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UNIVERSIDADE TÉCNICA DE MOÇAMBIQUE ÁREA DE FORMAÇÃO EM CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS LICENCIATURA EM ENGENHARIA AMBIENTAL E GESTÃO DE DESASTRES Gestão dos Resíduos Sólidos Produzidos na Fábrica de Painéis Solares de Moçambique Monografia apresentada em cumprimento parcial dos requisitos exigidos para a obtenção do grau de licenciatura em ciências tecnológicas com orientação em Engenharia Ambiental e Gestão de Desastres na Universidade Técnica de Moçambique Dário Afonso Custódio Maputo, Outubro de 2014 Gestão dos Resíduos Sólidos Produzidos na Fábrica de Painéis Solares de Moçambique Monografia apresentada em cumprimento dos requisitos exigidos para a obtenção do grau de licenciatura em ciências tecnológicas, Engenharia Ambiental e Gestão de Desastres na Universidade Técnica de Moçambique Dário Afonso Custodio LICENCIATURA ORIENTADA EM ENGENHARIA AMBIENTAL E GESTÃO DE DESASTRES ÁREA DE FORMAÇÃO EM CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS UNIVERSIDADE TÉCNICA DE MOÇAMBIQUE Tutor: Dr. Constantino Wilson Nassel Maputo, Outubro de 2014 O JÚRI: O Presidente O Tutor O Arguente Data ………………….. …………………... ………………………. ……/………/…….. Gestão dos Resíduos Sólidos Produzidos na Fábrica de Painéis Solares de Moçambique Dário Afonso UDM DECLARAÇÃO DE HONRA ......................................................................................................... I DEDICATÓRIA ............................................................................................................................. II AGRADECIMENTOS ................................................................................................................. III Lista de Abreviaturas .................................................................................................................... IV Lista de Tabelas ............................................................................................................................. V Lista de Figuras ............................................................................................................................. VI Lista de Anexos............................................................................................................................ VII RESUMO ................................................................................................................................... VIII Gestão dos Resíduos Sólidos Produzidos na Fábrica de Painéis Solares de Moçambique Dário Afonso UDM Página I DECLARAÇÃO DE HONRA “Eu, Dário Afonso Custódio, declaro que este Trabalho de Diploma nunca foi apresentado na sua essência para obtenção de qualquer grau académico e ele constitui o resultado da minha pesquisa pessoal e que para a elaboração do mesmo foram usadas as fontes indicadas na bibliografia.” Maputo, Outubro de 2014 ------------------------------------------------------------- Dário Afonso Custódio Gestão dos Resíduos Sólidos Produzidos na Fábrica de Painéis Solares de Moçambique Dário Afonso UDM Página II DEDICATÓRIA Dedico este trabalho a duas pessoas muito especiais para mim e que contribuíram de forma determinante e significativa, com grande sacrifício e amor para que hoje alcance o sonho de me tornar Engenheiro, trata-se da minha amada mãe Ana Maria Afonso Pedro e da minha querida Avó Maria Paulo Maia. BEM-HAJAM, Minhas Mulheres. Gestão dos Resíduos Sólidos Produzidos na Fábrica de Painéis Solares de Moçambique Dário Afonso UDM Página III AGRADECIMENTOS Nenhum trabalho desta natureza é obra exclusiva do seu autor, por isso muito devo aos meus docentes do curso de Engenharia Ambiental na UDM, que me esclareceram e me dotaram de noções teóricas e práticas necessárias para amadurecimento e cristalização dos meus conhecimentos. Ao meu supervisor Dr, Constantino Nassel, pelo seu apoio incondicional, paciência e bastante atenção no desenvolvimento do meu trabalho, o meu muito obrigado. O meu agradecimento vai a todos os funcionários do Fundo de Energia – FUNAE e da Fábrica de Painéis Solares, em especial à excelentíssima Dra. Miquelina Menezes – Presidente do Conselho de Administração pela oportunidade que me concedeu para estagiar na sua instituição e desenvolver o meu trabalho de tese na Fábrica de Painéis Solares de Moçambique. Os meus agradecimentos são extensivos aos meus colegas da Divisão de Qualidade e Ambiente do FUNAE, a Eng.ª Isália, Eng.ª Nelsia, Eng.ª Nelsa, Eng.ª Belmira e ao Dr. Ismael Chale, pelo apoio e ensinamentos disponibilizados ao longo do meu período de estágio na instituição. Aos meus colegas que durante 4 anos estiveram do meu lado incondicionalmente, nomeadamente: Vanessa Gaspar, Rosa Marcelino, Suzana Kanduma, Sílvia Cavele, Gercia da Paiva, Dionízia Macia, vai o meu muito obrigado, em especial a Edson Uetimane pelo apoio em todos momentos bons e maus que passamos durante esta longa caminhada obrigado pelo apoio prestado. Um agradecimento profundo vai a minha família, aos irmãos da minha mãe (meus tios), as minhas irmãs Aissa (em memória), Nedinha e Ledita, aos meus primos, meus sobrinhos, o meu muito kanimambo. A todos meus amigos sem excepção e demais não mencionados, obrigado pela força. Por fim, mas não menos importante que todos aqui mencionados, à DEUS, pelo dom da vida, pela força e vontade para execução deste trabalho de monografia. Gestão dos Resíduos Sólidos Produzidos na Fábrica de Painéis Solares de Moçambique Dário Afonso UDM Página IV Lista de Abreviaturas ABNT…………….Associação Brasileira de Normas Técnicas FUNAE…………. Fundo de Energia FPS……………….Fábrica de Painéis Solares GRS………………Gestão de Resíduos Sólidos MICOA…………..Ministério para Coordenação da Acção Ambiental RS………………...Resíduos Sólidos RGS………………Regulamento Sobre a Gestão dos Resíduos RSI……………….Resíduos Sólidos Industriais Gestão dos Resíduos Sólidos Produzidos na Fábrica de Painéis Solares de Moçambique Dário Afonso UDM Página V Lista de Tabelas Tabela 1: Classificação dos resíduos sólidos. ................................................................................. 7 Tabela 2: Principais dispositivos legais que regulam a GRS ........................................................ 13 Tabela 3: Principais resíduos produzidos na fábrica ..................................................................... 20 Tabela 4: Quantidade dos resíduos sólidos produzidos na fábrica ............................................... 28 Tabela 5: Dimensionamento dos equipamentos ........................................................................... 33 Tabela 6: Capacidades dos contentores em litros ......................................................................... 34 Tabela 7: Custo dos equipamentos no mercado ............................................................................ 37 Tabela 8: Frequência derecolha dos resíduos na fábrica ............................................................. 39 Gestão dos Resíduos Sólidos Produzidos na Fábrica de Painéis Solares de Moçambique Dário Afonso UDM Página VI Lista de Figuras Fig.1: Imagem frontal da fábrica de painéis solares de Moçambique .......................................... 18 Fig.2: Papel produzido na fábrica ................................................................................................. 21 Fig.3: Papelão produzido pela fábrica. ......................................................................................... 21 Fig.4: A) Plástico normal, B) Caixa plástica e C) Garrafa plástica de água. ................................ 22 Fig.5: A) ribbon e B) latas produzidas na fábrica ......................................................................... 23 Fig.6: Local actual de acondicionamento dos resíduos ................................................................ 25 Fig.7: Resíduos acondicionados sem nenhum processo de separação .......................................... 25 Fig.8: Balde de lixo para restos de papel ...................................................................................... 26 Fig.9: Balde de lixo para restos de rebarbas ................................................................................. 26 Fig.10: Evolução da produção dos resíduos por semana .............................................................. 29 Fig.11: Evolução percentual dos resíduos por semana ................................................................. 29 Fig.12: Composição dos resíduos sólidos produzidos na fábrica ................................................. 30 Fig.13: Contentor de duas rodas com capacidade de 200 litros. ................................................... 35 Fig.14: Contentor sem rodas com capacidade de 70 litros ........................................................... 36 Fig.15: Contentor sem rodas com capacidade de 25 litros ........................................................... 36 Fig.16: Contentor de 4 rodas com capacidade de 1100 litros ....................................................... 37 Fig.17: Distribuição dos funcionários por sexo ............................................................................ 40 Fig.18: Distribuição dos funcionários por nível de escolaridade .................................................. 40 Fig.19: Identificação dos funcionários da fábrica ......................................................................... 41 Fig.20: Nível de conhecimento dos funcionários sobre os resíduos solídos................................. 41 Fig.21: Local de aquisição dos conhecimentos sobre resíduos sólidos ........................................ 42 Fig.22: Nível de aceitação do local onde são acondicionados os resíduos ................................... 42 Fig.23: Avaliação da actuação da fábrica na gestão dos resíduos ................................................ 43 Fig.24: Nível de promoção de actividades de educação ambiental na fábrica ............................. 43 Fig.25: Nível de aceitação da criação do sistema na fábrica ........................................................ 44 Gestão dos Resíduos Sólidos Produzidos na Fábrica de Painéis Solares de Moçambique Dário Afonso UDM Página VII Lista de Anexos Anexo I: Imagens registadas na fábrica no decurso das actividades de estudo de caso Anexo II: Questionário aplicado aos técnicos da fábrica de painéis solares Anexo III: Boletins de Pesagem dos Resíduos Anexo IV: Carta de pedido para realização do trabalho de pesquisa na fábrica de painéis solares Gestão dos Resíduos Sólidos Produzidos na Fábrica de Painéis Solares de Moçambique Dário Afonso UDM Página VIII RESUMO A presente monografia subordina-se ao tema, Gestão dos Resíduos Sólidos Produzidos na Fábrica de Painéis Solares de Moçambique. O estudo aborda a gestão dos resíduos sólidos que a fábrica de painéis solares produz. Estes resíduos são geridos de uma forma precária, pois somente são acondicionados sem nenhum processo de separação. A fábrica de painéis solares foi construída com o objectivo de instalar uma linha de montagem de módulos solares para apoiar o processo de electrificação descentralizada nas zonas rurais do país. Segundo os cálculos efectuados na pesagem dos resíduos, a fábrica produz mensalmente cerca de 126.6 kg de resíduos sólidos, que são acondicionados sem nenhuma separação no pátio da fábrica, propiciando assim um mau ambiente, devido a ploriferação de insectos e poluição visual. Verificou-se que a fábrica não dispõe de recipientes e equipamentos para o acondicionamento dos resíduos. O objectivo principal deste estudo é de desenvolver um sistema de gestão de resíduos sólidos que a fábrica produz, com vista a garantir o seu correcto a condicionamento. Para o correcto acondicionamento dos resíduos produzidos pela fábrica, foram dimensionados equipamentos com base nas quantidades de resíduos que a fábrica produz. As metodologias usadas para a realização do estudo, consistiram em entrevistas aos funcionários, observação directa na área de estudo e na consulta de várias literaturas ligadas ao tema em estudo. Como resultado deste estudo, foi possível quantificar, caracterizar os resíduos da fábrica, incluindo estimar a qualidade dos resíduos produzidos por semana. Foram feitos cálculos matemáticos para o dimensionamento de contentores e os respectivos números com capacidades adequadas para acondicionar as quantidades de resíduos produzidos pela fábrica. Com a pesquisa podemos concluir que a implementação do sistema na fábrica, irá contribuir bastante para a melhor gestão dos resíduos e os equipamentos propostos para o sistema irão viabilizar o processo de recolha dos resíduos na fábrica para a deposição final. As recomendações que se propõem no estudo são ferramentas que irão dar maior dinamismo naquilo que concerne à questões viradas ao meio ambiente e à gestão dos resíduos da fábrica. Palavras-chave: Resíduos sólidos, SGRS, acondicionamento de resíduos. Gestão dos Resíduos Sólidos Produzidos na Fábrica de Painéis Solares de Moçambique Dário Afonso UDM Índice……………………………………………………………………………………….Página I. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 1 1.1. Contexto .................................................................................................................................. 1 1.2. Problema .................................................................................................................................. 2 1.3. Objectivos do trabalho ............................................................................................................. 2 1.3.1. Objectivo Geral .............................................................................................................. 2 1.3.2. Objectivos Específicos ................................................................................................... 2 1.4. Justificativa ..............................................................................................................................2 1.5. Metodologia ............................................................................................................................. 3 1.5.1. Método ............................................................................................................................ 4 1.5.2. Análise de dados ............................................................................................................. 4 1.5.3. Tratamento de dados ...................................................................................................... 4 1.5.4. Materiais usados ............................................................................................................. 4 II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................................ 5 2.1. Definição de Conceitos ........................................................................................................... 5 2.2. Resíduos Sólidos Industriais (RSI) .......................................................................................... 8 2.3. Caracterização geral dos resíduos sólidos. .............................................................................. 9 2.3.1. Características Físicas .................................................................................................... 9 2.3.2. Características Químicas .............................................................................................. 10 2.3.3. Características Biológicas ............................................................................................ 10 2.4. Importância da caracterização qualitativa e quantitativa dos resíduos sólidos ..................... 10 2.5. Sistema de Gestão de Resíduos Sólidos ................................................................................ 11 2.5.1. Definição do Sistema de Gestão ................................................................................... 11 2.6. Principais instrumentos legais que regulam os resíduos sólidos ........................................... 13 2.7. Acondicionamento de resíduos sólidos ................................................................................. 14 2.7.1. Importância do acondicionamento adequado dos resíduos .......................................... 15 2.8. Deposição final dos resíduos sólidos ..................................................................................... 15 III. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ................................................................. 17 3.1. Localização da área de Estudo .............................................................................................. 17 3.2. Caracterização da fábrica de painéis solares ......................................................................... 18 3.3. Principais actividades de produção de resíduos na fábrica ................................................... 19 3.4. Caracterização dos resíduos produzidos na fábrica ............................................................... 20 3.4.1.PapelePapelão ............................................................................................................... 20 3.4.2.Plástico ......................................................................................................................... 21 3.4.3. Metal ............................................................................................................................. 22 3.4.4. Resíduos Orgânicos ...................................................................................................... 23 3.4.5. Outros resíduos (esferovite, células e rebarbas) ........................................................... 23 3.5. Situação actual dos resíduos na área de estudo ..................................................................... 24 3.6. Proposta do sistema de gestão de resíduos na Fábrica de Painéis Solares ............................ 27 Gestão dos Resíduos Sólidos Produzidos na Fábrica de Painéis Solares de Moçambique Dário Afonso UDM IV. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS ............................................................................ 28 4.1. Quantificação dos resíduos produzidos na fábrica ................................................................ 28 4.2. Dimensionamento dos equipamentos para gestão dos resíduos ............................................ 31 4.2.1. Custo dos equipamentos propostos para o sistema ...................................................... 37 4.3. Frequência de recolha dos resíduos ....................................................................................... 38 4.4. Resultados a partir do tratamento do questionário ................................................................ 39 4.4.1. Interpretação dos resultados obtidos no questionário ................................................... 39 V. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ..................................................................................... 45 5.1. Discussão ............................................................................................................................... 45 VI. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ............................................................................. 48 6.1. Conclusões ............................................................................................................................. 48 6.2. Recomendações ..................................................................................................................... 50 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................. 51 Gestão dos Resíduos Sólidos Produzidos na Fábrica de Painéis Solares de Moçambique Dário Afonso UDM Página 1 I. INTRODUÇÃO 1.1. Contexto Os problemas relacionados com os resíduos sólidos na sociedade actual são complexos, dada a quantidade e diversidade produzida diariamente e que têm vindo a aumentar ao longo dos tempos, com o desenvolvimento de diversas actividades a nível mundial. Em Moçambique a Gestão de Resíduos Sólidos é feita a nível das autarquias ou entidades administrativas distritais, que lidam com essas actividades. Sabe-se que a gestão dos resíduos sólidos depende de factores como: a economia, o grau de urbanização, dos hábitos e costumes das populações. Para que a gestão seja feita de forma ambientalmente segura e correcta, é necessário que haja uma integração dos diversos sectores envolvidos, desde a geração até a deposição final. O acondicionamento e o destino dos resíduos sólidos, trata-se de um problema que envolve questões ambientais, económicas e sociais, podendo ter graves consequências num futuro próximo. É preciso ter um posicionamento avançado e crítico, frente a esta situação, buscando uma alternativa viável e condizente com a realidade actual. De acordo com a realidade de cada região, várias são as alternativas que podem ser utilizadas para a gestão dos resíduos sólidos, entre elas o acondicionamento correcto dos resíduos gerados. O acondicionamento ideal do lixo é aquele que contempla a separação do lixo reciclável do orgânico para que se possa, através da reciclagem e da reutilização do que for possível, lançar o mínimo de resíduos ao ambiente. O acondicionamento dos resíduos no solo como é feito na fábrica de painéis solares de Moçambique, sem nenhum tratamento ou separação, oferece riscos à saúde pública e ao ambiente, pois este pode contaminar a água, provocar cheiros nauseabundos, e serve de abrigo para seres, tais como: ratos, moscas e microrganismos patogénicoscomo por exemplo: bactérias, fungos e vírus. Sendo assim, Reduzir, Reutilizar e Reciclar tornaram-se conceitos e sinais de modernidade que soam pelos quatro cantos do mundo. Não obstante, o lixo tornou-se num tema de actualidade, pela própria impossibilidade de continuar a escondê-lo ou ignorá-lo. Gestão dos Resíduos Sólidos Produzidos na Fábrica de Painéis Solares de Moçambique Dário Afonso UDM Página 2 A melhor forma de garantir a gestão dos resíduos da fábrica de painéis solares é implementar um sistema de gestão de resíduos através da recolha selectiva e o acondicionamento, o que pode contribuir para o ciclo de gestão de resíduos na Província de Maputo. É dentro deste contexto que este projecto de licenciatura foi realizado, com o propósito principal de propor um sistema de gestão dos resíduos sólidos produzidos na fábrica de painéis solares tendo como base a produção semanal dos resíduos na fábrica. 1.2. Problema A acumulação de resíduos, por seu lado pode alterar as propriedades físicas, químicas e biológicas do solo, alterando irreversivelmente as suas capacidades de auto-regeneração (Afonso:1998). Um dos problemas que se verifica na fábrica de painéis solares é a produção de resíduos sólidos, derivado das actividades de montagem de painéis. Actualmente a fábrica não possui um sistema adequado de gestão de resíduos gerados durante as suas actividades, sendo que estes são acumulados no chão do pátio da fábrica sem nenhum processo de tratamento. 1.3. Objectivos do trabalho 1.3.1.Objectivo Geral Desenvolver um Sistema de Gestão dos Resíduos Sólidos produzidos na Fábrica de Painéis Solares de Moçambique. 1.3.2.Objectivos Específicos III. Caracterizar a fábrica de painéis solares; IV. Descrever as actividades de produção de resíduos da fábrica; V. Caracterizar os resíduos produzidos na fábrica; VI. Dimensionar os equipamentos para a gestão dos resíduos; VII. Propor sistemas e medidas preventivas dos potenciais impactos. 1.4. Justificativa A escolha do tema tem uma grande relevância teórica na definição e identificação de medidas de mitigação pois possibilitará uma melhor gestão dos resíduos e poderá garantir que os resíduos produzidos tenham um tratamento adequado, com a implementação do sistema. Gestão dos Resíduos Sólidos Produzidos na Fábrica de Painéis Solares de Moçambique Dário Afonso UDM Página 3 A outra justificativa é da necessidade de contribuir com uma pesquisa de natureza científica que procure desenvolver uma solução dos problemas ambientais e de saúde pública provenientes da má gestão de resíduos, falta de planos de gestão, e que sirva de suporte para estudos similares em outros locais com problemas semelhantes. A área de estudo foi escolhida por esta não apresentar nenhum sistema de gestão de resíduos, e por apresentar sérios problemas na gestão dos seus resíduos, nomeadamente, mau acondicionamento e a poluição visual. De referenciar também que a motivação do desenvolvimento do presente tema deve-se ao facto da dificuldade que a fábrica se depara para proceder à recolha de resíduos sólidos. Concorre para esta situação, a falta de equipamentos para a deposição e a recolha de RS produzidos, tais como contentores, meios circulantes e meios humanos especializados. Com a implementação desta pesquisa, prevê-se uma solução prática pois, poderá propôr um sistema correcto de acondicionamento de todos os resíduos da fábrica a partir do local de produção até ao ecoponto definido dentro do recinto fabril. É de extrema importância realizar este estudo, uma vez que no final do mesmo, será possível afirmar categoricamente e com fundamentos científicos que a implementação do sistema na fábrica irá desenvolver uma metodologia sustentável de gestão dos resíduos. O estudo visa contribuir para o despertar em relação aos problemas que a má gestão dos resíduos, bem como a falta de um sistema de gestão podem causar ao ambiente. A pesquisa contribuirá por outro lado para que a comunidade académica, as fábricas, os ambientalistas em particular despertem o interesse na gestão sustentável dos resíduos sólidos. Por fim e não menos importante, o estudo permitirá que os responsáveis pela Fábrica de Painéis Solares de Moçambique desenvolvam um controlo intensivo dos resíduos produzidos, bem como garantir que os mesmos sejam geridos de forma a preservar o meio ambiente, e os prováveis atentados à saúde pública devido ao seu mau tratamento. 1.5. Metodologia A metodologia é entendida por Minayo (2000, p.16) como: “o caminho do pensamento e a prática exercida na abordagem da realidade”. Nesta visão, pode-se dizer, então, que a metodologia se ocupa do estudo dos métodos e das regras estabelecidas para a realização de uma Gestão dos Resíduos Sólidos Produzidos na Fábrica de Painéis Solares de Moçambique Dário Afonso UDM Página 4 pesquisa. O caminho que deverá ser percorrido para se alcançar os objectivos traçados previamente. 1.5.1.Método A pesquisa consistiu em três métodos principais que passo a citar: 1) O primeiro método consistiu na revisão da literatura recorrendo a artigos científicos, revistas científicas, dissertações, e livros ligados ao tema em estudo. Este método consiste em fazer o levantamento de aspectos ligados à Gestão dos Resíduos Sólidos e artigos relacionados com a implementação de sistemas de gestão. 2) O segundo método consistiu no trabalho de campo que foi o estudo de caso na fábrica de painéis solares, onde foram feitas as pesagens dos resíduos produzidos, bem como a identificação dos principais tipos de resíduos produzidos pela fábrica. Procedeu-se também ao registo fotográfico do local actual onde são acondicionados os resíduos produzidos na fábrica. 3) O terceiro método consistiu na realização de um questionário que é um instrumento de investigação, que visa recolher informações baseando-se na inquisição de um grupo representativo de pessoas da área em estudo. 1.5.2.Análise de dados A análise de dados tem como objectivo organizar e sumarizar os dados de forma que possibilitem o fornecimento de respostas ao problema proposto pela investigação. 1.5.3.Tratamento de dados O tratamento dos resultados do questionário foi feito no Programa Excel e depois fez-se a interpretação dos resultados obtidos através de gráficos. O questionário apresenta 09 questões directas e claras, e o tratamento foi centrado em todas as questões, pois tem relação com o tema em estudo. 1.5.4.Materiais usados Laptop Acer mini aspire one; Balança de 120 kg; Baldes de 50 e 5 Litros; Câmara fotográfica digital Olympus. Gestão dos Resíduos Sólidos Produzidos na Fábrica de Painéis Solares de Moçambique Dário Afonso UDM Página 5 II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA A revisão bibliográfica consistirá na leitura da bibliografia de autores consagrados, de forma a aprofundar os conhecimentos sobre a pesquisa adquirida e compilada durante o estudo, para garantir que o trabalho tenha um suporte teórico e prático com informação concisa e síntese da informação pesquisada. 2.1. Definição de Conceitos O problema dos resíduos sólidos (RS) na grande maioria dos países e particularmente, em determinadas regiões vem se agravando como consequência de acelerado crescimento populacional, concentração de áreas urbanas, desenvolvimento industrial e mudanças de hábitos de consumo (Sebilia, 1999) De acordo com o(Decreto nº 13/2006) a gestão de resíduos sólidos define-se como sendo todos os procedimentos viáveis com vista a assegurar uma gestão ambientalmente segura, sustentável e racional dos resíduos, tendo em conta a necessidade da sua redução, reciclagem e reutilização, incluindo a separação, recolha, manuseamento, transporte, armazenagem e/ou eliminação de resíduos bem como a posterior protecção dos locais de eliminação, de forma a proteger a saúde humana e o ambiente contra os efeitos nocivos que possam advir dos mesmos. “…resíduos sólidos ou simplesmente “lixo” é todo material sólido ou semi – sólido indesejável e que necessita ser removido por ter sido considerado inútil por quem o descarta, em qualquer recipiente destinado a este acto.” (MONTEIRO et al: 2001). Bernardes Jr, (1991), define lixo sendo tudo aquilo que não se quer mais e se deita fora; coisas inúteis, velhas e sem valor ou, “… restos das actividades humanas, considerados pelos produtores como sendo inúteis ou descartáveis, podendo-se apresentar no estado sólido ou liquido, desde que não seja passível de tratamento convencional. Vários autores não diferenciam os termos “lixo” e “resíduos sólidos”, embora em várias obras vem sendo usada a expressão resíduos sólidos. Neste contexto no âmbito deste trabalho, usa-se a expressão ‘‘resíduos sólidos”. Geralmente os resíduos produzidos são depositados sem nenhum tratamento em lixeiras ou aterros, mas devido ao crescimento industrial e ao volume de produção dos resíduos, algumas Gestão dos Resíduos Sólidos Produzidos na Fábrica de Painéis Solares de Moçambique Dário Afonso UDM Página 6 indústrias desenvolvem sistemas de gestão de resíduos (SGR), para garantir que os resíduos ora produzidos sejam separados e acondicionados em locais apropriados antes da deposição final. Os resíduos descartados diariamente por residências e empresas podem ter um destino muito mais nobre, servindo como matéria-prima para negócios e com destinações mais adequadas. Pode-se, por exemplo, produzir adubo e energia, recuperando o valor económico desses resíduos. Já sabemos que a natureza impõe limites, principalmente em relação ao volume de recursos naturais que podemos utilizar e à quantidade de resíduos que podemos produzir para o ambiente. Contudo costumamos chamar de lixo coisas que parecem imprestáveis ou descartáveis. Aprendemos que tudo que provém da própria natureza acaba necessariamente voltando a ela depois de actividades humanas. Segundo UNEP (2007) os volumes de resíduos que as actividades humanas e fabris estão gerando, superaram em muito a capacidade da natureza de se regenerar ou absorver seus impactos. As montanhas de resíduos sólidos acumulados em lixeiras e em pátios produzem líquidos que contaminam o solo e a água, além de produzir gases tóxicos para as pessoas e para o meio ambiente. Uma das maiores fontes de gases que provocam o efeito estufa é justamente a deposição inadequada dos resíduos, que amontoados sem nenhum cuidado emitem grandes quantidades de metano, um gás tóxico e altamente inflamável. Percebe-se que, após a Revolução Industrial, os tipos de resíduos produzidos avolumaram-se e multiplicaram-se numa gama de categorias. O homem contemporâneo gera desde resíduos domésticos, até radioactivos. A nomenclatura ou a classificação dos resíduos sólidos varia de um país para o outro ou mesmo entre regiões do mesmo país. Essa classificação é importante para definir o sistema de tratamento e disposição final e a responsabilidade pela gestão dos resíduos (BIDONE e POVINELLI, 1999). A classificação dos resíduos sólidos, decorre essencialmente do conhecimento da sua natureza, das suas propriedades físicas e químicas. Assim, todos os procedimentos viáveis com vista a assegurar uma gestão ambientalmente segura devem ser aplicados, em conformidade com as diferenças de resíduos. Conhecendo a fonte geradora dos desperdícios e a natureza destes, torna-se mais acessível a sua quantificação e análise das melhores soluções disponíveis à sua recolha, tratamento e eliminação. Gestão dos Resíduos Sólidos Produzidos na Fábrica de Painéis Solares de Moçambique Dário Afonso UDM Página 7 De acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) os resíduos são classificados de duas formas a saber: Quanto aos riscos potenciais de contaminação do meio ambiente: classe I ou perigosos, classe II, ou não inertes e classe III ou inertes; Quanto à natureza ou sua origem: lixo doméstico ou residencial, lixo comercial, lixo público, lixo domiciliar especial e lixo de fontes especiais. Para o presente trabalho, a classificação dos resíduos sólidos, far-se-á com base no decreto nº 13/2006 de 15 de Junho, Regulamento sobre a Gestão de Resíduos (RGS). O documento classifica os resíduos em perigosos e não perigosos (Decreto nº 13/2006). Os resíduos encontram-se classificados da seguinte forma: Tabela1: Classificação dos resíduos sólidos. Domésticos: Residências, - variável em função dos hábitos de consumo e do desenvolvimento dos cidadãos. Não perigosos Papeis; jornais, embalagens de plástico e de metal, restos de alimentos, resíduos de jardinagem Perigosos Pilhas, baterias, lâmpadas fluorescentes. Comércio e serviços Não perigosos Hotéis e restaurantes: Restos de comida Supermercados e lojas: Embalagens de cartão Escritórios/Serviços administrativos: Papeis Publico: Actividade humana no espaço público Não perigosos Varrimento de ruas e áreas de uso público: Papeis, plásticos, excrementos de animais Mercados: resíduos verdes e alimentos. Industrial Não perigoso Têxtil/Calçado: restos de tecidos, couro, borrachas, Produção alimentar: orgânicos putrescíveis. Perigoso Regeneração de óleos; indústria eléctrica, resíduos contendo mercúrio. Hospitalar Não perigosos Papeis usados, restos alimentares, resíduos não contaminados e sem vestígios de sangue Perigosos Contaminados ou suspeitos de contaminação; Resíduos de incineração obrigatória. Gestão dos Resíduos Sólidos Produzidos na Fábrica de Painéis Solares de Moçambique Dário Afonso UDM Página 8 A classificação dos resíduos sólidos, é um processo que existe no sentido de conhecer em concreto o que compõem os desperdícios das actividades humanas. Não se colocando a questão se os resíduos se produzem ou não, é fundamental aferir as suas quantidades e qualidades no sentido de estudar alternativas de uso e valorização dos resíduos antes de serem eliminados por um dado processo. Este é o único meio de planificar soluções ambientalmente adequadas à sua eliminação e mais importante ainda, de elaborar programas eficientes de gestão de recursos que se adequam ao processo de tratamento dos resíduos. A variabilidade de substâncias e materiais que compõem os resíduos demarcam a sua heterogeneidade e complexidade de gestão. Conhecendo as suas características é possível avaliar que potencial de aproveitamento dispõem e as consequências resultantes do seu desaproveitamento. Uma análise do ciclo de vida dos mesmos permite aferir qualitativamente e quantitativamente as consequências positivas ou negativas que imputam ao ambiente (MILLER, 2007). 2.2. Resíduos Sólidos Industriais (RSI) Os resíduos industriais são gerados em processos produtivos industriais, resultantes dos processos de produção e distribuição de energia, produção alimentar, produção química entre outras actividades industriais, (PHILIPPI, Jr,2005). O mesmo autor afirma ainda que esses resíduos industriais são gerados tanto nos processos produtivos, quanto nas actividades auxiliares, como manutenção, operação de áreas de utilidade, limpeza e outros serviços. Os resíduos sólidos industriais apresentam características diversificadas dependendo da actividade que os gera, tornando a sua gestão bastante complexa. Os RSI possuem características físicas, químicas e biológicas e em função das suas particularidades em relação aos riscos que podem causar ao meio ambiente e à saúde publica. Segundo o (Decreto nº 13/2006) no seu Artigo 6 (Categorias de Resíduos) nº 3 alinha f, diz que os resíduos sólidos industriais, resultantes de actividades acessórias e equiparados a resíduos sólidos urbanos – os de características semelhantes aos resíduos referidos nas alíneas a)1 e b)2 do 1 Resíduos sólidos domésticos ou outros semelhantes – os provenientes, respectivamente das casas de habitação ou similares. Gestão dos Resíduos Sólidos Produzidos na Fábrica de Painéis Solares de Moçambique Dário Afonso UDM Página 9 mesmo decreto, nomeadamente os provenientes de refeitórios, cantinas e escritórios e as embalagens de cartão ou matéria não contaminados, são classificados como sendo resíduos não perigosos. Geralmente, os grandes produtores possuem maior consciência a respeito do planeamento adequado e necessário para a gestão dos resíduos sólidos industriais. Contudo, os pequenos produtores muitas vezes não possuem essa consciência e os conhecimentos necessários para lidarem com a problemática dos RSI. Muitas vezes também lhes falta infra-estruturas e equipamentos para realizar adequadamente a Gestão dos Resíduos Industriais (GARCIA et al, 2004). 2.3. Caracterização geral dos resíduos sólidos. O conhecimento das características é fundamental para o planeamento e gestão eficiente dos sistemas de recolha, armazenamento, valorização e eliminação dos resíduos. Para determinar, por exemplo, o tipo, dimensão e localização das infra-estruturas de resíduos. As necessidades de mão-de-obra, os equipamentos requeridos, os impactos ambientais entre outros, um gestor necessita de ter boas projecções das quantidades e composição dos resíduos gerados ao longo tempo, (TCHOBANOGLOS, 1977). As características dos resíduos variam em função de aspectos sociais, económicos, culturais, geográficos e climáticos, ou seja, os mesmos factores que também diferenciam as comunidades entre si, as cidades e as industrias. É um processo pelo qual a composição de diversos fluxos de resíduos é analisada e classificada. A caracterização tem um papel importante em qualquer tratamento de resíduos que possa ocorrer, sendo por isso uma ferramenta essencial no âmbito de uma gestão de resíduos sólidos. 2.3.1.Características Físicas a) Composição gravimétrica: indica a percentagem de cada componente (papel, vidro, metais,) em relação ao peso total de resíduos sólidos analisados, (ABNT, 2004) 2 Resíduos sólidos comerciais – os provenientes de estabelecimentos comerciais, escritórios, restaurantes e outros similares, cujo volume diário não exceda 1.100 litros, que são depositados em recipientes em condições semelhantes aos resíduos referidos na alínea anterior. Gestão dos Resíduos Sólidos Produzidos na Fábrica de Painéis Solares de Moçambique Dário Afonso UDM Página 10 b) Peso específico: é o peso do lixo solto em função do volume ocupado livremente, sem qualquer compactação, expressa-se em kg/m3. A sua determinação é fundamental para definir as dimensões dos equipamentos e de instalações necessárias, (ABNT, 2004) c) Teor de humidade: é a percentagem de água contida na massa. Varia de acordo com a composição dos mesmos, a estação do ano, as condições climáticas o tipo de sistema de contentorização, entre outros factores e oscilam entre 25 e 60%, (MICOA, 1996) 2.3.2.Características Químicas a) Poder calorífico: é a quantidade de calor libertado por combustão de uma unidade de peso de resíduos sólidos. O poder calorífico médio do resíduo domiciliar é cerca de 5000 Kcal/Kg, (MICOA, 1996); 2.3.3.Características Biológicas Segundo o Manual de Gestão de Resíduos Sólidos I, objecto de estudo na cadeira de gestão de resíduos sólidos (2013), as características biológicas dos resíduos sólidos são determinadas pela população microbiana e dos agentes patogénicos presentes no lixo. São estes agentes de putrificação que determinam a escolha do método adequado para o tratamento e deposição final dos Resíduos Sólidos. 2.4. Importância da caracterização qualitativa e quantitativa dos resíduos sólidos O conhecimento das quantidades de RS, bem como as suas características, é fundamental para o planeamento e gestão eficiente dos sistemas de recolha, armazenamento, tratamento, valorização e eliminação dos resíduos (MARTINHO & GONÇALVES; 2000). Para obter ou determinar, por exemplo, o tipo, dimensão e localização das infra-estruturas de RS, as necessidades de mão-de-obra, o equipamento requerido, o potencial para a valorização, os impactos ambientais e económicos do processamento e deposição dos RS`s e as alternativas mais viáveis, um gestor necessita de ter boas projecções das quantidades e composição dos RS`s gerados ao longo do tempo. A quantidade de resíduos produzidos pode ser expressa em peso ou volume. Contudo, devido à variação de compressão dos resíduos, o peso constitui uma medida mais precisa e de mais fácil medição. Gestão dos Resíduos Sólidos Produzidos na Fábrica de Painéis Solares de Moçambique Dário Afonso UDM Página 11 No entanto, o volume também é útil em situações como, por exemplo, planeamento do número de contentores e veículos de vários sectores (ex: fossas de recepção, trituradores, separadores) e cálculos relativos ao período de vida dos aterros sanitários. 2.5. Sistema de Gestão de Resíduos Sólidos 2.5.1.Definição do Sistema de Gestão Segundo Cerqueira (2007:7), sistema é um conjunto de elementos que estão inter-relacionados ou em interacção. Esses elementos de forma geral são recursos humanos, recursos materiais, infra-estruturas, recursos informacionais e procedimento de trabalho, destinados a permitir o planeamento, o controlo e a melhoria daquilo que se pretende desempenhar em função dos requisitos identificados ou impostos como essenciais, a partir de políticas (que são interacções formais), objectivos e metas que se pretende atingir. ARAÚJO e JURAS (2011) citados por Buque (2013) afirmam que “ a gestão de resíduos sólidos são exercícios multidisciplinares e requer participação de uma equipe com um largo campo de experiência de modo a tratar compreensivelmente com as múltiplas facetas do problema da gestão de resíduos. Gestão é a execução de painéis planificados de modo a atingir os resultados desejados”. Gestão de resíduos sólidos pode ser definida como um controlo de produção, armazenamento, recolha, transferência e transporte, processamento, tratamento e destino final dos resíduos sólidos, de acordo com os melhores princípios de preservação da saúde pública, economia, conservação dos recursos, estética e outros princípios ambientais. TCHOBANGLOUS (1977) citado por Caixeta (2003), sublinha que o sistema de gestão de resíduos sólidos agrupam-seem: geração, acondicionamento, armazenamento, recolha, transporte, tratamento e deposição final. Gestão dos Resíduos Sólidos Produzidos na Fábrica de Painéis Solares de Moçambique Dário Afonso UDM Página 12 Fonte: Barrato (2009) Modernamente entende-se que a gestão dos resíduos sólidos passa por diversos pilares estruturantes que constituem uma política integrada, de que se destacam: adopção de sistemas integrados, baseada na redução na fonte, na reutilização de resíduos, na reciclagem, e a deposição final. Segundo o Manual de Gestão de Resíduos Sólidos I, objecto de estudo na cadeira de gestão de resíduos sólidos (2013), identifica os elementos funcionais do sistema de gestão de resíduos que integram as seguintes etapas: a) Produção e acumulação de resíduos; b) Recolha; c) Transporte e transferência; d) Tratamento e e) Disposição final dos resíduos sólidos, para além da limpeza dos lugares públicos. A taxa de produção de resíduos sólidos é dada pela seguinte expressão: X kg/hab./Dia + Y kg/hab./Dia Legenda X: Resíduos domiciliares Y: Resíduos de limpeza de lugares públicos e de construção civil. Gestão dos Resíduos Sólidos Produzidos na Fábrica de Painéis Solares de Moçambique Dário Afonso UDM Página 13 2.6. Principais instrumentos legais que regulam os resíduos sólidos As acções, que actuam no desenvolvimento das operações de gestão de resíduos com qualidade e em um sistema bem estruturado, necessitam de instrumentos legais que as fundamentem. Neste sentido, consta na tabela (2) a síntese dos principais instrumentos legais usados no processo de gestão de resíduos sólidos (GRS). Tabela 2: Principais dispositivos legais que regulam a GRS Dispositivo Legal Órgão Componente Fundamento Artigos importantes Âmbito Lei Fundamental Constituição da República (2004) Assembleia da República (AR) E a Lei das Leis (Lei Mãe). – Lei fundamental de Moçambique 90.º - Consagra o Direito ao Ambiente Nacional Politicas Governamentais Política do Ambiente Conselho de Ministro através da Resolução nº 5/95 de 3 de Agosto Atingir o objectivo de assegurar um desenvolvimento sustentável e protecção do ambiente Instrumento fundamental para a criação da actual lei do ambiente Nacional Leis Ordinárias (aprovadas pela Assembleia da Republica ou por Resoluções da Assembleia Municipal) Lei 20/97, de 1 de Outubro - Lei do Ambiente Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental (MICOA) Atribuir ao Governo, elaborar e executar programas de gestão sustentável Art.º 4º, 5º,7º, 8º,10º Nacional Lei 2/97, de 18 de Fevereiro - Lei das Autarquias Locais Autarquias Locais Atribuir às autarquias locais a co- responsabilidade de defender o meio ambiente, garantir o saneamento Art.º 6º, 11º, 14º Local Gestão dos Resíduos Sólidos Produzidos na Fábrica de Painéis Solares de Moçambique Dário Afonso UDM Página 14 básico e a qualidade de vida Lei n.º 11/97, de 31 de Maio, Lei das Finanças e Património das Autarquias Autarquias Locais Normar as Finanças e Património Autárquico Artº 3º, 4º, 13º, 70º, Local Postura de Limpeza Assembleia Municipal de Maputo Limpeza da Cidade Artº 1º, 3º, 28º, 50º e Tabelas Local Regulamento da Gestão de Resíduos Sólidos Assembleia Municipal da Maputo Limpeza Urbana Todo Documento Local Nova Estratégia de Gestão de Resíduos Sólidos e alteração do valor da Taxa de Limpeza Assembleia Municipal de Maputo Limpeza da Cidade Todo Documento Local Fonte: Adaptada por NASSEL em Manual de Gestão de Resíduos Sólidos I 2.7. Acondicionamento de resíduos sólidos (LEALDINI, 2006) citado por Barrato 2009, defende que o acondicionamento dos resíduos sólidos consiste no preparo dos mesmos para a colecta de forma adequada, visando evitar os acidentes, a proliferação de vectores, a minimização do impacto visual, e facilitar a sua colecta. A escolha correcta dos recipientes para o acondicionamento deve ser em função das características do resíduo, da geração, da frequência da colecta, do tipo de edificação e do preço do recipiente. Segundo Leite (2006) citado por Baratto (2009), o acondicionamento constitui a fase de pré- colecta, entendida como o acto de embalar em sacos plásticos ou outras embalagens Gestão dos Resíduos Sólidos Produzidos na Fábrica de Painéis Solares de Moçambique Dário Afonso UDM Página 15 recomendadas, de acomodar em recipientes ou contentores adequados e padronizados, os resíduos para fins de colecta e transporte. MONTEIRO e outros (2001) citados por Fernando (2013) afirmam que a qualidade da operação de colecta e transporte de resíduos dependem da forma adequada do seu acondicionamento, armazenamento e da disposição dos recipientes no local, dias e horários estabelecidos pelo órgão de limpeza para a colecta. O processo de acondicionamento dos resíduos deve começar no local onde os resíduos são produzidos (MICOA, 2006). A forma de acondicionamento dos resíduos dependerá da quantidade e da composição dos resíduos gerados, do tipo e da frequência da colecta. É muito importante conhecer as quantidades dos resíduos, assim possibilitará calcular a capacidade e o tipo de equipamentos para o seu acondicionamento. 2.7.1.Importância do acondicionamento adequado dos resíduos (SIQUEIRA, 2001) refere que a importância do acondicionamento adequado dos resíduos está em: Evitar acidentes; Evitar a ploriferação de vectores; Minimizar o impacto visual e olfactivo; Reduzir a heterogeneidade dos resíduos; Facilitar a realização da etapa de colecta. 2.8. Deposição final dos resíduos sólidos Nascimento (2007), citado em “Diagnóstico do Gerenciamento dos Resíduos Sólidos nos Municípios da Quarta Colónia de Imigração Italiana do Rs” defende que a disposição final dos resíduos sólidos é a etapa final da sua gestão e representa as preocupações para as administrações municipais, pois mesmo com o tratamento ou aproveitamento dos resíduos ainda permanece o rejeito (NASCIMENTO, 2007). Gestão dos Resíduos Sólidos Produzidos na Fábrica de Painéis Solares de Moçambique Dário Afonso UDM Página 16 Com o crescimento das cidades e o desenvolvimento industrial, o desafio dos resíduos não consiste apenas na sua remoção, mas principalmente, em dar um destino final adequado aos resíduos colectados. O Manual de Gestão de Resíduos Sólidos I, objecto de estudo na cadeira de gestão de resíduos sólidos (2013), sublinha que o problema da disposição final assume uma magnitude alarmante em Moçambique. O que parece acontecer é uma acção generalizada das administrações públicas locais cuja preocupação é apenas de afastar o lixo das zonas urbanas, depositando-o em locais absolutamente inadequados, como encostas, florestas, zonas de mangais, rios, baías e vales e ou abrindo lixeiras a céu aberto como é o caso da zona de Hulene e Malhampasene arredores dos municípios de Maputo e Matola. A produção de resíduos sólidos é uma actividade diária resultante das acções desencadeadas porcerta actividade, onde a quantidade e variabilidade de resíduos encontrados são depositados em lixeiras municipais ou aterros sanitários. Os resíduos produzidos na fábrica de painéis solares (FPS) tem uma particularidade de não serem perigosos, e não obstante a isto, poderão merecer um tratamento adequado julgando pelas características e quantidades de cada resíduo produzido. Gestão dos Resíduos Sólidos Produzidos na Fábrica de Painéis Solares de Moçambique Dário Afonso UDM Página 17 III. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO 3.1. Localização da área de Estudo A Fábrica de Painéis Solares está localizada na localidade de Beleluane, Posto Administrativo da Matola-Rio, distrito de Boane, Província de Maputo. Gestão dos Resíduos Sólidos Produzidos na Fábrica de Painéis Solares de Moçambique Dário Afonso UDM Página 18 3.2. Caracterização da fábrica de painéis solares A fábrica foi oficialmente inaugurada em Novembro de 2013, contando actualmente com cerca de 40 trabalhadores, sendo que 20 estão directamente ligados à área de montagem dos painéis solares. A fábrica de painéis solares é propriedade do Governo Moçambicano, sendo tutelado pelo Fundo de Energia – FUNAE. A fábrica é constituída por dois edifícios, sendo o edifício principal onde alberga a recepção, escritórios, uma copa, duas casas de banho, a área de montagem dos painéis que comparta dois armazéns, (um de matéria-prima e outro de produto acabado). O segundo edifício é composto por uma enfermaria, cantina, balneários, armazém de depósito de combustível e gerador e guarita. No recinto da fábrica encontra-se um vasto jardim e um parque de estacionamento de viaturas. Fig.1: Imagem frontal da fábrica de painéis solares de Moçambique A área de montagem dos painéis solares é composta por um armazém de matéria-prima e um armazém de produto acabado, sendo que nesta área produz-se bastantes resíduos no acto da montagem dos painéis. Os principais tamanhos de painéis produzidos pela fábrica são: Painéis de 10 Wp; Painéis de 75 Wp; Painéis de 100 Wp; Painéis de 150 Wp. Gestão dos Resíduos Sólidos Produzidos na Fábrica de Painéis Solares de Moçambique Dário Afonso UDM Página 19 3.3. Principais actividades de produção de resíduos na fábrica O local onde se produz grande quantidade de resíduos dentro da fábrica é a área de montagem dos painéis. Neste local os resíduos são produzidos diariamente consoante as fases de montagem dos painéis. As actividades de produção dos resíduos na fábrica são descritos abaixo: 1ª Actividade: Consiste na preparação da matéria-prima que visa seleccionar os materiais que serão usados durante as actividades. Este é um dos processos que gera mais resíduos de papel, papelão e plástico, pois os materiais são retirados de caixa de papel embrulhadas em plásticos, ou em papel caqui. 2ª Actividade: A segunda actividade que tem gerado também resíduos, é o corte das células fotovoltaicas. As células são cortadas de modo a se obterem células com potencialidades inferiores que possibilitem a produção de módulos com potências menores requeridas. 3 a Actividade: O processo da montagem dos painéis solares, que consiste na selecção da matéria- prima, o corte das células fotovoltaicas, corte de Eva 3 , corte do backsheet, corte do ribbon 4 , a lavagem do vidro, soldadura automática das células, colocação da Eva sobre o vidro, colocação do backsheet, a laminagem, o corte das rebarbas, a emolduração, são actividades que geram resíduos diversos (riibbon, backsheete rebarbas). 4 a Actividade: Os resíduos orgânicos são produzidos, na copa e nos escritórios, no período em que os técnicos têm efectuado os seus lanches. Estes resíduos são depositados em caixotes existentes nos escritórios e na copa. No fim do dia estes resíduos são acondicionados juntamente com os diversos resíduos produzidos na fábrica. Os principais resíduos produzidos pela fábrica de painéis solares são: Papel e Papelão; Plásticos, Metal; Resíduos orgânicos; Outros (Esferovites, Células e Rebarbas). 3 Eva é uma matéria-prima usada na produção dos painéis solares, é caracterizado por ser um material leve, macio, branco, que é colocado por cima do vidro que suporta as células fotovoltaicas. 4 Ribbon é um material metálico, composto por chumbo e estanho, que é usado como fita condutora nos painéis solares. Gestão dos Resíduos Sólidos Produzidos na Fábrica de Painéis Solares de Moçambique Dário Afonso UDM Página 20 3.4. Caracterização dos resíduos produzidos na fábrica Duma observação efectuada na fábrica de painéis solares, foram identificadas as diferentes tipologias de resíduos, subdivididos em função da possibilidade que existe em Maputo de reciclar ou não, que são descritas na tabela abaixo: Tabela 3: Principais resíduos produzidos na fábrica Principais Resíduos Possibilidades de tratamento Papel, papelão e cartão Recicláveis Plástico Reciclável Metal Reciclável Resíduos orgânicos Não reciclável Outros (esferovite, células, backsheet e rebarbas). Não reciclável 3.4.1.Papel e Papelão Os resíduos de papel, papelão e cartão, são materiais constituídos por elementos fibrosos de origem vegetal, geralmente distribuído sob a forma de folhas ou rolos. São diversificados pelo tamanho, cor, peso, textura. O material é feito a partir de uma espécie de pasta desses elementos fibrosos, secada sob a forma de folhas, que por sua vez são frequentemente utilizadas para escrever, desenhar, imprimir, embalar, e diversas actividades. Os resíduos produzidos na fábrica são provenientes das caixas, rolos contendo matéria-prima para montagem dos painéis solares. Geralmente os resíduos de papel são reciclados para o aproveitamento comercial. Na fábrica as duas tipologias de papel são derivadas de dois sectores, do escritório que consistem em restos de papel A4 e resmas de papel e a segunda tipologia é o papel caqui que provem do embrulho da matéria-prima que é usada para a montagem dos painéis solares. Os papelões produzidos geralmente são as caixas e os rolos de papel que contem também matéria-prima para a produção dos painéis. Gestão dos Resíduos Sólidos Produzidos na Fábrica de Painéis Solares de Moçambique Dário Afonso UDM Página 21 Fig.2: Papel produzido na fábrica Fig.3: Papelão produzido pela fábrica. 3.4.2.Plástico Plásticos são materiais formados pela união de grandes cadeias moleculares chamadas polímeros. São produzidos através de um processo químico chamado polimerização. Os resíduos plásticos são caracterizados por ser um produto leve, o que motiva o seu uso nos vários ramos das indústrias. Gestão dos Resíduos Sólidos Produzidos na Fábrica de Painéis Solares de Moçambique Dário Afonso UDM Página 22 Na fábrica são produzidos diversos resíduos de plásticos como garrafas plásticas de água mineral, plástico normal e caixas plásticas que contêm as células fotovoltaicas. O plástico é um material que é de fácil tratamento, bem como de sua gestão devido a sua composição que o torna bastante leve. A) B) C) Fig.4: A) Plástico normal, B) Caixa plásticae C) Garrafa plástica de água. 3.4.3.Metal Um dos resíduos produzidos na fábrica de painéis solares é o metal. Este é derivado da soldagem dos painéis, que resultam em pequenos pedaços de estanho bem como de pequenos pedaços de ribbon que é usado como matéria-prima na produção dos painéis solares. De salientar que também são produzidos resíduos de metais derivados de latas de refrigerantes, frequentes na fábrica. Os metais são um dos materiais com maior potencial de reciclagem. As suas características físico-químicas permitem uma reutilização quase ilimitada, podendo com tecnologias mais ou menos complexas, obter material com características semelhantes, ou chegando mesmo a materiais mais nobres. Os resíduos de metal produzidos na fábrica são caracterizados por serem considerados metais não ferrosos, isto é são sujeitos aos diferentes e adequados processos de valorização. Gestão dos Resíduos Sólidos Produzidos na Fábrica de Painéis Solares de Moçambique Dário Afonso UDM Página 23 A) B) Fig.5: A) ribbon e B)latas produzidas na fábrica A principal vantagem dos metais em relação aos outros materiais recicláveis é que as suas características não são alteradas com o processo de reciclagem, podendo ser reciclados várias vezes (Williams, 2005). 3.4.4.Resíduos Orgânicos Os resíduos orgânicos são todos os resíduos de origem vegetal ou animal, ou seja, todo lixo originário de um ser vivo. Este tipo de resíduo é produzido nas residências, escolas, empresas e pela natureza. Na actualidade esses tipos de resíduos são considerados poluentes e quando acumulado o resíduo orgânico muitas vezes pode tornar-se inatrativo e mal cheiroso, normalmente devido à decomposição destes produtos. Mas caso não haja o mínimo de armazenamento desses resíduos cria-se um ambiente propício ao desenvolvimento de microrganismos que muitas vezes podem ser agentes causadores de doenças. Quanto as características físicas os resíduos orgânicos da fábrica são classificados em molhados e secos, apresentando alguns restos de resíduos um teor de humidade bastante elevado. 3.4.5.Outros resíduos (esferovite, células e rebarbas) Os outros resíduos produzidos na fábrica são de tipologias diferentes, mas apresentam uma semelhança, visto que são produzidos na área de montagem dos painéis. Estes resíduos são de pequenas fragrâncias, por exemplo, as células fotovoltaicas que em termos de resíduos a sua Gestão dos Resíduos Sólidos Produzidos na Fábrica de Painéis Solares de Moçambique Dário Afonso UDM Página 24 produção é muito menor em relação aos outros resíduos, pois estas só se tornam resíduos quando as mesmas se quebram e não tem possibilidades de reutilização. As células fotovoltaicas, são matérias cristalinas usadas como matéria-prima principal para a montagem dos painéis solares. As células fotovoltaicas são responsáveis pela absorção da radiação solar que incidem sobre o painel para a geração de energia. A esferovite é um poliestireno branco leve mas robusto que resiste ao envelhecimento. A esferovite oferece uma relação privilegiada exemplar entre o custo, o benefício e pela sua extensa durabilidade. Este material vem em pequenas caixas plásticas contendo células fotovoltaicas, serve com protector das células para eventual risco de quebra. As rebarbas são restos de materiais cortados no acto de moldagem dos painéis, este material apresenta uma massa volumétrica bastante leve, por isso a sua pesagem foi juntamente feita com a esferovite e as células. Estes três componentes apresentam uma característica em comum por não serem classificados como resíduos perigosos, podendo ter um tratamento igual aos restantes resíduos, que é a deposição em lixeiras. 3.5. Situação actual dos resíduos na área de estudo Actualmente a fábrica de painéis solares contratou serviços de uma empresa de terceiros 5 para tratar da limpeza da fábrica. A mesma, simplesmente recolhe os resíduos no inicio das actividades (9:00 horas) e no fim das actividade (15:30 horas) e os deposita num local actualmente identificado pela fábrica para o acondicionamento dos mesmos. A empresa ora contratada simplesmente recolhe os resíduos sem nenhuma separação, coloca-os em sacos plásticos pretos e os acondiciona no ponto ora definido. 5 Emovisa Ltd Gestão dos Resíduos Sólidos Produzidos na Fábrica de Painéis Solares de Moçambique Dário Afonso UDM Página 25 Fig.6: Local actual de acondicionamento dos resíduos Fig.7: Resíduos acondicionados sem nenhum processo de separação No interior da fábrica, na área de montagem de painéis solares, têm disponíveis dois caixotes de lixo, devidamente identificados, com etiquetas que definem a tipologia dos resíduos a serem depositados. Neste local a separação é feita com deficiência, visto que os equipamentos disponíveis não são suficientes para a actividade, e os técnicos não tem obedecido o descrito nas etiquetas coladas nos caixotes, consequentemente os resíduos todos ficam misturados. Gestão dos Resíduos Sólidos Produzidos na Fábrica de Painéis Solares de Moçambique Dário Afonso UDM Página 26 Fig.8: Balde de lixo para restos de papel Fig.9:Balde de lixo para restos de rebarbas Gestão dos Resíduos Sólidos Produzidos na Fábrica de Painéis Solares de Moçambique Dário Afonso UDM Página 27 3.6. Proposta do sistema de gestão de resíduos na Fábrica de Painéis Solares A separação dos resíduos é fundamentalmente por uma questão de bom senso, de responsabilidade e de hábito, fazendo parte de uma cultura de trabalho. Os co-produtores de resíduos, têm um “Know-how” para identificar e separar correcta e eficazmente os resíduos produzidos (Pereira, 1999). O fato de existirem resíduos gerados e a necessidade de descartá-los origina uma cadeia de procedimentos, a qual envolve a organização de um sistema de gestão desses resíduos (Gunther, 2008). Esse sistema contempla um conjunto de actividades que compreende as etapas de: acondicionamento, colecta, transporte, tratamento e disposição final. A proposta de desenvolver um sistema na fábrica permitirá garantir a boa gestão dos resíduos produzidos no acto da montagem dos painéis solares, bem como de diversas actividades desenvolvidas que possam gerar resíduos. O sistema deverá identificar pontos ecológicos para o acondicionamento de resíduos, através da aquisição e colocação de contentores adequados, diferenciados por cores em caso de existência no mercado e com etiquetas informativas em cada ponto estratégico de produção de resíduos na fábrica. O sistema de gestão de resíduos engloba no todo ou em parte as seguintes componentes técnicas: a) Remoção; b) Acondicionamento e; c) Deposição final. Os resíduos uma vez produzidos, deverão ser depositados de forma selectiva nos contentores a serem alocados nos pontos previamente definidos, permitindo assim uma identificação clara da sua origem e do tipo de resíduo. Os contentores propostos devem ser facilmente manuseáveis e resistentes, garantindo assim maior tempo de vida útil dos mesmos. Gestão dos Resíduos Sólidos Produzidos na Fábrica de Painéis Solares de Moçambique Dário Afonso UDM Página 28 IV. APRESENTAÇÃO DOSRESULTADOS 4.1. Quantificação dos resíduos produzidos na fábrica Após a categorização dos resíduos e identificação dos resíduos produzidos pela fábrica, procedeu-se à sua quantificação. Esta etapa foi efectuada em 4 semanas, sendo que os resíduos eram pesados a cada sexta-feira da semana. Este processo dividiu-se em duas fases – na primeira fase quantificaram-se os resíduos sólidos recicláveis (papel e papelão, plástico e metal) e na segunda fase quantificou-se a totalidade de resíduos cuja natureza não se encontra susceptível ao processo da reciclagem (resíduos orgânicos e outros (células, esferovite, rebarbas)). Para a quantificação dos resíduos da fábrica, foram acumulados os resíduos produzidos semanalmente e em função disso de acordo com as recolhas efectuadas obteve-se a quantidade total dos resíduos num período de 4 semanas. As quantificações obtidas na fábrica durante as actividades de campo, podem ser observadas na tabela abaixo: Tabela 4: Quantidade dos resíduos sólidos produzidos na fábrica Tipologia de resíduos Quantidades Pesadas kg/semana Total dos resíduos por tipologia (kg/mês) Semana1 Semana 2 Semana 3 Semana 4 Papel e Papelão 20kg 19.5kg 15.5kg 25.5kg 80.5kg/mês Plástico 4.3kg 4.8kg 4.1kg 4.8kg 18kg/mês Metal 0.8g 0.6kg 0.8kg 1kg 3.2kg/mês Resíduos orgânicos 1.3kg 1.3kg 1kg 1.8kg 5.4kg/mês Outros (Esferovite, células e ribbon) 6kg 4kg 4.5kg 3kg 17.5kg/mês Total 32.4kg 30.2kg 25.9kg 36.1kg 126.6kg/mês Em função da tabela das quantificações dos resíduos, foi possível elaborar o gráfico da evolução de produção dos resíduos por semana, conforme ilustra a figura 10. Gestão dos Resíduos Sólidos Produzidos na Fábrica de Painéis Solares de Moçambique Dário Afonso UDM Página 29 Fig.10: Evolução da produção dos resíduos por semana A figura 10 ilustra a evolução da produção dos resíduos por semana, onde de acordo com as quantidades pesadas, pode notar-se que há oscilações de produção dos resíduos em cada semana. Conforme o gráfico a quantidade de resíduos produzidos nas semanas 1 e 4 são elevadas em relação as semanas 2 e 3 que apresentam uma baixa de produção dos mesmos. Estas oscilações de produção de resíduos na fábrica, podem ser observadas em termos de percentagem no gráfico ilustrado na figura 11 abaixo. Fig.11: Evolução percentual dos resíduos por semana 0 5 10 15 20 25 30 35 40 Semana 1 Semana 2 Semana 3 Semana 4Q u a n ti d a d e d o s re sí d u o s p ro d u zi d o s (k g /s em a n a ) Período de acumulação dos resíduos (semanas) 26% 24% 21% 29% Evolução percentual dos resíduos por semana Semana 1 Semana 2 Semana 3 Semana 4 Gestão dos Resíduos Sólidos Produzidos na Fábrica de Painéis Solares de Moçambique Dário Afonso UDM Página 30 Os resultados da figura 11 demonstram a evolução percentual dos resíduos na fábrica, onde foi possível observar que na semana 1 houve uma produção de resíduos na ordem de 26%, enquanto a semana 2 a produção baixou para 24% uma, diferença de 2%. Da semana 2 a semana 3 a redução em percentagem de produção atingiu 3%, pois a semana 3 apresentava uma produção de 21% podendo se notar o acréscimo de 1% na redução em função das primeiras semanas em análise. Da semana 3 a semana 4 foi possível observar que a produção dos resíduos aumentou dos 21% para os 29%, perfazendo um aumento de 8%. Assim fazendo uma comparação directa aos resultados pode-se observar que a primeira e a última semana foram as que mais produziram resíduos na fábrica. Fig.12: composição dos resíduos sólidos produzidos na fábrica Através da observação da figura 12 pode constatar-se que a maioria dos resíduos produzidos na fábrica é o papel e papelão, atingindo 65% da produção relativamente a outros resíduos. O plástico e os outros resíduos (esferovite, células e rebarbas) seguem em segundo lugar com uma percentagem de 14% ambos. Os resíduos orgânicos e o metal, são os resíduos com uma percentagem reduzida de produção, com o gráfico a demonstrar 4% e 3% respectivamente. 65% 14% 3% 4% 14% Composição dos resíduos sólidos produzidos na fábrica Papel e Papelão Plástico Metal Resíduos Orgânicos Outros (Esferovite, células e rebarbas) Gestão dos Resíduos Sólidos Produzidos na Fábrica de Painéis Solares de Moçambique Dário Afonso UDM Página 31 4.2. Dimensionamento dos equipamentos para gestão dos resíduos Os equipamentos a utilizar no sistema proposto, podem ser dimensionados em função da quantidade de resíduos produzidos na fábrica e em função disso, será feita a respectiva distribuição dos contentores diferenciados em pontos estratégicos identificados na fábrica. Com base nas fórmulas obtidas na bibliografia consultada e com a quantidade dos resíduos pesados na fábrica foi possível efectuar os cálculos para o dimensionamento dos equipamentos. Os cálculos para determinar a capacidade dos contentores, foram feitos após o cálculo do volume dos resíduos produzidos na fábrica, conforme ilustra abaixo: Fórmula: 𝑽 = 𝒎 𝜹 Sendo: V - Volume dos resíduos produzidos por semana, medidos em metros cúbicos (m 3 ); m - Massa dos resíduos produzidos na fabrica, medidas em kilogramas por semana (kg/semana); δ - Peso específico de cada tipologia de resíduos produzidos na fábrica, medido em (kg/m3). 𝑽𝑷/𝑷 = 80.5𝑘𝑔 82 𝑘𝑔 𝑚3 = 0.98𝑚3 𝑽𝑷 = 18𝑘𝑔 64 𝑘𝑔 𝑚3 = 0.28𝑚3 𝑽𝑴 = 3.2𝑘𝑔 237 𝑘𝑔 𝑚3 = 0.013𝑚3 𝑽𝑹𝑶 = 5.4𝑘𝑔 250 𝑘𝑔 𝑚3 = 0.021𝑚3 𝑽𝑶 = 17.5𝑘𝑔 367 𝑘𝑔 𝑚3 = 0.048𝑚3 Onde: Vp/p = volume do papel e papelão; VP = volume dos plásticos; VM = volume dos metais; VRO = volume dos resíduos orgânicos; VO= volume dos outros resíduos. Gestão dos Resíduos Sólidos Produzidos na Fábrica de Painéis Solares de Moçambique Dário Afonso UDM Página 32 O valor do peso específico aplicado no cálculo do volume, é um valor universal usado para o cálculo de dimensionamento de equipamentos. Estes valores foram obtidos na literatura usada neste trabalho e nas aulas da cadeira de gestão de resíduos sólidos (2013). Obtidos os valores dos volumes de cada tipologia de resíduo, seguiu-se o cálculo da capacidade dos equipamentos (contentores) propostos para o sistema, conforme ilustra abaixo: Fórmula:𝑪𝒄 = 𝑽 𝝉 Sendo: Cc– Capacidade dos contentores V – Volume dos resíduos produzidos na fábrica τ – Taxa de uso dos contentores (0.65) 𝑪𝑷 𝑷 = 0.98𝑚3 0.65 = 1.5𝑚3 𝑪𝑷 = 0.28𝑚3 0.65 = 0.4𝑚3 𝑪𝑹𝑶 = 0.021𝑚3 0.65 = 0.02𝑚3 𝑪𝑴 = 0.013𝑚3 0.65 = 0.02𝑚3 𝑪𝑶 = 0.048𝑚3 0.65 = 0.07𝑚3 Onde: CP/p = Capacidade dos contentores para papel e papelão; CP = Capacidade dos contentores para plásticos; CM = Capacidade dos contentores para metais; CRO = Capacidade dos contentores para os resíduos orgânicos; CO = Capacidade dos contentores para os outros resíduos. Para o cálculo da capacidade dos contentores para a fábrica foi usada uma taxa de uso dos contentores de 65% (0.65), devido ao nível de consciência ambiental dos trabalhadores da fábrica. Em função disso foi possível entender que os trabalhadores não dão o devido tratamento aos resíduos, os mesmos
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