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Contabilidade Societária I resumo das aulas 6 a 10

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Contabilidade Societária I / Aula 6 - Transações sobre partes relacionadas
Conceito de partes relacionadas
Segundo definição da BM&F BOVESPA, são consideradas partes relacionadas as pessoas físicas ou jurídicas com as quais a companhia tenha possibilidade de contratar em condições que não sejam as de independência que caracterizam as transações com terceiros alheios à Companhia.
O Pronunciamento Técnico CPC 05 (R1) nos traz a seguinte definição de parte relacionada:
É a pessoa ou a entidade relacionada com a entidade que está elaborando suas demonstrações contábeis (entidade que reporta a informação).
Identificação das partes relacionadas
Ao detalhar o conceito de parte relacionada, o item 09 do Pronunciamento Técnico CPC 05 (R1) detalha a identificação de tais partes.
Uma pessoa, ou um membro próximo de sua família, está relacionado com a entidade que reporta a informação, se:
• Tiver o controle pleno ou compartilhado da entidade que reporta a informação.
• Tiver influência significativa sobre a entidade que reporta a informação.
ou se
• For membro do pessoal chave da administração da entidade que reporta a informação ou da controladora da entidade que reporta a informação.
Uma entidade está relacionada com a entidade que reporta a informação se qualquer das condições a seguir for observada:
A) MESMO GRUPO ECONÔMICO
A entidade e a entidade que reporta a informação são membros do mesmo grupo econômico (o que significa dizer que a controladora e cada controlada são inter-relacionadas, bem como as entidades sob controle comum são relacionadas entre si).
B) CONTROLADA EM CONJUNTO
A entidade é coligada ou controlada em conjunto (joint venture) de outra entidade (ou coligada ou controlada em conjunto de entidade membro de grupo econômico do qual a outra entidade é membro).
C) CONTROLE DE UMA TERCEIRA ENTIDADE
Ambas as entidades estão sob o controle conjunto (joint ventures) de uma terceira entidade
D) CONTROLE E COLIGAÇÃO DE TERCEIRA ENTIDADE
Uma entidade está sob o controle conjunto (joint venture) de uma terceira entidade e a outra entidade for coligada dessa terceira entidade.
E) PLANO DE BENEFÍCIO PÓS-EMPREGO
A entidade é um plano de benefício pós-emprego cujos beneficiários são os empregados de ambas as entidades, a que reporta a informação e a que está relacionada com a que reporta a informação. Se a entidade que reporta a informação for ela própria um plano de benefício pós-emprego, os empregados que contribuem com a mesma serão também considerados partes relacionadas com a entidade que reporta a informação.
F) CONTROLADA DE MODO PLENO OU CONJUNTO
A entidade é controlada, de modo pleno ou sob controle conjunto, por uma pessoa identificada na letra (a).
G) INFLUÊNCIA SIGNIFICATIVA SOBRE A ENTIDADE
Uma pessoa identificada na letra (a)(i) tem influência significativa sobre a entidade, ou for membro do pessoal-chave da administração da entidade (ou de controladora da entidade).
H) ENTIDADE FORNECE SERVIÇOS DE PESSOAL-CHAVE
A entidade, ou qualquer membro de grupo do qual ela faz parte, fornece serviços de pessoal-chave da administração da entidade que reporta ou à controladora da entidade que reporta. (Incluído pela Revisão CPC 06).
Membros próximos da família de uma pessoa são aqueles dos quais se pode esperar que exerçam influência ou sejam influenciados pela pessoa nos negócios desses membros com a entidade, e incluem:
+
+
+
Transações com partes relacionadas
O Pronunciamento Técnico CPC nº 05 (R1) conceitua transações com partes relacionadas como:
“a transferência de recursos, serviços ou obrigações entre uma entidade que reporta a informação e uma parte relacionada, independentemente de ser cobrado um preço em contrapartida”.
São exemplos de transações com partes relacionadas:
a) Compras ou vendas de produtos e serviços;
b) Contratos de empréstimos ou adiantamentos (mútuos);
c) Contratos de agenciamento ou licenciamento;
d) Avais, fianças e quais outras formas de garantias;
e) Transferências de pesquisa e tecnologia;
f) Compartilhamento de infraestrutura ou estrutura;
g) Patrocínios e doações.
Divulgação sobre partes relacionadas
A fim de permitir que os usuários interpretem de forma adequada as demonstrações contábeis e possam dispor dos elementos necessários para a adequada tomada de decisão, é indispensável que as transações entre partes relacionadas sejam divulgadas contendo as informações suficientes para a compreensão da amplitude, das características e dos efeitos deste tipo de transação sobre a organização, no que se refere aos resultados e à situação financeira-patrimonial.
Sem perder de vista os interesses dos demais usuários externos, um dos principais objetivos da identificação e evidenciação das transações entre partes relacionadas está no prejuízo que essas transações possam causar aos acionistas não controladores da companhia, também chamados de “minoritários”.
É mais provável que as operações de uma companhia deixem de observar as regras de mercado, em termos de preços, qualidades, prazos etc. quando envolvam pessoas ligadas entre si.
A fim de assegurar o cumprimento das regras de mercado, no que se refere à divulgação das demonstrações contábeis sobre partes relacionadas, o Comitê de Pronunciamentos Contábeis editou o CPC 05 (R1), que trata das divulgações sobre partes relacionadas.
O objetivo do CPC 05 (R1) é assegurar que as demonstrações contábeis da entidade contenham as divulgações necessárias para chamar a atenção dos usuários para a possibilidade de o balanço patrimonial e a demonstração do resultado da entidade estarem afetados pela existência de partes relacionadas e por transações e saldos, incluindo compromissos, com referidas partes relacionadas.
O CPC 05 (R1) deve ser aplicado:
• Na identificação de relacionamentos e transações com partes relacionadas;
• Na identificação de saldos existentes, incluindo compromissos, entre a entidade que reporta a informação e suas partes relacionadas;
• Na identificação de circunstâncias sob as quais é exigida a divulgação de relacionamentos, transações e saldos existentes, incluindo compromissos entre partes relacionadas, e;
• Na determinação das divulgações a serem feitas acerca desses itens.
O CPC 05 (R1) requer a divulgação de relacionamentos com partes relacionadas, de transações e saldos existentes com partes relacionadas, incluindo compromissos, nas demonstrações contábeis:
As transações com partes relacionadas e saldos existentes com outras entidades de grupo econômico devem ser divulgadas nas demonstrações contábeis da entidade.
As transações e os saldos intercompanhias existentes com partes relacionadas são eliminados.
Exemplo
Se a controladora tem uma conta a receber da controlada, nas demonstrações contábeis consolidadas desaparece tanto a conta a receber na controladora quanto a conta a pagar correspondente na controlada.
Contudo, esses saldos não devem ser eliminados na consolidação quando a investidora tem controladas mensuradas ao valor justo por meio de resultado (quando as controladas são consideradas instrumentos financeiros, por exemplo).
A divulgação sobre transações com partes relacionadas deve evidenciar as transações que pareçam estranhas ou incomuns nas atividades da companhia.
Os relacionamentos com partes relacionadas são uma característica normal dos negócios. Por exemplo, as entidades realizam frequentemente parte das suas atividades por meio de controladas, empreendimentos controlados em conjunto (joint ventures) e coligadas, de forma que têm a capacidade de afetar as políticas, financeira e operacional, da investida por meio de controle pleno, controle compartilhado ou influência significativa.
O relacionamento com partes relacionadas pode ter efeito na demonstração financeira da entidade, pois a esta pode realizar transações que não realizaria se não fosse com uma parte relacionada. Por exemplo, a entidade que venda bens a sua controladora pelo custo normalmente não vendem nessas condições a outrocliente.
As demonstrações financeiras da entidade podem ser afetadas por um relacionamento com partes relacionadas mesmo que não ocorram transações com essas partes. A mera existência do relacionamento pode ser suficiente para afetar as transações da entidade com outras partes.
Por exemplo, uma controlada pode cessar relações com um parceiro comercial quando da aquisição pela controladora de outra controlada dedicada à mesma atividade do parceiro comercial o qual está encerrando os negócios.
Alternativamente, uma parte pode abster-se de agir por causa da influência significativa de outra.
Por exemplo, uma controlada pode ser orientada pela sua controladora a não se envolver em atividades de pesquisa e desenvolvimento.
Por essas razões, o conhecimento das transações, dos saldos existentes, incluindo compromissos, e dos relacionamentos da entidade com partes relacionadas pode afetar as avaliações de suas operações por parte dos usuários das demonstrações contábeis, inclusive as avaliações dos riscos e das oportunidades com os quais a entidade se depara.
A entidade deve divulgar o nome da sua controladora direta e, se for diferente, da controladora final. Se nem a controladora direta tampouco a controladora final elaborarem demonstrações contábeis consolidadas disponíveis para o público, o nome da controladora do nível seguinte da estrutura societária que proceder à elaboração de ditas demonstrações também deve ser divulgado.
A controladora do nível seguinte da estrutura societária é a primeira controladora do grupo, acima da controladora direta imediata, que produza demonstrações contábeis consolidadas disponíveis para o público.
Para possibilitar que os usuários de demonstrações contábeis formem uma visão acerca dos efeitos dos relacionamentos entre partes relacionadas na entidade, é apropriado divulgar o relacionamento entre partes relacionadas quando existir controle, tendo havido ou não transações entre as partes relacionadas.
A obrigatoriedade de divulgação de relacionamentos de partes relacionadas entre controladoras e suas controladas é uma exigência adicional ao já requerido nos Pronunciamentos Técnicos CPC 35 Demonstrações Separadas e CPC 45 Divulgação de Participações em Outras Entidades.
Segundo o CPC 05 (R1), a entidade deve divulgar a remuneração do pessoal-chave da administração no total e para cada uma das seguintes categorias:
1. Benefícios de curto prazo a empregados e administradores.
2. Benefícios pós-emprego.
3. Remuneração baseada em ações.
4. Outros benefícios de longo prazo.
5. Benefícios de rescisão de contrato de trabalho.
Se a entidade tiver realizado transações entre partes relacionadas durante os períodos cobertos pelas demonstrações contábeis, a entidade deve divulgar a natureza do relacionamento entre as partes relacionadas, assim como as informações sobre as transações e os saldos existentes, incluindo compromissos, necessários para a compreensão dos usuários do potencial efeito desse relacionamento nas demonstrações contábeis.
Esses requisitos de divulgação são adicionais aos referidos anteriormente. No mínimo, as divulgações devem incluir:
O montante das transações
O montante dos saldos existentes, incluindo compromissos, e seus prazos e suas condições, incluindo eventuais garantias, e a natureza da contrapartida a ser utilizada na liquidação, e detalhes de quaisquer garantias dadas ou recebidas.
Provisão para créditos de liquidação duvidosa relacionada com o montante dos saldos existentes.
Despesa reconhecida durante o período relacionada a dívidas incobráveis ou de liquidação duvidosa de partes relacionadas.
Os valores incorridos pela entidade para a prestação de serviços de pessoal-chave da administração, que são fornecidos por entidade administradora separada, devem ser divulgados.
As divulgações requeridas devem ser feitas separadamente para cada uma das seguintes categorias:
Controladora
Entidades com controle conjunto da entidade ou influência significativa sobre a entidade que reporta a informação
Controladas
Coligadas
Empreendimentos controlados em conjunto (joint ventures) em que a entidade seja investidor conjunto
Pessoal-chave da administração da entidade ou de sua controladora
Outras partes relacionadas
A classificação de montantes a pagar e a receber de partes relacionadas em diferentes categorias é uma extensão dos requerimentos de divulgação do Pronunciamento Técnico CPC 26 — Apresentação das Demonstrações Contábeis —, para informações a serem prestadas no balanço patrimonial ou nas notas explicativas que o acompanham.
As categorias de partes relacionadas são ampliadas para proporcionar uma análise mais abrangente dos saldos entre partes relacionadas, aplicando-a a transações com essas partes.
Seguem exemplos de transações que devem ser divulgadas, se feitas com parte relacionada:
Se ocorrerem com uma parte relacionada, em complemento aos constantes anteriormente, as seguintes transações devem ser divulgadas:
Prestação de serviços administrativos e/ou qualquer forma de utilização da estrutura física ou de pessoal da entidade pela outra ou outras, com ou sem contraprestação financeira
Aquisição de direitos ou opções de compra ou qualquer outro tipo de benefício e seu respectivo exercício do direito
Quaisquer transferências de bens, direitos e obrigações
Concessão de comodato de bens imóveis ou móveis de qualquer natureza
Manutenção de quaisquer benefícios para empregados de partes relacionadas, tais como: planos suplementares de previdência social, plano de assistência médica, refeitório, centros de recreação etc
Limitações mercadológicas e tecnológicas
A participação de controladora ou controlada, em plano de benefícios definidos que compartilha riscos entre entidades de grupo econômico, é considerada uma transação entre partes relacionadas.
Para quaisquer transações entre partes relacionadas, faz-se necessária a divulgação das condições em que as mesmas transações foram efetuadas. Transações atípicas com partes relacionadas após o encerramento do exercício ou período também devem ser divulgadas.
Atenção
As divulgações de que as transações com partes relacionadas foram realizadas em termos equivalentes aos que prevalecem, nas transações com partes independentes, são feitas apenas se esses termos puderem ser efetivamente comprovados.
Os itens de natureza similar podem ser divulgados de forma agregada, exceto quando a divulgação em separado for necessária para a compreensão dos efeitos das transações com partes relacionadas nas demonstrações contábeis da entidade.
Entidades relacionadas com o Estado
A entidade que reporta a informação está isenta das exigências de divulgação no tocante a transações e saldos mantidos com partes relacionadas, incluindo compromissos, quando a parte for:
• Um ente estatal que tenha controle, controle conjunto ou que exerça influência significativa sobre a entidade que reporta a informação;
• Outra entidade que seja parte relacionada, pelo fato de o mesmo ente estatal deter o controle ou o controle conjunto, ou exercer influência significativa, sobre ambas as partes (a entidade que reporta a informação e a outra entidade).
Se a entidade que reporta a informação aplicar essa isenção, ela deve divulgar o que segue acerca de saldos mantidos e transações:
• O nome do ente estatal e a natureza de seu relacionamento com a entidade que reporta a informação (por exemplo, controle, pleno ou compartilhado, ou influência significativa);
• A informação que segue, em detalhe suficiente, para possibilitar a compreensão dos usuários das demonstrações contábeis da entidade dos efeitos das transações com partes relacionadas nas suas demonstrações contábeis;
• Natureza e montante de cada transação individualmente significativa, e;
• Para outras transações que no conjunto são significativas, mas individualmente não o são, uma indicação qualitativa e quantitativa de sua extensão.
Contabilidade Societária I / Aula 7 - Participações societáriasParticipação permanente
A participação em uma sociedade pode ser classificada como permanente outemporária, dependendo da finalidade do participante.
Participação permanente é uma aplicação de interesse exclusivamente operacional, destinada à manutenção, complementação ou diversificação das atividades da companhia.
Atenção
A partir da adoção no Brasil das Normas Internacionais de Contabilidade, uma participação só será permanente se, de fato, não for mantida de forma temporária ou para fins especulativos.
A intenção da sociedade investidora constitui fator determinante para caracterização do tipo de participação, como podemos depreender do que estabelece o a Lei nº 6.404/1976:
“Art. 2º [...]
§ 3º A companhia pode ter por objeto participar de outras sociedades; ainda que não prevista no estatuto, a participação é facultada como meio de realizar o objeto social ou para beneficiar-se de incentivos fiscais”.
Via de regra, as participações permanentes são classificadas no ATIVO NÃO CIRCULANTE, no subgrupo INVESTIMENTOS.
De acordo com a Lei nº 6.404/1976, são classificados como INVESTIMENTOS:
“Art. 179. [...]
III - [...] as participações permanentes em outras sociedades e os direitos de qualquer natureza, não classificáveis no ativo circulante, e que não se destinem à manutenção da atividade da companhia ou da empresa”.
Participações societárias permanentes são investimentos que uma companhia faz em outras sociedades, coligadas ou controladas, que não são destinadas à venda.
Em outras palavras, a companhia não pode ter a intenção de se desfazer destes investimentos, pois eles têm o objetivo de mantê-las em caráter permanente para obter o controle societário ou como fonte permanente de renda.
Basicamente, são consideradas participações permanentes e, portanto, estão classificadas no Ativo Não Circulante/Investimentos:
Participações em coligadas;
Participações em controladas;
Participações em empreendimentos controlados em conjunto;
Outras participações que não sejam temporárias ou especulativas.
Participações em coligadas
Uma empresa é considerada coligada quando a companhia investidora exerce influência significativa na administração, mas não a controla.
A Lei nº 6.404/1976 traz o conceito de empresa coligada:
“Art. 243. [...]
§ 1º São coligadas as sociedades nas quais a investidora tenha influência significativa”.
Participações em controladas
Uma empresa é considerada controlada quando:
A companhia investidora, direta ou indiretamente, for titular de
mais de 50% do capital votante da investida,
os quais assegurem, de modo permanente, poder sobre as deliberações sociais.
Exemplo
• Eleger a maioria dos membros da Diretoria e do Conselho de Administração.
• Tomar as principais decisões acerca dos negócios da organização.
Participações em empreendimentos controlados em conjunto
De acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 19 (R2):
“[...] controle conjunto é o compartilhamento, contratualmente convencionado, do controle de negócio, que existe somente quando decisões sobre as atividades relevantes exigem o consentimento unânime das partes que compartilham o controle.
[...]
Empreendimento controlado em conjunto (joint venture) é um negócio em conjunto segundo o qual as partes que detêm o controle conjunto do negócio têm direitos sobre os ativos líquidos do negócio. Essas partes são denominadas de empreendedores em conjunto”.
Outras participações que não sejam temporárias ou especulativas
Mesmo que um investimento em ações de outra companhia possa ser alienado, de forma geral, as participações feitas voluntariamente, que tenham por objetivo ampliar, complementar ou diversificar as atividades da empresa investidora, são consideradas permanentes.
Afinal, o foco não é o rendimento decorrente da valorização do investimento, mas sim a melhoria da condição operacional da empresa investidora ou do resultado produzido pela empresa investida.
Participação temporária
Participações temporárias são aplicações que, independente do prazo, visam obter rendimentos da sua valorização. Normalmente, são aplicações realizadas em bolsa de valores.
As participações temporárias devem ser classificadas no Ativo Circulante ou no Ativo não Circulante (Realizável a Longo Prazo) e são consideradas como instrumentos financeiros.
De acordo com o Pronunciamento CPC 39:
“Instrumento financeiro é qualquer contrato que dê origem a um ativo financeiro para a entidade e a um passivo financeiro ou instrumento patrimonial para outra entidade.”
Ativo financeiro é qualquer ativo que seja:
a) caixa;
b) instrumento patrimonial de outra entidade;
c) direito contratual:
i. de receber caixa ou outro ativo financeiro de outra entidade; ou
ii. de troca de ativos financeiros ou passivos financeiros com outra entidade sob condições potencialmente favoráveis para a entidade;
d) um contrato que seja ou possa vir a ser liquidado por instrumentos patrimoniais da própria entidade, que:
i. não é um derivativo no qual a entidade é ou pode ser obrigada a receber um número variável instrumentos patrimoniais da própria entidade; ou
ii. um derivativo que será ou poderá ser liquidado de outra forma que não pela troca montante fixo de caixa ou outro ativo financeiro, por número fixo de instrumentos patrimoniais própria entidade. Para esse propósito, os instrumentos patrimoniais da própria entidade não incluem os instrumentos financeiros com opção de venda classificados como instrumentos patrimoniais [...], os instrumentos que imponham a obrigação a uma entidade de entregar à outra parte um pro rata como parte dos ativos líquidos da entidade apenas na liquidação e são classificados como instrumentos patrimoniais os contratos para futuro recebimento ou entrega de instrumentos patrimoniais [...], ou os instrumentos que são contratos para futuro recebimento ou entrega de instrumentos patrimoniais da entidade.
Passivo financeiro é qualquer passivo que seja:
a) uma obrigação contratual de:
i. entregar caixa ou outro ativo financeiro a uma entidade; ou
ii. trocar ativos financeiros ou passivos financeiros com outra entidade sob condições potencialmente desfavoráveis para a entidade; ou
b) contrato que será ou poderá ser liquidado por instrumentos patrimoniais da própria entidade, e seja:
i. um não derivativo no qual a entidade é ou pode ser obrigada a entregar um número variável instrumentos patrimoniais da entidade; ou
ii. um derivativo que será ou poderá ser liquidado de outra forma que não pela troca montante fixo em caixa, ou outro ativo financeiro, por um número fixo de instrumentos patrimoniais da própria entidade. Para esse propósito, os instrumentos patrimoniais da entidade não incluem instrumentos financeiros com opção de venda que são classificados como instrumentos patrimoniais [...], instrumentos que imponham à entidade a obrigação de entregar à outra parte um pro rata de parte dos ativos líquidos da entidade apenas na liquidação e são classificados como instrumentos patrimoniais [...], ou instrumentos que são contratos para futuro recebimento ou entrega de instrumentos patrimoniais da própria entidade.
[...]
Instrumento patrimonial é qualquer contrato que evidencie uma participação nos ativos de uma entidade dedução de todos os seus passivos.
Avaliação das participações permanentes
A Lei nº 6.404/1976 prevê dois métodos para avaliação de investimentos de participações permanentes no capital de outras sociedades, tais como ações de coligadas, controladas e empreendimentos controlados em conjunto.
Posteriormente, o Pronunciamento Técnico CPC 46 acrescentou o valor justo como mais um método de avaliação. Assim, temos:
1. Método de Equivalência Patrimonial (MEP);
2. Método do Custo de Aquisição;
3. Valor Justo.
Nos termos dessa lei, o MEP tem preferência sobre o Método do Custo de Aquisição.
Dessa forma, se a participação permanente no capital de outra sociedade estiver incluída nas regras para avaliação pelo MEP, ou seja, sea participação tiver influência significativa, controle ou controle conjunto, utiliza-se o MEP.
Atenção
O Método do Custo de Aquisição é adotado para os investimentos menores, e o MEP, para os mais significativos.
Avaliação pelo MEP
A Lei nº 6.404/1976, com redação dada pela Lei nº 11.941/2009, estabelece que:
“Art. 248.
No balanço patrimonial da companhia, os investimentos em coligadas ou em controladas e em outras sociedades que façam parte de um mesmo grupo ou estejam sob controle comum serão avaliados pelo método da equivalência patrimonial [...]”.
Na sequência, este mesmo artigo se desdobra, detalhando a forma de avaliação.
O Pronunciamento Técnico CPC 18 (R2), que trata de investimento em coligada, controlada e em empreendimento controlado em conjunto, recepcionado pela NBC TG 18 (R2), conceitua o MEP da seguinte forma:
“[...] método de contabilização por meio do qual o investimento é inicialmente reconhecido pelo custo e, a partir daí, é ajustado para refletir a alteração pós-aquisição na participação do investidor sobre os ativos líquidos da investida.
As receitas ou as despesas do investidor incluem sua participação nos lucros ou prejuízos da investida, e os outros resultados abrangentes do investidor incluem a sua participação em outros resultados abrangentes da investida”.
Ao se referir ao MEP, Martins (1997, p. 1) esclarece:
“[...] é comum, nessa forma de avaliação (equity method), a utilização, na língua inglesa, da expressão one line consolidation. Ou seja, a equivalência patrimonial é uma forma simplificada de consolidação numa linha só, já que, ajustando-se uma única linha do balanço, a dos investimentos, produz-se a incorporação da parcela do lucro ou do prejuízo da investida que cabe à investidora”.
Atenção
O MEP consiste, basicamente, em trazer para as demonstrações da investidora a parte proporcional que a investidora tem sobre o patrimônio líquido e os resultados da investida.
De acordo com Carvalhosa (2014), a equivalência patrimonial representa:
“[...] a parte do lucro ou do prejuízo (da empresa) atribuído à controladora ou à coligada investidora”.
Avaliação pelo Método do Custo de Aquisição
Avaliação pelo Método do Valor Justo
De acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 46:
“O valor justo é uma mensuração baseada em mercado e não uma mensuração específica da entidade.
Para alguns ativos e passivos, pode haver informações de mercado ou transações de mercado observáveis disponíveis e para outros pode não haver.
Contudo, o objetivo da mensuração do valor justo em ambos os casos é o mesmo – estimar o preço pelo qual uma transação não forçada para vender o ativo ou para transferir o passivo ocorreria entre participantes do mercado na data de mensuração sob condições correntes de mercado (ou seja, um preço de saída na data de mensuração do ponto de vista de participante do mercado que detenha o ativo ou o passivo)”.
O Método do Valor Justo pode ser utilizado para avaliação de participações permanentes quando o investimento em coligada, controlada ou em empreendimento controlado em conjunto for mantido, direta ou indiretamente, por uma entidade que seja uma organização de capital de risco.
De acordo com o item 19 do Pronunciamento Técnico CPC 18 (R2):
“Quando a entidade possuir investimento em coligada ou em controlada, ou em empreendimento controlado em conjunto, cuja parcela da participação seja detida indiretamente por meio de organização de capital de risco, a entidade pode adotar a mensuração ao valor justo por meio do resultado para essa parcela da participação no investimento, [...], independentemente de a organização de capital de risco exercer influência significativa sobre essa parcela da participação”.
Atividade proposta
Contabilidade Societária I / Aula 8 - Método de Equivalência Patrimonial e Método de Custo de Aquisição
Método de Equivalência Patrimonial (MEP)
O Método de Equivalência Patrimonial (MEP) consiste, basicamente, em corresponder o valor contábil de um investimento ao valor proporcional à participação societária da sociedade investidora no Patrimônio Líquido (PL) da sociedade investida.
Em outras palavras, o valor do investimento deve ser determinado a partir da aplicação do percentual de participação no capital social sobre o PL de cada sociedade coligada ou controlada.
O MEP justifica-se pelo fato de que o PL representa a riqueza real de uma entidade, avaliada conforme os princípios contábeis.
Pelo método da equivalência patrimonial:
1
O investimento em coligada, em empreendimento controlado em conjunto e em controlada deve ser inicialmente reconhecido pelo custo, e seu valor contábil deve ser aumentado ou diminuído pelo reconhecimento da participação do investidor nos lucros ou prejuízos do período, gerados pela investida após a aquisição.
2
A participação do investidor no lucro ou prejuízo do período da investida deve ser reconhecida no resultado do período do investidor.
3
As distribuições recebidas da investida reduzem o valor contábil do investimento.
Ajustes no valor contábil do investimento também são necessários pelo reconhecimento da participação proporcional do investidor nas variações de saldo dos componentes dos outros resultados abrangentes da investida, reconhecidos diretamente em seu PL.
Tais variações incluem aquelas decorrentes da reavaliação de ativos imobilizados, quando permitida legalmente, e das diferenças de conversão em moeda estrangeira, quando aplicável.
A participação do investidor nessas mudanças deve ser reconhecida de forma reflexa, ou seja, em outros resultados abrangentes diretamente no PL do investidor, e não em seu resultado.
Portanto, o saldo contábil do investimento (reconhecido pelo custo) é ajustado:
• Pela parte do investidor nos resultados auferidos ou quaisquer outras mutações de PL da investida.
• Quando ocorrem mudanças na participação relativa (compra adicional de ações etc.)
Reconhecimento inicial
Para aplicação do método da equivalência patrimonial, deve-se inicialmente reconhecer o investimento pelo custo.
O custo corresponde ao valor que foi desembolsado pelo investidor para a obtenção de uma determinada participação no capital, que lhe proporciona influência ou controle compartilhado.
Esse custo pode conter goodwill e precisa ser complementado em função de algum ganho de compra vantajosa.
O investidor que avaliar investimento pelo MEP deverá, por ocasião da aquisição da participação, desdobrar o custo em:
• Valor patrimonial na época da aquisição
• mais ou menos-valia
• Ágio por expectativa de rentabilidade futura (goodwill)
EXEMPLO 1: AQUISIÇÃO COM MAIS-VALIA
Suponha que uma entidade A esteja adquirindo 90% de participação na empresa B pelo valor justo. A empresa B foi considerada um negócio, e, na operação de aquisição, seu patrimônio era composto da seguinte forma:
A participação na investida foi de 90%. O valor justo nos ativos líquidos é calculado de acordo com essa participação. Logo, temos:
Valor justo proporcional dos ativos líquidos = 90% x 400 = 360
O valor contábil também deve ser considerado de acordo com a participação relativa de 90%. Logo, temos:
Valor proporcional do PL = 90% x 300 = 270
Para verificarmos a ocorrência de mais ou menos-valia, faremos o seguinte cálculo:
Mais ou menos-valia = valor justo proporcional - valor proporcional do PL
360 - 270 = 90
Quando subtraímos o valor proporcional do PL do valor justo proporcional, obtivemos um valor positivo, o que significa que houve mais-valia.
Para verificarmos a ocorrência de goodwill ou ganho por compra vantajosa, faremos o seguinte cálculo:
Goodwill ou ganho por compra vantajosa = contraprestação - valor justo proporcional dos ativos líquidos
360 - 360 = 0
Quando subtraímos o valor justo proporcional dos ativos líquidos do valor pago (contraprestação), obtivemos zero, o que significa que não houve goodwill nem ganho por compra vantajosa.
EXEMPLO 2: AQUISIÇÃO COM MENOS-VALIA
Suponha que uma entidade A esteja adquirindo80% de participação na empresa B pelo valor justo proporcional. A empresa B foi considerada um negócio, e, na operação de aquisição, seu patrimônio era composto da seguinte forma:
A participação na investida foi de 80%. O valor justo nos ativos líquidos é calculado de acordo com essa participação. Logo, temos:
Valor justo proporcional dos ativos líquidos = 80% x 400 = 320
O valor contábil também deve ser considerado de acordo com a participação relativa de 80%. Logo, temos:
Valor proporcional do PL = 80% x 500 = 400
Para verificarmos a ocorrência de mais ou menos-valia, faremos o seguinte cálculo:
Mais ou menos-valia = valor justo proporcional - valor proporcional do PL
320 - 400 = -80
Quando subtraímos o valor proporcional do PL do valor justo proporcional, obtivemos um valor negativo, o que significa que houve menos-valia.
Para verificarmos a ocorrência de goodwill ou ganho por compra vantajosa, faremos o seguinte cálculo:
Goodwill ou ganho por compra vantajosa = contraprestação - valor justo proporcional dos ativos líquidos
320 - 320 = 0
Quando subtraímos o valor justo proporcional dos ativos líquidos do valor pago (contraprestação), obtivemos zero, o que significa que não houve goodwill nem ganho por compra vantajosa.
EXEMPLO 3: AQUISIÇÃO COM GOODWILL
Suponha que uma entidade A esteja adquirindo 80% de participação na empresa B por R$ 1.200. A empresa B foi considerada um negócio, e, na operação de aquisição, seu patrimônio era composto da seguinte forma:
Neste exemplo, não houve mais-valia nem menos-valia, porque o valor patrimonial era igual ao valor dos ativos líquidos. Antes de calcularmos o valor do goodwill, precisamos calcular o valor proporcional dos ativos líquidos com base na participação relativa de 80%. Logo, temos:
Valor justo proporcional dos ativos líquidos = 80% x 1.000 = 800
Para verificarmos a ocorrência de mais ou menos-valia, faremos o seguinte cálculo:
Mais ou menos-valia = valor justo proporcional - valor proporcional do PL
800 - 800 = 0
Quando subtraímos o valor proporcional do PL do valor justo proporcional, obtivemos zero, o que significa que não houve menos nem mais-valia.
Para verificarmos a ocorrência de goodwill ou ganho por compra vantajosa, faremos o seguinte cálculo:
Goodwill = contraprestação - valor justo proporcional dos ativos líquidos
1.200 - 800 = 400
Quando subtraímos o valor justo proporcional dos ativos líquidos do valor pago (contraprestação), obtivemos um valor positivo, o que significa que houve goodwill..
Contabilização pelo MEP:
• Após o reconhecimento inicial pelo valor do custo, sempre que a investida tiver lucro ou prejuízo, a investidora deverá aumentar ou diminuir a participação na investida em contrapartida com uma conta de resultado.
• As distribuições recebidas da investida reduzem o valor contábil do investimento.
• Quando a investida tem alteração em outros resultados abrangentes, a investidora deve reconhecer essa alteração no investimento em contraprestação com o PL do investidor.
• Se houver goodwill na obtenção de controle, esse é um desdobramento da conta de investimento, na demonstração contábil individual da investidora.
• O goodwill somente fica no grupo de Ativo Intangível quando as demonstrações contábeis são consolidadas.
• Caso a investidora tenha reconhecido um ganho por compra vantajosa, esse valor é colocado no resultado do exercício, na demonstração individual e na demonstração consolidada.
EXEMPLO 4: AQUISIÇÃO COM GOODWILL E MENOS-VALIA
Suponha que uma entidade A esteja adquirindo 80% de participação em outra entidade B por R$ 500. A entidade B foi considerada um negócio com o seguinte patrimônio:
A participação na investida foi de 80%. O valor justo nos ativos líquidos é calculado de acordo com essa participação. Logo, temos:
Valor justo proporcional dos ativos líquidos = 80% x 400 = 320
O valor contábil também deve ser considerado de acordo com a participação relativa de 80%. Logo, temos:
Valor proporcional do PL = 80% x 500 = 400
Para verificarmos a ocorrência de mais ou menos-valia, faremos o seguinte cálculo:
Mais ou menos-valia = valor justo proporcional - valor proporcional do PL
500 - 320 = 180
Quando subtraímos o valor proporcional do PL do valor justo proporcional, obtivemos um valor negativo, o que significa que houve menos-valia.
Para verificarmos a ocorrência de goodwill ou ganho por compra vantajosa, faremos o seguinte cálculo:
Goodwill ou ganho por compra vantajosa = contraprestação - valor justo proporcional dos ativos líquidos
500 - 320 = 180
Quando subtraímos o valor justo proporcional dos ativos líquidos do valor pago (contraprestação), obtivemos um valor positivo, o que significa que houve goodwill.
Vamos realizar, agora, a contabilização inicial do investimento:
EXEMPLO 5: AQUISIÇÃO COM MENOS-VALIA E GANHO VANTAJOSO
Suponha que uma entidade A esteja adquirindo 60% de participação na empresa B por R$ 200. A empresa B foi considerada um negócio, e, na operação de aquisição, seu patrimônio era composto da seguinte forma:
A participação na investida foi de 60%. O valor justo nos ativos líquidos é calculado de acordo com essa participação. Logo, temos:
Valor justo proporcional dos ativos líquidos = 60% x 400 = 240
O valor contábil também deve ser considerado de acordo com a participação relativa de 60%. Logo, temos:
Valor proporcional do PL = 60% x 500 = 300
Para verificarmos a ocorrência de mais ou menos-valia, faremos o seguinte cálculo:
Mais ou menos-valia = valor justo proporcional - valor proporcional do PL
240 - 300 = - 60
Quando subtraímos o valor proporcional do PL do valor justo proporcional, obtivemos um valor negativo, o que significa que houve menos-valia.
Para verificarmos a ocorrência de goodwill ou ganho por compra vantajosa, faremos o seguinte cálculo:
Goodwill ou ganho por compra vantajosa = contraprestação - valor justo proporcional dos ativos líquidos
200 - 240 = - 40
Quando subtraímos o valor justo proporcional dos ativos líquidos do valor pago (contraprestação), obtivemos valor negativo, o que significa que houve ganho por compra vantajosa.
Vamos realizar, agora, a contabilização inicial do investimento:
EXEMPLO 6: CONTABILIZAÇÃO PELO MÉTODO DE CUSTO DE AQUISIÇÃO (MCA)
No Método de Custo de Aquisição (MCA), o investimento é reconhecido inicialmente pelo valor de custo (sem necessidade de desdobramento), e o valor do investimento não sofre alteração, mesmo que a investida apresente lucro ou prejuízo.
O valor do dividendo recebido é reconhecido como receita de dividendos no resultado do exercício da investidora que tem investimento avaliado pelo MCA.
Exemplo
Suponha que uma entidade A esteja adquirindo 15% de participação na empresa B por R$ 400. A empresa B foi considerada um negócio, e, na operação de aquisição, seu patrimônio era composto da seguinte forma:
Como o investimento foi apenas de 15%, e não existe mais nenhuma outra informação, este deve ser avaliado pelo MCA e, portanto, não precisa ser desdobrado em mais ou menos-valia.
Logo, a contabilização do reconhecimento desse investimento será:
Suponha que a investida tenha auferido um lucro de R$ 200. Nessa situação, como o investimento é avaliado pelo MCA, não faremos nada com essa informação.
Agora, imagine que a investida distribuirá 50% do lucro auferido. Nesse caso, a investidora deverá reconhecer uma receita de dividendos referente a essa distribuição no valor de 15% do lucro distribuído (15% x 100 = 15). Logo, teremos:
Por fim, suponha que a investida teve um prejuízo de R$ 300.
Do mesmo jeito que não realizamos nenhum lançamento na investidora quando a investida dá lucro, também não realizaremos nenhum lançamento se a investida der prejuízo.
Contabilidade Societária I / Aula 9 - Demonstração dos Fluxos de Caixa e Fluxo de Caixa das atividades
Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC)
A Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) é um relatório financeiro que mostra as entradase saídas de dinheiro do caixa e equivalentes de caixa em determinado período.
Para Santos (2005, p. 17), a DFC é um demonstrativo financeiro que apresenta a variação líquida do saldo contábil do caixa e equivalentes ao caixa em um período reportado, detalhando os recebimentos e pagamentos que causaram essa variação.
VOCÊ SABIA?
Por força da Lei nº 11.638/2007, desde 1/1/2008, a DFC passou a ser obrigatória para todas as sociedades de capital aberto ou com Patrimônio Líquido (PL) superior a R$ 2.000.000,00.
De acordo com a Resolução CVM nº 547/2008:
A Demonstração dos Fluxos de Caixa, quando usada em conjunto com as demais demonstrações contábeis, proporciona informações que habilitam os usuários a avaliar as mudanças nos ativos líquidos de uma entidade, sua estrutura financeira e sua capacidade para alterar os valores e prazos dos Fluxos de Caixa, a fim de adaptá-los às mudanças nas circunstâncias e oportunidades.
A Demonstração dos Fluxos de Caixa também melhora a comparabilidade dos relatórios de desempenho operacional para diferentes entidades porque reduz os efeitos decorrentes do uso de diferentes tratamentos contábeis para as mesmas transações e eventos.
Saiba mais
O Pronunciamento Técnico CPC 03 (R2), que guarda correlação com a Norma Internacional de Contabilidade – IAS 7 (IASB – BV2010), trata da DFC.
Para as Pequenas e Médias Empresas (PMEs), a elaboração da DFC também é obrigatória, conforme previsto no item 3.2 da NBC TG 1000 (R1).
A DFC é uma demonstração dinâmica, ou seja, aquela que leva em consideração a dimensão temporal, evidenciando as entradas e as saídas de recursos financeiros ocorridas na entidade em um período de tempo específico.
Para ler sobre DFC para entidades do Setor Público, clique aqui.
Conceitos relacionados com a DFC
O Fluxo de Caixa é um dos conceitos mais importantes em finanças, porque o valor de um ativo está diretamente relacionado com a sua capacidade de gerar Fluxos de Caixa.
De uma forma geral, podemos definir Fluxo de Caixa como o movimento do dinheiro que efetivamente entra e sai do patrimônio da organização.
Para um melhor entendimento da elaboração da DFC, é necessário, inicialmente, conhecer alguns conceitos constantes no CPC 03 (R2). São eles:
CAIXA
Numerário em espécie e depósitos bancários disponíveis.
EQUIVALENTES DE CAIXA
Aplicações financeiras de curto prazo, de alta liquidez, que são prontamente conversíveis em montante conhecido de caixa e que estão sujeitas a um insignificante risco de mudança de valor.
FLUXOS DE CAIXA
Entradas e saídas de caixa e equivalentes de caixa.
Atenção
Geração de Fluxo de Caixa e resultado (lucro, nulo ou prejuízo) são medidas diferentes.
O Fluxo de Caixa mede o movimento financeiro de entrada e saída de dinheiro no patrimônio da entidade.
Já o resultado é uma medida decorrente do confronto entre receitas e despesas em determinado período, o que não necessariamente envolve movimentação financeira, como é o caso, por exemplo, da depreciação de determinados ativos ou de sua valorização.
Objetivo da DFC
A gestão do Fluxo de Caixa tem por objetivo prever acontecimentos que possam gerar dificuldades para a empresa – como a falta de recursos em determinado período – ou para otimizar o resultado, apontado a existência de recursos financeiros disponíveis e ociosos, que poderiam estar alocados nos processos produtivos ou aplicados, propiciando algum tipo de retorno para a empresa.
Para Santos (2005, p. 57), o objetivo do Fluxo de Caixa é:
“[...] informar a capacidade que a empresa tem para liquidar seus compromissos financeiros a curto e longo prazos”.
Informações sobre o Fluxo de Caixa de uma entidade são úteis para proporcionar aos usuários das demonstrações contábeis uma base para avaliar a capacidade de a entidade gerar caixa e equivalentes de caixa, bem como as necessidades da entidade de utilização desses Fluxos de Caixa.
As decisões econômicas que são tomadas pelos usuários exigem avaliação da capacidade de a entidade gerar caixa e equivalentes de caixa, bem como da época de sua ocorrência e do grau de certeza de sua geração.
Estrutura e apresentação da DFC
Com o objetivo de possibilitar uma análise mais detalhada, a DFC apresenta os Fluxos de Caixa do período classificados em três grupos de atividades:
ATIVIDADES OPERACIONAIS
Principais atividades geradoras de receita da entidade e outras atividades que não são de investimento tampouco de financiamento. Trata-se da produção e venda de bens e serviços relacionados com a atividade operacional da empresa.
ATIVIDADES DE INVESTIMENTO
Aquelas referentes aos Fluxos de Caixa provenientes da compra e venda de ativos de longo prazo (máquinas, equipamentos, imóveis etc.) e de outros investimentos não incluídos nos equivalentes de caixa.
ATIVIDADES DE FINANCIAMENTO
Aquelas que resultam em mudanças no tamanho e na composição do capital próprio e no capital de terceiros da entidade. Essas atividades incluem financiamentos, empréstimos, operações com leasing etc.
A classificação dos Fluxos de Caixa por atividade tem por objetivo disponibilizar informações que permitam aos usuários avaliar o impacto de tais atividades sobre a posição financeira da entidade e o montante de seu caixa e equivalentes de caixa.
Os Fluxos de Caixa decorrentes de uma mesma transação podem ser classificados em mais de uma atividade.
Exemplo:
Suponha que seja realizado um desembolso no valor de R$ 3.000 para pagamento de uma parcela de um empréstimo.
Dessa forma, a DFC consegue revelar as associações entre as categorias de atividades, disponibilizando informações que permitem uma análise mais detalhada por parte dos usuários interessados.
Os Fluxos de Caixa provenientes das atividades operacionais, de investimento e de financiamento devem ser apresentados da forma que a entidade considerar mais apropriada.
A entidade deve apresentar os Fluxos de Caixa das atividades operacionais, usando alternativamente, os seguintes métodos:
DIRETO
Método segundo o qual as principais classes de recebimentos brutos e pagamentos brutos são divulgadas.
INDIRETO
Método segundo o qual o lucro líquido ou o prejuízo é ajustado pelos efeitos de transações que não envolvem caixa, pelos efeitos de quaisquer diferimentos ou apropriações por competência sobre recebimentos de caixa ou pagamentos em caixa operacionais passados ou futuros, e pelos efeitos de itens de receita ou despesa associados com Fluxos de Caixa das atividades de investimento ou de financiamento.
Fluxos de Caixa de atividades operacionais
De acordo com o CPC 03 (R2), os Fluxos de Caixa advindos das atividades operacionais são basicamente provenientes das principais atividades geradoras de receita da entidade e, geralmente, resultam de transações e de outros eventos que entram na apuração do lucro líquido ou prejuízo.
As atividades operacionais incluem todas as transações não classificadas como atividades de investimentos ou financiamento, ou seja, são aquelas decorrentes da produção e venda de produtos e da prestação de serviços, realizadas no curso normal da execução das operações para as quais a empresa foi estabelecida.
Clique em cada um dos exemplos para ver mais detalhes:
Exemplos de Fluxos de Caixa de entradas que decorrem das atividades operacionais
Exemplos de Fluxos de Caixa de saída que decorrem das atividades operacionais
O valor dos Fluxos de Caixa provenientes das atividades operacionais é um indicador útil para medir se as operações da entidade têm gerado Fluxos de Caixa suficientes para:
• Amortizar empréstimos.
• Manter as atividades operacionais.
• Pagar dividendos e juros sobre o capital próprio.
• Fazer novos investimentos.
• Não recorrer a fontes externas de financiamento.
De acordo com o CPC 03 (R2), algumas transações – como a venda de item do imobilizado – podem resultar em ganho ou perda, que é incluído na apuração do lucro líquido ou prejuízo.
Os Fluxos de Caixa relativos a tais transações são Fluxos de Caixa provenientes de atividadesde investimento.
Entretanto, pagamentos em caixa para a produção ou a aquisição de ativos mantidos para aluguel a terceiros que, em sequência, são vendidos, conforme descrito no item 68A do Pronunciamento Técnico CPC 27 – Ativo Imobilizado, são Fluxos de Caixa advindos das atividades operacionais.
Os recebimentos de aluguéis e das vendas subsequentes de tais ativos são também Fluxos de Caixa das atividades operacionais.
Ainda conforme esse mesmo pronunciamento, a entidade pode manter títulos e empréstimos para fins de negociação imediata ou futura, os quais, no caso, são semelhantes a estoques adquiridos especificamente para revenda.
Atenção
Dessa forma, os Fluxos de Caixa advindos da compra e venda desses títulos são classificados como atividades operacionais.
Da mesma forma, as antecipações de caixa e os empréstimos feitos por instituições financeiras são comumente classificados como atividades operacionais, uma vez que se referem à principal atividade geradora de receita dessas entidades.
Benefícios da informação sobre Fluxos de Caixa
O CPC 03 (R2) enumera alguns benefícios decorrentes das informações referentes aos Fluxos de Caixa:
As informações sobre os componentes específicos dos Fluxos de Caixa operacionais históricos são úteis, em conjunto com outras informações, na projeção de futuros Fluxos de Caixa operacionais.
Quando utilizadas conjuntamente com as informações contidas em outras demonstrações contábeis, as informações contidas na DFC podem auxiliar os usuários na avaliação da capacidade da entidade de gerar Fluxos de Caixa decorrentes de suas atividades e, consequentemente, ter uma mediada da capacidade de honrar com o pagamento das suas obrigações, bem como pagar dividendos.
As informações sobre os Fluxos de Caixa também possibilitam aos usuários desenvolver modelos para avaliar e comparar o valor presente dos Fluxos de Caixa futuros de diferentes entidades.
A DFC também contribui para o incremento da comparabilidade na apresentação do desempenho operacional por diferentes entidades, porque reduz os efeitos decorrentes do uso de diferentes critérios contábeis para as mesmas transações e eventos.
Informações históricas dos Fluxos de Caixa são frequentemente utilizadas como indicador do montante, época de ocorrência e grau de certeza dos Fluxos de Caixa futuros. Também são úteis para averiguar a exatidão das estimativas passadas dos Fluxos de Caixa futuros, assim como para examinar a relação entre lucratividade e Fluxos de Caixa líquidos e o impacto das mudanças de preços.
Atividade proposta
Como estudamos nesta aula, visando possibilitar uma análise mais detalhada, a DFC apresenta os Fluxos de Caixa classificados em três grupos de atividades. São elas:
• Atividades operacionais – aquelas que que envolvem a produção e a venda de bens e serviços relacionados com a atividade operacional da empresa;
• Atividades de investimento – aquelas que se referem aos Fluxos de Caixa provenientes de operações de compra e venda de bens de capital (máquinas, equipamentos, imóveis etc.);
• Atividades de financiamento – aquelas que incluem financiamentos, empréstimos, capital dos proprietários, operações com leasing etc.
Classifique cada um dos eventos relacionados na tabela a seguir, que são geradores de Fluxos de Caixa, dentro do respectivo grupo de atividade a que pertence:
Contabilidade Societária I / Aula 10: Fluxos de Caixa de investimento e financiamento
Fluxos de Caixa das atividades de investimento
As atividades de investimento são aquelas referentes à aquisição e venda de ativos não circulantes, que não compreendem a compra de ativos com objetivo de revenda.
Essas atividades englobam as transações das quais resultam entradas (recebimentos) ou saídas (pagamentos) de numerário.
Estes, por sua vez, são decorrentes de aquisições ou vendas de participações em outras entidades, bem como de ativos utilizados na produção de bens ou prestação de serviços relacionados ao objeto social da entidade.
Saiba mais
Para entender melhor o assunto, leia um trecho do Pronunciamento Técnico CPC 03 (R2).
Fluxos de Caixa das atividades de financiamento
As atividades de financiamento são aquelas das quais resultam alterações no volume e na composição do Patrimônio Líquido (PL), bem como no endividamento da entidade.
Essas atividades estão relacionadas aos fornecedores de capital à empresa – sejam os próprios sócios, sejam terceiros.
A divulgação dos Fluxos de Caixa de financiamentos é especialmente útil para evidenciar a capacidade que a empresa tem de gerar caixa suficiente para suportar suas atividades operacionais e de financiamento, além de atender exigências feitas por parte de fornecedores de capital à empresa, utilizando recursos externos.
Saiba mais
Para entender melhor o assunto, leia um trecho do Pronunciamento Técnico CPC 03 (R2).
Apresentação do Fluxo de Caixa
A Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) pode ser apresentada de duas formas: pelos métodos direto e indireto.
A diferença entre os dois está basicamente na apresentação do Fluxo de Caixa das atividades operacionais. Afinal, no que se refere às atividades de investimento e de financiamento, ambos os métodos apresentam as mesmas informações.
Vamos entender melhor cada um deles?
Método direto
Como o próprio nome sugere, este método evidencia, de forma direta, os recebimentos e pagamentos brutos das atividades operacionais, apresentando para cada item o respectivo efeito causado diretamente no caixa.
O método direto utiliza a técnica das partidas dobradas, pois permite que as entradas e saídas sejam classificadas de acordo com critérios técnicos, sem interferência da legislação fiscal, e que as informações relativas ao caixa estejam disponíveis diariamente.
Esse método começa a partir da demonstração das entradas e saídas que passaram pelo caixa e pelos equivalentes de caixa. Além disso, atualmente, é o mais utilizado.
Saiba mais
Para ver um modelo de Fluxo de Caixa pelo método direto, clique aqui.
Método indireto
Este método recebe este nome porque não se baseia diretamente na análise dos Fluxos de Caixa.
Na verdade, o método indireto parte do resultado líquido expresso na Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) e utiliza os balanços patrimoniais referentes ao início e ao final do período, além de outras informações obtidas na Contabilidade, que visam promover alguns ajustes.
Tais ajustes podem ser divididos em dois grupos:
1º GRUPO
Aquele composto pelas receitas e despesas que não têm relação com entradas e saídas de caixa no próprio período da DRE e, também, nos períodos seguintes, tais como:
• A depreciação;
• A amortização e a exaustão;
• O resultado de Equivalência Patrimonial;
• As receitas financeiras não recebidas;
• As despesas financeiras não pagas.
As despesas com depreciação, por exemplo, não representam desembolso de caixa no momento em que esta é apropriada, tampouco nos períodos subsequentes, pois os reflexos financeiros desse tipo de despesa aconteceram quando da aquisição do respectivo ativo.
2º GRUPO
Aquele que trata de ajustes relativos às variações das contas operacionais do Balanço Patrimonial (BP).
Este é o caso, por exemplo, da conta Clientes, que está diretamente relacionada com as receitas de vendas, cujo reconhecimento advém do regime de competência.
Já para efeito de elaboração da DFC, devemos considerar o movimento financeiro efetivamente ocorrido no caixa.
Saiba mais
Para ver um modelo de Fluxo de Caixa pelo método indireto, clique aqui.

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