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Gestao dos Residuos Solidos Produzidos na Fabrica de Paineis Solares de Mocambique

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UNIVERSIDADE TÉCNICA DE MOÇAMBIQUE 
ÁREA DE FORMAÇÃO EM CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS 
LICENCIATURA EM ENGENHARIA AMBIENTAL E GESTÃO DE DESASTRES 
 
 
Gestão dos Resíduos Sólidos Produzidos na Fábrica de Painéis Solares de Moçambique 
 
Monografia apresentada em cumprimento parcial dos requisitos exigidos para a obtenção do grau 
de licenciatura em ciências tecnológicas com orientação em Engenharia Ambiental e Gestão de 
Desastres na Universidade Técnica de Moçambique 
 
 
 
 
Dário Afonso Custódio 
 
 
Maputo, Outubro de 2014 
 
 
Gestão dos Resíduos Sólidos Produzidos na Fábrica de Painéis Solares de Moçambique 
 
Monografia apresentada em cumprimento dos requisitos exigidos para a obtenção do grau de 
licenciatura em ciências tecnológicas, Engenharia Ambiental e Gestão de Desastres na 
Universidade Técnica de Moçambique 
 
Dário Afonso Custodio 
 
LICENCIATURA ORIENTADA EM ENGENHARIA AMBIENTAL E GESTÃO DE 
DESASTRES 
ÁREA DE FORMAÇÃO EM CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS 
UNIVERSIDADE TÉCNICA DE MOÇAMBIQUE 
 
 Tutor: Dr. Constantino Wilson Nassel 
 
 
Maputo, Outubro de 2014 
 
O JÚRI: 
 
O Presidente O Tutor O Arguente Data 
 
………………….. …………………... ………………………. ……/………/…….. 
Gestão dos Resíduos Sólidos Produzidos na Fábrica de Painéis Solares de Moçambique 
 
Dário Afonso UDM 
 
 
DECLARAÇÃO DE HONRA ......................................................................................................... I 
DEDICATÓRIA ............................................................................................................................. II 
AGRADECIMENTOS ................................................................................................................. III 
Lista de Abreviaturas .................................................................................................................... IV 
Lista de Tabelas ............................................................................................................................. V 
Lista de Figuras ............................................................................................................................. VI 
Lista de Anexos............................................................................................................................ VII 
RESUMO ................................................................................................................................... VIII 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Gestão dos Resíduos Sólidos Produzidos na Fábrica de Painéis Solares de Moçambique 
 
Dário Afonso UDM Página I 
 
 
 
 
 
DECLARAÇÃO DE HONRA 
“Eu, Dário Afonso Custódio, declaro que este Trabalho de Diploma nunca foi apresentado na 
sua essência para obtenção de qualquer grau académico e ele constitui o resultado da minha 
pesquisa pessoal e que para a elaboração do mesmo foram usadas as fontes indicadas na 
bibliografia.” 
 
 
Maputo, Outubro de 2014 
 
------------------------------------------------------------- 
Dário Afonso Custódio 
 
 
 
 
 
 
Gestão dos Resíduos Sólidos Produzidos na Fábrica de Painéis Solares de Moçambique 
 
Dário Afonso UDM Página II 
 
 
 
 
 
DEDICATÓRIA 
Dedico este trabalho a duas pessoas muito especiais para mim e que contribuíram de forma 
determinante e significativa, com grande sacrifício e amor para que hoje alcance o sonho de me 
tornar Engenheiro, trata-se da minha amada mãe Ana Maria Afonso Pedro e da minha querida 
Avó Maria Paulo Maia. BEM-HAJAM, Minhas Mulheres. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Gestão dos Resíduos Sólidos Produzidos na Fábrica de Painéis Solares de Moçambique 
 
Dário Afonso UDM Página III 
 
AGRADECIMENTOS 
Nenhum trabalho desta natureza é obra exclusiva do seu autor, por isso muito devo aos meus 
docentes do curso de Engenharia Ambiental na UDM, que me esclareceram e me dotaram de 
noções teóricas e práticas necessárias para amadurecimento e cristalização dos meus 
conhecimentos. 
Ao meu supervisor Dr, Constantino Nassel, pelo seu apoio incondicional, paciência e bastante 
atenção no desenvolvimento do meu trabalho, o meu muito obrigado. 
O meu agradecimento vai a todos os funcionários do Fundo de Energia – FUNAE e da Fábrica 
de Painéis Solares, em especial à excelentíssima Dra. Miquelina Menezes – Presidente do 
Conselho de Administração pela oportunidade que me concedeu para estagiar na sua instituição e 
desenvolver o meu trabalho de tese na Fábrica de Painéis Solares de Moçambique. 
Os meus agradecimentos são extensivos aos meus colegas da Divisão de Qualidade e Ambiente 
do FUNAE, a Eng.ª Isália, Eng.ª Nelsia, Eng.ª Nelsa, Eng.ª Belmira e ao Dr. Ismael Chale, pelo 
apoio e ensinamentos disponibilizados ao longo do meu período de estágio na instituição. 
Aos meus colegas que durante 4 anos estiveram do meu lado incondicionalmente, 
nomeadamente: Vanessa Gaspar, Rosa Marcelino, Suzana Kanduma, Sílvia Cavele, Gercia da 
Paiva, Dionízia Macia, vai o meu muito obrigado, em especial a Edson Uetimane pelo apoio em 
todos momentos bons e maus que passamos durante esta longa caminhada obrigado pelo apoio 
prestado. 
Um agradecimento profundo vai a minha família, aos irmãos da minha mãe (meus tios), as 
minhas irmãs Aissa (em memória), Nedinha e Ledita, aos meus primos, meus sobrinhos, o meu 
muito kanimambo. 
A todos meus amigos sem excepção e demais não mencionados, obrigado pela força. 
Por fim, mas não menos importante que todos aqui mencionados, à DEUS, pelo dom da vida, 
pela força e vontade para execução deste trabalho de monografia. 
Gestão dos Resíduos Sólidos Produzidos na Fábrica de Painéis Solares de Moçambique 
 
Dário Afonso UDM Página IV 
 
Lista de Abreviaturas 
ABNT…………….Associação Brasileira de Normas Técnicas 
FUNAE…………. Fundo de Energia 
FPS……………….Fábrica de Painéis Solares 
GRS………………Gestão de Resíduos Sólidos 
MICOA…………..Ministério para Coordenação da Acção Ambiental 
RS………………...Resíduos Sólidos 
RGS………………Regulamento Sobre a Gestão dos Resíduos 
RSI……………….Resíduos Sólidos Industriais 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Gestão dos Resíduos Sólidos Produzidos na Fábrica de Painéis Solares de Moçambique 
 
Dário Afonso UDM Página V 
 
Lista de Tabelas 
Tabela 1: Classificação dos resíduos sólidos. ................................................................................. 7 
Tabela 2: Principais dispositivos legais que regulam a GRS ........................................................ 13 
Tabela 3: Principais resíduos produzidos na fábrica ..................................................................... 20 
Tabela 4: Quantidade dos resíduos sólidos produzidos na fábrica ............................................... 28 
Tabela 5: Dimensionamento dos equipamentos ........................................................................... 33 
Tabela 6: Capacidades dos contentores em litros ......................................................................... 34 
Tabela 7: Custo dos equipamentos no mercado ............................................................................ 37 
Tabela 8: Frequência derecolha dos resíduos na fábrica ............................................................. 39 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Gestão dos Resíduos Sólidos Produzidos na Fábrica de Painéis Solares de Moçambique 
 
Dário Afonso UDM Página VI 
 
 Lista de Figuras 
Fig.1: Imagem frontal da fábrica de painéis solares de Moçambique .......................................... 18 
Fig.2: Papel produzido na fábrica ................................................................................................. 21 
Fig.3: Papelão produzido pela fábrica. ......................................................................................... 21 
Fig.4: A) Plástico normal, B) Caixa plástica e C) Garrafa plástica de água. ................................ 22 
Fig.5: A) ribbon e B) latas produzidas na fábrica ......................................................................... 23 
Fig.6: Local actual de acondicionamento dos resíduos ................................................................ 25 
Fig.7: Resíduos acondicionados sem nenhum processo de separação .......................................... 25 
Fig.8: Balde de lixo para restos de papel ...................................................................................... 26 
Fig.9: Balde de lixo para restos de rebarbas ................................................................................. 26 
Fig.10: Evolução da produção dos resíduos por semana .............................................................. 29 
Fig.11: Evolução percentual dos resíduos por semana ................................................................. 29 
Fig.12: Composição dos resíduos sólidos produzidos na fábrica ................................................. 30 
Fig.13: Contentor de duas rodas com capacidade de 200 litros. ................................................... 35 
Fig.14: Contentor sem rodas com capacidade de 70 litros ........................................................... 36 
Fig.15: Contentor sem rodas com capacidade de 25 litros ........................................................... 36 
Fig.16: Contentor de 4 rodas com capacidade de 1100 litros ....................................................... 37 
Fig.17: Distribuição dos funcionários por sexo ............................................................................ 40 
Fig.18: Distribuição dos funcionários por nível de escolaridade .................................................. 40 
Fig.19: Identificação dos funcionários da fábrica ......................................................................... 41 
Fig.20: Nível de conhecimento dos funcionários sobre os resíduos solídos................................. 41 
Fig.21: Local de aquisição dos conhecimentos sobre resíduos sólidos ........................................ 42 
Fig.22: Nível de aceitação do local onde são acondicionados os resíduos ................................... 42 
Fig.23: Avaliação da actuação da fábrica na gestão dos resíduos ................................................ 43 
Fig.24: Nível de promoção de actividades de educação ambiental na fábrica ............................. 43 
Fig.25: Nível de aceitação da criação do sistema na fábrica ........................................................ 44 
 
 
 
 
Gestão dos Resíduos Sólidos Produzidos na Fábrica de Painéis Solares de Moçambique 
 
Dário Afonso UDM Página VII 
 
Lista de Anexos 
Anexo I: Imagens registadas na fábrica no decurso das actividades de estudo de caso 
Anexo II: Questionário aplicado aos técnicos da fábrica de painéis solares 
Anexo III: Boletins de Pesagem dos Resíduos 
Anexo IV: Carta de pedido para realização do trabalho de pesquisa na fábrica de painéis solares 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Gestão dos Resíduos Sólidos Produzidos na Fábrica de Painéis Solares de Moçambique 
 
Dário Afonso UDM Página VIII 
 
RESUMO 
A presente monografia subordina-se ao tema, Gestão dos Resíduos Sólidos Produzidos na 
Fábrica de Painéis Solares de Moçambique. 
O estudo aborda a gestão dos resíduos sólidos que a fábrica de painéis solares produz. Estes 
resíduos são geridos de uma forma precária, pois somente são acondicionados sem nenhum 
processo de separação. A fábrica de painéis solares foi construída com o objectivo de instalar 
uma linha de montagem de módulos solares para apoiar o processo de electrificação 
descentralizada nas zonas rurais do país. Segundo os cálculos efectuados na pesagem dos 
resíduos, a fábrica produz mensalmente cerca de 126.6 kg de resíduos sólidos, que são 
acondicionados sem nenhuma separação no pátio da fábrica, propiciando assim um mau 
ambiente, devido a ploriferação de insectos e poluição visual. Verificou-se que a fábrica não 
dispõe de recipientes e equipamentos para o acondicionamento dos resíduos. O objectivo 
principal deste estudo é de desenvolver um sistema de gestão de resíduos sólidos que a fábrica 
produz, com vista a garantir o seu correcto a condicionamento. Para o correcto 
acondicionamento dos resíduos produzidos pela fábrica, foram dimensionados equipamentos 
com base nas quantidades de resíduos que a fábrica produz. As metodologias usadas para a 
realização do estudo, consistiram em entrevistas aos funcionários, observação directa na área de 
estudo e na consulta de várias literaturas ligadas ao tema em estudo. Como resultado deste 
estudo, foi possível quantificar, caracterizar os resíduos da fábrica, incluindo estimar a qualidade 
dos resíduos produzidos por semana. Foram feitos cálculos matemáticos para o dimensionamento 
de contentores e os respectivos números com capacidades adequadas para acondicionar as 
quantidades de resíduos produzidos pela fábrica. Com a pesquisa podemos concluir que a 
implementação do sistema na fábrica, irá contribuir bastante para a melhor gestão dos resíduos e 
os equipamentos propostos para o sistema irão viabilizar o processo de recolha dos resíduos na 
fábrica para a deposição final. As recomendações que se propõem no estudo são ferramentas que 
irão dar maior dinamismo naquilo que concerne à questões viradas ao meio ambiente e à gestão 
dos resíduos da fábrica. 
Palavras-chave: Resíduos sólidos, SGRS, acondicionamento de resíduos. 
Gestão dos Resíduos Sólidos Produzidos na Fábrica de Painéis Solares de Moçambique 
 
Dário Afonso UDM 
 
Índice……………………………………………………………………………………….Página 
I. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 1 
1.1. Contexto .................................................................................................................................. 1 
1.2. Problema .................................................................................................................................. 2 
1.3. Objectivos do trabalho ............................................................................................................. 2 
1.3.1. Objectivo Geral .............................................................................................................. 2 
1.3.2. Objectivos Específicos ................................................................................................... 2 
1.4. Justificativa ..............................................................................................................................2 
1.5. Metodologia ............................................................................................................................. 3 
1.5.1. Método ............................................................................................................................ 4 
1.5.2. Análise de dados ............................................................................................................. 4 
1.5.3. Tratamento de dados ...................................................................................................... 4 
1.5.4. Materiais usados ............................................................................................................. 4 
II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................................ 5 
2.1. Definição de Conceitos ........................................................................................................... 5 
2.2. Resíduos Sólidos Industriais (RSI) .......................................................................................... 8 
2.3. Caracterização geral dos resíduos sólidos. .............................................................................. 9 
2.3.1. Características Físicas .................................................................................................... 9 
2.3.2. Características Químicas .............................................................................................. 10 
2.3.3. Características Biológicas ............................................................................................ 10 
2.4. Importância da caracterização qualitativa e quantitativa dos resíduos sólidos ..................... 10 
2.5. Sistema de Gestão de Resíduos Sólidos ................................................................................ 11 
2.5.1. Definição do Sistema de Gestão ................................................................................... 11 
2.6. Principais instrumentos legais que regulam os resíduos sólidos ........................................... 13 
2.7. Acondicionamento de resíduos sólidos ................................................................................. 14 
2.7.1. Importância do acondicionamento adequado dos resíduos .......................................... 15 
2.8. Deposição final dos resíduos sólidos ..................................................................................... 15 
III. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ................................................................. 17 
3.1. Localização da área de Estudo .............................................................................................. 17 
3.2. Caracterização da fábrica de painéis solares ......................................................................... 18 
3.3. Principais actividades de produção de resíduos na fábrica ................................................... 19 
3.4. Caracterização dos resíduos produzidos na fábrica ............................................................... 20 
3.4.1.PapelePapelão ............................................................................................................... 20 
3.4.2.Plástico ......................................................................................................................... 21 
3.4.3. Metal ............................................................................................................................. 22 
3.4.4. Resíduos Orgânicos ...................................................................................................... 23 
3.4.5. Outros resíduos (esferovite, células e rebarbas) ........................................................... 23 
3.5. Situação actual dos resíduos na área de estudo ..................................................................... 24 
3.6. Proposta do sistema de gestão de resíduos na Fábrica de Painéis Solares ............................ 27 
Gestão dos Resíduos Sólidos Produzidos na Fábrica de Painéis Solares de Moçambique 
 
Dário Afonso UDM 
 
IV. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS ............................................................................ 28 
4.1. Quantificação dos resíduos produzidos na fábrica ................................................................ 28 
4.2. Dimensionamento dos equipamentos para gestão dos resíduos ............................................ 31 
4.2.1. Custo dos equipamentos propostos para o sistema ...................................................... 37 
4.3. Frequência de recolha dos resíduos ....................................................................................... 38 
4.4. Resultados a partir do tratamento do questionário ................................................................ 39 
4.4.1. Interpretação dos resultados obtidos no questionário ................................................... 39 
V. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ..................................................................................... 45 
5.1. Discussão ............................................................................................................................... 45 
VI. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ............................................................................. 48 
6.1. Conclusões ............................................................................................................................. 48 
6.2. Recomendações ..................................................................................................................... 50 
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................. 51 
 
 
Gestão dos Resíduos Sólidos Produzidos na Fábrica de Painéis Solares de Moçambique 
 
Dário Afonso UDM Página 1 
 
I. INTRODUÇÃO 
1.1. Contexto 
Os problemas relacionados com os resíduos sólidos na sociedade actual são complexos, dada a 
quantidade e diversidade produzida diariamente e que têm vindo a aumentar ao longo dos 
tempos, com o desenvolvimento de diversas actividades a nível mundial. 
Em Moçambique a Gestão de Resíduos Sólidos é feita a nível das autarquias ou entidades 
administrativas distritais, que lidam com essas actividades. Sabe-se que a gestão dos resíduos 
sólidos depende de factores como: a economia, o grau de urbanização, dos hábitos e costumes 
das populações. Para que a gestão seja feita de forma ambientalmente segura e correcta, é 
necessário que haja uma integração dos diversos sectores envolvidos, desde a geração até a 
deposição final. 
O acondicionamento e o destino dos resíduos sólidos, trata-se de um problema que envolve 
questões ambientais, económicas e sociais, podendo ter graves consequências num futuro 
próximo. É preciso ter um posicionamento avançado e crítico, frente a esta situação, buscando 
uma alternativa viável e condizente com a realidade actual. 
De acordo com a realidade de cada região, várias são as alternativas que podem ser utilizadas 
para a gestão dos resíduos sólidos, entre elas o acondicionamento correcto dos resíduos gerados. 
O acondicionamento ideal do lixo é aquele que contempla a separação do lixo reciclável do 
orgânico para que se possa, através da reciclagem e da reutilização do que for possível, lançar o 
mínimo de resíduos ao ambiente. O acondicionamento dos resíduos no solo como é feito na 
fábrica de painéis solares de Moçambique, sem nenhum tratamento ou separação, oferece riscos 
à saúde pública e ao ambiente, pois este pode contaminar a água, provocar cheiros 
nauseabundos, e serve de abrigo para seres, tais como: ratos, moscas e microrganismos 
patogénicoscomo por exemplo: bactérias, fungos e vírus. 
Sendo assim, Reduzir, Reutilizar e Reciclar tornaram-se conceitos e sinais de modernidade que 
soam pelos quatro cantos do mundo. Não obstante, o lixo tornou-se num tema de actualidade, 
pela própria impossibilidade de continuar a escondê-lo ou ignorá-lo. 
Gestão dos Resíduos Sólidos Produzidos na Fábrica de Painéis Solares de Moçambique 
 
Dário Afonso UDM Página 2 
 
A melhor forma de garantir a gestão dos resíduos da fábrica de painéis solares é implementar um 
sistema de gestão de resíduos através da recolha selectiva e o acondicionamento, o que pode 
contribuir para o ciclo de gestão de resíduos na Província de Maputo. 
É dentro deste contexto que este projecto de licenciatura foi realizado, com o propósito principal 
de propor um sistema de gestão dos resíduos sólidos produzidos na fábrica de painéis solares 
tendo como base a produção semanal dos resíduos na fábrica. 
1.2. Problema 
A acumulação de resíduos, por seu lado pode alterar as propriedades físicas, químicas e 
biológicas do solo, alterando irreversivelmente as suas capacidades de auto-regeneração 
(Afonso:1998). 
Um dos problemas que se verifica na fábrica de painéis solares é a produção de resíduos sólidos, 
derivado das actividades de montagem de painéis. Actualmente a fábrica não possui um sistema 
adequado de gestão de resíduos gerados durante as suas actividades, sendo que estes são 
acumulados no chão do pátio da fábrica sem nenhum processo de tratamento. 
1.3. Objectivos do trabalho 
1.3.1.Objectivo Geral 
Desenvolver um Sistema de Gestão dos Resíduos Sólidos produzidos na Fábrica de Painéis 
Solares de Moçambique. 
1.3.2.Objectivos Específicos 
III. Caracterizar a fábrica de painéis solares; 
IV. Descrever as actividades de produção de resíduos da fábrica; 
V. Caracterizar os resíduos produzidos na fábrica; 
VI. Dimensionar os equipamentos para a gestão dos resíduos; 
VII. Propor sistemas e medidas preventivas dos potenciais impactos. 
1.4. Justificativa 
A escolha do tema tem uma grande relevância teórica na definição e identificação de medidas de 
mitigação pois possibilitará uma melhor gestão dos resíduos e poderá garantir que os resíduos 
produzidos tenham um tratamento adequado, com a implementação do sistema. 
Gestão dos Resíduos Sólidos Produzidos na Fábrica de Painéis Solares de Moçambique 
 
Dário Afonso UDM Página 3 
 
A outra justificativa é da necessidade de contribuir com uma pesquisa de natureza científica que 
procure desenvolver uma solução dos problemas ambientais e de saúde pública provenientes da 
má gestão de resíduos, falta de planos de gestão, e que sirva de suporte para estudos similares em 
outros locais com problemas semelhantes. 
A área de estudo foi escolhida por esta não apresentar nenhum sistema de gestão de resíduos, e 
por apresentar sérios problemas na gestão dos seus resíduos, nomeadamente, mau 
acondicionamento e a poluição visual. De referenciar também que a motivação do 
desenvolvimento do presente tema deve-se ao facto da dificuldade que a fábrica se depara para 
proceder à recolha de resíduos sólidos. Concorre para esta situação, a falta de equipamentos para 
a deposição e a recolha de RS produzidos, tais como contentores, meios circulantes e meios 
humanos especializados. 
Com a implementação desta pesquisa, prevê-se uma solução prática pois, poderá propôr um 
sistema correcto de acondicionamento de todos os resíduos da fábrica a partir do local de 
produção até ao ecoponto definido dentro do recinto fabril. 
É de extrema importância realizar este estudo, uma vez que no final do mesmo, será possível 
afirmar categoricamente e com fundamentos científicos que a implementação do sistema na 
fábrica irá desenvolver uma metodologia sustentável de gestão dos resíduos. 
O estudo visa contribuir para o despertar em relação aos problemas que a má gestão dos 
resíduos, bem como a falta de um sistema de gestão podem causar ao ambiente. A pesquisa 
contribuirá por outro lado para que a comunidade académica, as fábricas, os ambientalistas em 
particular despertem o interesse na gestão sustentável dos resíduos sólidos. 
Por fim e não menos importante, o estudo permitirá que os responsáveis pela Fábrica de Painéis 
Solares de Moçambique desenvolvam um controlo intensivo dos resíduos produzidos, bem como 
garantir que os mesmos sejam geridos de forma a preservar o meio ambiente, e os prováveis 
atentados à saúde pública devido ao seu mau tratamento. 
1.5. Metodologia 
A metodologia é entendida por Minayo (2000, p.16) como: “o caminho do pensamento e a 
prática exercida na abordagem da realidade”. Nesta visão, pode-se dizer, então, que a 
metodologia se ocupa do estudo dos métodos e das regras estabelecidas para a realização de uma 
Gestão dos Resíduos Sólidos Produzidos na Fábrica de Painéis Solares de Moçambique 
 
Dário Afonso UDM Página 4 
 
pesquisa. O caminho que deverá ser percorrido para se alcançar os objectivos traçados 
previamente. 
1.5.1.Método 
A pesquisa consistiu em três métodos principais que passo a citar: 
1) O primeiro método consistiu na revisão da literatura recorrendo a artigos científicos, 
revistas científicas, dissertações, e livros ligados ao tema em estudo. Este método 
consiste em fazer o levantamento de aspectos ligados à Gestão dos Resíduos Sólidos e 
artigos relacionados com a implementação de sistemas de gestão. 
2) O segundo método consistiu no trabalho de campo que foi o estudo de caso na fábrica de 
painéis solares, onde foram feitas as pesagens dos resíduos produzidos, bem como a 
identificação dos principais tipos de resíduos produzidos pela fábrica. Procedeu-se 
também ao registo fotográfico do local actual onde são acondicionados os resíduos 
produzidos na fábrica. 
3) O terceiro método consistiu na realização de um questionário que é um instrumento de 
investigação, que visa recolher informações baseando-se na inquisição de um grupo 
representativo de pessoas da área em estudo. 
1.5.2.Análise de dados 
A análise de dados tem como objectivo organizar e sumarizar os dados de forma que 
possibilitem o fornecimento de respostas ao problema proposto pela investigação. 
1.5.3.Tratamento de dados 
O tratamento dos resultados do questionário foi feito no Programa Excel e depois fez-se a 
interpretação dos resultados obtidos através de gráficos. O questionário apresenta 09 questões 
directas e claras, e o tratamento foi centrado em todas as questões, pois tem relação com o tema 
em estudo. 
1.5.4.Materiais usados 
 Laptop Acer mini aspire one; 
 Balança de 120 kg; 
 Baldes de 50 e 5 Litros; 
 Câmara fotográfica digital Olympus. 
Gestão dos Resíduos Sólidos Produzidos na Fábrica de Painéis Solares de Moçambique 
 
Dário Afonso UDM Página 5 
 
II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 
A revisão bibliográfica consistirá na leitura da bibliografia de autores consagrados, de forma a 
aprofundar os conhecimentos sobre a pesquisa adquirida e compilada durante o estudo, para 
garantir que o trabalho tenha um suporte teórico e prático com informação concisa e síntese da 
informação pesquisada. 
2.1. Definição de Conceitos 
O problema dos resíduos sólidos (RS) na grande maioria dos países e particularmente, em 
determinadas regiões vem se agravando como consequência de acelerado crescimento 
populacional, concentração de áreas urbanas, desenvolvimento industrial e mudanças de hábitos 
de consumo (Sebilia, 1999) 
De acordo com o(Decreto nº 13/2006) a gestão de resíduos sólidos define-se como sendo todos 
os procedimentos viáveis com vista a assegurar uma gestão ambientalmente segura, sustentável e 
racional dos resíduos, tendo em conta a necessidade da sua redução, reciclagem e reutilização, 
incluindo a separação, recolha, manuseamento, transporte, armazenagem e/ou eliminação de 
resíduos bem como a posterior protecção dos locais de eliminação, de forma a proteger a saúde 
humana e o ambiente contra os efeitos nocivos que possam advir dos mesmos. 
“…resíduos sólidos ou simplesmente “lixo” é todo material sólido ou semi – sólido indesejável e 
que necessita ser removido por ter sido considerado inútil por quem o descarta, em qualquer 
recipiente destinado a este acto.” (MONTEIRO et al: 2001). 
Bernardes Jr, (1991), define lixo sendo tudo aquilo que não se quer mais e se deita fora; coisas 
inúteis, velhas e sem valor ou, “… restos das actividades humanas, considerados pelos 
produtores como sendo inúteis ou descartáveis, podendo-se apresentar no estado sólido ou 
liquido, desde que não seja passível de tratamento convencional. 
Vários autores não diferenciam os termos “lixo” e “resíduos sólidos”, embora em várias obras 
vem sendo usada a expressão resíduos sólidos. Neste contexto no âmbito deste trabalho, usa-se a 
expressão ‘‘resíduos sólidos”. 
Geralmente os resíduos produzidos são depositados sem nenhum tratamento em lixeiras ou 
aterros, mas devido ao crescimento industrial e ao volume de produção dos resíduos, algumas 
Gestão dos Resíduos Sólidos Produzidos na Fábrica de Painéis Solares de Moçambique 
 
Dário Afonso UDM Página 6 
 
indústrias desenvolvem sistemas de gestão de resíduos (SGR), para garantir que os resíduos ora 
produzidos sejam separados e acondicionados em locais apropriados antes da deposição final. 
Os resíduos descartados diariamente por residências e empresas podem ter um destino muito 
mais nobre, servindo como matéria-prima para negócios e com destinações mais adequadas. 
Pode-se, por exemplo, produzir adubo e energia, recuperando o valor económico desses resíduos. 
Já sabemos que a natureza impõe limites, principalmente em relação ao volume de recursos 
naturais que podemos utilizar e à quantidade de resíduos que podemos produzir para o ambiente. 
Contudo costumamos chamar de lixo coisas que parecem imprestáveis ou descartáveis. 
Aprendemos que tudo que provém da própria natureza acaba necessariamente voltando a ela 
depois de actividades humanas. 
Segundo UNEP (2007) os volumes de resíduos que as actividades humanas e fabris estão 
gerando, superaram em muito a capacidade da natureza de se regenerar ou absorver seus 
impactos. As montanhas de resíduos sólidos acumulados em lixeiras e em pátios produzem 
líquidos que contaminam o solo e a água, além de produzir gases tóxicos para as pessoas e para o 
meio ambiente. Uma das maiores fontes de gases que provocam o efeito estufa é justamente a 
deposição inadequada dos resíduos, que amontoados sem nenhum cuidado emitem grandes 
quantidades de metano, um gás tóxico e altamente inflamável. 
Percebe-se que, após a Revolução Industrial, os tipos de resíduos produzidos avolumaram-se e 
multiplicaram-se numa gama de categorias. O homem contemporâneo gera desde resíduos 
domésticos, até radioactivos. A nomenclatura ou a classificação dos resíduos sólidos varia de um 
país para o outro ou mesmo entre regiões do mesmo país. Essa classificação é importante para 
definir o sistema de tratamento e disposição final e a responsabilidade pela gestão dos resíduos 
(BIDONE e POVINELLI, 1999). 
 
A classificação dos resíduos sólidos, decorre essencialmente do conhecimento da sua natureza, 
das suas propriedades físicas e químicas. Assim, todos os procedimentos viáveis com vista a 
assegurar uma gestão ambientalmente segura devem ser aplicados, em conformidade com as 
diferenças de resíduos. Conhecendo a fonte geradora dos desperdícios e a natureza destes, 
torna-se mais acessível a sua quantificação e análise das melhores soluções disponíveis à sua 
recolha, tratamento e eliminação. 
Gestão dos Resíduos Sólidos Produzidos na Fábrica de Painéis Solares de Moçambique 
 
Dário Afonso UDM Página 7 
 
De acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) os resíduos são 
classificados de duas formas a saber: 
 Quanto aos riscos potenciais de contaminação do meio ambiente: classe I ou perigosos, 
classe II, ou não inertes e classe III ou inertes; 
 Quanto à natureza ou sua origem: lixo doméstico ou residencial, lixo comercial, lixo 
público, lixo domiciliar especial e lixo de fontes especiais. 
Para o presente trabalho, a classificação dos resíduos sólidos, far-se-á com base no decreto nº 
13/2006 de 15 de Junho, Regulamento sobre a Gestão de Resíduos (RGS). O documento 
classifica os resíduos em perigosos e não perigosos (Decreto nº 13/2006). 
Os resíduos encontram-se classificados da seguinte forma: 
Tabela1: Classificação dos resíduos sólidos. 
Domésticos: Residências, - 
variável em função dos hábitos 
de consumo e do 
desenvolvimento dos cidadãos. 
Não perigosos 
Papeis; jornais, embalagens de plástico e de 
metal, restos de alimentos, resíduos de 
jardinagem 
Perigosos Pilhas, baterias, lâmpadas fluorescentes. 
Comércio e serviços Não perigosos 
Hotéis e restaurantes: Restos de comida 
Supermercados e lojas: Embalagens de cartão 
Escritórios/Serviços administrativos: Papeis 
Publico: Actividade humana 
no espaço público 
Não perigosos 
Varrimento de ruas e áreas de uso público: 
Papeis, plásticos, excrementos de animais 
Mercados: resíduos verdes e alimentos. 
Industrial 
Não perigoso 
Têxtil/Calçado: restos de tecidos, couro, 
borrachas, 
 Produção alimentar: orgânicos putrescíveis. 
Perigoso 
Regeneração de óleos; indústria eléctrica, 
resíduos contendo mercúrio. 
Hospitalar 
Não perigosos 
Papeis usados, restos alimentares, resíduos não 
contaminados e sem vestígios de sangue 
Perigosos 
Contaminados ou suspeitos de contaminação; 
Resíduos de incineração obrigatória. 
Gestão dos Resíduos Sólidos Produzidos na Fábrica de Painéis Solares de Moçambique 
 
Dário Afonso UDM Página 8 
 
A classificação dos resíduos sólidos, é um processo que existe no sentido de conhecer em 
concreto o que compõem os desperdícios das actividades humanas. Não se colocando a questão 
se os resíduos se produzem ou não, é fundamental aferir as suas quantidades e qualidades no 
sentido de estudar alternativas de uso e valorização dos resíduos antes de serem eliminados por 
um dado processo. 
Este é o único meio de planificar soluções ambientalmente adequadas à sua eliminação e mais 
importante ainda, de elaborar programas eficientes de gestão de recursos que se adequam ao 
processo de tratamento dos resíduos. 
A variabilidade de substâncias e materiais que compõem os resíduos demarcam a sua 
heterogeneidade e complexidade de gestão. Conhecendo as suas características é possível avaliar 
que potencial de aproveitamento dispõem e as consequências resultantes do seu 
desaproveitamento. Uma análise do ciclo de vida dos mesmos permite aferir qualitativamente e 
quantitativamente as consequências positivas ou negativas que imputam ao ambiente (MILLER, 
2007). 
2.2. Resíduos Sólidos Industriais (RSI) 
Os resíduos industriais são gerados em processos produtivos industriais, resultantes dos 
processos de produção e distribuição de energia, produção alimentar, produção química entre 
outras actividades industriais, (PHILIPPI, Jr,2005). O mesmo autor afirma ainda que esses 
resíduos industriais são gerados tanto nos processos produtivos, quanto nas actividades 
auxiliares, como manutenção, operação de áreas de utilidade, limpeza e outros serviços. 
Os resíduos sólidos industriais apresentam características diversificadas dependendo da 
actividade que os gera, tornando a sua gestão bastante complexa. Os RSI possuem características 
físicas, químicas e biológicas e em função das suas particularidades em relação aos riscos que 
podem causar ao meio ambiente e à saúde publica. 
Segundo o (Decreto nº 13/2006) no seu Artigo 6 (Categorias de Resíduos) nº 3 alinha f, diz que 
os resíduos sólidos industriais, resultantes de actividades acessórias e equiparados a resíduos 
sólidos urbanos – os de características semelhantes aos resíduos referidos nas alíneas a)1 e b)2 do 
 
1 Resíduos sólidos domésticos ou outros semelhantes – os provenientes, respectivamente das casas de habitação ou similares. 
Gestão dos Resíduos Sólidos Produzidos na Fábrica de Painéis Solares de Moçambique 
 
Dário Afonso UDM Página 9 
 
mesmo decreto, nomeadamente os provenientes de refeitórios, cantinas e escritórios e as 
embalagens de cartão ou matéria não contaminados, são classificados como sendo resíduos não 
perigosos. 
Geralmente, os grandes produtores possuem maior consciência a respeito do planeamento 
adequado e necessário para a gestão dos resíduos sólidos industriais. Contudo, os pequenos 
produtores muitas vezes não possuem essa consciência e os conhecimentos necessários para 
lidarem com a problemática dos RSI. Muitas vezes também lhes falta infra-estruturas e 
equipamentos para realizar adequadamente a Gestão dos Resíduos Industriais (GARCIA et al, 
2004). 
2.3. Caracterização geral dos resíduos sólidos. 
O conhecimento das características é fundamental para o planeamento e gestão eficiente dos 
sistemas de recolha, armazenamento, valorização e eliminação dos resíduos. Para determinar, por 
exemplo, o tipo, dimensão e localização das infra-estruturas de resíduos. As necessidades de 
mão-de-obra, os equipamentos requeridos, os impactos ambientais entre outros, um gestor 
necessita de ter boas projecções das quantidades e composição dos resíduos gerados ao longo 
tempo, (TCHOBANOGLOS, 1977). 
As características dos resíduos variam em função de aspectos sociais, económicos, culturais, 
geográficos e climáticos, ou seja, os mesmos factores que também diferenciam as comunidades 
entre si, as cidades e as industrias. É um processo pelo qual a composição de diversos fluxos de 
resíduos é analisada e classificada. A caracterização tem um papel importante em qualquer 
tratamento de resíduos que possa ocorrer, sendo por isso uma ferramenta essencial no âmbito de 
uma gestão de resíduos sólidos. 
2.3.1.Características Físicas 
a) Composição gravimétrica: indica a percentagem de cada componente (papel, vidro, metais,) 
em relação ao peso total de resíduos sólidos analisados, (ABNT, 2004) 
 
2 Resíduos sólidos comerciais – os provenientes de estabelecimentos comerciais, escritórios, restaurantes e outros similares, 
cujo volume diário não exceda 1.100 litros, que são depositados em recipientes em condições semelhantes aos resíduos 
referidos na alínea anterior. 
Gestão dos Resíduos Sólidos Produzidos na Fábrica de Painéis Solares de Moçambique 
 
Dário Afonso UDM Página 10 
 
b) Peso específico: é o peso do lixo solto em função do volume ocupado livremente, sem 
qualquer compactação, expressa-se em kg/m3. A sua determinação é fundamental para definir as 
dimensões dos equipamentos e de instalações necessárias, (ABNT, 2004) 
c) Teor de humidade: é a percentagem de água contida na massa. Varia de acordo com a 
composição dos mesmos, a estação do ano, as condições climáticas o tipo de sistema de 
contentorização, entre outros factores e oscilam entre 25 e 60%, (MICOA, 1996) 
2.3.2.Características Químicas 
a) Poder calorífico: é a quantidade de calor libertado por combustão de uma unidade de peso de 
resíduos sólidos. O poder calorífico médio do resíduo domiciliar é cerca de 5000 Kcal/Kg, 
(MICOA, 1996); 
2.3.3.Características Biológicas 
Segundo o Manual de Gestão de Resíduos Sólidos I, objecto de estudo na cadeira de gestão de 
resíduos sólidos (2013), as características biológicas dos resíduos sólidos são determinadas pela 
população microbiana e dos agentes patogénicos presentes no lixo. São estes agentes de 
putrificação que determinam a escolha do método adequado para o tratamento e deposição final 
dos Resíduos Sólidos. 
2.4. Importância da caracterização qualitativa e quantitativa dos resíduos sólidos 
O conhecimento das quantidades de RS, bem como as suas características, é fundamental para o 
planeamento e gestão eficiente dos sistemas de recolha, armazenamento, tratamento, valorização 
e eliminação dos resíduos (MARTINHO & GONÇALVES; 2000). 
Para obter ou determinar, por exemplo, o tipo, dimensão e localização das infra-estruturas de RS, 
as necessidades de mão-de-obra, o equipamento requerido, o potencial para a valorização, os 
impactos ambientais e económicos do processamento e deposição dos RS`s e as alternativas mais 
viáveis, um gestor necessita de ter boas projecções das quantidades e composição dos RS`s 
gerados ao longo do tempo. 
A quantidade de resíduos produzidos pode ser expressa em peso ou volume. Contudo, devido à 
variação de compressão dos resíduos, o peso constitui uma medida mais precisa e de mais fácil 
medição. 
Gestão dos Resíduos Sólidos Produzidos na Fábrica de Painéis Solares de Moçambique 
 
Dário Afonso UDM Página 11 
 
No entanto, o volume também é útil em situações como, por exemplo, planeamento do número 
de contentores e veículos de vários sectores (ex: fossas de recepção, trituradores, separadores) e 
cálculos relativos ao período de vida dos aterros sanitários. 
2.5. Sistema de Gestão de Resíduos Sólidos 
2.5.1.Definição do Sistema de Gestão 
Segundo Cerqueira (2007:7), sistema é um conjunto de elementos que estão inter-relacionados 
ou em interacção. Esses elementos de forma geral são recursos humanos, recursos materiais, 
infra-estruturas, recursos informacionais e procedimento de trabalho, destinados a permitir o 
planeamento, o controlo e a melhoria daquilo que se pretende desempenhar em função dos 
requisitos identificados ou impostos como essenciais, a partir de políticas (que são interacções 
formais), objectivos e metas que se pretende atingir. 
ARAÚJO e JURAS (2011) citados por Buque (2013) afirmam que “ a gestão de resíduos sólidos 
são exercícios multidisciplinares e requer participação de uma equipe com um largo campo de 
experiência de modo a tratar compreensivelmente com as múltiplas facetas do problema da 
gestão de resíduos. Gestão é a execução de painéis planificados de modo a atingir os resultados 
desejados”. 
Gestão de resíduos sólidos pode ser definida como um controlo de produção, armazenamento, 
recolha, transferência e transporte, processamento, tratamento e destino final dos resíduos 
sólidos, de acordo com os melhores princípios de preservação da saúde pública, economia, 
conservação dos recursos, estética e outros princípios ambientais. 
TCHOBANGLOUS (1977) citado por Caixeta (2003), sublinha que o sistema de gestão de 
resíduos sólidos agrupam-seem: geração, acondicionamento, armazenamento, recolha, 
transporte, tratamento e deposição final. 
Gestão dos Resíduos Sólidos Produzidos na Fábrica de Painéis Solares de Moçambique 
 
Dário Afonso UDM Página 12 
 
 
Fonte: Barrato (2009) 
Modernamente entende-se que a gestão dos resíduos sólidos passa por diversos pilares 
estruturantes que constituem uma política integrada, de que se destacam: adopção de sistemas 
integrados, baseada na redução na fonte, na reutilização de resíduos, na reciclagem, e a 
deposição final. 
Segundo o Manual de Gestão de Resíduos Sólidos I, objecto de estudo na cadeira de gestão de 
resíduos sólidos (2013), identifica os elementos funcionais do sistema de gestão de resíduos que 
integram as seguintes etapas: 
a) Produção e acumulação de resíduos; 
b) Recolha; 
c) Transporte e transferência; 
d) Tratamento e 
e) Disposição final dos resíduos sólidos, para além da limpeza dos lugares públicos. 
A taxa de produção de resíduos sólidos é dada pela seguinte expressão: 
X kg/hab./Dia + Y kg/hab./Dia 
Legenda 
X: Resíduos domiciliares 
Y: Resíduos de limpeza de lugares públicos e de construção civil. 
Gestão dos Resíduos Sólidos Produzidos na Fábrica de Painéis Solares de Moçambique 
 
Dário Afonso UDM Página 13 
 
2.6. Principais instrumentos legais que regulam os resíduos sólidos 
As acções, que actuam no desenvolvimento das operações de gestão de resíduos com qualidade e 
em um sistema bem estruturado, necessitam de instrumentos legais que as fundamentem. Neste 
sentido, consta na tabela (2) a síntese dos principais instrumentos legais usados no processo de 
gestão de resíduos sólidos (GRS). 
Tabela 2: Principais dispositivos legais que regulam a GRS 
Dispositivo 
Legal 
Órgão 
Componente 
Fundamento 
Artigos 
importantes 
Âmbito 
Lei Fundamental 
Constituição da 
República 
(2004) 
Assembleia da 
República (AR) 
E a Lei das Leis (Lei 
Mãe). – Lei fundamental 
de Moçambique 
90.º - Consagra 
o Direito ao 
Ambiente 
Nacional 
Politicas Governamentais 
Política do 
Ambiente 
Conselho de 
Ministro através 
da Resolução nº 
5/95 de 3 de 
Agosto 
Atingir o objectivo de 
assegurar um 
desenvolvimento 
sustentável e protecção do 
ambiente 
Instrumento 
fundamental 
para a criação 
da actual lei do 
ambiente 
Nacional 
Leis Ordinárias (aprovadas pela Assembleia da Republica ou por Resoluções da 
Assembleia Municipal) 
Lei 20/97, de 1 
de Outubro - 
Lei do 
Ambiente 
Ministério para a 
Coordenação da 
Acção Ambiental 
(MICOA) 
Atribuir ao Governo, 
elaborar e executar 
programas de gestão 
sustentável 
Art.º 4º, 5º,7º, 
8º,10º 
Nacional 
Lei 2/97, de 18 
de Fevereiro - 
Lei das 
Autarquias 
Locais 
Autarquias Locais 
Atribuir às autarquias 
locais a co-
responsabilidade de 
defender o meio ambiente, 
garantir o saneamento 
Art.º 6º, 11º, 
14º 
Local 
Gestão dos Resíduos Sólidos Produzidos na Fábrica de Painéis Solares de Moçambique 
 
Dário Afonso UDM Página 14 
 
básico e a qualidade de 
vida 
Lei n.º 11/97, 
de 31 
de Maio, Lei 
das 
Finanças e 
Património 
das Autarquias 
Autarquias 
Locais 
Normar as Finanças e 
Património Autárquico 
Artº 3º, 4º, 
13º, 70º, 
Local 
Postura de 
Limpeza 
Assembleia 
Municipal de 
Maputo 
Limpeza da Cidade 
Artº 1º, 3º, 28º, 
50º e Tabelas 
Local 
Regulamento 
da Gestão de 
Resíduos 
Sólidos 
Assembleia 
Municipal da 
Maputo 
Limpeza Urbana 
Todo 
Documento 
Local 
Nova 
Estratégia de 
Gestão de 
Resíduos 
Sólidos e 
alteração do 
valor da Taxa 
de 
Limpeza 
Assembleia 
Municipal de 
Maputo 
Limpeza da Cidade 
Todo 
Documento 
Local 
Fonte: Adaptada por NASSEL em Manual de Gestão de Resíduos Sólidos I 
2.7. Acondicionamento de resíduos sólidos 
(LEALDINI, 2006) citado por Barrato 2009, defende que o acondicionamento dos resíduos 
sólidos consiste no preparo dos mesmos para a colecta de forma adequada, visando evitar os 
acidentes, a proliferação de vectores, a minimização do impacto visual, e facilitar a sua colecta. 
A escolha correcta dos recipientes para o acondicionamento deve ser em função das 
características do resíduo, da geração, da frequência da colecta, do tipo de edificação e do preço 
do recipiente. 
Segundo Leite (2006) citado por Baratto (2009), o acondicionamento constitui a fase de pré-
colecta, entendida como o acto de embalar em sacos plásticos ou outras embalagens 
Gestão dos Resíduos Sólidos Produzidos na Fábrica de Painéis Solares de Moçambique 
 
Dário Afonso UDM Página 15 
 
recomendadas, de acomodar em recipientes ou contentores adequados e padronizados, os 
resíduos para fins de colecta e transporte. 
MONTEIRO e outros (2001) citados por Fernando (2013) afirmam que a qualidade da operação 
de colecta e transporte de resíduos dependem da forma adequada do seu acondicionamento, 
armazenamento e da disposição dos recipientes no local, dias e horários estabelecidos pelo órgão 
de limpeza para a colecta. 
O processo de acondicionamento dos resíduos deve começar no local onde os resíduos são 
produzidos (MICOA, 2006). 
A forma de acondicionamento dos resíduos dependerá da quantidade e da composição dos 
resíduos gerados, do tipo e da frequência da colecta. É muito importante conhecer as quantidades 
dos resíduos, assim possibilitará calcular a capacidade e o tipo de equipamentos para o seu 
acondicionamento. 
2.7.1.Importância do acondicionamento adequado dos resíduos 
(SIQUEIRA, 2001) refere que a importância do acondicionamento adequado dos resíduos está 
em: 
 Evitar acidentes; 
 Evitar a ploriferação de vectores; 
 Minimizar o impacto visual e olfactivo; 
 Reduzir a heterogeneidade dos resíduos; 
 Facilitar a realização da etapa de colecta. 
2.8. Deposição final dos resíduos sólidos 
Nascimento (2007), citado em “Diagnóstico do Gerenciamento dos Resíduos Sólidos nos 
Municípios da Quarta Colónia de Imigração Italiana do Rs” defende que a disposição final dos 
resíduos sólidos é a etapa final da sua gestão e representa as preocupações para as administrações 
municipais, pois mesmo com o tratamento ou aproveitamento dos resíduos ainda permanece o 
rejeito (NASCIMENTO, 2007). 
Gestão dos Resíduos Sólidos Produzidos na Fábrica de Painéis Solares de Moçambique 
 
Dário Afonso UDM Página 16 
 
Com o crescimento das cidades e o desenvolvimento industrial, o desafio dos resíduos não 
consiste apenas na sua remoção, mas principalmente, em dar um destino final adequado aos 
resíduos colectados. 
O Manual de Gestão de Resíduos Sólidos I, objecto de estudo na cadeira de gestão de resíduos 
sólidos (2013), sublinha que o problema da disposição final assume uma magnitude alarmante 
em Moçambique. O que parece acontecer é uma acção generalizada das administrações públicas 
locais cuja preocupação é apenas de afastar o lixo das zonas urbanas, depositando-o em locais 
absolutamente inadequados, como encostas, florestas, zonas de mangais, rios, baías e vales e ou 
abrindo lixeiras a céu aberto como é o caso da zona de Hulene e Malhampasene arredores dos 
municípios de Maputo e Matola. 
A produção de resíduos sólidos é uma actividade diária resultante das acções desencadeadas porcerta actividade, onde a quantidade e variabilidade de resíduos encontrados são depositados em 
lixeiras municipais ou aterros sanitários. 
Os resíduos produzidos na fábrica de painéis solares (FPS) tem uma particularidade de não serem 
perigosos, e não obstante a isto, poderão merecer um tratamento adequado julgando pelas 
características e quantidades de cada resíduo produzido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Gestão dos Resíduos Sólidos Produzidos na Fábrica de Painéis Solares de Moçambique 
 
Dário Afonso UDM Página 17 
 
III. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO 
3.1. Localização da área de Estudo 
A Fábrica de Painéis Solares está localizada na localidade de Beleluane, Posto Administrativo da 
Matola-Rio, distrito de Boane, Província de Maputo. 
 
 
Gestão dos Resíduos Sólidos Produzidos na Fábrica de Painéis Solares de Moçambique 
 
Dário Afonso UDM Página 18 
 
3.2. Caracterização da fábrica de painéis solares 
A fábrica foi oficialmente inaugurada em Novembro de 2013, contando actualmente com cerca 
de 40 trabalhadores, sendo que 20 estão directamente ligados à área de montagem dos painéis 
solares. A fábrica de painéis solares é propriedade do Governo Moçambicano, sendo tutelado 
pelo Fundo de Energia – FUNAE. 
A fábrica é constituída por dois edifícios, sendo o edifício principal onde alberga a recepção, 
escritórios, uma copa, duas casas de banho, a área de montagem dos painéis que comparta dois 
armazéns, (um de matéria-prima e outro de produto acabado). O segundo edifício é composto por 
uma enfermaria, cantina, balneários, armazém de depósito de combustível e gerador e guarita. 
No recinto da fábrica encontra-se um vasto jardim e um parque de estacionamento de viaturas. 
 
Fig.1: Imagem frontal da fábrica de painéis solares de Moçambique 
A área de montagem dos painéis solares é composta por um armazém de matéria-prima e um 
armazém de produto acabado, sendo que nesta área produz-se bastantes resíduos no acto da 
montagem dos painéis. Os principais tamanhos de painéis produzidos pela fábrica são: 
 Painéis de 10 Wp; 
 Painéis de 75 Wp; 
 Painéis de 100 Wp; 
 Painéis de 150 Wp. 
Gestão dos Resíduos Sólidos Produzidos na Fábrica de Painéis Solares de Moçambique 
 
Dário Afonso UDM Página 19 
 
3.3. Principais actividades de produção de resíduos na fábrica 
O local onde se produz grande quantidade de resíduos dentro da fábrica é a área de montagem 
dos painéis. Neste local os resíduos são produzidos diariamente consoante as fases de montagem 
dos painéis. As actividades de produção dos resíduos na fábrica são descritos abaixo: 
1ª Actividade: Consiste na preparação da matéria-prima que visa seleccionar os materiais que 
serão usados durante as actividades. Este é um dos processos que gera mais resíduos de papel, 
papelão e plástico, pois os materiais são retirados de caixa de papel embrulhadas em plásticos, ou 
em papel caqui. 
2ª
 
Actividade: A segunda actividade que tem gerado também resíduos, é o corte das células 
fotovoltaicas. As células são cortadas de modo a se obterem células com potencialidades 
inferiores que possibilitem a produção de módulos com potências menores requeridas. 
3
a
 Actividade: O processo da montagem dos painéis solares, que consiste na selecção da matéria-
prima, o corte das células fotovoltaicas, corte de Eva
3
, corte do backsheet, corte do ribbon
4
, a 
lavagem do vidro, soldadura automática das células, colocação da Eva sobre o vidro, colocação 
do backsheet, a laminagem, o corte das rebarbas, a emolduração, são actividades que geram 
resíduos diversos (riibbon, backsheete rebarbas). 
4
a
 Actividade: Os resíduos orgânicos são produzidos, na copa e nos escritórios, no período em 
que os técnicos têm efectuado os seus lanches. Estes resíduos são depositados em caixotes 
existentes nos escritórios e na copa. No fim do dia estes resíduos são acondicionados juntamente 
com os diversos resíduos produzidos na fábrica. 
Os principais resíduos produzidos pela fábrica de painéis solares são: 
 Papel e Papelão; 
 Plásticos, 
 Metal; 
 Resíduos orgânicos; 
 Outros (Esferovites, Células e Rebarbas). 
 
3
 Eva é uma matéria-prima usada na produção dos painéis solares, é caracterizado por ser um material leve, macio, 
branco, que é colocado por cima do vidro que suporta as células fotovoltaicas. 
4
Ribbon é um material metálico, composto por chumbo e estanho, que é usado como fita condutora nos painéis 
solares. 
Gestão dos Resíduos Sólidos Produzidos na Fábrica de Painéis Solares de Moçambique 
 
Dário Afonso UDM Página 20 
 
3.4. Caracterização dos resíduos produzidos na fábrica 
Duma observação efectuada na fábrica de painéis solares, foram identificadas as diferentes 
tipologias de resíduos, subdivididos em função da possibilidade que existe em Maputo de 
reciclar ou não, que são descritas na tabela abaixo: 
Tabela 3: Principais resíduos produzidos na fábrica 
Principais Resíduos Possibilidades de tratamento 
Papel, papelão e cartão Recicláveis 
Plástico Reciclável 
Metal Reciclável 
Resíduos orgânicos Não reciclável 
Outros (esferovite, células, backsheet e 
rebarbas). 
 Não reciclável 
3.4.1.Papel e Papelão 
Os resíduos de papel, papelão e cartão, são materiais constituídos por elementos fibrosos de 
origem vegetal, geralmente distribuído sob a forma de folhas ou rolos. São diversificados pelo 
tamanho, cor, peso, textura. O material é feito a partir de uma espécie de pasta desses elementos 
fibrosos, secada sob a forma de folhas, que por sua vez são frequentemente utilizadas para 
escrever, desenhar, imprimir, embalar, e diversas actividades. 
Os resíduos produzidos na fábrica são provenientes das caixas, rolos contendo matéria-prima 
para montagem dos painéis solares. Geralmente os resíduos de papel são reciclados para o 
aproveitamento comercial. 
Na fábrica as duas tipologias de papel são derivadas de dois sectores, do escritório que consistem 
em restos de papel A4 e resmas de papel e a segunda tipologia é o papel caqui que provem do 
embrulho da matéria-prima que é usada para a montagem dos painéis solares. Os papelões 
produzidos geralmente são as caixas e os rolos de papel que contem também matéria-prima para 
a produção dos painéis. 
Gestão dos Resíduos Sólidos Produzidos na Fábrica de Painéis Solares de Moçambique 
 
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Fig.2: Papel produzido na fábrica 
 
 
Fig.3: Papelão produzido pela fábrica. 
3.4.2.Plástico 
Plásticos são materiais formados pela união de grandes cadeias moleculares chamadas polímeros. 
São produzidos através de um processo químico chamado polimerização. Os resíduos plásticos 
são caracterizados por ser um produto leve, o que motiva o seu uso nos vários ramos das 
indústrias. 
Gestão dos Resíduos Sólidos Produzidos na Fábrica de Painéis Solares de Moçambique 
 
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Na fábrica são produzidos diversos resíduos de plásticos como garrafas plásticas de água 
mineral, plástico normal e caixas plásticas que contêm as células fotovoltaicas. 
O plástico é um material que é de fácil tratamento, bem como de sua gestão devido a sua 
composição que o torna bastante leve. 
A) B) C) 
Fig.4: A) Plástico normal, B) Caixa plásticae C) Garrafa plástica de água. 
3.4.3.Metal 
Um dos resíduos produzidos na fábrica de painéis solares é o metal. Este é derivado da soldagem 
dos painéis, que resultam em pequenos pedaços de estanho bem como de pequenos pedaços de 
ribbon que é usado como matéria-prima na produção dos painéis solares. De salientar que 
também são produzidos resíduos de metais derivados de latas de refrigerantes, frequentes na 
fábrica. 
Os metais são um dos materiais com maior potencial de reciclagem. As suas características 
físico-químicas permitem uma reutilização quase ilimitada, podendo com tecnologias mais ou 
menos complexas, obter material com características semelhantes, ou chegando mesmo a 
materiais mais nobres. 
Os resíduos de metal produzidos na fábrica são caracterizados por serem considerados metais 
não ferrosos, isto é são sujeitos aos diferentes e adequados processos de valorização. 
Gestão dos Resíduos Sólidos Produzidos na Fábrica de Painéis Solares de Moçambique 
 
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A) B) 
Fig.5: A) ribbon e B)latas produzidas na fábrica 
A principal vantagem dos metais em relação aos outros materiais recicláveis é que as suas 
características não são alteradas com o processo de reciclagem, podendo ser reciclados várias 
vezes (Williams, 2005). 
3.4.4.Resíduos Orgânicos 
Os resíduos orgânicos são todos os resíduos de origem vegetal ou animal, ou seja, todo lixo 
originário de um ser vivo. Este tipo de resíduo é produzido nas residências, escolas, empresas e 
pela natureza. 
Na actualidade esses tipos de resíduos são considerados poluentes e quando acumulado o resíduo 
orgânico muitas vezes pode tornar-se inatrativo e mal cheiroso, normalmente devido à 
decomposição destes produtos. Mas caso não haja o mínimo de armazenamento desses resíduos 
cria-se um ambiente propício ao desenvolvimento de microrganismos que muitas vezes podem 
ser agentes causadores de doenças. Quanto as características físicas os resíduos orgânicos da 
fábrica são classificados em molhados e secos, apresentando alguns restos de resíduos um teor de 
humidade bastante elevado. 
3.4.5.Outros resíduos (esferovite, células e rebarbas) 
Os outros resíduos produzidos na fábrica são de tipologias diferentes, mas apresentam uma 
semelhança, visto que são produzidos na área de montagem dos painéis. Estes resíduos são de 
pequenas fragrâncias, por exemplo, as células fotovoltaicas que em termos de resíduos a sua 
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produção é muito menor em relação aos outros resíduos, pois estas só se tornam resíduos quando 
as mesmas se quebram e não tem possibilidades de reutilização. As células fotovoltaicas, são 
matérias cristalinas usadas como matéria-prima principal para a montagem dos painéis solares. 
As células fotovoltaicas são responsáveis pela absorção da radiação solar que incidem sobre o 
painel para a geração de energia. 
A esferovite é um poliestireno branco leve mas robusto que resiste ao envelhecimento. A 
esferovite oferece uma relação privilegiada exemplar entre o custo, o benefício e pela sua 
extensa durabilidade. Este material vem em pequenas caixas plásticas contendo células 
fotovoltaicas, serve com protector das células para eventual risco de quebra. 
As rebarbas são restos de materiais cortados no acto de moldagem dos painéis, este material 
apresenta uma massa volumétrica bastante leve, por isso a sua pesagem foi juntamente feita com 
a esferovite e as células. Estes três componentes apresentam uma característica em comum por 
não serem classificados como resíduos perigosos, podendo ter um tratamento igual aos restantes 
resíduos, que é a deposição em lixeiras. 
3.5. Situação actual dos resíduos na área de estudo 
Actualmente a fábrica de painéis solares contratou serviços de uma empresa de terceiros
5
para 
tratar da limpeza da fábrica. A mesma, simplesmente recolhe os resíduos no inicio das 
actividades (9:00 horas) e no fim das actividade (15:30 horas) e os deposita num local 
actualmente identificado pela fábrica para o acondicionamento dos mesmos. A empresa ora 
contratada simplesmente recolhe os resíduos sem nenhuma separação, coloca-os em sacos 
plásticos pretos e os acondiciona no ponto ora definido. 
 
5
Emovisa Ltd 
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Fig.6: Local actual de acondicionamento dos resíduos 
 
Fig.7: Resíduos acondicionados sem nenhum processo de separação 
No interior da fábrica, na área de montagem de painéis solares, têm disponíveis dois caixotes de 
lixo, devidamente identificados, com etiquetas que definem a tipologia dos resíduos a serem 
depositados. Neste local a separação é feita com deficiência, visto que os equipamentos 
disponíveis não são suficientes para a actividade, e os técnicos não tem obedecido o descrito nas 
etiquetas coladas nos caixotes, consequentemente os resíduos todos ficam misturados. 
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Fig.8: Balde de lixo para restos de papel 
 
Fig.9:Balde de lixo para restos de rebarbas 
 
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3.6. Proposta do sistema de gestão de resíduos na Fábrica de Painéis Solares 
A separação dos resíduos é fundamentalmente por uma questão de bom senso, de 
responsabilidade e de hábito, fazendo parte de uma cultura de trabalho. Os co-produtores de 
resíduos, têm um “Know-how” para identificar e separar correcta e eficazmente os resíduos 
produzidos (Pereira, 1999). 
O fato de existirem resíduos gerados e a necessidade de descartá-los origina uma cadeia de 
procedimentos, a qual envolve a organização de um sistema de gestão desses resíduos (Gunther, 
2008). Esse sistema contempla um conjunto de actividades que compreende as etapas de: 
acondicionamento, colecta, transporte, tratamento e disposição final. 
A proposta de desenvolver um sistema na fábrica permitirá garantir a boa gestão dos resíduos 
produzidos no acto da montagem dos painéis solares, bem como de diversas actividades 
desenvolvidas que possam gerar resíduos. 
O sistema deverá identificar pontos ecológicos para o acondicionamento de resíduos, através da 
aquisição e colocação de contentores adequados, diferenciados por cores em caso de existência 
no mercado e com etiquetas informativas em cada ponto estratégico de produção de resíduos na 
fábrica. 
O sistema de gestão de resíduos engloba no todo ou em parte as seguintes componentes técnicas: 
a) Remoção; 
b) Acondicionamento e; 
c) Deposição final. 
Os resíduos uma vez produzidos, deverão ser depositados de forma selectiva nos contentores a 
serem alocados nos pontos previamente definidos, permitindo assim uma identificação clara da 
sua origem e do tipo de resíduo. Os contentores propostos devem ser facilmente manuseáveis e 
resistentes, garantindo assim maior tempo de vida útil dos mesmos. 
 
 
 
 
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IV. APRESENTAÇÃO DOSRESULTADOS 
4.1. Quantificação dos resíduos produzidos na fábrica 
Após a categorização dos resíduos e identificação dos resíduos produzidos pela fábrica, 
procedeu-se à sua quantificação. Esta etapa foi efectuada em 4 semanas, sendo que os resíduos 
eram pesados a cada sexta-feira da semana. 
Este processo dividiu-se em duas fases – na primeira fase quantificaram-se os resíduos sólidos 
recicláveis (papel e papelão, plástico e metal) e na segunda fase quantificou-se a totalidade de 
resíduos cuja natureza não se encontra susceptível ao processo da reciclagem (resíduos orgânicos 
e outros (células, esferovite, rebarbas)). 
Para a quantificação dos resíduos da fábrica, foram acumulados os resíduos produzidos 
semanalmente e em função disso de acordo com as recolhas efectuadas obteve-se a quantidade 
total dos resíduos num período de 4 semanas. 
As quantificações obtidas na fábrica durante as actividades de campo, podem ser observadas na 
tabela abaixo: 
Tabela 4: Quantidade dos resíduos sólidos produzidos na fábrica 
Tipologia de 
resíduos 
Quantidades Pesadas kg/semana Total dos resíduos por 
tipologia (kg/mês) Semana1 Semana 2 Semana 3 Semana 4 
Papel e Papelão 20kg 19.5kg 15.5kg 25.5kg 80.5kg/mês 
Plástico 4.3kg 4.8kg 4.1kg 4.8kg 18kg/mês 
Metal 0.8g 0.6kg 0.8kg 1kg 3.2kg/mês 
Resíduos 
orgânicos 
1.3kg 1.3kg 1kg 1.8kg 5.4kg/mês 
Outros 
(Esferovite, 
células e ribbon) 
6kg 4kg 4.5kg 3kg 17.5kg/mês 
Total 32.4kg 30.2kg 25.9kg 36.1kg 126.6kg/mês 
Em função da tabela das quantificações dos resíduos, foi possível elaborar o gráfico da evolução 
de produção dos resíduos por semana, conforme ilustra a figura 10. 
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Fig.10: Evolução da produção dos resíduos por semana 
A figura 10 ilustra a evolução da produção dos resíduos por semana, onde de acordo com as 
quantidades pesadas, pode notar-se que há oscilações de produção dos resíduos em cada semana. 
Conforme o gráfico a quantidade de resíduos produzidos nas semanas 1 e 4 são elevadas em 
relação as semanas 2 e 3 que apresentam uma baixa de produção dos mesmos. 
Estas oscilações de produção de resíduos na fábrica, podem ser observadas em termos de 
percentagem no gráfico ilustrado na figura 11 abaixo. 
 
Fig.11: Evolução percentual dos resíduos por semana 
 
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Semana 1 Semana 2 Semana 3 Semana 4Q
u
a
n
ti
d
a
d
e 
d
o
s 
re
sí
d
u
o
s 
p
ro
d
u
zi
d
o
s 
 
(k
g
/s
em
a
n
a
) 
Período de acumulação dos resíduos (semanas) 
26% 
24% 21% 
29% 
Evolução percentual dos resíduos por semana 
Semana 1
Semana 2
Semana 3
Semana 4
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Os resultados da figura 11 demonstram a evolução percentual dos resíduos na fábrica, onde foi 
possível observar que na semana 1 houve uma produção de resíduos na ordem de 26%, enquanto 
a semana 2 a produção baixou para 24% uma, diferença de 2%. Da semana 2 a semana 3 a 
redução em percentagem de produção atingiu 3%, pois a semana 3 apresentava uma produção de 
21% podendo se notar o acréscimo de 1% na redução em função das primeiras semanas em 
análise. Da semana 3 a semana 4 foi possível observar que a produção dos resíduos aumentou 
dos 21% para os 29%, perfazendo um aumento de 8%. Assim fazendo uma comparação directa 
aos resultados pode-se observar que a primeira e a última semana foram as que mais produziram 
resíduos na fábrica. 
 
Fig.12: composição dos resíduos sólidos produzidos na fábrica 
Através da observação da figura 12 pode constatar-se que a maioria dos resíduos produzidos na 
fábrica é o papel e papelão, atingindo 65% da produção relativamente a outros resíduos. O 
plástico e os outros resíduos (esferovite, células e rebarbas) seguem em segundo lugar com uma 
percentagem de 14% ambos. Os resíduos orgânicos e o metal, são os resíduos com uma 
percentagem reduzida de produção, com o gráfico a demonstrar 4% e 3% respectivamente. 
65% 
14% 
3% 
4% 
14% 
Composição dos resíduos sólidos produzidos na fábrica 
Papel e Papelão
Plástico
Metal
Resíduos Orgânicos
Outros (Esferovite, células
e rebarbas)
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4.2. Dimensionamento dos equipamentos para gestão dos resíduos 
Os equipamentos a utilizar no sistema proposto, podem ser dimensionados em função da 
quantidade de resíduos produzidos na fábrica e em função disso, será feita a respectiva 
distribuição dos contentores diferenciados em pontos estratégicos identificados na fábrica. 
Com base nas fórmulas obtidas na bibliografia consultada e com a quantidade dos resíduos 
pesados na fábrica foi possível efectuar os cálculos para o dimensionamento dos equipamentos. 
Os cálculos para determinar a capacidade dos contentores, foram feitos após o cálculo do volume 
dos resíduos produzidos na fábrica, conforme ilustra abaixo: 
Fórmula: 𝑽 =
𝒎
𝜹
 
Sendo: 
V - Volume dos resíduos produzidos por semana, medidos em metros cúbicos (m
3
); 
m - Massa dos resíduos produzidos na fabrica, medidas em kilogramas por semana (kg/semana); 
δ - Peso específico de cada tipologia de resíduos produzidos na fábrica, medido em (kg/m3). 
 
𝑽𝑷/𝑷 =
80.5𝑘𝑔
82 𝑘𝑔
𝑚3
= 0.98𝑚3 𝑽𝑷 =
18𝑘𝑔
64 𝑘𝑔
𝑚3
= 0.28𝑚3 
𝑽𝑴 =
3.2𝑘𝑔
237 𝑘𝑔
𝑚3
= 0.013𝑚3 𝑽𝑹𝑶 =
5.4𝑘𝑔
250 𝑘𝑔
𝑚3
= 0.021𝑚3 
𝑽𝑶 =
17.5𝑘𝑔
367 𝑘𝑔
𝑚3
= 0.048𝑚3 
Onde: 
Vp/p = volume do papel e papelão; 
VP = volume dos plásticos; 
VM = volume dos metais; 
VRO = volume dos resíduos orgânicos; 
VO= volume dos outros resíduos. 
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O valor do peso específico aplicado no cálculo do volume, é um valor universal usado para o 
cálculo de dimensionamento de equipamentos. Estes valores foram obtidos na literatura usada 
neste trabalho e nas aulas da cadeira de gestão de resíduos sólidos (2013). 
Obtidos os valores dos volumes de cada tipologia de resíduo, seguiu-se o cálculo da capacidade 
dos equipamentos (contentores) propostos para o sistema, conforme ilustra abaixo: 
Fórmula:𝑪𝒄 =
𝑽
𝝉
 
Sendo: 
Cc– Capacidade dos contentores 
V – Volume dos resíduos produzidos na fábrica 
τ – Taxa de uso dos contentores (0.65) 
𝑪𝑷
𝑷
=
0.98𝑚3
0.65
= 1.5𝑚3 𝑪𝑷 =
0.28𝑚3
0.65
= 0.4𝑚3 
𝑪𝑹𝑶 =
0.021𝑚3
0.65
= 0.02𝑚3 𝑪𝑴 =
0.013𝑚3
0.65
= 0.02𝑚3 
𝑪𝑶 =
0.048𝑚3
0.65
= 0.07𝑚3 
Onde: 
CP/p = Capacidade dos contentores para papel e papelão; 
CP = Capacidade dos contentores para plásticos; 
CM = Capacidade dos contentores para metais; 
CRO = Capacidade dos contentores para os resíduos orgânicos; 
CO = Capacidade dos contentores para os outros resíduos. 
Para o cálculo da capacidade dos contentores para a fábrica foi usada uma taxa de uso dos 
contentores de 65% (0.65), devido ao nível de consciência ambiental dos trabalhadores da 
fábrica. Em função disso foi possível entender que os trabalhadores não dão o devido tratamento 
aos resíduos, os mesmos

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