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6. Estudo Pr+®vio de Impacto Ambiental

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DIREITO AMBIENTAL
ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL
Por Fernanda Evlaine
	
ATUALIZADO EM 23/10/2017[1: As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de diálogo (setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos, porventura identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do material e o número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas jurídicas acerca do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos eventos anteriormente citados. ]
ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL
	1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS:
De acordo com o art. 1º, inciso IV, da Resolução 01/86 do CONAMA: 
É impacto ambiental toda alteração no meio ambiente provocada exclusivamente pela conduta ou atividade humana, atingindo direta ou indiretamente a saúde, a segurança e o bem estar da população, atividades socioeconômicas, a biota, as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente ou a qualidade dos recursos ambientais.
 A Política Nacional de Meio Ambiente – Lei 6.938/81 tratou de estabelecer os instrumentos de defesa do meio ambiente e dentre eles instituiu em seu art. 9º, inciso III, a avaliação de impactos ambientais, gênero no qual se inclui o estudo de impacto ambiental. Esse instrumento foi também elevado à categoria de norma constitucional pelo art. 225, §1º, da Constituição Federal.
Dessa forma, o referido estudo consiste em um documento técnico com o fim de subsidiar a concessão da licença ambiental dos empreendimentos que efetiva ou potencialmente são capazes de causar degradação ambiental. Segundo a Resolução 237/97 do CONAMA:
Art. 1º, III - Estudos Ambientais: são todos e quaisquer estudos relativos aos aspectos ambientais relacionados à localização, instalação, operação e ampliação de uma atividade ou empreendimento, apresentado como subsídio para a análise da licença requerida, tais como: relatório ambiental, plano e projeto de controle ambiental, relatório ambiental preliminar, diagnóstico ambiental, plano de manejo, plano de recuperação de área degradada e análise preliminar de risco.
	2. ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL:
Conforme estabelece a CF, em seu art. 225, §1º, inciso IV:
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade;
O Estudo de Impacto Ambiental é PRÉVIO, pois é elaborado antes da concessão da licença prévia. Somente após o órgão licenciador poderá aferir a viabilidade ambiental do empreendimento para conceder ou negar a licença. O EIA deve ser prévio, à luz dos princípios da precaução e prevenção, de forma que um estudo posterior é considerado anômalo.
A PUBLICIDADE é a segunda característica, pois o EIA sigiloso é inconstitucional. Porém, a publicidade é mitigada pelo sigilo industrial. Vale ressaltar que falta legislação para regulamentar este estudo. O tema é disciplinado pela Resolução CONAMA 01/86, sendo esta recepcionada pela Constituição, devendo ser conhecida.
Por fim, a característica derradeira é a de que a realização desse estudo prévio só será exigida em casos de SIGNIFICATIVA degradação ambiental (efetiva ou potencial). Ou seja, não sendo o empreendimento apto a gerá-la, não será caso de se exigir o EIA/EPIA, demandando a realização de um estudo ambiental simplificado. Portanto, sua realização só será constitucional quando estiverem presentes estas características.
2.1. EMPREENDIMENTOS CAPAZES DE GERAR SIGNIFICATIVA DEGRADAÇÃO AMBIENTAL:
Um dos problemas que existem é o de verificar quais os empreendimentos aptos à geração de significativa degradação ambiental. Esse é um conceito jurídico indeterminado.
Para facilitar esta compreensão, a Resolução CONAMA 01/86, em seu art. 2º, apresenta um rol exemplificativo (tais como) de hipóteses presumidas destes casos de significativa degradação:
Artigo 2º - Dependerá de elaboração de estudo de impacto ambiental e respectivo relatório de impacto ambiental - RIMA, a serem submetidos à aprovação do órgão estadual competente, e do IBAMA e1n caráter supletivo, o licenciamento de atividades modificadoras do meio ambiente, tais como:
I - Estradas de rodagem com duas ou mais faixas de rolamento;
II - Ferrovias;
III - Portos e terminais de minério, petróleo e produtos químicos;
IV - Aeroportos, conforme definidos pelo inciso 1, artigo 48, do Decreto-Lei nº 32, de 18.11.66;
V - Oleodutos, gasodutos, minerodutos, troncos coletores e emissários de esgotos sanitários;
VI - Linhas de transmissão de energia elétrica, acima de 230KV;
VII - Obras hidráulicas para exploração de recursos hídricos, tais como: barragem para fins hidrelétricos, acima de 10MW, de saneamento ou de irrigação, abertura de canais para navegação, drenagem e irrigação, retificação de cursos d'água, abertura de barras e embocaduras, transposição de bacias, diques;
VIII - Extração de combustível fóssil (petróleo, xisto, carvão);
IX - Extração de minério, inclusive os da classe II, definidas no Código de Mineração;
X - Aterros sanitários, processamento e destino final de resíduos tóxicos ou perigosos;
Xl - Usinas de geração de eletricidade, qualquer que seja a fonte de energia primária, acima de 10MW;
XII - Complexo e unidades industriais e agro-industriais (petroquímicos, siderúrgicos, cloroquímicos, destilarias de álcool, hulha, extração e cultivo de recursos hídricos);
XIII - Distritos industriais e zonas estritamente industriais - ZEI;
XIV - Exploração econômica de madeira ou de lenha, em áreas acima de 100 hectares ou menores, quando atingir áreas significativas em termos percentuais ou de importância do ponto de vista ambiental;
XV - Projetos urbanísticos, acima de 100ha ou em áreas consideradas de relevante interesse ambiental a critério da SEMA e dos órgãos municipais e estaduais competentes;
XVI - Qualquer atividade que utilize carvão vegetal, em quantidade superior a dez toneladas por dia.
Portanto, outros casos além desses podem ser de significativa degradação. Essa não é uma listagem de fácil memorização, devido à especificidade de seus incisos e do extenso rol elencado. [2: Rol cobrado, diversas vezes, pela FCC e VUNESP]
2.2. AUSÊNCIA DE DISCRICIONARIEDADE:
Vale lembrar que, quando um órgão dispensa o EIA, ou determina a sua realização por julgar presentes as suas características, este ato administrativo será vinculado. Inexiste discricionariedade administrativa na interpretação concreta de impacto ambiental significativo para fins de o ente ambiental exigir ou não o EIA. 
2.3. RESPONSÁVEL PELA ELABORAÇÃO DO EIA:
Cabe ao proponente contratar e pagar a equipe técnica multidisciplinar responsável pela elaboração do Relatório de Impacto ao Meio Ambiente – RIMA. O RIMA é o documento que conterá as conclusões do EIA, devendo ser apresentado em linguagem objetiva e adequada a sua compreensão pela população, inclusive podendo ter ilustrações, sendo de acessibilidade pública.
O termo de referência é um ato administrativo com a relação de estudos que devem ser realizados no EIA, para a adequada análise e concessão do licenciamento. É com base nesse termo de referência que o empreendedor contratará e pagará a equipe multidisciplinar. 
Importante saliente que as conclusões do RIMA não vinculam o órgão ambiental. 
ATENÇÃO: A equipe técnica poderá ter responsabilidade ulterior e solidária com o empreendedor nas esferas civil, administrativa e criminal pelas informações apresentadas, nos termos do artigo 11, parágrafo único, da Resolução CONAMA 237/1997.
Parágrafo único - O empreendedor e os profissionais que subscrevem os estudos previstos no caput deste artigo serão responsáveis pelas informações apresentadas, sujeitando-se às sanções administrativas, civis e penais.
Nesse sentido, estabelece ainda o art.69-A da Lei 9.605/98:
Art. 69-A. Elaborar ou apresentar, no licenciamento, concessão florestal ou qualquer outro procedimento administrativo, estudo, laudo ou relatório ambiental total ou parcialmente falso ou enganoso, inclusive por omissão: (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006)
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.       (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006)
§ 1o Se o crime é culposo:       (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006)
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos.       (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006)
§ 2o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se há dano significativo ao meio ambiente, em decorrência do uso da informação falsa, incompleta ou enganosa.        (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006). 
2.4. CONTEÚDO MÍNIMO DO EIA:
Analisaremos quais os capítulos essenciais de um estudo de impacto ambiental - o conteúdo mínimo do EIA.
a) Diagnóstico ambiental da área de influência do projeto. Isso abrange toda a área que será afetada pelo empreendimento licenciando;
b) A análise dos impactos ambientais e suas alternativas. Aqui incide a análise dos impactos positivos, os benefícios ambientais (como, v.g. um reflorestamento de mata ciliar como condicionante) e negativos do empreendimento;
c) A definição das medidas mitigadoras dos impactos negativos;
d) A elaboração do programa de acompanhamento; e
e) O monitoramento.
2.5. PARTE FINAL DO ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL:
Após passar pelas análises apontadas acima, o estudo deve chegar a uma conclusão sobre a viabilidade ou não do projeto em análise. Aqui é estabelecida uma técnica de ponderação, pois como ressaltado no início, todo empreendimento irá causar certa poluição, sendo necessário se sopesar, de acordo com os impactos positivos e negativos, se é adequada a realização daquela atividade. A análise é casuística. Por exemplo, várias usinas hidrelétricas que foram idealizadas na região amazônica foram repelidas pelo IBAMA, pois percebeu-se que os impactos ambientais dessas iniciativas eram extremos em comparação com a utilidade que aquela geração de energia iria causar. 
O mesmo não foi o que se decidiu com a implantação da usina de Belo Monte, pois, ponderando os impactos com o seu tamanho e com a necessidade de geração de energia elétrica, o saldo para aquela atividade foi positivo, devido à necessidade de fornecimento de energia elétrica para o Brasil, no sentido de propiciar o desenvolvimento em suas regiões mais remotas.
Como já salientado, essa conclusão do estudo pela viabilidade ou não do projeto NÃO vincula o órgão responsável pela concessão da licença. Em tese, mesmo que o estudo aponte pela viabilidade do empreendimento, o órgão ambiental pode entender o contrário no sentido de negar a concessão da licença.
Existia uma disposição da Resolução CONAMA 01/86 que dizia que a equipe técnica multidisciplinar não poderia estar vinculada ao proponente do projeto. Por este dispositivo, ela não podia estar vinculada a ele, para garantia de sua autonomia. No entanto, em um grave retrocesso, este dispositivo foi expressamente revogado por um dispositivo da Resolução CONAMA 237/97.
 De lá pra cá é possível essa atuação vinculada, até mesmo por empregados do proponente do projeto. Grandes empresas, a exemplo da Vale, podem elaborar esse estudo apenas com os seus empregados. Isso gera uma quebra da autonomia da equipe multidisciplinar que age de acordo com os interesses daquele que lhe emprega e que busca o empreendimento. 
	3. RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL:
Costuma-se utilizar o termo EIA-RIMA, fazendo-se menção a estes dois instrumentos juntos. Esse documento não consta do texto da Constituição, mas tão somente da Resolução CONAMA 01/86. Assim, o Relatório de Impacto Ambiental não se mistura com o Estudo de Impacto Ambiental. O documento técnico, complexo e com uma linguagem de maior dificuldade de compreensão é o EIA.
Já o RIMA é outro documento que decorre do EIA, dessa forma, o RIMA é consectário lógico do EIA. Aquele é um documento simples, de linguagem acessível para quem quer que queira consultá-lo, contando apenas com as conclusões extraídas daquele estudo realizado.
3.1. DEBATE EM AUDIÊNCIA PÚBLICA:
A Resolução CONAMA 09/87 (a terceira mais cobrada após, as resoluções 237/97 e 01/86) dispõe a respeito desta audiência pública que deve ser realizada. É possível que se realize uma ou mais audiências sobre este relatório, como foi o que se deu com as obras de integração do Rio São Francisco em que várias cidades ribeirinhas tiveram suas audiências públicas.
É obrigatória a audiência pública para debater o Relatório de Impacto Ambiental? 
Infelizmente não. Em tese, é possível que haja um EIA-RIMA sem a realização de uma audiência pública. Isso ocorre porque a resolução que faz a previsão destas audiências diz que elas ocorrerão quando o órgão ambiental entender necessário e designá-las ou quando houver requerimento de entidade civil (em tese, qualquer pessoa jurídica), requerimento do Ministério Público, ou houver um abaixo assinado subscrito por, ao menos, cinquenta cidadãos. Na prática, pelo menos uma destas situações se realiza, mas, caso nenhuma delas se façam presentes, é possível que ela seja preterida.
Supondo agora que, havendo o abaixo assinado, o órgão ambiental, devido a sua pressa, concede a licença ambiental sem realizá-la. Diante disso, a Res. CONAMA 09/87 prevê que a licença concedida desrespeitando este preceito deverá ser cancelada.
Portanto, quando obrigatória, a audiência pública funciona como uma condição de regularidade do licenciamento que eventualmente vier a ser concedido.
Por fim, nos termos da ADI 1505/STF, é de competência do executivo e não do legislativo analisar sobre a necessidade ou não de realização de audiência pública para discussão sobre o RIMA. 
	4. DISPOSITIVOS PARA O CICLO DE LEGISLAÇÃO
	DIPLOMA
	DISPOSITIVO
	Constituição Federal
	Artigo nº 225
	Resolução 01 – CONAMA
	Leitura Integral
	Resolução 09 – CONAMA
	Leitura Integral
	5. BIBLIOGRAFIA UTILIZADA
Esse material é uma fusão das seguintes fontes:
1. Direito Ambiental, coleção Sinopses – Talden Faria e outros – Editora Juspodivm.
2. Resumo de Direito Ambiental Esquematizado – Frederico Amado – Editora Juspodivm.
3. Coleção resumos para concursos, Direito Ambiental – Frederico Amado.
4. Informativos esquematizados do Dizer o Direito – Márcio André Cavalcante Lopes. 
5. Anotações pessoais de aulas.

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