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SEÇÃO 3 CONSTITUCIONAL - Governador do Estado de Pernambuco

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Procedencia: Vara Civel da Capital de Recife/PE.
Interessados: Bernando, Governo do Estado de Pernambuco e Governador do Estado de Pernambuco
Numero de processo: ............
EMENTA: MORALIADE ADMINISTRATIVA – PRESIDENTE BANCO ESTADUAL PERNAMBUCO – NOMEAÇÃO – ATO ADMINISTRATIVO – ATO DISCRICIONARIO.
RELATÓRIO
Trata-se de Ação Popular onde o autor narra que o Decreto X/2018 editado pelo Governador do Estado, nomeando o Sr. Martiniano Santos para o cargo de Presidente do Banco de Pernambuco, estaria violando a moralidade administrativa, pois, é fato publico e notório que o Sr. Martiniano responde à ação judicial movida pela Fazenda Nacional, relativa ao não pagamento de impostos federais, mais precisamente ao seu imposto de renda. 
Foi questionado pelo autor, como uma pessoa que responde por tal fato possa ser nomeada para exercer um cargo publico de alta responsabilidade. Diante disso, alegou que o Decreto X/2018 é um ato lesivo mesmo não demonstrando quais seriam os prejuízos concretos que o mesmo poderia a vir causar, sequencia a isso a Procuradoria apresentou contestação no prazo legal. 
É o relatório. Passo a opinar.
PARECER JURIDICO
Preliminarmente, é importante frisar que ação popular em questão preenche todos os requisitos legais, bem como é o meio processual correto para o autor defender a presente demanda que versa sobre moralidade administrativa, Vejamos o entendimento no RE 405386/RL da relatoria da Ministra Ellen Gracie, com a definição de que tipo de moralidade quando verificado sua ementa: 
“A moralidade, como princípio da Administração Pública (art. 37) e como requisito de validade dos atos administrativos (art. 5.º, LXXIII), tem a sua fonte por excelência no sistema de direito, sobretudo no ordenamento jurídico-constitucional, sendo certo que os valores humanos que inspiram e subjazem a esse ordenamento constituem, em muitos casos, a concretização normativa de valores retirados da pauta dos direitos naturais, ou do patrimônio ético e moral consagrado pelo senso comum da sociedade. A quebra da moralidade administrativa se caracteriza pela desarmonia entre a expressão formal (= a aparência) do ato e a sua expressão real (= a sua substância), criada e derivada de impulsos subjetivos viciados quanto aos motivos, ou à causa, ou à finalidade da atuação administrativa.”
Ainda, no mesmo julgamento, o Ministro Cezar Peliso delimitou a moralidade administratuva, Para ele, a fonte desse principio é jurídico-constitucional, inspirado em valores Humanos, retirado dos direitos naturais ou do patriminio ético e moral consagrado pelo sendo comum da sociedade. Então não se pode negar que existe uma comunicação, uma relação entre o mundo jurídico normativo e o mundo normativo não jurídico, onde estão inseridos os valores éticos e morais.
É por isso mesmo que o enunciado do princípio da moralidade administrativa – que, repita-se, tem natureza essencialmente jurídica – está associado à gama de virtudes e valores de natureza moral e ética: honestidade, lealdade, boa-fé, bons costumes, equidade, justiça. São valores e virtudes que dizem respeito à pessoa do agente administrativo, a evidenciar que os vícios do ato administrativo por ofensa à moralidade são derivados de causas subjetivas, relacionadas com a intimidade de quem o edita: as suas intenções, os seus interesses, a sua vontade. Ato administrativo moralmente viciado é, portanto, um ato contaminado por uma forma especial de ilegalidade: a ilegalidade qualificada por elemento subjetivo da conduta do agente que o pratica. Estará atendido o princípio da moralidade administrativa quando a força interior e subjetiva que impulsiona o agente à prática do ato guardar adequada relação de compatibilidade com os interesses públicos a que deve visar a atividade administrativa.
Poranto, de acordo com esses entendimentos e com a situação atual do Brasil, devido à corrpução com o erário publico, é plausível a preocução do autor com o caso em questão, pois, uma cargo tão importante, que é responsável pelo Banco Estadual de Pernambuco não pode ser ocupado por qualquer pessoa sem idoneidade moral.
Em que pese vigorar no judiciário o principio da presunção de não culpabilidade que precisa ser respeitado, quando de trata de cargos públicos que envolvem dinheiro publico o cuidado deve ser redobrado, a administração publica tem que prezar pela boa fé em todos os aspectos, e se prevenir de agentes com conduta antecedente suspeita relacionada ao cargo que vai ocupar.
A população está com a confiança abalada nos entes públicos e garantir a nomeação de um presidente do Banco Estadual que responde por crimes financeiros, mesmo que sem condenação, já abala a segurança-juridica da população para com a administração publica.
É notório que os atos discricionários são delimitados pela lei e o administrador, no caso o Governador do Estado, deve avaliar os critérios de conveniência e oportunidade, a doutrinadora Maria Sylvia Zanella Di Petro assim conceitua a discricionariedade:
“Pode-se, portanto, definir a discricionariedade administrativa como a faculdade que alei confere à Administração para apreciar no caso concreto, segundo critérios de oportunidade e conveniência, e escolher uma dentre duas ou mais soluções, todas válidas perante o direito.”
Para os atos discricionários, embora ainda não tenha um consenso total, a doutrina majoritária entende que o controle jurisdicional é perfeitamente cabível para aferir a legalidade e verificar se a Administração Publica não ultrapassou os limites da discricionariedade permitida em lei.
O controle de juridicidade vai além do exame de legalidade, consiste no exame de congruência da valoração dos motivos e da definição do conteúdo do ato administrativo predominantemente discricionário com os princípios jurídicos, como, por exemplo, com o principio da razoabilidade, da proporcionalidade, da impossibilidade, da moralidade administrativa, da eficiência, entre outros.
Ressalvando que não cabe ao Poder Judiciario reexaminar o mérito do ato administrativo, ou seja, não pode o Poder Judiciario dizer qual a melhor opção, em substituição à opção do Chefe de Executivo, quando a legislação efetivamente lhe conferir faculdade de escolha, que é o caso concreto aqui.
Por fim, nota-se que o aturo está legitimado para a presente ação que corre sem nenhum vicio de legalidade.
CONCLUSÃO
Pelo exposto, o parquet atuando como fiscal da lei opina pela anulação do Decreto X/2018 que nomeou o Sr. Martiniano como Presidente do Banco estadual de Pernambuco, concordando totalmente com as razoes de direito expostas na inicial presente Ação Popular
RECIFE/PE
Data
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