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A Formação do Sujeito na Psicanálise de Lacan

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Transcrição do áudio- Lacan
Na psicanálise existe uma diferenciação entre indivíduo e sujeito, quando falamos em sujeito nos referimos ao sujeito do inconsciente. freud traz o mito do Édipo para falar sobre a forma de investimento libidinal, ou seja, a que tipo de objeto a nossa libido vai se dirigir, se direcionar. Quando freud fala de Édipo não está se referindo aquela imagem figurativa onde os filhos dirigem aos pais um amor, Édipo não é um fenômeno mais uma função, uma operação psíquica que fala de uma interdição de um gozo. 
FP- FUNÇÃO PATERNA, FM- FUNÇÃO MATERNA, BC- BEBÊ CRIANÇA. 
	FP                                      
BC 
FM
A FM exerce uma função de alienação com o BC. Uma dimensão incestuosa, um gozo místico, que é esse enlaçamento que se faz à criança, trazida como um objeto do desejo, como uma possibilidade de fechamento, de enlaçamento e colagem. O BC é inserido num campo de linguagem e cultura, logo, essa cultura e linguagem é o grande Outro, e é ocupado inicialmente pela FM e é esse outro que lhe define em todos os sentidos. Segundo freud todos temos dois mundos, o mundo interno e outro externo. Enquanto bebê tudo é interno até que se defina o seu “eu” que é fora desse outro. Para esse cuidador que cumpre a FM, esse bebê ocupa o lugar de falo, ou seja, aquilo que falta, como possibilidade de preenchimento desse vazio, e por isso é investido. Porém, essa posição alienante não pode se manter por muito tempo e logo ocorre a sua quebra. Isso acontece quando essa mãe ou qualquer que cumpre a FM, se dirige para algo ou alguém além do BC, revelando o fim dessa completude alienante, uma interrupção de gozo, uma operação de separação que gera a morte dessa posição à mãe, falta e desejo à criança. Segundo Freud todos passamos por ambas as fases do complexo de Édipo. O Édipo simples que representa o amor que dirigimos ao outro do sexo oposto, também chamado de caminho da heterossexualidade e o Édipo invertido que se expressa através do amor que dirigimos ao outro do mesmo sexo também chamado de caminho da homossexualidade, e ambos são chamados de Bi-sexualidade psíquica. Esses investimentos produzem marcas psíquicas, signos expressões ou traços que compõem o modo de atuação e/ou funcionamento do sujeito. A FM também chamada de lei simbólica ou significante do nome do pai, é representada por essa pessoa pelo qual se opera a função de castração, ou seja, este é o “pivô” da separação entre FM e BC. No entanto, é através dessa função que se observa a libertação da BC, apesar da angústia que sente inicialmente e isso lhe auxilia em sua constituição enquanto ser distinto do outro.
Audio- 2
Para Lacan, o sujeito se constitui a partir de dois processos fundamentais: alienação e separação. Esses processos correspondem aos tempos do Édipo, o qual se refere a um investimento libidinal, uma energia sexual ou descarga de excitação, aquilo que promove no aparelho psíquico uma redução de tensão, gerando um prazer que se relaciona à uma pulsão de vida. Mas, o que produz esse tensionamento? Surgem através dos objetos e situações que se revelam ao sujeito na forma de desejo. Então, ele busca uma satisfação absoluta ou ao menos se aproximar dessa possibilidade. Porém, é sabido, que não há satisfação absoluta e o psiquismo só funciona por meio dessas tensões. A lógica das relações ocorrem no mesmo sentido, nos relacionamos ao outro também a partir de uma economia de investimento libidinal. A libido é esse elemento que materializa as trocas simbólicas no laço com o outro. Quem vai incorporar supostamente esse valor, são os objetos que elegemos, dos quais se espera uma completude, um preenchimento e apaziguamento psíquico. Desde o nosso nascimento vivenciamos isso, a partir dessa relação de dependência e alienação aos nossos cuidadores, que suprem nossas necessidades e nos submerge num banho de linguagem, apontando o que é da ordem da cultura, uma narrativa, pois a palavra é fundadora do sujeito.O psiquismo se estabelece através da linguagem, da palavra, do campo da cultura, do simbólico, o laço com o outro.    
Por conta dessa oferta, surge uma demanda ao BC, que busca eternizar esse prazer, porque inclui uma excitação corporal, do olhar e etc. Entre essa necessidade de cuidados e a vontade de eternizar o prazer, surge então, o desejo. Este, busca uma satisfação que não pode ser absoluta. Para Freud o desejo é uma idéia que promete restituir uma perda de uma satisfação absoluta ( momento mítico), ainda que, esta não fora de fato absoluta mas somente a primeira, o qual Freud chama de primeira experiência de satisfação. Essa atitude se repete em relação a várias experiências da  vida, confortáveis e desconfortáveis também. A alienação é um momento de transição, uma fase, porém que não pode permanecer, vindo assim uma separação. Portanto, ninguém deve permanecer alienado ao outro, ou seja, desejado e sendo nomeado pelo outro. A neurose funciona a partir do recalque, o recalque se relaciona a essa separação, fazendo barreira ao outro.No Édito existe um tempo em que essa criança vai viver nessa relação com o outro, um investimento primordial. No texto de Freud “ O eu e o isso”, ele fala que o EU se constitui a partir da internalização de traços desses objetos primordiais, os quais são seus cuidadores fundamentais. Então, a criança incorpora traços desse objetos, que são nesse investimento libidinal, recalcados.O falo é o significante que representa a falta. O qual também se relaciona a uma atribuição de valor, porque ocupa o lugar do objeto. É falo porque é imaginário, assim, se atribui aos objetos valores fálicos. Valor fálico é o valor de substituição daquilo que falta. A constituição de um sujeito vem de fora, do outro, na alienação e separação. O desejo está no intervalo entre aquilo que falta e aquilo que desejo,ou seja, na falta. O neurótico constrói nesse intervalo o sintoma. A fala e a palavra permite uma separação do outro, porque materializa algo que é da ordem do desejo e do que vai se produzir desse intervalo. A separação- corte a partir da função paterna- uma lei que opera, lei simbólica, representada pelo significante nome do pai. Neurose e perversão são estruturas psíquicas e/ou modos de funcionamento que operam a partir dessa descrição. Assim, só tem cultura se tever essa interdição (impedimento) que possibilita o laço, pois sem a interdição ficamos na colagem, no duplo. Então, essa ação da FP é uma barreira, que opera a função de recalque, impedimento, corte. Promove que o BC se separe do outro e se constitua. Os tempos do Édipo em Lacan , comportam esses dois elementos no processo de constituição do sujeito, ou seja, no primeiro tempo temos essa relação onde a BC é tomada pelo outro como um objeto de investimento, no segundo ocorre o corte pela FP e o terceiro tempo seria à propria dissolução do complexo de Édipo. Esse processo se instaura no desenvolvimento do sujeito, porém, não é algo cronológico, sequencial, mas se integra no Édipo. As saídas estruturais são modos de defesa do sujeito. Mas, defesa do que? R: da castração. Na castração o sujeito fica à deriva, pois o outro não me delimita mais e agora tenho que me constituir por si mesmo. Na psicose Freud chama de rejeição, o sujeito rejeita isso, Lacan chama de foraclusão, não inscrição, não existido. Na perversão o sujeito vai produzir um fetiche, objeto de tamponamento, negação simbólica, e na Neurose pela via do sintoma, mas ele pode desenvolve-lo tanto pela via da histeria ou pela via da neurose obsessiva. Na histeria esse sintoma é corporal, não apenas somático mas também nascísico. O obsessivo opera pela via do pensamento, pela racionalidade, pelas regras ou rituais que atuam como um impeditivo de uma angustia. Porém, nem toda obsessão enquanto perfeccionismo ou similares, significam que este sujeito esteja inserido dentro da neurose obsessiva. Por o que faz à estrutura não é o fenomeno do sintoma, mas na forma como isso se inderessa ao outro, uma posição diante do outro. Assim, deve-se avaliar o contexto ou razão que motivaaquela ação, se é uma obsessão ou uma forma de demandar atenção ou amor.

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