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A Proteção dos Direitos Humanos e o Tribunal Penal Internacional.
Heloisa Maria Stipp Correia[2: Graduanda em Direito pela Universidade Federal do Paraná; e-mail: helo.correia@hotmail.com]
Resumo
O presente trabalho tem o intuito de abordar a efetividade da proteção internacional dos direitos humanos quando tais são colocados em situação de vulnerabilidade como nos crimes de guerra, genocídios e crimes contra a paz, frente à atuação e a importância do Tribunal Penal Internacional.
Palavras-chave: Tribunal Penal Internacional. Direito Penal Internacional. Direitos Humanos. Tutela dos Direitos do Homem. Estatuto de Roma.
Sumário: 1. A criação do Tribunal Penal Internacional (TPI). 2. Características do Tribunal Penal Internacional. 2.1. Competência do TPI. 2.2. Princípios do Tribunal Penal Internacional. 2.3. Composição do TPI e mandato dos juízes. 3. O TPI e a proteção dos direitos humanos. 4. Considerações Finais. 5. Referências.
Introdução.
	A história da humanidade é inegavelmente marcada por um número considerável de guerras e conflitos, não raramente acompanhados de situações ainda mais graves e mitigadoras da proteção dos direitos humanos, configuradas como massacres e crimes de extermínio. 
Estes crimes contra a humanidade e contra dos direitos humanos, têm sido constantes ao longo da história e enfrentam, historicamente, um grave problema ligado à impunidade já que, diversas vezes, são cometidos por grandes ditadores ou figuras políticas poderosas em seus Estados, de modo que dificilmente vêm a responder penalmente perante o direito interno de seus países, mesmo que não estejam mais no poder.
Um grande exemplo disso foram as atrocidades ocorridas no período da Segunda Guerra Mundial, que demonstram o perigo que o excesso de poder – sem limites ou consequências – pode representar para demais países, suas populações e a proteção dos direitos humanos.
Diante de um contexto de profundo desrespeito pela dignidade da pessoa humana, começa a surgir, como reação, um movimento pautado no anseio pela paz. O avanço das relações internacionais e da ideia de cooperação internacional entre os países do globo faz surgir uma noção de Responsabilidade Penal Internacional, fazendo necessário que se criasse um órgão competente para analisar e decidir casos que versassem sobre essas espécies de violação de direitos. 
Surge, então, em 1988, o Tribunal Penal Internacional. Com a preocupação de se assegurar a paz, a segurança e o bem-estar da humanidade, o TPI emerge com o intuito de impedir que novas violações aos direitos humanos sejam admitidas internacionalmente. É sobre a criação, funções e funcionamento de tal Tribunal, e como o TPI pode ser analisado como uma condição de possibilidade para a concretização dos Direitos Humanos, que versa o trabalho em pauta. 
1. A criação do Tribunal Penal Internacional (TPI).
	O tribunal criminal internacional mais antigo de que se tem conhecimento aconteceu em Breisach, na Alemanha, em 1474. Composto por 27 juízes do sacro Império Romano ele julgou e condenou, por violações a leis humanas e divinas, Peter von Hagenbach, cujo crime constituiu em autorizar que suas tropas estuprassem e matassem civis inocentes e saqueassem propriedades (CALETTI, 2003, s.p.).
	Após a Primeira Guerra Mundial o Tratado de Versalhes ordenou que Kaiser Guilherme II fosse preso e julgado pela violação de leis de guerra, o que nunca chegou a acontecer, já que ele se refugiou nos Países Baixos onde passou o resto da vida sem que alguém solicitasse a sua entrega. Não chegou a ser criado um tribunal para julgar os crimes de guerra cometidos pelos alemães à época, quem os julgou foi o Supremo Tribunal Alemão, revelando, ao final, um baixíssimo número de condenados (CALETTI, 2003, s.p.).
	Foi somente com a Segunda Guerra Mundial que tiveram início às jurisdições penais internacionais, com a criação de outros Tribunais – nacionais – como o de Nuremberg e o de Tóquio, que possuíam como função o julgamento dos responsáveis pelos crimes contra a humanidade cometidos no período da Segunda Grande Guerra. 
O Tribunal de Nuremberg, criado em 1945 por um acordo assinado por E.U.A., Grã-Bretanha, França e U.R.S.S, por exemplo, teve como finalidade o julgamento dos principais criminosos da Segunda Guerra Mundial, responsáveis pelo regime do Nazismo (CAVALHEIRO et al., p. 5). Porém, segundo Caletti (2002, s.p.), alguns sustentam que em Nuremberg aconteceu uma justiça parcial, em um tribunal de exceção criado pelos próprios vencedores, e que há diversas razões para se duvidar dos critérios usados e, portanto, de sua imparcialidade. 
Além disso, segundo Flávia Piovesan (2007, p.37-38):
“(...) muita polêmica surgiu em torno da alegação de afronta ao princípio da anterioridade da lei penal, sob o argumento de que os atos punidos pelo Tribunal de Nuremberg não eram considerados crimes no momento em que foram cometidos. A essa crítica outras se acrescentaram, como as relativas ao alto grau de politicidade do Tribunal de Nuremberg (em que “vencedores” estariam julgando “vencidos”); ao fato de ser um Tribunal precário e de exceção (criado post facto para julgar crimes específicos); e às sanções por ele impostas (como a pena de morte). ”
Ainda assim, o Tribunal de Nuremberg contribuiu para o fortalecimento de uma ideia de jurisdição penal internacional, promovendo certa universalização do princípio da responsabilidade internacional daqueles que atentassem contra os direitos humanos (MACHADO, 2006, p. 406).
Dessa forma, os tribunais militares de Nuremberg e de Tóquio foram importantes experiências de tribunais internacionais, na medida em que lutaram contra a impunidade de criminosos de guerra, promoveram reflexões quanto à temática e possibilitaram demonstrar – através de suas próprias falhas – os aspectos que deveriam ser melhorados nos futuros tribunais penais internacionais.
Portanto, ao mesmo tempo em que emerge a necessidade de proteger os direitos humanos, se chega à conclusão de que o Estado é o maior transgressor destes direitos e garantias fundamentais, sendo assim não poderá caber unicamente a ele o dever de zelar por estes direitos (CALETTI, 2003, s.p.).
No início da década de 1990, apoiada nestes desenvolvimentos, por deliberação do Conselho das Nações Unidas, foram criados mais dois tribunais internacionais de caráter temporário: um instituído para julgar as atrocidades praticadas no território da antiga Iugoslávia desde 1991, e o outro para julgar as inúmeras violações de direitos de idêntica gravidade perpetrados em Ruanda, tendo sido sediados, respectivamente, na Holanda e na Tanzânia (MAZZUOLI, 2011, p. 943).
A criação e atuação destes dois Tribunais representou relevantes avanços na jurisdição penal internacional, e contribuiu para que a justiça internacional não fosse mais considerada como a justiça dos vencedores sobre os vencidos. Ademais, as críticas surgidas durante suas atuações quanto ao fato de serem tribunais feitos especificamente para julgar crimes já ocorridos incentivou a ideia da criação de um tribunal penal internacional de caráter permanente.[3: “Não obstante o entendimento da consciência coletiva mundial de que aqueles que perpetram atos bárbaros e monstruosos contra a dignidade humana devam ser punidos internacionalmente, os tribunais ad hoc acima mencionados não passaram imunes a críticas, dentre elas a de que tais tribunais (que têm caráter temporário e não-permanente) foram criados por resoluções do Conselho de Segurança da ONU (sob o amparo do Capítulo VII da Carta das Nações Unidas, relativo às “ameaças à paz, ruptura da paz e atos de agressão”), e não por tratados internacionais multilaterais, como foi o caso do Tribunal Penal Internacional, o que poderia prejudicar (pelo menos em parte) o estabelecimento concreto de uma Justiça Penal Internacional de caráter permanente” (MAZZUOLI, 2004, p.171)]
Essa ideia foi cogitada pela primeira vez em 1948, quando a Assembleia Geral das Nações Unidas pediu à Corte Internacional de Justiçaque examinasse a possibilidade da criação de um tribunal para julgar os casos semelhantes aos que haviam sido submetidos aos Tribunais de Nuremberg e de Tóquio (ACCIOLY, 2011, p. 852). Após o período da chamada Guerra Fria, a Assembleia Geral das Nações Unidas convocou dois comitês para a produção de um Projeto de Estatuto para a criação de um Tribunal Penal Internacional de caráter permanente. 
Como uma resposta a este anseio da sociedade internacional de estabelecer uma corte criminal internacional de caráter permanente, finalmente surge luz o Tribunal Penal Internacional, pelo Estatuto de Roma de 1998. Trata-se da primeira instituição global permanente de justiça penal internacional. 
Aprovado em julho de 1998 na Conferência Diplomática de Plenipotenciários das Nações Unidas, em Roma, o Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional teve como intuito constituir um tribunal internacional com jurisdição criminal permanente, dotado de personalidade jurídica própria, com sede em Haia, na Holanda (MAZZUOLI, 2004, p.175).
2. Características do Tribunal Penal Internacional.
O Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional fixou regras de responsabilidade penal em escala global, para sancionar a prática de condutas que lesam a dignidade humana. Ele pressupõe a instituição de um regime de verdadeira abrangência mundial, em que todas as pessoas, de qualquer nacionalidade, tenham direitos e deveres em relação à humanidade como um todo, e não apenas umas em relação às outras segundo disposições dos seus respectivos Estados (COMPARATO, 2003, p. 445).
O principal mandamento do estatuto, disposto no art. 1º do Estatuto de Roma, é o Princípio da Complementariedade (ACCIOLY, 2011, p.852-853), segundo o qual a jurisdição do TPI terá caráter excepcional e complementar, sendo somente exercida em casos de manifesta incapacidade ou falta de regulação de um sistema normativo nacional para exercer sua jurisdição primária. Dessa forma, os Estados sempre terão primazia para investigar e julgar os crimes previstos no Estatuto do Tribunal.
2.1. Competência do TPI
	O Tribunal Penal Internacional guarda para si a competência para fins de julgamento – em razão de sua matéria – dos crimes contra a humanidade, crime de genocídio, crimes de guerra e crimes de agressão (explicitados nos artigos 5º a 8º do Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional).
	De acordo com Antonio Cassesse (1999, p. 146), foi uma decisão inteligente não incluir os crimes de terrorismo e de tráfico de drogas no rol das competências do TPI em seu Estatuto, já que o atual contexto das relações internacionais mostra que esses crimes são melhores investigados e processados em âmbito nacional.
Importante salientar aqui que a competência do Tribunal sob esses crimes somente vigora a partir da entrada em vigor do Estatuto, ou seja, um Estado só pode submeter determinado indivíduo a um julgamento pelo TPI caso o crime tenha sido praticado após sua entrada no Estatuto ou a vigência deste (SIRAHATA, 2012, s.p.).
Além disso, sob o aspecto da pessoa, Valério Mazzuoli (2011, p.61) salienta:
“(...) a jurisdição do TPI, nos termos do seu art. 26, não alcança pessoas menores de 18 anos, parecendo entender, assim como faz a Constituição brasileira de 1988 (art. 227, §3º, V), que a tais pessoas deve ser atribuído um sistema de justiça especial, que atenda à sua condição de ser humano em desenvolvimento. “
	Quanto aos crimes de genocídio, o Estatuto os define como qualquer ato praticado “com intenção de destruir total ou parcialmente grupo nacional, étnico, racial ou religioso”, compreendendo: (1) matar membros do grupo; (2) causar lesão grave à integridade física ou mental de membros do grupo; (3) submeter intencionalmente o grupo a condições de existência capaz de ocasionar-lhes a destruição física, total ou parcial; (4) adotar medidas destinadas a impedir nascimentos no seio do grupo; e (5) efetuar a transferência forçada de crianças do grupo para outro grupo (LEWANDOWSKI, 2002, p.192).
	Já os crimes contra a humanidade, são qualificados como “qualquer ato praticado como parte de um ato generalizado ou sistemático contra uma população civil e com conhecimento de tal ataque”, incluindo, segundo o Estatuto: (1) homicídio; (2) extermínio; (3) escravidão; (4) deportação ou transferência forçada de populações; (5) encarceramento ou privação grave da liberdade física em violação a normas fundamentais de direito internacional; (6) tortura; (7) estupro; (8) escravidão sexual, prostituição compulsória, gravidez imposta, esterilização forçada ou outros abusos sexuais graves; (9) perseguição de um grupo ou coletividade com identidade própria, por motivos políticos, raciais, nacionais, étnicos, culturais ou religiosos; (10) desaparecimento de pessoas; (11) apartheid; e (12) outras práticas que causem grande sofrimento ou atentem contra a integridade física ou saúde mental das pessoas (LEWANDOWSKI, 2002, p.193).
	Os chamados crimes de guerra, por sua vez, são caracterizados como sendo os praticados em conflitos armados de índole internacional ou não, em particular quando cometidos como parte de um plano ou política para cometê-los em grande escala, abrangendo violações graves das Convenções de Genebra de 1949 e demais leis e costumes aplicáveis aos conflitos armados, especialmente: (1) homicídio doloso; (2) tortura e outros tratamentos desumanos; (3) ataque a civis e destruição injustificada de seus bens; (4) tomada de reféns; (5) guerra sem quartel; (6) saques; (7) morte ou ferimento de adversários que se renderam; (8) utilização de veneno e de armas envenenadas; (9) manejo de gases asfixiantes ou armas tóxicas; (10) uso de armas, projéteis, materiais ou métodos que causem danos supérfluos ou sofrimentos desnecessários; (11) emprego de escudos humanos; (12) morte de civis por inanição; (13) organização de tribunais de exceção; e (14) recrutamento de crianças menores de 15 anos.
	Por fim, o crime de agressão, segundo Lewandowski (2002, p.193), acabou sendo inserido no Estatuto após assíduas discussões, mas não foi definido. Motivo pelo qual não pode ser aplicado, tendo em vista a exigência que vigora no campo penal da estrita tipificação das figuras delituosas. Nas palavras de Mazzuoli (2008, p. 844), “o crime de agressão nunca foi muito bem compreendido, tanto em sede doutrinária quando do contexto da prática das relações internacionais, remontando tais dúvidas às primeiras e mais singelas questões envolvendo legalidade ou ilegalidade da guerra como meio de solução das contendas internacionais”.
2.2. Princípios do Tribunal Penal Internacional
	Os princípios gerais do Tribunal Penal Internacional derivam do próprio Direito Penal, sendo eles: princípio da presunção de inocência, da legalidade e da igualdade de armas (JANKOV, 2009, p. 44).
	Nesse sentido, o Estatuto do Tribunal Penal Internacional, nos artigos 20, 22, 23 e 24, é regido pelos princípios gerais do direito criminal: ne bis in idem, nullum crimen sine lege, nulla poena sine lege e irretroatividade ratione personae.
	Outro relevante princípio é o da universalidade (LEWANDOWSKI, 2002, p. 192), segundo o qual os Estados-parte colocam-se integralmente sob a jurisdição da Corte, não podendo subtrair de sua apreciação determinados casos ou situações. O Estatuto ainda contempla o princípio da responsabilidade penal individual, que dita que o indivíduo responde pessoalmente por seus atos, sem prejuízo da responsabilidade do Estado.
	Por fim, o princípio da imprescritibilidade, de acordo com o qual a ação criminosa jamais terá extinta a punibilidade pelo decurso do tempo, não obstante ninguém possa ser julgado por delitos praticados antes da entrada em vigor do Tratado.
2.3. Composição do TPI e mandato dos juízes.
O TPI é composto por 18 juízes, no mínimo, que se distribuem por três seções – Seção de Questões Preliminares, Seção de Primeira Instância e Seção de Apelações. A escolha dos juízes compete à Assembleia dos Estados-partes.
Com exceção dos juízes da primeira composição do Tribunal PenalInternacional, a regra é de que o mandato deverá ser de nove anos, proibida a recondução.
Os juízes do Tribunal Penal Internacional dispõem de privilégios e imunidades, no território de cada Estado contratante, que sejam necessários para o exercício de suas funções. Tanto os magistrados, promotores, adjuntos e secretários, quando estiverem no desempenho de suas funções, terão os mesmos privilégios e imunidades, conforme o art. 48 do Estatuto de Roma.
3. O TPI e a proteção dos direitos humanos.
	Segundo Bobbio (2004, s.p.), o atual problema dos Direitos Humanos, envolve não só a afirmação de que um indivíduo pode ser sujeito de direitos, tendo em vista que a criação de leis sempre é possível. O problema verdadeiro, na situação atual, trata-se da efetivação daqueles direitos que encontram suporte nos ordenamentos jurídicos nacionais, especialmente quando é o próprio Estado o agente ou o instrumento que torna possível essa violação. Na história relacionada às grandes Guerras Mundiais e conflitos posteriores, a dignidade, a liberdade e a igualdade muitas vezes foram excluídas da vida do homem.
	Através de tudo o que foi exposto ao longo do trabalho, parece nítida a relevância do Tribunal Penal Internacional para a proteção e tutela internacional dos direitos humanos e para a efetivação da Justiça Penal Internacional no plano global, já que desde os Tribunais de Nuremberg e Tóquio se buscava por um sistema internacional de justiça que visasse a acabar com a impunidade daqueles que violam o Direito Internacional, seja em termos repressivos ou em termos preventivos, através da inibição da tentativa de repetição de crimes cometidos.
	A consagração do princípio da complementariedade, um dos mais relevantes do Tribunal Penal Internacional, proporcionou – através da ideia de que a jurisdição do TPI é subsidiária às jurisdições nacionais – um fomento para os sistemas jurídicos nacionais no sentido de desenvolverem mecanismos processuais mais eficientemente capazes de fazer valer a justiça nos casos de cometimento dos crimes tipificados no Estatuto de Roma.
	Ademais, o TPI busca sanar eventuais falhas dos tribunais nacionais, que deixavam muitas vezes criminosos impunes pautados em sua importância, questões de imunidade ou poder político. Além disso, através da criação de instrumentos jurídico-processuais capazes de responsabilizar individualmente os condenados pelo Tribunal, a Corte possibilita um combate concreto à impunidade, contribuindo efetivamente para a eficaz proteção dos direitos humanos e do direito internacional humanitário. 
4. Considerações Finais.
	A evolução dos Tribunais Internacionais evidencia uma crescente preocupação em se alcançar um processo imparcial, comprometido com os princípios de uma justiça penal e com a efetiva punição dos responsáveis pelos crimes cometidos.
	Dessa forma, trata-se o Tribunal Penal Internacional de uma ferramenta relevante de punição aos responsáveis pela prática de atrocidades contra os direitos humanos, como aquelas vivenciadas ao longo da história da humanidade, sendo resultado de um longo processo de busca pela justiça.
	O TPI representa um importante avanço na segurança jurídica internacional e um instrumento único de reafirmação da fé na proteção dos direitos humanos fundamentais e na dignidade da pessoa humana, na medida em que criou mecanismos até então inexistentes na defesa da justiça e da tutela dos direitos humanos em âmbito internacional.
5. Referências 
ACCIOLY, Hildebrando. Manual de Direito Internacional Público. São Paulo: Saraiva, 2011.
BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. Nova ed. 5. a. reimpress. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
CALETTI, Cristina. Os precedentes do Tribunal Penal Internacional, seu estatuto e sua relação com a legislação brasileira. Jus Navigandi, Teresina, ano 7, n. 64, abr. 2003. Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/3986/os-precedentes-do-tribunal-penal-internacional-seu-estatuto-e-sua-relacao-com-a-legislacao-brasileira>. Acesso em: 09 jun. 2018.
CASSESSE, Antonio. The Statue of the International Criminal Court: some preliminar reflections. EJIL 10 (1999), 144–171. Disponível em: < https://drive.google.com/drive/folders/1tK_xe4mUeAY4G2VDdxpZJWAoHFWbUAcy>. Acesso em: 09 jun. 2018.
CAVALHEIRO, Larissa Nunes; SANTOS FILHO, Luiz Aristeu dos; HOFFMAM, Fernando; CÂMARA, Franciele da Silva. A criação do Tribunal Penal Internacional: um meio para efetivar a proteção dos Direitos Humanos em âmbito internacional. Disponível em: < https://periodicos.ufsm.br/revistadireito/article/viewFile/7058/4271>. Acesso em: 09 jun. 2018.
COMPARATO, Fábio Konder. A afirmação histórica dos direitos humanos: 3 ed. Rev. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2003. 
JANKOV, Fernanda Florentino Fernandez. Direito Internacional Penal: Mecanismo de implementação do Tribunal Penal Internacional. São Paulo: Ed. Saraiva, 2009.
LEWANDOWSKI, Enrique Ricardo. O Tribunal Penal Internacional: de uma cultura de impunidade para uma cultura de responsabilidade. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ea/v16n45/v16n45a12.pdf>. Acesso em: 09 jun. 2018.
MACHADO, Jónatas E. M. Direito Internacional: do paradigma Clássico ao pós-11 de setembro. 3ª ed. Coimbra: Coimbra, 2006.
MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Curso de Direito Internacional Público. 3ª ed. Rev., atual. e ampl. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2008. p. 844.
MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Curso de Direito Internacional Público. 5.ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011.
MAZZUOLI, Valério de Oliveira. A importância do Tribunal Penal Internacional para a proteção internacional dos direitos humanos. Revista Jurídica UNIGRAN. Dourados, MS, v. 6, n. 11, Jan./Jul. 2004. Disponível em: < http://www.dhnet.org.br/direitos/sip/tpi/a_pdf/mazzuoli_importancia_tpi.pdf>. Acesso em: 09 jun. 2018.
PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos e Justiça Internacional. 1ª ed., 2ª triagem. São Paulo: Ed. Saraiva, 2007.
SIRAHATA, Thiago Andrade. Estudo do Tribunal Penal Internacional e comentários ao Estatuto de Roma. Disponível em: <http://www.conteudojuridico.com.br/artigo,estudo-do-tribunal-penal-internacional-e-comentarios-ao-estatuto-de-roma,38512.html>. Acesso em: 09 jun. 2018.

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