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NEUROLOGIA-pos-tratamento-cancer-de-mama

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O processo de degeneração walleriana
Neurologia
Rastreamento do ângulo de Charpy
em crianças asmáticas e não asmáticas
Pneumologia
Vertigem: A abordagem da fisioterapia
Otoneurologia
Morbidade após o tratamento para câncer de mama
Oncologia
Novembro/Dezembro de 2000Fi
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Pós-graduação
Cursos de mestrado e doutorado
Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 2000 51
Fisioterapia prática
Ginástica Laborativa
EDITORIAL
Da fisioterapia que temos para a fisioterapia que
necessitamos: um novo paradigma, Marco Antonio Guimarães da Silva ................................... 53
OPINIÃO
Uma agenda para a fisioterapia do terceiro milênio no Brasil, Gil Lúcio Almeida ..................... 55
RESUMOS DE TRABALHOS E CONGRESSOS ............................................................................ 65
ARTIGOS CIENTÍFICOS E REVISÕES
Método fotogramétrico de rastreamento do ângulo de Charpy em crianças asmáticas
e não asmáticas, Mario Antonio Baraúna, Maria da Graça Baldo Deloroso ............................... 75
Determinação da histamina no coração de ratos exercitados, Marília Mantovani
Sampaio Barros, José Roberto Moreira de Azevedo, Carlos Alberto Anaruma,
Eduardo Kokubu, Rui Errereias Maciel .............................................................................................. 85
Vertigem: A abordagem da fisioterapia, André Luís Santos Silva, João Soares Moreira ........... 91
Revisão anatômica do músculo plantar delgado e sua importância clínica,
José Antonio S.F.A Pinna Cabral, Rodrigo Marçal, Ana Paula Coelho,
Andressa Quintino Teixeira, Renata Bordignon de Pinna Cabral................................................. 98
Morbidade após o tratamento para câncer de mama, Anke Bergmann,
Inês Echenique Mattos, Rosalina Jorge Koifman, Sérgio Koifman............................................... 101
O processo de degeneração walleriana e os eventos moleculares nele envolvidos
- uma revisão com enfoque no sistema nervoso periférico, Solange Canavarro
Ferreira, Ana Maria Blanco Martinez ............................................................................................... 109
RESUMOS DE DISSERTAÇÕES E TESES .................................................................................... 116
PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO RECOMENDADOS PELA CAPES ............................. 118
NORMAS PARA PUBLICAÇÃO ......................................................................................................... 120
Fisioterapia Brasil
Índice
(vol.1, nº2, nov/dez 2000 - 51~122)
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Na proxima edição de Fisioterapia Brasil estarão detalhados os
CD-roms disponíveis aos nossos assinantes.
Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 200052
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Fisioterapia Brasil
Editor científicoEditor científicoEditor científicoEditor científicoEditor científico
Prof. Dr. Marco Antônio Guimarães da Silva (UFRRJ/UCB – Rio de Janeiro)
Conselho científicoConselho científicoConselho científicoConselho científicoConselho científico
Prof. Dr. Gil Lúcio de Almeida (Univ.de Ribeirão Preto - UNARP – São Paulo)
Prof. Dr. Guillermo Scaglione (Univ. de Buenos Aires – UBA - Argentina)
Prof. Dr. Hugo Izarn (Univ. Nacional Gral de San Martin – Argentina)
Prof. Dr. Margareta Nordin (Univ. de New-York – NYU - Estados Unidos)
Prof. Dr. Mario Antônio Baraúna (Univ. do Triângulo Mineiro - UNIT – Minas Gerais)
Prof. Dr. Nivaldo Antonio Parizotto (Univ. Federal de São Carlos - UFSCAR – São Paulo)
Grupo de assessores (2000-2001)Grupo de assessores (2000-2001)Grupo de assessores (2000-2001)Grupo de assessores (2000-2001)Grupo de assessores (2000-2001)
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Ilustração da capa:Ilustração da capa:Ilustração da capa:Ilustração da capa:Ilustração da capa: Miguel Salgado, Gang do celular, 1999, acrílico sobre papel, 50 x 70 cm
Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 2000 53
O Departamento de Saúde Pública dos Estados Unidos (Agency
for Health Care Policy and Research - AHCP, 1994) analisou diversos
procedimentos diagnósticos e terapêuticos para a dor lombar aguda
(DLA). O estudo se baseou na
avaliação dos trabalhos de pesquisa
realizados em todo o mundo e que haviam sido divulgados através
de periódicos e revistas especializadas. O resultado da avaliação dos
métodos fisioterapêuticos para a DLA não foi muito animador, clas-
sificando-os, em sua grande maioria, como pouco eficazes. O traba-
lho da AHCP evidenciou uma realidade vivida na fisioterapia que,
apesar de contar com técnicas desenvolvidas e muito bons profissio-
nais, deixa muito a desejar na área acadêmica.
Se almejamos o respeito e consideração da comunidade acadêmi-
ca, não podemos seguir assumindo modelos empíricos baseados em
delineamentos científicos inadequados. Mesmo em países onde a fi-
sioterapia já alcançou um status quo científico, como Estados Uni-
dos, Canadá e Austrália, há um forte desequilíbrio entre a prática
clínica e a investigação científica, com o braço da balança inclinan-
do-se para o lado clínico.
Não temos a certeza de que se pode generalizar os resultados do
trabalho realizado nos Estados Unidos, mas existem, infelizmente,
fortes indícios de que os “equívocos científicos”, observados nos tra-
balhos analisados, se repetem em outras áreas que não a de dor lom-
bar. A grande verdade é que publicamos pouco e, com exceções, pu-
blicamos artigos que não resistem a uma análise cientifica rigorosa.
É importante ressaltar que a minha crítica ao “publicar pouco” não
significa ceder ao quantitativismo, porque ele geralmente distorce
as prioridades científicas de muitos pesquisadores. Vale a pena lem-
brar as palavras de Giannotti quando ele nos diz que se Frederico o
Grande tivesse exigido quarenta papers para recontratar Kant para
a cadeira de Filosofia, em Könisberg, o filósofo não teria tido tempo
para escrever a Crítica da Razão Pura.
Diante desta realidade, manter uma revista científica com perio-
dicidade bimestral torna-se um grande desafio. Que providências
tomar para equacionar o problema? Propor um novo paradigma?
Repensar o contexto universitário da Fisioterapia? Esses poderiam
ser alguns caminhos. Já o descobriremos.
Editorial Marco Antonio Guimarães da Silva*
* Coordenador
científico de
Fisioterapia Brasil.
Da fisioterapia que temos para a fisioterapia
que necessitamos: um novo paradigma?
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Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 200054
O artigo de Gil Lúcio de Almeida, colega nosso e membro do comi-
tê editorial da Fisioterapia Brasil, que publicamos na seção opinião,
talvez já seja parte do processo de mudança que precisamos. Antes
mesmo de sua publicação, o artigo de Gil já dava mostras de que
provocaria algumas reações, e a questão era: devemos publicá-lo ou
não? Tentando argumentar a favor do artigo, foi que me veio à recor-
dação o Jornal Opinião, publicado nas décadas de 60 e 70, época em
que a idade já havia despejado em mim os anos suficientes para sair
da adolescência e começar a pensar como adulto. O semanário trazia
sempre, em sua primeira página, uma citação de Voltaire que me en-
cantava: “Não concordo com uma palavra do que dizes, mas defende-
rei até a morte o teu direito de dizê-la”. Essas poucas linhas, escritas
há séculos, tiveram fôlego suficiente para atravessar o tempo e con-
vencer aos que se opunham à publicação do artigo do nosso querido
Gil. O tema é inovador e, com certeza, suscitará muita polêmica e,
quem sabe, muita dissidência. É bom lembrar, trazendo o pensamento
do teórico da cultura Boaventura Souza Santos, que o grau de dissi-
dência mede o grau de inovação. Dessa forma, poderemos buscar uma
ruptura epistemológica, com um desenvolvimento equilibrado, olhan-
do com atenção para as pesquisas de cunho analítico quantitativas,
não descartando, entretanto, os modelos da investigação qualitativa,
que tão bem amparam a subjetividade que envolve nossos pacientes
- protagonistas do cenário e que se encontram condicionados aos fa-
tores biopsicossociais.
Se exceções existem para o quadro acima levantado, uma delas
sem dúvida é a da Dra Margareta Nordin, que a partir deste número
faz parte de nosso conselho editorial. Com Doutorado em Medicina
pela Universidade de Estocolmo, a Dra Nordin vive em Nova York há
vinte anos, onde dirige o Occupational Industrial Orthopaedic Center
e o programa de Doutorado em Biomecânica, ambos pertencentes à
Universidade de Nova York. A Dra Nordin representa, nos dias atu-
ais, talvez a maior expressão científica mundial na área de fisiotera-
pia, tendo sido a única fisioterapeuta convidada pelo governo ameri-
cano para participar do estudo da avaliação dos procedimentos
fisioterapêuticos, que abriu este editorial. Com centenas de traba-
lhos publicados nos mais famosos e tradicionais periódicos interna-
cionais e diversos livros traduzidos para vários idiomas, ela divide o
seu tempo entre o Instituto que dirige e os convites que recebe, dos
cinco continentes, para ministrar conferências e participar como
membro em defesas de teses de Doutorado. Nos conhecemos em 1992,
quando à época eu estava responsável pela implantação de um Pro-
grama de Pesquisa da United Nations Developed Program - UNDP e
da International Civil Aviation Organization - ICAO. As 14 horas
diárias que trabalhamos juntos, por um mês (quando da consultoria
para a UNDP/ICAO) e os sucessivos encontros profissionais no eixo
Rio - Nova York- Paris - Coruña, levaram-me a respeitá-la como cien-
tista, admirá-la como pessoa e a estreitar os laços entre nossas famí-
lias. Tornamo-nos grandes amigos.
Particularmente sinto-me honrado em tê-la em nosso conselho edi-
torial. Bem-vinda Margareta.
Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 2000 55
Nesse artigo, inicialmente ofereço uma reflexão sobre a situação
vigente da Fisioterapia no Brasil. Em especial, discuto a realidade da
fisioterapia no Brasil em termos do mercado de trabalho, do
credenciamento profissional, da qualidade do ensino de graduação e
de pós-graduação. Em seguida, faço um breve relato da experiência
da fisioterapia nos Estados Unidos, para então colocar a minha visão
do que deverá ser a fisioterapia no mundo. Finalmente discuto a ne-
cessidade de criarmos a Academia Brasileira de Fisioterapia – ABFT.
A função da AFBT deverá ser a de implantar uma agenda para a fisio-
terapia do terceiro milênio no Brasil.
A implantação dessa agenda inclui várias medidas que no meu en-
tendimento poderá colocar a profissão no Brasil em um patamar de
destaque no cenário internacional. Essas medidas incluem:
1) Uma definição das competências e habilidades do fisioterapeuta.
2) O controle da qualidade do ensino da fisioterapia ao nível da gra-
duação e pós-graduação.
3) A definição de regras claras e objetivas, fundamentadas em prin-
cípios técnico-científicos para o credenciamento profissional.
4) O uso adequado da titulação profissional por mérito.
5) A proibição da divulgação e comercialização de técnicas
fisioterapêuticas não validadas pelo crivo científico.
6) O exercício profissional baseado no uso de técnicas
fisioterapêuticas validadas pelo crivo científico..
Opinião
Uma agenda para a fisioterapia
do terceiro milênio no Brasil
Gil Lúcio Almeida*
*Ft, MC, Ph.D; Professor de graduação e pós-graduação da UNICAMP (Campinas), UNAERP (Ribeirão Preto) e
UNESP (Rio Claro)
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Endereço para correspondência: Prof. Dr. Gil Lúcio Almeida, Coordenador do Curso de Fisioterapia
Universidade de Ribeirão Preto – UNAERP, Av. Costábile Romano, 2201, 14096-380 Ribeirão Preto - São Paulo
Tel: (16) 603 67 74 (UNAERP), (19) 3289 9619 (UNICAMP), E-mails: gla@odin.unaerp.br ou gla@obelix.unicamp.br
Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 200056
7) Divulgação da eficácia dos procedimen-
tos fisioterapêuticos já sistematizados cienti-
ficamente e incentivos
à produção de novos
conhecimentos.
8) Incentivo à reciclagem profissional dos
professores e à formação em cursos de pós-
graduação.
9) Concientizar alunos, profissionais e con-
sumidores para que adotem um pacto de qua-
lidade máxima com tolerância zero ao
amadorismo e ao charlatanismo.
Com a implantação destas medidas tenho
certeza que melhorará a qualidade dos aten-
dimentos fisioterapêuticos. Com isto aumen-
tará a satisfação e a qualidade de vida dos pa-
cientes/clientes da fisioterapia. Como resulta-
do, o reconhecimento profissional crescerá
vertiginosamente, inclusive com um aumen-
to da remuneração profissional.
Da realidade da fisioterapia no Brasil
Do mercado
De acordo com o censo do ensino superior
do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais – INEP - MEC de 1998, em abril
daquele ano, havia no Brasil 115 cursos de fi-
sioterapia, sendo que 24 em instituições pú-
blicas e 91 em particulares. Destes 115 cursos,
83 eram ministrados em Universidades e 32
em outros estabelecimentos de ensino. A mai-
oria desses 115 cursos foram abertos nos últi-
mos 7 anos. De acordo com informações do
MEC/SESU/DEDES/CGSI/DPIES em novem-
bro de 2000 existem 127 cursos de fisioterapia
funcionando no Brasil.
Ainda de acordo com esse censo do MEC,
no ano de 1998 foram matriculados 34.383 alu-
nos em cursos de fisioterapia no Brasil e 3.087
alunos foram graduados. Aparentemente terí-
amos apenas 9% dos alunos dos cursos de fisi-
oterapia concluindo a graduação. Porém, é pre-
ciso lembrar que uma grande maioria dos 115
cursos até 1998, foi aberta entre 1995 a 1998,
sem tempo para se formar a primeira turma. O
mesmo acontecerá com os novos cursos aber-
tos nos últimos 4 anos. De qualquer forma, não
se pode ignorar a evasão do curso. Essa evasão
também ajudaria a explicar o fato de que ape-
nas 9% dos alunos matriculados em 1995 te-
nham concluído o curso. Uma evasão muito
grande no número de alunos dos cursos de fi-
sioterapia mostraria apenas mais uma
irresponsabilidade e falta de planejamento das
autoridades competentes. Enfim, uma estima-
tiva da real capacidade do mercado brasileiro
em formar novos profissionais em fisioterapia
fica comprometida pela falta de dados.
Vamos fazer uma projeção conservadora e
assumir arbitrariamente que até o começo do
ano 2001 tenhamos 130 cursos de fisioterapia
funcionando no Brasil. Vale lembrar que para
o COFFITO existem hoje no Brasil cerca de 200
cursos. Uma projeção, baseada no número de
34.383 vagas oferecidas nos 115 cursos de fisi-
oterapia em 1998, daria um total de 38.868 va-
gas oferecidas em 2001. Vamos assumir uma
evasão muito grande de 20% ao ano durante 4
anos. Estes números dariam uma estimativa
muito conservadora de 7.774 alunos que pode-
riam se graduar a cada ano a partir de 2005.
Por outro lado, não existe um estudo mos-
trando quantos profissionais de fisioterapia já
foram formados e quantos desses estão atu-
ando no mercado. Estima-se que mais de 40
mil alunos já tenham se graduado em fisiote-
rapia e que 50% destes profissionais estejam
atuando no mercado de trabalho como fisio-
terapeutas. Isto é, existiria uma média de 8.250
habitantes para cada fisioterapeuta no Brasil,
se considerarmos os que estão atuando no
mercado. De acordo com a Organização Mun-
dial da Saúde (OMS), esta média deveria ser
de 1500 habitantes para cada fisioterapeuta, o
que projetaria um mercado brasileiro de 110
mil fisioterapeutas.
Como apenas 50% dos fisioterapeutas ha-
bilitados estão exercendo a profissão deve
existir uma demanda reprimida muito gran-
de no país. Acredito que esta demanda repri-
mida se deva ao poder aquisitivo da popula-
ção e ao fato da fisioterapia ainda não ter mos-
trado as suas diversas aplicações no mercado
brasileiro. A fisioterapia é um campo novo de
atuação na área da saúde e é necessário tem-
po para que a profissão ocupe todos os espa-
ços no mercado. Porém, com a revolução
introduzida pela era da informação os nichos
profissionais da fisioterapia tendem a ser ocu-
pados rapidamente. Dessa forma, temos um
Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 2000 57
mercado em expansão, porém com uma capa-
cidade já instalada de formar mais de 7.774
alunos por ano. Independente da exatidão das
projeções, uma análise dos dados de 1998 já
projetava um grande saturamento de merca-
do a curto prazo se não fossem tomadas medi-
das disciplinares. O que se viu foi um cresci-
mento na oferta de novos cursos.
Por outro lado, se assumirmos uma média
de 20 professores fisioterapeutas por curso
teríamos um mercado para 2.540 professores.
Existe uma cobrança do MEC para que as Ins-
tituições de Ensino Superior (IES) contratem
professores titulados em cursos de pós-gradu-
ação stricto sensu. No Brasil temos apenas um
curso de Mestrado Acadêmico e um de
Mestrado Profissionalizante em fisioterapia
aprovado pela CAPES e relacionado direta-
mente com a área da fisioterapia. Neste senti-
do, existe uma demanda muito grande por
cursos de pós-graduação stricto sensu em fisi-
oterapia no Brasil, uma vez que o número de
professores universitários fisioterapeutas com
mestrado e principalmente com doutorado é
mínimo no Brasil. Por outro lado, o número
de pesquisadores e cientistas no Brasil na área
da fisioterapia também é muito pequeno.
Do credenciamento profissional
Não existe no Brasil ainda nenhuma co-
brança em termos de conhecimento e
capacitação profissional dos bacharelados em
fisioterapia, para que os mesmos sejam
credenciados a trabalharem no mercado. Em
outras palavras, na realidade atual o mercado
pode potencialmente já estar saturado consi-
derando a demanda vigente. Esta realidade
criou uma cultura fértil para a proliferação de
programas ditos de pós-graduação indepen-
dentes. Os profissionais procuram nestes pro-
gramas um diferencial na sua qualificação que
os coloque em condições privilegiadas para
atuar no mercado de trabalho.
Da qualidade do ensino de graduação
em fisioterapia no Brasil
Dos cursos de graduação
No meu entendimento, os currículos dos
cursos de fisioterapia no Brasil não foram
montados baseados no ensino das competên-
cias e habilidades do fisioterapeuta. As enti-
dades governamentais e de classe que deveri-
am normalizar e definir estas competências e
habilidades têm se preocupado mais com os
aspectos formais dos currículos (i.e., carga
horária, duração e relação aluno professor).
Sem uma lógica do conhecimento que norteie
a formação profissional, o credenciamento e
avaliação dos cursos de fisioterapia não podem
ser feitos de forma competente. O resultado
tem sido, a meu ver, uma abertura
indiscriminada e irresponsável de cursos de
fisioterapia no Brasil. Sem uma visão clara de
como deve ser o ensino da fisioterapia é natu-
ral observar uma fragmentação e descoorde-
nação no ensino dos conceitos que fundamen-
tam esta profissão. Este problema é também
refletido na baixa qualidade do material didá-
tico utilizado nestes cursos.
Nesse contexto fica difícil avaliar a quali-
dade dos cursos de fisioterapia no Brasil. Duas
iniciativas de revistas brasileiras em avaliar
esses cursos de fisioterapia não levam em con-
sideração o ensino da habilidade e competên-
cias que deveriam ser ensinadas para o alu-
no. Elas são baseadas em percepções subjeti-
vas de alguns profissionais da área e a meu
ver não refletem a realidade da qualidade dos
cursos de fisioterapia no mercado brasileiro.
Apesar da decisão do MEC de acabar com o
currículo mínimo é preciso lembrar que exis-
te muito mais comunalidades no ensino da fi-
sioterapia do que especificidade. As
disfunções motoras e a forma de tratá-las
transcendem as barreiras geográficas e as pe-
culiaridades regionais. Em 1998, tínhamos
1.103.808 vagas do ensino superior sendo ofe-
recidas no Interior do país, contra 1.022.150
nas capitais, em 1990 esses números
eram res-
pectivamente 763.935 e 776.145 vagas. Apesar
da interiorizarão do ensino superior ser posi-
tiva é preciso ter cautela quando se trata de
cursos da área da saúde. Um curso de fisiote-
rapia precisa oferecer condições variadas de
treinamento prático nas áreas de musculo-
esquelética, neuro-muscular, intertegumentar
e cardio-pulmonar. Uma cidade pequena e de
porte médio não tem a variedade de clientes/
pacientes necessária para que o aluno tenha
uma formação e experiência prática
generalista. Vale lembrar que são poucos os
Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 200058
cursos de fisioterapia no Brasil que oferecem
uma formação teórico-prática generalista.
Da abertura de novos cursos de graduação
É preciso parabenizar a iniciativa do MEC
com as portarias 640 e 641 de 13/05/97 que
viabilizou a criação da Comissão de Especia-
listas do Ensino em Fisioterapia junto à Se-
cretaria do Ensino Superior. Essa Comissão
estabeleceu os critérios e mecanismos para a
abertura de novos cursos de fisioterapia em
Instituições de Ensino Superior que não se-
jam Universidades. Ela também avalia as con-
dições das Instituições de Ensino Superior que
não são universidades (i.e., faculdades) para
abrir novos cursos de fisioterapia. Vale lem-
brar que as universidades gozam do direito de
abrir novos cursos sem passar pelo crivo des-
ta Comissão.
Dos cursos de pós-graduação
Os erros de planejamento curricular obser-
vados no ensino da graduação acabaram sen-
do cometidos nos dois cursos de pós-gradua-
ção Strictu Sensu aprovados pela CAPES e re-
lacionados com a fisioterapia. De um modo
geral tenho observado que as disciplinas ofe-
recidas em vários programas de pós-graduação
no Brasil estão relacionadas com a área de atu-
ação do professor do programa e não com a ló-
gica do ensino de um programa de pós-gradu-
ação. No entanto, merece nota o esforço destes
dois programas em corrigir estes erros.
Esta situação é ainda mais crítica nos pro-
gramas ditos de especialização e entitulados
de pós-graduação. Estes programas são ofere-
cidos geralmente por pessoas jurídicas (em-
presas, universidades) e físicas (profissionais)
sem nenhum critério acadêmico e muitas ve-
zes sem uma fundamentação técnico-científi-
co. Alguns destes programas são inclusive
validados por entidades de classe. Existem
também os cursos de especialização que vêm
sendo aprovados pelo Conselho Federal de
Fisioterapia e Terapia Ocupacional. A meu ver,
falta uma lógica do conhecimento e de critéri-
os técnico-científicos para a aprovação e
implementação destes programas de especia-
lização. É também comum observar uma fal-
ta de qualificação acadêmico científica míni-
ma em cursos de doutorado do corpo docente
que ministra estes cursos de especialização.
É acertada a atitude do COFFITO de acatar as
decisões do MEC no que diz respeito aos cri-
térios para a aprovação dos cursos de especia-
lização.
Da fisioterapia nos Estados Unidos
As comunalidades na área da saúde são
maiores do que as diferenças e transcendem
as fronteiras dos países. Por esta razão, estas
áreas precisam estar atentas ao mercado mun-
dial. Existe no mundo uma variação muito
grande na definição das competências do fisio-
terapeuta, indo de cursos seqüenciais em al-
guns países a cursos de bacharelados em ou-
tros. Descreverei brevemente a experiência
americana por julgá-la de maior sucesso no
ensino da fisioterapia. A partir do ano 2002 a
American Association of Physical Therapy
(APTA) abolirá o currículo mínimo de bacha-
relado em fisioterapia e introduzirá a pós-gra-
duação em Mestrado Profissionalizante como
condição para que o candidato a fisioterapia
possa prestar os exames da APTA e tentar
obter o credenciamento profissional para atu-
ar no mercado de trabalho. A idéia em um fu-
turo próximo seria implantar o Doutorado
Profissionalizante como critério para o candi-
dato prestar os exames do credenciamento
profissional. Ficará abolida a partir do ano
2002 a graduação em fisioterapia como condi-
ção para que o aluno preste os exames do
credenciamento. No entanto, para freqüentar
o mestrado e o doutorado profissionalizante o
aluno deverá demonstrar competência nas
áreas das ciências básicas (biologia, matemá-
tica, física, química, sociologia e psicologia).
Do futuro da fisioterapia no Brasil
Uma observação do desenvolvimento da
fisioterapia no Brasil e no mundo nos leva a
prever um aumento das áreas de atuação do
fisioterapeuta dentro da ciência da saúde, com
uma melhor definição de suas competências
e capacitações. O mercado do futuro exigirá
profissionais habilidosos, mas com uma boa
fundamentação científica sobre os seus mé-
todos de intervenção. Não bastará o diploma,
mas principalmente a competência profissio-
nal. Para tanto, deverá ocorrer uma seleção
rigorosa dos profissionais antes que os mes-
Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 2000 59
mos sejam colocados no mercado de trabalho.
Esta seleção deverá ser feita através de exa-
mes aplicados por entidades responsáveis pela
fiscalização profissional. Deverá também ser
exigido do profissional do futuro um treina-
mento em cursos de pós-graduação de forma
que ele possa se manter num processo de atu-
alização constante.
Academia Brasileira de Fisioterapia
Para que esta profissão ocupe o lugar que
lhe é de direito, precisamos estabelecer uma
agenda para a profissão baseada em critérios
estritamente técnicos e científicos. Para a im-
plantação desta agenda precisamos de uma
entidade forte que represente os interesses es-
pecíficos da profissão. Dado o grande descon-
tentamento profissional com as entidades de
classe na área da fisioterapia é chegado a hora
de criar a Academia Brasileira de Fisioterapia
(ABFT). Para ser forte e representativa, a ABFT
precisa estar alicerçada nas instituições de en-
sino superior (IESs) da fisioterapia, públicas e
privadas. Para ter o respaldo das IESs, a dire-
toria da ABFT deve ser composta de profissio-
nais que tenham um destaque profissional e
acadêmico-científico no cenário nacional. Esta
diretoria seria eleita de forma democrática em
congressos científicos bianuais da categoria.
Tenho a absoluta certeza que os profissionais
saberão escolher a diretoria da ABFT basean-
do-se em critérios puramente técnicos e cien-
tíficos. A divulgação do currículo vitae destes
candidatos à diretoria, incluindo formação, ex-
periência profissional e produção científica
deve ser mandatória.
A diretoria da ABFT seria eleita num con-
gresso científico convocado pelos cursos de
fisioterapia. Ela deveria ter como objetivo
principal a implantação de uma agenda míni-
ma para a profissão. No meu entendimento, a
criação da ABFT e a implantação da agenda
mínima para a fisioterapia não podem ser en-
tendidas como um ato político ou ideológico
onde se confrontariam opiniões e forças polí-
ticas atuantes dentro da fisioterapia.
O desenvolvimento de uma agenda míni-
ma também não deveria ser entendido como
uma opção da categoria. Acredito que não te-
mos escolha e que o desenvolvimento desta
agenda é mandatório se quisermos manter a
profissão com o reconhecimento de direito e
de fato a que ela deve ter. Ao assumirmos em
nossos ombros a responsabilidade pela regu-
lamentação do ensino e do exercício da pro-
fissão, baseados em critérios puramente téc-
nicos e científicos, estaremos mostrando ao
consumidor porque temos e devemos ser va-
lorizados financeiramente pelo exercício pro-
fissional. Ao demostrarmos a importância e as
vantagens das condutas fisioterapêuticas, ba-
seadas em critérios científicos, estaremos
mostrando ao consumidor a melhor opção que
ele deve fazer. Ao cobrarmos uma punição se-
vera pelo exercício inapropriado da profissão
estaremos mostrando ao consumidor a impor-
tância da qualificação profissional. Creio que
o resultado
da implantação desta agenda mí-
nima para a fisioterapia será um cliente mais
contente e seguro com os serviços prestados
pelo fisioterapeuta e um fisioterapeuta mais
valorizado financeiramente e realizado profis-
sionalmente. Para termos sucesso na implan-
tação desta agenda nunca poderemos esque-
cer as valiosas contribuições daqueles que fi-
zeram ou têm feito os 35 anos da fisioterapia
no Brasil uma realidade.
Agenda da ABFT
I - Da competência e habilidades do
fisioterapeuta
A primeira pauta da agenda da ABFT de-
veria ser a realização de um estudo para defi-
nir as competências e habilidades básicas para
o ensino da fisioterapia nos diversos níveis
(graduação, especialização, mestrado e douto-
rado). Este estudo deveria ser fundamentado
nos conhecimentos científicos publicados na
área da fisioterapia em revistas indexadas e
de impacto, nas experiências bem sucedidas
de outros países e no campo de trabalho bra-
sileiro. Estas competências e habilidades de-
vem servir para elaborar os conceitos a serem
ensinados para o aluno de fisioterapia. Estes
conceitos devem servir como referencial para
a avaliação do ensino da fisioterapia no Bra-
sil, tanto ao nível de graduação como no de
pós-graduação. Com este estudo respondere-
mos a primeira questão básica sobre quais
deveriam ser as habilidades e competências
do fisioterapeuta ao término do curso de gra-
Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 200060
duação ou de um programa de pós-graduação.
A partir da definição destas habilidades e com-
petências a ABFT elaboraria uma lista de con-
ceitos a serem ministrados nestes cursos e
programas. O ensino desses conceitos deve-
ria ser organizado de forma propedêutica ga-
rantindo uma lógica no ensino. Porém, o de-
senvolvimento de uma tecnologia educacio-
nal para a fisioterapia deveria ser feito pelos
cursos de fisioterapia.
II -Do controle da qualidade do ensino da
fisioterapia
A filosofia básica do controle de qualidade
do ensino da fisioterapia deve ser o produto
gerado pelos programas de ensino em fisiote-
rapia e não a forma como este produto é gera-
do. Em outras palavras, a ABFT deveria con-
trolar a qualificação do profissional, se este
tem ou não as competências nas habilidades
estabelecidas para um determinado curso ou
programa. O curso ou programa teria total li-
berdade no estabelecimento da forma com que
o ensino seria administrado. Caberia à ABFT
o controle de qualidade da formação profissi-
onal e a emissão de um selo de qualificação
profissional (QF). Este selo seria emitido para
o profissional e não para o programa. A ABFT
divulgaria anualmente o índice de aprovação
e nota dos alunos nos cursos e programas.
II. 1. Cursos de graduação e especialização
Para os cursos de graduação e especializa-
ção o controle de qualidade seria feito através
da aplicação de um exame rigoroso de qualifi-
cação profissional que meça as competências
e habilidades do aluno. Este exame seria base-
ado na lista de conceitos a serem ministrados
nestes cursos e programas e definida pela
ABFT. A aplicação deste exame seria feita por
professores de comprovada competência pro-
fissional e acadêmico-científica com titulação
mínima de doutor. O pagamento dos custos da
aplicação deste exame seria feito com a cobran-
ça de taxas dos alunos que prestarem o exame.
Este exame seria aplicado anualmente e váli-
do para todo o território nacional.
II.2. Programas de pós-graduação
Nos casos dos programas de pós-graduação
avaliados pela CAPES, a ABFT deveria refe-
rendar esta avaliação. Porém, a ABFT deveria
orientar a CAPES sobre as competências e
habilidades que deveriam ser avaliadas nes-
tes programas. A ABFT emitiria um selo de
qualidade para todos os profissionais gradua-
dos nestes cursos de pós-graduação.
III. Credenciamento profissional
III. 1. Bacharéis em ciência, graduados em
fisioterapia depois da criação da ABFT
A ABFT faria todas as gestões possíveis para
viabilizar legalmente junto às instituições com-
petentes para que o CREFITO e COFFITO pas-
sem a exigir a aprovação no exame de qualifi-
cação profissional como requisito mínimo para
que os alunos graduados em fisioterapia pos-
sam ser credenciados ao exercício da profissão.
De nada adianta as entidades de classe e go-
vernamentais, em especial ao COFFITO, argu-
mentar que não cabe a si a responsabilidade
de controlar a qualidade dos profissionais for-
mados pelo curso de graduação. Se a lei não
estabelece para uma entidade a sua responsa-
bilidade social é preciso lutar para mudar essa
lei. O importante é que todos os fisioterapeu-
tas e entidades assumam o compromisso de
lutar pela qualidade do ensino e do profissio-
nal que será colocado no mercado.
III. 2. Bacharéis em ciência, graduados em
fisioterapia antes da criação da ABFT
Os profissionais já credenciados pelo
CREFITTO continuariam gozando de seus di-
reitos adquiridos e portanto podem continuar
exercendo a profissão. O exame de qualifica-
ção seria opcional para estes profissionais. Po-
rém a ABFT deveria recomendar também a
estes profissionais que façam o exame de qua-
lificação profissional. Para os profissionais já
estabilizados no mercado, principalmente os
liberais, o exame de qualificação talvez seja
um selo dispensável. Porém, o mercado teria
a opção de escolher entre os profissionais
credenciados pelo exame de qualificação pro-
fissional e os que não prestaram este exame.
III. 3. Especialistas
Para obter o selo de qualidade da ABFT
numa especialidade, o profissional precisaria
ser aprovado num exame de qualificação pro-
fissional da ABFT. Aos alunos aprovados nes-
Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 2000 61
te exame seria concedido um selo de qualifi-
cação profissional na especialidade cursada.
 III. 4. Mestrado e doutorado profissionalizante
A ABFT daria um tempo para que as IESs
abram cursos de mestrado e doutorado
profissionalizantes e a médio prazo exigiria a
conclusão do mestrado profissionalizante como
requisito para que o aluno preste o exame de
qualificação profissional. A longo prazo a ABFT
exigiria o doutorado profissionalizante como
critério para que o aluno preste o exame de
qualificação profissional.
O mestrado e o doutorado profissionalizante
é uma tendência do ensino de fisioterapia ame-
ricano e acredito que será mundial. Apesar do
grande número de professores universitários
que estão procurando nos cursos de pós-gra-
duação Strictu Sensu a qualificação exigida
pelo MEC, a grande maioria dos fisioterapeu-
tas está fora deste mercado universitário. A
maioria dos fisioterapeutas que está exercen-
do a profissão não gostaria de seguir a carreira
acadêmica, mas precisa de um programa de
pós-graduação profissional. Estes programas
profissionais devem reciclar estes profissionais
e dar-lhes as ferramentas básicas para que pos-
sam acompanhar o desenvolvimento científi-
co em suas áreas de atuação.
O debate sobre os cursos profissionali-
zantes não deve ser ideológico. O treinamen-
to profissionalizante não pode ser entendido
como concorrente do acadêmico. As principais
universidades mundiais oferecem as duas for-
mas de treinamento (acadêmico e profis-
sionalizante) e nem por isto deixaram de ter
destaque no cenário científico internacional.
Precisamos de cientistas na área da fisiotera-
pia, formados nos programas de doutorado
acadêmico (Strictu Sensu) que sejam capazes
de produzir conhecimento. Também precisa-
mos de fisioterapeutas formados em progra-
mas de doutorado profissionalizante, que sai-
bam ler e interpretar a produção destes conhe-
cimentos e implementá-los durante o exercí-
cio profissional.
III. 5. Mestrado e doutorado acadêmicos
Como vimos existe no Brasil uma deman-
da muito grande para cursos de mestrado e
doutorado Strictu Sensu. Esses programas in-
teressam aos candidatos
que queiram seguir
a carreira universitária e se tornarem pesqui-
sadores. A ABFT deve incentivar a abertura
desses programas no Brasil. Para tanto é pre-
ciso que haja um investimento no Brasil em
três níveis. Primeiro, incentivar os fisiotera-
peutas que fazem mestrado ou doutorado aca-
dêmico no Brasil em outras áreas (i.e., biolo-
gia) a direcionarem suas pesquisas para a fi-
sioterapia. Segundo, reivindicar junto às ins-
tituições de fomento à formação dos profes-
sores um aumento das cotas de bolsas de dou-
torado para o exterior na área da fisioterapia.
Terceiro, incentivar a abertura de programas
de mestrado e doutorado acadêmico nas ins-
tituições nacionais. Para a abertura desses
programas a ABFT deve reivindicar juntos as
instituições nacionais que contratem profis-
sionais qualificados no exterior para ajudar na
implantação desses programas.
A ABFT deve reconhecer apenas os progra-
mas de pós-graduação brasileiros que sejam
aprovados pela CAPES ou os programas in-
ternacionais cujos títulos sejam reconhecido
pelas instituições de ensino superior publicas.
Em especial, a ABFT deve aconselhar aos fi-
sioterapeutas que não cursem os cursos de
pós-graduação à distância. O treinamento ci-
entífico é um processo longo que envolve
muito trabalho e dedicação. De nada adianta
as tentativas que objetivam principalmente
evitar os caminhos das pedras. A obtenção de
uma titulação nesses programas à distância
certamente não garantirá a aquisição da com-
petência profissional.
IV. Titulação profissional
A ABFT deve padronizar o uso da titulação
profissional conforme o mérito demonstrado
via a qualificação acadêmica. A lógica básica
é que o profissional, por princípio ético, pode
e somente deve fazer uso de um título se ele
realmente o conquistou. O uso inapropriado e
indiscriminado da titulação nivela por baixo
a qualificação profissional. As siglas e os títu-
los poderiam ser padronizados da seguinte for-
ma:
FT (fisioterapeuta bacharel em ciência). Con-
cedido a alunos graduados em fisioterapia.
FTSQ (fisioterapeuta bacharel em ciência
com selo de qualificação profissional). Conce-
Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 200062
dido a profissionais graduados em fisiotera-
pia e aprovados no exame de qualificação pro-
fissional da ABFT.
MC (mestre em ciência). Concedido a pro-
fissionais graduados em mestrado Strictu
Sensu reconhecido pela CAPES ou por uma
IES pública, no caso do mestrado estrangeiro.
MP (mestre profissionalizante). Concedido
a profissionais graduados em mestrado
profissionalizante reconhecido pela CAPES ou
por uma IES pública, no caso do mestrado
estrangeiro.
DP ou DPT (doutor profissionalizante). Con-
cedido a profissionais graduados em doutora-
do profissionalizante reconhecido pela CAPES
ou por uma IES pública, no caso do doutorado
profissionalizante estrangeiro (DPT).
DC ou Ph.D. (doutor em ciência). Concedi-
do a profissionais graduados em doutorado
Strictu Sensu reconhecido pela CAPES ou por
uma IES pública no caso do doutorado estran-
geiro (Ph.D.).
Esta titulação seria usada após o nome do
profissional e em ordem de titulação (i.e.,
FTSQ, MS, Ph.D).
Os programas de especialização não confe-
rem titulação. A ABFT faria as gestões necessá-
rias para que o CREFFITO adote esta nomen-
clatura. A partir desta aprovação ficaria abolido
o uso de títulos não conquistados na academia.
V. Da fiscalização do ensino
Como filosofia a ABFT não exerceria ne-
nhuma ação fiscalizadora do número de cur-
sos e programas, carga horária e questões
curriculares relacionadas aos cursos de gra-
duação e programas de especialização em fi-
sioterapia. Esta ação fiscalizadora deveria ser
exercida pelo consumidor, ou seja pelo aluno.
Caberia ao aluno consultar o índice de apro-
vação anual dos alunos nos exames de quali-
ficação profissional para os cursos ou progra-
mas. A ABFT orientaria os alunos dos progra-
mas de graduação e especialização em fisiote-
rapia que processem juridicamente as pesso-
as jurídicas (instituições de ensino ou organi-
zações) ou físicas que ministrarem estes cur-
sos ou programas, por perdas e danos, caso a
maioria de seus alunos (50% mais um) não
consigam a aprovação no exame de qualifica-
ção profissional da ABFT.
VI. Do exercício profissional
VI. 1. Da colocação no mercado de consumo de
método, técnica e protocolo de
intervenção fisioterapêutica
Como filosofia todo profissional proponen-
te de um procedimento fisioterapêutico tem a
obrigação moral e ética de provar, cientifica-
mente, a eficácia de seu método, técnica, pro-
tocolo ou procedimento de intervenção
fisioterapêutica antes que o mesmo seja colo-
cado no mercado de consumo.
A ABFT faria as gestões necessárias para
que as autoridades competentes exijam estu-
dos científicos, sobre a eficácia de qualquer mé-
todo, técnica, protocolo ou procedimento de in-
tervenção fisioterapêutica antes que os mes-
mos sejam colocados no mercado de consumo.
Caberia à ABFT a avaliação da eficácia destes
procedimentos fisioterapêuticos e a emissão de
um selo de consumo (SC) para estes procedi-
mentos. A comissão que avaliaria estes proce-
dimentos seria composta por profissionais com
titulação mínima de doutorado acadêmico. O
critério básico para submeter um procedimen-
to fisioterapêutico a um selo de consumo seria
a publicação de um trabalho científico mostran-
do a eficácia do procedimento fisioterapêutico.
Este trabalho deveria ser publicado em revis-
tas indexadas e com um índice de impacto aci-
ma de 1. A comissão científica poderia negar,
exigir novos estudos ou aprovar a procedimen-
to fisioterapêutico, concedendo um selo de con-
sumo. A ABFT faria as gestões necessárias jun-
to aos órgãos competentes do Ministério da
Saúde para que paguem os custos envolvidos
na avaliação destes procedimentos. A ABFT
faria as gestões junto ao COFFITO e
CREFITOS para que fiscalizem e aceitem a
colocação no mercado brasileiro apenas dos
procedimentos fisioterapêuticos com o selo de
consumo da ABFT.
 VI. 2. Do uso de método, técnica e protocolo de
intervenção fisioterapêutico
Todo fisioterapeuta teria a obrigação moral
e ética de utilizar apenas método, técnica, pro-
tocolo ou procedimento de intervenção
fisioterapêutica que tenha sido validado pelo
crivo científico. Estas informações devem ser
disponibilizadas a qualquer momento aos cli-
entes, consumidores destes procedimentos.
Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 2000 63
A ABFT faria as gestões junto ao CREFFITO
e COFFITOs para que exijam e fiscalizem os
profissionais quanto ao uso apenas de método,
técnica, protocolo ou procedimento de interven-
ção fisioterapêutica que sejam referendados
pelo selo de consumo da ABFT. O uso de proce-
dimentos fisioterapêuticos sem o selo de con-
sumo deve gerar um processo disciplinar po-
dendo levar ao descredenciamento profissional.
VII. Divulgação da eficácia dos
procedimentos fisioterapêuticos
Como princípio geral, todo consumidor tem
o direito às informações científicas sobre o tipo
de atendimento que irá receber. Porém, não
cabe ao consumidor enquanto leigo a avalia-
ção da eficácia do atendimento. Por outro lado,
os órgãos governamentais responsáveis pela
normatização da saúde no Brasil têm a obriga-
ção moral e ética de informar ao público sobre
a eficácia de qualquer método de tratamento.
Caberia a ABFT fazer gestões junto aos forma-
dores de opinião, entidades governamentais
normalizadoras da área da saúde para que ori-
entem os consumidores a exigirem o selo de
consumo da ABFT antes de se submeterem a
um determinado tipo de tratamento.
VIII. Da promoção e divulgação do estudo
científico
De nada adianta a comunidade acadêmica
científica dizer que precisamos de uma fisiote-
rapia fundamentada em critérios científicos se
não formos capazes de mostrar
à sociedade que
é possível fazer fisioterapia com ciência. Para
tanto, a ABFT incentivaria a produção do co-
nhecimento científico e sua divulgação junto à
comunidade. Para a divulgação do conhecimen-
to científico, a ABFT usará a Internet, um pe-
riódico científico e os Congressos Brasileiros
Científicos de Fisioterapia
VIII.1. Divulgação de estudos científicos
- Homepage
Para a divulgação dos estudos científicos a
ABFT criaria uma área na sua homepage (di-
vulgação científica) interligada com a
homepage das principais revistas científicas,
listando as publicações na área. Nesta área de
divulgação científica os profissionais e cien-
tistas da área poderão debater estes trabalhos.
- Revista científica de Fisioterapia
A ABFT se responsabilizaria pela viabilidade
de uma revista científica de fisioterapia como
veículo científico para a publicação da produ-
ção científica nacional sobre a fisioterapia. Para
garantir a circulação desta revista, a ABFT envi-
aria às entidades de fomento à pesquisa um pro-
jeto para o financiamento desta revista. É impor-
tante que a ABFT faça gestões junto a estas enti-
dades para convencê-las a apoiar de forma subs-
tancial a publicação de uma única revista cientí-
fica na área da fisioterapia. A publicação de vári-
as revistas na área dispersa a alocação de recur-
sos financeiros e humanos e compromete a qua-
lidade das revistas. Por esta razão, as autorida-
des governamentais deverão ser incentivadas a
apoiarem apenas a publicação de um veículo. É
lamentável observar que ainda não temos no
Brasil nenhuma revista científica com índice de
impacto acima de 1 em nenhuma área do co-
nhecimento. Isto se deve a uma dispersão irres-
ponsável de recursos financeiros e humanos.
Com o rigor cientifico virá o reconhecimento e
a credibilidade da revista. A ABFT também fa-
ria um convênio com uma editora no Brasil para
a confecção, divulgação e viabilização financei-
ra desta revista. Esta revista não ficaria vincu-
lada a nenhuma IES, porém continuaria man-
tendo uma linha editorial independente. Vale
lembrar que toda iniciativa privada no sentido
de criar novos veículos de divulgação científica
é bem-vinda e deve ser incentivada.
- Congresso Brasileiro Científico de Fisioterapia
O Congresso Brasileiro Científico de Fisio-
terapia seria organizado pela ABFT a cada dois
anos. Este deve ser o palco principal de apre-
sentação, divulgação e discussão dos avanços
científicos da fisioterapia. A ABFT procuraria
apoio junto às entidades governamentais para
este evento. A comissão organizadora seria
composta apenas de professores doutores e os
critérios de seleção dos trabalhos a serem apre-
sentados e dos oradores convidados devem ser
estritamente científicos. Vale lembrar que este
é um requisito para obter apoio governamen-
tal. A ABFT divulgaria em cada congresso os
números dos trabalhos científicos apresenta-
dos no anterior, com os números dos trabalhos
que foram publicados em revistas indexadas.
VIII.2. Incentivo à produção científica
Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 200064
A ABFT faria gestões junto às agências
financiadoras de pesquisa no Brasil (CNPq,
CAPES, FAPESP, FINEP, PRONEX) para que
desenvolvam e apoiem programas de incenti-
vo à produção dos conhecimentos científicos
na área da fisioterapia. A ABFT reivindicaria
junto a estas agências uma cota de bolsas e de
apoio financeiro a projetos de pesquisa pro-
porcional a representatividade da fisioterapia
no cenário da saúde brasileira.
Para as bolsas de mestrado e doutorado no
Brasil, a ABFT recomendaria aos programas
de pós-graduação no Brasil que dêem preferên-
cias aos estudantes de fisioterapia que tenham
um aproveitamento acima de 80% no exame
de qualificação profissional. A mesma reco-
mendação seria encaminhada às agências que
concedem bolsas de doutorado no exterior.
- Prêmio à produção científica
A ABFT deve reivindicar junto ao CNPq
uma distribuição mais equânime das bolsas
de produtividade científica, proporcional à
representatividade da fisioterapia no cenário
da saúde brasileira. Para as bolsas de produti-
vidade científica concedidas pelo CNPq a pes-
quisadores nacionais a ABFT reivindicará que
os critérios para a concessão destas bolsas se-
jam o da “produtividade científica” compro-
vada via a publicação de trabalhos científicos
em revistas científicas indexadas e conside-
rando o nível de impacto da revista. Não se
pode conceder uma bolsa de produtividade
científica a uma pessoa que nunca publicou
uma única linha em revistas científicas
indexadas durante a vigência da bolsa.
IX. Da qualificação dos docentes
A ABFT apoiaria o MEC na sua política de
exigir que as IESs tenham em seus quadros
de docentes preferencialmente professores
com titulação mínima de doutor obtida em
programas reconhecidos e aceitos pela comu-
nidade acadêmica nacional e internacional.
X. Da conscientização do aluno
A ABFT elaboraria uma cartilha para os
alunos dos cursos de graduação e de especia-
lização em fisioterapia mostrando que a
titulação nestes programas não garante o di-
reito automático ao exercício profissional.
Esta cartilha delegaria ao aluno a responsa-
bilidade pela escolha do curso ou programa.
No entanto, a ABFT daria aos alunos os ele-
mentos necessários para que ele avalie o seu
curso ou programa. Entre estes elementos
deverá constar a qualificação do quadro do-
cente, tipos de laboratórios, estágios. Para os
programas de especialização e de pós-gradu-
ação, a ABFT recomendaria aos alunos que
somente freqüentem apenas os programas
ministrados por profissionais com uma
titulação mínima de doutor. A ABFT instrui-
ria os alunos que exigissem a apresentação
do currículo vitae do professor e do índice
de aprovação no exame de qualificação da
ABFT. O aluno deveria evitar os “cursos de
especialização” ministrados por professores
que não tenham trabalhos científicos publi-
cados em revistas científicas de impacto na
sua área de atuação.
A ênfase na titulação dos professores em
programas de doutorado não deveria ser enten-
dida como uma forma de reserva de mercado
para os poucos fisioterapeutas já qualificados
no Brasil. A produção dos conhecimentos ci-
entíficos e a sua complexidade têm crescido
muito na área da fisioterapia. Sem um curso
sólido em um programa de pós-graduação, re-
conhecido pela comunidade científica, o fisio-
terapeuta provavelmente será incapaz de en-
tender o estado de arte do conhecimento cien-
tífico em sua área de atuação. Para a leitura,
interpretação e divulgação dos conhecimentos
científicos atuais é necessário um treinamen-
to mínimo em programas de doutorado.
XI. Dos convênios de saúde
A ABFT deveria processar juridicamente
todas as empresas de seguro saúde que ofere-
çam os serviços de fisioterapia, mas se recu-
sam a credenciar estes profissionais.
XII. Do credenciamento de cursos
A ABFT fazeria gestões junto ao MEC para
que não fossem reconhecidos ou que fossem
descredenciados os cursos de graduação e os
programas de especialização cuja a maioria
dos alunos (50% mais um) não obtivessem
aprovação no exame de qualificação profissi-
onal da ABFT.
Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 2000 65
Resumos de congressos e trabalhos
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Análise das propriedades físico-químicas do muco respiratório
após drenagem postural, tapotagem e técnica de expiração
forçada.
As manobras de higiene brônquica (MHB) têm sido indicadas
tanto para pacientes com expectoração diária superior a 30ml,
quanto para aqueles com presença de pequena quantidade de
secreção. A análise das propriedades físico-químicas do muco res-
piratório pode ser de grande valia para revelar as características
do muco expectorado durante as MHB.
Desta maneira este trabalho tentou estabelecer
uma relação
entre a efetividade das técnicas fisioterapias e a quantidade e a
qualidade do muco respiratório removido por elas, ou seja, avali-
ar as propriedades físico-químicas do muco respiratório
expectorado durante as manobras.
Foram avaliadas amostras de muco de 12 pacientes portadores
de bronquiectasia dos tipos cilíndrica e ou varicosa. Os pacientes
foram submetidos a Drenagem postural, Tapotagem e Técnica de
expiração forçada (sendo as duas associadas a drenagem postural),
além de uma sessão Controle e entre cada conduta um intervalo
de 48 horas. Em cada conduta foram coletadas quatro amostras
de muco expectorado: inicialmente, e após três sessões de vinte
minutos cada, sendo armazenado a - 20 0 C . Além da coleta e aná-
lise das propriedades físico-químicas do muco, os pacientes fo-
ram avaliados quanto aos seguintes itens: anamnese, exame físi-
co do tórax, sinais vitais, espirometria e medida do pico do fluxo
expiratório .
Como em outros estudos a espirometria nos serviu apenas para
registrar a cronicidade dos pacientes estudados. Já quanto a quan-
tidade e qualidade do muco expectorado pudemos observar for-
tes tendências de que a tapotagem aplicada em torno de 260 bati-
das por minuto, removeu um volume maior de muco ao longo dos
tempos estudados além do muco apresentar menor teor de água.
Além disso ao final da última sessão da mesma conduta o muco
expectorado apresentou menor transportabilidade em palato de
rã, sugerindo ser muco de pior perfil reológico.
Valores estatisticamente significantes (p< 0,05)foram encon-
trados ao analisarmos ao longo dos tempos da conduta Controle,
onde observamos que o muco expectorado após a última sessão
apresentou ângulo de adesão próximo da normalidade, o que nos
leva a inferir que como as demais técnicas não contribuem para a
piora das qualidades físico-químicas do muco respiratório, elas
muito provavelmente recuperem muco com pior perfil reológico,
o que somente pela tosse não conseguiria fazê-lo.
Ramos EMC; Jardim JRB;
Faresin SM; Ramos D;
Saldiva PHN - UNIFESP/
FCT-UNESP, Presidente
Prudente, SP, Xo Simpósio
internacional de
Fisioterapia respiratória,
IIIo Congresso brasileiro de
Fisioterapia respiratória,
27 a 30 de setembro de
2000, Gramado, RS
Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 200066
Análise da variação da pressão expiratória máxima
espontânea e na tosse manualmente assistida
A fisioterapia respiratória tem como sua maior e mais tradi-
cional característica a higienização brônquica. Sua fundamenta-
ção baseia-se, desde seus primórdios, em técnicas que objetivam,
através da ação da gravidade e de manobras que incidem pulsos
vibratórios sobre o tórax, a eliminação de secreções retidas no
sistema respiratório. Mais recentemente, a Tosse Manualmente
Assistida (TMA) vem se destacando em nosso arsenal terapêutico
como uma técnica capaz de mimetizar a tosse, produzindo a
otimização da relação esforço paciente e limpeza brônquica. O
objetivo deste estudo foi verificar a eficácia da TMA em aumen-
tar a Pressão Expiratória Máxima (Pemax). O estudo foi realizado
na Clínica Escola do Serviço de Fisioterapia da Universidade Fe-
deral da Paraíba (UFPB), no período de setembro a novembro de
1996. Incluiu uma amostra de 50 indivíduos normais seleciona-
dos ao acaso, sendo 33 mulheres e 17 homens apresentando uma
média de idade de 24 anos (variando de 19 a 36 anos). Para medir
a Pemax espontânea e a Pemax associada a TMA, foi utilizado
um manovacuômetro com variação de 0 a +150 CmH2O para a
mensuração dos dados, tendo sido analisados em todos os indiví-
duos a partir de uma insuflação máxima com uma pausa pós-
inspiratória de 2s.
Os resultados mostraram uma diferença significativa para o
nível de significância adotado de 5% (a = 0,05) para p = 0,000. A
Pemax espontânea apresentou uma média de 111,4400 e a Pemax
associada a TMA de 126,8800. De acordo com os resultados apre-
sentados, a tosse manualmente assistida (TMA) induz ao aumento
significativo da pressão expiratória máxima, aumentando conse-
qüentemente a eficácia da tosse e promovendo assim, o incre-
mento da expectoração de secreção.
Fisioterapia respiratória em traumatismo torácico
O traumatismo torácico é responsável por 25% das mortes em
pacientes politraumatizados. Assim sendo, torna-se imprescindí-
vel uma abordagem fisioterapêutica especializada, visando a me-
lhora da ventilação e, conseqüentemente, a melhora da qualidade
de vida do paciente. Como é sabido, tal tipo de trauma propicia
sérias complicações, as quais se não tratadas de maneira imediata
e de forma correta e eficiente, podem traduzir-se em óbito do paci-
ente pelo fato de relacionarem-se de forma direta com uma das
necessidades mais vitais do ser humano, a respiração. O objetivo
do presente estudo é o de demonstrar alguns tipos de lesões en-
contradas nestes pacientes (confirmadas através de estudos de
imagens radiológica e tomográfica), bem como o uso e a
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Pontes CS; Ribeiro KSQS;
Andrade DEM; Duarte
ACM - Universidade
Federal da Paraíba
(UFPB), Serviço de
Fisioterapia, Clínica
Escola, João Pessoa, PB, Xo
Simpósio internacional de
Fisioterapia respiratória,
IIIo Congresso brasileiro de
Fisioterapia respiratória,
27 a 30 de setembro de
2000, Gramado, RS
Koch RC; Meinert J, Daudt
CAS - Hospital Municipal
São José, Serviço de
Fisioterapia, Joinville, SC,
Xo Simpósio internacional
de Fisioterapia
respiratória, IIIo Congresso
brasileiro de Fisioterapia
respiratória, 27 a 30 de
setembro de 2000,
Gramado, RS
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 2000 67
aplicabilidade das respostas adquiridas no ambiente hospitalar
através de alguns dos recursos terapêuticos destinados ao
traumatizado de tórax. O período de estudo limita- se entre 1º de
fevereiro a 30 de maio de 1999, quando foram atendidos pela fisio-
terapia, um total de nove pacientes que apresentavam traumatismo
torácico, alguns com outras lesões associadas, vítimas de aciden-
tes de trânsito e quedas de altura. A maior incidência de costelas
fraturadas concentrou-se no 6º arco costal, em todos os nove paci-
entes, e destaca-se ainda um paciente com fratura do 1º arco costal.
As complicações imediatas às fraturas de costelas foram o
pneumotórax em todos os nove pacientes e hemopneumotórax em
três do total. As condutas fisioterapêuticas aplicadas variaram en-
tre padrões ventilatórios insuflativos, estimulação diafragmática
e inspirometria de incentivo, através do uso de incentivador
inspiratório a volume. Dos nove pacientes atendidos e submetidos
à toracotomia para colocação de dreno de aspiração, dois vieram a
óbito, sendo que uma das causas foi atribuída ao traumatismo crâ-
nio-encefálico e a outra por cirrose hepática. Dois pacientes neces-
sitaram de ventilação artificial invasiva através de tubo oro-
traqueal, evoluindo para traqueostomia; dois pacientes apresenta-
ram pneumonia nosocomial por Staphilococcus aureus; um paci-
ente evoluiu com tuberculose pleural e os demais evoluíram ape-
nas com as complicações diretas do trauma. Em todos os nove ca-
sos, observou-se a eficácia das condutas adotadas, apesar de algu-
mas terem proporcionado respostas de maneira mais rápida, já
outras nem tanto. Logo, tais condutas carecem de estudos mais
aprofundados com o intuito de aprimorá-las, bem como o possível
surgimento de novas técnicas que venham a auxiliar tanto o fisio-
terapeuta, quanto o paciente em tratamento.
Estudo comparativo sobre o uso de CPAP e RPPI com
máscara facial em pacientes submetidos à cirurgia cardíaca
Introdução: A agressão transoperatória durante a cirurgia car-
díaca leva à alterações no sistema respiratório com repercus-
sões na mecânica ventilatória e função
pulmonar. O CPAP (Pres-
são Positiva Contínua nas Vias aéreas) e exercícios com RPPI
(Respiração com Pressão Positiva Intermitente) são técnicas uti-
lizadas para minimizar as complicações pulmonares no pós ope-
ratório. Objetivo: Foi verificar a eficiência do uso de CPAP e RPPI
na função pulmonar, na força muscular respiratória e nos índi-
ces de oxigenação, em pacientes no POI de cirurgia cardíaca.
Material e Métodos: Foram estudados 62 pacientes, sendo 40 do
sexo masculino. Os pacientes foram randomizados nos grupos
de: VR (13 pacientes de cirurgia valvar submetidos a RPPI com
idade 35±14 anos); VC (15 pacientes de cirurgia valvar submeti-
dos a CPAP com idade 48±15); RR (17 pacientes de
revascularização do miocárdio submetidos a RPPI com idade
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Feltrim MIZ; Peres D;
Mantelato AL; Nozawa E;
Carmona MJ; Auler Jr.
JOC - Serviço de
Fisioterapia e Anestesia
do Instituto do Coração
(InCor) HCFMUSP, São
Paulo, SP, Xo Simpósio
internacional de
Fisioterapia respiratória,
IIIo Congresso brasileiro
de Fisioterapia
respiratória, 27 a 30 de
setembro de 2000,
Gramado, RS
Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 200068
58±8); RC (17 pacientes de revascularização do miocárdio sub-
metidos a CPAP com idade 56±9).Os exercícios foram realiza-
dos no 1° e 2° dia do pós operatório, em quatro sessões de 20
minutos. No CPAP utilizou-se PEEP de 10 cmH2O e no RPPI o
pico de pressão foi de 20 cmH2O. Resultados: A função pulmo-
nar, avaliada pela CVF% , apresentou valores médios superio-
res no grupo de VC, porém não houve alteração significante
entre as terapias. A força muscular respiratória (PIMáx. e
PEMáx.) não apresentou mudanças significantes.
Conclusão: Observamos que, pacientes de cirurgia valvar apre-
sentam melhores condições de oxigenação e volumes pulmona-
res do que pacientes de revascularização do miocárdio. As técni-
cas empregadas não foram capazes de influenciar os parâmetros
de força muscular respiratória, volume pulmonar e oxigenação.
As alterações observadas foram, primariamente, por diferença
entre os grupos de pacientes.
Descrição de uma população de pacientes de UTI submetidos
à ventilação mecânica não-invasiva
Introdução: Em 1984, Delaubier e Rideau introduziram a téc-
nica de ventilação mecânica não-invasiva (VMNI) para tratamento
de pacientes com distrofia muscular. Desde então, a VMNI tem
sido utilizada em substancial número de pacientes com insufici-
ência respiratória aguda ou crônica e suporte ventilatório para
pacientes em processo de desmame da ventilação mecânica
invasiva (VMI). Objetivos: descrever as principais características
demográficas e clínicas dos pacientes submetidos à VMNI, suas
indicações, índice de sucesso, parâmetros de VMNI e gases
sangüíneos pré e pós-VMNI. Materiais e métodos: estudo de
coorte, analisando 24 pacientes internados na UTI do Hospital
Vita de Curitiba no perído de 18/08/98 a 21/11/99. Resultados: dos
24 pacientes estudados, 45,83% eram do sexo masculino (n=11) e
54,17% do sexo feminino (n=13), a média de idade foi de 64,29
anos, média do índice de APACHE II 18,33, média dos dias de
internação 11,923 dias, média dos dias de uso de VMNI 1,67 dias.
Houve sucesso na VMNI em 58,33% dos pacientes (n=14) e
insucesso em 41,67% (n=10). Dos dez principais diagnósticos iden-
tificados, os principais foram broncopneumonia (29,16%), septi-
cemia (25,00%) e pós-operatório de cirurgia cardíaca (20,83%). Na
identificação das comorbidades, DPOC (20,83%), HAS (16,67%) e
insuficiência cardíaca esquerda (16,67%) foram as mais comuns.
As principais indicações de VMNI foram broncopneumonia
(33,33%), insuficiência cardíaca esquerda (20,83%), injúria pul-
monar aguda (16,67%) e desmame da VMI (16,67%). Nos 10 paci-
entes em que não houve sucesso da VMNI, as principais indica-
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Abreu RF; Abdallah JMT;
Carpes MF; Aquim EE; Réa-
Neto A - Centro de Estudos e
Pesquisa em Terapia
Intensiva (CEPETI),
Curitiba, PR, Xo Simpósio
internacional de
Fisioterapia respiratória,
IIIo Congresso brasileiro de
Fisioterapia respiratória, 27
a 30 de setembro de 2000,
Gramado, RS
Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 2000 69
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
ções de VMI foram SDRA (50,00%), falência de múltiplos órgãos
e sistemas (40,00%) e broncopneumonia (10,00%). A pressão
inspiratória média foi de 17,63 cmH2O e a pressão expiratória de
9,04 cmH2O. A média da PO2 pré-VMNI foi de 77,49cmH2O e pós-
VMNI de 91,47cmH2O (p=0,02).
Conclusão: a população estudada apresentou mais de 50% de
sucesso com o uso da VMI. Os principais diagnósticos foram de
infecção (broncopneumonia e septicemia) e as principais causas
de insucesso, com indicação de ventilação mecânica invasiva,
SDRA e falência de múltiplos órgãos e sistemas. Houve melhora
significativa da PO2 quando comparada à média da PO2 pré-VMNI
com a média da PO2 pós-VMNI.
Repercussões pulmonares e cardíacas da cifoescoliose
A cifoescoliose é uma curvatura lateral da coluna que se as-
socia à rotação dos corpos vertebrais levando à uma distorção
do gradil costal, que coloca em desvantagem toda a mecânica
do aparelho respiratório. Quando a escoliose é severa (ângulo
maior que 70º), as anormalidades respiratórias são detectadas
e podem evoluir para dispnéia, insuficiência respiratória e cor
pulmonale.
Este estudo tem o intuito de reportar as diversas repercus-
sões da cifoescoliose sobre os sistemas respiratório e cardíaco
descritas na literatura
Foi realizada uma revisão literária da anatomia e mecâni-
ca respiratória normal, bem como a descrição dos distúrbios
decorrentes da deformação da caixa torácica na cifoescoliose.
O estudo foi direcionado a compreensão dos mecanismos e
repercussões desta anormalidade sobre os sistemas cardíaco
e respiratório.
Observou-se que a cifoescoliose, quando severa, pode de-
terminar a ocorrência de importantes alterações pulmonares
como redução da complacência pulmonar, dos volumes e ca-
pacidades pulmonares, e da eficiência dos músculos respira-
tórios. Em relação às alterações cardíacas, observou-se que
estas são decorrentes do aumento da resistência vascular pul-
monar culminando com cor pulmonale e hipertrofia ventricular
esquerda.
Portanto, é de fundamental importância o conhecimento de
todas as alterações que podem se desenvolver em pacientes
portadores de cifoescoliose, pois estas poderão limitar as ati-
vidades de vida diária, a tolerância ao exercício físico e levar a
uma maior predisposição à insuficiência respiratória e cardía-
ca precoces, bem como a ocorrência de morte súbita.
Duarte H; Mehanna A -
Hospital São Paulo- Escola
Paulista de Medicina, São
Paulo, SP, Xo Simpósio
internacional de
Fisioterapia respiratória,
IIIo Congresso brasileiro de
Fisioterapia respiratória,
27 a 30 de setembro de
2000, Gramado, RS
Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 200070
Estudo do padrão respiratório e da configuração
toracoabdominal em indivíduos normais em diferentes
posições corporais.
Introdução: Nos últimos anos têm-se empregado a técnica de
pletismografia respiratória por indutância para avaliação do pa-
drão respiratório e da configuração toracoabdominal, permitin-
do de forma não invasiva conhecer volumes e tempos respirató-
rios. Objetivos: Estudar o comportamento do padrão respiratório
e da configuração toracoabdominal, em indivíduos normais, nas
posições dorsal, sentada, lateral esquerda e lateral direita. Méto-
dos: Foram estudados 20 mulheres (29±6 anos) e 20 homens (28±5
anos), nas posições dorsal e sentada. No grupo masculino, estu-
dou-se também as posições laterais, esquerda e direita, utilizan-
do-se o aparelho denominado Respitraceâ. A
calibração foi obtida
pelo método dos mínimos quadrados. Análise de perfis conside-
rou nível de significância de p<0,05. Resultados: Os tempos respi-
ratórios (TI, TE ,TTOT ) não variaram entre os grupos e entre as posi-
ções, embora as mulheres tivessem a tendência de respirar mais
rápido. O volume corrente (VC) aumentou significante quando
os indivíduos variaram sua posição de dorsal para sentado, porém
sem diferença entre os grupos. O fluxo inspiratório médio (VC/TI)
apresentou o mesmo comportamento. O deslocamento do tórax
aumentou significantemente quando a posição sentada foi adota-
da (%Tx/VC de 26% para 50%); nas posições horizontais houve
predomínio do movimento abdominal, independente do sexo
(%Abd/VC=72%). Houve sincronia do movimento toracoabdominal
para todas as posições (MCA/VC=1,0 a 1,10).
Conclusões: Durante a respiração tranqüila, homens e mulhe-
res apresentam o mesmo padrão respiratório, havendo aumento
do volume corrente e do fluxo inspiratório médio na posição sen-
tada, sem interferência no componente de tempo. Na posição
dorsal, há predomínio do deslocamento abdominal. Nos homens,
respirando tranqüilamente nas posições laterais, há preponde-
rância da excursão abdominal à semelhança da posição dorsal
Resultado e avaliação do progresso na reabilitação após
lesão do ligamento cruciforme anterior
Existe uma variedade de medições da reabilitação funcional
utilizada na prática clínica para determinar o relativo sucesso do
tratamento após lesão do ligamento cruciforme anterior (LCA).
Essas incluem medições da mobilidade da articulação, teste da
força, auto-avaliação do paciente, testes funcionais e de
propriocepção, dependendo da teoria da estabilidade articular pre-
Feltrim MIZ; Jardim JR -
Serviço de Fisioterapia
Instituto do Coração
(InCor) HC-FMUSP e
Disciplina de
Pneumologia da
Universidade Federal de
São Paulo, São Paulo.
Brasil, Xo Simpósio
internacional de
Fisioterapia respiratória,
IIIo Congresso brasileiro de
Fisioterapia respiratória,
27 a 30 de setembro de
2000, Gramado, RS
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Nicola Phillips et al,
Physical Therapy in Sport
2000;1(4):106-118,
novembro de 2000
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 2000 71
ferida. Existe conflito de evidências sobre qual teste ou combina-
ções de testes seriam os mais úteis para avaliar a taxa de reabilita-
ção ou o nível de atividade funcional. Uma boa performance para
saltar ou correr precisa vários componentes da estabilidade funci-
onal do joelho tais como a força concêntrica pela propulsão, força
excêntrica pela absorção da força e capacidade proprioceptiva para
assistir o controle neuromuscular. Enquanto que a força e os tes-
tes de propriocepção permitem avaliar esses componentes indivi-
duais, a sua relação à função quando empregados isoladamente
foi questionada. Os testes funcionais permitem uma avaliação glo-
bal e não determinam qual é o parâmetro deficiente. Um resulta-
do diminuto em um sistema de avaliação funcional pode refletir
qualquer um até todos os parâmetros. Parece que uma combina-
ção de medições é importante para avaliar completamente a capa-
cidade funcional após lesão do LCA. Novas pesquisas são necessá-
rias para determinar qual é a melhor combinação de medições,
preferencialmente na base de uma melhor compreensão dos me-
canismos protetores da estabilidade articular.
Comparar a mobilização dos ossos cárpicos e a mobilização
neurodinâmica como métodos para o tratamento da
síndrome do canal cárpico
A síndrome do canal cárpico é a mais comum neuropatia peri-
férica. Existe pouca literatura disponível sobre o assunto, o que
explica parcialmente porque a fisioterapia é muito usada como
técnica de tratamento dessa condição. Este estudo pesquisa os efei-
tos de duas técnicas de terapia manual no tratamento de pacien-
tes apresentando a síndrome do canal cárpico. O desenho do estu-
do comparou três grupos de pacientes em três condições diferen-
tes (dois grupos de tratamentos diferentes e um grupo controle).
Cada grupo foi composto de 7 pacientes. Os objetivos do estudo
eram: 1) Avaliar diferenças entre grupos tratados e não tratados;
2) Avaliar diferenças entre tratamento I (mobilização do nervo me-
diano), comparado com o tratamento II (mobilização dos ossos
cárpicos). As medições usaram várias técnicas, incluindo escala
de movimentos do punho (flexão e extensão), teste de tensão do
membro superior (ULTT2a), três diferentes escalas para avaliar a
percepção da dor e a função, e, enfim, os pacientes foram compa-
rados após tratamento cirúrgico. O estudou demonstrou uma di-
ferença evidente entre os pacientes tratados e não tratados, em
particular na análise descritiva dos resultados para ULTT2a e nú-
mero de pacientes operados. Após análise estatística, os resulta-
dos são menos claros. Só os resultados da escala de alívio da dor
(P < 0,01) demonstraram diferenças significativas entre os três
grupos quando analisados usando o teste de Kruskal-Wallis. Ana-
lisando os resultados dos dois grupos tratados, nenhuma diferen-
ça estatisticamente significativa foi detectada entre a mobilização
dos ossos cárpicos e a mobilização do nervo mediano.
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
A Tal-Akabi et al,
Manual Therapy
2000:5(4), Novembro
de 2000
Fisioterapia Brasil - Volume 1 - Número 2 - Novembro/Dezembro de 200072
Papel da fisioterapia na prevenção e tratamento da
osteoporose
Osteoporose é um problema de saúde publica cada vez mais
importante, responsável por óbitos e diminuição da qualidade de
vida. Estratégias para aumentar a densidade óssea e diminuir as
quedas são essenciais para a prevenção da osteoporose. O papel
dos fisioterapeutas é importante através da prescrição de exercíci-
os, educação e técnicas terapêuticas. Os objetivos do tratamento
podem ser estabelecidos após avaliação dos sinais e sintomas, fa-
tores de risco para osteoporose e status funcional. Os níveis de
densidade óssea medidos por densitometria por raios-X podem ser
uma ajuda para o acompanhamento dos pacientes. O objetivo hoje
é aumentar a massa óssea em crianças e adolescentes, favorecen-
do as atividades de alto impacto. No adulto de idade média, peque-
nos aumentos da massa óssea podem ser obtidos por exercícios de
levantamento de peso. No adulto idoso, em particular com
osteopenia ou osteoporose, o objetivo é conservar a massa óssea,
diminuir o risco de quedas, promover o alongamento, diminuir a
dor e melhorar a mobilidade e a funcionalidade.
PEDro: banco de dados de estudos randomizados e revisões
sistemáticas em fisioterapia
Esse artigo descreve PEDro, banco de dados de evidências em
Fisioterapia. Na Internet, PEDro é um banco de dados de estudos
controlados, randomizados e de revisões sistemáticas em fisiote-
rapia. O endereço (acesso gratuito) é http://ptwww.cchs.usyd.edu.au/
pedro. O banco de dados contém detalhes bibliográficos e resu-
mos de vários estudos randomizados (em inglês) e revisões siste-
máticas em fisioterapia, inclusive outros idiomas. Os estudos são
avaliados em função da qualidade de metodologia empregada, o
que faz com que o usuário do banco de dados possa identificar
rapidamente os estudos de alta qualidade. Estudos e revisões são
indexados para facilitar a pesquisa. PEDro é uma importante fon-
te de informação para a prática clínica baseada em evidências.
Força do joelho e performance funcional de baixa ou alta
intensidade em adultos idosos
Objetivo: O estudo analisa as relações lineares entre a força do
joelho, a capacidade de trabalho, e medições de intensidade baixa ou
alta da performance funcional em adultos idosos saudáveis. Méto-
dos: 62 adultos idosos (idade = 73,4 ± 7,3 anos) participaram do es-
Kim Bennell et

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