometedoras, investigações insuficientes ou inadequadas) se deram por problemas que poderiam ter sido evitados por um estudo geotécnico preliminar bom e detalhado. - Condicionantes de riscos geológicos/ geotécnicos: • Falhas geológicas: o Configuram-se como planos de fraqueza; o Causam redução das condições geomecânicas; o São resultantes de processos de ruptura (e continuam estando em uma zona susceptível a eles); o São responsáveis pela infiltração de água subterrânea em frente de escavação; o Contém presença de minerais expansivos; • Descontinuidades: o Zonas de falhas geológicas; o Foliação e planos de acamamento; o Fraturas; • Rochas de dureza elevada; • Pressões elevadas de água subterrânea; Aula 12 – 22/06/2018 Geologia histórica de São Paulo: Ler no resumo da prática da aula em anexo.
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