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1 A RELAÇÃO ENTRE O HOMEM E A NATUREZA (O PROCESSO DE APROPRIAÇÃO DA NATUREZA) Parte II Conteudista Prof. Me. Adalberto Gonçalves Cunha 2 O fogo e a agricultura – mudanças de relação. Introdução Na história do homem existem alguns momentos onde as mudanças ocorridas são tão significativas, tão profundas em algum aspecto, que são chamadas de mudança de paradigma. Foi o caso dos eventos: domínio do fogo, domesticação dos animais e a agricultura. São momentos singulares da história humana. Para nos lembrarmos das informações mais importantes do tópico 1: a espécie humana desde o início de sua existência é dependente dos recursos naturais (da natureza em si). Água, fontes de alimentos, de energia, proteção, todos esses recursos sempre estiveram ao lado da espécie humana para sua sobrevivência. Porém esses recursos eram muito limitados, seja em facilidades de obtenção, seja em quantidade (principalmente pela disputa com outras espécies). Esses fatores limitavam o desenvolvimento da espécie, tanto em número de indivíduos como em domínio de territórios. paradigma (grego parádeigma, -atos) s. m. 1. Algo que serve de exemplo geral ou de modelo. = PADRÃO 2. [Gramática] Conjunto das formas que servem de modelo de derivação ou de flexão.= PADRÃO [Linguística] Conjunto dos termos ou elementos que podem ocorrer na mesma posição ou contexto de uma estrutura. Essas relações com a natureza faziam do homem uma espécie nômade, com necessidade de sempre estar se locomovendo em busca de sua sobrevivência, por necessidades de alimentos, água, proteção entre outros. Mesolítico – período da pré-história do homem entre 12000 e 5000 a.C com grupos ainda nômades, com permanência em determinadas áreas nos invernos e com isso começam a se fixar, tornando-se sedentários. É um período considerado até o domínio da agricultura. 3 A primeira mudança – domínio do fogo Isso irá mudar radicalmente a partir do domínio do fogo, que acontece por volta do período da pré-história chamado Mesolítico. Vários pesquisadores, através de estudos indiretos (não há muitas evidencias diretas para esse e outros eventos que não “deixam” registros), mostram que o fogo já fazia parte da vida cotidiana do homem, porém sempre como um evento fortuito, isto é, a partir de um raio, de um incêndio, o homem mantinha por um período limitado a chama, que depois se extinguia. Os hominídeos construíram uma família da ordem dos primatas cuja única espécie atual é o homem (Homo sapiens sapiens). Os fósseis indicam a existência, no gênero Homo, das espécies extintas H. habilis e H. erectus, das subespécies de H. sapiens de Neandertal e de Cro-Magnon. Nos diferentes grupos de hominídeos que viviam nas mesmas regiões, muitas vezes em conflitos entre si, alguns possuíam maiores habilidades, que passaram a utilizar a seu favor. Considera-se que diferentes grupos, em diferentes momentos da história, em lugares diferentes, conseguiram dominar o fogo, mantendo a chama acessa, depois de um incêndio ou raio, por exemplo, e num segundo momento produzindo a chama, através da fricção de dois gravetos ou pedras. Esse é considerado um momento único da história da espécie humana, pois irá provocar mudanças em todos os aspectos da vida desses grupos que viviam na pré-história. As principais características anatômicas dos hominídeos foram: postura ereta, locomoção bípede no solo, em substituição à braquiação (deslocamento com os braços de galho em galho), capacidade craniana superior à de outras famílias aparentadas e dentes. O planeta, também nessa época, passava por processos climáticos muito significativos, com mudanças radicais das temperaturas, com períodos glaciais e de degelo que modificavam constantemente a paisagem de diferentes regiões habitadas pelos hominídeos. 4 O filme “A guerra do fogo”, uma produção franco- canadense de 1981, foi uma tentativa de mostrar como dois grupos de hominídeos se relacionaram com o fogo, sendo que um deles o trataram como uma ser sobrenatural, enquanto o outro o utilizaram na sua sobrevivência e as consequências disso para o desenvolvimento de um dos grupos e a extinção do outro. Vale muito a pena assisti-lo. É muito bem feito e observem a questão da linguagem nos dois grupos. Presença de climas gélidos, falta de alimentos, dificuldades de locomoção e mesmo de sobrevivência foram alguns dos sérios desafios que eles tiveram que superar, e com certeza o domínio do fogo foi um dos primeiros momentos de ruptura, que junto com outras mudanças, foi transformando a espécie humana de simples usuária da natureza e de seus recursos para uma espécie cada vez mais dependente e transformadora dos recursos para suas finalidades de sobrevivência. Como consequência do domínio do fogo, algumas mudanças na forma de vida desses hominídeos aconteceram: Os alimentos passaram a ser cozinhados, tornandose mais fáceis de digerir, o que trouxe para os indivíduos um aumento na ingestão de proteínas, favorecendo o desenvolvimento do corpo e o aumento de estimativas de vida deles; Com a iluminação e aquecimento dos locais frios e escuros tornou mais fácil a permanência nas cavernas, além de locais seguros contra ataques de outras espécies, proporcionou a possibilidade de maiores agrupamentos humanos; A defesa face aos animais ferozes tornou-se mais eficaz, pois estes temiam o fogo e com isso a fragilidade da espécie foi compensada por um artefato, o que aumentou o tempo de vida de grandes parcelas dos indivíduos; O fabrico dos instrumentos aperfeiçoou-se com o endurecimento, pelo fogo, das pontas das lanças, tornando-as mais resistentes. A transformação de minerais em ferramentas foi um passo muito importante para as mudanças que estavam ocorrendo no período, como fixação em determinadas regiões, 5 domínio de outras espécies e o uso das ferramentas na alimentação (lanças, flechas, facas, entre outros utensílios). As “parcerias” da espécie humana com os animais domesticados trouxeram tantos benefícios que, com certeza, sem esse domínio a civilização humana não teria tido o êxito que tem obtido desde os primórdios. Uma segunda mudança – a domesticação dos animais Junto ao domínio do fogo, um segundo evento que trouxe grandes mudanças para a espécie humana foi a domesticação de diferentes espécies, para diferentes usos. Durante esse período da história do homem, algumas espécies foram aos poucos sendo domesticadas para a realização de diferentes funções. O cão foi uma das primeiras, com funções variadas, como: proteção e guarda contra outras espécies, transporte (em regiões frias os trenós puxados por cães), companheirismo, e outras funções. Outras espécies, como o porco, a ovelha e o carneiro, o gado, tiveram diversas finalidades, como a produção de carne, de leite, de peles para vestimentas, o que favoreceu as mudanças que estavam ocorrendo na forma de vida da espécie. Os cavalos (Equus) foram domesticados por humanos pela primeira vez há cerca de 6 mil anos em campos na Ucrânia, sudoeste da Rússia e oeste do Cazaquistão. A partir de então, cavalos domésticos espalharam-se pela Europa e Ásia, reproduzindo-se com éguas selvagens no processo Os especialistas acreditam que os animais eram usados como montaria, fonte de carne e leite. A fixação em determinados locais, principalmente como dito anteriormente, vales e próximosa rios e lagos, também foi favorecida com a domesticação desses animais, pois a busca de alimento não exigia mais deslocamentos por novas áreas, com os perigos constantes e as dificuldades 6 que a coleta representava (escassez de alimento em alguns períodos do ano e os conflitos com outras espécies). Além das espécies citadas anteriormente, outras como o cavalo foram de grande importância no aumento do domínio da espécie humana frente aos recursos naturais. Se reunirmos a força motriz do cavalo para a locomoção e a tração para diferentes usos (a agricultura é um dos principais, mas não podemos nos esquecer dos deslocamentos e do uso nas guerras, junto com lanças e outras armas) podemos considerar que um novo patamar da vida do homem começava. Podemos sintetizar as vantagens da domesticação em quatro pontos básicos: Fornecer alimento e leite para as populações (aumentando a quantidade de proteínas e gordura); Produção de fertilizantes através do esterco produzido pelos animais (aumenta a produção agrícola); Ajuda a arar a terra (facilitando o manejo agrícola em áreas antes inaproveitáveis e aumentando a produção); O transporte por longas distâncias (para carregar “coisas” – mercadorias, pessoas, ferramentas, etc. E para a guerra). Pinturas em cavernas retratando o inicio da agricultura e a domesticação dos animais. Uma terceira mudança – a agricultura Um terceiro evento que provocou uma radical modificação na forma de vida da espécie humana, alterando de modo significativo a relação entre o homem e as outras espécies e também o uso dos recursos naturais foi a capacidade humana de produzir seu próprio alimento, através da agricultura. Esse marco na historia dos hominídeos irá modificar toda a sequência de vida na espécie humana no planeta e começar a transformar as relações com 7 os recursos naturais, que passam a “servir” cada vez mais ao homem e suas necessidades de sobrevivência. A capacidade de produzir seu próprio alimento, através do plantio, foi uma conquista que, segundo os especialistas da área, ocorreu em diferentes pontos do planeta, em diferentes momentos, por grupos humanos distintos e que provocou diferentes resultados para esses grupos. Na história da dominação dos territórios, por diferentes grupos de hominídeos, essas “conquistas” foram transformando o domínio do homem em relação à natureza e avançando como espécie dominadora. Não se tem uma noção real da história de como isso ocorreu, mas as evidências mostram que a observação, por parte de diferentes grupos, de plantas e suas sementes e frutos como fonte de alimento, alinhado aos avanços da inteligência, trouxeram um significativo ganho para esses grupos. Se reunirmos estes eventos: domínio do fogo, domesticação dos animais e o plantio de diferentes vegetais próximos aos locais de moradia; teremos como consequência uma mudança radical na vida da espécie humana. Se antes uma mãe caçadora tinha uma limitação na geração de filhos, por diferentes motivos: limitação de alimento, cuidados necessários, dificuldade de locomoção com filhos novos, além de perigos inerentes frente a outras espécies; com a fixação dos grupos em locais determinados, como os vales dos rios (presença de água e terra fértil) propiciaram mudanças na estrutura social muito significativa. Uma delas foi o aumento na população devido ao aumento dos alimentos proteicos e no teor de gordura dos alimentos (leite, queijo), da proteção frente ao ataque de outros grupos e espécies (a localização favorecia a proteção do grupo) e também, por fim, a não necessidade de locomoção em busca de alimento e proteção (como ocorria com os nômades). Esses fatores reunidos provocaram uma mudança na taxa de natalidade desses grupos e com o aumento de indivíduos no grupo, a utilização dos recursos naturais passou a ser cada vez maior. Entre as sementes que ganharam destaque desde o início da sociedade humana como grande fonte proteica e que fortaleceram as sociedades que detinham seu plantio foram o arroz, o trigo e o milho. 8 O arroz (do gênero Oryza) é considerado uma das gramíneas mais antigas cultivadas pelo homem, tendo seu início estimado entre 15000 e 12000 aC. Porém arqueólogos também têm evidencias da utilização do chamado arroz selvagem sendo colhido de regiões alagadas e quentes, principalmente na Ásia, antes desse período. O arroz tem uma importância muito grande em diversas culturas, sendo sua semente considerada sagrada para muitos povos. A riqueza em carbono em sua composição mostra seu poder de alimentar grandes parcelas da população. Outro aspecto que foi importante para as primeiras populações foi a relação dos locais de fixação de moradia, os vales alagados e o cultivo do arroz que, além de encontrar terras propicias e férteis, não necessitava de grandes tecnologias para seu cultivo. Um segundo grupo de sementes foi o trigo (do gênero Triticum spp) que passou a ser cultivado na região hoje conhecida como Crescente fértil (Oriente Médio), onde os grupos iniciais humanos, por volta de 8000 a.C. passaram a colher uma semente rústica do trigo que era muito pequena e se dispersava através do vento. Com o passar do tempo, ocorreram modificações (não se sabe sua origem) que terminaram numa planta com sementes maiores e com mais teor nutricional, porém sem a capacidade de ser levado pelo vento para sua dispersão. Nesse ponto da história entra a agricultura dos primórdios, que numa região com terras ricamente férteis e com calor na maior parte do ano, começaram a produzir um alimento que teve e tem diversas finalidades, sendo a principal a produção de uma massa, a farinha, que produz o pão, alimento muito importante pois não estraga com facilidade, pode ser facilmente 9 transportado (não ocupa muito espaço) e pode ser conservado por longos períodos. Nas diversas religiões do mundo, a figura simbólica do pão sendo relacionado à vida, ao alimento divino reforça a importância desta gramínea na história dos diversos povos primitivos. Além de alimentar as pessoas, o trigo também teve como função alimentar os animais de criação (na falta de pastagens) e na produção da cerveja, através da fermentação (outro rico caminho na história dos grupos, com suas festas religiosas ou profanas). O terceiro grupo de gramíneas que revolucionou as civilizações desde suas origens, aumentando as fontes de energia, foi o milho (do gênero Zea). As estimativas é que por volta de 8000 a.C. esse alimento passou a ser cultivado em regiões das Américas, com grupos que chamam de “alimento dos deuses” por ser rico na maioria dos aminoácidos necessários para nossa sobrevivência, além de fibras e grandes quantidades de açucares. Até hoje há bancos de diversas variedades de milho, mantidos por instituições públicas e provadas, na busca de novas variedades e na preservação da diversidade. O milho sempre esteve associado aos ritos religiosos, com deuses e festividades relacionadas às épocas de plantio e de colheita. Outro aspecto importante para nosso contexto de conquista por parte do homem dos recursos da natureza e como isso transformou a sociedade é o fato do milho já nos primórdios de seu plantio modificou a forma da sociedade se organizar, criando-se grupos para seu cultivo e colheita, além da possibilidade de armazenamento fácil e durabilidade, reforçando seus estoques como um diferencial ente os grupos e tornando mais fortes e dominantes aqueles que possuíam esse precioso alimento, para épocas de escassez.10 Esses três cereais são hoje os principais plantados no mundo, alimentando grandes parcelas das populações e tornaram-se fontes de grandes controvérsias, como o uso da tecnologia para sua transformação (os alimentos geneticamente modificados) e as disputas de boas terras para outros plantios (Energia X Alimentos). Porém, esses assuntos serão motivo de discussão em outros momentos do curso. A evolução da sociedade humana Finalizando esse rápido e incompleto “passeio” pela história do homem e seus avanços na forma de vida e principalmente nas relações com os recursos com a natureza e a mudança de perspectiva quanto a passagem de uma espécie entre muitas para a espécie dominante, vamos avançar durante vários séculos, para nossos objetivos. A fixação do homem em determinadas regiões, propicias para o avanço dos grupos, pelos motivos levantados anteriormente, trouxe vantagens muito significativas para a espécie. As duas básicas foram o excedente de alimentos (épocas de seca e de pragas eram o momento mais terrível para os grupos iniciais) e os rebanhos de animais que forneciam proteínas básicas. Como resultado, temos um aumento no número de indivíduos nos grupos iniciais e o surgimento de uma chamada “ociosidade” que permitiu a observação da natureza e o surgimento de nossas técnicas e ferramentas, que iriam aos poucos facilitando a vida desses grupos. Um aspecto que não iremos entrar em consideração, mas que foi muito importante para esse avanço das sociedades pré-históricas foi o surgimento da linguagem, da comunicação estruturada entre os indivíduos dos grupos originais. Há vastos materiais de pesquisa que retratam a importância desse evento na evolução da historia do homem. O segundo aspecto que precisamos mencionar e que hoje faz toda a diferença e o surgimento da escrita, que possibilitou o registro das descobertas e a divulgação a um maior numero de indivíduos, que facilita a propagação do conhecimento. 11 Esses dois eventos são cruciais para os avanços das sociedades e que hoje são ferramentas para nossa discussão principal, a sustentabilidade no planeta. Porém, como dito anteriormente, precisamos ainda de mais informações básicas para podermos chegar a essa discussão. Vamos em frente com nossa história. Novas e mais complexas ferramentas foram surgindo para facilitar e agilizar o processo agrícola, com isso, ocorre um aumento na produtividade e como consequência mais alimentos que nutrem mais indivíduos no grupo, que produzem mais e geram mais alimentos, que podem ser estocados, o que gera maior possibilidade de sobrevivência dos grupos em tempos de escassez e também o deslocamento de grupos para o avanço sobre outros grupos, surgindo os conflitos, as guerras.....numa sequência que irá persistir por muitos séculos. Os livros “A origem da linguagem”, de Eugen Rosenstock-Huessy , pela editora Record e “Breve História da Linguagem, Uma - Introdução à Origem das Línguas” de Steven Roger Fischer pela editora Novo Século são dois exemplos para quem quiser se aprofundar. As proto cidades vão se tornando aglomerados maiores, com a divisão do grupo inicial em subgrupos, com funções diferentes, as sociedades começam a se tornar cada vez mais complexas, o uso dos recursos começa a se intensificar e as ferramentas, a partir de novas descobertas possibilitam novos avanços nas diferentes frentes. O surgimento de cidades na idade média, como conhecemos hoje, foi um outro marco que possibilitou os avanços na forma de como a espécie humana começou a tornar-se “dona” dos recursos naturais e se distanciar cada vez mais do planeta, que passou a ser, em diferentes culturas, considerado um instrumento de enriquecimento e avanço de nossa sociedade. Os séculos foram avançando, os avanços nas sociedades foram tornando-se cada vez maiores, com períodos de escassez (principalmente devido a secas e pragas) mas a partir dos séculos XV, XVI, começam as 12 mudanças que irão dar origem ao que chamamos de sociedade moderna. O grande evento, que na verdade foram muitos e de diferentes matizes, recebeu o nome genérico de revolução industrial. Esse será o foco principal do nosso próximo tópico, onde discutiremos os antecedentes que levaram a sociedade a mudar de um plano agrícola para um industrial, com as consequências disso. 13 Bibliografia: AYDON, C. A Historia do Homem: uma introdução a 150 mil anos de historia da humanidade. Rio de Janeiro: Record. 2011. BOURGUIGNO, A. História Natural do Homem – 1.0 O homem imprevisto. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1990. COOK, M. Uma Breve historia do Homem. São Paulo: Zahar Editores. 2003. DIAMOND, J. Armas, Germes e Aço – os destinos das sociedades humanas. Rio de Janeiro: Record. 2001 EHRLICH, P. R. O Mecanismo da Natureza – o mundo vivo à nossa volta e como funciona. Rio de Janeiro: Campus. 1993. RICKLEFS, R. E. A Economia da Natureza. 5ª. Edição. Rio de Janeiro: Guanabara/ Koogan. 2003
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