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CAPÍTULO 6 - SISTEMA CIRCULATÓRIO OU CARDIOVASCULAR Constituído pelo coração, vasos sanguíneos e sangue, nosso sistema cardiovascular desempenha as seguintes funções: leva às nossas células materiais nutritivos (aminoácidos, eletrólitos e linfa), oxigênio, hormônios e hemácias; defende nosso corpo de doenças; regula a temperatura corporal, estabiliza o pH sanguíneo e mantém a homeostase (SOUZA, 2001). É um sistema fechado, uma vez que não apresenta comunicações com o meio externo, já que nosso sangue nunca sai da rede de vasos sanguíneos em condições normais, ao contrário do que acontece com o oxigênio e nutrientes, que se difundem através dos vasos e entram no fluído intersticial carregando oxigênio (O2) e nutrientes para as células-alvo e levando dióxido de carbono (CO2) e resíduos na direção oposta SIEGFRIED, 2010). Nos seres humanos, o sistema em foco é composto por tubos ou vasos denominados de artérias, quando estes levam o sangue do coração para as outras partes do corpo; de veias, vasos que trazem o sangue para o coração; e pelos capilares, minúsculos vasos responsáveis pelas trocas de gases e nutrientes entre o sangue e o meio interno, tendo no coração sua bomba contrátil- propulsora (MARTINI; TIMMONS; TALLITSCH, 2009). Vejamos cada um de seus componentes. 6.1) Sangue Responsável pelo transporte de vários materiais entre as diferentes células e tecidos corporais, é constituído pelos seguintes componentes: - plasma: formado pela combinação de água, eletrólitos, proteínas e resíduos orgânicos. É a matriz líquida do sangue, apresentando uma densidade um pouco maior do que a da água. A água dissolve e transporta moléculas orgânicas e inorgânicas, além de transferir calor e distribuir células sanguíneas. Os eletrólitos são essenciais para a realização das atividades celulares vitais. Os nutrientes são responsáveis pela produção de energia, crescimento celular, assim como pela manutenção das células; ROD Realce ROD Realce ROD Realce ROD Realce ROD Realce - elementos figurados: representados pelas hemácias (eritrócitos-glóbulos vermelhos), que apresentam como função o transporte de O2 e CO2; os leucócitos (glóbulos brancos), responsáveis pela remoção de toxinas, resíduos e células danificadas, além de integrarem nosso sistema imunológico; as plaquetas, cápsulas de citoplasma que contém enzimas e outros fatores primordiais na resposta à coagulação sanguínea, conforme afirmam Martini, Timmons e Tallitsch (2009). 6.2) Coração Situado na cavidade torácica, atrás do esterno e acima do diafragma, no espaço compreendido entre os dois sacos pleurais, nosso coração é envolvido por uma membrana dupla, o pericárdio, e apresenta-se dividido em quatro cavidades: dois átrios, que ao se contraírem enviam o sangue para os dois ventrículos, que impulsionam o sangue para as artérias. Constituído pelo músculo cardíaco, grande vasos, vasos coronarianos, marca- passo, sistema de condução elétrica e inervado pelo sistema nervoso autônomo, “bate” em média 60 a 70 vezes por minuto em um indivíduo adulto saudável e em repouso, contraindo (sístole) e relaxando (diástole) alternadamente durante toda a nossa vida (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2003). Anatomicamente é dividido por um septo ou parede central entre as cavidades direita (que recebe sangue dos tecidos e o propulsiona para os pulmões para oxigenação, a chamada circulação pulmonar) e esquerda (que recebe o sangue oxigenado dos pulmões e o envia para os tecidos, a denominada circulação sistêmica), sendo que: - por circulação pulmonar ou pequena circulação entendemos aquela que se inicia no tronco da artéria pulmonar, que sai do ventrículo direito, segue pelos ramos das artérias, arteríolas e capilares pulmonares, ocorrendo então a hematose (troca de CO2 por O2) transformando o sangue venoso em arterial. Seguem-se as vênulas e veias pulmonares que chegam ao átrio esquerdo do coração; -e por circulação sistêmica é entendido o processo pelo qual o sangue rico em O2 é bombeado pelo coração através da artéria aorta e distribuído para todos os tecidos onde ocorrem as trocas gasosas. Posteriormente, dos tecidos, o sangue agora rico ROD Realce ROD Realce em gás carbônico retorna para o coração para que nova circulação pulmonar aconteça, conforme afirmam Castro (1985), Siegfried (2010) e Silverthorn (2003). Necessário ressaltar que: 1)cada uma das cavidades do coração é constituída por um átrio e um ventrículo, sendo que a veia cava superior desemboca no átrio direito e drena o sangue proveniente da cabeça, pescoço, membros superiores e tórax, a veia cava inferior drena o sangue proveniente dos membros inferiores, cavidades e órgãos pélvicos e abdominais e desemboca no átrio direito, e as artérias pulmonares levam aos pulmões o sangue pobre em oxigênio e rico em gás carbônico, fazendo com o sangue, agora oxigenado, volte ao coração por meio das veias pulmonares (SOUZA, 2001). 26 Imagem – Divisão e Componentes do coração. 2)A definição de artéria e veia se relaciona à chegada de sangue ao coração (veia) e saída de sangue do mesmo (artéria), e não com o fato de transportarem sangue rico em O2 ou CO2 (MARTINI; TIMMONS;TALLITSCH, 2009). 3)Uma vez que em um circuito completo o sangue passa duas vezes pelo coração, apresentamos uma circulação dupla. 4)Entre cada átrio e ventrículo existem valvas que se abrem ou fecham de modo a permitir a circulação sanguínea sempre no mesmo sentido (do átrio para o ventrículo) e a impedir o refluxo, sendo denominada de tricúspide ou valva atrioventricular direita aquela situada no lado direito, e de valva atrioventricular esquerda, bicúspede ou mitral, aquela situada no lado esquerdo. De modo semelhante, as valvas situadas entre os ventrículos e a saída das artérias são denominadas de valva do tronco pulmonar e valva da aorta (MARTINI; TIMMONS;TALLITSCH, 2009). 5)A frequência cardíaca (FC) se relaciona à quantidade de vezes que o coração pulsa (“bate”) em um minuto (ciclos por minuto ou batimentos por minuto), sendo denominado de “pulso” esse compasso ou ciclos cardíacos. Pode ser verificada utilizando-se os dedos indicador e anelar (ou quais outros, exceto o polegar) sobre a superfície do punho (face anterior) ou na artéria carótida do pescoço. Como o sangue “passa” pelo mesmo local com a mesma frequência do seu ciclo cardíaco, toda vez que você sentir a expansão da artéria (o pulsar que você sente com os dois dedos) significa que o coração “bateu” ou realizou o ciclo cardíaco (MCARDLE; KATCH; KATCH. 2003). 6)De um modo geral, os atletas que realizam atividades aeróbias apresentam frequência cardíaca de repouso baixa. Isso ocorre porque, por mecanismos de plasticidade, estes atletas apresentam uma discreta dilatação do ventrículo esquerdo, apresentando, por consequência, um maior enchimento ventricular, o que vem a gerar um maior volume sanguíneo por cada pulso, suprindo a demanda sanguínea com um menor número de ciclos (MOURÃO JÚNIOR; ABRAMOV, 2011). 7)De acordo com Robergs e Roberts (2002), pressão arterial é aquela verificada internamente, no sistema cardiovascular, sendo a pressão apresentada na circulação sistêmica maior do que aquela verificada na circulação pulmonar. É representada por três pressões, a sistólica (PS, que indica a pressão verificada quando o coração se contrai e lança mais sangue no sistema), a diastólica (PD, relacionada à pressão verificada quando o coração não está se contraindo) e a média (PAM, que é o valor hipotético correspondente à soma de duas vezes a PD mais a PS dividida por três, jáque o coração fica dois terços do tempo em diástole e um terço em sístole). É consenso entre os pesquisadores que a esfigmomanometria é tida como o método mais comumente utilizado para aferir a pressão arterial de forma não invasiva. Neste método, a artéria é ocluída pela inflação de um manguito de pressão colocado ao redor da parte superior do braço, logo acima da articulação do cúbito do paciente. Este deverá estar descansado, relaxado, livre de distrações e sentado numa posição confortável, com o braço direito (universalmente utilizado para medir a pressão arterial em repouso) girado para cima (posição anatômica) e estendido aproximadamente no nível do coração, sendo que o manguito deve ser colocado de modo que sua borda inferior esteja aproximadamente dois centímetros e meio acima do espaço antecubital, ou seja, acima da dobra do braço na articulação do cúbito. A artéria braquial deve ser localizada por apalpação e após este procedimento, o diafragma (ou cabeça) do estetoscópio deve ser colocado sobre a artéria braquial, sendo o manguito inflado em aproximadamente 160 mm Hg ou 20 a30 mm Hg acima do esperado ou da pressão conhecida. Com o manômetro (escala da pressão arterial) em uma posição adequada para visualização, à medida que a pressão é lentamente liberada do manguito (cerca de 2 a5 mm Hg por segundo), é possível pela auscultação perceber as alterações dos sons (denominados de sons de Korotkoff) gerados pelo fluxo turbulento de sangue na artéria. Tais sons são os seguintes: - sons de Korotkoff I: que correspondem à pressão arterial sistólica e são auscultados quando o primeiro sangue passa pela oclusão prévia; - sons de Korotkoff IV: que correspondem à pressão arterial diastólica e que ocorrem quando uma há redução repentina na resistência ao fluxo através da artéria; - sons de Korotkoff V: quando os sons não são mais audíveis e não sendo correto relacioná-lo à pressão diastólica. Após a verificação da ausência de sons, o manguito deve ser completamente desinflado, sendo comum a verificação da pressão arterial de repouso nas posições supino, sentada e de pé. É interessante relevar que, para Robergs e Roberts (2002), o tamanho do manguito deve ser proporcional à circunferência do braço do paciente, variando conforme indicações a seguir: _____________________________________________________________________ Circunferência do braço(cm) Tipo do manguito Tamanho do manguito 33-47 Adulto grande 33 ou 42 x 15 25-35 Adulto 24 x 12,5 18-28 Criança 21,5 x 10 _____________________________________________________________________ Sendo que um manguito muito pequeno gera pressão superestimada e um manguito muito grande, uma pressão subestimada. 6.3)Vasos sanguíneos São, segundo Martini, Timmons e Tallitsch (2009, p. 573), “as artérias que suprem e as veias que drenam uma mesma região [e que] situam-se tipicamente lado a lado no interior de uma estreita faixa de tecido conectivo”. 27 Imagem – Vasos Sanguíneos. Estas podem ser diferenciadas via corte histológico, pelas seguintes particularidades: -em geral, a parede das artérias é mais espessa que aquela das veias, tendo em vista que a túnica média (camada intermediária) que constitui uma artéria apresenta mais fibras elásticas (responsáveis pela resistência à pressão gerada pelo coração ao propelir o sangue para a circulação) que a parede das veias; -veias tendem a colabar quando seccionadas, o mesmo não acontecendo com as artérias que, por serem relativamente espessas e fortes, conseguem manter seu formato original circular nas secções; -artérias que se constringem formam pregas devido ao fato de seu revestimento endotelial não se contrair, sendo que as veias não apresentam esse comportamento. Assim, podemos entender que o sistema circulatório é o sistema responsável pelo transporte de nutrientes, CO2 e O2, hormônios e hemácias por todo o corpo humano e também pela remoção dos resíduos do metabolismo. De acordo com Santos, Campagnole-Santos e Ferreira (2009, p. 355) para cumprir estas missões: o sistema está organizado em uma bomba, uma série de tubos para distribuição e coleta (circulação artério-venosa), e uma rede de vasos finos que permitem trocas rápidas entre os tecidos e o sistema de vasos (microcirculação). Na verdade são duas bombas musculares –ventrículo direito e esquerdo- que anatomicamente estão situadas em paralelo, mas fisiologicamente funcionam em série. O fluxo de sangue gerado pela bomba direita é lançado na circulação pulmonar e chega ao coração esquerdo e o fluxo de sangue, gerado pela bomba esquerda percorre a circulação sistêmica e retorna ao coração direito. As circulações pulmonar e sistêmica têm características bastante diferentes e, enquanto a primeira está ao lado do coração e tem alta complacência, a segunda alcança tecidos mais distantes e alguns posicionados acima do nível da bomba. (...) A pressão no sistema arterial é pulsátil porque o trabalho da bomba é intermitente. Em decorrência das diferentes características dos vasos e da circulação em paralelo nos diferentes órgãos, a característica pulsátil, o valor de pressão e a velocidade de fluxo se alteram ao longo da árvore arterial”. Ainda segundo os autores citados, o sistema cardiovascular é composto por um circuito fechado de tubos de calibre e de estrutura histológica variados por onde o sangue circula com uma pressão e velocidades adequadas para permitir a perfusão dos diferentes tecidos e, ao mesmo tempo, recolher os produtos do metabolismo celular. Assim, os nutrientes provenientes da digestão dos alimentos são captados pelo sangue e levados para os tecidos para serem utilizados pelas células ou para serem armazenados como reserva energética por determinados tecidos, como o tecido adiposo. Por outro lado, o sangue recolhe os produtos do metabolismo celular para serem eliminados na urina pelos rins, por exemplo. Pelo sangue também são transportados várias outras substâncias, como hormônios, os quais alcançam os órgãos-alvo através da circulação, peptídeos vasoativos, que ajudam a controlar o próprio sistema cardiovascular, e várias moléculas que participam do sistema de defesa imunológica do organismo, como os anticorpos, os quais alcança, o local da injúria através da circulação (SANTOS; CAMPAGNOLE-SANTOS; FERREIRA, 2009, p.355-6). OBSERVAÇÕES 1) A “preguiça” pós-prandial (após uma refeição) é ocasionada pela maior distribuição de nosso fluxo sanguíneo à rede capilar do nosso sistema digestório, devido à sua maior ação no “gerenciamento” da degradação dos alimentos. Tal necessidade para ser concretizada exige uma redução no fluxo sanguíneo direcionado a outros locais, como por exemplo, às nossas áreas cerebrais, gerando uma “letargia” normal e momentânea. 2)As transfusões, transferência dos componentes do sangue para um indivíduo cujo volume sanguíneo tenha sofrido uma redução por circunstâncias diversas (cirurgia, acidente, hemorragias...) podem ser dos seguintes “tipos”, segundo Martini,Timmons e Tallitsch(2009) a)de restituição, utilizada para restaurar o volume sanguíneo do indivíduo acometido por uma hemorragia, por exemplo; b)de troca, quando a maior parte do volume sanguíneo do sujeito é substituída pelo sangue do doador. No recém-nascido é prescrita nos casos de doença hemolítica ou eritroblastocefetal e nos adultos em casos de intoxicação por drogas, prescritas ou não; c) autóloga, também denominada de autotransfusão, em que o sangue é retirado previamente do paciente (ou do paciente em potencial), armazenado e transfundido ao mesmo quando as condições assim indicarem. Segundo Wilmoree Costill (2001, p. 222): numa doação de sangue, a remoção de uma unidade (aproximadamente 500 ml) representa uma redução de 8% a 10% do volume sanguíneo total e da quantidade de eritrócitos circulantes. Os doadores são aconselhados a ingerir uma quantidade elevada de líquido. Como o plasma é constituído principalmente por água, a simples reposição líquida faz com que o volume plasmático retorne ao normal em 24 a 48 horas. Entretanto, os eritrócitos necessitam de pelo menos seis semanas para desenvolverem-se completamente antes de se tornarem funcionais. A perda sanguínea compromete muito o desempenho de atletas de endurance pela redução da capacidade de liberação de oxigênio. 3)Circulação sistêmica CORAÇÃO SANGUE + 02 TECIDOS SANGUE + CO2 CORAÇÃO 4)Circulação Pulmonar CORAÇÃO SANGUE + CO2 PULMÕES SANGUE + O2 CORAÇÃO 28 Imagem – circulação sanguínea. Desta forma, Na circulação sistêmica o sangue rico em oxigênio é bombeado pelo coração através da artéria aorta e distribuído para todos os tecidos onde ocorrem as trocas gasosas. Dos tecidos, o sangue, agora rico em gás carbônico, retorna ao coração. Ao chegar aos pulmões, vindo do coração direito, o sangue rico em gás carbônico é oxigenado e volta ao coração pelas quatro veias pulmonares finalizando assim, a circulação pulmonar(SANTOS; CAMPAGNOLE-SANTOS; FERREIRA, 2009, p. 357). 5)Ciclo cardíaco e pressão arterial. A fase de contração do ciclo cardíaco é denominada sístole, sendo o período de relaxamento denominado de diástole. Somado a isto, a pressão arterial comum durante um ciclo cardíaco recebe a denominação de pressão arterial média. 6)A pressão arterial pode ser aumentada por um ou por todos os seguintes fatores: a)aumento do volume sanguíneo; b)aumento da frequência cardíaca; c)aumento da viscosidade sanguínea; d)aumento do volume sistólico; e)aumento da resistência periférica. 7)O registro da atividade elétrica do coração durante o ciclo cardíaco é denominado eletrocardiograma (ECG). 8)Entende-se por débito cardíaco (Q) o produto da frequência cardíaca (FC) pelo volume sistólico (Vs) em ml por minuto. Assim: Q= FC x Vs em ml/minuto. 9)O volume sistólico é regulado pelos seguintes fatores: volume diastólico final; pressão aórtica e força da contração ventricular. 10)Retorno venoso: sofre variações durante o exercício (aumento) devido à vasoconstrição, às ações das bombas muscular e respiratória. 11)Ocorre aumento da liberação de oxigênio para a musculatura esquelética em atividade física devido aos seguintes fatores: aumento do débito cardíaco; necessidade de redistribuição do fluxo sanguíneo de áreas e grupamentos musculares inativos para os grupamentos musculares pontualmente exigidos. 12)As variações percebidas na frequência cardíaca e na pressão arterial oriundas da prática de atividade física estão relacionadas ao tipo e à intensidade de realização dos exercícios, assim como de sua duração e das condições ambientais de realização. 13)O duplo produto (FC x PA sistólica, ou seja, a multiplicação da frequência cardíaca pela pressão arterial sistólica) pode ser utilizado para predizer o aumento da demanda metabólica cardíaca durante o exercício. 14)Em um mesmo nível de consumo de oxigênio, exercícios que utilizam de forma predominante os membros superiores geram maiores aumentos na frequência cardíaca e na pressão arterial quando comparados com exercícios que utilizam predominantemente os membros inferiores. 15)É denominado de desvio cardiovascular o aumento da frequência cardíaca que ocorre durante o exercício prolongado. 16) De acordo com Foss e Keteyian (2010, p. 221-2): claramente, a resposta ao exercício realizado com os membros superiores, tanto submáximo quanto máximo, difere daquela que é observada durante o exercício submáximo e máximo realizado com os membros inferiores. (...) Um exercício dos braços com um ritmo de trabalho submáximo (30 watts) é realizado com um maior custo que o exercício das pernas empreendido com o mesmo ritmo de trabalho. Mais especificamente, frequência cardíaca, pressão sistólica, produto frequência-pressão, VO2, ventilação-minuto, relação da permuta respiratória e concentração sanguínea de lactato são todos mais altos durante o exercício realizado com os braços em comparação com o exercício realizado com as pernas. Entretanto, o aumento no volume de ejeção é menor durante o exercício com os braços que ao realizá-lo com as pernas. Levando-se em conta que são empreendidas quantidades iguais de trabalho tanto com os braços quanto com as pernas, não haverá qualquer diferença no débito cardíaco. CAPÍTULO 7 - SISTEMA RESPIRATÓRIO Para a manutenção de nossas funções vitais e também para o relacionamento ativo com o meio ambiente, necessitamos de um fornecimento contínuo de energia, garantidos via ingestão constante de diferentes tipos de nutrientes (carboidratos, gorduras e proteínas) e sua degradação. De acordo com Silverthorn (2003) e Souza (2001), para que tal processo seja viabilizado, faz-se essencial a presença do oxigênio (O2), um gás que possibilita as operações de combustão no organismo de modo a gerar a energia diretamente utilizável e também à formação de água (H2O) e dióxido de carbono (CO2). E o externo (meio ambiente), sendo que para que haja uma eficiente liberação de oxigênio aos tecidos corporais e adequada remoção de dióxido de carbono são necessários os processos de respiração externa e respiração interna, sendo: a)respiração externa - a ação caracterizada pelo consumo de oxigênio e eliminação de dióxido de carbono. É evidenciada pelas operações de ventilação pulmonar ou respiração, constituída pelos movimentos do ar para dentro (inspiração) e para fora (expiração) dos pulmões, e desencadeada pela atividade dos músculos esqueléticos respiratórios, localizados na caixa torácica; e difusão pulmonar que consiste na permuta de oxigênio e dióxido de carbono entre os pulmões e o sangue, processo esse também denominado de hematose pulmonar; e b)respiração interna a atividade respiratória que consiste no transporte de oxigênio e de dióxido de carbono pelo sangue e pela troca de O2 e CO2 entre o sangue, capilares e tecidos ativos. Desta forma, o sistema respiratório como um todo tem por objetivo promover a troca de oxigênio e dióxido de carbono entre o meio interno (corporal/orgânico) e o meio externo, sendo constituído por um conjunto de ductos, as vias respiratórias, que se ramificam sucessivamente até se formarem os alvéolos, sacos membranosos elásticos e de paredes finas, que proporcionam a superfície vital para a permuta gasosa entre o tecido pulmonar e o sangue (MOURÃO JÚNIOR; ABRAMOV, 2011). Além disso, segundo Martini, Timmons e Tallitsch (2009), o sistema respiratório desempenha as seguintes funções: ROD Realce ROD Realce ROD Realce ROD Realce ROD Realce ROD Realce -oferece uma extensa área para difusão gasosa entre o ar e o sangue circulante; -conduz o ar a partir de, e para as superfícies de difusão gasosa para os pulmões; -protege as superfícies respiratórias contra a desidratação, mudanças de temperatura e outras variações ambientais; -defende o sistema respiratório e outros tecidos da invasão por microorganismos patogênicos; -produz sons envolvidos na fala, no canto e na comunicação não-verbal; -auxilia na regulação do volume sanguíneo, da pressão arterial e no controle do pH dos líquidos corporais. Uma vez que a rede capilar do sistema respiratório gera frações funcionalmente independentes, essa segmentação, de acordo com Mourão Júnior e Abramov (2011, p. 248) é divididaem níveis ou ordens. Por exemplo, a traqueia é um segmento de ordem zero, os brônquios principais (primeira ramificação) são segmentos de ordem 1, os brônquios lobares (segunda ramificação) são segmentos de ordem 2 e assim por diante, até os sacos alveolares, onde as vias respiratórias terminam, cujo nível é 23. Como a cada vez que a árvore se ramifica, novos ramos são gerados em escala exponencial, no nível 23 existem cerca de 8 milhões de ramos (alvéolos). Esses segmentos são agrupados nos seguintes tratos ou vias respiratórios: a)trato superior, constituído pelo nariz externo, cavidade nasal, faringe, laringe e parte superior da traqueia, todos eles localizados fora da caixa torácica; b)trato inferior, formado pela parte inferior da traqueia, brônquios, bronquíolos, alvéolos, pulmões, camadas de pleura e os músculos que formam a cavidade torácica, todos eles localizados na caixa torácica, como era se esperar. O sistema respiratório humano é constituído pelos seguintes componentes de acordo com Martini, Timmons e Tallitsch (2009); Mourão Júnior e Abramov (2011) e Souza (2001): a)Nariz. Estrutura que apresenta uma forma de pirâmide triangular de base inferior. Situa-se no centro da face humana e é constituída pelo nariz externo; fossas nasais, que são as duas cavidades paralelas que se iniciam nas narinas e terminam na faringe e as cavidades nasais, que são as parte “escavadas” internas. Também se faz presente o septo nasal, que consiste em uma “parede” cartilaginosa que separa as narinas. Os seios paranasais são cavidades encontradas nos ossos frontal, maxilar, esfenoide e etmóide e apresentam-se forrados por mucosa contínua com a da cavidade nasal e se comunicam com ela. Algumas de suas possíveis funções estão relacionadas à redução do peso dos ossos da cabeça e utilização como caixa de ressonância para os sons produzidos nas pregas vocais. Ressaltamos que a sinusite consiste na inflamação dessas cavidades, sendo que essa enfermidade pode vir acompanhada de dor de dente, já que o assoalho do seio maxilar está em contato com os dentes superiores. Importante ressaltar que nas cavidades nasais ocorrem a umidificação e o aquecimento do ar, sendo as mesmas muito sensíveis a agentes irritantes e respondendo à presença deles com edema e produção de muco...(quem sofre de rinite alérgica sabe muito bem o que é isso!!!) E já que foco é nosso nariz... temos de escrever falar sobre o espirro!!! O reflexo do espirro, segundo Mourão Júnior e Abramov (2011), é ocasionado pela presença de odores e/ou de pequenas partículas em suspensão no ar inspirado, objetiva “limpar” tanto a cavidade nasal quanto a nasofaringe (a ser apresentada posteriormente) desses agentes irritantes. b)Faringe. Situada na parte superior do pescoço, constitui um “entroncamento” para a passagem do ar e dos alimentos. Por esta particularidade, compõe tanto o sistema respiratório quanto o digestório, sendo dividida em três porções distintas: -parte nasal ou nasofaringe, secção superior da faringe conectada às cavidades nasais; -parte oral ou orofaringe, segmento central da faringe conectada à boca e onde encontramos a amígdala, uma massa linfoide também denominada de tonsila palatina. Quando esta sofre com infecções repetidas, deve ser retirada em cirurgia denominada tonsilectomia ou amigdalectomia; -parte laríngica ou laringofaringe, porção anterior conectada à laringe. c) Laringe. Primeira parte do sistema respiratório que é constituída por anéis cartilaginosos consecutivos, desempenha as seguintes funções: evita a entrada de alimentos nas vias aéreas durante a deglutição e possibilita a deglutição, conforme afirmam Mourão Júnior e Abramov (2011). Com formato triangular, apresenta uma saliência piramidal denominada de proeminência laríngica ou “pomo de Adão”, sendo sua entrada denominada de glote e de epiglote uma espécie de lingueta de cartilagem, que desempenha a primeira função já explicitada dessa estrutura (impedir que o alimento ingerido penetre nas vias respiratórias) graças ao seu encurvamento para trás, obturando a laringe. Também na laringe encontramos as pregas (cordas) vocais, que estão dispostas em formato semelhante à letra V e que, ao vibrarem à passagem do ar durante a expiração, produzem ondas sonoras conhecidas pela denominação de “voz”. Salientamos que, quanto maior a vibração dessas pregas, mais alto é o som gerado, e quanto maior a constrição da glote e contração das pregas vocais, mais agudo o “tom” da voz gerada. d)Traquéia. Revestida ao longo de toda a sua extensão por um epitélio ciliado, é um tubo de aproximadamente 10-12 cm de comprimento por 1,5 cm de diâmetro que marca a divisão didática entre as vias respiratórias superiores e as inferiores na região compreendida entre a faringe e a estrutura em foco. Finaliza-se logo atrás do esterno e dividi-se em dois grandes canais, os brônquios, sendo que cada um deles se direciona a um dos pulmões e após essa entrada se ramificam em brônquios lombares, depois em brônquios segmentares, bronquíolos e sacos alveolares. e)Pulmões. Órgãos situados lateralmente no interior do tórax são presos à cavidade torácica pela membrana parietal, sendo denominado de mediastino o espaço existente entre eles. Pesando cerca de 700 gramas cada um deles, apresentam uma altura média de 25 cm e são constituídos por três faces distintas: face costal ou lateral, que mantém proximidade com as costelas;face diafragmática ou inferior ou base do pulmão, que se assenta sobre a cúpula diafragmática; face medial ou mediastínica, onde ocorre a penetração dos elementos que constituem a raiz ou o pedículo do pulmão. 29 Imagem – Componentes do Sistemas Respiratório. Com relação a esse sistema, algumas informações complementares se fazem essenciais: 1) De acordo com Mourão Júnior e Abramov (2011), a inspiração é um processo ativo, pois depende de trabalho muscular. Já a expiração é entendida como um processo passivo, que ocorre em virtude das forças elásticas existentes nos pulmões, segundo argumentam. 30 Imagem – Processo Ativo e Passivo da respiração. De forma complementar Souza (2001, p. 335) argumenta que: para que ocorra a inspiração, ou seja, para que o ar possa entrar nos pulmões, é necessário que o volume da caixa torácica se amplie. O volume da caixa torácica pode ser ampliado no sentido ântero-posterior, no sentido látero-lateral ou no sentido superior-inferior. A ampliação do volume da caixa torácica é possibilitada por movimentos das costelas, produzidos por músculos a elas relacionados e pela contração do músculo diafragma. (...) a expiração tranqüila é um processo passivo, decorrente do relaxamento dos músculos respiratórios. Quando o diafragma cessa sua contração, a pressão intra-abdominal aumentada empurra o diafragma para cima. Então, a pressão dentro do tórax aumenta e se a glote estiver aberta, o ar é expulso dos pulmões. A expiração forçada se verifica especialmente nos atos de tossir e espirrar. No caso da expiração forçada é necessária a participação de alguns músculos. Os músculos que atuam na expiração forçada são: reto do abdome, oblíquo interno do abdome, oblíquo externo do abdome, transverso do abdome e serrátil póstero-inferior. 2)Em casos de parada respiratória, ocasionadas, por exemplo, por narcose (inconsciência provocada por uso de drogas, por exemplo) profunda, afogamento, intoxicação exógenas ou parada cardíaca, em ambientes que não ofereçam equipamentos apropriados, devemos lançar mão da respiração boca a boca. Muitosse questionam como essa técnica funciona na oxigenação do sangue da vítima, uma vez que é lançado o ar expirado (rico em CO2) para os pulmões dela. Lembramos que o ar expirado além de ser rico em CO2 continua com um percentual de O2 significativo, já que é uma mistura do ar alveolar com o ar contido no espaço morto, rico em O2, de modo que auxilia a manutenção da hematose pela pessoa assistida. Por outro lado, o CO2 contido nesse mesmo volume forçadamente inspirado estimula o centro respiratório a voltar “a funcionar”, conforme afirmam Mourão Júnior e Abramov (2011). 3)Além de garantir as trocas gasosas com o meio ambiente, o sistema respiratório realiza funções vinculadas à liberação de água, regulações da temperatura corporal e pH sanguíneo. 4)Os pulmões são envoltos por uma túnica serosa denominada de pleura visceral ou pulmonar, sendo que esta se “diferencia” para também forrar a cavidade torácica e então receber o nome de pleura parietal. De acordo com Castro (1985, p. 456), “a expansão e o retraimento do pulmão durante a respiração são assegurados pelo deslizamento que se processa entre a pleura pulmonar e a pleura parietal”. 5)Souza (2001) ressalta que, quando entra ar na cavidade pleural os pulmões colapsam, situação essa denominada de pneumotórax, sendo pleurite a denominação dada à inflamação da pleura. Já o derrame pleural é a condição na qual ocorre aumento na quantidade de líquido pleural. 6)Alguns ferimentos no pescoço podem atingir o ápice dos pulmões e a cúpula pleural, já que estes se encontram 2 a 3 centímetros acima da clavícula. 7)A manobra de Valsalva é um procedimento respiratório utilizado em alguns tipos de exercícios, como no levantamento de pesos em que a pessoa tenta estabilizar a parede torácica, e pode ser potencialmente perigoso quando realizado por pessoas hipertensas ou com limitações cardiovasculares. Consistindo na contração forçada dos músculos respiratórios, no fechamento da glote, no aumento da pressão intra-abdominal via contração forçada do diafragma e músculos abdominais, provoca o colapso das grandes veias e se mantida por um grande período de tempo, pode reduzir de forma drástica o volume sanguíneo que retorna ao coração, diminuindo o débito cardíaco (MCARDLE, KATCH; KATCH, 2003). OBSERVAÇÕES 1)Modificações respiratórias ao nascimento segundo Martini, Timmons e Tallitsch (2009): Antes do nascimento, a resistência arterial pulmonar é grande, pois os vasos pulmonares estão colabados. A caixa torácica está comprimida e os pulmões e as vias aéreas não contêm ar, mas apenas uma pequena quantidade de líquido. A primeira ventilação pulmonar do recém nascido é um esforço verdadeiramente heróico, realizado por meio de poderosas contrações do diafragma e dos músculos interscostais externos. O ar inspirado invade as vias aéreas com força suficiente para empurrar todo o líquido contido ao longo do seu trajeto inflando toda a árvore bronquial e a maior parte dos alvéolos. A mesma queda de pressão que impele o ar para os pulmões propele o sangue para a circulação pulmonar. As mudanças que ocorrem no fluxo sanguíneo levam ao fechamento do forame oval (a conexão interatrial embrionária) e do ducto arterial (a conexão fetal entre o tronco pulmonar e a aorta. A expiração que se segue não esvazia completamente os pulmões, pois a caixa torácica não retorna ao seu estado de compressão completa existente antes do nascimento. As cartilagens e os tecidos conectivos mantêm abertas as vias respiratórias e o surfactante que recobre as superfícies alveolares impede o seu colabamento. As respirações subsequentes completam a expansão dos alvéolos. 2)Envelhecimento e sistema respiratório, de acordo com Martini, Timmons e Tallitsch (2009). Com a progressão da idade, o tecido elástico presente no corpo se deteriora. O principal impacto no sistema respiratório é a redução da capacidade de expansão e retração do pulmão. Os movimentos da caixa torácica ficam restritos por alterações causadas por processos de artrite nas articulações costais e pela redução da flexibilidade das cartilagens costais. Combinadas com as modificações pulmonares, a rigidez e a redução dos movimentos torácicos de fato limitam o volume respiratório. Essa restrição contribui para a redução do desempenho e da capacidade de realizar atividades físicas com o avançar da idade. Algum grau de efisema é normalmente observado em indivíduos entre 50 e 70 anos. Em média, aproximadamente 30 cm2 de membrana respiratória são perdidos por ano após os 30 anos de idade. Apesar disso, a extensão desta perda pode variar muito, dependendo da exposição ao cigarro e a outros fatores irritativos das vias respiratórias ao longo da vida. CAPÍTULO 8 - SISTEMA DIGESTÓRIO A quebra da molécula de adenosina tri-fosfato (ATP) gera a energia necessária para vivermos e este composto precisa ser ressintetizado para ser novamente utilizado no fornecimento energético. Esse procedimento só é possível nos seres humanos pelos processos de assimilação e processamento dos nutrientes (vitaminas, sais minerais, carboidratos, lipídios e proteínas) existentes nos alimentos que consumimos, sendo que tais operações são realizadas pelo sistema digestório (WILMORE; COSTILL, 2001). Desta forma, de acordo com Silverthorn (2003), o sistema em foco tem por objetivos, a ingestão e “quebra” dos alimentos; absorção das moléculas nutritivas presentes no mesmo; eliminação das partículas componentes dos alimentos processados que não foram aproveitadas ou que devem ser eliminadas após a digestão. Segundo Martini, Timmons e Tallisch (2009), o sistema digestório desempenha as seguintes funções: ingestão do alimento; processamento mecânico do mesmo, que envolve a “quebra” das substâncias consumidas; digestão, que consiste na quebra química e enzimática de açucares complexos, lipídeos e proteínas em pequenas porções orgânicas de modo a serem absorvidas pelo epitélio digestório; secreção de substâncias que auxiliam na digestão dos alimentos; absorção de moléculas orgânicas, água e eletrólitos por meio do epitélio digestório; excreção os produtos residuais secretados pelo trato digestório; compactação ou desidratação progressiva dos materiais não digeridos e resíduos orgânicos, eliminados pela defecação Tendo como ponto de partida a cavidade oral (a boca) e como ponto final o ânus, o sistema digestório é um tubo de aproximadamente 8m de comprimento e constituído pelos seguintes componentes: a)Boca. De acordo com Dângelo e Fattini (2009), é constituída pelo vestíbulo (fissura limitada pelos lábios e pelas bochechas) e pela cavidade própria da boca, revestida pela túnica mucosa oral, sendo o local aonde se alojam os dentes, a língua e as glândulas salivares, que serão explicitados a seguir. ROD Realce ROD Realce ROD Realce -Dentes: constituídos por tecidos muito resistentes, estão presos ao maxilar superior e à mandíbula. Têm por função a desintegração mecânica dos alimentos e por parti-los em pedaços pequenos, aumentam a área de contato do alimento com as enzimas digestivas contribuindo com a digestão. Além disso, contribuírem na dicção das palavras e na estética facial (CASTRO, 1985). São formados pelo esmalte, substância mais dura e mais externa; dentina, que circula a polpa da coroa até a raiz; cavidade pulpar, ocupada pela polpa dental; e cemento, tecido que separa a raiz do ligamento peridental, que liga o dente à gengiva e à mandíbula, e são implantados em cavidades existentes na maxila e mandíbula (DÂNGELO; FATTINI, 2009). Interessante ressaltar que, por sermos onívoros (pois nos alimentamosde substâncias de diversas naturezas), apresentamos dentes de diversos formatos e que apresentam diferentes funções (por isso somos heterodontes). Assim, de acordo com Castro (1985), apresentamos os seguintes “tipos” de dentes: .incisivos, responsáveis por “cortar” os alimentos; .caninos, usados para dilacerar as substâncias ingeridas; .pré-molares, responsáveis pelo esmagamento dos alimentos; .molares, que trituram as substâncias já mastigadas. Destacamos que, por apresentarmos duas dentições completas, a primeira denominada de decídua (ou temporária ou de leite), que se constitui por 20 dentes e que se inicia mais ou menos aos seis meses de vida e começa a ser substituída pela seguinte por volta dos cinco - seis anos, e a segunda, denominada de permanente (ou definitiva), composta por 32 dentes, somos definidos como seres difiodontes, ou seja, que apresentam duas dentições completas durante o processo de desenvolvimento (CASTRO, 1985). -Língua: composta por tecido muscular revestido por uma membrana mucosa e papilas gustativas que percebem diferentes tipos de sabores, é fixada ao crânio por músculos e conectada ao assoalho da cavidade oral por uma membrana mucosa. Tem por funções auxiliar no fracionamento e diluição do alimento, além de estimular a produção de saliva, que tem por mérito reduzir a acidez do alimento consumido (CASTRO, 1985). Somado a isso, empurra o alimento, agora transformado em bolo alimentar, para o fundo da faringe. De acordo com Souza (2001), apresenta em sua parte dorsal numerosas papilas linguais que são classificadas em quatro tipos: foliadas, filiformes, fungiformes e valadas, sendo as áreas aonde os calículos gustatórios (ou receptores gustatórios primários) se encontram(MARTINI; TIMMONS; TALLITSCH, 2009). -Glândulas salivares: os seres humanos apresentam três tipos de glândulas salivares segundo Martini, Timmons e Tallitsch (2009) e Siegfried (2010): .sublinguais, presentes embaixo de nossa língua; .submandibulares, que se alojam dentro da cavidade oral, embaixo da língua e da mandíbula; .parótidas, presentes na parte lateral da face, abaixo e adiante das orelhas. São elas que incham quando uma pessoa está com caxumba, e apresentam como função a secreção hidreletrolítica para formação do bolo alimentar e secreção da amilase (ou ptialina), que proporciona a hidrólise do amido em maltose. b)Faringe. É um canal comum ao sistema digestório (participa da constituição do mesmo por seus dois terços inferiores - parte oral e laríngica- sendo responsável pelo direcionamento do bolo alimentar para o esôfago) e respiratório (por onde passa o ar que se direciona à laringe). De acordo com Dângelo e Fattini (2009, p. 125): na deglutição, o palato mole é elevado, bloqueando a continuidade entre a parte nasal da faringe e o restante deste tubo muscular. Deste modo o alimento é impedido de passar à nasofaringe e, eventualmente, de penetrar na cavidade nasal. Por outro lado a cartilagem epiglótica fecha o adito da laringe, evitando que o alimento penetre no tracto respiratório. c)Esôfago. Tubo fibro-músculo-mucoso entre a faringe e o estômago, é local onde, por movimentos peristálticos, o bolo alimentar “passa” para chegar ao estômago. Possui uma de suas partes no pescoço, outra no tórax e ainda uma outra no abdome após atravessar o diafragma, localizando-se à frente da coluna vertebral e atrás da traqueia e do átrio esquerdo (SOUZA, 2001). d)Estômago. Maior dilatação do tubo digestório, é uma “bolsa” de parede musculosa, localizada logo abaixo das últimas costelas no lado esquerdo do abdome. Liga o esôfago ao intestino delgado, e tem por função principal a digestão dos alimentos ricos em proteínas, exercendo tanto a propriedade de digestão física (por meio de movimentos musculares intensos), como a digestão química (que gera o quimo), além de liberar hormônios e produtos exócrinos (AARESTRUP, 2012). Capaz de armazenar quase um litro e meio de substâncias ingeridas, nos dá a possibilidade de ficarmos “um tempo” sem nos alimentarmos, já que libera ao intestino pequenas porções das substâncias então armazenadas, num processo que dura de duas a seis horas (MARTINI; TIMMONS; TALLITSCH, 2009). O trabalho do estômago consiste em movimentar-se em “ondas peristálticas de mistura”, sendo que depois de associar o bolo alimentar aos sulcos gástricos, forma o quimo, que chega ao intestino delgado (secção duodeno) pelo esfíncter pilórico. Tem o seu interior revestido por uma membrana mucosa que apresenta como função a proteção dos órgãos digestórios dos fortes ácidos produzidos, já que é responsável pela produção do suco gástrico, um líquido transparente e altamente ácido, com pH variando entre 0,9 e 2,0, rico em ácido clorídrico (HCl) e pepsinogênio, um precursor da enzima pepsina. Este suco tem por funções a conversão do pepsinogênio em pepsina (enzima que catalisa a digestão das proteínas), auxílio na digestão da carne que comemos, além de matar as bactérias que por ventura possam ser encontradas nos alimentos que ingerimos (MARTINI; TIMMONS; TALLITSCH, 2009; SOUZA, 2001). Em algumas situações específicas, quando a mucosa gástrica se torna inflamada após grandes doses de bebidas alcoólicas, ou quando a digestão está dificultada, como após a ingestão de uma feijoada bem temperada e “carregada” de carne e gordura, ou quando determinadas toxinas estão presentes no quimo, via consumo de um pastel de camarão há muito persistente no barzinho que frequentamos, o fenômeno da peristalse gástrica reversa pode ocorrer via estimulação do sistema nervoso autônomo parassimpático. Esse fenômeno consiste no estímulo da área postrema, região do tronco cerebral que produz o reflexo do vômito, anexa ao núcleo do nervo vago, no tronco encefálico que, ao desencadear uma descarga parassimpática, gera uma onda peristáltica reversa extremamente potente, que impulsiona o quimo de volta à boca, de modo a produzir a regurgitação do conteúdo gástrico provocado por peristalse reversa, ou seja, o vômito (SANTOS, 2009). Junto a esse fenômeno, também podem ser notados palidez cutânea, sudorese, hipotensão e aumento da secreção salivar. Uma pergunta... você já passou por isso alguma vez? Não foi extremamente desagradável, mas ao mesmo tempo não gerou um certo alívio? e)Intestino Delgado. É a secção responsável pela maior parte da digestão e absorção dos nutrientes presentes no quimo, é um tubo com cerca de 6,5 a7 m de comprimento (divididos nas seguintes porções, duodeno, com mais ou menos 25 a30 cm, jejuno, com cerca de 5 m, e íleo, com mais ou menos 1,5) e 4 cm de diâmetro (MARTINI; TIMMONS; TALLITSCH, 2009). É primordialmente no duodeno e nas primeiras porções do jejuno que ocorre a digestão do quimo, sendo que, de acordo com Mourão Júnior e Abramov (2011, p. 239), a digestão duodenal, que ocorre principalmente por meio das enzimas pancreáticas, acontece em um ambiente muito distinto daquele encontrado no interior do estomago. No duodeno, o quimo chega ácido e torna-se alcalino (pH acima de 8,0). Isso porque, no duodeno, a acidez do quimo que chega do estômago estimula a liberação de hormônios produzidos no duodeno e no jejuno, que inibem a secreção gástrica. (...)Ao mesmo tempo que alcaliniza o quimo, o duodeno começa a realizar a sua etapa de digestão do quimo. Na digestão duodenal, o principal agente é o pâncreas (...). O suco pancreático é rico em bicarbonato, o qual é secretado sob estímulo da secretina.Quanto mais ácido chega ao duodeno, mais bicarbonato é secretado. Ao deixar o duodeno, as moléculas resultantes da digestão do quimo estão prontaspara serem absorvidas pela circulação sanguínea, sendo que ao chegar ao jejuno, o quimo se torna isotônico em relação ao meio interno, e o material não aproveitado é encaminhado para o íleo e depois para o intestino grosso. f)Intestino Grosso. Componente do sistema digestório que contorna o intestino delgado, apresenta uma conformação semelhante a uma ferradura aberta para baixo, mede cerca de 1,5- 2 m de comprimento e se divide em ceco; cólons ascendente, transverso e descendente; sigmoide e reto (SOUZA, 2001). Suas principais funções consistem na absorção da água do quimo por meio do revestimento do intestino grosso, condensação no cólon do material não digerível, formando as fezes que, por contrações peristálticas que ocorrem de uma a três vezes por dia, chegam ao reto e são eliminadas. Uma vez que o ceco recebe praticamente somente as fibras insolúveis que contêm proteínas e celulose não digeridas, alguns lipídeos como o colesterol, água e eletrólitos, pois a maioria dos nutrientes já foi absorvida anteriormente, nos cólons, o conteúdo que “sobra” do quimo, alimenta muitas espécies de bactérias presentes na flora intestinal fisiológica (MARTINI; TIMMONS; TALLITSCH, 2009). g)Canal anal: Compreendido por muitos anatomistas como a parte final do intestino grosso independentemente do reto, é constituído por pequenas pregas longitudinais (as colunas anais) e tem no ânus sua parte final (SOUZA, 2001). 31 Imagem – Componentes do Sistema Digestório. Finalizando, algumas observações se fazem essenciais: 1)Frênulo lingual é uma membrana fibrosa que pode ser vista quando levantamos a língua com a boca aberta (SIEGFRIED, 2010). 2)Por erupção dental se entende o afloramento da coroa do dente pela perfuração e exteriorização do mesmo nas gengivas, sendo possível, conforme afirma Castro (1995), estabelecer uma sequência temporal aproximada para a erupção de dentes decíduos e permanentes, apresentada a seguir: -dentes decíduos: dois seis aos 12 meses, incisivos; dos 12 aos 18 meses, primeiros molares; dos 18 aos 24 meses, caninos; dos 24 aos 30 meses, segundos molares; -dentes permanentes: aos seis anos, primeiros molares; aos setes anos, incisivos centrais; aos oito anos, incisivos laterais; aos nove anos, primeiros pré-molares; aos dez anos, segundos pré-molares; aos 11 anos, caninos; aos 12 anos, segundo s molares; aos 18 anos, terceiros molares ou destes serotinos (dentes do siso ou “do juízo”). 3)Os resíduos que são produzidos pela digestão dos alimentos e não absorvidos ou reaproveitados pelo organismo são eliminados pelo sistema digestório por meio da defecação. Este ato apresenta um componente involuntário, já que a ação dos basrorreptores existentes na ampola retal desencadeiam ondas peristálticas intrínsecas e também um reflexo neural medular que se dá por meio de fibras parassimpáticas dos nervos pélvicos e outro componente voluntário, controlado pelo músculo esfíncter externo do ânus, o que nos garante, dentro de certos limites, o controle voluntário dessa ação (MARTINI; TIMMONS; TALLITSCH, 2009). 4)Resumo dos segmentos do tubo digestório humano, com suas funções e localizações, adaptado de Mourão Júnior e Abramov (2011): -Boca e faringe: subdivididas em boca e orofaringe. Essas estruturas desempenham as seguintes funções: mastigação, mistura salivar, digestão de amido e deglutição. -Esôfago: com suas porções superior, média e inferior, apresenta como limite cranial o esfíncter superior do esôfago e caudal o esfíncter gastresofágico. Tem por função a condução do bolo alimentar. -Estômago: apresenta como secções a cárdia, o fundo, o corpo e o antro. Tem por limite cranial o esfíncter gastresofágico e caudal o piloro. Apresenta como funções a mistura, a digestão proteica e a secreção hormonal. -Intestino delgado: subdividido em duodeno, jejuno e íleo, apresenta o piloro como limite cranial e o esfíncter ileocecal como limite caudal. É responsável pela digestão e absorção proteica, glicídica e lipídica. -Intestino grosso: constituído pelo ceco, colos ascendente, transverso, descendente e sigmoide e também pelo reto. Seus limites cranial e caudal são, respectivamente, o esfíncter ileocecal e o esfíncter interno do ânus. É responsável pelo desempenho das seguintes funções: absorção, principalmente de água e eletrólitos; formação das fezes e fermentação bacteriana. -Ânus ou canal anal: tem no esfíncter interno do ânus seu limite cranial, e no esfíncter externo do ânus seu limite caudal. Apresenta como objetivo o controle da eliminação das fezes. 5)Órgãos digestórios glandulares acessórios segundo Dângelo e Fattini (2009): Fígado- pesa cerca de 1,5 kg e apresenta coloração marrom-avermelhada. Desempenha as seguintes funções: regulação metabólica, regulação hematológica e produção de bile (secreção exócrina, armazenada na vesícula biliar e lançada no duodeno). Vesícula biliar- órgão muscular oco e piriforme armazena e concentra bile antes de sua excreção no intestino delgado. Pâncreas- órgão alongado de coloração rósea-acinzentada, é essencialmente um órgão exócrino produtos de enzimas digestivas e soluções-tampão, além de desempenhar função endócrina graças às ilhotas pancreáticas ou ilhotas de Langerhans. Desta forma, segundo Manhães-de-Castro e Marinho (2009, p. 591-2): para suprir suas necessidades estruturais e funcionais, os organismos vivos selecionam os alimentos do meio ambiente. (...) A procura de alimento e sua ingestão são atos voluntários. O controle desses atos envolve sensações conscientes, sinalizadoras da necessidade de iniciar (fome) ou de parar a alimentação (saciação). (...)Os alimentos ingeridos devem antes ser transformados pelo trato gastrintestinal para que possam ser utilizados pelo organismo. A digestão é a transformação das substâncias complexas contidas nos alimentos em substâncias mais simples adequadas à absorção e assimilação no organismo. O ser humano é onívoro, isto é, consome uma dieta constituída por alimentos de origem animal e vegetal, e apresenta seu sistema digestório formado por um longo tubo, que se inicia na cavidade oral e é constituído pela faringe, esôfago, estômago, intestinos (delgado e grosso), glândulas salivares e porções exócrinas pancreática, o fígado e a vesícula biliar. Para Mourão Júnior e Abramov (2011, p. 243-4), o sistema digestório surgiu nos animais heterótrofos como um modo de possibilitar a assimilação de moléculas orgânicas do meio. A digestão é um processo em que há quebra de macromoléculas orgânicas para possibilitar o aproveitamento destas pelo organismo. No processo de absorção, há transferência de moléculas para o meio interno através de mecanismos de transporte da membrana. O trato digestório humano é um verdadeiro tubo com contorções e dilatações localizadas entre a boca e o ânus. A peristalse, movimento coordenado de contração da musculatura lisa, propicia o deslocamento da massa alimentar através do tubo digestivo. (...)O fígado tem várias funções que vão além da sua função digestiva. São elas: armazenamento de sangue, destoxificação do sangue e síntese de proteínas plasmáticas, entre outras. O sistema digestório tem um sistema nervoso próprio, o sistema nervoso entérico, que tem comportamento próprio em resposta a estímulos locais específicos. (...)A grelina é um hormônio gerador de fome no hipotálamo lateral produzido quando o estômago está vazio. A leptina (produzida nos adipócitos) e a insulina (produzida nas ilhotas pancreáticas) promovem a saciedade, tendo, portanto, ação oposta à grelina.(...)Deglutição é a passagem do bolo alimentar da boca até o estômago através do esôfago. Quando o bolo alimentar deixa o estômago e chega ao duodeno, passa a ser chamado de quimo. No estômago, os movimentos peristálticos promovem uma mistura do bolo alimentar com o suco gástrico. (...)A digestão duodenal, que ocorre principalmente por meio das enzimas pancreáticas, se dá em um ambiente de pH alcalino, promovido pelo bicarbonato presente no suco pancreático. (...)A bile é um produto hepático rico em sais biliares, que são emulsificantes (solubilizantes) das gorduras. A mucosa intestinal é o local de absorção dos produtos finais da digestão. A última fase da digestão é a produção do bolo fecal, composto por produtos não utilizados e por fibras vegetais. Esse bolo é armazenado no cólon, que será responsável por sua compactação e repulsão. Barorreceptores presentes na ampola retal são responsáveis por deflagrar o reflexo de defecação e por transmitir ao sistema nervoso central o desejo de defecar. Apesar de ser um ato reflexo –portanto involuntário- o ato de defecar apresenta também um componente voluntário, controlado pelo músculo esfíncter externo do ânus, que é um músculo estriado esquelético. Por este motivo, dentro de certos limites conseguimos controlar a vontade e o ato de defecar. 9 - SISTEMA URINÁRIO Composto pelos rins e pelas vias coletoras de urina (pelve renal, ureteres, bexiga urinária e uretra), executa funções excretoras vitais e elimina substâncias residuais orgânicas geradas por nossas células corporais. Além dessas, regula a concentração plasmática de sódio, potássio, cloro, cálcioe outros íons pela administração da eliminação dessas substâncias na urina, pelo volume de água eliminadae também por favorecer a estabilização do pH sanguíneo. 37 Imagem – Componentes do Sistema Urinário. De acordo com Martini, Timmons e Tallitsch (2009, p.694): o sistema urinário (...) inclui os ris, os ureteres, a bexiga urinária e a uretra. As funções excretoras desse sistema são realizadas por um par de rins. Estes órgãos produzem urina, um produto residual líquido que contém água, íons e pequenos compostos solúveis. A urina deixa os rins e percorre o trato urinário que consiste em dois ureteres e na bexiga urinária, local onde a urina é temporariamente armazenada. Quando ocorre o ato de urinar, ou micção, a contração da musculatura da bexiga urinária impele a saída da urina em direção à uretra e para fora do corpo. Vejamos cada um de seus componentes de maneira sucinta. RINS Localizados lateralmente e bilateralmente à coluna vertebral entre a última vértebra torácica e terceira vértebra lombar, são constituídos por dois tipos de néfrons (unidades funcionais renais): os corticais, que representam 90% do total de néfrons e os justamedulares. Os néfrons corticais situam-se no córtex renal e têm como funções a reabsorção e secreção de substâncias. Por outro lado, os néfronsjustamedulares situam-se no limite entre o córtex e a medula renal, e são responsáveis pela regulação da osmolaridade plasmática, já que estão conectados com os mecanismos de concentração e diluição da urina (MOURÃO JÚNIOR; ABRAMOV, 2011). 38 Imagem – Rins e Néfron Embora geralmente relacionados à ideia de excreção, podemos dividir as funções renais em seis grandes áreas, segundo afirma Silverthorn (2003): a)Regulação do volume extracelular do fluído. Uma vez que há uma relação direta entre redução do fluído extracelular e diminuição da pressão arterial, os rins e o sistema circulatório “trabalham” em conjunto para que uma adequada relação entre perfusão tecidual e pressão arterial possa ser estabelecida. b)Regulação da osmolaridade. Graças a diversos mecanismos, como a sensação de sede, por exemplo, nosso corpo auxilia os rins a manterem o volume e a osmolaridade em faixas aceitáveis. c)Manutenção do equilíbrio iônico. Por meio de um equilíbrio entre a ingestão de íons- chave (sódio, potássio e cálcio) pela dieta, e a eliminação desses íons na urina, os rins são responsáveis pelo equilíbrio iônico corporal. d)Regulação homeostática do pH (entendendo-se o pH de uma solução como a medida da concentração de íons Hidrogênio na mesma). Os rins, por meio da remoção de H+ e conservação dos íons de bicarbonato (HCO3 -) aumentam o pH do fluído celular quando esse se encontra ácido. Por outro lado, removem HCO3 - e conservam H+ quando o fluído se encontra alcalino. e)Excreção de resíduos e substâncias estranhas. Os rins são responsáveis pela eliminação dos resíduos metabólicos como, por exemplo, da creatinina, oriunda do metabolismo celular, e dos resíduos nitrogenados, com a uréia e o ácido úrico, e também de substâncias estranhas, como as drogas, toxinas ambientais e substâncias artificiais, como é o caso da sacarina e o ânion benzoato, constituinte do conservante benzoato de potássio, utilizado em refrigerante diet. f)Produção de hormônios. Os rins não são glândulas endócrinas, mas desempenham um importante papel em três vias endócrinas: auxiliam na conversão da vitamina D em uma substância hormonal que controla o equilíbrio do Ca2+; sintetizam a eritropoetina, o hormônio citocina que regulariza a síntese das hemácias; liberam a enzima renina, responsável pela produção de hormônios relacionados na homeostase da pressãoarterial e no equilíbrio do sódio. URETERES São tubos musculares que se estendem inferiormente por cerca de 30 cm a partir dos rins, responsáveis pelo transporte da urina gerada em cada um desses até à bexiga. São compostos pelas seguintes camadas: uma externa; uma muscular, que contrai em ondas peristálticas, sendo responsáveis pelo “envio” da urina dos rins até à bexiga; uma camada mucosa, que reveste o interior do tubo (DÂNGELO; FATTINI, 2009). BEXIGA URINÁRIA Localizada na cavidade pélvica, atrás dos ossos púbicos e em frente ao reto, é um saco oco que serve de depósito da urina que chega dos rins passando pelos ureteres, tendo uma capacidade máxima de armazenamento de até 1 litro, sendo que o volume de urina contido na bexiga o responsável pela expansão e contração das camadas musculares que compõem a mesma. Para Siegfried (2010, p. 245-6): quando a urina começa a pressionar os „receptores de pressão‟ na bexiga, esses receptores de pressão são ativados. Os nervos conectados aos receptores de pressão enviam impulsos ao cérebro avisando que sua bexiga está enchendo. A primeira mensagem é enviada quando a bexiga contém aproximadamente 200 ml. Com 400 ml na bexiga você parece que vai explodir. Claro que você não explode, mas quanto mais cheia a bexiga mais difícil controlar o esfíncter que fecha a bexiga. Quando você pode esvaziar a bexiga, o cérebro manda um impulso através dos nervos do sistema nervoso autônomo para relaxar o esfíncter e contrair o músculo detrusor da bexiga para efetuar a micção (o ato de urinar). A urina flui da bexiga e desce pela uretra. URETRA Tubo com cerca de 3,8 cm nas mulheres e 20 cm nos homens adultos, se estende a partir do colo da bexiga urinária (óstio interno da uretra) até o óstio externo e é responsável por levar a urina da bexiga até o orifício corporal responsável por sua eliminação para o meio ambiente (DÂNGELO; FATTINI, 2009). Com relação a esse sistema, algumas observações são necessárias, conforme afirma Siegfried (2010): a)a presença de urobilinogênio, composto formado de bactérias que decompõem a bilirrubina no cólon, é a responsável pela coloraçãoamarelada da urina humana. Entretanto, a variação dessa cor amarelada depende dos seguintes fatores: se o indivíduo perdeu muita água devido, por exemplo, a sudorese intensa, a urina apresentará uma cor mais escura, pois estará mais concentrada, em virtude da necessidade corporal de reter mais água. Por outro lado, a urina ficará mais diluída e, portanto, mais clara, quando nosso corpo apresenta um excesso de água. b)A presença de corpos cetônicos na urina é uma situação indicativa de digestão de gorduras e não de glicose. Tal realidade pode gerar diminuição do pH corporal quando corpos cetônicos não são devidamente excretados e acumulam nos tecidos, gerando cetoacidose e um hálito com cheiro de fruta ou de acetona. c)Nas mulheres, a bexiga se situa na frente do útero e da vagina. d)Rins e medicamentos (por MOURÃO JUNIOR; ABRAMOV, 2011, p. 309). Ao longo da vida, o organismo é exposto a substâncias estranhas (como os fármacos) e muitas dessas substâncias são eliminadas pelos rins. A eliminação de fármacos pelos rins faz com que, com frequência, as doses dos medicamentos e principalmente os intervalos entre as administrações precisem ser corrigidos em pacientes que apresentem insuficiência renal. Exemplificando: se, em se tratando de uma pessoa que tenha função renal normal, um determinado medicamento deve tomado de 8 em 8 horas. Em se tratando de um paciente com insuficiência renal o mesmo fármaco será tomado apenas uma vez ao dia, ou até mesmo de 2 em 2 dias, pois se for administrado de 8 em 8 horas, poderá acumular-se no sangue e alcançar uma concentração tóxica para o organismo. e)Rins e anemia Para que uma nova hemácia seja formada (eritropoese), é preciso que a célula- tronco da medula óssea seja estimulada por um hormônio capaz de induzir a eritropoese na medula óssea vermelha. Esse hormônio, denominado de eritropoietina, é usado em pacientes que sofreram hemorragia e que, por motivos religiosos, não aceitam receber transfusão de sangue. Como a eritropoietina é produzida no parênquima renal, eis aí mais uma nobre função dos rins: controlar a eritropoese. Por isso, praticamente todos os pacientes portadores de insuficiência renal crônica apresentam anemia (MOURÃO JUNIOR; ABRAMOV, 2011, p. 310) f)A urina doce O nível normal de glicose no sangue, denominado glicemia, é de até 110mg/dl. Acima disso provavelmente a pessoa já está diabética. No entanto, a glicose só aparece na urina (glicosúria) quando seus níveis no sangue estão acima de aproximadamente 180mg/dl. Então, se um diabético que estiver, por exemplo, com glicemia de 155mg/dl fizer um exame de urina, o exame nada acusará. Ocorre que até uma concentração sanguínea de 180mg/dl a glicose é toda reabsorvida após ser filtrada nos rins. Acima desse valor, a capacidade de reabsorção fica saturada (por saturação das proteínas cotransportadoras) e o que exceder esses 180mg/dl será eliminado na urina. Esse valor que estabelece o limite de reabsorção de uma substância é chamado limiar renal (MOURÃO JUNIOR; ABRAMOV, 2012, p. 320). 10 - SISTEMAS REPRODUTORES MASCULINO E FEMININO Objetivando a reprodução da espécie, diferentemente da situação apresentada nos outros sistemas, os sistemas reprodutores masculino e feminino apresentam diferenças significativas entre eles, já que somos sexualmente dimórficos, ou seja, homens e mulheres são fisicamente distintos. Considerando que a reprodução humana ocorre pela fertilização interna, normalmente durante a fecundação sexual, com a fecundação do ovócito pelo espermatozóide, formação do zigoto, chegada e implantação desse no útero e um período gestacional de cerca de 36-40 semanas, ou cerca de 9 meses, a principal função do sistema reprodutor masculino consiste na produção do gameta masculino ou espermatozóide, e a do sistema reprodutor feminino, na geração do oócito (MARTINI; TIMMONS; TALLITSCH, 2009. SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO Compreendido pelos testículos, epidídimos, ductos deferentes, glândulas seminais, ductos ejaculatórios, próstata, glândulas bulbouretrais e pênis. Testículos: duas glândulas de forma ovalada que apresentam, normalmente, 5 cm de comprimento, 3 cm de largura e 2,5 cm de espessura. São sustentados no interior do escroto, uma estrutura em forma de bolsa que se localiza inferiormente ao períneo e anteriormente ao ânus. Apresentam como função a produção de espermatozoides e do hormônio masculino (SOUZA, 2001). ROD Realce ROD Realce 39 Imagem – Testículo ou Gônadas. Epidídimos: encontram-se presos à margem posterior dos testículos. São tubos com cerca de 5 a 7metros, enovelados sobre si mesmos. Apresentam consistência firme e podem ser apalpados sob a pele do escroto. São responsáveis pelo armazenamento dos espermatozoides, sendo o local onde estes “sofrem” o processo final de maturação (SILVERTHORN, 2003; SOUZA, 2001). Esses ductos passam pelo abdome, e terminam na uretra, “caminho” que chega ao ambiente externo e que também é utilizado pelo sistema urinário. As células espermáticas, ou espermatozoides, são produzidas no processo de espermatogênese (...) que se inicia na camada celular mais externa dos túbulos seminíferos contorcidos. As células-tronco, denominadas espermatogônias, formam-se durante o desenvolvimento embrionário, mas permanecem dormentes até a puberdade. Com o início da maturação sexual, as espermatogôniasdividem-se continuamente ao longo de todos os anos reprodutivos do indivíduo(MARTINI; TIMMONS; TALLITSCH, 2009, p. 718-9). Ductos deferentes: apresentam entre 40 e 45 cm de comprimento e têm sua origem na terminação da cauda do epidídimo. Ascendem através do canal inguinal, como parte do funículo espermático e passam ao longo da superfície lateral da bexiga urinária, rumo à margem súpero-anterior da próstata. Nesse ponto dilata-se, forma a ampola do ducto deferente e une-se ao ducto excretor da vesícula seminal, de modo a constituir o ducto ejaculatório (MARTINI; TIMMONS; TALLITSCH, 2009). Glândulas (vesículas) seminais: são duas formações alongadas e saciformes que se situam junto às áreas posterior e inferior da bexiga. Apresentam como objetivo a secreção de um fluído que possui grande importância para a motilidade do espermatozoide e rico em proteínas, vitamina C e frutose (CASTRO, 2001). Ductos ejaculatórios: são passagens de 2cm que penetram na parede muscular da próstata e se esvaziam na uretra prostática formadas pela junção do ducto deferente com o ducto da vesiculaseminal(DÂNGELO; FATTINI, 2009). Próstata: órgão muscular arredondado, pequeno e com diâmetro de 4cm aproximadamente. Circunda a parte prostática da uretra e é responsável pela produção do líquido prostático, uma solução que contribui com cerca de 20 a 30% do volume do sêmen e com pH levemente ácido. Também é encontrado no líquido prostático o antibiótico plasmina seminal, que normalmente auxilia na prevenção de infecções no trato urinário masculino (CASTRO, 1985; MARTINI; TIMMONS; TALLITSCH, 2009). Glândulas bulboretrais (ou de Cowper): localizadas junto à raiz do pênis, apresentam forma arredondada e diâmetro de 10mm aproximadamente. Secretam um muco viscoso, espesso e de pH alcalino que contribui para a neutralização de ácidos oriundos da urina que ainda permanecem na uretra. De forma associada, esse muco também apresenta como função a lubrificação da extremidade do pênis (MARTINI; TIMMONS; TALLITSCH, 2009). Pênis: órgão genital masculino que penetra na região vaginal feminina. É anatomicamente dividido nas seguintes regiões segundo Martini; Timmons e Tallitsch (2009): a)raiz do pênis: porção fixa que liga opênis aos ramos do ísquio. Essa conexão ocorre na região do trígono urogenital, inferiormente à sínfise púbica; b)corpo do pênis: poção tubular móvel, onde são encontradas massas de tecido erétil; c)glande do pênis: extremidade distal expandida que circunda o óstio externo da uretra. 40 Imagem – Sistema Reprodutor Masculino. OBSERVAÇÕES A ereção e a ejaculação são fenômenos dependentes dos sistemas parassimpático e simpático. O primeiro é constituído pela dilatação das artérias helicianas e pelo fluxo abundante nos espaços cavernosos do pênis, que fica dilatado, turgido e com aumento de volume. Já a ejaculação, é a segunda etapa de um processo que envolve a liberação do sêmen. O primeiro é a emissão, onde o sistema nervoso simpático coordena contrações peristálticas que se propagam sequencialmente no ducto deferente, nas glândulas seminais, na próstata e nas glândulas bulboretrais. Essas contrações misturam os componentes líquidos do sêmen no interior do trato genital masculino. A ejaculação então ocorre, enquanto poderosas contrações rítmicas iniciam-se nos músculos isquiocavernoso e bulbo esponjoso do períneo” (MARTINI; TIMMONS; TALLITSCH, 2009, p. 725). SISTEMA REPRODUTOR FEMININO É constituído pelas seguintes estruturas: vagina, hímen, pequenos e grandes lábios, clitóris, ovários, tubas uterinas e útero (DÂNGELO; FATTINI, 2009). Vagina: canal com cerca de 9cm, se estende da vulva (genitália externa) ao útero (órgão interno). É um órgão musculoso constituído pelo introito (orifício da vagina), que possui em suas proximidades as glândulas de Bartholin, responsáveis pela secreção do muco vaginal sob a ação de estímulos sexuais, que tem por objetivo a lubrificação da vagina. É também denominado de órgão de cópula feminino e local onde o pênis deposita os espermatozoides na relação sexual (MARTINI; TIMMONS; TALLITSCH, 2009). Hímen: membrana de tecido conjuntivo que, após ruptura, permanece em pequenos fragmentos locais de nominados de carúnculas himenais.Variável de forma e tamanho, geralmente apresenta abertura única, mas pode cribiforme algumas vezes (DÂNGELO; FATTINI, 2009). Pequenos lábios (ou lábios menores do Pudendo): dobras de pele e mucosa que protegem a abertura vaginal. Ficam intumescidos e aumentam de tamanho durante as relações sexuais. Grande lábios (ou lábios maiores do Pudendo): são cobertos por pelos pubianos após a puberdade e ficam entre o monte púbico, se estendendo até o períneo -região entre o ânus e a vulva (MARTINI; TIMMONS; TALLITSCH, 2009). Clitóris: pequena saliência situada na junção anterior aos pequenos lábios. É considerada homóloga ao pênis (SOUZA, 2001). Ovários: glândulas situadas na cavidade pélvica entre a bexiga e o reto, abaixo das tubas uterinas e em cada lado do útero. São responsáveis pela produção dos hormônios sexuais femininos (estrogênio e progesterona) e os gametas ou óvulos, sendo que ao nascimento as meninas já apresentam todas as células (ovócitos primários) que irão se transformar na adolescência em gametas nos seus dois ovários (MARTINI; TIMMONS; TALLITSCH, 2009). Tubas uterinas (ovidutos ou Trompas de Valópio): canais por onde “passam” os óvulos que romperam a superfície do ovário e se dirigem ao útero. Situam-se lateralmente ao útero, tendo suas extremidades próximas aos ovários (SOUZA, 2001). Útero: órgão responsável em alojar o embrião e mantê-lo durante todo o seu desenvolvimento. Apresenta forma, tamanho, posição e estrutura extremamente variadas, sendo formado por tecido muscular que se estende amplamente no período gestacional. Mensalmente se prepara para receber o óvulo fecundado e caso esta situação não ocorra, o endométrio, camada tecidual do útero, descama e é eliminado pela menstruação. Ao término desta, o tecido é progressivamente renovado (SOUZA, 2001). 41 Imagem – Sistema Reprodutor Feminino.
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