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Psicologias E Subjetividade Cotidiano e conhecimento científico: Aproximam- se porque a ciência se refere ao real. Afastam-se porque ciência abstrai a realidade para compreendê-la melhor. Ciência afasta-se, transforma a realidade em objeto de investigação. Construção do conhecimento científico sobre o real. Senso comum Apropriação singular, de conhecimentos produzidos pelos outros setores da produção do saber humano. Mistura e reciclagem de outros saberes, muito mais especializados. Redução a um tipo de teoria simplificada, produzindo determinada visão de mundo. Leva tempo para que o conhecimento sofisticado e especializado seja absorvido pelo senso comum, nunca de modo total. Ciência Conjunto de conhecimentos sobre fatos ou aspectos da realidade (objeto de estudo) Linguagem precisa e rigorosa. Conhecimentos devem ser obtidos de maneira programada, sistemática e controlada, para a verificação de sua validade. Saber transmitido, verificado, utilizado e desenvolvido. Processo em continuidade: novo conhecimento é produzido a partir do anteriormente desenvolvido. Nega-se, reafirma–se, descobre-se novos aspectos, ciência avança. Ciência Aspira à objetividade. Conclusões passíveis de verificação e isentas de emoção, para ser válidas para todos. Objeto específico Linguagem rigorosa Métodos e técnicas específicas Processo cumulativo do conhecimento Outros modos de conhecimento As especulações em torno desse tema formaram um corpo de conhecimentos denominado FILOSOFIA. A formulação de um conjunto de pensamentos sobre a origem do homem, seus mistérios, princípios morais, forma um outro corpo de conhecimento humano, conhecido como RELIGIÃO. Psicologia como ciência Diversidade de concepções sobre o homem Objeto de estudo – subjetividade. Homem em todas as suas expressões, visíveis (comportamento), invisíveis (sentimentos), singulares (porque somos o que somos) e genéricas (porque somos todos assim) - é o homem - corpo, homem afeto, homem-ação. “A subjetividade é a síntese singular e individual que cada um de nós vai constituindo conforme vamos nos desenvolvendo e vivenciando as experiências da vida social e cultural; é uma síntese que nos identifica, de um lado, por ser única, e nos iguala, de outro lado, na medida em que os elementos que a constituem são experienciados no campo comum da objetividade social. Esta síntese - a subjetividade - é o mundo de idéias, significados e emoções construído internamente pelo sujeito a partir de suas relações sociais, de suas vivências e de sua constituição biológica; é, também, fonte de suas manifestações afetivas e comportamentais” (BOCK) . Subjetividade Maneira de sentir, pensar, fantasiar, sonhar, amar e fazer de cada um. Constitui o modo de ser. a singularidade. Não é inata ao indivíduo, é construída pela apropriação do material do mundo social e cultural. Mundo (externo) é ativo na sua construção. Homem constrói e transforma a si próprio. Mundo objetivo, em movimento, porque seres humanos o movimentam permanentemente com suas intervenções; Mundo subjetivo em movimento porque os indivíduos estão permanentemente se apropriando de novas matérias-primas para constituírem suas subjetividades. Subjetividade Não só é fabricada, produzida, moldada, mas também é auto moldável. Homem promove nova formas de subjetividade, recusando-se ao assujeitamento à perda de memória imposta pela fugacidade da informação; a massificação que exclui e estigmatiza o diferente, a aceitação que condiciona ao consumo, a medicalização do sofrimento. Cada homem pode participar na construção do seu destino e de sua coletividade. Subjetividades Estudar a subjetividade é tentar compreender a produção de novos modos de ser, as subjetividades emergentes, cuja fabricação é social e histórica. Desvendamento das relações culturais, do políticas, econômicas e históricas na produção do mais íntimo e mais observável no homem. O que o captura, submete-o ou mobiliza-o para pensar e agir sobre os efeitos das formas de submissão da subjetividade (Michel Foucault). "O importante e o bonito do mundo é isso: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas, mas que elas vão sempre mudando. Afinam e desafinam". Guimarães Rosa Saúde e Doença Mental Saúde x Doença Mental Estou de acordo que um esquizofrênico é um esquizofrênico, mas uma coisa é importante: ele é um homem e tem necessidade de afeto, de dinheiro e de trabalho; é um homem total e nós devemos responder não à sua esquizofrenia mas ao seu ser social e político. Franco Basaglia Sofrimento psíquico Situações de sofrimento psíquico Sensação de que algo pode arrebentar dentro de si Crença de que não vai suportar, que vai perder o controle sobre si... que vai enlouquecer. Situações de perda, estressantes, ou que o indivíduo se vê com dúvidas sem poder pedir ajuda e/ou resolver sozinho tal situação. Respostas: superação, restabelecimento de sua organização pessoal e de seu equilíbrio, retorno às condições anteriores de rotina de sua vida. Sofrimento intenso, não doença. É necessário cuidado para não patologizar o sofrimento. Busca de ajuda Ajuda psicoterápica - suporte e facilitação da compreensão dos conteúdos internos que lhe causam mal-estar. Reorganização pessoal quanto a valores, projetos de vida, aprender a conviver com perdas, frustrações e descobrir outras fontes de gratificação na sua relação com o mundo. Modo de relatar e compreender o sofrimento psíquico - critério de avaliação é o próprio indivíduo e seu mal-estar psicológico. Doença Mental Produto da interação das condições de vida social com a trajetória específica do indivíduo (sua família, os demais grupos e as experiências significativas) e sua estrutura psíquica. Determinantes ou desencadeadoras da doença mental ou propiciadoras e promotoras da saúde mental. Condições externas - poluição sonora e visual intensas, condições de trabalho estressantes, trânsito caótico, índices de criminalidade, excesso de apelo ao consumo, perda de um ente muito querido etc. Condições internas – estrutura e recursos psíquicos. Olhares sobre a Loucura Michel Foucault (1926-1984) - documentos (discursos) encontrados em arquivos de prisões, hospitais e hospícios. Renascimento (século 16) - louco vivia "solto, errante, expulso das cidades, entregue aos peregrinos e navegantes". Loucura - "ignorância, ilusão, desregramento de conduta, desvio moral, pois o Louco toma o erro como verdade, a mentira como realidade". Loucura vista como oposição à razão, instância de verdade e moralidade. Na Idade Média e no Renascimento - raros casos de internação de loucos em hospitais - recebiam o tratamento dispensado aos demais doentes (sangrias, purgações, ventosas, banhos). Olhares sobre a loucura Época Clássica (séculos 17 e 18) - critérios para definir loucura não dependia da ciência médica. Designação - percepção da igreja, justiça e família. C critérios - transgressão da lei e da moralidade. Final do século 17 (1656)- criado, em Paris, o Hospital Geral. “Grande internação". População internada agrupada em quatro grandes categorias: devassos (doentes venéreos), os feiticeiros (profanadores), libertinos e loucos. Hospital Geral não era instituição médica, era assistencial. Loucos não eram vistos como doentes. Olhares sobre a loucura Segunda metade do século 18 - reflexões médicas e filosóficas situavam a loucura no interior do próprio homem, perda da natureza própria do homem, alienação. Criou-se a primeira instituição destinada à reclusão dos loucos: o asilo. Métodos terapêuticos: religião, medo, culpa, trabalho, vigilância, julgamento. Ação da Psiquiatria moral e social: função voltada para a normatização do louco, concebido como capaz de se recuperar. Inicia-se medicalização. Cura da doença mental - o novo estatuto da loucura - uma liberdade vigiada e no isolamento. Estava preparado o caminho para o surgimento da Psiquiatria. Psiquiatria Doença mental é igual a doença cerebral. Sintomas - sinal de distúrbio orgânico. Origem endógena, dentro do organismo, lesão de natureza anatômica ou distúrbio fisiológico cerebral. Distúrbio ou anomalia da estrutura ou funcionamento cerebral leva a distúrbios do comportamento, da afetividade, do pensamento etc. Mapas cerebrais localizam em cada área cerebral funções sensoriais, motoras, afetivas, de intelecção. Quadros patológicos exaustivamente descritos. Se doença mental é doença orgânica, é tratada com medicamentos e produtos químicos, eletrochoques, os choques insulínicos e internamento psiquiátrico. Psicanálise Psicanálise - normal x anormal Grau e não natureza - "normais" e "anormais com estruturas psíquicas e personalidade e conteúdos, que, se mais, ou menos, "ativadas", são responsáveis pelos distúrbios. Neuroses – Histeria (Conversão, Angústia) Neurose Obsessiva. Psicoses – Paranoia, esquizofrenia, melancolia. Perversões Normal e patológico Determinadas áreas de conhecimento científico estabelecem padrões de comportamento ou de funcionamento do organismo sadio ou da personalidade adaptada. Médias estatísticas do que se deve esperar do organismo ou da personalidade, enquanto funcionamento e expressão. Conceitos de normal e patológico são extremamente relativos. Cultura - numa sociedade considerado normal, adequado, aceito ou valorizado, em outra sociedade ou outro momento histórico pode ser considerado anormal, desviante ou patológico. Perspectivas Críticas Antipsiquiatria, negação da Psiquiatria tradicional ou clássica - Doença mental é construção da sociedade - ideia construída para diferenciar, isolar determinada ordem de fenômeno que questiona a universalidade da razão. Foucault - Doença mental e Psicologia: "a doença só tem realidade e valor de doença no interior de uma cultura que a reconhece como tal". Antipsiquiatria e Psiquiatria social - manipulação do saber científico, retirada da humanidade e dignidade do louco, condições perversas de tratamento e reclusão e concepção da loucura fabricada pelo indivíduo no seu interior. Fatores desencadeadores ou determinantes: condições de trabalho, formas de lazer, o sistema educacional competitivo e estrutura familiar ou insegurança da violência urbana "Eu penso que a loucura, como todas as doenças, são expressões das contradições do nosso corpo, e dizendo corpo, digo corpo orgânico e social. É nesse sentido que direi que a doença, sendo uma contradição que se verifica no ambiente social, não é um produto apenas da sociedade, mas uma interação dos níveis nos quais nos compomos: biológico, sociológico, psicológico". Franco Basaglia Um novo olhar para a loucura Louco não é monstro, não é não-humano. Loucura é construída ao longo da história de vida do indivíduo. Curas possíveis. Prevenção implica sempre ações localizadas no meio social. Saúde – pensar o homem como biológico, psicológico sociológico. Condições de vida pouco propícias à satisfação das necessidades básicas dos indivíduos, violência urbana, direito à segurança, sistema educacional, desumanização crescente das relações humanas, que levam à "coisificação" do outro e de nós próprios. Que Loucura Sérgio Ricardo Fui internado ontem Na cabine 103 Do hospício Do engenho de dentro Só comigo tinham dez Estou doente do peito Estou doente do coração Minha cama já virou leito Disseram que eu perdi a razão Estou maluco da ideia Guiando carro na contra mão Saí do palco, fui pra plateia Saí do quarto, fui pro porão Balada Do Louco Os Mutantes Dizem que sou louco por pensar assim Se eu sou muito louco por eu ser feliz Mas louco é quem me diz E não é feliz, não é feliz Se eles são bonitos, sou Alain Delon Se eles são famosos, sou Napoleão Mas louco é quem me diz E não é feliz, não é feliz Eu juro que é melhor Não ser o normal Se eu posso pensar que Deus sou eu Se eles têm três carros, eu posso voar Se eles rezam muito, eu já estou no céu Mas louco é quem me diz E não é feliz, não é feliz Eu juro que é melhor Não ser o normal Se eu posso pensar que Deus sou eu Sim sou muito louco, não vou me curar Já não sou o único que encontrou a paz Mas louco é quem me diz E não é feliz, eu sou feliz
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